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Paralelo a estas disputas pelo poder, a Índia viu surgir novas ideologias e
religiões que transformaram o ambiente intelectual da civilização. A ciência, a
engenharia, a arte, a literatura, a astronomia, e a filosofia floresceram sob o
patrocínio dos reis
Chandragupta, Asoka e Pushyamitra
(ZIMMER, 2003)
.
Entre os vários reformadores religiosos que pregaram novas orientações
dentro do contexto do Hinduísmo, destacam-se ainda Buda e Mahavira. E, da
mesma forma, além dos Vedas, os hindus possuem outros escritos
considerados sagrados como o Maabárata
33
, o Ramáiana
34
, o Bragavad
Guita
35
, além da bem conhecida Kama Sutra
36
.
O Kama Sutra parece ser o livro mais conhecido da literatura indiana,
especialmente do período védico, pelo menos para o Ocidente, especialmente
pelo seu cunho erótico e a quantidade de ilustrações que o livro apresenta
33
O Maabárata conhecido também como Mahabarata ou Mahabharata é um dos dois maiores
épicos clássicos da Índia, juntamente com o Ramáiana. Sua autoria é atribuída a Krishna
Dvapayana Vyasa. O texto possui mais de 74.000 versos em sânscrito, e mais de 1,8 milhões
de palavras, e aborda o desenvolvimento humano baseado em três metas principais: o kama,
entendido como o desfrute sensorial; o artha ou desenvolvimento econômico e o dharma, a
religiosidade mundana que se resume em códigos de conduta moral e rituais, obrigatórios para
quem deseja o desfrute e o poder econômico que adquire o desfrute (ZIMMER, 2003).
34
O Ramáiana, também conhecido como Ramayana é outro épico sânscrito. Sua escrita é
atribuída ao poeta Valmiki e consiste de 24.000 versos em sete cantos, através dos quais se
conta a história de um príncipe e de sua mulher. E, muito embora, possa ser visto como uma
leitura trivial, na verdade, o Ramáiana contém os ensinamentos dos antigos sábios hindus,
apresentados através de alegorias que narram e intercalam aspectos filosóficos e também
devocionais. Os personagens são todos fundamentais à consciência cultural da Índia.
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O Bagavad guitá, também conhecido pela grafia Bhagavad Gita foi escrito tambem em
sânscrito e significa Canção de Deus. É um texto religioso hindu, mas de composição mais
recente, embora faça parte do livro Maabárata datado do Século IV a.C. O texto, escrito em
sânscrito, relata o diálogo de Críxena com Arjuna em pleno campo de batalha. Arjuna
representa o papel de uma alma confusa sobre seu dever, e recebe iluminação diretamente do
Senhor Krishna, que o instrui na ciência da auto-realização. No desenrolar da conversa são
colocados pontos importantes da filosofia indiana, que incluía já na época elementos do
bramanismo e do Sankhya. A obra é considerada pelo indianos uma das principais escrituras
sagradas da cultura da Índia, e compõe a principal obra da religião Vaishnava, popularmente
conhecida como movimento Hare Krishna, difundido no ocidente por Bhaktivedanta Swami
Prabhupada, a partir da década de 60.
36
Por fim, tem-se o Kamasutram geralmente conhecido no mundo ocidental como Kama Sutra.
Este é um antigo texto indiano sobre o comportamento sexual humano e sobre o amor. O texto
foi escrito por Vatsyayana, um estudante celibatário de Pataliputa (importante centro de
aprendizagem indiano) como um breve resumo dos vários trabalhos anteriores que pertencia a
uma tradição conhecida genericamente como Kama Shatra. Kama significa o desejo, enquanto
o Sutra pode ser entendido como o discurso. O texto foi escrito originalmente como Vatsyayana
Kamasutram (Aforismos sobre o amor de Vatsyayana). Mas, não se sabe precisar em que
século. Ao que tudo indica, seu autor teria nascido por volta do século IV, o que leva a crer que
a obra é desta época (RAMPINI, 2003).