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ESTUDO DA QUALIDADE DO AMBIENTE HOSPITALAR
COMO CONTRIBUIÇÃO NA RECUPERAÇÃO DE
PACIENTES
Tereza Cristina Marques Dalla
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Mestrado em Engenharia Civil
Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória, Julho de 2003
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ESTUDO DA QUALIDADE DO AMBIENTE
HOSPITALAR COMO CONTRIBUIÇÃO NA
RECUPERAÇÃO DE PACIENTES
Tereza Cristina Marques Dalla
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção do
grau de Mestre em Engenharia Civil.
Aprovada em 11/07/2003 por:
------------------------------------------------------------------------
Prof. Dr. Ing. Marcel Olivier Ferreira de Oliveira, UFES
orientador
------------------------------------------------------------------------
Prof. Dr. Ing. João Luiz Calmon Nogueira da Gama, UFES
examinador interno
------------------------------------------------------------------------
Prof. Médico Dr. Renato Camargos Couto, UFMG
examinador externo
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
Vitória, Julho de 2003
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Dalla, Tereza Cristina Marques, 1958-
D144
e
Estudo da qualidade do ambiente hospitalar, como
contribuição na recuperação de pacientes / Tereza Cristina
Marques Dalla. – 2003
163 f. : il.
Orientador: Marcel Olivier Ferreira de Oliveira.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal do Espírito
Santo, Centro Tecnológico.
1. Hospitais – Projetos e construção. 2. Saúde – Planejamento.
3. Garantia de qualidade. 4. Hospitais Aspectos sociais. I.
Oliveira, Marcel Olivier Ferreira de. II. Universidade Federal do
Espírito Santo. Centro Tecnológico. III. Título.
CDU: 624
Projetar significa harmonizar local e
programa em um todo coeso, integrado e
expressivo”
Flávio de Lemos Carsalade
In Arquitetura: Interfaces (2001)
Dedico ao meu grande amor e
companheiro de todas as horas, pelo
incentivo às minhas ações profissionais e
por ser a inspiração das minhas
realizações. Estendo aos nossos filhos
Bernardo e Ramon, a quem tanto amamos
e aos quais gostaria de deixar o presente
exemplo e incentivo à pesquisa científica.
Agradecimentos
A Deus, por me permitir visualizar a possibilidade do mestrado em engenharia
civil.
Ao corpo docente (do mestrado de engenharia civil) por abrir este caminho, e
em especial, ao meu orientador, professor Dr. Marcel Olivier Ferreira de
Oliveira.
Aos colegas do mestrado, por compartilharem os novos conhecimentos e pela
amizade tão necessários para um bom desempenho no curso e na vida
profissional.
Às bibliotecárias do COMUT (UFES), Isabel E. Nascimento, Sônia Regina da
Costa e Maria das Graças Loyola que me auxiliaram na pesquisa bibliográfica.
Como também à Maria Marta Dalla Huarcaya pela revisão final do texto.
Às equipes técnicas dos hospitais: Vila da Serra, Mater Dei e Vera Cruz
Lifecenter em Belo Horizonte, M.G. e o Vila Velha Hospital, E.S. que me
proporcionaram visitas técnicas guiadas para estudo do tema proposto. E
principalmente ao escritor, médico e professor da UFMG Dr. Renato Camargos
Couto, colega de meu pai, que me concedeu entrevista em Belo Horizonte,
MG., para falar sobre o controle de infecção hospitalar.
Ao meu pai Dr. Pedro Paulo Marques, brilhante profissional da Medicina, que
me recomendou a livraria da Associação Médica em Belo Horizonte e me
acompanhou nas visitas técnicas aos hospitais aquela cidade.
Finalmente a minha mãe Maria Luiza Moreira Marques, aos Srs. Ruth G.
Corrêa Dalla, e Arysio Monteiro Dalla (em memória), por acreditarem nesta
pesquisa.
E a todos que positivamente contribuíram para a realização desta pesquisa.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO 15
2 CONTEXTUALIZAÇÃO 18
2.1 INTROCUÇÃO 19
2.2 ARQUITETURA PARA A CURA 22
2.3 FENOMENOLOGIA 31
2.4 PERCEPÇÃO DO ESPAÇO 34
3 FATORES CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS 37
3.1 INTRODUÇÃO 38
3.2 O USO DA COR E LUZ PARA A CURA 38
3.3 A COR E A SAÚDE 49
3.4 A LUZ E A SAÚDE 56
3.5 COR E LUZ NO AMBIENTE HOSPITALAR
59
a- Hall e Recepção 60
b- Sala de Espera 62
c- Administração 63
d- Circulações 64
e- Posto de Enfermagem 65
f- Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 66
g- Sala de Cirurgia 66
h- Sala de Esterilização 67
i- Sala de Recuperação 68
j- Laboratório 68
k- Unidade Pediátrica 68
l- Unidade de Maternidade 69
m- Berçário e UTI Neonatal 70
n- Sala de Eletrocardiograma e Encefalograma 71
o- Consultório Dentário 71
p- Ambulatório, Consultório Médico e Sala de Exame 71
q- Sala de Tratamento e Terapia 72
r- Sala de Conforto dos Médicos 73
s- Cafeteria e Refeitório 73
t- Quarto e Enfermaria 74
3.6 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO 75
3.7 NORMATIZAÇÃO 78
3.8 MATERIAIS 80
3.9 CIRCULAÇÕES EXTERNAS E INTERNAS 81
4 FATORES ADMINISTRATIVOS, OPERACIONAIS
E ORGANIZACIONAIS 88
4.1 INTRODUÇÃO 89
4.2 A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA CURA 89
4.3 EQUIPE MULTIPROFISSIONAL 99
5 FATORES DE CONTROLE: MANUTENÇÃO, INFECÇÃO
E CONFORTO 100
5.1 INTRODUÇÃO 101
5.2 MANUTENÇÃO PREDIAL (preditiva, preventiva e corretiva) 101
5.3 PREVENÇÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR 102
5.4 CONFORTO AMBIENTAL 108
6 FATORES FISIOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS 112
6.1 INTRODUÇÃO 113
6.2 ABORDAGEM FISIOLÓGICA – ÓRGÃOS SENSORIAIS 113
6.2.1 Visão 115
6.2.2 Audição 122
6.2.3 Olfato e Paladar 124
6.2.4 Tato 126
6.3 ABORDAGEM COMPORTAMENTAL 126
a- Sensação e percepção 128
b- A constância perceptiva 130
c- A constância de tamanho
130
d- A constância da forma 130
e- A constância da cor e brilho 130
f- A constância de localização 130
g- Organização perceptiva 131
h- Percepção do movimento 131
i- Percepção de profundidade 132
j- Ilusões perceptuais 132
k- Percepção extra-sensorial 133
7 DIRETRIZES PROJETUAIS: CONJUNTO ANALÍTICO
HOSPITALAR PARA A CURA 134
7.1
CONSIDERAÇÕES PREAMBULARES 135
7.2 TIPOLOGIAS: PROJETOS HOSPITALARES HORIZONTAIS E
VERTICAIS 137
7.3 DIAGRAMAS DE ZONEAMENTO, FLUXO E SETORIZAÇÃO 141
8 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 146
8.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RAZOABILIDADE PARA O ÓTIMO 147
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 150
10 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 160
LISTA DE DIAGRAMAS
Diagrama 4.1 Estrutura Organizacional
ORGANOGRAMA 94
Diagrama 7.1 Diagrama de Zoneamento 142
Diagrama 7.2 Diagrama de Programa de Necessidades para
Projetos Hospitalares 143
Diagrama 7.3 Diagrama de Barreiras Físicas 144
Diagrama 7.4 Depósitos e Salas de utilidades 144
Diagrama 7.5 Bloco Cirúrgico 145
Diagrama 4.6 Unidade de Diálise 145
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1 Condições mínimas para rampas 85
Quadro 6.1 Principais modalidades sensoriais 114
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Rosemary Bakker com a paciente que utiliza Barra
de Segurança, para levantar com autonomia 22
Figura 2.2 Croqui do arquiteto João Filgueiras Lima para a Rede
Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor 23
Figura 2.3 Clarian Health Partner´s Methodist Hospital em
Indianápolis 25
Figura 2.4 Clarian Health Partner´s Methodist Hospital em
Indianápolis 25
Figura 2.5 Circulação, Bárbara Ann Karmanos Câncer Institute
em Detroit 26
Figura 2.6 Sala de Fisioterapia do Hospital do Aparelho
Locomotor – Fortaleza, CE
33
Figura 3.1 Tipologia Pavilhonar, Cidade Jardim – Hospital da
Granja Branca, 1911, Lyon, França 41
Figura 3.2 Children´s Hospital & Health Center, 2002, San
Diego, CA 42
Figura 3.3 Hospital da AACD, São Paulo, setor ortopédico,
divisórias removíveis 43
Figura 3.4 Cortinas divisórias para privacidade do paciente
Com pintura, tema natureza 43
Figura 3.5 Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza, CE. 44
Figura 3.6 Hospitais da Rede Sarah
46
Figura 3.7 Centro de Reabilitação Infantil, rede Sarah, RJ. 46
Figura 3.8 Centro de Reabilitação Infantil, Rede Sarah, RJ. 47
Figura 3.9 Centro de Reabilitação Infantil, Rede Sarah, RJ. 47
Figura 3.10 Centro de Reabilitação Infantil, Rede Sarah, RJ. 48
Figura 3.11 Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza, CE. 49
Figura 3.12 Refeitório – Hospital Albert Einstein, SP 58
Figura 3.13 Iluminação não uniforme – Clarian Health Partners,
Indianápolis, IN. 58
Figura 3.14 Círculo cromático 60
Figura 3.15 Recepção – Emergência Coronariana, Casa de Saúde
São José, Rio de Janeiro, RJ. 61
Figura 3.16 Sala de Espera – Bronson Methodist Hospital 63
Figura 3.17 Circulação Maternidade – Hospital Santa Catarina, SP 64
Figura 3.18 Posto de Enfermagem, Methodist Hospital, IN. 65
Figura 3.19 Centro Cirúrgico, Hospital Santa Cruz 67
Figura 3.20 Centro de Reabilitação Infantil Sarah – RJ 69
Figura 3.21 Internação – Maternidade Hospital Santa Catarina, SP. 70
Figura 3.22 Berçário – Maternidade Hospital Santa Catarina, SP 71
Figura 3.23 Pronto Atendimento Ortopédico – Hospital Casa de
Saúde São José, RJ 72
Figura 3.24 Refeitório – Hospital do Aparelho Locomotor,
Fortaleza, CE 74
Figura 3.25 Quarto – Maternidade Hospital Santa Catarina, SP 75
Figura 3.26 Piso, forro, bate macas. Instituto da Criança, SP 81
Figura 4.1 Diagrama de Bolhas 96
Figura 4.2 Projeto conceitual, Hospital Unimed Araras-térreo 97
Figura 4.3 Projeto conceitual, Hospital Unimed Araras-1ºpiso 98
Fatores fisiológicos - órgãos sensoriais
Figura 6.1 Secção horizontal do olho direito 117
Figura 6.2 Músculos da órbita direita 118
Figura 6.3 Ouvido 123
Figura 6.4 Nariz 125
Figura 6.5 Língua 126
Figura 7.1 Piso técnico – Vila Velha Hospital 137
Figura 7.2 Área de recuperação – Centro Cirúrgico – Hospital
Henrieta Goodall 139
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
APO Avaliação Pós-Ocupação
APP Avaliação Pré-Projeto
CC Centro Cirúrgico
CCIH Comissões de Controle de Infecção Hospitalar
CME Central de Material Esterilizado
CO Centro Obstétrico
CSV Clínica São Vicente
CQH Controle de Qualidade Hospitalar
CQI Continuous Quality Improvement
CTI Centro de Terapia Intensiva
DHSS “ Departament of Health & Social Security”
DML Depósito de Material de Limpeza
DPI Diálise Peritonial Intermitente
EAS Estabelecimento Assistencial de Saúde
FCF Freqüência Crítica de Fusão
GEM “ Gerontologic Environment Modification”
JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organization
NB Norma Brasileira
SCDT Serviço Complementar de Diagnóstico e Terapêutica
SNC Sistema Nervoso Central
SND Serviço de Nutrição e Dietética
SUS Sistema Único de Saúde
TQM Total Quality Management
UTI Unidade de Terapia Intensiva
ESTUDO DA QUALIDADE DO AMBIENTE HOSPITALAR COMO
CONTRIBUIÇÃO NA RECUPERAÇÃO DE PACIENTES.
Tereza Cristina Marques Dalla
1
RESUMO
No presente estudo aborda-se uma nova concepção dos espaços hospitalares,
tratando a qualidade do ambiente para que o mesmo possa também fazer parte da
terapêutica. Tudo através da percepção do paciente, do uso das cores, da incidência
de luz natural, dos grandes átrios e com o aproveitamento do atual enfoque sobre os
ambientes hospitalares, que enfatizam, como este trabalho, mais a saúde do que a
doença. Ainda assim tem-se a análise da normatização vigente e a prevenção e
controle da infecção hospitalar. Todos os fatores analisados servem para dar
embasamento às diretrizes projetuais propostas no trabalho. O objetivo final do
trabalho é contribuir para a desejada recuperação do paciente, com o menor
sofrimento possível, reduzindo o tempo de internação e possibilitando um ambiente
agradável tanto para o paciente e acompanhantes como para a equipe
multiprofissional.
1
Arquiteta, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade
Federal do Espírito Santo. Endereço: Rua Renato Nascimento Daher Carneiro, 981 - Ilha do Boi -
Vitória - ES. cep 29052730
e-mail:
STUDY OF QUALITY OF HOSPITAL ENVIRONMENT AS AN
IMPORTANT CONTRIBUTION FOR THE PATIENT´S RECOVERY
Tereza Cristina Marques Dalla
1
ABSTRACT
In the present study the objective is to present a new approach to hospital space, in
which the quality of created environment is considered an important part of the
therapeutic treatment. The patient’s perspective of elements such as, the use of
colors, the incidence of natural light and the use of big forecourts, is of great
relevance for the creation of the spaces. The final result reflects directly in the quality
of such spaces, for which it is also taking into consideration the patient’s healthy
condition and not the illness; the present norms for architectural planning and finally
the regulations for prevention and control of hospital infection. All the analyse facts
support the guidelines to the planes proposed in this study. A final objective is to
contribute to the patient´s recovery with the least suffering possible, reducing his
stay, and creating a warm, comfortable and pleasant environment him, companions
and visitors, as well as for the staff.
1 Architect, M. Sc. candidate in Civil Engineering at Federal University of Espirito Santo, Brazil.
Address: Renato Nascimento Daher Carneiro, 981 - Ilha do Boi - Vitória - ES. 29052730
e-mail:
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
16
1. INTRODUÇÃO
A humanização hospitalar é uma realidade na qual seus projetos
integrados, onde arquitetura, engenharia, tecnologia, gestão, logística e
assistência médica compartilham os mesmos objetivos, como necessidade
básica. Observa-se que no século XIX na Inglaterra foi construído um
asilo para doenças mentais baseado em princípios onde a arquitetura
deveria envolver emocionalmente o paciente para facilitar o seu
tratamento, participando do processo de restabelecimento do mesmo. A
fim de proporcionar a possibilidade de uma gestão responsável e eficiente,
tem-se esta meta contínua com o propósito de incrementar a assistência
em que atenção ao paciente é o norte deste trabalho.
A pesquisa propõe de maneira sistemática a otimização dos critérios de
projeto para melhoria da qualidade do ambiente hospitalar. Obter e avaliar
informações, opiniões e possibilidades da qualidade no ambiente
arquitetônico hospitalar, com base em fatores que podem influenciar
positivamente a auto estima do paciente, buscando contribuir para a
melhoria de sua saúde física e mental.
Realizar uma avaliação bibliográfica e a análise crítica referentes às
questões de projetos hospitalares no Brasil e no exterior. Propor diretrizes
para projetos hospitalares levando em conta também a terapêutica. E
finalmente propor uma linha de pesquisa no mestrado na área de
engenharia e arquitetura hospitalar (construções especiais).
Assim sendo, visando à recuperação do paciente no ambiente hospitalar, e
com o objetivo de que o espaço bem projetado e humanizado faça também
parte da terapêutica, apresenta-se a proposição de um modelo conceitual
teórico em que se aborda a organização técnica dos espaços, para a
criação de ambientes que favoreçam sempre a melhoria do paciente, a
eficácia da equipe multiprofissional, além do conforto e da confiança dos
acompanhantes no processo de tratamento. Para tanto adotou-se a
seguinte estrutura: no capítulo 2, contextualização, analisa-se a busca
pela qualidade no ambiente hospitalar, perpassando pela percepção do ser
humano sobre o ambiente onde o design é desenvolvido para a melhoria
da saúde, que utiliza princípios onde a busca da qualidade é um avanço
social (Meseguer, 1991), são abordados assuntos como: fenomenologia do
espaço arquitetônico, análise histórica do desenvolvimento da arquitetura
hospitalar desde a antigüidade, observando os usos da luz e cor para a
17
cura até os dias atuais e a percepção do espaço. No capítulo 3 analisam-
se fatores científicos e tecnológicos, o estudo da percepção das cores ao
longo da civilização humana, além de conceitos sobre a cromoterapia. Os
efeitos da luz sobre a saúde, inclusive luz e cor nos ambientes
hospitalares, bem como a avaliação da edificação hospitalar utilizando a
metodologia APO (avaliação pós ocupação), a normatização vigente, os
materiais e circulações, são os enfoques principais.
O capítulo 4 trata dos fatores administrativos, operacionais e
organizacionais, analisa a influência do ambiente na cura, os indicadores
de qualidade, a administração e gestão hospitalar. Já no capítulo 5 a
manutenção preditiva, preventiva e corretiva, infecção hospitalar e conforto
ambiental. No capítulo 6 são analisados os fatores fisiológicos e
psicológicos, uma incursão sobre os cinco sentidos sensoriais e por fim, a
abordagem comportamental.
No capítulo 7 encontram-se diretrizes projetuais onde o enfoque é o
ambiente projetado com o objetivo de o paciente se curar, ou seja, o
espaço habitado no complexo hospitalar participando também como agente
terapêutico, contribuindo para o mais rápido restabelecimento do paciente,
e bem-estar dos usuários, o que proporciona melhor trabalho por parte da
equipe multiprofissional, e maior confiabilidade por parte dos
acompanhantes. Utilizam-se, para este objetivo, todos os critérios
razoáveis de projetos analisados nos capítulos anteriores. Observa-se que
a sociedade está voltada para os prazeres da vida, entre eles a saúde, e
não mais para a tristeza da doença. O espaço hospitalar inserido neste
contexto deve também estar voltado para a saúde, vida saudável, e a auto-
estima elevada. Estes dados vêm de encontro à humanização dos
hospitais em prol de menos sofrimento social. E percebe-se que é possível
o próprio ambiente, e o espaço criado serem concebidos para favorecer,
além do suporte técnico e terapêutico, a cura tão almejada dentro de um
complexo assistencial de saúde. Finalmente no capítulo 8, conclusões e
perspectivas futuras.
18
CAPÍTULO 2
CONTEXTUALIZAÇÃO
19
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1 Introdução
Segundo o poeta português Fernando Pessoa O universo não é uma idéia
minha. A minha idéia do universo é que é idéia minha.(Pessoa, 2001, p.
129).
Neste diapasão o ser humano necessita melhorar a qualidade do universo,
tornar a sociedade mais receptiva, criando espaços inteligentes, auto -
sustentáveis, bem implantados, arejados, iluminados, enfim bem
projetados, propiciando aos usuários (pacientes, médicos, enfermeiros e
acompanhantes), uma percepção positiva do mesmo, tirando partido da
arquitetura, para chegar a um ambiente saudável, higiênico, que favoreça
a auto-estima, o “self”, a melhoria da saúde mental e física do indivíduo.
Neste contexto, cabe interpretar Meseguer (1991), que diria: a busca da
qualidade é um avanço social. E este princípio norteia os projetos que
devem beneficiar os usuários, segundo os padrões de qualidade. A
qualidade na construção civil deve ser entendida como uma filosofia que se
ajusta a casos particulares, observando os seguintes requisitos: segurança,
habitabilidade, durabilidade, estética e adequação ambiental. Os
parâmetros de qualidade são documentados para que se demonstrem os
controles de qualidade e os resultados alcançados.
Esta filosofia da qualidade é fundamental para a interface do projeto com a
utilização do espaço habitado. É o primeiro passo para se fundamentar
pesquisas sobre a estrutura do espaço, e as influências deste sobre o ser
que o habita e no caso específico desta pesquisa, a busca da melhoria do
espaço hospitalar construído, possibilitando uma melhoria efetiva do
paciente, através da sua percepção.
Observa-se que a maior parte da existência humana ocorre em ambientes
construídos, devido ao aumento dos índices de urbanização. Neste sentido
os profissionais responsáveis pela produção dos espaços construídos,
devem aproximar os estudos e a inter-relação pessoa-ambiente, aos
estudos da percepção do ambiente construído, visando uma melhoria
deste, e um maior bem-estar social (Elali, 2000).
20
Enfatizando esta relação entre o homem e o ambiente, Gabriel Marcel
apud Duarte (2000, p. 22), diz que: “um indivíduo não é distinto do lugar:
ele é o lugar.”
Para que o ser humano tenha uma compreensão plena da realidade, deve-
se perceber os jogos de valores que se dão na interdependência entre o
homem e seu meio. Assim o ambiente participa do processo da elaboração
da consciência que ele tem de si mesmo; interage com ele, alterando a
realidade, influindo decisivamente na construção de sua visão de mundo.
O homem usa o espaço como forma de linguagem e o manipula num
constante processo de construção de sua identidade. Construindo-o,
constrói também um sistema de significados e valores dele. Além disto, o
espaço construído será reinventado constantemente por seus usuários, os
seus valores e significados serão alterados de acordo com inúmeros
fatores de ordem psico-cultural (Duarte, 2000).
Segundo Hall
1
apud Duarte (2000) o espaço age como uma “linguagem
silenciosa” no inconsciente do ser humano. E esta interação espaço-
comportamento-percepção, traz maiores subsídios para a boa execução de
um projeto de arquitetura, além das preocupações com o desempenho
físico-espacial do edifício, cujas preocupações englobam também o
respeito às especificidades sócio-psico-culturais dos usuários (Duarte,
2000).
A percepção do ambiente traz para o projeto, o olhar do usuário lado a
lado com à visão do arquiteto; um que o percebe, a partir de sua
decodificação através da captação pelo sistema sensorial humano; outro
que traça um espaço abstrato, quantitativamente normativo e controlador
de transformações no contexto do edifício e do seu entorno. A interação
entre estes dois enfoques solicita “links” entre ambos, beneficiando a
atividade projetual pela possibilidade de avaliar o desempenho do espaço
proposto, em função da percepção dos futuros usuários. Os critérios de
desempenho do espaço virtual correspondem às expectativas sociais que
são tanto historicamente definidas quanto permanentes e atemporais,
assim como a percepção dos futuros usuários possui não apenas
predicados particulares, mas também universais (Kohlsdorf, 2000).
1- HALL, E. Le Langage Silencieux. Paris:Mame, 1973
21
Tais palavras significam a importância de se trabalhar com a percepção e
sentidos dos usuários, para projetar um espaço arquitetônico que
beneficiará o usuário, e dentro de uma perspectiva de melhora de sua
saúde.
Quanto à habitabilidade, suas características fazem com que os ambientes
devam atender às necessidades existenciais, abrangendo diversos níveis,
como o fisiológico e o simbólico, visando projetar e construir ambientes que
permitam ao homem melhor qualidade de vida, com a pretensão de
compreender suas interações com o ambiente edificado (Almeida, 2000).
Para aprofundar mais o tema cabe interpretar alguns estudiosos:
Segundo Serra (1999), uma metodologia de qualidade na elaboração de
um projeto para a área hospitalar, é um eficaz instrumento que pode levar
à concepção de um edifício adequado ao uso previsto.
Segundo Silva (2000), todos os aspectos relacionados à produção do
espaço, têm relação entre os códigos necessários à sua execução e às
expectativas atribuídas a ele.
Hoje em dia a qualidade dos serviços prestados, está diretamente ligada à
funcionalidade da estrutura arquitetônica e organizacional de um hospital.
Serviços de alta tecnologia, corpo clínico e gerencial, ficam prejudicados
quando o espaço arquitetônico não está em harmonia com os usuários.
Segundo Svensson (2001, p. XII), a globalização econômica mimetiza o
“modus vivendi”, a informatização e a tecnologia apagam traços regionais e
nacionais, e a arquitetura aproxima-se da síntese entre “[...]a vida humana
e seu cenário”.
Através das atividades humanas, o homem se exprime espacial e
temporalmente, onde a vida se desenvolve. A tendência da arquitetura é
aproximar a arte da realidade. E segundo Kant Schiller apud Svensson
(2001), arquitetura é a arte do espaço subjetivamente percebido.
O desenho espacial afeta os níveis de comunicação dos ambientes
(Kumar, 1996). Observam-se na concepção de um bom projeto estas
questões espaciais, que aproximam-se de objetivos definidos como
melhoria na comunicação com seus usuários, melhoria de fluxos,
22
ambientes interativos, familiares e flexíveis, e assim tornam-se boa
ferramenta para melhorar a qualidade dos ambientes.
Segundo Mc Cabe apud Leibowitz (2001), a integração entre corpo clínico,
administrativo e equipe de projetos, é o que gera o melhor resultado para a
construção de um hospital, com foco nas necessidades dos pacientes.
Segundo Mitka (2001), Rosemary Bakker, arquiteta de interiores, através
do projeto GEM (Gerontologic Environmental Modification), criado no “Weill
Cornell Medical College in New York city”, executa seus projetos de
interiores, na área da saúde, para que os espaços, mesmo com pequenas
modificações possibilitem aos idosos, a permanecerem em seus domínios
(suas residências, seus apartamentos, etc.), cercados por seus vizinhos,
muito mais tempo (figura 2.1); sem necessidade de irem para um
asilo/hospital. E conseguem isto pelo bom desempenho do projeto, que
tem o seu maior foco na melhoria da qualidade de vida do ser humano.
Figura 2.1 Rosemary Bakker (a esquerda) com a paciente que
utiliza barra de segurança, para levantar com autonomia.
Fonte: MITKA (2001).
Além disto o Cornell Medical College, iniciou um treinamento de
estudantes, residentes, e médicos, focando a arquitetura do espaço
hospitalar e residencial apropriado para os pacientes, objetivando
prevenção e melhora da saúde. Mesmo pequenas modificações dão início
a grandes mudanças e independência aos idosos, tais como barras de
segurança nos banheiros (bem instaladas), pisos alinhados, boa
iluminação e ventilação. Assim como a observação do médico, é essencial
23
a ênfase em uma arquitetura de qualidade para a saúde, pois os médicos
são muito respeitados pelos pacientes.
Segundo Carvalho (1998), a reabilitação é considerada, antes de tudo e
neste momento, historicamente, em todo o mundo, uma necessidade e
uma exigência ética. E, portanto, a saúde deve ser abordada eticamente,
por todos os profissionais. Sendo assim é importante a atuação de
profissionais de várias áreas, para concepção de ambientes hospitalares, e
esta pesquisa pretende abordar a melhoria da qualidade do ambiente
hospitalar, através da percepção do paciente, tirando partido da
espacialidade poética arquitetônica (figura 2.2).
Figura 2.2 Croqui do arquiteto João Filgueiras Lima para a Rede
Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor.
Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html
A organização Norte Americana “The Center for Health Design”, criada em
1988, tem como foco de suas pesquisas o “design” para a saúde, onde
vários aspectos da arquitetura e desenho de interiores são abordados por
especialistas, e estão disponíveis em rede de alcance mundial. Como
exemplo:
Parker (1991), o escritório de arquitetura Anshen & Allen, através de um
trabalho para o Northern California Hospital, determinaram que um bom e
eficiente projeto de “Design” para a saúde, pode eliminar um enfermeiro .
24
Kantrowitz (1993), a promoção da saúde caminha em paralelo com a
melhoria do ambiente hospitalar, rejeitando os modelos antigos, e
enfatizando o conforto da luz, a abundância da luz natural, o conforto do
espaço interior para o paciente, o corpo clínico e os visitantes, a
privacidade necessária para um bom desempenho do hospital, a
integração entre o corpo clínico, e a flexibilidade dos espaços devido às
rápidas mudanças dos ambientes para a saúde.
Segundo Marcus et al. (1995), o paisagismo deve ser considerado como
um elemento importante dos centros médicos contemporâneos,
beneficiando a melhoria do humor, a redução do stress e a cura.
Conforme Rubin et al. (1996), estudos científicos sobre “Design” para o
ambiente hospitalar, investigam em que condições a melhoria da saúde e
recuperação do paciente acontece.
No The Picker Institute (1998), as atividades humanas recebem impacto
do ambiente externo, assim como mudanças de humor, criação ou
desbloqueio de barreiras psicológicas, distração, prazer, ou medo.
Portanto, as qualidades subjetivas dos ambientes interferem na qualidade
da saúde.
Também como iniciativa do The Center for Health Design”, The Pebble
Project propõe modificações no design de clínicas e hospitais, e tem como
objetivo a arquitetura para a saúde. Esta iniciativa foi implantada em vários
hospitais dos Estados Unidos, tais como: Clarian Health Partners’
Methodist Hospital em Indianápolis (figuras 2.3, 2.4), San Diego Children’s
Hospital, Barbara Ann Karmanos Cancer Institute em Detroit (figura 2.5) , e
Bronson Methodist Hospital em Kalamazoo.
25
Figura 2.3 Clarian Health Partner´s Methodist Hospital em Indianápolis,
Inovação no design da estação de enfermagem (iluminação, cores e texturas).
Fonte: http://jama.ama-assn.org/issues/v286n14
Figura 2.4 Clarian Health Partners´Methodist Hospital em Indianápolis,
apartamento de internação, cabeceira com painel para equipamentos
de segurança escamoteável, ao fundo local para leitura.
Fonte: http://jama.ama-assn.org/issues/v286n14
26
Figura 2.5 Circulação, Bárbara Ann Karmanos Cancer Institute em
Detroit, design e tecnologia renovam o ambiente hospitalar em busca
da melhoria do paciente.
Fonte: http://jama.ama-assn.org/issues/v286n14
Outros objetivos deste projeto, além da melhoria dos pacientes, são a
satisfação dos pacientes, dos acompanhantes e da equipe
multiprofissional, bem como a educação e pesquisa, como fonte de cultura
e a relação custo-benefício.
Para Sr. Blair Sadler, Presidente do San Diego Children’s Hospital, uma
das pesquisas deste projeto será avaliar crianças expostas a várias
sensações e aos níveis de cor, luz, música e aromas, para observar suas
preferências sobre as várias combinações, com o objetivo de entende-las
melhor através da cor, sons, luz e aromas, enriquecendo os ambientes de
acordo com suas decisões.
Com isto, a permanência dos pacientes, nos estabelecimentos
assistenciais de saúde, torna-se menos estressante deixando-os mais
vulneráveis a uma melhoria da auto-estima e conseqüentemente, uma
menor permanência do paciente dentro do ambiente hospitalar.
2.2 Arquitetura para a cura
Conforme Edginton (1995), no século XIX, na cidade de York Shire,
Inglaterra, o Sr. Willian Tuke, construiu um asilo para doenças mentais, o
27
“York Retreat”, baseado nos princípios de uma arquitetura envolvendo os
pacientes em um ambiente que proporcionasse saúde, serenidade, calma,
racionalidade, conforto, familiaridade e sociabilidade. Com isto fez um
espaço para um tratamento moral, através de uma arquitetura moral,
resultando na melhoria da qualidade de vida do paciente. O espaço foi
reconhecido como forma de expressão e o tratamento passou a ser
avaliado tanto pela equipe médica quanto pelas formas arquitetônicas.
O projeto do “York Retreat” serviu de estudos das equipes de medicina e
de arquitetura, que pretendiam uma especialização em asilos para
insanidade, além de promover uma ponte entre a instituição e um ambiente
salubre, entre um refúgio e um lugar seguro no mundo, para os pacientes.
Arquiteto e autor do projeto, John Bevans, desenvolveu vários outros
projetos de asilos para insanidade, com total aval das equipes médicas,
que consideraram seu trabalho também como forma de tratamento. Este
fato, convém notar, ocorreu em uma época em que havia uma similaridade
entre o hospício e a prisão.
A terapêutica era baseada em um tratamento moral, que nos séculos XVIII
e XIX, significava tratamento humanista, sem utilização da força, do
choque elétrico e concentrava-se no emocional e racional analisando a
mente do indivíduo. Além disto, incorporava organização social, rotina e o
projeto, num contexto que beneficiava o tratamento da insanidade.
Conseqüentemente um gerenciamento moral necessitava de um
planejamento arquitetônico que não evocasse somente o material, mas sim
novas relações sociais com uma atmosfera própria.
No entanto, a arquitetura somente não chega à cura, é necessária a
incorporação de um cenário social que favoreça a integração dos vários
fatores favoráveis ao objetivo.
Neste projeto do “York Retreat”, a revitalização do ambiente o foi
esquecida, com constantes incrementos de acessórios para proporcionar
um ambiente humanizado e agradável. Tanto é que em visitas datadas de
17 de Janeiro de 1884, houve anotações no livro de visitas, sobre a
agradabilidade do “York Retreat”, e como esta agradabilidade
proporcionava uma atmosfera saudável para os pacientes. Observações
feitas também pelo Comitê de Doenças Mentais, em 8 de março de 1873,
28
destacam a atenção dada ao interior do hospital, e aos benefícios para a
recuperação dos pacientes.
Alguns dos benefícios foram adotar emprego de “skylights” ou iluminação
zenital, permitindo a entrada da luz do sol no interior, janelas
envidraçadas, ornamentação com plantas, pinturas com tintas mais
brilhantes que produziam efeito benéfico nas ondas cerebrais dos
pacientes, e assim o ambiente familiar do “York Retreat” proporcionava aos
pacientes um maior conforto (CIL Visitor’s Book)
2
.
A importância do projeto para o tratamento no “York Retreat”, foi
fundamental, que o paciente era levado a se envolver com o ambiente,
tanto interno quanto externo, desde os afazeres cotidianos, às atividades
externas tais como jogos, jardinagem, passeios, etc.
Willian Tuke, construtor do asilo York Retreat, iniciou um novo método de
tratamento, utilizando a integração com o espaço como um método ou
componente para a cura. E a melhoria dos resultados despontava
diariamente.
Por sua vez Piumpongsuk (1998), em sua dissertação sobre a
configuração espacial para a demência, acrescenta que a configuração
espacial dos espaços, ressona a filosofia do tratamento para a saúde. E a
importância do assunto vem à tona devido à maior expectativa de vida das
populações.
Tal abordagem sustenta que o bem-estar faz parte do tratamento,
enfatizando ambientes seguros para os pacientes que são potencialmente
vulneráveis aos mesmos. Sendo que a equipe de apoio ao paciente deve
dotá-lo de condições de autonomia.
Os espaços devem ser projetados sem obstáculos de passagens, e os
materiais além do bom desempenho, devem ser especificados
preferencialmente pela tradição, como a madeira e tijolo, pois além de
remeterem o paciente a ambientes familiares (Piumpongsuk,1998;
Serra,1999), favorecem um tratamento térmico e acústico aos ambientes. A
madeira não reverbera, evitando ruídos desagradáveis aos pacientes muito
sensíveis, e o tijolo protege os ambientes de alterações de temperatura.
2
CIL Visitor´s Book: livro de visitas
29
Códigos como saída de incêndio por exemplo, devem estar em local de
fácil visibilidade. Também o ambiente deve favorecer a localização do
paciente, facilitando os acessos. A iluminação natural permite a
identificação do tempo (Piumpongsuk, 1998; Gomes, 1999; Flemming,
2000; Fonseca, 2000). E o ambiente tanto interno como externo deve ser
práticos, familiares, legíveis para os olhos do paciente, facilitando sua
identificação.
É importante o equilíbrio entre ambientes privados e sociais, preservando
tanto os momentos pessoais, quanto os momentos de socialização, tão
importantes neste estágio, pois a demência (esclerose) deixa o paciente
com tendência ao isolamento, assim o ambiente deve facilitar a integração
social, muito importante para a sua identidade pessoal. Como exemplo
pode-se citar o layout das salas sociais, onde as poltronas ou cadeiras
devem ser arranjadas em círculos, facilitando o contato frente a frente entre
os pacientes, proporcionando maior comunicação entre eles.
Os projetos para a área de saúde devem ter uma política de humanização
dos ambientes, que também incluam programas de visitas familiares,
contando com lugares específicos para este fim, como salas de visitas e
jogos, proporcionando maior integração entre o paciente e os visitantes,
para que todos usufruam de um ambiente agradável.
O corpo clínico tem papel importante no tratamento, mas o paciente com
demência (esclerose), tende a piorar ao final da vida, o que causa grande
stress à equipe médica, sendo assim é necessário que os ambientes
privados reservados ao corpo clínico sejam ambientes que proporcionem
agradabilidade, relaxamento e auto-estima.
Para se obter uma boa qualidade em um projeto hospitalar, deve-se
considerar a “flexibilidade” dos ambientes, proporcionando facilidades à
mudanças e incorporações de novos usos. Segundo Miquelin (1992), a
flexibilidade do projeto hospitalar contrapõe-se à obsolescência da
construção, à incapacidade do edifício em adaptar-se às transformações
tecnológicas, médicas, gerenciais, dos usuários, que levam à uma baixa
qualidade de atendimento. Karman (1994), diria: o bom planejamento da
arquitetura hospitalar, leva em conta a observação e incorporação de
fatores determinantes, tais como: plano diretor, previsão de expansão,
percursos, fluxos segregados, flexibilidade e outros.
30
No ano de 1955 na Inglaterra, uma equipe de profissionais da saúde,
incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de logística e gerenciamento,
arquitetos e engenheiros, elaboraram pesquisa sobre processos e
condições de trabalho nos hospitais, somada aos aspectos do “Design”.
Tendo como resultado o Relatório “Nuffield Provincial Hospitals Trust”, que
exercem grande influência sobre o planejamento de edifícios para a saúde.
Surgiram ramificações como “Building Notes” criado pelo ministério da
Saúde da Grã-Bretanha no ano de 1961, mais tarde transformado no
Departament of Health & Social Security (DHSS). Mas o programa
brasileiro de reconstrução de sua rede de saúde, foi influenciado pelo
programa inglês “Nucleus de Estandardização” (Miquelin,1992).
Carvalho (1998, p.178), informa que a arquitetura enfocando a reabilitação
psico-social, traz à tona uma reflexão sobre os espaços coercivos, que são
aqueles que oprimem, e propõe projetos de humanização ambiental,
através de uma teoria e prática que dimensionem a espacialidade da
arquitetura num plano poético, ontológico, valorizando-a esteticamente,
juntamente com suas articulações com o entorno urbano e o hábitat do ser
humano, em que “Habitar pressupõe criar sentidos, criar relações,
desdobramentos e aprofundamentos na espacialidade onde se inscreve o
homem.”
Convém notar que para Serra (1999), o hospital psiquiátrico
contemporâneo no Brasil não se assemelha a um hospital, e sim a uma
residência, um hotel, um “spa”, de ambiente tranqüilo, aconchegante e
convidativo. A vigilância deve ser discreta, tecnologicamente bem
equipada. As condições de conforto térmico, acústico, luminoso e
ergonômico devem ser ótimas, uma vez que são coadjuvantes no
tratamento, pode-se contar também com o bom desempenho das cores
para este fim. Jardins e quadras de esportes devem estar presentes,
enfatizando um ambiente externo ameno para o paciente e pessoas que
estão chegando.
A flexibilidade das soluções arquitetônicas e das instalações eletro-
mecânicas são fundamentais para a adequação às inovações. Aberturas,
acessos, equipamentos, saliências, instalações eletro-mecânicas e
hidráulico-sanitárias, devem ser dotadas de atenção no sentido de inibir
riscos para os pacientes, para que os ambientes realmente possam
contribuir para a melhoria da saúde do paciente.
31
2.3 Fenomenologia
De acordo com Svensson (2001, p.164), Norberg-Schultz, professor
emérito de Teoria e História da Arquitetura na Universidade de Oslo é um
dos primeiros pesquisadores da arquitetura, a enfocar a fenomenologia. É
autor de vários livros, entre eles: Existence Space and Architecture (1971),
Meaning in Western Architecture (1975), Mellon Jord og Himmel Entre o
Céu e a Terra (1978), Gennus Loci Towards a Phenomenology of
Architecture (1980), The Concept of Dwellin (1982), On The Way of
Figurative Architecture (1985), Stedsk Unst Arte Urbana (1994). Em suas
teorias descreve sobre o lugar:
“[...]não é algo desligado de quem o usa e conhece, detém
significado para as pessoas com ele relacionadas e faz com que
o homem seja o que é; sua identidade e a perda de identidade
derivam do lugar.”
“[...]modernamente, com a industrialização e a urbanização se
impondo, um processo de demolição e decadência sobressai sob
forma de falta de referências locacionais.
É idéia de Schultz preservar, resgatar e criar lugares para o ser humano
(existencialismo), onde ele não se sinta perdido ou alienado,
acrescentando ainda que:
Entende arquitetura como concretizão de um
mundo que permite as atividades humanas.” (p.166).
A linguagem da arquitetura é poética, pois a compreensão fenomenológica
contém uma multiplicidade de espaço, forma e figura (entorno dos lugares).
O estar arquitetônico congrega organização espacial, conseqüentemente
propicia figuras humanas motivadas (Schultz apud Svensson, 2001).
O “caráter do ambiente” se faz pela organização espacial, e a arquitetura
cria a “[...]arte dos lugares” (Svensson, 2001, p. 168).
Segundo Heo (1998), através da percepção o ser humano cria seu próprio
ambiente psicológico, que está relacionado ao envolvimento do ser com o
seu próprio meio ambiente. Dependendo de sua posição no espaço, no
tempo, e de sua combinação de experiências, necessidades, interação e
comportamento social.
32
As questões relativas à percepção na arquitetura se intensificaram com a
arquitetura moderna. Deve-se lembrar ainda que os planos de aulas do
professor Hannes Meyer
3
, relativos à psicologia, foram tratados na escola
de arquitetura Bauhaus, na Alemanha.
No ano de 1961 em Utah, Estados Unidos, houve uma filiação entre
arquitetura e psicologia, promovido pela conferência “Architectural
Psychology”(Lang 1997 apud Heo 1998).
Segundo Heo (1998), a psicologia da percepção faz interface com a teoria
e prática da arquitetura.
Para Van de Ven
4
apud Heo (1998), o espaço interpretado por Newton,
não pode ser percebido pelos cinco sentidos, mas pode ser medido pelo
espaço relativo. Enquanto para o arquiteto Louis Kahn o espaço
imensurável, torna-se mensurável através da arquitetura. E a partir de fins
do século XIX, o espaço através da arquitetura é mensurável e
imensurável.
A experiência humana embora dinâmica, é raramente medida, e como o
mundo também não é estático, assim sendo a fenomenologia arquitetônica
leva a explorar o espaço imensurável, que está em constante mudança e
evolução, através das interpretações individuais. O conhecimento sensorial
governa nossos impulsos, ações, respostas e decisões, sendo a matriz de
sensações e sensibilidades. Desta forma os estudos da fenomenologia são
uma importante base para pesquisas do comportamento humano.
Steve Holl
5
apud Heo (1998), estudando a fenomenologia através da
percepção, permite a abordagem da arquitetura entre seus espaços
concebidos pelos sentidos, tocando, escutando, andando por estes
espaços.
Com o passar do tempo novos conhecimentos desenvolveram-se com a
interface das novas ciências: psicologia e filosofia. A intuição entra em
3
HANNES MEYER: arquiteto, diretor e professor da escola de arquitetura Bauhaus, Alemanha, no ano
de 1927
4
VAN DE VEM. Space in Architecture. Amsterdam, Holland:Van Gorcum Assen, 1978. p.30-34
5
HOLL, Steve. On the Occasion of the Steven, Holl Exhibition, Basel. Swiss: Birkhauser, 1993. p.21
33
pauta, juntamente com o imensurável. Novos conhecimentos despontam
na interação de pensamentos, valores, sensações e intuições. Enfatizando
a fenomenologia e sua importância no desenvolvimento das disciplinas,
incluindo a arquitetura.
O fenômeno envolve o processo, as pessoas, as sensações, as
observações, os sentimentos, além dos eventos e as pesquisas focais
trazem à tona estruturas subjetivas da realidade. E a fenomenologia é o
estudo do espaço através da percepção dos indivíduos, onde a
compreensão da realidade é pessoal, e pode ser comparada com a
compreensão da realidade de outros indivíduos.
A fenomenologia na arquitetura foca a qualidade do espaço, sobre o bem-
estar do indivíduo e a relação do indivíduo com a arquitetura.
Os espaços estão cheios de fenômenos, que consistem em pessoas,
luzes, sombras, insolação, ventilação, umidade, sons, e tudo que faz parte
da existência humana. Portanto, estes fenômenos afetam os espaços, a
arquitetura e conseqüentemente as pessoas; possibilitando ao sujeito
perceber o espaço da arquitetura. Como exemplo, a luz do sol penetra num
prédio e permite a medição do tempo, com o seu percurso. E várias outras
sensações são percebidas através da arquitetura, tais como espaços
internos e externos, balanços, rebaixos, fendas, além de inúmeras
situações arquitetônicas que colaboram para a boa qualidade dos espaços
(figura 2.6).
34
FIGURA 2.6 Sala de Fisioterapia do Hospital do Aparelho Locomotor
Fortaleza, CE – arquiteto João Filgueiras Lima
Fonte: http: abav.free.fr/ponto/5/Sarah.html
A Sala de Fisioterapia do Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza,
projeto do arquiteto João Filgueiras Lima, possibilita a penetração de raios
de luz, ventilação no sentido vertical, através da cobertura tipo shed, e a
comunicação com o espaço exterior através dos panos de vidro, o que
proporciona um ambiente aprazível para a prática de fisioterapia, além de
propiciar sensações agradáveis de diálogo entre os usuários e o espaço
habitado. São alguns dos fenômenos existentes na arquitetura.
A propósito, a arquitetura não é mais somente um abrigo. Ela representa
nossos desejos, paixões, e identidade; e através dos fenômenos visíveis e
invisíveis podemos perceber o espaço produzido pelo homem, além de ter
maior consciência do nosso mundo, e das relações homem-natureza e
espaço-tempo.
2.4 Percepção do espaço
Na busca por ambientes satisfatórios para os pacientes e usuários, o
estudo da percepção do ambiente construído é vital para que diversos
aspectos da inter-relação dele com o ambiente, a conduta e o julgamento
sobre ele, sejam bem compreendidos. Quantas vezes a nossa atuação
sobre o mesmo, seja ele natural ou construído, causam conseqüências que
35
ignorávamos por completo e que terão impacto direto sobre a qualidade de
vida de gerações? Quantas vezes projetos e planos geraram ambientes
que afetaram de maneira imprevisível as respostas sensoriais dos
moradores?
Não se trata apenas de respostas emocionais, puramente psicológicas no
sentido mais popular da expressão, pois está comprovado que
estímulos ambientais têm conseqüências neuropsicológicas e neuro-
endocrinológicas (Parsons
6
apud Del Rio, 2000), que eles causam
respostas neuro-hormonais e imunológicas com potencial de inter-
relacionar respostas afetivas a estes ambientes (Del Rio, 2000). Admitindo
esta inter-relação percebe-se a necessidade de um acréscimo ao estudo
do ambiente hospitalar, para o melhor conforto, saúde mental e auto-
estima do usuário.
Segundo Gomes (1999), a percepção é o primeiro momento psicológico do
ser humano, e também sua relação com o ambiente através de padrões de
estimulação de energia. Da integração do homem com o meio que o
circunda, ocorrendo através de mecanismos perceptivos e cognitivos.
Segundo Flemming (2000), estímulos externos alimentam mecanismos
perceptivos, que são captados através dos sentidos: visão, audição, tato,
olfato e paladar. A percepção através da cognição utiliza a mente para
captar o ambiente e neste momento entram em cena fatores tais como:
necessidades, humores, conhecimentos prévios, valores, julgamentos, e
expectativas. Deste modo a realidade é percebida através de filtros até
chegar ao homem.
Desta forma, a percepção é individualizada, dependente da personalidade
e do organismo humano, uma vez que dois seres distintos não em as
mesmas coisas, porque a realidade não é percebida verdadeiramente, e
sim como é sentida e valorizada por cada um. Sendo assim, a percepção
está vinculada aos estímulos, aos aspectos fisiológicos, e as condições
psicológicas. Para Merleau-Ponty
7
apud Rheingantz (1995), o ser humano
constrói a percepção com o percebido.
6
PARSONS, Ruth. The Potential Influences of Perception on Human Health. In Journal of
Environmental Psychology n
11, pp. 1-23, 1991.
7
MERLEAU-PONTY, M. . Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
36
para Kohlsdorf (1996) e Gomes (1999), é necessário que os lugares
ofereçam condições que provoquem estímulos sensoriais suficientes para
que os órgãos dos sentidos funcionem. Portanto, a qualidade do espaço é
tema importante.
Por outro lado, segundo Silva (1999), o resultado plástico visual,
comparece como produto da articulação de variáveis objetivas (os usos) e
subjetivas (desejos), para favorecer a finalidade do espaço como abrigo
projetado pelo homem e para o homem.
A cor em um ambiente também é capaz de alterar o estado de ânimo
daqueles que por ali transitam, e por sua vez pode vir a influenciar a
cognição e o comportamento destes. O arquiteto em sua prática projetual
deve levar em consideração os efeitos da percepção cromática sobre o
comportamento do ser humano, em busca do bom desempenho do
ambiente e a satisfação, por exemplo, do paciente.
Segundo Cesar (2000), alguns ambientes cujo uso é previamente
conhecido, condicionam o usuário a determinados estados emotivos.
Nessa situação, havendo por parte do usuário uma pré-disposição a
determinadas composições cromáticas, podem, associadas aos demais
aspectos ligados à percepção, como as reações fisiológicas, aspectos
culturais, etc., facilitar a captação de arquétipos (imagens psíquicas do
inconsciente coletivo, e que são patrimônio comum a toda a humanidade),
relacionados à atividade ali exercida. Como exemplo pode-se citar o uso de
composições cromáticas com predominância de tons verdes, em áreas
relacionadas ao tratamento da saúde. O verde através dos tempos, sempre
esteve associado à esperança, à fertilidade, ao nascimento e ao
renascimento. Na Índia é considerada uma cor sagrada. O seu uso, nas
situações que envolvem tratamento de saúde, é bastante comum, sendo
bem aceito. Pode-se fazer então uma relação entre uma situação em que
se deseja o sentimento de esperança e dos arquétipos a ela relacionados,
como no caso de hospitais, e a utilização de matizes verdes nos ambientes
como apoio às atividades ali exercidas.
37
CAPÍTULO 3
FATORES CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS
38
3. FATORES CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS
3.1 Introdução
Com o objetivo de se chegar a critérios razoáveis para as diretrizes
projetuais, aborda-se neste capítulo o desenvolvimento da arquitetura
hospitalar desde a antigüidade até os dias atuais, observando o uso da luz
e cor para a cura. O estudo da percepção das cores ao longo da
civilização humana, conceitos da cromoterapia, luz e cor nos ambientes
hospitalares, avaliação da edificação hospitalar com utilização da
metodologia APO (Avaliação Pós-Ocupação), normatização, materiais de
acabamento e circulações externa e interna.
3.2 O uso da cor e luz para a cura
Gomes (1999), com seu rigor científico, acrescenta que o uso da cor com
objetivos de melhoria para a saúde, vem da antigüidade acompanhando a
evolução da medicina em várias culturas. Nos primórdios a terapêutica
tinha por base observações empíricas e eficientes, mas com a evolução
tecnológica, cientistas e pesquisadores investigam a ação de determinada
cor e as reações fisiológicas e psicológicas no ser humano. Para os
experimentos foram utilizados luzes e cartões coloridos. Entretanto, poucas
pesquisas focaram efeitos tendo como base “ambientes coloridos”.
No antigo Egito, as construções dos templos para a saúde, evidenciaram
aberturas onde raios de sol penetravam no recinto, se repartindo nas sete
cores de espectro, para ajudar na cura e culto ali realizados.
Na antiga civilização Grega, estabeleceram-se três categorias de
estabelecimentos para a saúde: público, privado, e religioso. As cores,
formas, esculturas e simbolismos, faziam parte integral das terapias, com o
objetivo de harmonizar o interior do ser humano (paciente).
O templo de “Asclépio”, na antiga Grécia, recebeu inscrições em suas
colunas, que podem ser considerados como as primeiras manifestações de
registros clínicos de pacientes. Era hábito o uso de roupas brancas, para
que não houvesse distinção entre equipe médica e pacientes, além disto a
vestimenta branca adaptava-se ao clima quente da região, o que também
servia de terapia.
39
No Império Romano os templos dos deuses abrigaram os hospitais.
Seguiu-se à tradição grega, os romanos cultuarem “Esculápios”, mas com
o início da era cristã, e também o fortalecimento do poder da igreja, no ano
de 335, Constantino ordenou o fechamento das instituições médicas
pagãs de origem grega, e estimulou a criação de hospitais cristãos, muitos
deles construídos por imperadores cristãos. Assim, a terapêutica passou a
ser inspirada pela religião, mística e teúrgica (milagres), deixando de lado
os conceitos médicos de “Asclépio” e “Hipócrates”, devido às suas ligações
pagãs, fazendo com que a cor nos hospitais romanos perdesse o seu
devido valor.
No Império Bizantino, os hospitais apresentaram uma arquitetura de forma
quadrangular, com ambientes higienizados. As enfermarias recebiam
pintura em tons suaves, fontes ornamentais que proporcionavam sussurros
calmantes, apaziguando o interior dos pacientes.
Na Idade Média, os hospitais eram instituições eclesiásticas e não
médicas. No culo IX, foi implantado junto às catedrais um hospital,
“Domus Dei” (casa de Deus), obedecendo o concílio de Aix-La Chapele.
Com as cruzadas os hospitais tiveram um impulso e surgiram os Hospitais
Militares. A lepra que se alastrava, provocou o aparecimento das “Casas
de Lázaro”, nas periferias das cidades, ainda com o objetivo de segregação
dos pacientes. Eram instalações dispendiosas, apesar de mal arejadas,
escuras e de pouca higiene. Faziam parte da decoração de interiores,
vitrais coloridos e tapeçarias, onde os tons neutros predominavam,
provenientes das pedras naturais.
No Renascimento as escolas de medicina deram um impulso à evolução
dos hospitais. No século XVIII, vários hospitais foram erguidos com
recursos das paróquias, e nos fins do século XVIII, hospitais e asilos
urbanos eram enormes, recebendo cerca de cinco mil pacientes.
Nas enfermarias predominava o tom da cal, que quando usada, também
apresentava grande desconforto, insalubridade e promiscuidade. Durante a
Reforma os hospitais foram pintados em tons neutros, que a cor foi
discriminada e considerada sensual. Para as instituições mais abastadas,
foi utilizada a cor somente nas entradas principais.
No princípio do século XIX as condições de assepsia regrediam, os tons
tanto das roupas usadas quanto da decoração eram neutros e escuros,
40
para encobrir manchas de sangue e diminuir a manutenção. Esse ambiente
precário, elevou o índice de mortalidade pós-operatório acima de 90%.
Mas em 1859 a enfermeira inglesa Florence Nightingale, estabeleceu
parâmetros a serem seguidos para as enfermarias, que passaram a ser
conhecidas como “Enfermarias Nightingale”. Era um longo salão estreito,
com leitos dispostos perpendicularmente às paredes, com direito
elevado, propiciando amplitude ao ambiente, as janelas altas em ambos os
lados, proporcionavam bom fluxo de ventilação. Este modelo de enfermaria
perdurou por volta de 50 anos, sendo que em alguns hospitais ainda são
preservadas em perfeito funcionamento (Miquelin, 1992; Gomes, 1999).
E no final do século XIX, a higienização passou a ser valorizada, iniciando
a tradição da cor branca para ambientes hospitalares. Este tom sinalizava
qualquer sujeira. Esta assepsia teve seu começo com o Dr. Semmelweis ,
atingindo seu apogeu com Pasteur (Miquelin, 1992; Gomes, 1999; Mota,
2000).
Para Mota (2000), esta higienização dos ambientes influenciou os
arquitetos do movimento moderno, que optaram por ambientes de boa
aeração e insolação, por materiais impermeáveis, laváveis, ausência de
ornamentação, extinção dos cantos vivos, entre outros.
para Gomes (1999), o século XX inicia com a preocupação sobre a
salubridade dos ambientes, assim surgiu a tipologia pavilhonar dos
hospitais (figura 3.1), que proporcionavam vãos adequados, ventilação
cruzada e iluminação natural.
41
FIGURA 3.1 Tipologia Pavilhonar, Cidade-Jardim Hospital da Granja Branca, 1911, Lyon, França.
Fonte: www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/bases/texto085.asp
Disse ainda Gomes (1999), que entre os anos de 1902 a 1926, foi erguido
em Barcelona, Espanha e projetado pelo arquiteto Donech I Montaner, o
Hospital “De La Santa Creu I Sant Pau”, com 26 pavilhões. Montaner se
preocupou com a humanização dos ambientes, a cor tinha função
terapêutica, assim ele utilizou mosaicos coloridos, esculturas e jardins.
Hoje em dia este hospital é declarado patrimônio cultural da humanidade.
A cor branca permaneceu por longo tempo como símbolo de higienização.
Depois o tom verde foi introduzido pela tradição de ser o tom da
esperança, devido ao verde da natureza e das terapias de cura pelas
ervas.
Entre as duas Grandes Guerras surge o hospital monobloco vertical. O
hospital passa a ser um complexo, agrupando atividades e funções afins.
As ciências médicas têm se desenvolvido muito, com grandes avanços. As
médias de permanência do paciente internado têm caído em várias
especialidades e o hospital contemporâneo é uma instituição dinâmica
necessitando de boa flexibilidade devido ao avanço tecnológico (figura 3.2).
42
FIGURA 3.2 Children´s Hospital & Health Center, 2002,
San Diego, CA
Fonte:www.healthdesign.org/pebblepartners.html
O Children´s Hospital & Health Center em San Diego, Califórnia, tem
analisado o impacto da arquitetura e design, entre outros fatores, sobre o
processo de recuperação dos pacientes; observando se mudanças no
comportamento organizacional são um resultado de processos de
planejamento e design, além do desenvolvimento de metodologias de
avaliação, que direcionam e identificam os resultados de recuperação de
pacientes, identificando práticas corretas e melhoria na qualidade do
ambientes hospitalar.
Segundo Miquelin (1992), atualmente o uso de divisórias removíveis é
fundamental para a flexibilidade do edifício hospitalar (figura 3.3). Pode-se
ressaltar também os espaços intersticiais para a distribuição dos sistemas
de instalações (uma zona de suporte e técnicas industriais). Esses
espaços, se ampliados, podem chegar a acomodar quaisquer serviços
administrativos e logísticos.
43
FIGURA 3.3 Hospital da AACD, São Paulo,
setor ortopédico, divisórias removíveis.
Fonte: www.piniweb.com/revistas/au
O hospital contemporâneo necessita de se humanizar, e segundo Miquelin
(1992), pesquisadores concluíram que a aparência agradável de um
ambiente de longa permanência, diminui a rejeição a este espaço (figura
3.4).
FIGURA 3.4 Cortinas divisórias para privacidade do paciente,
com pintura, tema natureza, promovendo um ambiente calmante.
Fonte: www.catalinacurtaincompany.com
44
Ainda Gomes (1999), assevera que a busca através da psicologia das
cores, permitiu criar ambientes de maior conforto e bem-estar para os
pacientes e equipe multiprofissional.
Outro recurso altamente positivo é a utilização de pinturas artísticas
temáticas (figura 2.9), que proporcionam estímulos variados, combatendo a
monotonia ,e propiciando a melhoria da qualidade de vida.
Os projetos hospitalares ganham leveza, cores, ritmo, transparências, que
propiciam efeitos de luz natural, a apreciação da vegetação exterior,
aeração (apesar do grande uso, e necessidade nas áreas críticas de
ventilação artificial). Tudo isto motivando uma imagem mental positiva,
favorecendo o “self”, a auto-estima do paciente e equipe multiprofissional
(figura 3.5).
FIGURA 3.5 Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza, CE, 1999,
arquiteto João Filgueiras Lima - vista dos solários circulares externos,
no nível de acesso das enfermarias, e detalhe do sistema de aeração do hospital.
Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html
Para Gomes (1999), no Brasil o Hospital municipal “Lourenço Jorge”,
situado na cidade do Rio de Janeiro, R.J., foi concebido com novos
45
conceitos terapêuticos e de humanização hospitalar, incluindo os princípios
da cromoterapia em seus ambientes, elaborado pela arquiteta Maria
Amélia Fontes Trega. Logo depois, este esquema de cores de base
terapêutica foi estendido para outras unidades, através da Secretaria
municipal de saúde. Mais tarde este tema foi utilizado pela Secretaria
Estadual de Saúde, e aplicado no “Hospital Estadual Rocha Faria”, em
Campo Grande, Rio de Janeiro. Passando assim a predominar os tons
pastéis, pinturas em florais e cenas urbanas, entre outros. Esta
ambientação foi utilizada também nos hospitais “Miguel Couto” e “Souza
Aguiar” na cidade do Rio de Janeiro, e no “Hospital da Posse” em Nova
Iguaçu.
Outro exemplo de boa arquitetura hospitalar contemporânea são os
hospitais da “Rede Sarah” (figura 3.6). No Brasil na década de 70 foi
construído em Brasília, depois foram construídos os de Belo Horizonte,
Salvador, Fortaleza, São Luiz, Lago Norte - Brasília, e recentemente
inaugurado o da lagoa de Jacarepaguá, zona oeste da cidade do Rio de
Janeiro. Todos os projetos, reformas e ampliações estão a cargo do
arquiteto carioca João Filgueiras Lima.
A unidade do Rio de Janeiro (figura 3.7), especializada em reabilitação
infantil, é um projeto alegre, colorido (figura 3.8), integrado à natureza,
onde inclui a recuperação da vegetação de mangue da ilha de Pombeba,
para onde as portas ficam abertas (figura 3.9); o telhado em ondas viabiliza
o sistema que permite captação de luz e ventilação natural, através da
cobertura em shed (figura 3.10).
As imagens a seguir evidenciam as propostas do presente trabalho:
46
FIGURA 3.6 Hospitais da rede Sarah
Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html
FIGURA 3.7 Centro de Reabilitação Infantil, rede Sarah, localizado às margens da
lagoa de Jacarepaguá RJ, favorecendo a prática de esportes náuticos utilizados
nas terapias de reabilitação.
Fonte: www.finestrabrasil.com.br/arquitecnologia30_a.htm
47
FIGURA 3.8 Centro de Reabilitação Sarah - Rio de Janeiro, RJ
Espera, com divisória de painel colorido- criação: Athos Bulcão.
Fonte: Revista Projeto Design, abril 2002.
FIGURA 3.9 Centro de Reabilitação Sarah- Rio de Janeiro, RJ
Parque junto à área de fisioterapia infantil, ao fundo o hospital
com suas portas para o exterior.
Fonte: Revista Projeto Design, abril 2002.
48
FIGURA 3.10 Centro de Reabilitação Sarah – Rio de Janeiro, RJ
Cobertura em Shed, sala de reabilitação infantil, iluminação e ventilação natural.
Fonte: Revista Projeto Design, abril 2002.
Nos hospitais de Salvador e Fortaleza, a ventilação é natural, exceto para
área críticas (UTI, Centro Cirúrgico, etc.) do hospital. Foi utilizado um
sistema de purificação e resfriamento de ar, por espelhos d`água e jatos de
água pulverizada antes do ar ser colhido pelas galerias visitáveis para
limpeza, que ficam em sentido oposto ao dos ventos dominantes, e guiam
o ar até aberturas existentes no piso do hospital, próximo aos pilares; os
sheds da cobertura posicionados a favor do vento extraem por sucção o ar,
fazendo com que o ar circule pelo ambiente, contribuindo também para o
combate às infecções hospitalares, substituindo os fluxos de ar horizontais
por fluxos verticais, além disto os sheds permitem a correta insolação dos
ambientes. A ventilação cruzada por ambiente é feita também através das
aberturas dos mesmos voltados para direções opostas. No hospital de
Fortaleza (figura 3.11), observam-se os sheds da cobertura onde a
circulação de ar e a iluminação natural acontecem (Alves, 2002).
49
FIGURA 3.11 Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza, CE – vistas externas.
Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html
As soluções do presente projeto são econômicas, barateando a
manutenção. A construção é pré-fabricada e executada no centro
tecnológico da “Rede Sarah”, em Salvador.
Para João Filgueiras Lima, também conhecido por Lelé, o importante é a
humanização dos hospitais, pois são hospitais que não parecem hospitais,
é “[...]a poesia das ondas e da cor” (Rogar, 2002, p. 50).
3.3 A Cor e a Saúde
Segundo Silva (1995), a luz refletida das cores, ao penetrar no olho
humano, pode afetar indiretamente o centro das emoções no hipotálamo,
que por sua vez, afeta uma glândula “mestra” controladora do sistema
endócrino, incluindo a tiróide e as glândulas sexuais, atingindo os
hormônios e conseqüentemente o humor do ser humano.
Os efeitos psicológicos podem ser diretos, os quais fazem um ambiente
parecer triste ou alegre, quente ou frio, leve ou pesado etc.; podem
também ser classificados como indiretos ou secundários, compostos de
associações subjetivas ou objetivas.
50
A cor exerce um tríplice poder sob a pessoa que a observa:
Poder de impressão: o pigmento impressiona e chama a atenção do
observador;
Poder de expressão: o pigmento expressa um significado e provoca
uma emoção;
Poder de construção: a cor adquire valor simbólico, podendo construir
uma linguagem de comunicação (S. Fabris & R. GermanI apud Silva,
1995).
Para Gomes (1999), a cor de um corpo é branca quando difunde
igualmente e sem absorção, todas as radiações luminosas visíveis que
recebe; é negra quando a energia luminosa é absorvida integralmente,
ocorrendo uma ausência de reflexão; é cinza ou neutra quando difunde
igualmente a energia incidente. E todo corpo que não é branco, negro ou
cinza, é colorido, isto é sob a luz branca os corpos mostram diferentes
cores que lhes são próprias, porque refletem algumas de suas faixas
coloridas mais fortemente do que as outras.
A cor luz ou cor pigmento são caracterizadas por três atributos:
Matiz ou tonalidade: é a qualidade da cor, o comprimento de onda
dominante da cor especificada;
Saturação ou pureza: a cor especificada se aproxima mais ou menos da
cor pura correspondente. As cores puras ou saturadas se apresentam
como as cores do espectro solar, quer dizer 100% de saturação. As cores
que contenham algum teor de branco, preto ou cinza, são cores não
saturadas. Juntos, matiz e saturação formam o cromatismo;
Claridade e luminosidade: é a capacidade da cor, de refletir a luz branca
que existe nela, e quando diminui a luminância, o branco passa a
cinzento.
É de fundamental importância mencionar a cromoterapia, uma ciência que
estuda a cura através da luz e cor, utilizando a relação energética entre a
matéria e o espírito.
51
Segundo Nunes (1995), a energia vital é a que dá origem ao ser humano, e
o mantém em contato com a vida e sua natureza. O equilíbrio desta
energia é muito sensível e suscetível à influência do seu meio ambiente. É
também um conjunto de energias associadas (magnética, solar, telúrica e
espiritual). Assim o ser humano é formado pela energia magnética
consolidado pela solar, alimentado pela telúrica e animado pela espiritual.
Dotado de inteligência, vai determinando suas necessidades físico-
orgânicas, de acordo com a interação mental-social e cultural de cada um.
Importante citar ainda Gomes (1999), a cromoterapia pode ser aplicada
através de diferentes técnicas, especificadas pelo terapeuta, após a análise
do diagnóstico do paciente, tais como:
Ingestão de água solarizada acondicionada em recipientes de vidro
colorido;
Ingestão de comidas irradiadas com uma determinada cor;
Ingestão de alimentos coloridos;
Banhos com água de cores variadas ou sob filtros coloridos;
Visualização mental de cores, pela respiração onde se mentaliza o ar
colorido;
Meditação com cor;
Através da irradiação de uma seqüência de cores sobre o corpo, por
meio de lâmpadas coloridas. A luz colorida afeta as células vivas, que são
sensíveis no ser humano individualmente. Quando os raios luminosos
aplicados sobre a pele, atingem a camada hipodérmica, a administração é
tópica; quando a luz é aplicada a 30cm da pele, atinge a derme, a
administração é de modo direto; e de modo indireto quando a luz incide
nas superfícies coloridas das paredes, piso, e teto, e é refletida sobre a
camada superficial da pele, que absorve esta energia ao longo do tempo
de exposição.
Para Nunes (1995), a energia ambiente também é um fator energético,
podendo ser positiva ou não, de acordo com os condicionantes geradores.
Desta forma o ambiente hospitalar necessita de ter um desempenho, que
52
proporcione uma melhoria da qualidade de vida do paciente e equipe
multiprofissional, pode-se mencionar as cores como um dos fatores de
desempenho, que bem especificadas nos pisos, paredes, tetos, fachadas e
detalhes, favoreçam o bom desempenho do ambiente hospitalar.
Através da cromosofia (estética e psicologia da cor), cromoterapia e feng
shui (ciência chinesa praticada 4000 anos, que estuda a relação do ser
humano com o meio ambiente, para harmonizá-lo, feng: vento – shui:
água), serão analisados alguns efeitos e simbolismos das cores:
Vermelho
Cor da alegria e do ego, está relacionada com o desejo, paixão, excitação,
dinamismo, conquista e domínio. Fortalece a determinação, a
autoconfiança, a virilidade, o entusiasmo, e o otimismo. Se usado em
demasia pode provocar irritabilidade e agressividade (Gomes, 1999).
Para a civilização oriental, o vermelho evoca o calor, a intensidade, a ação,
a paixão, a expansividade; no Japão simboliza a sinceridade, a felicidade,
e no Brasil é a fusão do gosto de várias etnias (Silva, 1995). Segundo
Pedrosa (1977) o teto das residências deve ser pintado de vermelho para
proteger seus habitantes.
Segundo os ensinamentos do Feng Shui, o vermelho é cor especial de
boa sorte, e está relacionada à fama e ao sucesso (Spalter & Streicher,
1998).
Laranja
Em relação à saúde desperta o pensamento positivo, favorece a memória,
a concentração, e o aprendizado, sendo esta a cor da sabedoria. Se
aplicada em excesso desperta o orgulho, a ambição, o zelo. Compondo
com o azul, promove sensação de tranqüilidade (Gomes, 1999).
As áreas coloridas com o laranja parecem maiores do que realmente são,
que devido à sua característica luminosa, funciona também como luz
(Silva, 1995).
53
Segundo os conceitos da cromoterapia o laranja é uma cor restauradora e
revitalizadora, muito utilizada para a recuperação de traumas (Nunes,
1995).
Amarelo
É uma cor estimulante, que abre perspectivas e propicia a lucidez mental, o
raciocínio lógico, a reflexão e a intuição. Se usada em excesso aflora o
rancor, a inveja, o ressentimento; em quartos de bebês pode provocar o
choro com mais freqüência, mas sua escassez desperta a preguiça
(Gomes, 1999).
É a cor mais luminosa de todas e a mais alegre também. Simboliza o sol,
elemento que favorece a vida, e o ouro como um padrão de riqueza na
sociedade (Silva, 1995).
Segundo os ensinamentos do Feng Shui, o amarelo tem relação com o sol,
e desperta a tolerância e a paciência (Spalter & Streicher, 1998).
Segundo os conceitos da cromoterapia, o amarelo é fortalecedor,
energético, e anti-stress (Nunes, 1995).
Azul
É uma cor fria, tranqüila, profunda, infinita, Goethe a chamava de
“encantamento do nada”.
Seu simbolismo é o universo celeste, cuja imensidão convida à paciência
(Silva, 1995).
É uma cor benéfica para ambientes de meditação, desperta a sabedoria, a
pureza, o amor, o bem. Se usado em excesso provoca início de depressão
e cansaço, mas usada com equilíbrio é calmante e relaxante (Gomes,
1999).
Segundo os ensinamentos do Feng Shui, simboliza o crescimento e
esperança; favorece as áreas da saúde e da família (Spalter & Streicher,
1998).
54
Segundo os conceitos da cromoterapia, o azul é equilibrador, regenerador,
calmante e anestésico; fortalecedor do equilíbrio físico e espiritual
(NUNES, 1995).
Índigo
Estimula o intelecto, inspira simplicidade, respeito e dignidade. Atua na
moderação dos impulsos e ações concentradas. Se aplicado em excesso
pode causar tristeza, mas sua carência propicia a ambição (Gomes, 1999).
Segundo os conceitos da cromoterapia o índigo tem ação coagulante
(Nunes, 1995).
Verde
É a cor da natureza, fresca e úmida. Seu tom parece oferecer repouso ao
espírito, e a sensação de que o tempo passa depressa (Silva, 1995).
A cor verde desperta estado de otimismo, confiança, serenidade; e idéia de
progresso, esperança, prosperidade e ânimo. Em excesso pode inspirar a
caridade, e sua ausência dá origem à inveja (Gomes, 1999).
Segundo os ensinamentos do Feng Shui, a cor verde inspira tranqüilidade,
esperança e frescor (Spalter & Streicher, 1998).
Segundo os conceitos da cromoterapia, a cor verde tem ação anti-
inflamatória e higienizante, combate a tensão e angústia (Nunes, 1995).
Violeta
Esta cor desperta inspiração de êxito, misticismo, liberdade, amabilidade e
tolerância. É a cor da criatividade, da sensibilidade para as artes, pois
desperta a expressão da vida interior. Seu excesso gera generosidade, e
sua carência, a avareza (Gomes, 1999).
Segundo os ensinamentos do Feng Shui, a cor púrpura é auspiciosa e
inspira respeito (Spalter & Streichr, 1998).
55
Segundo os conceitos da cromoterapia, o violeta e ultravioleta são o
cauterizador solar, através dos banhos de sol entre os horários de 15 às 18
horas (NUNES, 1995).
Lilás
A cor lilás tem um efeito anti-séptico e sedativo contra a dor, além de
purificar o sangue, também purifica e equilibra os níveis físicos e
espirituais, trazendo tranqüilidade e comunhão com o transcendente
(Gomes, 1999).
Rosa
As vibrações luminosas do rosa, liberam as emoções reprimidas do
indivíduo, o positivas para as energias emocionais do ser humano,
principalmente a auto-aceitação (Gomes, 1999).
Segundo os conceitos da cromoterapia, as vibrações do rosa forte são
ativadores, aceleradores e cauterizadores das funções do organismo
humano, principalmente na corrente sangüínea, além de ser eliminador de
gordura (Nunes, 1995).
Preto
Segundo os ensinamentos do Feng Shui, o preto para os chineses tanto
simboliza sucesso, quanto leva a sentimentos profundos, e a maiores
perspectivas de vida (Spalter & streicher, 1998).
É uma cor que protege contra energias negativas, mas se usada em
excesso pode reduzir a vitalidade do ser humano. Por isto deve ser usado
com equilíbrio, nunca sozinho, sempre em combinação com outras cores.
Especialmente se usado com o branco, equilibra as polaridades do
indivíduo, mantendo o ser humano em harmonia (Gomes, 1999).
Branco
A cor branca simboliza a paz, a tranqüilidade, a pureza e a segurança. É a
cor da claridade e da alegria, mas se usada em excesso torna-se fria,
causando sensação de vazio. Combinado com o azul claro, é celestial, e
56
com as outras cores sua influência é sempre positiva (Gomes, 1999;
Silva,1995).
Cinza
É uma cor neutra, sóbria, de valor intermediário, e de contraste com cores
intensas. O uso em excesso sombreia o ambiente, mas usado com
modéstia, tem bons resultados. Participa dos caracteres do branco e do
preto, as cores que lhe dão origem (Silva, 1995).
Marron
É a cor da terra, transmite uma sensação de segurança, favorecendo a
concentração, despertando o senso comum e o discernimento no indivíduo
( Gomes, 1999).
3.4 A luz e a saúde
A iluminação com fins terapêuticos é uma realidade na humanização dos
hospitais. O emprego hábil da iluminação natural e artificial, e sua
contribuição para a recuperação do paciente tem sido reconhecido
(Gomes, 1999).
Os banhos de sol são aconselháveis mais de 2000 anos para pessoas
que sofrem de depressão. É também recomendado para pessoas que
apresentam anergia crônica (falta de resposta do sistema imunológico do
organismo), para crianças no tratamento de hiperbilirubinemia, para
pessoas sensíveis a ambientes com deficiência de luz, e para pessoas que
abusam do álcool ou bulimia (compulsão para comer). Porém a exposição
excessiva à luz solar direta, pode causar a diminuição da imunidade do
organismo humano, além de danificar o sistema visual, e, portanto, a
exposição à luz do sol deve ser feita com cautela e em hora apropriada. A
luz natural também contribui para a eliminação de bactérias no interior do
ambiente (Fonseca, 2000).
Segundo Mota (2000, p.89), a arquitetura moderna e sanatorial do princípio
do século 20 utilizou o seguinte slogan “luz, ar e sol”.
O Dr. O. Bernhard no ano de 1917 em St. Moritz, fundador da helioterapia,
publicou normas para tratamento da cura ao sol, dentre estas, uma clínica
57
de ensolaramento deve ser construída ao abrigo do vento, em lugar calmo
e isento de poeira, implantada sob uma encosta, em uma disposição de
degraus, captando o máximo de luz solar.
O arquiteto Richard D’ócker no ano de 1926 publicou “Terrassentyp”, onde
recomenda soluções em terraços, proposta pelo Dr. O. Bernhard, como
modelo do hospital sanatorial da época.
Neste contexto a natureza é valorizada, e penetra através das fachadas
desmaterializadas, envidraçadas, dos edifícios participando do processo
de cura do paciente.
A iluminação natural sempre que possível, deve predominar no ambiente.
O ser humano precisa da luz para se manter saudável (Flemming, 2000), e
sente necessidade de ter contato visual com a luz do sol e condições
climáticas, para perceber o tempo (Gomes, 1999).
Atualmente existe a preocupação de que todos os ambientes hospitalares
recebam luz natural, e tenham ligação com o exterior, inclusive na UTI
(Gomes, 1995; Flemming, 2000; Fonseca, 2000). Casos de tratamento
pós-operatório em UTI’s, foram observados, e constatou-se que nas UTI’s
sem janelas, obteve-se o dobro de ocorrências de delírio psíquico,
comparando com UTI’s com janelas, concluindo que a existência de
janelas é recomendada para a prevenção da privação sensorial (Flemming,
2000; Fonseca, 2000).
A iluminação artificial dos ambientes hospitalares deve ter projetos
luminotécnicos extremamente flexíveis, proporcionando adequação da
iluminação às funções exercidas em cada ambiente, com uma correta
distribuição e modelagem da luz, assim como a prevenção de ofuscamento
(Gomes, 1999).
Para Fonseca (2000), a iluminação além de fornecer níveis satisfatórios
para realização de tarefas e visualização do ambiente, desempenha papel
importante para a percepção espacial, estimulando o estado de ânimo do
usuário. Isto é, a iluminação uniforme pode fazer um espaço parecer maior,
ou fazê-lo parecer monótono, devido à ausência de sombras (figura 3.12).
Já a iluminação não uniforme é mais expressiva, podendo fazer um espaço
parecer menor, principalmente se paredes e cantos forem escuros, criando
uma sensação de intimidade (figura 3.13).
58
FIGURA 3.12 Refeitório – iluminação uniforme
Hospital Albert Einstein, São Paulo
Fonte: www.piniweb.com/revista/au/index.asp?MATE6_COD=14445
FIGURA 3.13 Iluminação não uniforme
Clarian Health Partners, Indianápolis, IN
Fonte: www.healthdesign.org/pebblepartners.html
A iluminação pode ser descrita como difusa ou direta; a luz difusa minimiza
as sombras, fornecendo uma atmosfera relaxante e menos estimulante; a
luz direta pode dar destaque e sombras, enfatizando texturas e formas.
O contraste entre um ambiente com muito brilho, ao lado de um na
penumbra, cria um efeito dramático, o que pode alterar a percepção do
usuário. O brilho atrai a atenção, mas se a pessoa necessitar de atravessar
um espaço escuro, para chegar a um foco de luz, pode gerar insegurança.
59
O olho humano procura por objetos brilhantes, ou por áreas de contraste
no campo visual. Quando se deseja direcionar a atenção e o interesse do
observador para detalhes específicos, deve-se utilizar o contraste de brilho
na iluminação.
Um sistema de iluminação pode ser projetado, com o intuito de envolver e
agregar os usuários de um determinado ambiente, produzindo iluminação
num plano horizontal de realização de uma atividade, e subordinando os
elementos verticais, e os que estejam acima do plano de atividade,
valorizam-se as atividades e pessoas situadas nesse plano iluminado; de
outro modo, reduzindo-se a iluminação nas áreas horizontais, iluminando
mais as áreas verticais, e acima do nível da cabeça, a percepção de
detalhes nas áreas mais próximas é menor, assim as pessoas situadas na
área central da atividade aparecem mais como uma silhueta, então são
gerados espaços impessoais, induzindo a uma atitude introspectiva na
pessoa, com atmosfera intimista, dando uma sensação de privacidade e
autonomia.
Observa-se que a alta intensidade da iluminação geral, contribui para
aumento da atividade e eficiência, como também acelera o stress daquele
que estiver predisposto; enquanto a baixa intensidade da iluminação geral,
gera atitudes mais calmas. Vale dizer que considerando fatores humanos,
a luz deve, além de iluminar, contribuir com a arquitetura e decoração, para
maior conforto nos ambientes.
3.5 Cor e luz no ambiente hospitalar
Gomes (1999), lembra ainda que o ser humano sofre a dor de sua doença,
que pode ser amenizada, e os males aliviados, se o ambiente colaborar de
forma aconchegante e confiável, gerando uma sensação espacial
agradável.
O estudo da sinestesia é muito importante no ambiente hospitalar, onde o
paciente é mais sensível aos estímulos, devido à fragilidade provocada
pela doença. Deve-se observar as percepções cromáticas, de tamanho, de
peso, de movimento e latência, de temperatura, temporal, tátil, auditiva e
gustativa.
A harmonia no ambiente é imprescindível, ou melhor, a composição
cromática deve ser bem planejada, levando em conta o equilíbrio, a
60
proporção, o ritmo e a combinação entre as cores. Aliás o teto e as partes
altas das paredes são foco de quem está acamado, então deve-se dar
tratamento visual satisfatório para o paciente, sem afetar as condições de
iluminação necessárias às atividades da equipe multiprofissional.
As alas e pavimentos devem ter uma aparência atrativa, e de atmosfera
calma; com esquemas cromáticos distintos, facilitando a identificação e
orientação do transeunte, e específico para cada especialidade. A
especificação de três cores para cada ala ou pavimento é suficiente, sendo
que uma das cores, até mesmo em tons diferentes, deve continuar para a
ala ou pavimento seguinte, proporcionando harmonia ao conjunto. As três
cores devem ser: uma dominante e menos saturada, outra saturada e
complementar (figura 3.14) para detalhes decorativos, e a terceira
mediadora, fazendo uma transição entre as outras duas.
FIGURA 3.14 Circulo cromático -
a cor diametralmente oposta é
a cor complementar.
Fonte: www.artescores.hpg.ig.com.br
Gomes (1999), posiciona-se no sentido de que é necessária uma variação
de estímulos cromáticos na área hospitalar, ou seja, para não gerar
monotonia e tornar a atmosfera do ambiente mais atrativa. Especialmente
como sugestão, detalhes em cores mais intensas nos mobiliários,
acessórios, portas, janelas, e caixilhos, criando contrastes.
a- Hall e Recepção
São responsáveis pela primeira impressão do indivíduo ao ingressar no
edifício. Então devem passar uma reação psicológica favorável à
61
instalação hospitalar. Quer dizer, familiaridade, segurança, confiança,
cordialidade, sinceridade quanto ao aspecto estético geral (figura 3.15). Ou
seja, o hall não deve ser extremamente luxuoso, em um complexo mais
simples, porque passa a impressão de falta de seriedade, como também
poderá assustar os familiares do paciente, que podem imaginar que
desembolsarão grandes quantias financeiras para o tratamento.
FIGURA 3.15 Recepção – emergência coronariana,
Casa de Saúde São José, Rio de Janeiro, RJ.
Fonte: www.cssj.com.br
As cores naturais de madeira, granito, mármore, e pigmentos com baixa
saturação, são recomendáveis; deixando para os detalhes contrastes em
cores saturadas, enriquecendo o visual. É interessante usar cores vivas
para o hall dos elevadores, facilitando a comunicação visual dos
pavimentos.
A recepção não deve ser utilizada como sala de espera, mas se isto não
for possível, deve-se utilizar recursos como rebaixo de teto, cores
diferenciadas e detalhes na iluminação para acomodar a necessidade.
É fundamental que os ambientes sejam amplos, possibilitando futuras
expansões do mesmo, bem como que o terreno onde se insere o hospital,
seja no mesmo sentido amplo.
62
Deve-se tomar partido da iluminação natural, sem deixar que raios de sol
incomodem os usuários; a iluminação artificial deve ser suficiente para
proporcionar boa visibilidade, conforto e valorizar detalhes decorativos.
Pode-se optar pela iluminação semi-direta e difusa, com a qualidade de luz
quente e não muito intensa. Somente no balcão de atendimento e áreas
de trabalho, deve-se usar iluminação mais intensa, direta e uniforme, para
evitar ofuscamento e reflexos nas telas dos monitores de computadores. A
NBR 5413/1992 recomenda os níveis de iluminância de 150 200 300
lux para portaria de hotéis, podendo ser aplicados nos espaços
hospitalares.
b- Salas de espera
É importante a existência de atrativos e detalhes para distrair a espera,
diminuindo o tédio e a sensação de demora.
Todas as cores são válidas, mas deve-se moderar o azul, que aumenta a
percepção do tempo, e utilizar o vermelho de modo comedido, pois
desperta a paciência.
A visão para o exterior deve ser valorizada, principalmente para jardins,
mesmo que artificiais.
O teto deve ter tom claro, para não causar sensação de opressão, com
detalhe em tom mais saturado, dando dinamismo ao ambiente.
A iluminação deve criar jogos de luz e sombra, aguçando a curiosidade do
usuário. Os níveis de iluminância podem ser os mesmos do hall e recepção
(figura 3.16).
63
FIGURA 3.16 Sala de Espera - Bronson Methodist Hospital
Kalamazoo,MI
Fonte:
www.healthdesign.org/pebblepartners.html
c- Administração
A administração deve estar localizada próximo ao hall de acesso, pois é
uma área de convergência dos interesses, facilitando a circulação.
A atmosfera geral deve facilitar a concentração, com utilização de cores
não saturadas. O amarelo em tom pastel proporciona lucidez mental,
raciocínio lógico, criatividade e perspicácia; o laranja pode ser usado por
estimular a memória, concentração e aprendizado; o verde também pode
ser usado por equilibrar os ânimos e estimular o espírito de equipe.
Para maior conforto visual, deve-se usar detalhes em cor complementar à
cor dominante no ambiente, favorecendo a concentração e a permanência
no local de trabalho. Do contrário as pessoas buscam encontrar a cor
complementar em outros ambientes, inconscientemente.
O teto deve ter cor branca, o que melhora a reflexão da luz.
A iluminação deve ser direta, mas não deve estar situada dentro do campo
visual do profissional para não ofuscá-lo, nem refletir as luminárias na tela
do monitor. A NBR 5413/1992, estabelece níveis de iluminância entre 300
– 500 – 750 lux para escritórios.
64
d- Circulações
As circulações, além de proporcionarem o fluxo de um local até outro,
setorizam, e podem contribuir para uma atmosfera agradável e atrativa, em
direção às alas e pavimentos da instituição (figura 3.17).
FIGURA 3.17 Circulação Maternidade –
Hospital Santa Catarina, São Paulo, SP.
Fonte: www.hsc.org.br
O clima deve ser de calma, utilizando cores quentes ou frias, o vel de
saturação e luminosidade deve ser baixo, chegando a tons pastéis, os
quais propiciam ambientes relaxantes, enquanto cores saturadas e
brilhantes aparentam excitação.
O esquema de cor pode variar segundo a função da ala onde a circulação
se encontra. Como exemplo, para a ala cirúrgica pode ser utilizado um
azul-esverdeado ou verde médio, sugerindo uma atmosfera funcional e
séria. Já em uma unidade pediátrica, as circulações devem expressar
divertimento, alegria e descontração.
Podem ser usado algumas técnicas para tornar as circulações mais
agradáveis, tais como: para se ter a sensação de aumento da circulação,
as paredes extremas e o teto devem ser mais escuros, para se ter a
sensação de encurtamento pode-se aplicar nas paredes menores uma cor
mais escura, para alongar a cor mais escura deve estar nas duas
paredes maiores; as cores distintas devem ter a mesma gama de brilho,
para manter uma unidade. Pisos e portas devem ter cores relacionadas
com o matiz dominante ou complementar, e não devem ser utilizada cores
radicalmente diferentes nestas áreas.
65
Quando a iluminação natural diurna em circulações não for suficiente, a
iluminação artificial deverá contribuir para a adaptação visual, utilizando
uma luminância mais elevada na parede em frente à porta do quarto
iluminado pela luz do dia.
A iluminação deve ser indireta, onde o paciente perceba a luminosidade, e
não veja a fonte de luz.
À noite a iluminação deve ter de 3 a 5 lux, para a circulação dos quartos e
enfermarias; de 5 a 10 lux para outras circulações.
É interessante usar sistema de sensores de ocupação que permitem baixa
iluminação à noite, aumentando somente quando detectam presença de
pessoas na circulação, favorecendo a economia e segurança pelo controle
de fluxo de pessoas à noite.
e- Postos de enfermagem
Devem servir como ponto de referência, assim as paredes de fundo e o
piso devem ter cor contrastante com a cor das paredes adjacentes.
O teto deve ser de tom claro, para não causar reflexões desfavoráveis nas
áreas de trabalho (figura 3.18).
FIGURA 3.18 Posto de enfermagem,
Methodist Hospital, Indianápolis
Fonte: http://jama.ama.org/issues/v286n14/ffull/jmn1010-2html
66
A iluminação direta é a mais favorável, afinal garante boa visibilidade para
área de trabalho.
f- Unidade de terapia intensiva
A cor branca deve ser evitada, por ser inerte e aperiente. As cores verde
água e lilás com baixa saturação são apropriadas, e segundo os conceitos
da cromoterapia, são cores que higienizam o ambiente.
Este ambiente não deve ser monótono, apesar da gravidade dos pacientes,
muitos se mantêm conscientes. Para quebrar a monotonia pode-se
introduzir detalhes em cores quentes, quadros e painéis com imagens
positivas, poltronas para acompanhantes e mobiliário de cores
diferenciadas, e para o teto, cores em tons pastéis, combinando com a cor
especificada para as paredes.
Atualmente sofisticados painéis fabricados em diversas cores, são
localizados na cabeceira dos leitos, embutindo pontos de luz, tomadas,
vácuo, oxigênio, etc., organizando melhor o espaço e contribuindo para um
ambiente mais humanizado nas UTIs.
A iluminação é fundamental para o conforto nas UTIs, janelas propiciam
aos pacientes e equipe multiprofissional a noção do ciclo dia e noite, além
do contato com o ambiente externo.
A iluminação varia entre 100 e 200 lux, inclusive é necessário um controle
por dimmer, para dar flexibilidade ao ambiente, podendo ser usada uma
iluminação menos intensa, e aumentá-la para execução de tarefas. Deve-
se adicionar às cabeceiras dos leitos uma fonte de luz direcionável, com
iluminância de 300 lux, para atender as atividades da equipe
multiprofissional; inclusive deve ser prevista uma divisória entre os leitos,
protegendo os pacientes dos leitos adjacentes de iluminação indesejada.
g- Sala de Cirurgia
É fundamental um trabalho de otimização visual, para especificar cor e
iluminação nas salas de cirurgia, a atmosfera deve ser de um ambiente
calmo, possibilitando boa concentração e visibilidade.
A cor verde-acinzentado é boa, por ser neutra e reduzir o ofuscamento sob
uma iluminação intensa. Podem ser adicionados detalhes em amarelo ou
67
laranja, para quebrar a monotonia e favorecer a equipe multiprofissional.
Para o teto pode-se aplicar a mesma cor das paredes com menor
saturação.
A iluminação deve ser acompanhada de um foco cirúrgico, luminária com
um sistema óptico, que varia a intensidade de iluminamento sincronizada
com a iluminação geral. Os níveis de iluminamento sobre a mesa cirúrgica
alcançam 20.000 a 30.000 lux, a luz deve alcançar a mesa em grande
ângulo, evitando sombras ocasionadas pelas mãos e instrumentos do
cirurgião. A iluminação deve também reproduzir as cores com fidelidade,
para facilitar o trabalho do cirurgião em visualizar e identificar os tecidos do
corpo humano (figura 3.19).
FIGURA 3.19 Centro Cirúrgico,
Hospital Santa Cruz.
Fonte: www.hospitalsantacruz.com.br
As lâmpadas do foco cirúrgico, produzem uma elevação da temperatura,
que deve ser reduzida com a utilização de filtros de luz.
h- Sala de Esterilização
Pode ser especificado para a pintura, o verde acinzentado, o azul
esverdeado ou lilás, devido às suas propriedades bactericidas.
68
A iluminação deve ser direta, com baixo grau de ofuscamento, e suficiente
para atender os requisitos visuais do trabalho ali exercido.
i- Sala de Recuperação Pós-Anestésica
As cores devem ser repousantes como o verde-água, ou azul esverdeado;
mas são indispensáveis detalhes numa cor um pouco mais quente, para
deixar o ambiente aconchegante, proporcionando o restabelecimento,
assim pode-se usar a cor pêssego com baixa saturação. O teto deve ser
diferenciado pelo grau de saturação, para dar mais dinâmica ao ambiente,
já que a percepção do paciente volta lentamente.
A iluminação deve ser indireta, suave, sem contrastes de luminosidade e
ofuscamento, permitindo boa adaptação visual e recuperação dos
sentidos.
j- Laboratório
Os tons de cor podem ser neutros como o branco e o cinza, ou pastéis
como o bege, amarelo claro, laranja claro ou verde água. Para quebrar a
monotonia, pode-se usar cores diferenciadas nas portas e mobiliário, com
exceção das bancadas de trabalho.
As bancadas de trabalho devem ser bem iluminadas, mas com fontes de
iluminação fora do ângulo de visão do pesquisador, evitando ofuscamento.
As luminárias devem ser equipadas com louvres, difusores translúcidos,
difusores prismáticos ou sistema óticos, para evitar ofuscamento
k- Unidade Pediátrica
As cores e decoração das unidades pediátricas, devem ser especificadas
com o intuito de agradar e proporcionar um ambiente que inspire
segurança, atenção, e que diminua o nível de ansiedade das diferentes
faixas etárias (figura 3.20).
69
FIGURA 3.20 Centro de reabilitação infantil Sarah
Rio de Janeiro, RJ.
Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html
A passagem da criança pela unidade pediátrica deve ser sem traumas, por
isto é importante que a decoração seja criativa, leve e não traga emoções
negativas, como a de palhaços chorando, ou amedrontá-las com imagens
de dinossauros e anti-heróis.
As cores das paredes devem ser claras, alegres, quentes e variadas. Nos
tetos podem ser aplicadas cores claras com baixa saturação, em harmonia
com o conjunto.
Os balcões podem ter design específico e divertido em cores vivas. É
importante destinar uma área para brincadeiras, com utilização de aquário,
para maior descontração nas salas de espera infantil.
É importante que as luminárias de cabeceira sejam removíveis, e
acopladas ao leito somente no momento de sua utilização, evitando que a
criança mexa nelas.
O nível de iluminância dos quartos e enfermarias infantis é o mesmo
utilizado para os adultos, em seus respectivos quartos e enfermarias.
l- Unidade de Maternidade
A maternidade deve estar em ala separada do hospital, pois gravidez não é
doença e culmina com o nascimento de um bebê.
70
As salas de pré-parto e parto devem ser relaxantes e tranqüilas,
propiciando uma atmosfera de alívio e confiança, para favorecer o trabalho
de parto.
Para as paredes pode ser usado o azul esverdeado claro, com detalhes na
cor vermelho alaranjado, de frente para a parturiente. Este esquema de cor
alivia as tensões e favorece a dilatação da musculatura do colo do útero,
facilitando o trabalho de parto. No teto pode ser aplicado o tom da parede
menos saturado.
Os quartos e enfermarias podem aproveitar as mesmas cores, mas com
detalhes na cor laranja que estimula a produção de prolactina, favorecendo
a amamentação (figura 3.21).
FIGURA 3.21 Internação
Maternidade Hospital Santa Catarina, São Paulo, SP.
Fonte: www.hsc.org.br
A iluminação deve ser composta por luz direta e indireta, proporcionando
conforto visual, com ausência de contrastes no teto, para não causar
ofuscamento. Mas as salas de parto devem ter iluminação similar às salas
de cirurgias.
m- Berçário e UTI Neonatal
Cores neutras e claras, que não interfiram na cor da pele do bebê, com
baixo índice de reflexão de luz e saturação, assim como o bege ou areia,
são indicadas para as paredes e o teto (figura 3.22).
71
FIGURA 3.22 Berçário – Maternidade Hospital
Santa Catarina,São Paulo, SP.
Fonte: www.hsc.org.Br
Também pode-se usar detalhes e motivos infantis, coloridos com maior
grau de saturação, proporcionando uma atmosfera de leveza e alegria.
A iluminação deve ser amena com iluminância de 270 lux.
n- Sala de eletrocardiograma e encefalograma
Cores neutras com detalhes abstratos, em tons mais saturados são ideais,
por dotar o ambiente de uma atmosfera tranqüila e não alterar o estado
emocional do paciente.
o- Consultório dentário
A parede atrás do profissional deve ter cor quente, para atrair a atenção do
paciente e dispersar sua concentração sobre o tratamento, amenizando a
ansiedade. Detalhes e acessórios podem ter cores saturadas. Enquanto o
teto deve ser pintado com uma cor da parede com menor grau de
saturação.
É importante amenizar os contrastes entre a iluminância da sala e o foco
direcionado do equipamento.
p- Ambulatório, Consultório Médico, e Sala de Exame
O ideal é produzir um ambiente acolhedor e amistoso, beneficiando a
relação médico-paciente. As cores quentes e pouco saturadas, como o
pêssego, o amarelo suave, o rosa claro, são as mais indicadas, até
72
mesmo o verde claro pode também ser usado. Para o teto a cor branca, ou
o mesmo tom das parede, mas com menos saturação são indicadas (figura
3.23).
FIGURA 3.23 Pronto Atendimento Ortopédico –
Hospital Casa de Saúde São José, Rio de Janeiro, RJ.
Fonte: www.cssj.com.br
A iluminação deve ser mista, geral e local, com a mesma temperatura de
cor.
q- Salas de Tratamento e Terapia
Cores como azul esverdeado ou verde claro com baixa saturação, podem
ser usadas em salas de terapias cardiológicas, ortopédicas e urológicas.
Para terapias dermatológicas, obstétricas e ginecológicas, podem ser
usadas as cores coral ou pêssego pouco saturadas.
Para as salas de hemodiálise é aconselhável uma cor mais aquecida.
Para as salas de fisioterapia, além do verde-água, painéis sugerindo
movimentos suaves e delicados com cores laranja e amarelo, cores
revitalizadoras são aconselháveis, já para os pisos, as cores podem sugerir
movimento como a seqüência de cores em faixas sucessivas: vermelho,
laranja, amarelo, verde ou azul, ou seja, o vermelho estimula o iniciar dos
movimentos, enquanto o azul ou verde representam o alívio da tensão
inicial, e a vitória sobre a deficiência anterior.
73
A iluminação deve ter características decorativas, podem ser utilizados
arandelas proporcionando uma iluminação indireta.
r- Sala de Conforto dos Médicos
É importante propiciar à equipe dica um alívio das tensões no trabalho,
assim o visual da sala dos médicos deve ser distinto do hospital.
Os materiais naturais como a madeira, as pedras naturais como granito e
mármore, são adequados. Também pode ser usada uma textura para as
paredes. Cores quentes e atrativas compõem um ambiente estimulante.
Para o teto, cores menos saturadas em tons claros, para não causar
opressão.
A iluminação pode ser semi-direta, mas somente com lâmpadas
incandescentes.
s- Cafeteria e refeitório
A especificação de cores e materiais de acabamento, também deve ser
distinta do hospital, permitindo descanso sico e mental dos funcionários e
acompanhantes. É importante que o esquema de cores seja aperiente,
onde se pode usar tons de vermelho, laranja, amarelo, e verde claro.
Cores como o púrpura, amarelo esverdeado, mostarda, e cinzentos, não
devem ser utilizados, porque não influenciam positivamente a comida.
Os materiais naturais, tais como a madeira, e as pedras de granito e
mármore
podem ser usados em variadas combinações, desde que não
sejam extravagantes.
Para os refeitórios, onde é necessária maior rotatividade na ocupação, a
cor do teto tem função importante, e deve ser pintado de cor amarela,
que esta cor causa uma certa inquietação, ou seja, o indivíduo não se
detém em um momento de relaxamento, quando ao término das refeições
tende a deslizar levemente na cadeira, e tendo como um novo ponto de
referência visual o teto, levanta-se e cede lugar para o outro.
Na cafeteria, para as áreas dos usuários, a iluminação deve ser quente e
suave, com luminárias localizadas sobre as mesas, e alguns pontos
74
suplementares. para as áreas de preparo dos alimentos, a iluminação
deve ser fluorescente.
Nos refeitórios a iluminação deve ser mais intensa, para o causar
sonolência após as refeições (figura 3.24). Pode ser indireta, fluorescente,
de média intensidade, e como complemento, arandelas com luz
incandescente.
FIGURA 3.24 Refeitório
Hospital do Aparelho Locomotor, fortaleza, CE.
Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html
t- Quarto e Enfermaria
Deve-se considerar o conforto visual e psicológico dos pacientes. A
aparência otimista é importante, além de aconchegante.
Cores pouco saturadas e suaves são aconselháveis, tais como o pêssego,
laranja pálido, amarelo suave, verde claro, e areia; com detalhes em cores
fortes e brilhantes (figura 3.25).
75
FIGURA 3.25 Quarto - Maternidade Hospital
Santa Catarina, São Paulo, SP.
Fonte: www.hsc.org.br
O teto não deve ser de cor branca e inerte, afinal, o paciente tem boa visão
do teto, sendo mais favoráveis as cores claras como o pêssego pouco
saturado, que é aperiente.
A iluminação geral deve ser indireta e uniforme no teto. Pode-se usar
luminárias com baixa iluminância, emitindo luz para o teto, criando uma
impressão visual relaxante e tranqüila.
As luminárias das cabeceiras das camas, devem ser de lâmpadas
fluorescentes, com baixa temperatura de cor, e ter iluminância de 300 lux
sobre a largura total da cama, permitindo o desempenho de leitura e
tarefas pelo paciente, sem perturbar o vizinho, no caso de enfermaria.
Uma iluminação noturna de vigília, deve ser adotada com iluminância de
0,5 lux, a uma altura de 50cm do chão, além de uma iluminação entre 5 a
20 lux na cabeceira da cama, para que o paciente seja examinado à noite.
3.6 Avaliação Pós- Ocupação (APO)
Segundo Flemming (2000), a avaliação de programas feita por
profissionais especializados, principalmente na área da saúde, teve início
no princípio do século XX, com a preocupação devido à mortalidade por
doenças infecciosas. Na década de 50, os programas de avaliação
eram comuns na Europa e nos Estados Unidos. A partir daí foram se
espalhando por todo o mundo.
76
No Brasil têm sido aplicados três tipos de Avaliação Pós – Ocupação:
APO – indicativa ou de curto prazo (walkthrough) – visitas rápidas,
entrevistas e indicação dos principais aspectos positivos e negativos;
APO - investigativa ou de médio prazo igual à anterior com acréscimo
de critérios referenciais de desempenho;
APO - diagnóstico ou de longo prazo – define critérios de desempenho,
executa medições físicas e sua correlação com as respostas dos usuários.
Para Serra (1999), boa parte de problemas nas obras e no uso das
edificações, decorrem de insuficiência e deficiência dos projetos.
Surge então a Avaliação Pós Ocupação, um desdobramento da
Avaliação de Desempenho, incluindo a percepção do usuário. Produzindo
assim uma avaliação globalizante e operacional do edifício, inclusive
gerando uma realimentação de projetos, através da redação e atualização
de manuais.
Segundo Ornstein (1995), projetos para área de saúde, como hospitais e
postos de saúde, devem ser feitos com apoio de Avaliação Pré-Projeto
(APPs), ou Avaliações Pós-Ocupação (APOs), de projetos anteriores, para
tirar partido de antecedentes tais como: análise de materiais, componentes,
sistemas, aspectos psicológicos como comportamento, necessidades
mínimas e níveis de satisfação dos usuários.
Gomes (1999), através do Centre Scientifique et Technique Bâtiment
(CSTB), em Paris, França, selecionou quatorze itens que devem ter bom
desempenho no edifício para a boa satisfação do usuário. São eles:
segurança estrutural, segurança contra incêndio, segurança de uso,
estanqueidade, conforto higrotérmico, conforto acústico, conforto visual,
conforto tátil, antropodinâmico, pureza do ar, higiene, adaptação ao uso,
durabilidade, economia.
Segundo Del Rio et al. (2000), a Clínica São Vicente (CSV), situada na
Gávea, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, passou por uma avaliação
pós-ocupação (APO), tipo walkthrough, em junho de 1998, abrangendo as
77
vertentes técnicas, funcional e comportamental, servindo como base para
reformas e memoriais de desempenho na mesma.
A clínica São Vicente é considerada hoje em dia um hospital, devido à
amplitude dos serviços oferecidos, incluindo ambulatórios, excelente CTI, e
serviços de emergência. Ocupa uma área construída de 9.300,00m
²
em
três pavimentos, com equipe multiprofissional de 28 médicos, 291
enfermeiros, e 334 funcionários administrativos. Está situada em um
terreno de 32.000,00m
²
, em área de preservação ambiental da Mata
Atlântica.
A aplicação da APO “walkthrough”, foi muito positiva, já que revelou
diversos problemas na CSV, o que gerou uma série de recomendações,
por parte da equipe, que também constatou uma grande preocupação da
CSV, quanto a mudanças para aperfeiçoamento e atualização dos
equipamentos, flexibilidade nos espaços e ambientes, e melhoria na
qualidade do atendimento ao paciente.
O relatório final incluiu que a CSV, deveria criar um “conselho comunitário”,
um plano estratégico de desenvolvimento, e um plano diretor da CSV; e em
reunião da equipe com a CSV, foi constatado que a clínica está se voltando
para a implementação do relatório final.
Serra (1999), considera que os estudos de APO em instituições-modelo,
juntamente com uma programação cuidadosa dos edifícios como atividade
autônoma, anteriores ao projeto, apresentam inúmeras vantagens, tais
como:
Ampliação do campo de trabalho para arquitetos e projetistas;
Fornecimento de mais subsídio, tanto ao cliente quanto ao arquiteto;
Redução de reprojetos;
Contribuição para elevar a qualidade, tanto da produção quanto do
edifício;
A operacionalização e manutenção dos edifícios se tornam mais
eficientes e menos custosas.
78
Rheingantz (1995), descreve que as APOs favorecem uma arquitetura
bioclimática, harmonizando as relações homem-ambiente, que procuram
adaptar o ambiente construído a hábitos e costumes sociais, inclusive
questões como as paixões, que dão sentido à vida humana, para a
recuperação de ambientes, especialmente analisados quanto ao enfoque
ético, social e ontológico.
3.7 Normatização
No ano de 1998, o Ministério da Saúde, através da Secretaria de Políticas
de Saúde, Departamento de Avaliação de Políticas de Saúde, e financiado
pelo “Reforsus”, lançou o “Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar”,
que propõe a participação voluntária das instituições envolvidas com a
saúde, na busca pela melhoria da qualidade, propondo assistência por
meios de padrões previamente aceitos, e tratamento confiável nos
hospitais acreditados. Constitui um programa de educação continuada e
não uma forma de fiscalização.
Para a Secretaria de Políticas de Saúde, os programas de garantia da
qualidade na área hospitalar, são necessários e obrigatórios do ponto de
vista ético e moral, além da promoção da saúde ser uma forma moderna e
eficaz, de solucionar os desafios referentes à saúde e qualidade de vida,
com total responsabilidade de gestores e sociedade organizada.
As ações devem ser integradas e multidiciplinares, incluindo diferentes
dimensões da experiência humana, tais como: subjetiva, social, política,
econômica e cultural.
O “Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar”, descreve os hospitais,
como ambientes onde se recuperam e se lidam com os valores humanos.
E toda a equipe multiprofissional voltada para a recuperação da saúde,
deve estar consciente que tratam de e com seres humanos.
As normas para projetos físicos de estabelecimentos assintenciais de
saúde, tanto para planejamento, programação, elaboração avaliação de
projetos, seguiam a Portaria 1884 de 11/11/1994, desenvolvida pelo
Ministério da Saúde, através da Secretaria de Vigilância Sanitária,
Departamento Técnico Normativo. Revogada pela GABIN MS 554, de
19 de março de 2002, foi substituída pela Resolução RDC n° 50, de 21
de fevereiro de 2002, que:
79
“Normaliza a elaboração de projetos físicos de Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde (EAS). Apresenta orientações aos
planejadores, projetistas e avaliadores de estabelecimentos de
saúde. Cada EAS construído ou reformado deverá estar em
consonância com as definições e informações contidas neste
documento, independente de ser um estabelecimento público ou
privado.”
A iluminação artificial é normatizada através da NBR 5413 (ABNT, 1982),
para interiores, estabelecendo níveis de iluminância em serviços, medidas
em Lux.
A assepsia de pisos, paredes, tetos, pias, bancadas, devem seguir as
normas contidas no manual Processamento de Artigo e Superfícies em
Estabelecimento de Saúde edição, Ministério da Saúde / Coordenação
de Controle de Infecção Hospitalar. Brasília – DF, 1994.
Eduardo (1998), enfatiza que os estabelecimentos de saúde, necessitam
de licença da autoridade sanitária para funcionamento e seguem o Decreto
20.931/32, que dispõe sobre o exercício das profissões na área da
saúde.
A licença de funcionamento somente é expedida, após a aprovação do
projeto físico, que deve estar em conformidade com os requisitos exigidos
pela legislação, que vai desde emissão do alvará de utilização, e da
inspeção sanitária, onde as condições relativas à estrutura e
funcionamento devem estar em conformidade com a legislação sanitária
vigente, tais como:
1) dimensões das áreas, fluxos, iluminação, ventilação, exaustão, número
de leitos planejados, número de leitos operacionais, sistema de
abastecimento de água, limpeza dos reservatórios e caixas d’água,
destinação dos resíduos sólidos, como abrigo, transporte e destinação
final, vetores, condições de higiene e limpeza, etc., condições da área
física como pronto socorro, unidade de internação, Centro Cirúrgico (CC) e
Centro Obstétrico (CO), Berçário, Unidade de Terapia Intensiva (UTI),
Centro de Esterilização de Material (CEM), Serviços de Nutrição e Dietética
(SND), Lavanderia, Almoxarifado, Farmácia/Dispensário de Medicamentos,
Laboratório, Banco de Sangue, Serviços de Radiologia, de Medicina
Nuclear, Serviços de Diálise e outros.
80
O hospital deve possuir registro no Conselho Regional de Medicina (Lei
6.839/80). E deve ter também autorização de funcionamento do órgão
competente de controle ambiental, e cumprir as exigências técnicas para
controle e destino de resíduos.
A Vigilância Sanitária também deve vistoriar toda a frota de ambulâncias ou
serviços de resgate, expedindo certificado de vistoria para cada veículo,
para o adequado transporte dos pacientes.
Todo estabelecimento hospitalar deverá possuir um responsável legal e um
responsável cnico, inscritos no Conselho Regional (Lei 20.931/32,
Decreto n°77.052/76, Resolução CFM 1.342/921, e CFM n°1.352/92).
Compete também às autoridades sanitárias municipais, estaduais ou
federais, a fiscalização dos estabelecimentos de saúde (Decreto
77.052/76, Lei n°6,229/75, Lei 8.080/90, Portaria GM/MS n° 1.565/94.
3.8 Materiais
Para Bross (2002), o elenco de materiais de acabamento, possibilita maior
flexibilidade, ótima manutenção de limpeza, e de contenção de infecção.
São materiais compatíveis com os disponíveis no resto do mundo, ou seja,
a madeira, os vinílicos, os laminados, os vidros, são de utilização muito
interessante. Para os pisos, materiais não escorregadios, não condutores
de eletricidade, e de fácil higienização (figura 3.3). As esquadrias com
tratamento termo-acústico, de vidro duplo e persianas embutidas. O
mobiliário deve ser móvel, flexível, os painéis pré-moldados, de
fechamento, que utilizam sanduíches para a passagem das canalizações,
os forros que possibilitam as mudanças de posição de canalizações, já que
num prédio de saúde ocorrem várias modificações (figura 3.26).
81
FIGURA 3.26 Piso vinílico permite paginação variada, absorve ruídos
e tem fácil manutenção; forro removível; Bate Macas, madeira com
cobertura melamínica, também servem de apoio a pessoas com
dificuldade de locomoção. Instituto da Criança, São Paulo, SP.
Fonte: www.piniweb.com/revista/au/index.asp?MATE6_COD=1444
Segundo a revista “Mais Arquitetura” também encontram-se no mercado,
para área hospitalar, pisos de borracha, revestimento asséptico auto
esterilizante resistente a lavagens (tintas de longa vida, com princípios
ativos que impedem o desenvolvimento de bactérias e inibem o
desenvolvimento de fungos), embora ainda não exista comprovação destes
benefícios; sistemas de proteção a impacto para portas e paredes que
podem ser lavados com água e sabão (figura 3.3); painéis de cabeceira de
cama de internação que facilitam os trabalhos gerais de instalação e
manutenção preventiva e corretiva, são dotados de canais independentes
para tubulação de gases, elétrica, sinais de baixa tensão, etc.; cortinas
divisórias para áreas de atendimento, recuperação e UTI, fabricadas em
polyester, resistentes à ação da luz e raios solares; portas laboratoriais
construídas em aço inox polido ou escovado, com visor; venezianas de
vigilância para portas, que proporcionam maior privacidade; entre outros.
3.9 Circulações Externas e Internas
Segundo a Resolução RDC n° 50 (2002), as circulações externas e
internas dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, seguem a
normalização NBR-9050 da ABNT, quanto à acessibilidade de pessoas
portadoras de deficiência a edificações, aos espaços, mobiliário e
82
equipamentos urbanos. São seus acessos os estacionamentos, circulações
horizontais e verticais.
Os acessos estão relacionados com a circulação da população usuária, e
de materiais; inclusive deve haver uma preocupação de se restringir o
número desses acessos, com o intuito de controle da movimentação nos
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, evitando o tráfego indesejado
em áreas restritas, além do cruzamento desnecessário de pessoas e
serviços diferenciados.
Devem ser previstos estacionamentos para viaturas de serviço e de
passageiros, segundo as orientações dos códigos de obras municipais. Se
o código de obras da localidade for omisso sobre este assunto, deve-se
estabelecer uma vaga (12,00m²) para veículo, a cada quatro leitos. E a
cada 100 vagas, devem existir duas reservadas a deficientes ambulatoriais,
e acima de 100 vagas 1% destas, com a mesma finalidade. Além disto, os
meios–fios devem ser rebaixados, para permitir o tráfego de cadeira de
roda ou macas.
Havendo necessidade de heliponto, estes devem atender as normas do
Ministério da Aeronáutica/Departamento de Aviação Civil DAC, Instrução
de Aviação Civil IAC-3134-135-1096 e Portaria 18/GM5 de 14/02/74
publicada do DOU 01/03/74.
Para as circulações horizontais os Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde seguem as seguintes orientações:
Corredores destinados à circulação de pacientes, devem ter corrimão
em pelo menos uma parede, a uma altura de 80cm a 92cm do piso, com
finalização curva, podendo o bate-macas ter função também de corrimão;
Corredores de circulação de pacientes ambulantes, como sendo
aqueles que transitam em cadeira de rodas, macas ou camas, devem ter
largura mínima de 2,00m para os maiores de 11,00m, e 1,20m para os
demais;
Corredores de tráfego intenso de material e pessoa devem ter largura
mínima de 2,00m;
Circulações das unidades de emergência e urgência, centro cirúrgico e
obstétrico, devem ter largura mínima de 2,00m;
83
podem ser instalados bebedouros, telefones públicos, extintores de
incêndio, carrinhos e lavatórios, nas circulações, se estes não
obstruírem o tráfego, ou a largura exceder a 2,00m.
Para as portas os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde seguem as
seguintes orientações:
Portas de acesso a pacientes devem ter dimensões mínimas 0,80 x
2,10m, inclusive sanitários;
Portas de ambientes onde forem instalados equipamentos de grande
porte têm de possuir folhas removíveis e largura compatível com o
tamanho do equipamento para sua remoção;
Portas utilizadas para passagem de macas e dos laboratórios, terão
dimensões mínimas de 1,10 x 2,10m. Para salas de exames e terapias as
dimensões mínimas são 1,20 x 2,10m;
Portas de banheiros e sanitários de pacientes devem abrir para fora do
ambiente, ou permitir a retirada da mesma, as maçanetas devem ser do
tipo alavanca, e as fechaduras de fácil abertura, além de barra horizontal a
90cm do piso.
As circulações verticais para movimentação de pacientes em
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, devem atender as seguintes
orientações:
Até dois pavimentos fica dispensado o elevador ou rampa para a
movimentação de pacientes, que pode ser feita através de escada,
acoplada com equipamentos portáteis, ou plataforma mecânica tipo plano
inclinado adaptada à escada para movimentação do paciente transportado;
Até dois pavimentos, com atividades de internação e cirurgia em um
diferente daquele de acesso principal. Deve também possuir elevador de
transporte de paciente em maca ou rampa;
Acima de dois pavimentos, deve possuir elevador ou rampa;
84
Acima de dois pavimentos, com atividade de internação e cirurgia, em
um diferente daquele de acesso principal, deve possuir elevador de
transporte de pacientes em macas.
As escadas seguem os critérios referentes ao código de obras da
localidade, além das seguintes especificações adicionais:
Escadas para uso de pacientes devem ter largura mínima de 1,50m,
além de corrimão com altura de 80cm a 92cm do piso, e acabamento
curvo;
Escadas para uso de pessoal, devem ter largura mínima de1,20m;
Os pisos dos degraus devem ser revestidos de material antiderrapante
e não ter os espelhos vazados;
Os degraus devem possuir altura e largura que satisfaçam a relação
0,63m 2H+L 0,64m, sendo que H (altura espelho), e L (largura do piso
do degrau); além disto a altura máxima será de 18,5cm, e a profundidade
mínima de 26cm;
Não é permitida a disposição dos degraus em leque, pois são
incompatíveis com as condições físicas dos pacientes.
O lance de escada a cada 2,00m deve ter patamar intermediário, sendo
que o mesmo não deve possuir prolongamento além do espelho (bocel);
O vão de escada não pode ser utilizado para a instalação de
elevadores ou monta-carga;
No pavimento em que estiver localizada a saída do prédio deve estar
assinalado nitidamente “SAÍDA”;
Escadas de incêndio devem atender a normalização de segurança
contra incêndio, e as normas dos corpos de bombeiros locais.
As rampas para pacientes devem obedecer alguns critérios, tais como:
Quando forem os únicos meios de circulação vertical, não poderão
ultrapassar dois pavimentos, como exemplo pode ser do térreo ao 2º
85
pavimento, ou do 10º ao 12º pavimento; quando em conjunto com elevador
para pacientes, é livre o número de lances; e quando o uso for para
serviço, admite-se o vencimento de mais um pavimento;
A largura mínima será de 1,50m para uso de pacientes, e para uso de
funcionários e serviços pode ser 1,20m;
Quando as rampas mudarem de direção, deverá haver patamar
intermediário para descanso, com largura mínima de 1,20m;
O piso das rampas não pode ser escorregadio, e devem possuir
corrimão e guarda-corpo;
Não é permitido abertura de porta sobre a rampa, quando for
necessário deve haver vestíbulo com largura mínima de 1,50m e
comprimento de 1,20m, mais a largura da folha da porta;
A rampa não poderá ter pé direito inferior a 2,00m, em nenhum ponto
de sua extensão;
Rampas curvas podem ter inclinação máxima de 8,33% e raio mínimo
de 3,0m medido no perímetro interno à curva; para as demais rampas
segue a tabela abaixo.
QUADRO 3.1 Condições mínimas para rampas
Inclinação admissível
de cada segmento de
rampa
Desnível máx. de
cada segmento de
rampa
Nº máximo permitido
de Segmento de
rampa
Comprimento máx. de
cada segmento de
rampa
1:8 ou 12,5% 0,183m 01 1,46m
1:10 ou 10% 0,274m
0,500m
0,750m
08
06
04
2,74m
5,00m
7,50m
1:12 ou 8,33% 0,900m 10 10,80m
1:16 ou 6,25% 1,000m
1,20m
14
12
16,00m
19,20m
1:20 ou 5,00% 1,500m - 30,00m
Fonte: NBR 9050
Os elevadores devem ser instalados de acordo com as normas da ABNT-
NBR-7192, bem como aos dispositivos legais do Ministério do Trabalho,
além das seguintes especificações adicionais prescritas na Resolução -
RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 do Ministério da Saúde :
86
Capacidadea instalação completa tem que ter capacidade de realizar
os seguintes transportes dos serviços de alimentação e material:
a- onde houver monta cargas: 8 % da população em cinco minutos;
b- onde não houver monta cargas: 12 % da população, em 5 minutos;
Para transporte de pacientes em maca um dos elevadores para
pacientes em macas deve obedecer o item B.3.2 do capítulo Condições de
Segurança contra incêndio, prescritas na Resolução – RDC nº 50/2002.
As dimensões internas nimas da cabine do elevador devem ser de 2,10
m x 1,30m.
O movimento das portas do elevador automático tem de ser retardado com
interrupção mínima de 18 segundos.
Os comandos externos e internos do elevador devem estar localizados a
uma altura máxima de 1,30m em relação ao piso.
O elevador deve ter portas de correr simultâneas na cabine e no
pavimento, com largura mínima de 0,90 m para a menor dimensão da
cabine e 1,10 m para sua maior dimensão.
As portas devem possuir barreira foteletrônica infravermelho, além de
conter aparelho denominado “no break”, com autonomia de uma hora,
mantendo a iluminação e o funcionamento, no caso de falta de energia.
Devem ser dotados de nivelamento automático e de dispositivo interno que
possibilite a interrupção das chamadas dos andares, levando a cabine ao
andar desejado.
Para o transporte de pacientes, passageiros e materiais - um dos
elevadores deve obedecer a norma da ABNT NBR-13.994.
Devem existir elevadores para transporte de pessoas portadoras de
deficiência. Se os elevadores para transporte de pacientes não satisfizerem
o volume de tráfego total, devem ser instalados elevadores adicionais para
o transporte de funcionários, visitantes e de materiais. Elevadores
destinados ao transporte de materiais têm de ser dotados de portas de
correr simultâneas na cabine e no pavimento. A porta da cabine deve
possuir barreira foteletrônica infravermelho, além de dispositivos “no
break”, com autonomia de uma hora, para manter a iluminação e a
87
campainha de alarme na cabine na falta de energia. Para elevadores
destinados a pacientes, o sistema deve manter funcionamento total do
elevador;
Comando de elevadores - Comando de elevadores de transporte de
pacientes que servem a mais de quatro pavimentos devem ter comando
automático, coletivo, com seleção na subida e na descida;
Para a instalação de monta-cargas, deve-se seguir a norma da ABNT
NBR-7192, além das seguintes especificações:
As portas de monta-cargas devem abrir para recintos fechados, e não
para corredores;
Todos os andares devem ser dotados de porta corta-fogo, automática,
do tipo leve.
Por fim, de se mencionar a necessidade de mostrar que os tubos de
queda são permitidos para o uso exclusivo de roupa suja, além de
serem dotados de dispositivos que permitam sua total desinfecção.
88
CAPÍTULO 4
FATORES ADMINISTRATIVOS, OPERACIONAIS E ORGANIZACIONAIS
89
4. FATORES ADMINISTRATIVOS, OPERACIONAIS E
ORGANIZACIONAIS
4.1 Introdução
Os fatores administrativos, operacionais e organizacionais, vêm enfatizar a
necessidade da melhoria permanente, tanto para a gestão e assistência
hospitalar, quanto para a integração harmônica das áreas médicas,
tecnológicas, administrativas, econômicas, assistenciais, psicológicas, de
pesquisas e de projetos. De forma que estes incrementos estejam a
serviço de uma melhor e mais humanizada atenção ao paciente.
4.2 A Influência do Ambiente na Cura
Para Eduardo (1998, p.77),
Hospital é todo estabelecimento dedicado a prestar assistência
médica a uma determinada clientela, em regime de internação,
podendo contar com atendimento ambulatorial e outros serviços.
Pode ser privado ou público, de complexidade baixa ou alta, com
atendimento a uma comunidade aberta ou restrita a setores, que
concentra uma grande quantidade de recursos para diagnósticos
e tratamento, com profissionais generalistas e especializados,
com o objetivo de reintegrar o paciente em seu meio no menor
tempo possível.”
No Brasil a prática médica está organizada em hospitais no Sistema
Público de Saúde, eles fazem partes de redes integradas e hierarquizadas,
contando com atendimento ambulatorial de menor complexidade; estas
unidades ambulatoriais básicas, não dispõem da resolubilidade precisa, e
as decisões políticas e de pagamento para a saúde, m privilegiado o
hospital, vale dizer que o modelo assitencial de saúde no Brasil se
caracteriza pelo atendimento em hospital, o que deve ser revisto através
do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os procedimentos de diagnósticos e terapêuticos, cada vez mais invasivos,
tais como sondagens, cateterismos, medicamentos, tipos de cirurgias e
outros, geram riscos inerentes ao procedimento, juntamente com as
características da estrutura e organização hospitalar. Inclusive a infecção
hospitalar vem aumentando, constituindo um problema de saúde pública, e
90
ocorre em grande escala, devido à falta de conhecimento ou negligência,
quanto aos procedimentos básicos de higiene, limpeza, esterilização de
materiais, áreas de fluxo de contaminação cruzada, entre outros.
São efeitos colaterais indesejados do atendimento hospitalar. Para reduzir
estes efeitos, é necessária a implantação de mecanismos de controle de
qualidade em todos os setores do hospital.
Flório apud Bittar (1996), afirmar que a qualidade em cuidados de saúde é
um fator composto por sete critérios: peritagem, responsabilidade,
sensibilidade, acurácia (exatidão), oportunidade (ocorrer a um tempo
apropriado), coordenação e perfeição. Todos estes fatores devem estar
trabalhando em conjunto, para chegar à alta qualidade.
Karman (1994), por sua vez informa que os indicadores da qualidade e
produtividade em serviços de saúde, CQH (Controle de Qualidade
Hospitalar), enfoca a avaliação de qualidade e produtividade sob três
aspectos, ou seja:
Estrutura enfoca a área física, funcionalidade, equipamentos,
instalações, manutenção, recursos humanos e os aspectos jurídicos,
financeiros, políticos e outros;
Processo – analisam-se os registros, dados, arquivos e prontuários, para
avaliar os serviços, tais como, número de consultas por hora, proporção de
vacinados em relação à população e outros;
Resultados a avaliação de resultados em serviços para a saúde é
complexa, afinal implica em relações interpessoais, de difícil registro e
quantificação. São exemplos de resultados as taxas de infecção hospitalar,
taxas de ocupação, taxa de recidiva, pessoal por leito e outros.
Outras filosofias gerenciais tais como, TQM (Total Quality Management),
CQI Melhoria contínua da Qualidade (Continuous Quality Improvement),
são usados para avaliar a produtividade em serviços de saúde.
É também de fundamental importância que os hospitais mantenham em
funcionamento as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),
para melhoria de seu desempenho técnico e redução das taxas de infecção
e mortalidade (Couto et al. 1999; Eduardo, 1998).
91
O Ministério da Saúde promove política de incentivo ao incremento da
qualidade da gestão e da assistência hospitalar, que se traduz na
implementação de programas como: Centros Colaboradores para a
Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar, Modernização Gerencial
dos Grandes Estabelecimentos, Acreditação Hospitalar, Humanização da
Assistência, implantação de Redes Estaduais de Assistência de
Urgência/Emergência e Gestão de Alto Risco, e Programa Nacional de
Humanização do Pré-naltal e Nascimento. Inclusive, foram realizados
investimentos na rede hospitalar para re-equipamento, reformas e
qualificação profissional. Especialmente nesta linha e para viabilizar a
sobrevivência do sistema hospitalar, a gestão operacional e a garantia da
qualidade de assistência são fundamentais para atender as necessidades
físicas e emocionais dos usuários que procuram os hospitais (Couto &
Pedrosa, 2003).
O The Center for Health Design, publicou novas concepções de
gerenciamento para a área da saúde, informando que necessitam de maior
integração entre as áreas de projetos de arquitetura e interiores com o
ambiente, utilizando o projeto como uma ferramenta para transformar os
espaços para a saúde em ambientes que integrem o paciente às equipes
multiprofissionais e aos visitantes. Tratando o espaço de maneira
aconchegante e familiar, remetendo os usuários ao conforto de suas
residências.
Outra ferramenta importante e inovadora é a utilização da Internet, ao lado
de cada leito, para assistir melhor o paciente, além de proporcionar um
“[...]estilo de vida web”, que permite aos pacientes descobrirem mais a
respeito da própria saúde, e assumir maiores responsabilidades por ela;
propiciam também um novo modo de comunicação entre as equipes
multiprofissionais. Os sistemas digitais possibilitam ainda o
desenvolvimento de uma imagem holística do estado de saúde e das
prioridades do paciente, ao longo de todo o ciclo da assistência (Gates,
1999, p.334). Inclusive a grande quantidade de dados que envolve a
estrutura e o processo de produção em um hospital, exige o gerenciamento
informatizado (Bittar, 1996).
Mas pode-se ressaltar também que o envolvimento do paciente com a
Internet pode levá-lo a um stress, devido à grande quantidade de
informações ali fornecidas, é importante que o paciente seja preparado
para estas inovações.
92
As novas percepções sobre as práticas em saúde, não mudam do dia para
a noite e requerem mudanças entre pacientes e provedores. Vale dizer
que o envolvimento das famílias levando apoio aos pacientes é de
fundamental importância para as novas concepções de gerenciamento e
humanização do ambiente hospitalar.
Aliás, o apoio familiar ao paciente no ambiente hospitalar, minimiza o
“stresscausado pela situação do próprio tratamento, diminuindo o tempo
de internação do paciente. Afinal, alguns hospitais como o “Blank
Children’s Hospital” em Des Moines, Iowa, USA, na sua expansão em
agosto de 2001, inovam criando Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com
quartos individuais, para que os pacientes fiquem acompanhados de seus
familiares, embora a equipe de enfermagem deva se reorientar para
monitorar cada quarto separadamente. As centrais de enfermagem estão
mais integradas, facilitando a interação com os familiares. A iluminação e
as cores dão um toque acolhedor ao ambiente. Por sua vez equipamentos
que não necessitam de acesso foram protegidos por painéis de madeira,
ambientes de espera descortinam-se para o exterior, com muita luz natural
e ambientes familiares dão um toque relaxante. O diretor deste hospital
Dr. David Alexander, fala que a remodelagem não é somente para projetos
brilhantes, mas sim para envolver os pacientes e familiares na busca pela
saúde, com benefícios imediatos.
Segundo Bross (2002), os edifícios de saúde no Brasil, ganham novo
conceito e novo formato, acompanhando as transformações sociais,
voltadas para a saúde, e não para a doença. Afinal as pessoas estão
buscando cuidados preventivos, incluindo a nutrição, ginástica, plástica,
fisioterapia, cosmetologia, inclusive a medicina alternativa, entre outras. A
tendência são os edifícios de saúde, e não mais de doenças. Afinal os
hospitais estão mudando o gerenciamento da saúde, passando a adotar o
que se chama atualmente de redes hierarquizadas, ou seja por níveis de
complexidade. Onde as pessoas serão induzidas a procurar, conforme o
grau de necessidade, desde os serviços mais simples aos mais complexos,
seja uma clínica especializada ou um sistema hospitalar. A vocação é para
hospitais especializados, com alta tecnologia e capacidade entre 120 e 180
leitos. Como exemplo, um especializado em obstetrícia e pediatria, outro
em traumatologia e neurologia, e assim sucessivamente.
O arquiteto passa a ter um papel de consultor, conselheiro e avaliador do
desempenho do espaço, com ampla visão das especialidades médicas,
93
tecnológicas, espaciais e poder aquisitivo; além de planejar espaços,
deve induzir o cliente a novas perspectivas e tendências. Entre estas
tendências a flexibilidade do espaço hospitalar é muito importante, já que a
medicina evolui muito. Como exemplo o hospital oftalmológico não é
mais necessário, pois todo o tratamento pode ser feito no hospital-dia.
Primeiro consolida-se o arcabouço do edifício, dentro de uma realidade
econômica e de atendimento ao mercado. Em seguida entra a tecnologia
construtiva, com soluções pré-moldadas e pré-fabricadas, por fim trata-se
da estética e da ambiência. Assim como os preceitos corbusianos, primeiro
a função, depois a estrutura e por fim a forma.
Segundo Bittar (1996), são especialmente importantes para um bom
planejamento de projeto de um edifício hospitalar, o organograma e o
fluxograma.
O organograma, estrutura organizacional, demonstra a hierarquia das
diversas áreas e subáreas da organização.
O diagrama 4.1 apresenta uma estrutura organizacional moderna, com a
possibilidade de se trabalhar com autonomia e flexibilidade. As estruturas
são compostas de conselho, cargos executivos, assessorias e comissões.
Dentro de uma hierarquia que inicia pelo conselho, que é o órgão superior
da administração, estabelece política assistencial de ensino e de pesquisa,
fixa os objetivos, provê recursos financeiros, humanos e materiais, e
administra os fundos de sua manutenção. É seguida pelos cargos
executivos. Abaixo as áreas e subáreas variam se o hospital é blico ou
privado, e podem ser adotadas outras denominações.
94
DIAGRAMA 4.1– Estrutura Organizacional – ORGANOGRAMA (BITTAR, 1996)
Nota: SAME (registro, internação, estatística, faturamento)
Zeladoria (limpeza, telefonia, recepção, portaria, vigilância, protocolo,
Estacionamento, elevadores, vestiário, transporte e velório)
Reabilitação (psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, serviço social, terapia
ocupacional)
SCDT (serviço complementar de diagnóstico e terapêutica)
As estruturas organizacionais devem ser racionais, flexíveis e
horizontalizadas, o que torna os hospitais mais eficazes e eficientes.
Para Ryan
8
apud Bittar (1996), estas estruturas são econômicas, por
agrupar trabalhadores com as mesmas especialidades, em um mesmo
departamento; mas quando mudanças o necessárias, este conhecimento
8
RYAN, J.E. Better style for change: matrix management. Hospitals, 105, 105-8,november, 16, 1980.
CONSELHO
SUPERINTENDÊNCIA
Epidemiologia
Estatística
JURÍDICO
COMISSÕES:
Ética
Padronização
Infecção
Qualidade
Prontuário
Ensino
Pesquisa
ÁREA
MÉDICA
ÁREA DE
ENFERMAGEM
ÁREA
ADMINISTRATIVA
ÁREA DE APOIO
TÉCNICO
ÁREA DE
MARKETING
SUBÁREA
Emergência
SCDT
Ambulatório
Odontologia
Reabilitação
SUBÁREA
Internação
Ambulatório
Cirurgia
Esterilização
Emergência
SUBÁREA
Material
Finanças
Zeladoria
Recursos
Humanos
SUBÁREA
Lavanderia
Nutrição
Informática
Farmácia
SAME
95
centrado em poucos assuntos, tornam a visão da organização como um
todo prejudicada, e o gerenciamento pode declinar devido a conflitos,
corporativismo e falta de cooperação.
Mas o organograma é suficiente para atender as necessidades de hospitais
com alta complexidade; as comissões devem ser utilizadas para assuntos
e problemas temporários e de áreas distintas, tais como infecção
hospitalar, que depende das subáreas de limpeza, manutenção,
enfermagem, médica, farmácia e outras. Inclusive reuniões de membros
das subáreas, fazem com que alertas sejam emitidos antes que as taxas
sejam alteradas, e afetem os pacientes, aumentando os custos das
operações.
A organização cuida das atividades, das atribuições, dos fluxos e das
relações do ambiente interno (Bittar, 1996).
O fluxograma é a representação gráfica da seqüência de uma ou mais
atividades, caracterizando as fases, as operações e os agentes
executores. Inclusive é um instrumento imprescindível para o estudo dos
relacionamentos e do fluxo (trânsito), das pessoas (funcionários, pacientes,
visitantes, pessoal terceirizado, vendedores, estudantes, pesquisadores), e
dos materiais (permanentes e de consumo); facilitando, agilizando e
evitando os cruzamentos indesejados, como exemplo, o lixo hospitalar.
Entretanto, o transporte de material contaminado se estiver acondicionado
dentro da técnica adequada, pode circular por qualquer parte e cruzar com
qualquer material esterilizado, sem risco algum (Fiorentini et al.,1995;
Resolução-RDC n°50, 2002). Os efluentes já podem ser captados por
sistema a vácuo, e não somente por gravidade, o que também gera maior
flexibilidade. Além de redes independentes, redes contaminadas como os
resíduos de uma enfermaria de infectologia, vão para um local, as demais
águas são recicladas e reutilizadas, com exceção das águas fecais.
Observa-se que os resíduos hospitalares não diferem em nada dos
resíduos domésticos, que o período de internação de um paciente é
pequeno, a maior parte da vida o paciente passa em sua residência.
Incluem-se também os fluxos externos, como os acessos entre o
estacionamento e a recepção, a portaria e a recepção, até mesmo outra
subárea de atendimento a pacientes externos.
96
“O estudo e o desenho dos fluxos internos e externos interferem
na qualidade e na produtividade do atendimento prestado. É por
meio do seu conhecimento que se torna possível sinalizar todas
as áreas e as subáreas, o que vem facilitar a movimentação de
todos que procuram o hospital” (Bittar, 1996, p.55).
Bross (1996), afirma que uma boa ferramenta para as primeiras discussões
a respeito de um projeto da área hospitalar, com o cliente, são desenhos
em formas de bolhas (círculos), localizando apenas os espaços, onde se
discutem os conceitos implicados em cada um desses espaços, como
apresenta a figura 4.1.
FIGURA 4.1 Diagrama de Bolhas.
Fonte: Bross (2002).
Desta forma os interessados na construção hospitalar vão sendo
impregnados pelos conceitos, uma vez que a ferramenta utilizada é
conhecida.
Conseqüentemente apresenta-se ao cliente, o projeto conceitual, tal como
das figuras 4.2 e 4.3, apresentadas para o projeto do Hospital Unimed
Araras (Bross, 2002).
97
FIGURA 4.2 Projeto Conceitual, Hospital Unimed Araras.
Fonte: Bross (2002).
98
FIGURA 4.3 Projeto Conceitual, Hospital Unimed Araras.
Fonte: Bross (2002).
O projeto deve ser concebido dentro de uma realidade econômica e de
atendimento ao mercado. Deve contemplar boa tecnologia construtiva,
forma e ambientes agradáveis, utilizando conceitos atuais para a
humanização hospitalar.
Os espaços intersticiais podem transformar-se além de local de
instalações, numa zona de suporte e técnicas, sejam serviços
administrativos ou de apoio logístico (Miquelin, 1992).
Com relação aos conceitos de hotelaria para a área da saúde, Bross afirma
que hoje em dia o se interna mais, se hospeda. E os conceitos devem
ser pensados como parte integrante do projeto.
99
4.3 Equipe Multiprofissional
Segundo a JCAHO (Joint Commission on Accreditation of Healthcare
Organizations), citado por Bittar (1996), a equipe multiprofissional é
composta por vários profissionais de diversas disciplinas, que interagem,
inclusive mantendo respeito pelas habilidades, treino e intervenções de
cada um, dando suporte para a avaliação e cuidados aos pacientes e
familiares.
No Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar (1999), a equipe
multiprofissional congrega profissionais de diversas áreas de atendimento
hospitalar, e deve ter no mínimo um médico, um enfermeiro e um
administrador.
Para Bittar (1996), o conceito de cliente em um hospital, passou a ser,
além do paciente, todos os membros da equipe que o atende, isto é, os
médicos são clientes do laboratório de análises clínicas, da subárea de
imagens (raio X, ressonância magnética, etc.), e da enfermagem, assim
como esta é cliente da lavanderia, da nutrição, da dietética, do material, e
assim sucessivamente.
É necessária uma verdadeira equipe que se complemente, com
responsabilidade, comprometimento, coordenação, participação, e que o
trabalho seja desenvolvido sem interrupção, especialmente com respeito
pelo cidadão.
100
CAPÍTULO 5
FATORES DE CONTROLE: MANUTENÇÃO, INFECÇÃO E CONFORTO
101
5. FATORES DE CONTROLE: MANUTENÇÃO, INFECÇÃO E
CONFORTO
5.I Introdução
Os fatores de controle de manutenção, infecção e conforto são vitais para a
vida do hospital, e principalmente neste estudo, como importantes critérios
para diretrizes projetuais.
5.2 Manutenção Predial (preditiva, preventiva e corretiva)
A manutenção está diretamente ligada à cultura e ao vínculo direto com o
projeto e construção. Ela garante à instituição o contínuo desempenho
quanto à segurança, funcionalidade, conforto e outros.
A manutenção preditiva é antecipativa, pois precede a manutenção
operacional, e predetermina a sua atuação. Trata-se de um exame
periódico por meio químico ou físico de substâncias usadas para o
funcionamento dos equipamentos, assim como óleos ou graxas.
A manutenção preventiva baseia-se na tomada de cuidados ou
providências antes do surgimento de problemas, para evitá-los.
A manutenção corretiva cuida de reparos, consertos, substituição e danos;
trata-se da menos desejável das manutenções, prevalece na deficiência
de outras modalidades de manutenção.
A manutenção é uma subárea da administração, que trabalha 24 horas por
dia, durante toda a semana. Está subdividida em elétrica, mecânica, predial
(alvenaria e pintura), marcenaria, carpintaria, hidráulica, telefonia, caldeira,
eletrônica e informática. A equipe de apoio varia de acordo com a
complexidade do hospital, comportando desde engenheiros, arquitetos,
técnicos especializados, a pessoal de nível médio para as suas
subdivisões.
A manutenção administrativa ou programada, planeja, realiza e implementa
controles de funcionalidade , de eficiência e de manutenção; orienta a
manutenção preventiva e a corretiva com o objetivo de se obter segurança
e continuidade operacional; previne surpresas, acidentes, incidentes, faltas,
falhas, interrupções, omissões, descontinuidades e emergências. Prevê
102
necessidades presentes e futuras, implanta programas alternativos e
projetos corretivos, aloca verbas, providencia recursos humanos, materiais
e treinamento, dentro da programação da administração do hospital
(Karman, 1994; Bittar, 1996).
5.3 Prevenção de Infecção Hospitalar
Conforme a Portaria do Ministério da Saúde GM n°2616 de 12/05/98,
publicada no DOU de 13/05/98, Anexo II,
“Infecção Hospitalar é aquela adquirida após a admissão do
paciente e que se manifesta durante a internação ou após a alta,
quando puder ser relacionada com a internação ou
procedimentos hospitalares.” (Resolução- RDC n
° 50, 2002,
p.85)
Segundo Fiorentini et al. (1995), Couto et al. (1999), Resolução RDC
50 (2002), existem características ambientais dos Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde que ajudam nas estratégias de combate à
transmissão de infecções adquiridas nos próprios estabelecimentos.
Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde não podem ser localizados
em zonas próximas a depósitos de lixo, indústrias ruidosas ou poluentes. A
melhor localização de um hospital é a que melhor atende às condições
dos pacientes, assim como a zona residencial, região silenciosa, menos
movimentada, mais humanizada, menos poluída, saneada e livre de odores
(Fiorentini et al., 1995; Figueiredo, 1999).
O zoneamento das unidades deve seguir a sensibilidade do projetista
quanto ao controle de risco de transmissão de infecção, e especial atenção
deverá ser dada à circulação do vento (já que patógenos circulam em
correntes de ar, podendo transmitir infecção de uma área para outra).
Os ambientes que compõem as unidades podem ser classificados em:
Áreas críticas – são os ambientes onde existe risco aumentado de
infecção, onde se realizam procedimentos de risco, ou onde se encontram
pacientes imunodeprimidos. (ex.: sala de operação e de parto, unidade de
tratamento intensivo, sala de hemodiálise, berçário de alto risco, laboratório
de análise clínica, banco de sangue, cozinha, lactário e lavanderia);
103
Áreas semicríticas o todos os compartimentos ocupados por
pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e
doenças não infecciosas. (ex.: enfermarias e ambulatórios);
Áreas não-críticas são todos os demais compartimentos dos EAS não
ocupados por pacientes, onde não se realizam procedimentos de risco.
(ex.: escritório, depósitos, sanitários).
A circulação de materiais críticos (limpos e sujos) não têm as conotações e
perigos que normalmente lhes são atribuídos; o melhor é tratar os
elementos contaminados na fonte; o transporte de material contaminado,
se estiver acondicionado dentro da técnica adequada, isto é, em saco
plástico impermeável, resistente, dentro das normas da ABNT, bem
vedado, duplo, e não inflado com ar, pode cruzar com material esterilizado
ou paciente, sem o menor risco.
Inclusive as circulações exclusivas para elementos limpos e sujos, é
medida dispensável nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Até
mesmo nos centros cirúrgicos as circulações duplas não contribuem para a
melhoria da assepsia, podendo prejudicá-la pela introdução de mais um
acesso a ser higienizado.
Os vestiários dos centros cirúrgicos, centros obstétricos, central de material
esterilizado, e hemodinâmica, devem ser quantitativamente suficientes em
relação à capacidade de atendimento das unidades, serem exclusivos,
dotados de lavatórios e de área de paramentação, além de chuveiro
(Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico e CME), vaso sanitário (Centro
Cirúgico, Centro Obstétrico, CME e Hemodinâmica), além de servirem de
barreira ao acesso destes ambientes. A sala de diluição de quimioterápicos
deve possuir também lava-olhos, além do lavatório e da área de
paramentação. Inclusive devem sempre ter áreas limpas separadas das
áreas sujas, pois abrigam funcionários, equipamentos e roupas em contato
ou não com material contaminado, além de possuírem entradas e saídas
distintas.
Os sanitários nos compartimentos destinados ao preparo e cocção de
alimentos são exclusivos para os funcionários desta unidade, sendo
proibido o uso por outros tipos de populações dos Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde. Devem dispor de bacia sanitária, lavatório,
chuveiro, e possuir entrada e saída distintas.
104
Todos os banheiros e sanitários de pacientes internados devem ser
providos de duchas higiênicas, em substituição aos bidês, cuja instalação é
proibida nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.
As banheiras “terapêuticas” devem ser construídas de modo que as águas
residuais possam ser totalmente esgotadas.
A sala de recepção, classificação, pesagem e lavagem de roupa suja,
necessita de requisitos arquitetônicos próprios, tais como, banheiro,
exaustão mecanizada com pressão negativa, local para recebimento de
sacos de roupa por carros, tubulão ou monta carga, espaço para carga de
máquina de lavar, ponto de água para lavagem de ambiente, pisos e
paredes de material resistente e lavável, ralos, interfone e visores. As
máquinas de lavar devem ser dotadas de portas duplas ou barreira, onde a
roupa suja é inserida pela porta da máquina localizada do lado da sala de
recebimento, pesagem e classificação por um operador e após lavada,
retirada do lado limpo através de outra porta. Deve-se usar visores e
interfones para a comunicação entre as duas salas. O lado limpo comporta
as atividades de centrifugação, seleção (relavagem ou conserto, se for o
caso), secagem, calandragem, passagem, prensagem, seleção para
costura (conserto e relavagem ou baixa, se for o caso), dobragem, preparo
de pacotes, armazenamento e distribuição.
O quarto privativo de isolamento nos Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde deve ter flexibilidade para quando for requerida a proteção coletiva,
poder operar como isolamento. Deve possuir banheiro privativo, com
lavatório, chuveiro e vaso sanitário, além de ambiente específico com pia e
armários estanques para roupa e material limpo e sujo, anterior ao quarto.
Ser dotado de sistema de porta por comando de pé, ou outro, evitando
tocar na maçaneta, poderá atuar como isolamento de substâncias
corporais, e como isolamento de bloqueio. Também deve ser dotado de
sistema de ar por pressão negativa, isto para que o ar contaminado não
entre em contato com o ar da circulação de acesso ao mesmo.
Os quartos e enfermarias de internação devem ter banheiro exclusivo,
além de lavatório para uso da equipe de assistência, localizado em uma
área anterior à entrada do quarto/enfermaria, e fora do banheiro. Se o
lavatório estiver localizado fora do quarto ou enfermaria, poderá servir a no
máximo quatro quartos ou duas enfermeiras. Para as UTIs deve existir um
105
lavatório a cada cinco leitos de não isolamento, e no berçário um lavatório
a cada quatro berços (intensivos ou não).
Os Centros Cirúrgicos, Obstétricos e de Hemodinâmica, devem ter local
apropriado de transferência dos pacientes dotado de barreira física que
impeça a entrada de macas de pacientes e permita a saída dessas. Mas
segundo Figueiredo (1999), o paciente pode ser transferido para o bloco
cirúrgico na mesma maca, regularmente limpa para não ocorrer
contaminação, sendo esta opção a mais simples e eficiente. A lavagem
cirúrgica deve ser efetuada em ambiente com lavabos ou cochos,
anteriores aos destinados às atividades cirúrgicas.
Segundo Figueiredo (1999), os Centros Cirúrgicos devem possuir sistema
de renovação de ar com pressão positiva, e filtros de grande eficiência.
Portas e janelas devem ser mantidas fechadas para evitar correntes de ar
que podem levar infecção. As janelas e iluminação zenital propiciam uma
iluminação mais agradável, mas não suficiente para iluminar um Centro
Cirúrgico, devem ser hermeticamente fechadas, podendo ser escurecidas e
de fácil limpeza.
Os compartimentos destinados à realização de procedimento de
Reabilitação e Coleta Laboratorial, devem ter um lavatório anexo a cada
seis boxes e no nimo, um lavatório no salão de cinésio e
mecanoterapias.
As salas de Tratamento Hemodialítico devem ter lavabos exclusivos, para
uso de pacientes na limpeza e higienização de fístulas.
Todas as salas de exames e de terapia devem ter, em anexo, lavatório
exclusivo para uso da equipe de assistência.
Os Consultórios, salas de Emergência e Urgência devem ter lavatório
exclusivo para uso da equipe de assistência dentro dos próprios
ambientes. Se houver banheiro dentro do ambiente, não é necessária a
existência do lavatório.
As Salas de Utilidades devem receber o material contaminado da unidade
onde se encontram, sem afetar ou interferir com o fluxo de circulação de
outras áreas. Devem ter, no mínimo, uma pia de despejo e uma pia de
lavagem comum.
106
As Salas de Nutrição e Dietética devem ter dois ambientes distintos, um de
preparo dos alimentos, e outro de limpeza dos utensílios e higienização de
insumos; no entanto devem permitir a passagem direta dos recipientes
entre os ambientes, através de guichê ou similar.
A lavagem de mãos, pela equipe de assistência, através de lavatórios, pias
ou lavabos cirúrgicos, é necessária sempre que houver paciente
examinado, manipulado, tocado, medicado ou tratado. Nos ambientes de
manuseio de insumos, amostras, medicamentos, alimentos, também é
necessária a instalação de lavatórios. Estes devem possuir torneiras com
comandos do tipo que dispensam o contato das mãos, junto, deve existir
provisão de sabão líquido degermante, além de recursos para secagem
das mãos. Nos lavabos cirúrgicos a torneira não pode ser do tipo de
pressão com temporizados.
Para a lavagem de mãos existem três tipos de equipamentos, classificados
como:
Lavatório somente para lavagem de mãos, e possui pouca
profundidade;
Pia de lavagem destinada à lavagem de utensílios, mas pode ser
também para lavagem de mãos; possui profundidade variada, e deve estar
inserida em bancadas;
Lavabo cirúrgico exclusivo para o preparo cirúrgico das mãos e
antebraço; a profundidade deve ser suficiente para que o antebraço não
toque o equipamento na hora da lavagem; para uma torneira devem ter
dimensões nimas de 50cm de largura, 100 cm de comprimento, e 50cm
de profundidade; a cada nova torneira inserida deve-se acrescentar 80cm
ao comprimento da peça. Estas especificações são válidas para lavagem
de fístulas na diálise.
A distribuição de água potável deve ser feita através de reservatórios
duplos, para permitir o uso de um, enquanto o outro estiver interditado para
reparos ou limpeza. Deve-se prover a rede de água de meios de prevenção
contra ocorrência de pressão negativa em ramais que abastecem
mangueiras, bacias sanitárias e outras fontes de contaminação por água.
107
As áreas “molhadas” dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde devem
ter fechos hídricos (sifões) e tampa com fechamento escamoteável. Nos
ambientes onde os pacientes são examinados ou tratados, é proibida a
instalação de ralos.
Os materiais de acabamento adequados para o revestimento de pisos,
paredes e tetos, de ambientes de áreas críticas e semicríticas, devem ter
bom desempenho, sendo resistentes a lavagem, ao uso de desinfetantes,
de superfícies monolíticas, sem ranhuras ou frestas, até após o uso e
limpezas freqüentes.
Materiais cerâmicos e rejuntes especificados para áreas críticas, não
podem possuir índice de absorção de água superior a 4%. E é vedado o
uso de cimento sem aditivo antiabsorvente nestas áreas.
As tintas a base de epóxi, PVC, poliuretano, destinadas para áreas
molhadas, podem ser utilizadas também nas áreas críticas, para paredes,
tetos e pisos, se forem resistentes à lavagem, ao uso de desinfetante, e
que não sejam aplicadas com pincel. Para serem usadas em pisos, devem
também ser resistentes à abrasão e aos impactos.
É permitido o uso de divisórias removíveis nas áreas semicríticas, se forem
resistentes ao uso de desinfetantes e à lavagem com água e sabão; já nas
áreas críticas, somente é permitido o uso de paredes pré-fabricadas de
acabamento monolítico.
As tubulações nas áreas críticas e semicríticas devem ficar embutidas nas
paredes e tetos, exceto se forem protegidas em toda sua extensão por um
material resistente a impactos, lavagem e ao uso de desinfetantes.
Os cantos curvos na junção de paredes, bem como rodapés em “meia-
cana”, não são mais aconselháveis, além de mais caros e de difícil
execução, nem sempre o rodo pode inserir-se na curva do rodapé,
prejudicando sua limpeza (Fiorentini et al., 1995).
Os rodapés devem ser executados de tal forma, que as juntas com o piso
permitam total limpeza; e a união com a parede deve ser sem ressalto,
eliminando a possibilidade de acúmulo de pó.
108
Os tetos dos Centros Cirúrgicos ou similares devem ser contínuos, sendo
proibido o uso de forros falsos removíveis, para não interferir na assepsia
dos ambientes. Nos demais ambientes pode-se utilizar forro removível,
especialmente para facilitar a manutenção, mas nas áreas semicríticas,
devem ser resistentes à limpeza, descontaminação e desinfecção
(Fiorentini et al., 1995).
Outra maneira de eliminar poeira em superfícies salientes consiste em
utilizar o sistema de vidro colado ao caixilho, criando uma superfície lisa,
de fácil limpeza. Para as portas pode-se prever acabamento liso,
resistente, melamínico ou similar, também em seu topo, para facilitar a
limpeza e evitar o deslocamento de poeira para dentro de ambientes
assépticos (Fiorentini et al.,1995).
O dimensionamento dos ambientes e o adequado afastamento do
mobiliário, também contribuem para o controle de infecção hospitalar e
funcionalidade das atividades. Portanto, o dimensionamento e as
instalações prediais dos ambientes encontram-se organizados nas tabelas
de ambientes da Resolução - RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002.
5.4 Conforto Ambiental
Segundo a Resolução RDC 50 (2002), os sistemas de controle
ambiental nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, abrangem
dimensões endógena (criam condições desejáveis de salubridade, através
do distanciamento das pessoas das variáveis ambientais externas), e
exógenas (observa os impactos causados pelas construções no meio
ambiente externo). Os projetos dos Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde devem atender suas dimensões endógenas, sem acarretar
interferências negativas nas suas dimensões exógenas.
A abordagem do controle das condições de conforto ambiental leva em
consideração também os aspectos higrotérmico e de qualidade do ar,
acústico e luminoso, além do cumprimento de condicionamento ambiental
estabelecidos nas normas genéricas de construção, assim como o código
de obras local.
Deve-se ressaltar que nos ambientes de uso prolongado, o afastamento
para aberturas de esquadrias, deverá ser de no mínimo 3,0m, em relação à
empena de qualquer edificação. Nos demais ambientes, o afastamento não
109
poderá ser menor do que 1,5m, exceto banheiros, sanitários, vestiários e
DML, que poderão ter esquadrias para poços de ventilação ou similares.
O conforto higrotérmico e da qualidade do ar nos Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde, solicitam controle diferenciado para os ambientes,
em função dos grupos populacionais que freqüentam, das atividades que
neles se desenvolvem, e das características de seus equipamentos. Para
tal, devem ser respeitadas as instalações indicadas na tabela de
ambientes, as instalações de climatização, bem como as instalações
prediais ordinárias e especiais da Resolução citada, além do código de
obras local.
No controle do conforto acústico nos ambientes utilizam-se princípios
arquitetônicos para isolar as pessoas da fonte de ruídos geradora, a partir
de limites de seus níveis estabelecidos por normas brasileiras e
internacionais. Para os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde devem
ser seguidas as seguintes normas:
Portaria do Ministério do Trabalho de 08/06/78 define normas
regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho (NR 15), anexo
1 (limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente), anexo n° 2
(limites de tolerância para ruídos de impacto);
Norma Brasileira NB-95 (estabelece os níveis de ruído aceitáveis para
diferentes atividades);
NB-101 aprimora a NB-95 (fixa níveis de ruído compatíveis com o
conforto acústico em ambientes diversos).
Código de Obras Local.
Para o bom desempenho do Conforto Acústico, é necessário observar as
demandas específicas dos diferentes ambientes funcionais dos
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, seja pelas características dos
grupos populacionais, pelas atividades ou equipamentos neles localizados.
Existem ambientes que não necessitam de condições especiais de níveis
de ruído, além de não o produzirem em grau elevado, não sendo
importante barreira e isolamento especial.
110
Existem ambientes onde as populações que os freqüentam necessitam
dos menores níveis de ruído possíveis, sendo imprescindível isolamento
sonoro especial. São eles:
Apoio ao diagnóstico e terapia métodos gráficos: cabine de
audiometria.
Outros ambientes também demandam sistemas especiais de controle das
condições ambientais acústicas, por abrigarem atividades e equipamentos
geradores de níveis de ruídos altos, que necessitam ser isolados como
fonte, através de barreiras acústicas, em relação aos outros ambientes,
são eles:
Atendimento de emergência e urgência;
Apoio técnico – nutrição e dietética: área de produção;
Apoio ao diagnóstico e terapia – imagenologia/ultra-sonografia: litotripsia
extracorpórea;
Apoio logístico processamento de roupas: área de lavagem e
centrifugação, manutenção: oficina de manutenção, infra-estrutura predial,
sala para grupo gerador, casa de bombas, área para ar comprimido, salas
para equipamentos de ar condicionado.
Para o conforto luminoso, existem demandas específicas dos diferentes
ambientes nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, tanto pelas
características dos grupos populacionais que utilizam, quanto pelo tipo de
atividade ou ainda pelos equipamentos neles localizados. Seguem-se as
normas:
NR-15 – anexo 4, Portaria de 08/06/78 do Ministério do Trabalho/Níveis
mínimos de iluminamento em lux por atividade.
Código de obras local.
Alguns ambientes demandam sistemas comuns de controle das condições
ambientais luminosas, não necessitando de incidência de luz de fonte
natural direta nem de iluminação artificial especial.
111
Outros ambientes carecem de condições especiais de iluminação,
necessitando de luz de fonte natural direta, são eles:
Atendimento imediato – salas de observação;
Internação – internação geral: quartos e enfermarias;
i
nternação intensiva e queimados: quartos e áreas
coletivas;
Apoio ao diagnóstico e terapia: diálise, salas para tratamento
hemodialítico, salas para DPI.
Alguns ambientes demandam sistemas de controle artificial das condições
ambientais luminosas, especialmente no campo de trabalho, são eles:
Todos os ambientes em que os pacientes são manipulados como:
consultórios, salas de exames e terapias, salas de comando dessas, salas
de cirurgias e de partos, quartos e enfermarias e salas de observação.
Alguns ambientes demandam obscuridade, carecendo de condições
especiais de iluminação. São eles:
Ambulatório – consultório de oftalmologia;
Atendimento imediato – salas de exames de oftalmologia;
Apoio ao diagnóstico e terapia: imagenologia: salas de exames,
oftalmologia: sala de exame ,
laboratório de biologia molecular:
sala de revelação de géis;
Apoio logístico laboratório para revelação de filmes e chapa, sala de
revelação.
112
CAPÍTULO 6
FATORES FISIOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS
113
6. FATORES FISIOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS
6.1 Introdução
A importância destes fatores fisiológicos e psicológicos está no enfoque
mais importante deste estudo, que são as diretrizes projetuais observando
o ambiente para o ser humano e sua saúde. Para isto foram analisados
alguns aspectos sobre a percepção humana.
6.2 Abordagem Fisiológica – orgãos sensoriais
Esta abordagem refere-se aos órgãos sensoriais que fazem a transmissão
das informações sobre os ambientes internos e externos chegarem ao
sistema nervoso central (SNC). São receptores transdutores, que
convertem diversas formas de energia, que atuam no ambiente, em
potenciais de ação nos neurônios (Ganong, 1999).
Receptores sensoriais são dotados de “sensibilidade diferencial”, quer
dizer, cada tipo de receptor é sensível a um tipo de estímulo para o qual foi
desenvolvido, sendo quase insensível às intensidades normais dos outros
tipos de estímulos sensoriais. Como exemplo bastonetes e cones têm
grande capacidade de resposta à luz, mas quase não têm capacidade de
resposta ao calor, frio, pressão sobre os globos oculares e alterações
químicas do sangue (Guyton & Hall, 1997).
É importante levar em consideração tais sensores corporais, pois são eles
que informam a interação positiva ou negativa do ambiente hospitalar.
Existem vários tipos diferentes de receptores, além dos cinco sentidos, o
quadro 6.1, apresenta uma lista de modalidades sensoriais, onde pelo
menos 11 são sentidos conscientes. Além desses, existem grande número
de receptores que transmitem informação que não chegam à consciência,
tais como: os fusos musculares fornecem informação sobre variáveis como
o comprimento muscular, outros sobre variáveis do tipo da pressão arterial,
temperatura do sangue cefálico e o pH do líquido cefalorraquidiano.
Presume-se que existem outros receptores do tipo “sentidos
inconscientes”, os quais as pesquisas futuras indicarão (Ganong, 1998).
O quadro a seguir apresenta as principais modalidades sensoriais.
114
QUADRO 6.1 Principais modalidades sensoriais
Modalidade sensorial¹ Receptor Órgão Sensitivo
Visão Cones e bastonetes Olho
Audição Células ciliares Ouvido (órgão de Corti)
Olfação Neurônios olfativos Membrana da mucosa
olfatória
Gustação Células receptoras gustativas Botão gustativo
Aceleração angular Células ciliares Ouvido (canais semi-
circulares)
Aceleração linear Células ciliares Ouvido (utrículo e sáculo)
Tato-pressão Terminações nervosas vários
Calor Terminações nervosas vários
Frio Terminações nervosas vários
Dor Terminações nervosas livres
Posição e movimento
articulares
Terminações nervosas vários
Comprimento muscular Terminações nervosas Fuso muscular
Tensão muscular Terminações nervosas Órgão tendinoso de Golgi
Pressão sangüinea arterial Terminações nervosas Receptores de estiramento
nos seios carotidianos e no
arco aórtico
Pressão venosa central Terminações nervosas Receptores de estiramento
nas paredes das grandes
veias e nos átrios
Insuflação do pulmão Terminações nervosas Receptores de estiramento no
parênquima pulmonar
Temperatura sangüínea na
cabeça
Neurônios no hipotálamo
PQ
2
arterial Células dos glomos Corpos carotídeos e aórticos
PH do líquido
cefalorraquidiano
Receptores de superfície
ventral do bulbo
Pressão osmótica do plasma Células do órgão vascular da
lâmina terminalis e outros
órgãos ventriculares no
hipotálamo anterior
Diferença arteriovenosa da
glicose sangüinea
Células no hipotálamo
(glicostáticas)
¹As primeiras 11 são sensações conscientes.
Fonte: Ganong (1999).
Cada sensação percebida como a visão, tato, som, dor é chamada de
“modalidade de sensação”. Entretanto, as fibras nervosas transmitem
apenas impulsos. Mas, cada trato nervoso termina num ponto específico no
sistema nervoso central e o tipo de sensação percebida, assim que uma
fibra nervosa é estimulada, é determinado pelo ponto do sistema ao qual a
fibra conduz o estímulo. Ou seja, quando uma fibra do tato é estimulada
por uma excitação elétrica de um receptor do tato ou por outro modo
qualquer, a pessoa percebe o tato, porque as fibras do mesmo levam às
115
áreas específicas do tato no cérebro. Assim como fibras do ouvido
terminam nas áreas auditivas do cérebro, fibras da retina do olho terminam
nas áreas da visão do cérebro, as fibras da temperatura terminam nas
respectivas áreas da temperatura.
Esta exclusividade das fibras nervosas
de transmitir somente uma modalidade de sensação é denominada de
“princípio da linha rotulada”. Finalmente, esta experiência sensorial tanto
pode causar uma reação imediata, quanto pode ser armazenada no
cérebro por alguns minutos, semanas ou anos, e determinar reações
corporais num tempo futuro (Guyton & Hall, 1997).
A recuperação do paciente no ambiente hospitalar vai depender não só do
espaço projetado, mas também daquilo que a obra arquitetônica toca
especialmente no íntimo do paciente.
Os receptores sensoriais têm a característica de se adaptar parcial ou
completamente aos seus estímulos após um período de tempo. Quando
um estímulo sensorial é aplicado continuamente, a resposta inicial é muito
alta, depois vai diminuindo gradativamente, por fim alguns deles
praticamente não respondem.
dissemos que os tradicionais órgãos dos sentidos são o olfato, a visão,
a audição, o paladar, os sentidos cutâneos, a aceleração rotacional e linear
e os sentidos vicerais (relacionados com a percepção do ambiente interno
do corpo humano).
Este estudo, a seguir, abordará os cinco sentidos: visão, audição, paladar,
olfato e tato.
6.2.1 Visão
Em Pedrosa (1977), encontramos o conceito de que dentre os órgãos dos
sentidos, o olho é o melhor instrumento de defesa dos gêneros animais.
Discernir o meio ambiente, é julgar as possibilidades favoráveis e as
adversas, é o início da percepção por exemplo, do amigo ou do inimigo da
espécie. É capaz de informar a distância, a direção e a forma dos objetos,
vale dizer que todo conhecimento humano relativo às medidas de
grandeza, do micro ao macro (volume, comprimento, área, peso, distância,
velocidade, intensidade luminosa, cor, etc.), tem origem na percepção
visual. A visão humana difere da dos outros animais principalmente por
ser auxiliada pelo cérebro humano, que lhe dá a possibilidade de projetar
116
nas coisas as dimensões dos sonhos, povoando o universo visível com
elementos de beleza e espiritualidade inerentes às aspirações humanas.
As imagens visuais recebidas pelo cérebro são avaliadas, analisadas e
corrigidas, isto é, a correção é feita em estágio de pré-consciência,
influenciada pelo acervo de conhecimentos relativos ao mundo objetivo.
Ganong (1998), por sua vez, afirma que os olhos evoluíram a partir de
pontos sensíveis à luz na superfície de invertebrados. Cada olho dentro de
seu invólucro protetor, tem uma camada de receptores, um sistema de
lentes que focaliza a luz neles e um sistema de nervos que conduz
impulsos dos receptores para o cérebro.
Diria Fernando Pessoa que “o hospital não é idéia minha. A minha idéia do
hospital é que é idéia minha” e com isto podemos acrescentar que a visão
é, para aquele que a tem, talvez, a principal fonte de percepção hospitalar,
e por isto tudo tem que estar dimensionada para que o paciente se
encontre com o espaço da melhor forma possível.
A figura 6.1 apresenta as principais estruturas do olho humano, a esclera,
camada protetora externa do globo ocular, modifica-se anteriormente para
formar a córnea transparente, onde os raios de luz penetram no olho; a
coróide está situada no interior da esclera e contém muitos vasos
sangüíneos que nutrem as estruturas no globo ocular; recobrindo dois
terços posteriores da coróide esa retina, tecido nervoso que contém as
células receptoras, que são, os cones e os bastonetes, além de quatro
tipos de neurônios (células bipolares, lulas ganglionares, células
horizontais e células amácrinas).
117
FIGURA 6.1 – secção horizontal do olho direito.
PA, pólo anterior; PP, pólo posterior; EV, eixo visual.
Fonte: Ganong (1998).
O cristalino é uma estrutura transparente fixada por um ligamento circular
chamado zônula, que está ligada ao corpo ciliar. Na frente do cristalino
está a íris, a porção colorida do olho, que contém fibras musculares
circulares, que constringem, e radiais, que dilatam a pupila. A variação no
diâmetro da pupila pode produzir alterações de até cinco vezes na
quantidade de luz que atinge a retina.
Entre o cristalino e a retina, o espaço é preenchido por um material
gelatinoso claro, chamado vítreo (humor treo); a câmara anterior do olho
é preenchida pelo humor aquoso, um líquido claro produzido no corpo
cíliar, que flui através da pupila. Este líquido é reabsorvido por uma rede de
trabéculas para o canal de Schlemm, canal venoso na junção entre a íris
e a córnea (ângulo de câmara anterior).
118
O movimento do olho dentro da órbita se através de seis músculos
oculares (figura 6.2), como é mostrado na figura abaixo, são inervados
pelos nervos oculomotor, troclear e abducente.
FIGURA 6.2 – Músculos da órbita direita.
Os seis músculos que movem o globo ocular e o elevador da pálpebra superior.
Fonte: Ganong (1998).
A proteção do olho, de lesões, se pelas paredes ósseas da órbita. As
lágrimas que correm da glândula lacrimal umedecem e mantêm a córnea
transparente, e através do duto lacrimal esvaziam para dentro do nariz. O
piscar também mantém a córnea úmida.
É por isso que dissemos que existe a necessidade de links” entre o
olhar do usuário lado a lado com a visão do arquiteto; um que o percebe, a
partir de sua decodificação através da captação pelo sistema sensorial
humano. Outro que traça um espaço abstrato, quantitativamente normativo
e controlador de tranformações no contexto do edifício e do seu entorno.
Segundo Guyton & Hall (1997), o olho é opticamente equivalente a uma
máquina fotográfica comum, com um sistema de lente, e um sistema de
abertura variável (pupila), e uma retina que está em correlação com o filme.
O sistema de lentes do olho é composto de quatro interfaces refrativas:
interface entre o ar e a superfície anterior da córnea;
119
interface entre a superfície posterior da córnea e o humor aquoso;
interface entre o humor aquoso e a superfície anterior da lente do
cristalino do olho;
interface entre a superfície posterior do cristalino e o humor vítreo.
A formação de uma imagem sobre a retina acontece da mesma maneira
que uma lente de vidro pode focalizar uma imagem sobre uma folha de
papel. Em relação ao objeto, a imagem é invertida e revertida, porém a
mente percebe os objetos na posição correta, isto é, o cérebro é treinado a
considerar a imagem invertida como normal. No entanto, se esta imagem
for extravagante a percepção do paciente poderá captar algo que o deixe
em um estado irritante, estressante ou até mesmo deixá-lo em estado
eufórico.
É por isso que insistimos na flexibilidade das soluções arquitetônicas e de
suas instalações, para tornar o ambiente o mais razoável possível como
condição de soerguer aquele que está enfermo.
Na retina se situam os cones, responsáveis pela visão em cores, e os
bastonetes, principais responsáveis pela visão no escuro. A retina é uma
parte do olho sensível à luz. Assim, quando bastonetes e cones são
excitados, sinais são transmitidos através dos neurônios para as fibras
nervosas ópticas e do córtex cerebral.
observamos que as cores em um ambiente hospitalar são capazes de
influenciar e alterar o estado de ânimo ou de desânimo daqueles que por
ali transitam na condição de paciente, influenciando também a sua
cognição e comportamento. O arquiteto em sua prática projetual deve
levar em alta consideração os efeitos da percepção cromática sobre o
comportamento do ser humano, em busca do bom desempenho do
ambiente e a satisfação do paciente.
Segundo Ganong (1998), a teoria da visão colorida de Young-Helmholtz
argumenta a existência de três tipos de cones, cada um contendo um
fotopigmento distinto, com sensibilidade para uma das três cores primárias,
quais sejam: azul, verde e vermelho.
120
Segundo Guyton & Hall (1997), as luzes monocromáticas apenas das
cores azul, verde e vermelho, são misturadas convenientemente em
variadas combinações, como exemplo uma luz monocromática laranja,
estimula os cones vermelhos a um determinado valor de estímulo. Os
cones verdes são estimulados a um outro valor de estímulo. Os cones
azuis não são de todo estimulados.
Desta forma as relações de estimulação destes três tipos de cones
permitem ao sistema nervoso interpretar este conjunto de relações como a
sensação da cor laranja.
Se a estimulação de todos os cones, azul, verde e vermelho, for mais ou
menos igual, à pessoa a sensação de ver o branco. E o branco
transmite serenidade e tranqüilidade, bem como alegria.
Além disto para cada cor há uma cor complementar, que quando misturada
a ela, também produz a sensação do branco. A sensação do preto é
produzida pela ausência de luz. Também existem os truques ópticos como
os que produzem a sensação de cor na ausência de cor, pós-imagens,
além de aspectos psicológicos da visão colorida, e fenômenos como os
contrastes sucessivos e simultâneos. Outro aspecto importante é que a cor
percebida depende em parte da cor dos outros objetos no campo visual
(Ganong, 1998).
Guyton & Hall (1997), reportando-se aos estudos de Edwin Land ao
desenvolver a máquina fotográfica Polaróide em cores, observou que as
alterações de uma luz que ilumina uma cena, modificavam o tom de uma
fotografia colorida feita por uma Polaróide, mas não alteravam muito as
cores da cena percebidas pelo olho humano. Este fenômeno é chamado de
“Constância da Cor”, e acontece quando o cérebro absorve a partir de
todas as cores da cena, o tom geral da visão inteira, sendo facilitado
quando a pessoa percebe certas áreas brancas na encenação. Desta
forma o cérebro se ajusta matematicamente para a cor alterada da luz
iluminadora. Este fenômeno propicia facilidades para o animal à procura de
alimento, no momento de distinguir o alimento nutritivo de plantas
venenosas, na luz do dia e na luz rosada da aurora.
Por sua vez a percepção de profundidade dá-se pela determinação da
distância de um objeto do olho. Os meios pelos quais o aparelho visual
percebe esta distância são:
121
O tamanho da imagem de objetos conhecidos sobre a retina. Desta
forma se for sabido que o objeto observado tem 1,80m de altura, pode-
se determinar a que distância que este objeto essimplesmente pelo
tamanho da imagem do objeto sobre a retina. O cérebro aprendeu a
calcular automaticamente a distância deste objeto, quando as
dimensões dos mesmos são conhecidas.
Através dos olhos que também determinam a distância do objeto pela
paralaxe do movimento. Quando as pessoas olham à distância com os
olhos completamente parados, não a percebem mas, quando as
pessoas movem a cabeça de um lado para o outro, as imagens dos
objetos próximos se deslocam rapidamente por toda a retina, enquanto
as imagens dos objetos distantes permanecem ,como se estivessem
estacionárias (Guyton & Hall, 1997). Assim é possível avaliar as
distâncias relativas de diferentes objetos.
Outro método pelo qual se percebe a referida paralaxe é o da visão
binocular ou estereopsia. As imagens sobre as duas retinas são
diferentes uma da outra, devido à posição dos olhos lado a lado, e
separados por aproximadamente 5cm. Quando um objeto está a 2,5cm
em frente da ponta do nariz, a imagem formada na retina do olho
esquerdo é mais para esquerda, enquanto a imagem formada na retina
do olho direito é mais para direita. Mas para um objeto a 6m na frente
do nariz, sua imagem na retina está em pontos correspondentemente
próximos ao meio de cada retina. Quando ambos os olhos estão sendo
usados, este tipo de paralaxe acontece. Com isto as pessoas que
utilizam os dois olhos têm uma capacidade muito maior de julgar
distâncias relativas, para objetos localizados até 60m.
Segundo Ganong (1998), outro aspecto da função visual é a adaptação ao
escuro. Se uma pessoa permanece num ambiente muito iluminado por
muito tempo e depois passa para um ambiente pouco iluminado, a pessoa
vai se acostumando ao escuro, as retinas aos poucos ficam mais sensíveis
à luz. A adaptação ao escuro atinge o máximo em cerca de 20 minutos.
Porém quando a pessoa passa de um ambiente pouco iluminado, para um
ambiente muito iluminado repentinamente, a luz parece muito brilhante e
desconfortável até haver a adaptação visual ao aumento da iluminação.
Esta adaptação é chamada de adaptação à luz, e ocorre em um período de
aproximadamente 5 minutos.
122
Pessoas que necessitam de sensibilidade visual máxima na penumbra,
como radiologistas e pilotos de avião, podem, usando óculos vermelhos,
evitar a espera de 20 minutos no escuro para se adaptarem.
A acuidade visual é o poder de resolução do sistema óptico da vista
humana, é o grau de percepção dos detalhes e contornos de objetos. E é
diferente do limiar visual que é a quantidade mínima de iluminação que
produz a sensação de luz. Pode ser definida em termos do mínimo
separável, a menor distância entre duas linhas, e a percepção de duas
linhas. Clinicamente a acuidade visual pode ser determinada pelos mapas
de letras de Snellen. A acuidade visual é um fenômeno complexo
influenciado por uma variedade de fatores, tais como:
fatores ópticos, como o estado dos mecanismos formadores de imagem
do olho;
fatores da retina, como o estado dos cones;
fatores ligados ao estímulo, assim como, iluminação, brilho do estímulo,
contraste entre o estímulo e o fundo, e a distância e tempo em que o
indivíduo é exposto ao estímulo.
O arquiteto projetual deve levar em consideração os efeitos da percepção
nos seus mais diversos enfoques dando sempre a idéia de razoabilidade
do sistema hospitalar.
A freqüência crítica de fusão (FCF) é uma função visual em que estímulos
podem ser apresentados e percebidos como separados. Para os estímulos
apresentados uma freqüência maior do que a FCF, são percebidos
como estímulos contínuos, assim como filmes de cinema, onde os quadros
são apresentados numa freqüência acima da FCF, causando a impressão
de movimento.
6.2.2 AUDIÇÃO
foi abordado que estímulos externos alimentam mecanismos
perceptivos que são captados através dos sentidos: visão, audição, tato,
olfato e paladar. Desta forma as informações do ambiente hospitalar
chegam à mente através dos sentidos e, dependem destes para
compreenderem e participarem do ambiente.
123
O ser humano constrói a percepção com o percebido. E no ambiente
hospitalar o paciente está com os sentidos muito sensíveis aos estímulos
externos, portanto, este fato deve ser lembrado junto à equipe de projeto,
para tratar o ambiente de maneira a não agravar o estado de saúde do
paciente no ambiente hospitalar.
Deve-se privá-lo de sons ruidosos e desagradáveis. Em primeiro lugar
deve-se trabalhar os acessos aos hospitais de maneira segregada evitando
a circulação e fluxos indesejados. Por exemplo o Pronto Socorro deve
ter acesso separado da recepção do hospital, evitando assim a
aproximação de uma área muito movimentada. Bem como a UTI deve
estar próxima do Centro Cirúrgico.
Para Ganong (1998), os receptores de modalidade sensorial da audição,
estão alojados no ouvido. São eles o ouvido externo, o ouvido médio e a
cóclea.
os canais semicirculares, como o utrículo e o sáculo do ouvido interno
estão relacionados com o equilíbrio (figura 6.3).
FIGURA 6.3 Ouvido
Fonte: Revista “Saúde e Vida On-Line”
124
Ondas de som entram no ouvido externo, passam através do meato
auditivo externo, fazem a membrana timpânica (tímpano) vibrar, e essas
vibrações são transmitidas à clea, que é um tubo espiralado, através de
três ossículos auditivos (o martelo, a bigorna e o estribo). Assim os
impulsos seguem por diversas vias para o rtex auditivo no encéfalo, que
os interpreta como sons.
É interessante observar o fenômeno do mascaramento (masking), onde a
presença de um som diminui a capacidade de um indivíduo ouvir outros
sons.
6.2.3 Olfato e Paladar
No ambiente hospitalar tem-se também a percepção sinestésica, que é
aquela sensação de por exemplo ouvir uma música e lembrar de um
acontecimento. Esta percepção pode ser bem explorada para um bom
desempenho do ambiente.
Por exemplo um restaurante próximo à recepção do hospital (mezanino)
pode através do aroma agradável da comida lembrar um ambiente familiar.
Assim como uma linda paisagem aplicada sobre uma parede/divisória,
pode ser um excelente relaxante.
Ganong (1998), ao descrever o olfato e o paladar classifica-os como
sentidos viscerais, devido a sua associação com a função gastrointestinal.
Eles estão relacionados entre si, do ponto de vista fisiológico, como
exemplo, os sabores dos alimentos são uma combinação de paladar e
cheiro. Assim como uma pessoa pode sentir o gosto de um alimento
diferente se estiver com um resfriado, que diminui o sentido do olfato.
Receptores para o olfato como para o paladar são os quimioceptores
estimulados por moléculas em solução no muco nasal ou na saliva da boca
(figura 6.4).
125
FIGURA 6.4 Nariz - à esquerda a narina,
o osso e a cartilagem que sustentam o nariz,
o maxilar superior e o palatino.
1- Bolbo olfativo; 2- conchas
Fonte: Revista “Saúde & Vida On-line”
O sistema olfativo é um dos órgãos dos sentidos. Pode discriminar mais de
2.000 odores diferentes. E quando se é submetido continuamente a um
odor, a percepção a esse odor diminui e acaba cessando. Este fenômeno é
devido à adaptação rápida que ocorre no sistema olfativo.
O Paladar tem quatro modalidades básicas, tais como o doce, o ácido, o
amargo e o salgado. Algumas células gustativas respondem melhor aos
estímulos amargos, enquanto outras respondem melhor aos estímulos
salgados, doces ou ácidos (figura 3.8). Umas respondem a mais de uma
modalidade, e outras a todas as quatro. A diferença para a discriminação
dos sabores é relativamente pequena. É necessária uma alteração de 30%
na concentração da substância gustativa antes que uma diferença na
intensidade possa ser detectada. Os diferentes tipos de sabores são
sintetizados a partir das quatro modalidades básicas do paladar; em alguns
casos o gosto desejável inclui alguns elementos como molhos quentes,
textura do alimento, além do olfato desempenhar um papel muito
importante para o sabor dos alimentos.
126
FIGURA 6.5 Língua sabor amargo na parte posterior,
azedo nos lados, salgado no meio e doce na ponta.
1-2-3- Papilas Gustativas
Fonte: Revista “Saúde & Vida On-Line”
O olfato e o paladar em um grau menor, têm a capacidade de excitar a
memória a longo prazo, fato explorado por escritores e documentado por
psicólogos experimentais.
6.2.4 Tato
Segundo Ganong (1998), os órgãos sensoriais cutâneos (receptores), são
terminações especializadas das fibras nervosas sensoriais. Receptores
para o tato estão em maior quantidade na pele dos dedos e dos lábios, e
em menor quantidade na pele do tronco. Existem fibras sensoriais como A
e
β
que transmitem impulsos dos receptores do tato para o sistema
nervoso central. Outros impulsos táteis são conduzidos por fibras C.
Existem também as vias lemniscal e antero-lateral que transmitem as
informaçõesteis, cuja sensação somente é interrompida devido a lesões
muito extensas.
6.3 Abordagem Comportamental
Demonstradas as ligações dos sentidos físicos com a arquitetura projetual,
passaremos agora a percepção psicológica.
127
Em Braghirolli et al. (2001), encontramos o que a maioria dos psicólogos
concordam em chamar a psicologia de “Ciência do Comportamento”. Tem-
se que o comportamento abrange mais do que movimentos flagrantes,
como andar de um lado para o outro. Por sua vez, soma atividades sutis
como perceber, pensar, conceber e sentir. Além disto a psicologia se
ocupa das atividades da pessoa como um todo, uma unidade indivisível.
Dorin apud Braghirolli et al. (2001), afirma que a psicologia humana é uma
“Ciência do Comportamento e da Experiência”, onde a experiência é o
estado consciente, ou fenômeno mental experimentado pela pessoa, como
parte de sua vida interior.
Nem todas as respostas dos problemas relacionados ao comportamento
humano são conhecidas pelos psicólogos. A psicologia é uma ciência
jovem, cientistas estão procurando obter a compreensão dos eventos do
comportamento, que na prática estão em estudo, mas apesar disto se
estiverem estabelecidas as condições sob as quais um determinado
evento ocorre, é possível antecipar que ele ocorrerá se tais condições
estiverem presentes.
O mais recente movimento em psicologia é o humanismo, o qual enfoca o
homem, os indivíduos psicologicamente normais, com suas características
próprias, singularidades, complexidades, e processos mentais tipicamente
humanos, tais como pensar, sentir etc.. Além do mais, o ser humano não é
um ser passivo que reage somente aos estímulos do meio, principalmente
avalia, decide e escolhe. Depois distingue-se pelas suas potencialidades,
realizações e contínua evolução.
O Movimento Humanista tem como representantes Abraham Maslow, Rollo
May e Carl Rogers.
Segundo Telford & Sawrey apud Braghirolli idem, os campos da
psicologia se sobrepõem a outros campos de estudo, e contribuem com
eles. Além disto, hoje em dia não há a preocupação de manter as ciências
dentro de um âmbito de investigação restrito pela definição de seu objeto
de estudo.
Portanto, a análise da psicologia comportamental, enaltece os estudos
sobre o meio ambiente, especialmente referindo-se aos Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde, já que a percepção humana é um processo
128
complexo que depende tanto do meio ambiente, quanto da pessoa que o
percebe e daqueles que o tratam.
Davidoff (2001), utilizando a percepção através dos sentidos, viu que o ser
humano consegue recuperar as propriedades válidas do mundo que o
rodeia. O homem analisa os padrões que vão mudando à medida que se
movimenta, observa as formas, texturas, cores, iluminação, etc., e
juntamente com as habilidades construtivas, como a fisiologia e as
experiências pessoais do sujeito da percepção, constrói o conhecimento
das propriedades do mundo.
Neste contexto Kohlsdorf (1996), diria que é necessário que os hospitais
ofereçam condições que provoquem estímulos sensoriais suficientes para
que os órgãos dos sentidos funcionem. O que vem salientar a importância
da percepção do paciente no ambiente hospitalar. Desta forma, a
qualidade do espaço hospitalar deve englobar os conceitos analisados
nesta dissertação.
A percepção também foi muito estudada através da psicologia da Gestalt,
que surgiu na Alemanha nos fins do século XIX. “Gestalt” quer dizer
“padrão ou estrutura”. A visão Gestáltica trabalha a qualidade da forma,
que depende das partes relacionadas e organizadas como um todo, e são
transferíveis. Tal como a organização “figura e fundo”, que pode ser
reversível, e é parte de uma realização de nosso sistema perceptivo
(Davidoff, 2001; Atkinson, et al. 1995).
Convém notar que é através da percepção que o ser humano cria seu
próprio ambiente psicológico, que está relacionado com o envolvimento do
ser com o seu próprio meio ambiente. Depende esta, de sua posição no
espaço, no tempo, e de sua combinação de experiências, necessidades,
interação e comportamento social.
Assim alguns aspectos dos processos básicos do comportamento serão
abordados, tais como:
a- Sensação e Percepção
Braghirolli ibidem, definiu que sentir e perceber são processos únicos
como a recepção e interpretação de informações, apesar de ser possível
diferenciá-los.
129
A sensação é compreendida como uma simples consciência dos
componentes sensoriais e dimensões da realidade. a percepção
presume as sensações adicionais dos significados, atribuídos como
resultado de experiências anteriores.
Portanto, perceber é tomar conhecimento de um objeto. Para tal é
necessária a atenção sobre ele. Desta forma a atenção é uma condição
para que haja percepção, que é uma seleção de estímulos por meio da
atenção. E quem percebe, seleciona algumas características do meio
ambiente, pois não são todos os estímulos percebidos simultaneamente
pela mesma pessoa.
Dentre as características dos estímulos, algumas são mais perceptíveis,
tais como intensidade, o clarão e cheiro forte, o som agudo, objetos de
tamanhos maiores, formas bem definidas, cores mais saturadas e
mobilidade.
O ser humano tem a tendência de perceber o mundo como supõe, ou quer
que ele seja, mesmo que sobreponha as informações dos estímulos que
chegam aos órgãos dos sentidos.
Além disto, a percepção é um processo em que a aprendizagem perceptiva
desempenha um papel fundamental, desenvolve-se sobre tendências
inatas de respostas e da maturação; depende das relações entre os fatores
do estímulo apreendidos pelos órgãos dos sentidos, juntamente com as
experiências passadas com este estímulo.
Observa-se que estudos feitos com indivíduos congenitamente cegos, que
após cirurgia conseguiram enxergar pela primeira vez, não puderam
reconhecer de imediato, formas, nem pessoas da família com base na
aparência visual. Somente após um treinamento os indivíduos
compreenderam os significados das suas percepções visuais. Outros
estudos apontam que em diferentes sociedades os mesmos estímulos são
percebidos diferentemente. Finalizando, percebe-se que crianças
esquimós, ou de localidades onde o inverno é muito rigoroso, distinguem
os vários tipos de neve, enquanto crianças moradoras de cidades grandes,
são capazes de distinguir as numerosas marcas de automóveis, porém o
contrário não seria provável.
130
b- A constância perceptiva
É a percepção de um objeto e suas propriedades, como sendo constantes.
Ou seja, os objetos são percebidos pelas pessoas como se tivessem
sempre o mesmo tamanho, forma, cor, brilho, localização, etc., mesmo
com mudanças dos dados sensoriais.
c- A constância de tamanho
É a tendência a perceber os objetos como se eles tivessem o tamanho
constante, ainda que a imagem retiniana se torne menor, com a distância
do objeto. Tal como a imagem de pessoas observadas do outro lado da
rua, estas pessoas são vistas do mesmo tamanho que uma pessoa ao lado
do observador, sendo que a imagem retiniana, é na realidade bem menor.
d- A constância da forma
Possibilita a visão da imagem conhecida do objeto, apesar da forma
mutável da imagem retiniana. Por exemplo: não importa o ângulo, uma
porta é observada sempre com a forma retangular, mesmo que para a
imagem retiniana, devido ao ângulo de abertura, a verdadeira imagem seja
de um trapézio, ou quando totalmente aberta, de uma barra vertical da
espessura da porta.
e- A constância de cor e brilho
Reforça a cor dos objetos conhecidos, mesmo que a cor não seja
perceptível, ou seja, observa-se o telhado vermelho mesmo em noites
escuras, quando a cor é indistinguível.
f- A constância de localização
Permite julgar estáveis os objetos no espaço, mesmo que no campo visual
a sua localização seja variável. Isto é: se o observador virar a cabeça não
perceberá os objetos rodando. Portanto, a estabilidade dos objetos no
espaço depende também da aprendizagem, assim como a percepção
depende das relações entre os diversos estímulos captados pelos órgãos
dos sentidos, além das experiências passadas sobre este estímulo.
131
g- Organização perceptiva
É uma tendência inata do ser humano que organiza os estímulos e,
percebe-os como objetos. É por isto que uma grande imagem verde é
percebida como uma montanha, um som distante é percebido como uma
banda que se aproxima, uma pressão no braço pode ser uma mosca que
acabou de pousar e assim sucessivamente.
A relação entre figura e fundo é uma tendência de organização básica,
onde uma porção se destaca mais organizada e definida, e emerge em um
dado momento do resto do elenco de percepções. A parte que se destaca
chama-se figura, a outra parte menos definida chama-se fundo. Tal como
um caderno sobre a mesa, o caderno é a figura e a mesa o fundo.
Figuras reversíveis têm sido usadas em psicologia, para trabalhar as
disposições mentais do observador na determinação de qual das partes de
estímulos semelhantes a experiências passadas, poderá ser tomada
primeiramente como figura.
O princípio do agrupamento é a tendência de perceber os estímulos
agrupados de acordo com critérios pré-estabelecidos. Assim como a
ordenação dos objetos, suas semelhanças, a continuidade, e o
fechamento ou preenchimento do espaço.
h- Percepção do movimento
A percepção dos movimentos não reproduz diretamente o movimento
físico. Algumas vezes o movimento físico real de um objeto não produz
uma percepção de movimento, e algumas vezes é percebido o movimento
onde na realidade não ocorre.
O movimento estroboscópio por exemplo, reproduz um movimento
aparente pela sucessão rápida de imagens como no cinema. o
fenômeno “PHI” provoca a sensação de movimento pelo acender sucessivo
de duas lâmpadas em posições diferentes, num ambiente escuro.
O movimento induzido é aquele que “induz” ao julgamento de movimento
de outro objeto, como a lua que parece estar em movimento, quando na
realidade as nuvens é que passam rapidamente.
132
também o efeito autocinético que acontece quando um observador fixa
um pequeno ponto de luz num ambiente escuro. Após alguns segundos de
observação, o ponto parece mover-se sem direção.
A percepção de movimento depende de vários fatores, entre eles a
aprendizagem e experiência do observador.
i- Percepção de profundidade
Um desenho de perspectiva linear transmite a idéia de profundidade.
uma perspectiva aérea refere-se às indicações de distâncias geradas pela
atmosfera através da distância dos objetos que ficam menos nítidos e com
cor azulada, devido à presença de partículas de ar, e a difração das ondas
de luz pela atmosfera. A interposição de objetos também favorece a
percepção de profundidade, que objetos mais próximos aparecem na
frente, cobrindo partes dos objetos mais distantes.
O movimento relativo também sugere uma indicação de distância, como
exemplo objetos vistos por um observador através de um carro em
movimento, sugere que estão em maior movimento do que outros objetos
mais próximos, enquanto os mais distantes parecem mover-se mais
devagar, e até mesmo os ainda mais distantes parecem mover-se na
direção do observador.
A disparidade retiniana também possibilita a percepção de profundidade,
pois refere-se à diferença da imagen recebida pelos dois olhos. Quanto
mais próximo estiver um objeto dos olhos do observador, maior será a
disparidade retiniana, sendo esta uma informação para julgar a distância
do objeto.
A percepção auditiva também é uma forma de perceber a profundidade,
pois quanto maior a intensidade e pureza do som, mais próximo se está do
objeto gerador, muito embora as informações visuais sejam
predominantes.
j- Ilusões perceptuais
São impressões perceptivas falsas ou distorcidas. A ilusão da lua é um
bom exemplo quando esta é vista perto da linha do horizonte parecendo
muito maior do que quando está no alto do céu. Porém a imagem da lua
133
produzida na retina, nos dois casos, têm a mesma dimensão. A explicação
para esta ilusão perceptual está na percepção da distância quanto ao
horizonte, que julgamos maior do que aquela que está no céu, e sendo
assim, a maior distância percebida leva ao maior tamanho percebido.
k- Percepção extra-sensorial
É a percepção de um objeto sem necessitar da utilização dos sentidos
conhecidos. Mas estudos sobre este tema ainda estão em andamento, não
havendo conclusões científicas sobre o mesmo.
Em resumo, o ser humano processa as informações do meio ambiente
através da percepção, ou seja, as sensações acompanhadas dos
significados atribuídos tais como emoções, expectativas, motivos, valores e
elementos de experiências anteriores.
Feitas estas abordagens dos processos básicos do comportamento
humano, podemos concluir. A valorização do ambiente externo ou meio
ambiente tem papel fundamental no caso dos hospitais, tudo, em prol da
promoção da saúde do paciente, em um ambiente saudável. Com contexto
razoável e operante em favor do paciente. Possibilitando ao usuário, a
elevação da auto estima, acompanhada de positivismo, tornando-os ativos
nos processos de restabelecimento.
134
CAPÍTULO 7
DIRETRIZES PROJETUAIS
135
7. DIRETRIZES PROJETUAIS: conjunto analítico do ambiente
hospitalar para a cura
7.1 Considerações preambulares
Os ambientes dos Estabelecimentos Assistências de Saúde abrigam o
paciente ao mesmo tempo, matéria prima de maior importância, cujas
aplicações permitem tratamento diferenciado frente a problemas clínicos
semelhantes, resultando em estímulos respondidos diferentemente por
cada paciente.
Portanto é de fundamental importância que os projetos de arquitetura e
engenharia para a área assistencial de saúde, organizem tecnicamente os
espaços com o objetivo de criar ambientes que favoreçam sempre a
melhoria do paciente, bem como a auto estima da equipe multiprofissional
seja valorizada. Para isto é necessário que o projeto esteja centrado nos
usuários do processo que são:
O paciente;
A família;
Os materiais e medicamentos;
A equipe multiprofissional e a gestão hospitalar.
Isto tudo é o que chamamos de critérios razoáveis para o ambiente
hospitalar, como sendo condição para o ótimo na saúde.
As oportunidades terapêuticas devem ser otimizadas com o nimo
desconforto possível. O que leva à uma diminuição do tempo de
permanência no estabelecimento.
Uma gestão operacional competente é fundamental para o bom
desempenho dos hospitais. Tanto pessoas quanto recursos financeiros
bem como espaço sico e o sistema de instalações (elétrica, hidráulica, ar
condicionado, etc.), e ainda equipamentos e mobiliários fazem parte do
complexo a ser gerido, perseguindo um cenário onde a prioridade é a
melhoria da qualidade de vida do paciente.
136
Este sistema operacional afeta tanto o bem estar e a saúde das pessoas
quanto a produtividade, custos operacionais, alem da imagem da
organização. Para um bom desempenho do complexo assistencial é
necessária a integração de todas as equipes. Especificamente, o cenário
físico espacial do sistema estará ao alcance dos profissionais de
engenharia e arquitetura, que trabalham a gestão do espaço físico.
Para uma boa qualidade dos projetos é importante que seja analisado o
estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento, ao
passo que é melhor dimensionar um pequeno hospital com as
características aqui abordadas do que um grande hospital desconectado
de toda a razoabilidade demonstrada.
Do ponto de vista da engenharia e dos fornecedores de equipamentos,
também é importante que se sintam parceiros do adequado
dimensionamento do complexo hospitalar. Estes projetos são complexos.
Dentre eles estão os projetos de instalações hidráulicas, fluidos
mecânicos, eletroeletrônicos, e de climatização.
Sendo necessária ainda na concepção arquitetônica, prever os pisos
técnicos (intersticiais) (figura 7.1), podendo estes estarem sobre as áreas
de maior complexidade como: centros cirúrgicos, UTI´s, centro de
diagnóstico por imagens (radiologia, etc.). Espaços técnicos para as
centrais energéticas, para os reservatórios, e prumadas inspecionáveis
também são necessárias. Além da concepção estrutural do edifício, é
necessário prever as sobrecargas para os equipamentos, não descartando
uma proposta de projeto, onde a flexibilidade e mutabilidade do espaço se
faz presente.
137
FIGURA 7.1
Piso Técnico (pilotis) sobre o centro cirúrgico, UTIs e diagnóstico – Vila Velha Hospital – arquitetos
Jarbas Karman e Domingos Fiorentine
Fonte: Informativo número 10 Vila Velha Hospitalar (2002)
É importante mencionar ainda a necessidade de manutenção, reposição e
atualização dos equipamentos sem prejudicar o sistema de operação do
estabelecimento, que é de 24 horas por dia.
Atualmente várias facilidades previstas colaboram para o bom
desempenho do sistema, tal como a coleta de efluentes que pode ser feita
pelo sistema a vácuo, diminuindo vários problemas, entre eles
entupimentos, riscos de infecções hospitalares, etc.. Além do equipamento
poder ser instalado no subsolo. Tais peculiaridades da engenharia
hospitalar comprovam a importância da parceria entre os profissionais
envolvidos no projeto, assessorando e executando o projeto de arquitetura.
7.2 Tipologias: projetos hospitalares horizontais e verticais
No século XIX, o asilo “York Retreat”, na Inglaterra, foi projetado com o
objetivo de ajudar nos processos de recuperação dos pacientes. Hoje em
dia os projetos dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde devem ser
138
concebidos no mesmo sentido através de diretrizes que proporcionem ao
paciente, após a ocupação, ambientes que o ajudem na melhoria de sua
saúde física e mental.
Em primeiro lugar é importante observar a localização dos
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, que não podem estar próximos
a ambientes poluídos, depósitos de lixo, indústrias poluentes, grandes
armazéns, e depósitos de materiais inflamáveis, estações de tratamento de
esgotos etc. Devem estar localizados em áreas próximas a uso residencial,
por prestarem serviço à comunidade.
Componentes construtivos como circulações, sistema de transporte de
materiais, equipamentos e resíduos sólidos, sistema de renovação e
controle do ar, materiais de acabamento de fácil higienização, barreiras
físicas, devem ser observados para um bom desenvolvimento, e um
correto fluxo nos ambientes dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.
Atualmente os hospitais, na busca pela melhoria da qualidade de vida e
saúde, incluíram no programa, lojas de conveniência, restaurante, centro
de convenções, spas, no intuito de promover um ambiente familiar ao
paciente, minimizando o stress do tratamento.
Buscando um ambiente que deixa para trás a imagem dos processos
dolorosos de uma internação, e que resgatam a vida. Juntamente com
ambientes onde a cor, luz, conforto, segurança, aroma, aspecto visual,
dentre outros favoreçam a percepção do usuário sobre os fenômenos
existentes no espaço projetado, e proporcionem momentos de
descontração, de relaxamento, e prazeres diversos, que colaborem para a
recuperação do paciente e conseqüentemente para a diminuição do tempo
de internação. Como exemplo, átrios ou salas de recuperação com
direito elevado e iluminação natural, onde a luz do sol possa varrer o
ambiente, proporcionando uma iluminação diferenciada ao longo do dia,
criando assim um espaço dinâmico e uma atmosfera agradável (figura 7.2).
139
FIGURA 7.2
1,2 e 3 - Área de recuperação do centro cirúrgico – iluminação zenital
Hospital Henrietta Goodall, arquitetura Payette Associados
Fonte: Revista Projeto, número 214, p. 66.
A iluminação natural é importante em todos os ambientes dos
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, mesmo nas áreas críticas dos
centros cirúrgicos e UTIs, que necessitam de sistemas de renovação de ar
dotados de filtros muito finos é fundamental que os usuários percebam a
passagem do dia e da noite, para o bem-estar do organismo humano.
Analisando estes conceitos percebe-se que as tipologias horizontais dos
projetos hospitalares, geram maior possibilidade de iluminação e ventilação
natural, além de serem mais econômicos, a tipologia horizontal permite
boa comunicação, bom fluxo, e facilidade de expansão.
140
Devem ser também projetos elegantes quanto ao partido arquitetônico que
ganham melhor conceito quanto à exploração de luz e ventilação natural.
Deve-se evitar projetos grandes, para não haver longos fluxos de
circulação. Ganham também quanto à segregação dos acessos, que
possibilitam evitar o cruzamento de fluxos indesejáveis no ambiente. A
possibilidade de pátios e jardins, banhos de sol ou de respirar ar puro,
também favorecem esta tipologia, com total integração dos ambientes
internos e externos, buscando agradabilidade para o usuário. Um bom
exemplo de arquitetura hospitalar horizontal são os Hospitais da Rede
Sarah projetada pelo arquiteto João Filgueiras Lima.
Mas hospitais horizontais necessitam terrenos de grandes áreas, e nos
grandes centros urbanos a tendência recai sobre os monoblocos verticais,
somando as necessidades de um programa de necessidades extensos e
dentro da legislação vigente.
Mesmo assim as opções para harmonizar os ambientes e receber bem o
cliente são muito necessárias, com projetos que possibilitem um diálogo
com a natureza, e sem confinar o paciente dentro de um ambiente muito
fechado. Pisos técnicos sobre áreas críticas para possibilitar boa
manutenção além de iluminação zenital. Quartos e enfermarias devem ser
iluminados e arejados. O último pavimento pode ser dedicado ao estar
médico, ensino e pesquisa, auditório, heliponto. No térreo, ampla recepção
com boa programação de sinalização dos setores, lojas de conveniências,
bancos 24 horas e outros. Para o mezanino um bom restaurante pode
proporcionar um clima familiar, tão desejado no complexo hospitalar, além
de administração, diretoria etc.. Acessos independentes para pronto-
socorro, consultórios, laboratórios, diagnósticos e serviços facilitam o fluxo
de circulação do hospital, que deve ser segregado para não haver
cruzamento de fluxos indesejados. Pode-se aproveitar o subsolo para
estacionamento, serviços, depósitos, almoxarifado, farmácia, lavanderia,
cozinha, carga e descarga, velório, etc., tudo isto com acesso
independente, inclusive para funcionários.
É possível o hospital contratar serviços terceirizados de lavanderia e
cozinha hospitalar, ainda que sejam no mesmo edifício, desonerando os
administradores destas difíceis tarefas.
Um bom estudo de cores em ambas as tipologias pode melhorar o estado
emocional do ser humano, proporcionando uma melhor estadia no
141
ambiente hospitalar, além de colaborar na recuperação do paciente com a
utilização da cromoterapia. A harmonização e equilíbrio do ambiente,
favorece também o bem-estar da equipe multiprofissional e
acompanhantes. É importante criar um clima aconchegante, onde o stress
da doença seja sempre minimizado para que não afete a auto estima de
quem cuida do paciente.
Uma tendência atual é a des-hospitalização para o paciente que pode ser
tratado em casa, mesmo que a equipe médica até ele. Além disto, o
Hospital-Dia, dentro dos hospitais, é uma realidade, que diminuindo o
tempo de permanência no hospital, diminui-se o stress e o risco de
infecção hospitalar, gerando no paciente a alegria de voltar ao seu lar.
Para as internações hospitalares ficam os casos mais graves, onde centros
de diagnósticos podem ajudar na conduta médica.
O cenário atual do sistema hospitalar exige uma gestão positiva para o
empreendimento, combinando qualidade de vida, saúde e boa
recuperação. Para isto pode-se incluir no programa de necessidades:
centros de tratamento e diagnósticos, serviços de enfermagem, lojas de
conveniências, SPAs e reabilitação físico/motora, com programas de
reeducação física e alimentar, centros de convenções, programas de
ensino e pesquisa, etc. tudo isto para a busca não somente do tratamento
da doença, mas do restabelecimento holístico do ser humano, que faz
parte de um sistema no universo.
7.3 Diagramas de zoneamento, fluxo e setorização
Os diagramas facilitam a visão de um programa de necessidades de um
complexo hospitalar. São ótimas ferramentas para discutir conceitos de
projetos com os clientes (empreendedores, médicos, gestores).
A boa funcionalidade do projeto depende dos fluxos de acessos e
circulações que se ligam aos setores, e podem ser apresentados
graficamente em um diagrama com as respectivas ligações, mantendo as
peculiaridades funcionais do programa de arquitetura. Alguns exemplos
serão apresentados a seguir:
142
DIAGRAMA 7.1
Diagrama de zoneamento
Fonte: criação da autora (2003).
ZONEAMENTO
ÁREAS
SEMICRÍTICAS
ÁREAS CRÍTICAS
ÁREAS NÃO
CRÍTICAS
Internações
(quartos e
enfermarias)
Ambulatórios
Centros cirúrgicos
UTIs
Unidade de diálise
Análises clínicas
Hemoterapias
Preparo de
alimentos
Lavanderia
Administração
Apoio logístico
Recursos humanos
Ambientes não
ocupados por
pacientes
Circulações
143
DIAGRAMA 7.2
Diagrama de programa de necessidades para projeto hospitalar
Fonte: Criação da autora (2003)
HOSPITAL
Acesso
Estacionamento
Garagem
Recepção
Recepção
Recepção
Pronto
Socorro
Ambulatóri
Serviço
Lavanderia
Cozinha
Almoxarifado
Depósito
Velório
Carga e
desgarga
Farmácia
Recepção
Diagnós
tico
Piso
Técnico
Consultórios
Hospital
Centro Cirúrgico
Centro Obstétrico
Conforto
Médico
Ensino/
Pesquisa
Auditório
Heliponto
SPA e fisioterapia
Centro de Convenções
Lojas de
Conveniências
Secretaria
Tesouraria
Administração
Recursos Humanos
Internação:
quarto
enfermaria
enfermagem
UTI
Piso
técnico
144
DIAGRAMA 7.3
Diagrama de Barreiras Físicas
Fonte: Criação da autora (2003)
DIAGRAMA 7.4
Depósitos e salas de utilidades
Fonte: Criação da autora (2003)
BARREIRAS FÍSICAS
Vestiário de Barreira
Banheiros
Centro
Cirúrgico
Centro
obstétrico
Lactário
Hemodinâmica
Nos
compartimentos
destinados ao
preparo e cocção
de alimentos
Nos
compartimentos
destinados a
processamento
de roupas
Quarto Privativo
de Isolamento
PARA AS UNIDADES
DML – Depósito de
Material de limpeza
Sala de Utilidade
e Sala de
Preparo de
Equipamentos e
Materiais
145
DIAGRAMA 7.5
Bloco Cirúrgico
Fonte: Criação da autora (2003)
DIAGRAMA 7.6
Unidade de Diálise
Fonte: Criação da Autora (2003)
BLOCO CIRÚRGICO
DML
Sala de Utilidades e Sala
de Preparo de
Equipamento e
Material
Zona Asséptica Zona Limpa Zona de Proteção
Sala de Cirurgia
Sala de
anestesia e
área de
escovação
Área de entrada,
Sala de
Recuperação, e
demais instalações
UNIDADE DE DIÁLISE
Lavatório para paciente
(limpeza e higienização
da fístula)
Sala para tratamento
e reservatório de água
tratada para diálise
Sala para tratamento
hemodialítico
(pacientes com
HBsAg positivo)
Sala para tratamento
hemodialítico
3 Salas para
reprocessamento de
dialisadores
Pacientes
HBsAg
positivos
Pacientes
contaminados
por hepatite C
Pacientes não
contaminados
por hepatite
146
CAPÍTULO 8
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
147
8. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
8.1 Considerações finais e razoabilidade para o ótimo
O atual comportamento social enfatiza a saúde em prol da qualidade de
vida, e não mais a doença. Vida saudável e auto-estima são valores atuais,
que apontam também para a humanização dos ambientes hospitalares.
Este estudo pretende descrever a importância do projeto de arquitetura e
seus diversos “links” com a engenharia refletindo diretamente no ambiente
e no espaço criado para o abrigo do ser humano enfermo que, interagindo
através de suas percepções, é capaz de notar os fenômenos que ocorrem
no espaço projetado, e usufruir de suas qualidades fenomenológicas,
transformando o espaço habitado num aliado para o paciente, podendo
este espaço fazer parte também da terapêutica. A fim de contribuir na
recuperação do paciente, bem-estar da equipe multiprofissional, bem como
dos familiares e acompanhantes.
Para se chegar ao objetivo desejado, o pleno exercício das diretrizes
projetuais que objetivam um hospital com todas as características
estudadas, requer a participação de equipe multidisciplinar: planejamento,
projeto, materiais, execução, uso e manutenção.
É oportuno destacar a importância de uma equipe de gestores ou
empreendedores organizada e integrada, que respeite toda a normatização
e legislação vigentes para projetos da área hospitalar. Inclusive, enfocar o
ser humano como habitante de um espaço a ser criado para a sua
recuperação, é a tônica principal do que chamamos de razoabilidade.
Afinal, trata-se de um momento particular da vida de uma pessoa, onde
ela tem que unir as mais diversas forças, de forma a participar ativamente
de sua recuperação. O momento é de transcendência e o equilíbrio
holístico entre corpo, mente, espírito e ambiente, podem colaborar para a
desejada recuperação, a mais imediata possível do paciente.
Algumas considerações são importantes de se destacar, tais como as
ferramentas projetuais, de bases filosóficas, analisando a fenomenologia
do espaço arquitetônico, a percepção do ser humano, os ambientes
voltados para as necessidades dos procedimentos médicos, o convívio
social, entre outros, com o objetivo de criar espaços projetados onde o
enfoque seja a terapêutica como critério da razoabilidade e do diferencial
148
hodierno. São espaços que colaboram com o comportamento do paciente,
na sua busca para a saúde. Sendo assim, podem ser dotados de aberturas
de comunicação com o exterior, através de grandes portas ou iluminação
zenital, criando diálogo entre espaços internos e externos, permitindo
vistas para jardins e paisagens, para relaxar o paciente, tirando-o do
stress de uma internação, além de colaborar com o bem-estar da equipe
multiprofissional e acompanhantes. Mesmo a luz que penetra nos
ambientes e modifica-os ao longo do dia, além de favorecer o mecanismo
biológico do organismo pela sensação do dia e da noite, beneficia o
ambiente quebrando a monotonia constante e, criando uma
heterogeneidade espacial, conseqüentemente, melhora a expectativa dos
usuários.
As cores que podem trazer sensação de bem-estar além dos benefícios
através dos conceitos da cromoterapia, devem ser utilizadas de maneira
equilibrada e harmônica, a fim de favorecer o paciente, e não excitá-lo
demais com a utilização de tons quentes, nem acalmá-lo demais com a
utilização de cores frias.
O projeto do sistema de ventilação necessita de cuidados operacionais de
manutenção e fácil inspeção, prevenindo riscos de infecção propiciando
ambiente confortável em termos de temperatura e umidade, tanto para o
paciente, quanto para a equipe multiprofissional e acompanhantes.
Almeida & Costa (1999), esclarecem bem o sistema de ar ambiente e
infecção hospitalar, principalmente nas áreas que requerem ventilação
especial, como centros cirúrgicos, ambientes protegidos por pressão
positiva e unidades de isolamento que necessitam de pressão negativa,
entre outros.
Observa-se que correntes de ar podem levar esporos e transmitir infecção.
Mas, sem correntes de ar a contaminação ocorre no espaço de um
metro entre uma pessoa e outro, exceto para tuberculose, varicela e
sarampo. Portanto, correntes de ar verticais assim como nos Hospitais da
Rede Sarah, concebidos racionalmente, são bons exemplos de soluções
para sistemas de ventilação natural, além de serem mais econômicas.
Embora, ressalve-se que as áreas críticas como Centro Cirúrgico, UTI,
necessitam de sistema de ventilação artificial, de pressão positiva e filtros
de grande eficiência.
149
Concluindo esta abordagem em busca da agradabilidade para o complexo
sistema hospitalar, fala-se do ambiente hospitalar para a recuperação do
paciente, considerando o indivíduo de forma holística, realinhando a saúde
física, mental e psicológica. Finalmente a meta é um cenário onde o
ambiente hospitalar esteja preparado para receber o paciente dentro do
espírito humano, com suporte terapêutico adequado, e atenção também
para o suporte familiar, muitas vezes o mais importante neste processo de
recuperação, minimizando o sofrimento do ser humano.
Finalizando, é essencial lembrar também que a humanização do sistema
hospitalar não deve ficar a cargo somente de gestores privados. Mas ser
efetivamente estendida para o Sistema Único de Saúde SUS,
consabidamente que é, como o grande salvador das classes
economicamente menos favorecidas, diminuindo o sofrimento do povo
brasileiro.
Este trabalho não pretende esgotar o assunto, mas traz um degrau a mais
na escala do conhecimento humano, especialmente contribuindo para a
excelência da ciência da arquitetura e da complexa engenharia hospitalar.
Como perspectivas futuras sugere-se estudar: as variáveis de
hierarquização e logística para os hospitais trabalharem em redes,
desempenho de novos materiais, realizar estudos de caso onde se tenha
informações diretas dos pacientes, com o objetivo de enriquecer os
projetos com base nas suas decisões.
150
CAPÍTULO 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
151
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAPÍTULO 10
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Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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