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2.2 – Contexto artístico
2.2.1 – A estética das peças
A estética das peças produzidas diretamente com as mãos, no “vai e
vem”, acariciando a massa cerâmica até concretizar o produto tridimensional,
começa a partir do repertório imagético do autor, que embora produza peças
em série, faz uma leitura crítica. O belo e a funcionalidade entram em questão.
As observações feitas in loco registraram essa eterna procura da satisfação do
olhar. O homem, como ser estético, é permanentemente atraído pelo belo. O
homem é o único ser vivo capaz de experienciar emoções estéticas e
compreender o belo. O homem não é somente um apreciador do belo e das
coisas belas. Ele pode criar, inventar e renovar o belo por meio da arte, que
nada mais é do que a maneira intuitiva segundo a qual apreende a natureza, a
realidade concreta e existencial que o cerca(SOUZA, 1995).
A palavra estética vem do grego aesthesis que remete ao
conhecimento diretamente ligado aos sentidos, a sensibilidade, a experiência.
(CALDAS, 1958). Como concepção de arte relacionada à representação, pode-
se destacar a imitação, a criação e a construção.
A primeira elencada, a imitação, trata-se da definição mais antiga,
remetendo a cópia passiva que perpetua as características próprias do objeto,
do ser, do fato em representação. O realismo impera numa representação
despida de deformações sentimentais ou de simbolismos (REIS, 1993).
A segunda, a criação, surge com o Romantismo, especialmente com o
filósofo alemão Schelling (1775-1854). Nessa perspectiva, a obra de arte
resulta da inspiração e genialidade criadora do artista. Não mais imita a
natureza, não mais se subordina a ela, mas desliga-se, afasta-se dela: a obra
de arte como criação independente da natureza e passa a exprimir as
experiências, os sentimentos e as emoções vividas pelo artista em seu
percurso de vida(SOUZA, 1995). Numa visão romântica a arte é originalidade
pura e absoluta, deixando seus produtos desvinculados à estética realista.
A terceira, a construção, diz respeito à concepção contemporânea,
de acordo com essa ótica, o artista não é mais o “gênio” criador nem copiador,
mas um indivíduo que dialoga, construindo um sentido próprio de sua