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animados, todos produzidos no exterior, pois praticamente inexiste no Brasil a produção de
desenhos animados destinados ao público infantil”.
Outras linhas ocupam-se de verificar que tipos de mensagens os produtos audiovisuais
transmitem, separando seus aspectos positivos e negativos e defendendo a urgência de
preparar este público infantil para o contato com o meio, não restringi-lo; reiterando o papel
da escola e dos pais, como o meio social no qual estes receptores estão incluídos, para que a
criança tenha subsídio para desenvolver seu senso crítico diante das mensagens.
Existem provas cabais de que, se maus programas (e também maus
comerciais, hoje abundantes na nossa televisão) podem envenenar a mente
da criança, bons programas são comprovadamente eficazes para ajudá-la a
crescer e a ser feliz, para desenvolver nela a cooperação, a autoconfiança, o
altruísmo, o respeito mútuo, a tolerância, a consciência de responsabilidades
sociais, a socialização civilizada – enfim, os efeitos que os especialistas
denominam “efeitos pró-sociais (PFROMM NETTO, 2001, p. 154).
Os estudos demonstram, porém, que o que prevalece no dia-a-dia são as influências
negativas, como a tendência á imitação, submissão, isolamento, apatia. O desenvolvimento do
consumo exagerado, da violência, da falta de organização, da atividade sexual precoce e
diminuição da comunicação familiar. A diminuição da capacidade crítica, dificuldade para
ordenar o pensamento, dispersão e surgimento de respostas estereotipadas (LOBATO,
MORAES, VANNUCHI, 2003, p. 57). Ferrés (1996, p. 19-20) destaca outros aspectos
negativos que podem ser detectados na televisão, como a visão fragmentada da realidade que
apresenta, a super exposição de assuntos que não deveriam fazer parte do repertório infantil e
a chamada cultura-mosaico, na qual se sabe pouco sobre muito, sem nenhuma profundidade.
Diante deste quadro, fica um pouco difícil imaginar a quantidade de aspectos positivos
inerentes à televisão. É uma via dupla, pois muitas vezes, características que poderiam
configurar-se como negativas, se bem trabalhadas, passam a se converter em aspectos
positivos. Por exemplo, crianças que vêem muita televisão têm melhores aptidões para
construir conceitos de relações espaço-temporais, para compreender as relações entre o todo e
suas partes e até para identificar os ângulos das “tomadas de imagens”, o que significa um
reforço das faculdades de abstração. A televisão também teria a habilidade de desenvolver na
criança o vocabulário, o raciocínio matemático, de instigar a capacidade de resolução de
problemas, de estimular a criatividade. E pode ir além, pois quando a criança tem contato com
um material de boa qualidade, pode ter estimulada além da criatividade, o senso crítico, a vida
em sociedade, a cooperação, a solidariedade, a amizade, o esforço escolar, entre outras
qualidades (LOBO, 1990; CARLSSON, FEILITZEN, 2002 ).