
tendo o consentimento da comunidade, manifesto pelo cacique e pelo chefe de
posto, não tínhamos, ainda, a autorização da FUNAI
11
. Assim, para evitar eventuais
problemas futuros optamos por não fazer a coleta na área indígena.
Esse primeiro trabalho de campo serviu mais a título de contato e
conhecimento. Nesse período, apresentou-se o projeto às lideranças indígenas, ao
chefe de posto, a possíveis entrevistados e coletaram-se alguns dados. Diariamente
íamos à comunidade para visitar famílias e escolas, a fim interagir com os sujeitos
de pesquisa. Nesses momentos, foi possível coletar dados contextualizados de
acordo com a vivência do grupo.
A segunda coleta de dados foi realizada em dezembro de 2007. Os
falantes que participaram desse trabalho foram: N.L.R 58 anos, C.V.L., 63 anos;
C.L., 23 anos; M.P., 74 anos; T.C.R., 8 anos; M.G., 76 anos; A. P., 78 anos; F. S., 93
anos; V.B., 38 anos e M.L.E.S., 50 anos. Todos os entrevistados afirmaram dominar
as duas línguas Terena e português, porém, como nossa pesquisa não é de
natureza sociolingüística, não avaliamos o grau de bilingüismo nem o domínio de L1
e L2.
No momento da entrevista para a coleta de dados foi feita a pergunta
“como fala ____ em Terena?” A primeira resposta na maioria das vezes veio com a
marca de 1ª pessoa, como, por exemplo, “boca”: [⎆ܙba⍧hѐ] ‘minha boca’. Nas listas do
primeiro trabalho de campo, a maioria dos dados encontram-se na primeira pessoa.
Quando constatamos isso, fizemos novamente a coleta dos dados, explicando ao
informante que queríamos a palavra “boca”, mas que não fosse “minha boca”.
Obtivemos, então, [pa⎆hѐ⍧ti], “boca de alguém” – com o sufixo –ti marcando a
categoria de possuidor indefinido, ou não marcado. Essa etapa do trabalho de
campo consistiu em coletar dados, transcrever e analisar in loco os aspectos
fonológicos da língua. Para tanto, as entrevistas foram gravadas com a devida
autorização dos falantes e da liderança. A lista com os itens lexicais a serem
11
Para obtermos a autorização para o ingresso em terras indígenas, solicitamos à da comunidade indígena de
Cachoeirinha (ANEXO). De posse desse documento, encaminhamos o projeto de mestrado ao CNPq para análise
de mérito científico (ANEXO). Ainda não temos em mãos a autorização definitiva da FUNAI, porém, em nosso
segundo trabalho de campo, o Chefe do Posto Indígena de Cachoeirinha, Sr Edson Fagundes nos informou que o
documento definitivo já tinha sido deferido pela administração regional e fomos autorizados provisoriamente a
desenvolver a pesquisa De acordo com o parágrafo único do art. 7º da instrução normativa Nº 001/PRESI, que
aprova as normas que disciplinam o ingresso em Terras Indígenas com finalidade de desenvolver Pesquisa
Científica, “a consulta às lideranças indígenas será realizada pela FUNAI, com a presença e participação do
pesquisador, podendo este em caso de resposta positiva permanecer na terra indígena com autorização provisória
até a emissão de uma definitiva”.