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AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À FADIGA TÉRMICA DO AÇO AISI H13 NITRETADO
PELOS PROCESSOS GASOSO E POR PLASMA
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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
GUSTAVO EMILIANO FALCÃO FERREIRA
Novembro de 2001
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À FADIGA TÉRMICA DO AÇO AISI H13 NITRETADO
PELOS PROCESSOS GASOSO E POR PLASMA
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
MATERIAIS
GUSTAVO EMILIANO FALCÃO FERREIRA
Novembro de 2001
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À FADIGA TÉRMICA DO AÇO AISI H13 NITRETADO
PELOS PROCESSOS GASOSO E POR PLASMA
GUSTAVO EMILIANO FALCÃO FERREIRA
ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM
CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS
ESPECIALIDADE CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS E APROVADA EM SUA
FORMA FINAL PELO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E
ENGENHARIA DE MATERIAIS
-------------------------------------------------------------------------------------------
Prof. JOEL LOUIS RENÉ MUZART, Dr Sc. – Orientador EMC/UFSC
-------------------------------------------------
Prof
a
. ANA MARIA MALISKA, Dra. Eng.
EMC/UFSC
COORDENADORA DO CURSO
BANCA EXAMINADORA
----------------------------------------------- --------------------------------------------------------
Prof. BEREND SNOEIJER, Dr. Ing. Prof. CARLOS V.SPELLER, Dr.ès-Sc.Phys
EMC/UFSC
-------------------------------------------------
Prof
a
. ANA MARIA MALISKA, Dra. Eng.
EMC/UFSC
“Descobri como é bom chegar quando se
tem paciência, e para chegar onde quer que
seja, aprendi que não é preciso dominar a
força, mas a razão. É preciso antes de mais
nada querer.”
(Amyr Klink)
À minha querida esposa Andréia pelo seu amor, carinho e dedicação por esta conquista;
À meus pais Adolfo e Alaise por sua dedicação;
Aos meus Tios Horst e Xênia por sua amizade;
A Deus por me iluminar.
AGRADECIMENTOS
À Sociedade Educacional de Santa Catarina – Joinville/SC por ter contribuído e dado a mim a
oportunidade de realizar este Mestrado, em especial agradecimento aos meus amigos José Hary
Schneider e Luiz Fernando Bublitz;
À GERDAU Aços Finos Piratini por ter contribuído com o material e equipamentos utilizados;
Ao Laboratório de Metalurgia Física (LAMEF-UFRGS) pela utilização dos reatores em especial
atenção ao Prof° Dr. Augusto Kunrath – Coordenador do Centro de Nitretação Iônica, Ricardo
Marinho – aluno de mestrado do LAMEF e Fabiano Dorneles estagiário do LAMEF;
Ao Prof° Joel Muzart, por ter orientado-me da melhor maneira possível dadas as dificuldades
logísticas existentes durante toda a realização deste curso;
Ao Prof° Berend Snoeijer pela orientação, correção e valiosa contribuição para este trabalho;
A todos que de alguma maneira contribuíram para a realização deste curso.
i
RESUMO
O processo de nitretação é usado para conferir ao material resistência ao desgaste,
resistência à fadiga térmica e mecânica em componentes de engenharia como eixos e matrizes
para injeção de metais como alumínio. Dos métodos comerciais de nitretação existentes o gasoso
e o iônico são os menos agressivos ao meio ambiente, os mais efetivos e os mais utilizados.
Durante o processo de nitretação é formado uma camada de difusão constituída por nitretos de
ferro e de elementos de liga com afinidades com o nitrogênio, adquirindo elevadas durezas.
Também durante o processo, uma fina camada de nitretos de ferro ε e γ’, comumente chamada
de camada branca, é formada na superfície dos ferramentais. Esta camada, faz com que a
superfície do ferramental se torne frágil e quebradiça, levando a ocorrência de falhas e trincas
prematuras. Portanto, esta deve ser removida quando exige-se solicitação de fadiga térmica
através de tratamentos adequados como polimento ou tratamento térmico posterior ao processo
de nitretação para que a camada branca seja dissolvida em parte ou na sua quase totalidade,
aumentando assim a resistência à fadiga térmica do material.
Nesta dissertação, estudou-se a resistência à fadiga térmica do aço AISI H13 nitretado
pelos processos gasoso e iônico submetidos ou não ao processo de reaquecimento para
dissolução de camada branca. Os resultados mostram que a resistência à fadiga térmica é
aumentada ao se reaquecer o material já nitretado de maneira a difundir-se os nitretos de ferro ε e
γ’ formadores de camada branca. Tal procedimento leva ao aumento de pelo menos 20 a 30% da
vida útil dos ferramentais de injeção de alumínio nitretados pelo processo gasoso e de pelo
menos 80 a 100% quando submetidos ao processo iônico.
ii
ABSTRACT
The nitriding process is used to confer to the material, wear and fatigue resistance in
engineering components as shafts and aluminum injection dies and for thermoplastics injection
dies. From the nitriding commercial methods existed, the gaseous and plasma nitriding are the
less aggressive to the environment, the most effective and the most useful. The formation of a
diffusion layer composed by iron, cromiun molybdenum, vanadium and aluminum nitrides
results in an increase of mechanical properties as high hardness. During the process a thin
compound layer, usually called white layer, is formed on the tooling surface turning it fragile and
brittle. As a result, the formation of failures and premature heat checking were observed. Thus,
the white layer should be removed by polishing or heat treatment after nitriding.
Gaseous and ionic nitriding processes are less aggressive to the environment and the most
effective. However, to obtain an effective result, a post heating step after the nitriding process is
necessary, resulting in a partial or total dissolution of the white layer and thus increasing the
thermal fatigue resistance of the material.
In this work the thermal fatigue resistance of the steel AISI H13 when nitrided by the
ionic and gaseous process submited or not by the reheating process to dissolve the white layer
was studied. The results showed that the thernal fatigue resistance increased after nitriding and
heat treatment at least, 20 to 30% when submitted to the gaseous process and 80 to 100% for
plasma nitriding.
iii
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................ i
ABSTRACT............................................................................................................ ii
LISTA DE FIGURAS............................................................................................ iv
LISTA DE TABELAS........................................................................................... x
1 - INTRODUÇÃO................................................................................................. 1
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................ 3
2.1 – Propriedades do Aço para Trabalho a Quente............................................... 3
2.1.1 - Aço para Injeção e Extrusão de Metais a Quente – AISI H13.................... 3
2.1.2 – Fadiga Térmica............................................................................................ 4
2.1.3 – Parâmetros que Controlam a Fadiga Térmica............................................. 6
2.1.3.1 – Ciclo Térmico........................................................................................... 6
2.1.3.1.1 – Temperatura Máxima e Mínima............................................................ 6
2.1.3.1.2 – Taxa de Aquecimento e Resfriamento e tempo sob Temperatura........ 9
2.1.3.2 – Propriedades do Aço para Trabalho a Quente......................................... 9
2.1.3.2.1 – Resistência a Quente............................................................................. 10
2.1.3.2.2 – Limite de Ductilidade e Dureza Inicial................................................. 10
2.1.3.2.3 – Tenacidade............................................................................................ 13
2.1.3.2.4 – Pureza e Homogeneidade da Matriz.................................................... 13
2.2 – Tratamento Térmico........................................................................................ 14
2.2.1 – Tratamento Térmico Superficial................................................................... 20
iv
2.2.1.1 – Nitreteção ................................................................................................. 20
2.2.1.1.1 – Nitretação Gasosa................................................................................... 22
2.2.1.1.2 – Nitretação Iônica................................................................................... 26
32.21.1.3 – Composição da Camada Nitretada........................................................ 29
2.2.1.1.4 – Difusão.................................................................................................. 32
2.2.1.2 – Comparativo entre os Processos Gasoso e Iônico.................................... 34
4 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL......................................................... 37
4.1 – Preparo das Amostras................................................................................. 37
4.2 – Tratamento Térmico de Têmpera e Revenimento...................................... 38
4.3 – Nitretação gasosa........................................................................................ 39
4.4 – Nitretaão por Plasma................................................................................... 39
4.5 – Análise Metalográfica, Perfil de Microdureza e Difraão por Raios-X....... 42
4.6 – Ensaio de Fadiga Térmica........................................................................... 43
5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................. 46
5.1 – Caracterização da Camada Nitretada.......................................................... 46
5.1.1 – Nitretação Gasosa.................................................................................... 46
5.1.2 – Nitretação por Plasma.............................................................................. 57
5.2 – Fadiga Térmica........................................................................................... 67
6 – CONCLUSÕES............................................................................................. 74
7 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS......................................... 76
v
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 78
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Efeito da temperatura de pico no aumento das trincas térmicas................ 8
Figura 2 – Influência da temperatura máxima e mínima no número de ciclos........... 8
Figura 3 – Influência da temperatura de austenitização sob a ductilidade.................. 11
Figura 4 - Influência da temperatura de austenitização sob o tamanho de grão......... 12
Figura 5 – Diagrama CCT para o aço para trabalho a quente AISI H13.................... 15
Figura 6 – Efeito prejudicial da precipitação de carbonetos com o aumento
da temperatura de austenitização................................................................................ 16
Figura 7a – Efeito da temperatura de austenitização sob a dureza
no estado temperado................................................................................................... 17
Figura 7b – Efeito do percentual de carbonetos com o aumento da
temperatura de austenitização na dureza do material................................................... 18
Figura 8 – Efeito da temperatura de austenitização nas curvas de revenimento.......... 19
Figura 9 – Diagrama Ferro-Nitrogênio........................................................................ 23
Figura 10 – Esquema representativo do processo de nitretação gasosa....................... 24
Figura 11 – Esquema representativo do processo de nitretação por plasma............... 27
Figura 12 – Zonas resultantes do processo de nitretação............................................ 29
Figura 13 – Energia potencial de migração dos átomos como função de sua
posição na rede............................................................................................................. 32
Figura 14 – Difusividade de solutos intersticiais e substitucionais na ferrita.............. 34
Figura 15 – Dimensões dos corpos de prova para o ensaio de fadiga térmica............ 38
Figura 16 – Esquema representativo do equipamento de nitretação por plasma......... 41
Figura 17a – Esquema representativo do equipamento utilizado para o
ensaio de fadiga térmica............................................................................................... 44
Figura 17b – Equipamento utilizado para o ensaio de fadiga térmica........................ 44
Figura 18 – Microestrutura resultante do processo de nitretação gasosa
por 4 hs a 500 °C sem reaquecimento....................................................................... 46
Figura 19 – Microestrutura resultante do processo de nitretação gasosa
por 4 hs a 500 °C sem reaquecimento....................................................................... 47
Figura 20 – Microestrutura resultante do processo de nitretação gasosa
por 4 hs a 500 °C com reaquecimento de 2 hs a 500 °C............................................ 47
Figura 21 – Perfil de microdureza e profundidade de camada nitretada
pelo processo gasoso por 4 hs.................................................................................... 48
Figura 22 – Perfil de microdureza e profundidade de camada nitretada
pelo processo gasoso por 8 hs.................................................................................... 48
Figura 23 – Microestrutura resultante do processo de nitretação gasosa
por 8 hs a 500 °C sem reaquecimento......................................................................... 49
Figura 24 – Microestrutura resultante do processo de nitretação gasosa
por 8 hs a 500 °C com reaquecimento de 2 hs a 500 °C.............................................. 49
Figura 25 – Microestrutura resultante do processo de nitretação gasosa
por 12 hs a 500 °C sem reaquecimento........................................................................ 50
Figura 26 – Microestrutura resultante do processo de nitretação gasosa
por 12 hs a 500 °C com reaquecimento de 2 hs a 500 °C............................................. 50
Figura 27 – Perfil de microdureza e profundidade de camada nitretada
pelo processo gasoso por 12 hs..................................................................................... 51
Figura 28 – Difratograma do processo de nitretação gasosa
de 4 hs sem reaquecimento............................................................................................ 53
viii
Figura 29 – Difratograma do processo de nitretação gasosa de
4 hs com reaquecimento de 2 hs a 500 °C................................................................... 54
Figura 30 – Difratograma do processo de nitretação gasosa
de 8 hs sem reaquecimento.......................................................................................... 54
Figura 31 – Difratograma do processo de nitretação gasosa de
8 hs com reaquecimento de 2 hs a 500 °C.................................................................. 55
Figura 32 – Difratograma do processo de nitretação gasosa
de 12 hs sem reaquecimento....................................................................................... 55
Figura 33 – Difratograma do processo de nitretação gasosa de
12 hs com reaquecimento de 2 hs a 500 °C................................................................ 56
Figura 34 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por
plasma 5% N
2
+ 95% H
2
a 500 °C por 4 hs sem reaquecimento................................ 57
Figura 35 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por plasma
5% N
2
+ 95% H
2
a 500 °C por 4 hs com reaquecimento por 2 hs a 500 °C............. 58
Figura 36 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por plasma
10% N
2
+ 90% H
2
a 500 °C por 4 hs sem reaquecimento.......................................... 58
Figura 37 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por plasma
10% N
2
+ 90% H
2
a 500 °C por 4 hs com reaquecimento por 2 hs a 500 °C............. 59
Figura 38 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por plasma
25% N
2
+ 75% H
2
a 500 °C por 4 hs sem reaquecimento......................................... 59
Figura 39 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por plasma
25% N
2
+ 75% H
2
a 500 °C por 4 hs com reaquecimento por 2 hs a 500 °C............. 60
Figura 40 – Perfil de microdureza e profundidade de camada nitretada pelo
processo iônico por 4 hs sem reaquecimento para difusão de nitretos....................... 60
ix
Figura 41 – Perfil de microdureza e profundidade de camada nitretada pelo
processo iônico por 4 hs com reaquecimento para difusão de nitretos....................... 61
Figura 42 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 hs
sem reaquecimento utilizando mistura gasosa de 5% N
2
+ 95% H
2
.......................... 63
Figura 43 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 hs
com reaquecimento de 2 hs utilizando mistura gasosa de 5% N
2
+ 95% H
2
.......... 63
Figura 44 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 hs
sem reaquecimento utilizando mistura gasosa de 10% N
2
+ 90% H
2
........................ 64
Figura 45 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 hs
com reaquecimento de 2 hs utilizando mistura gasosa de 10% N
2
+ 90% H
2
......... 64
Figura 46 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 hs
sem reaquecimento utilizando mistura gasosa de 25% N
2
+ 75% H
2
......................... 65
Figura 47 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 hs
com reaquecimento de 2 hs utilizando mistura gasosa de 25% N
2
+ 75% H
2
......... 65
Figura 48 – Fadiga térmca do ciclo de nitretação gasosa por 4 hs.............................. 67
Figura 49 – Fadiga térmca do ciclo de nitretação gasosa por 8 hs.............................. 68
Figura 50 – Fadiga térmca do ciclo de nitretação gasosa por 12 hs............................ 68
Figura 51 – Representação esquemática da quantidade de precipitados nos
contornos dos grãos em função do tempo de processo................................................ 70
Figura 52 – Fadiga térmca do ciclo de nitretação por plasma por 4 hs
sem reaquecimento....................................................................................................... 71
Figura 53 – Fadiga térmca do ciclo de nitretação por plasma por 4 hs
com reaquecimento a 500 °C por 2 hs...................................................................... 71
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resultados de espessura de camada branca em material
nitretado sob processo gasoso..................................................................................... 52
Tabela 1 – Resultados de espessura de camada branca em material
nitretado sob processo iônico...................................................................................... 62
1
1 - INTRODUÇÃO
A unificação dos mercados mundiais pela globalização das economias, ocorrida mais
intensamente, a partir do início da década de noventa, trouxe implicações para a indústria, tal como
a competitividade necessária, na busca de processos de fabricação e pesquisas, objetivando redução
de custos industriais. Para o caso da indústria metal-mecânica, em especial a indústria de moldes e
matrizes para injeção de alumínio, vem aumentando a procura por tratamentos térmicos no sentido
de melhorar a produtividade e vida útil destes ferramentais, reduzindo com isso, os custos
industriais.
Neste sentido tem-se mostrado como promissor o tratamento por nitretação, colocando-o em
um patamar de grande interesse para a resolução de problemas associados aos fenômenos de fadiga
térmica e engripamento, principalmente quando o componente custo aponta na direção de sua
redução.
No caso particular dos moldes e matrizes para injeção de alumínio, onde os ferramentais são
expostos à erosão devido à fadiga térmica, ao engripamento e à corrosão devido ao freqüente
contato com o metal líquido, trincas de origem térmica e oxidação surgem no decorrer de sua vida
útil. Para suportar tal solicitação e ter sua vida útil prolongada, os ferramentais devem obedecer a
uma correta seleção do aço a ser empregado em sua confecção, bem como tratamento térmico e
tratamento termoquímico adequados.
Por utilizar temperaturas inferiores à 550 °C, a nitretação produz menor distorção, possuindo
também uma menor tendência a causar trincas térmicas ao material [1,2], encontrando assim ampla
aplicação. Mesmo apresentando uma série de vantagens, o tratamento apresenta alguns problemas,
2
como por exemplo, a formação de uma fina camada de nitretos de ferro ε e γ’, ou camada branca,
que leva à fragilização do material, podendo causar o aparecimento de trincas térmicas e
engripamento de metal.
Vários métodos foram propostos no sentido de prevenir ou até mesmo remover esta camada
branca. Métodos preventivos como o controle do potencial da atmosfera nitretante foi assunto de
vários artigos citados por Czelusniak et al [3]. Mais recentemente, realiza-se reaquecimento no
material já nitretado no sentido de remover, através de difusão atômica, os nitretos formadores da
camada branca [4].
Para a redução desta camada, realizam-se ciclos curtos de nitretação seguido de
reaquecimento à mesma temperatura do processo de nitretação. Desta maneira obtém-se uma total
ou parcial dissolução desta camada branca e, consequentemente, uma maior camada de difusão.
Como resultado, há o conseqüente aumento da vida útil dos ferramentais.
O estudo realizado nesta dissertação mostrará os ganhos e perdas em vida útil do aço para
trabalho a quente AISI H13 nitretados sob processo gasoso e por plasma, com e sem difusão de
camada branca, com avaliação da resistência à fadiga térmica deste material.
3
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta primeira parte, serão apresentados tópicos sobre as propriedades do aço para trabalho a
quente, fadiga térmica e seus parâmetros mais importantes, tratamento térmico, tratamento
termoquímico superficial de nitretação gasosa, por plasma e difusão.
2.1 – PROPRIEDADES DO AÇO PARA TRABALHO A QUENTE
2.1.1 - AÇO PARA INJEÇÃO E EXTRUSÃO DE METAIS A QUENTE – AISI H13
O aço AISI H13 é um aço para trabalho a quente contendo cromo, vanádio, silício e
molibdênio conforme composição química de acordo com NADCA [5]:
C Mn Si Cr V Mo
Mínimo 0,37 0,20 0,80 5,00 0,80 1,20
Máximo 0,42 0,50 1,20 5,50 1,20 1,75
Composição química expressa em % peso
O aço H13 foi desenvolvido para moldes de injeção e extrusão de metais a quente como
alumínio, zinco e cobre, bem como para conformação a quente em prensas e martelos. Devido à sua
composição química, o aço H13 apresenta:
4
Grande temperabilidade
Grande resistência ao amolecimento pelo calor
Boa resistência ao desgaste em temperaturas elevadas
Excelente tenacidade
Boa usinabilidade na categoria de aços ferramenta
Excelente resistência à choques térmicos devidos à aquecimentos e resfriamentos
contínuos, fazendo com que surgimento de trincas térmicas seja reduzido [6,7,8].
2.1.2 - FADIGA TÉRMICA
As tensões que produzem falha por fadiga em temperaturas elevadas não são
necessariamente provenientes de esforços mecânicos como oriundos do atrito entre materiais. A
falha por fadiga pode ser também provocada por tensões geradas em conseqüência de flutuações
térmicas.
Caso a falha aconteça devido a uma variação brusca de temperatura, diz-se que ocorreu
choque térmico. Todavia, se a falha ocorrer após repetidas tensões térmicas com expansões e
contrações do material, diz-se que houve fadiga térmica [1].
Durante o aquecimento, a superfície da cavidade aumenta de temperatura causando uma
expansão volumétrica e resultando assim, em um estado de tensão compressivo na superfície da
matriz. Quando a tensão gerada é superior ao limite de escoamento, o material se deforma
plasticamente.
5
Quanto maior a temperatura atingida, maior será a dilatação. Como a resistência do material
é menor, ter-se-á então uma maior deformação plástica. Durante o resfriamento subsequente, o
material irá então se deformar sob estado de tensão trativo e em uma temperatura de menor
ductilidade. Dependendo do nível destas tensões e do número de ciclos, podem então surgir as
trincas de fadiga térmica
[8,9].
Alterações na microestrutura, no volume e uma oxidação interna e externa estão associadas
com os diferentes estados de tensões a que está submetido o material durante sua trajetória de
trabalho em função das diferentes temperaturas [1,10].
O conhecimento dos mecanismos que levam à fadiga térmica nos processos industriais que
utilizam matrizes para trabalho a quente é fundamental, uma vez que esta fadiga é o principal
mecanismo de falha que limita a vida destas matrizes
[9].
As trincas de fadiga térmica, também chamadas de trincas térmicas ou heat checking, podem
ocorrer com pouco uso de uma matriz, marcando o material de forma microscópica e muitas vezes
macroscópica. Também durante o processo de injeção de alumínio, o fluxo de metal ocasiona a
erosão da superfície do ferramental gerando trincas. Estas crescem continuamente durante os ciclos
de trabalho tornando-se tão grosseiras que o mau aspecto da superfície do produto não seja mais
aceitável ou até mesmo podem levar a matriz à fratura catastrófica [9].
De acordo com Ribeiro [9], são as propriedades mecânico-metalúrgicas do material que
controlam o estado de tensão-deformação para uma condição de trabalho e fluxo de calor fixos. Para
reduzir esse estado de tensão-deformação que o material tem de suportar, é necessário que haja:
6
Mínimo coeficiente de expansão térmica para reduzir a deformação.
Máxima condutividade térmica para que em um mesmo ciclo térmico de trabalho, o calor da
superfície possa ser melhor dissipado e resulte em um menor T.
Como a fadiga térmica é causada pelo estado de tensão-deformação resultante do T, tem-se
que para uma mesma condição de trabalho, as propriedades do material que influenciam o nível de
trincas térmicas são:
Quanto mais elevada a tensão de escoamento a quente, menor será a deformação plástica
resultante e portanto, menos trincas térmicas ocorrerão.
Como a fadiga térmica envolve deformação plástica, quanto maior a ductilidade do material,
mais ciclos serão necessários para o início da trinca e portanto, menor a probabilidade de
ocorrência de trincas em um número pequeno de ciclos.
2.1.3 - PARÂMETROS QUE CONTROLAM A FADIGA TÉRMICA
2.1.3.1 - CICLO TÉRMICO
2.1.3.1.1 - TEMPERATURAS MÁXIMAS E MÍNIMAS
A temperatura é o principal parâmetro que controla a fadiga térmica. A temperatura pode
influenciar a fadiga térmica do material de diferentes formas:
7
Causando expansão volumétrica
Causando tensão compressiva ou expansiva
Reduzindo a resistência do material
Causando transformações metalúrgicas nas microestruturas
A temperatura máxima ou de pico tem dois efeitos:
Físico: Temperaturas de trabalho mais elevadas sempre causam aumento do T com
consequente aumento do nível de tensão.
Metalúrgico: O aumento da temperatura diminui a tensão de escoamento, a resistência à
fluência e pode ainda acarretar perda de dureza por revenido na microestrutura do aço.
Desta forma, a temperatura é o parâmetro mais crítico na fadiga térmica. As figuras 1 e 2
mostram o efeito da temperatura de pico no aumento do dano das trincas térmicas em um aço para
trabalho a quente similar ao usado neste estudo.
Segundo Ott
[11], para cada 50 °C de incremento na temperatura máxima, o risco de falha
aumenta como pode ser observado nas figuras 1 e 2 [9]. Ainda, o número de ciclos que precedem à
falha varia inversamente com a temperatura.
Ainda, em se tratando de elevadas temperaturas, acima de 500 °C ocorre oxidação interna e
externa e com o tempo, a perlita sofre uma decomposição, reduzindo assim a resistência à fadiga
térmica [1].
8
Figura 1 – Efeito da temperatura de pico no aumento das
trincas térmicas [9]
Figura 2 – Influência da temperatura máxima e mínima no
número de ciclos [9]
9
2.1.3.1.2 - TAXA DE AQUECIMENTO, RESFRIAMENTO E TEMPO EM TEMPERATURA
O rápido aquecimento ou resfriamento aumenta a taxa de variação da temperatura (T/t)
aumentando assim o estado de tensão, que por sua vez leva a uma condição mais crítica de fadiga
térmica [4,9].
O tempo em que o material é mantido em temperatura, na faixa de pico, pode levar a
transformações metalúrgicas, tal como o aumento do tamanho de grão e precipitação de carbonetos
secundários. A camada superficial da cavidade da matriz pode perder dureza por efeito de revenido .
A grandeza da tensão de escoamento gerada na temperatura de pico do ciclo térmico, é
diretamente proporcional a quantidade de deformação plástica na superfície da cavidade durante o
ciclo térmico. Esta deformação por sua vez é a causadora direta das trincas térmicas.
Se o material sofre perda de dureza por efeito de revenido, a deformação plástica irá
aumentar na mesma proporção. Uma correta previsão da vida útil de matrizes, deverá considerar o
efeito de revenido e utilizar as reais propriedades do material ao longo dos ciclos térmicos.
2.1.3.2 - PROPRIEDADES DO AÇO PARA TRABALHO A QUENTE
A resistência final à fadiga térmica será o balanço de cada propriedade do material
relacionado com o ciclo térmico aplicado. O aço H13 é um exemplo de material com um bom
conjunto de propriedades resultando em uma boa resistência à fadiga térmica. De uma forma geral,
pode-se dizer que se alguma das propriedades for muito baixa, a resistência à fadiga térmica
10
também se reduzirá. Por outro lado, quando uma das propriedades é melhorada, sem reduzir as
outras, a resistência a fadiga térmica melhorará.
2.1.3.2.1 - RESISTÊNCIA A QUENTE
Conforme exposto por Ribeiro [9], uma elevada tensão de escoamento irá reduzir a
deformação plástica, que é a causa principal de ocorrência de trincas térmicas. Como conseqüência
desta elevada tensão de escoamento, pode-se reduzir ou até mesmo evitar a fadiga térmica.
Entretanto, nos aços ferramentas para aplicações como forjamento ou injeção sob pressão, o
aumento da tensão de escoamento é limitado se for acompanhado de decréscimo de ductilidade e de
tenacidade, pois quando estas propriedades são baixas, trazem o risco de fratura catastrófica.
2.1.3.2.2 - DUCTILIDADE E DUREZA INICIAL
O início das trincas térmicas é diretamente relacionado à ductilidade do material na
temperatura mínima do ciclo [9].
A temperatura de austenitização do aço é de fundamental importância nas propriedades do
mesmo após tratamento térmico. No sentido de se obter uma maior tensão de escoamento, deve-se
procurar evitar um crescimento de grão no processo de austenitização já que isto levaria a uma
fragilização da martensita e possíveis surgimentos de trincas. A presença de vanádio atua
positivamente no controle do tamanho de grão da austenita, assim sendo, a temperatura de
austenitização deve garantir a dissolução dos elementos cromo e molibdênio, porém deve evitar a
11
total dissolução do vanádio. Desta forma, se garante um pequeno tamanho de grão da martensita
após o resfriamento do aço. No tratamento térmico de revenido se busca então, através da
precipitação de carbonetos secundários, obter as propriedades desejadas, ou seja, elevada tensão de
escoamento associada ao máximo de ductilidade.
Figura 3 – Influência da temperatura de
austenitização sob a ductilidade [9]
12
Para o projeto de uma matriz como um todo, também deve ser considerado que o uso de altas
temperaturas de austenitização além de reduzir a ductilidade e a tenacidade, causando ainda
aumento do tamanho de grão. A utilização de tempos de encharque reduzidos tendem a minimizar
esses efeitos conforme mostra figura 4 [9].
Práticas adequadas de tratamento térmico, como a melhor temperatura de austenitização, irão
proporcionar uma maior ductilidade ao material, promovendo a este uma maior vida útil.
Figura 4 – Influência da temperatura de
austenitização sob o tamanho de grão [9]
13
2.1.3.2.3 - TENACIDADE
Um material tenaz permite que a matriz trabalhe com um alto índice de trincas térmicas e
tensão, sem correr o risco de ocorrer fratura frágil [9].
2.1.3.2.4 - PUREZA E HOMOGENEIDADE DA MATRIZ
Os aços para trabalho a quente, especialmente o aço H13, tem recebido contínuas melhorias
nos processos de fabricação. Melhorias que, juntamente com acordos feitos com associações como
NADCA [5] resultaram na aceitação de uso do aço H13 com qualidade premium pelo mercado de
ferramentarias. Pureza, homogeneidade e composição química estão entre os pontos mais relevantes,
diretamente relacionados com as melhorias das propriedades mecânicas do aço, resultando em um
melhor desempenho no processo de injeção.
Uma correta escolha do alinhamento de corte em relação ao fibramento da estrutura e
utilização da cavidade, pode resultar em menores esforços em uma determinada direção. Neste caso,
uma melhoria nas propriedades da seção transversal do bloco, que tende a ser inferior para materiais
convencionais, irá refletir diretamente na vida do ferramental. Uma maior pureza do aço e uma
homogeneidade microestrutural aumentam a ductilidade do aço H13.
14
2.2 - TRATAMENTO TÉRMICO
De acordo com Ribeiro [9], inclusões não metálicas (óxidos, sulfetos), carbonetos primários
e redes de carbonetos grosseiros, podem causar significativa redução na ductilidade. Já a tenacidade
é reduzida pelo tamanho de grão elevado, precipitação em contorno de grão, presença de bainita ou
perlita ao invés de martensita e presença de traços de elementos fragilizantes de revenido. Por outro
lado, inclusões não-metálicas não influenciam significativamente a tenacidade, a menos que estes
estejam alinhados ou em rede.
Em pesquisas feitas por Ribeiro [9] e em acompanhamentos em empresas feitos por Ferreira
[4], verificou-se que a baixa velocidade de resfriamento na têmpera, foi o parâmetro mais crítico
como resultado da redução da tenacidade e em algumas vezes da ductilidade.
A baixa velocidade de resfriamento, resultante do uso de equipamentos inadequados ou de
uma geometria complexa do ferramental, produz dois efeitos importantes:
Precipitação de carbonetos nos contornos de grão
Formação de bainita superior e/ou inferior
Observando o diagrama de transformação contínua da figura 5 [6], nota-se que o tempo
disponível para se evitar os problemas de precipitação e formação de bainita ficam ao redor de 10
minutos. O pequeno tempo disponível para que não ocorram tais problemas, faz com que as curvas
de resfriamento de menor velocidade, como resfriamento ao ar ou blocos de grandes seções, cruzem
as linhas críticas de precipitação de carbonetos ou formação de bainita. Desta maneira, práticas
adequadas de tratamento térmico são de fundamental importância.
15
A figura 6 [9] mostra um exemplo de redução de tenacidade devido à precipitação de
carbonetos nos contornos de grãos [9]. Nota-se que, quando não há precipitação de carbonetos, a
resiliência do material gira em torno de 40 a 80 Joules. Já quando há precipitação de carbonetos, a
resiliência decresce para em torno de 10 a 15 Joules.
Importante lembrar que, práticas inadequadas de elaboração e forjamento do aço podem
gerar precipitação de carbonetos primários. Estes, devido a sua morfologia, tem dificuldade de se
dissolver durante o tempo em que o material é austenitizado no tratamento de têmpera. A
heterogeneidade da estrutura resultante reduz a fadiga térmica.
Figura 5 – Diagrama CCT do aço para trabalho a quente AISI H13 [6]
Formação de carbonetos
Formação de bainita sup/inf
16
Conforme observou-se na figura 4, o aumento da temperatura de austenitização causa
aumento de tamanho de grão que leva à redução da dureza. Porém, não se pode, em uma prática de
tratamento térmico, apenas considerar a temperatura de austenitização, mas também o tempo à
temperatura (encharque). Considerando que as reações na temperatura de encharque ocorrem com
altas velocidades (termicamente ativadas) e visando evitar o aumento do tamanho do grão, é mais
recomendável reduzir um pouco a temperatura e aumentar o tempo, garantindo a máxima
heterogeneidade da estrutura com um mínimo de crescimento de grão.
Figura 6 – Efeito prejudicial da precipitação de carbonetos nos
contornos de grão [9]
17
Por outro lado, a medida que se aumenta a temperatura de austenitização, diminui-se a
quantidade de precipitados de carbonetos secundários na matriz por dissolução, o que faz com que a
dureza do material diminua [9] resultando em uma melhor tenacidade do material. A figura 7b [9]
mostra este efeito do percentual de carbonetos dissolvidos versus temperatura de austenitização.
Figura 7a – Efeito da temperatura de austenitização
sob a dureza no estado temperado [9]
18
Figura 7b – Efeito do percentual de carbonetos com o
aumento da temperatura de austenitização na dureza
do material [9]
19
Na figura 7a, mostrou-se que o aumento da temperatura de austenitização, quando mantido
em um tempo de encharque baixo, resulta em uma dureza maior. Já na etapa de revenimento,
observa-se na figura 8 [9] que existe efeito similar ao do aumento da dureza, em função do aumento
da temperatura, quando se realiza o revenimento até 540 °C, mostrando aqui um efeito de dureza
secundária. A medida que se aumenta a temperatura de revenimento a partir de 540 °C, a dureza do
material decresce.
Figura 8 – Efeito da temperatura de
austenitização nas curvas de revenimento [9]
20
Cabe lembrar que práticas de tratamento térmico resultam no balanço ideal entre temperatura
de austenitização, tempo de encharque e temperatura de revenimento e que, juntamente com
condições ideais do aço, como pureza e homogeneidade, é possível obter-se as melhores
propriedades mecânicas e principalmente os melhores resultados em serviço.
2.2.1 - TRATAMENTO TÉRMICO SUPERFICIAL
O tratamento de superfície permite combinar diferentes propriedades como tenacidade e
resistência a deformação plástica, de modo a satisfazer diferentes solicitações como elevada tensão
de escoamento, resistência à corrosão, desgaste e fadiga térmica. Dentre os diversos tratamentos
superficiais existentes, a nitretação se apresenta como alternativa mais econômica e de alta
eficiência [1,2,3,4,9,12,13,14,15].
2.2.1.1 - NITRETAÇÃO
A nitretação é um processo termoquímico de endurecimento superficial dos aços através da
introdução de nitrogênio atômico para o interior do reticulado cristalino [1,2,12,16]. Para que o
processo seja feito de maneira efetiva, existem três fatores básicos a saber:
1. Uma fonte de calor capaz de elevar as temperaturas à aproximadamente 500 °C
(temperatura usual de nitretação). Deve-se tomar cuidado com as temperaturas a serem
21
utilizadas na nitretação pois, conforme exposto na figura 8, utilização de temperaturas acima de
540 °C levam a redução de dureza.
2. Uma fonte de nitrogênio.
3. Aço com elementos de liga que possuem alta afinidade com o nitrogênio (cromo,
molibdênio, vanádio, alumínio) os quais favorecem a formação de nitretos.
Devido à morfologia dos nitretos, formados durante a nitretação, os aços nitretados exibem
uma superfície com alta dureza, aproximadamente 1000 HV, interessante para o incremento da
resistência à fadiga térmica assim como um aumento na resistência à corrosão [17]. Várias
propriedades físicas são melhoradas com o uso da nitretação as quais são atrativas para o uso em
engenharia, como:
Alta dureza superficial
Incremento da resistência ao desgaste
Incremento da resistência à fadiga térmica e mecânica
Incremento da resistência à corrosão
Baixa ou quase nenhuma distorção dimensional
A razão fundamental do aumento da resistência à fadiga, dos aços nitretados, deve-se ao fato
de que o processo introduz tensões residuais de compressão na superfície, além da camada nitretada
possuir elevada resistência mecânica. Com a formação da camada de compostos, por diferenças de
coeficientes de expansão térmica, e precipitados na camada de difusão através da distorção do
reticulado, são geradas tensões residuais compressivas nas camadas mais externas do material.
22
Devido a distorção do reticulado cristalino é que se tem o aumento da dureza superficial do material
[18]. Estas tensões compressivas diminuem a magnitude das tensões efetivas geradas na peça em
trabalho, aumentando assim, sua resistência à fadiga [13,19].
Müller citado por Pizzolatti em estudo feito por Edenhofer [18] também sugeriu a “Teoria do
desbloqueio do deslizamento” que assume que o nitrogênio dissolvido no reticulado e o nitrogênio
nos contornos dos grãos, eleva a rugosidade das superfícies de deslizamento do reticulado. Deste
modo tem-se um aumento no limite elástico, pois tensões mais elevadas são requeridas para iniciar o
processo de deslizamento dos planos cristalinos, ocorrendo um aumento na resistência à fadiga.
2.2.1.1.1 - NITRETAÇÃO GASOSA
O mecanismo de nitretação gasosa é resultante da decomposição da amônia de maneira a
dissociar o nitrogênio da molécula NH
3
levando-a para a superfície do aço.
O processo é realizado em uma faixa de temperatura de 500 a 590 °C de modo que ocorra a
dissolução da amônia (pelo menos 500 °C) e não ocorra nenhuma mudança de fase do aço
(temperatura máxima de 590 °C) conforme observado na figura 9 [1]. O nitrogênio na forma
atômica é produzido pela decomposição da amônia quando entra em contato com a superfície quente
do material de acordo com a reação descrita abaixo (equação 1). A figura 10 [20] faz uma
representação esquemática das reações e fenômenos da nitretação.
2NH
3
2N + 3H
2
(1)
23
Figura 9 – Diagrama Ferro-nitrogênio [1]
24
O mecanismo de quebra da amônia e a subsequente difusão do nitrogênio na superfície do
aço em direção ao núcleo, foi apresentado em estudo feito por Lerche [20], que, conforme
esquematizado na figura 10, envolve uma série de passos:
1. Transporte das moléculas de NH
3
para a zona de transição imediatamente adjacente a
superfície do componente.
2. Difusão de NH
3
através desta zona de transição.
3. Adsorção de moléculas de NH
3
pela superfície do aço.
4. Quebra catalítica das moléculas de NH
3
em moléculas de NH
2
, NH, N e H.
Figura 10 – Esquema representativo do processo de nitretação gasosa
onde (ad) = adsorvido [20]
25
5. Transporte de nitrogênio recombinado e moléculas de hidrogênio através da zona de
transição. Este nitrogênio recombinado é resultante da saturação do material, e não sendo
absorvido, será perdido juntamente com hidrogênio para a atmosfera.
6. Transporte do nitrogênio adsorvido para o aço.
7. Difusão do nitrogênio da superfície do aço em direção ao núcleo deste.
8. Nucleação localizada de nitretos γ’ e/ou ε na superfície, onde a máxima concentração de
Fe-α já tenha sido saturado.
9. Crescimento de núcleos de nitretos.
10. Formação e crescimento de fase compacta γ’.
11. Formação e crescimento de fase compacta ε.
12. Aumento da espessura da camada superficial constituída por nitretos γ’ e/ou ε.
13. Difusão do nitrogênio da interface nitreto/ Fe-α para o substrato e formação de camada de
difusão.
Para um determinado tempo de tratamento, a profundidade da camada de difusão e da zona
de compostos dependerá da velocidade de dissociação da amônia e esta depende por sua vez da
velocidade do fluxo de amônia e da temperatura da peça.
26
2.2.1.1.2 - NITRETAÇÃO IÔNICA
A nitretação iônica ou por plasma, é um processo termo-físico-químico que permite a
introdução de nitrogênio atômico na superfície do material com a conseqüente formação de nitretos
conferindo-lhes melhores propriedades mecânicas e tribológicas.
Um modelo de nitretação iônica, apresentado por Kolbel e descrito por Edenhofer [18],
envolve uma série de mecanismos descritos a seguir e apresentado esquematicamente na figura 11.
1. O processo é realizado em uma câmara sob vácuo, à pressões de 1 a 10 torr onde o material é
submetido a uma descarga elétrica de alta tensão na forma de tensão pulsada entre 200 e 1000V.
Esta tensão é aplicada entre os dois eletrodos existentes no reator e é usada para formar o
plasma, onde os íons de nitrogênio são acelerados para a superfície do material.
2. Devido a aceleração dos íons, há bombardeamento destes íons com a superfície do material,
fazendo com que o material se aqueça e haja uma limpeza da superfície e pulverização catódica
(sputtering) de átomos de Ferro.
3. Em seguida, ocorre a reação do nitrogênio atômico com o Fe pulverizado.
4. Ocorre retrodeposição de FeN. Em razão de colisões com átomos ou moléculas na fase
gasosa, parte do FeN formado é retrodepositado.
5. Decomposição de FeN metaestável em Fe
2
N – Fe
3
N com a formação da fase ε, ou até
decomposição de FeN em Fe
4
N (fase γ’).
6. Após a decomposição de FeN metaestável em Fe
2-3
N ou Fe
4
N, o nitrogênio excedente por
difusão no material forma a camada de difusão.
27
Figura 11 – Esquema representativo do processo de
nitretação por plasma [14]
28
Outro modelo proposto por Hudis [27] é baseado na produção de espécies reativas no
plasma, principalmente NHj
+
. Durante a descarga elétrica, ocorrem reações físico-químicas nos
gases que compõem o meio de reação. Assim, elétrons livres ganham energia, do campo elétrico
entre os eletrôdos, e a perdem por meio de colisões com as moléculas e átomos neutros do gás de
descarga. A transferência de energia para as moléculas e átomos leva à formação de uma variedade
de espécies reativas, incluindo átomos neutros, radicais livres, átomos e moléculas ionizadas ou
excitadas conforme descrito abaixo.
e + N
2
2e + N
2
+
e + N
2
e + N
2
*
e + N
2
e + N + N
N
2
*
+ N
2
*
N
2
+ N + N
e + H
2
2e + H
2
+
e + H
2
e + H
2
*
e + H
2
e + H + H
N + H NH
j
(j = 1,2,3...)
e + NH
j
+
2e + NH
j
+
Os íons positivos produzidos ao atingirem o cátodo, participam, entre outros, dos seguintes
eventos [23]:
Limpeza e ativação superficial através da pulverização da superfície ou sputtering
Aquecimento do substrato pelo bombardeamento de íons energéticos
Reação dos íons e espécies reativas com os átomos
Difusão do nitrogênio no substrato
29
Na interface plasma-metal ocorrem fenômenos que permitem que o nitrogênio se combine
com o ferro do substrato formando nitretos FeN, Fe
2
N, Fe
3
N e Fe
4
N.
2.2.1.1.3 - COMPOSIÇÃO DA CAMADA NITRETADA
A composição da camada nitretada é formada por duas zonas distintas como mostrado pela
figura 12 [1]:
A difusão atômica do nitrogênio no aço forma uma camada composta e próximo à esta, uma
camada de difusão [24]. Como resultado da nitretação, esta camada composta sempre estará presente
[2].
A camada composta, também chamada de camada branca, é constituída de nitretos de ferro
γ’ (Fe
4
N) quando em concentrações excedentes a 5,5% (em peso) N e não mais que 6,1% (em peso)
N e/ou ε (Fe
2,3
N) quando em concentrações acima de 7,35% (em peso) N conforme mostra figura 9
[1,3].
Zona composta
Zona de difusão
Zona de transição entre zona de
difusão e núcleo do material
Núcleo do material
Fig.12 – Zonas resultantes do processo de nitretação [1]
30
A camada branca, devido à sua morfologia, pode levar o ferramental à quebra prematura
diminuindo a vida útil do material [25]. A camada branca tem as seguintes características:
Fase ε : microconstituinte duro.
Fase γ’ : microconstituinte tenaz.
Comparando-se as estruturas da camada branca resultante dos dois processos, iônico e
gasoso, pode-se dizer que em relação ao processo gasoso, a formação desta camada é dada pela
formação das fases γ’ e ε resultando em uma camada frágil e quebradiça. Esta mistura de fases na
camada branca é devida a variação na dissociação da amônia e como conseqüência, do potencial
nitretante. A variação da taxa de dissociação pode ser explicada da seguinte forma: com a zona de
compostos se formando, a dissociação de amônia torna-se mais lenta sem a ação catalisadora da
superfície do aço. Assim, quando ambas as fases existem na camada branca, ela é denominada
camada de dupla fase (fase γ’ e fase ε). Em razão da fraca adesão entre as fases γ’ e ε e a diferença
de expansão de térmica entre elas, esta combinação faz com que o material seja mais susceptível à
fratura [13,26].
Desta forma, camadas demasiadamente espessas ou que são submetidas a variações de
temperatura em serviço estão sujeitas a falhas. Outro mecanismo de enfraquecimento na camada
branca do processo gasoso é a porosidade na superfície do material como mostrado por Czelusniak
et al [3] e Rocha [13].
Já a camada formada pelo processo iônico é constituída por uma estrutura distinta de fase γ’ ,
ou fase ε, ou ainda uma mistura de ambas as fases. A composição da camada branca depende da
mistura gasosa utilizada no processo [21,27].
31
Abaixo da camada branca, é formado uma camada de difusão constituída por nitretos
formados pela reação do nitrogênio com elementos com maior afinidade com o nitrogênio tais como
ferro, cromo, vanádio, alumínio, molibdênio [1,2,21]. A camada de difusão também dependente do
tempo e da temperatura e pode ser formada com espessuras acima de 0,16 mm. Ainda, é nesta região
que as resistências à fadiga térmica e mecânica são determinadas [1].
A zona de difusão de uma camada nitretada pode ser melhor descrita como sendo a
microestrutura original do núcleo com algumas soluções sólidas e precipitações de nitretos
[13,18,28]. Os átomos de nitrogênio encontram-se em solução sólida intersticial até que o limite de
solubilidade do nitrogênio no ferro seja excedido formando depois agulhas de Fe
4
N.
A profundidade da zona de difusão depende do gradiente de concentração de nitrogênio, do
tempo a uma dada temperatura e da composição química do material e está diretamente ligada à
quantidade de elementos de liga com afinidade com o nitrogênio no substrato. Quanto maior a
quantidade destes elementos, menor será a profundidade de camada alcançada, uma vez que a
presença destes diminui a difusão do nitrogênio em direção ao núcleo em função da rápida formação
de nitretos na superfície [15,18]. Com o aumento da concentração de nitrogênio, o limite de
solubilidade é excedido, resultando em precipitados finos de nitretos de ferro, cromo, alumínio,
molibdênio e vanádio [13] e podem ser localizados nos contornos dos grãos.
32
2.2.1.1.4 - DIFUSÃO
A ocorrência de diversos fenômenos de transporte de massa dentro de um sólido e entre
sólido-sólido, ou até mesmo entre um sólido-líquido e sólido-gás são controlados por difusão.
A difusão é um movimento de átomos, íons ou moléculas como resultado da agitação térmica
(vibração atômica) [29], sendo um processo muito rápido entre gases e líquidos, porém muito lento
entre sólidos, onde o movimento é muito restrito. Apesar disto, a difusão é a responsável pela
maioria das reações sólido-sólido.
A difusão é um processo espontâneo [25], resultando na diminuição da energia livre ou,
alternativamente, aumentando a entropia do sistema.
Para qualquer átomo ou molécula se mover de uma posição para outra da estrutura do cristal,
é preciso: a) ultrapassar a barreira de energia potencial; e b) deve haver um lugar na estrutura para
onde o átomo possa ir (figura 13) [30]. Isto requer que haja uma certa energia de ativação que
origine a vibração térmica dos átomos ou moléculas, e a presença de vazios na estrutura ou defeitos
no cristal.
Figura 13 – Energia potencial de migração dos átomos
como uma função de sua posição na rede [30]
33
A difusão através de sólido é governada pela lei de Fick (equação 3) e é conhecida com a
Primeira Lei de Fick.
J = -D (c/x) (3)
onde:
§ J é o fluxo ou densidade da corrente difusiva, ou seja, é a quantidade de material (conjunto do
número de átomos) difundindo por unidade de tempo por unidade de área perpendicular ao eixo
x;
§ A constante de proporcionalidade D é o coeficiente de difusão;
§ c é a concentração do volume dos átomos e x é a distância ao longo da direção em que ocorre a
difusão.
A figura 14 permite comparar a difusividade dos elementos carbono, nitrogênio e hidrogênio,
que são elementos intersticiais, com elementos substitucionais como Mo, Si, Cr. Pode-se observar
que os elementos intersticiais tem difusividade maior em relação aos átomos substitucionais no
Ferro-α [30]. Devido ao fato de que o elemento atômico nitrogênio ter uma alta difusividade, o
processo de nitretação se torna atrativo para formação de camadas superficiais. E, devido ao mesmo
fato de o nitrogênio possuir esta característica, o processo de reaquecimento para difusão dos
nitretos de ferro ε e γ´ formadores da camada branca propostos por Ferreira [4] e discutidos neste
estudo é por demais importante no aumento da vida útil das ferramentas para injeção de alumínio.
34
2.2.1.2 – COMPARAÇÃO ENTRE OS PROCESSOS GASOSO E IÔNICO
O processo iônico apresenta algumas vantagens com relação ao processo gasoso. A começar
pela eficiência do controle do processo que este possibilita, dando com isso, uma repetibilidade de
propriedades metalúrgicas e controle das camadas resultantes do processo [1,2,12,13,21]. O
processo iônico possibilita ainda uma grande estabilidade dimensional por trabalhar com
temperaturas mais baixas que o processo gasoso, além de resultar em um ótimo acabamento
superficial.
Figura 14 – Difusividade de solutos
intersticiais e substitucionais na ferrita [30]
35
São vantagens ainda da nitretação iônica em relação a nitretação gasosa:
Não agressão ao meio ambiente, por utilizar gases puros em câmara de vácuo. Ao contrário do
que ocorre com a nitretação gasosa que utiliza gás amônia.
Possui alta flexibilidade e fácil automação.
Possibilidade de influenciar no tipo de camada composta (γ’ ou ε).
Fácil variação nos parâmetros do processo.
Consumo reduzido de gases e energia elétrica.
Possibilidade de redução do tempo de processo: a alta concentração de nitrogênio reativo na
superfície metálica é o principal fator para a acelerada difusão deste através dos mecanismos de
difusão intercristalina juntamente e intergranular [18]. Assim é possível obter a mesma
característica superficial com um tempo reduzido [15,33].
Na nitretação gasosa, a concentração superficial de nitrogênio é estabelecida gradualmente,
primeiro em solução sólida na ferrita e então, conversão para nitretos γ’ e ε. O abundante suprimento
de nitrogênio na nitretação iônica, resulta em uma saturação muito rápida da ferrita, de tal modo que
somente alguns minutos mais tarde, camadas de nitretos são formadas em equilíbrio com o ferro
saturado [13,34]. No entanto, com o aumento das fases coerentes de nitretos na nitretação a gás, os
gradientes de concentração nos dois processos tornam-se similares. Deste modo, o comportamento
descrito para a difusão no início do processo de nitretação iônica, não pode sozinho descrever as
aceleradas taxas de difusão em comparação ao processo gasoso.
Vários estudos experimentais mostraram que outro fator importante em relação à
profundidade de penetração do nitrogênio é a taxa de difusão do nitrogênio no ferro, a qual depende
36
da temperatura e que pode ser positivamente influenciada pelas características do processo de
nitretação iônica [13].
Por ser um processo que requer um equipamento de alto investimento e ótimos
conhecimentos físico-químicos por parte dos operadores do equipamento, a nitretação iônica perde
para a nitretação gasosa em termos de custo sendo esta a única desvantagem deste processo.
37
3 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Nos tópicos seguintes serão apresentados os métodos de preparo das amostras e tratamentos
térmicos utilizados. Serão também descritos os equipamentos utilizados para realizar os ensaios de
microdureza, difratometria por raios-X e fadiga térmica.
3.1 – PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras confeccionadas para a realização de ensaio de fadiga térmica basearam-se em
estudo feito por OTT [11], conforme dimensões apresentadas na figura 15. Em um primeiro
momento, as amostras sofreram processos de usinagem, para depois sofrerem tratamento térmico de
têmpera e revenimento. Após este tratamento, as amostras foram polidas em retífica para que seu
acabamento superficial buscasse simular condição superficial idêntica aos moldes e matrizes para
injeção de alumínio. Possíveis rugosidades existentes, caso não seja feito o polimento, provocam o
surgimento de microtrincas durante o processo de nitretação.
A partir destas amostras foram realizados todos os demais ensaios os quais serão descritos a
seguir.
38
Fig.15 – Dimensões do corpo de prova para ensaio de fadiga térmica [11]
3.2 – TRATAMENTO TÉRMICO DE TÊMPERA E REVENIMENTO
O processo de tratamento de têmpera e revenido foram realizados conforme parâmetros
definidos de acordo com NADCA [1] e descritos abaixo:
1. Pré aquecimentos à 850, 950 °C durante 60 minutos
2. Austenitização à 1050 °C durante 15 minutos
3. Revenimentos à 590 ± 10 °C durante 120 minutos, de modo a obter-se dureza dentro da
faixa de 44 a 48 HRC.
Foi utilizado neste estudo a faixa de dureza de 44 a 48 HRC, por ser a faixa utilizada
comercialmente e exigida pelas indústrias injetoras de alumínio, bem como pela NADCA [5]. Foi
obtido dureza de 45 ± 1 HRC.
39
3.3 – NITRETAÇÃO GASOSA
Para o processo de nitretação gasosa, as amostras foram primeiramente limpas com
desengraxante vegetal específico para esta finalidade e em seguida tratadas sob uma atmosfera
gasosa de NH
3
+ N
2
a uma temperatura de 500 ± 10 °C durante 4, 8 e 12 horas com uma mistura
gasosa de aproximadamente de 75% de NH
3
e 25% de N
2
. A mistura gasosa trabalhada neste etapa
do estudo, é a utilizada pelo tratamento térmico da SOCIESC-Serviços Industriais – Joinville/SC e
medida através de padrões próprios.
O gás N
2
utilizado aqui tem a finalidade de reduzir a atmosfera oxidante existente no forno.
Após o resfriamento, algumas amostras foram reaquecidas à temperaturas de 500, 530 e 560
°C durante 2 e 4 horas em forno de circulação de ar forçado do tipo poço, para ocorrer a difusão do
nitrogênio com a conseqüente dissolução da camada branca.
A temperatura de 500 ± 10 °C foi selecionada a partir de experiências práticas utilizadas em
processo na SOCIESC-Serviços Industriais – Joinville/SC onde apresentaram, para os aços
ferramentas, nenhuma variação dimensional.
3.4 – NITRETAÇÃO POR PLASMA
Para o processo de nitretação por plasma, as amostras foram tratadas em uma atmosfera
gasosa de N
2
+ H
2
em diferentes misturas gasosas, listadas a seguir, a uma temperatura de 500 °C
durante 4 horas. O tempo escolhido foi determinado em função dos resultados obtidos na nitretação
gasosa onde obteve-se os melhores resultados com tempos de nitretação de 4 horas.
40
As amostras foram limpas sob vibração por ultra-som em banho de acetona por cerca de 20
minutos antes destas serem colocadas no reator.
Durante o processamento, os parâmetros de tensão e corrente foram variados dependendo das
misturas gasosas utilizadas, concentrando-se entre 400-600 V e 500-1500 mA respectivamente. A
pressão utilizada em todas as misturas foi de 3,6 torr.
Após a nitretação, o resfriamento foi realizado dentro do reator e posteriormente as amostras foram
reaquecidas à temperatura de 500 °C durante 2 horas em forno tipo poço com circulação de ar
forçado para dissolução de camada branca.
Os parâmetros determinados na nitretação iônica partiram dos melhores resultados obtidos na
nitretação gasosa para fins comparativos.
As misturas gasosas utilizadas foram as seguintes:
Mistura gasosa – 10% N
2
+ 90% H
2
Tempo - 4h
Mistura gasosa – 5% N
2
+ 95% H
2
Tempo - 4h
Mistura gasosa – 25% N
2
+ 75% H
2
Tempo - 4h
O equipamento utilizado para a nitretação iônica é mostrado na figura 16.
As composições das misturas gasosas foram determinadas para que houvesse a ocorrência de
maior de camada branca com maior % N
2
e menor camada com maior % H
2
. Júnior et al [14] e
41
Rocha et al [23] em seus estudos, utilizaram misturas semelhantes a fim de obterem os mesmos fins
que neste estudo, a presença de camada branca ou não.
Fig.16 – Esquema representativo do
equipamento de nitretação por plasma
42
3.5 – ANÁLISE METALOGRÁFICA, PERFIL DE MICRODUREZA E DIFRAÇÃO POR
RAIOS-X
Para as análises metalográfica, medição de perfil de microdureza e profundidade de camada,
as amostras foram inicialmente preparadas com lixas 120, 320, 600 e 15 µm, respectivamente,
seguido de polimento com pasta de diamante 1 µm. Devido à dureza das amostras, principalmente
da camada nitretada, ocorreu abaulamento da superfície durante o polimento das amostras.
As amostras para o ensaio de difração por raios-X foram preparadas conforme metodologia
própria para este ensaio e realizados no laboratório de microscopia do LabMat da UFSC.
A medição do perfil de dureza foi feita utilizando-se o microdurômetro Leitz e carga de 300
gf, seguindo norma técnica ASTM E384-04 [37]. A carga utilizada foi para que os erros de medição
fossem os menores possíveis sendo feitos uma média de 05 medidas com uma variação de 0,5-1%.
A determinação da profundidade de camada e análise metalográfica foi realizada utilizando-
se microscópio óptico Leitz e microscópio eletrônico de varredura LEO 400.
Para a realização de difratometria por raios X, foi utilizado difratômetro Phillips X’Pert
MPD.
43
3.6 – ENSAIO DE FADIGA TÉRMICA
As amostras para ensaio de fadiga térmica foram dispostas em aparato próprio (figuras 17a e
17b) sugerido por OTT [11].
Este aparato é formado por um cilindro metálico que sustenta o corpo de prova verticalmente
de forma que possa ter sua face usinada aquecida e a outra face resfriada.
Os corpos de prova foram submetidos a gradientes de temperatura que variavam de 50 à
500 °C. Estas temperaturas de ensaio foram determinadas em função das utilizadas normalmente em
moldes para injeção de alumínio, buscando assim, reproduzir-se o mais próximo possível a realidade
industrial.
O teste consistiu em aquecer a face usinada do corpo de prova por uma chama proveniente
da queima de GLP misturado a oxigênio até a temperatura de 500 °C. Neste momento era ligada a
água na face oposta de maneira a resfriar-se a amostra. Durante o resfriamento o aquecimento pela
chama não era suspenso. A taxa de resfriamento utilizada neste estudo foi de 90 °C/segundo.
As temperaturas eram medidas por termoelemento de contato do tipo k na superfície
resfriada de cada corpo de prova próximo à região central.
O teste era interrompido quando surgia na face aquecida uma trinca que unia os dois rebaixos
circulares a qual podia ser vista a olho nu.
Cada fase de resfriamento, era contado como sendo 01 (um) ciclo térmico.
44
Figura 17b – Equipamento utilizado para o
ensaio de fadiga térmica
Maçarico
Face
frontal
Amostra
Face posterior
Água
Termoelemento
Controlador de
T°C
Suporte
cilíndrico
Figura 17a – Esquema representativo do
equipamento utilizado para o ensaio de fadiga
térmica
45
Foi utilizado neste estudo o método desenvolvido por OTT [11] na sua tese de mestrado.
Para o ensaio de fadiga térmica, foram utilizadas, para cada condição avaliada, 05 (cinco)
amostras o que garantiu a repetibilidade dos ensaios.
46
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo, serão apresentados os resultados obtidos nos ensaios de fadiga térmica, perfil
de microdureza, profundidade de camada, difratometria por raios X e microscopia, e os mesmos
serão discutidos. Em um primeiro momento, serão discutidos os perfis de microdureza e
profundidade de camada, seguidos dos resultados de difratometria e finalmente os resultados de
fadiga térmica.
4.1 – CARACTERIZAÇÃO DA CAMADA NITRETADA
4.1.1 – NITRETAÇÃO GASOSA
As figuras 18 e 19 mostram as micrografias das amostras nitretadas pelo processo gasoso
por 4 h a 500 °C sem reaquecimento. Já a figura 20 mostra a micrografia da amostra nitretada pelo
mesmo processo, porém com reaquecimento por 2 h a 500 °C e a figura 21 mostra o perfil de
microdureza das camadas nitretadas deste processo .
Figura 18 – Microestrutura resultante do processo de
nitretação gasosa por 4 h a 500 °C sem reaquecimento
53 um
47
21 um
Figura 19 – Microestrutura resultante do processo de
nitretação gasosa por 4 h a 500 °C sem reaquecimento
Nitretos precipitados
Figura 20 – Microestrutura resultante do processo de nitretação
gasosa por 4 h a 500 °C com reaquecimento de 2 h a 500 °C
43 um
48
As figuras 22 a 24 mostram o perfil de microdureza e as micrografias da camada nitretada
para as amostras nitretadas sob processo gasoso durante 8 h.
Figura 21 – Perfil de microdureza e profundidade de
camada nitretada pelo processo gasoso por 4 h.
Nitretação Gasosa 4 hs - Perfil de Microdureza
0
200
400
600
800
1000
1200
20
40
60
100
140
Núcleo
Profundidade de Camada (µµm)
Microdureza Vickers
(HV 0,3)
Reaquecimento 500 °C 2 hs
Reaquecimento 530 °C 2 hs
Reaquecimento 560 °C 2 hs
Reaquecimento 500 °C 4 hs
Reaquecimento 530 °C 4 hs
Reaquecimento 560 °C 4 hs
Sem reaquecimento
Profundidade de camada
Figura 22 - Perfil de microdureza e profundidade de
camada nitretada pelo processo gasoso por 8 h.
Nitretação Gasosa 8 hs - Perfil de Microdureza
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
20
40
60
100
140
Núcleo
Profundidade de Camada (µµm)
Microdureza Vickers
(HV 0,3)
Reaquecimento 500 °C 2 hs
Reaquecimento 530 °C 2 hs
Reaquecimento 560 °C 2 hs
Reaquecimento 500 °C 4 hs
Reaquecimento 530 °C 4 hs
Reaquecimento 560 °C 4 hs
Sem reaquecimento
Profundidade de camada
49
53 um
Figura 23 – Microestrutura resultante do processo de
nitretação gasosa por 8 h a 500 °C sem reaquecimento
53 um
Figura 24 – Microestrutura resultante do processo de nitretação
gasosa por 8 h a 500 °C com reaquecimento de 2 h a 500 °C
Nitretos precipitados
50
As figuras 25 a 27 mostram as micrografias e o perfil de microdureza da camada nitretada
para as amostras nitretadas sob processo gasoso durante 12 h.
Figura 25 – Microestrutura resultante do processo de
nitretação gasosa por 12 h a 500 °C sem reaquecimento
53 um
21 um
Figura 26 – Microestrutura resultante do processo de nitretação
gasosa por 12 h a 500 °C com reaquecimento de 2 h a 500 °C
Nitretos precipitados
51
O critério de espessura de camada nitretada foi definido para uma profundidade com um
aumento de 50% da dureza do núcleo. No caso presente, como o núcleo tem 400 HV, a
profundidade da camada resulta em 600 HV.
Os perfis de microdureza e as micrografias de camada obtida no processo de nitretação
gasosa mostram que as espessuras da camada são em torno de 100-140 µm.
Ao contrário do que se imaginava, o aumento do tempo de nitretação não faz com que haja
aumento da espessura da camada nitretada e sim, apenas aumento da espessura da camada branca e
leve aumento de dureza superficial. Este resultado é atribuído ao alto teor de cromo, molibdênio e
vanádio contidos no aço os quais, devido a alta afinidade destes com o nitrogênio, formam nitretos
estáveis, dificultando a difusão do nitrogênio. As espessuras da camada branca variaram entre 1-2
µm conforme aumenta o tempo de processo (vide tabela 1).
Figura 27 - Perfil de microdureza e profundidade de
camada nitretada pelo processo gasoso por 12 h.
Nitretação Gasosa 12 hs - Perfil de Microdureza
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
20 40 60 100 140 Núcleo
Profundidade de Camada (µµm)
Microdureza Vickers
(HV 0,3)
Reaquecimento 500 °C 2 hs
Reaquecimento 530 °C 2 hs
Reaquecimento 560 °C 2 hs
Reaquecimento 500 °C 4 hs
Reaquecimento 530 °C 4 hs
Reaquecimento 560 °C 4 hs
Sem reaquecimento
Profundidade de camada
52
A partir das figuras 18 a 20, 23 a 26 foi observado que a camada nitretada é da ordem de 100
a 140 µm. No entanto, se o tempo de processo não é fator determinante para o aumento da camada
nitretada, é possível observar que o aumento deste tempo acarreta precipitação de nitretos nos
contornos de grãos. A precipitação é tanto maior quanto maior é o tempo de processo em função do
maior contato com o nitrogênio da mistura, resultados também observados por Karamis [35] e
Dashfield [36]. Como será visto nos resultados de fadiga térmica, esta maior ou menor precipitação
foi fator importantíssimo.
Tabela 1 – Resultados de espessura de camada branca em material nitretado sob processo gasoso.
Ciclo térmico
Espessura de Camada Branca (µm)
Reaquecimento 2h 500 °C – 4h nitretação <1
Reaquecimento 2h 530 °C – 4h nitretação <1
Reaquecimento 2h 560 °C – 4h nitretação <1
Reaquecimento 4h 500 °C – 4h nitretação <1
Reaquecimento 4h 530 °C – 4h nitretação <1
Reaquecimento 4h 560 °C – 4h nitretação <1
Sem reaquecimento – 4 h nitretação 1
Reaquecimento 2h 500 °C – 8h nitretação <1
Reaquecimento 2h 530 °C – 8h nitretação <1
Reaquecimento 2h 560 °C – 8h nitretação <1
Reaquecimento 4h 500 °C – 8h nitretação <1
Reaquecimento 4h 530 °C – 8h nitretação <1
Reaquecimento 4h 560 °C – 8h nitretação <1
Sem reaquecimento – 8 h nitretação 2
Reaquecimento 2h 500 °C – 12h nitretação 2
Reaquecimento 2h 530 °C – 12h nitretação 2
Reaquecimento 2h 560 °C – 12h nitretação <1
Reaquecimento 4h 500 °C – 12h nitretação 2
Reaquecimento 4h 530 °C – 12h nitretação <1
Reaquecimento 4h 560 °C – 12h nitretação <1
Sem reaquecimento – 12 h nitretação 2
53
Da tabela 1 pode-se observar que para o processo de nitretação de 4 h, é observado que a
camada branca fica em torno de 1 µm e que com qualquer tempo e temperatura de reaquecimento,
esta camada branca é sempre menor do que 1 µm. Efeito similar é observado na nitretação de 8 h a
exceção do ciclo sem reaquecimento onde se obteve uma camada de 2 µm. Para as amostras
nitretadas por 12 h, é observado que a camada branca é menor do que 1 µm somente para a
temperaturas de reaquecimento a 560 °C por 2 h e a 530 °C ou mais, com 4 h onde a dissolução
desta camada se dá em função de um dado tempo e temperatura maiores.
As figuras 28 a 33 mostram os difratogramas para as amostras nitretadas sob processo gasoso
com e sem reaquecimento.
Figura 28 – Difratograma do processo de nitretação gasosa de 4 h sem
reaquecimento.
Fe
α
/ Fe
2,3
N (ε) / Fe
4
N (γ’)
Fe
α
Fe
α
Fe
2,3
N (ε)
/ Fe
4
N (γ’)
Fe
2
O
3
Fe
2,3
N (ε)
/ Fe
4
N (γ’)
Contagem
2θ
54
Figura 30 – Difratograma do processo de nitretação gasosa de 8 h
sem reaquecimento.
Fe
2,3
N (ε)
Fe
α
Fe
2,3
N (ε)
Fe
2
O
3
Fe
2,3
N (ε)
/ Fe
4
N (γ’)
Fe
α
Fe
4
N (γ’)
Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Fe
4
N (γ’)
Fe
α
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Contagem
2θ
Figura 29 – Difratograma do processo de nitretação gasosa de 4 h
com reaquecimento de 2 h a 500 °C.
Fe
α
Fe
α
Fe
α
Fe
2
O
3
/
Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
2,3
N (ε)/
Fe
4
N (γ’)
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Contagem
2θ
Fe
2,3
N (ε)/
Fe
4
N (γ’)
55
Fe
2,3
N (ε)
Fe
α
Fe
2,3
N (ε)
Fe
2,3
N (ε) /
Fe
4
N (γ’)
Fe
α
Fe
4
N (γ’)
Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
4
N (γ’)
Fe
α
Fe
2,3
N (ε) Fe
4
N (γ’)
Fe
2
O
3
/ Fe
3
O
4
Figura 31 – Difratograma do processo de nitretação gasosa de 8 h
com reaquecimento de 2 h a 500 °C.
Fe
2
O
3
Contagem
2θ
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Fe
2,3
N (ε)
Fe
α
Fe
2,3
N (ε) /
Fe
4
N (γ’)
Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
4
N (γ’)
Fe
2,3
N (ε) / Fe
4
N (γ’)
Fe
2
O
3
/ Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Figura 32 – Difratograma do processo de nitretação gasosa de 12 h
sem reaquecimento.
Contagem
2θ
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
56
É observado nas figuras apresentadas acima que o reaquecimento para dissolução dos
nitretos de ferro ε e γ’ é efetivo. Verifica-se que há ainda uma pequena quantidade destes nitretos
quando o material é nitretado por 8 e 12 h, devido ao tempo de processo e à saturação de nitrogênio
na superfície do material serem maiores. Foi observado também que, à medida que o tempo de
reaquecimento aumenta, a intensidade dos picos de nitretos diminui. Este resultado está coerente
com a diminuição da camada branca observado na tabela 1 em função do aumento do tempo de
reaquecimento. Já no processo de nitretação durante 4 h a formação destes nitretos foi praticamente
inexistente, fato este que, como se verá mais adiante, apresentou uma resposta superior no ensaio de
fadiga térmica.
A presença de óxidos de ferro Fe
2
O
3
e Fe
3
O
4
nas amostras, se deve ao tipo de forno utilizado
para o reaquecimento. Nesta fase de reaquecimento foi utilizado forno do tipo poço com circulação
de ar forçada, sem proteção da atmosfera, portanto, o contato com o oxigênio do ar era inevitável.
Fe
2,3
N (ε)
Fe
α
Fe
2,3
N (ε) /
Fe
4
N (γ’)
Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
4
N (γ’)
Fe
2,3
N (ε)
Fe
2
O
3
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Fe
α
Fe
4
N (γ’)
Fe
α
Fe
2
O
3
Figura 33 – Difratograma do processo de nitretação gasosa de 12 h com
reaquecimento de 2 h 500 °C.
Contagem
2θ
Fe
3
O
4
57
Nas amostras que não sofreram reaquecimento, nota-se também a presença de oxidação, fato
este que pode ser atribuído ao forno de nitretação gasosa que apresentou falhas de vedação e
também por não ter uma atmosfera sob vácuo como acontece na nitretação por plasma; mesmo que
se use nitrogênio líquido juntamente à amônia no processo para reduzir a oxidação, o contato com o
oxigênio é inevitável.
Segundo Ribeiro [9], a presença de oxidação interna ou externa tem influência na resistência
à fadiga térmica do material. Por não ter sido objeto de estudo neste trabalho, não se avaliou esta
influência devendo a mesma constituir sugestão para trabalhos futuros.
4.1.2 – NITRETAÇÃO POR PLASMA
As figuras 34 a 41 mostram as micrografias e as figuras 40 e 41 o perfil de microdureza da
camada nitretada para as amostras nitretadas por plasma durante 4 h.
21 um
Figura 34 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por
plasma 5% N
2
+ 95% H
2
a 500 °C por 4 h sem reaquecimento
58
21 um
Figura 35 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por
plasma 5% N
2
+ 95% H
2
a 500 °C por 4 h com reaquecimento por
2 h a 500 °c
21 um
Figura 36 – Microestrutura resultante do processo de
nitretação por plasma 10% N
2
+ 90% H
2
a 500 °C por 4 h sem
reaquecimento
59
21 um
Figura 37 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por
plasma 10% N
2
+ 90% H
2
a 500 °C por 4 h com reaquecimento por
2 h A 500 °c
21 um
Figura 38 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por
plasma 25% N
2
+ 75% H
2
a 500 °C por 4 h sem reaquecimento
Nitretos precipitados
60
Nitretação por Plasma sem Reaquecimento
Perfil de Microdureza
0
200
400
600
800
1000
1200
5
10
20
30
40
50
70
90
Núcleo
Profundidade de Camada (µµm)
Microdureza Vickers
(HV 0,3)
5% N2 + 95% H2
10% N2 + 90% H2
25% N2 + 75% H2
Figura 40 - Perfil de microdureza e profundidade de camada nitretada
pelo processo iônico por 4 h sem reaquecimento para difusão de
nitretos
Profundidade de camada
21 um
Figura 39 – Microestrutura resultante do processo de nitretação por plasma
25% N
2
+ 75% H
2
a 500 °C por 4 h com reaquecimento por 2 h a 500 °C
61
As figuras 40 e 41 respectivas ao processo de nitretação por plasma sem e com
reaquecimento, respectivamente, mostram que, à medida que a quantidade de nitrogênio da mistura
gasosa aumenta, maior é a espessura da camada variando entre 30-90 µm. Valem aqui, os mesmos
critérios adotados no processo gasoso, já explicados anteriormente.
Neste estudo não foram avaliados tempos diferentes de processamento, como no processo
gasoso, de modo a mostrar a saturação de nitrogênio na camada. Entretanto, a caracterização das
amostras nitretadas em diferentes misturas gasosas mostraram que, de acordo com a tabela 2, a
espessura de camada branca chegou a 4 µm quando foi utilizado a mistura de 25% N
2
+ 75% H
2
.
Observa-se que a quantidade de nitretos ε e γ’ são diretamente influenciados pela quantidade de
nitrogênio promovida na mistura.
Nitretação por Plasma com Reaquecimento
Perfil de Microdureza
0
200
400
600
800
1000
1200
5
10
20
30
40
50
70
90
Núcleo
Profundidade de Camada (µµm)
Microdureza Vickers
(HV 0,3)
5% N2 + 95% H2
10% N2 + 90% H2
25% N2 + 75% H2
Figura 41 - Perfil de microdureza e profundidade de camada nitretada
pelo processo iônico por 4 h com reaquecimento para difusão de
nitretos
Profundidade de camada
62
As micrografias das figuras 34 a 39, mostram as espessuras de camada nitretada obtidas bem
como a microestrutura resultante.
Karamis [35] e Dashfield [36] apresentam em seus estudos que a nitretação por plasma seria
uma alternativa para se evitar a precipitação de nitretos em contornos de grãos. Observa-se, no
entanto, no âmbito deste trabalho, que isto somente ocorreu para as misturas de 5 e 10 % N
2
, não
ocorrendo para a mistura de 25% N
2
, onde houve precipitação. De onde pode-se concluir que a
precipitação é diretamente influenciada pelo teor de nitrogênio na mistura gasosa.
Ainda, as diferentes misturas gasosas resultam em durezas superficiais entre 600-1000 HV
de modo que à medida que a quantidade de nitrogênio aumenta, a dureza superficial também. Da
mesma maneira que no processo gasoso, o reaquecimento do material faz com que a dureza
superficial do material diminua, devido à difusão dos nitretos de ferro, variando entre 500-900 HV.
De acordo com os difratogramas apresentados nas figuras 42 a 47 a camada branca do
processo iônico para as misturas gasosas contendo 5% N
2
+ 95% H
2
e 10% N
2
+ 90% H
2
é
composta apenas pelos nitreto de ferro ε e a mistura gasosa contendo 25% N
2
+ 75% H
2
é
composta pelos nitretos de ferro γ’ e ε.
Tabela 2 - Resultados de espessura de camada branca em material nitretado sob processo iônico.
Mistura
Gasosa
Tempo
(horas)
Profundidade de camada branca
sem reaquecimento (µm)
Profundidade de camada branca
com reaquecimento (µm)
5% N
2
4 < 1 0
10% N
2
4 < 1 < 1
25% N
2
4 2 – 4 < 1
63
As figuras 42 a 47 mostram os difratogramas para as amostras nitretadas sob processo iônico
com e sem reaquecimento.
Figura 42 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 h
sem reaquecimento utilizando mistura gasosa de 5% N
2
+ 95% H
2
.
Fe
2,3
N (ε)
Fe
α
Fe
α
Fe
α
Contagem
2θ
Figura 43 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 h com
reaquecimento de 2 h utilizando mistura gasosa de 5% N
2
+ 95% H
2
.
Fe
2
O
3
/Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Fe
2,3
N (ε)
Fe
α
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Fe
2,3
N (ε)
Fe
α
Contagem
2θ
Fe
3
O
4
64
Fe
3
O
4
Figura 44 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 h sem
reaquecimento utilizando mistura gasosa de 10% N
2
+ 90% H
2
.
Fe
2,3
N (ε)
Fe
α
Fe
α
Fe
2,3
N (ε)
Fe
2,3
N (ε)
Contagem
2θ
Figura 45 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 h com
reaquecimento de 2 h utilizando mistura gasosa de 10% N
2
+ 90% H
2
.
Fe
α
Fe
α
Fe
α
Fe
2,3
N (ε)
Fe
2,3
N (ε)
Fe
2
O
3
/ Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
3
O
4
Contagem
2θ
65
Figura 46 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 h sem
reaquecimento utilizando mistura gasosa de 25% N
2
+ 75% H
2
.
Fe
2,3
N (ε) /
Fe
4
N (γ’)
Fe
2,3
N (ε)
Fe
4
N (γ’) Fe
4
N (γ’)
Fe
4
N (γ’)Fe
2,3
N (ε)
Fe
2,3
N (ε)
Fe
4
N (γ’)
Fe
α
Fe
α
Contagem
2θ
Fe
2,3
N (ε)
Fe
α
Fe
2
O
3
/ Fe
3
O
4
Fe
2,3
N (ε)
Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Fe
2
O
3
Fe
α
Fe
α
Fe
3
O
4
Fe
2
O
3
Figura 47 – Difratograma do processo de nitretação por plasma de 4 h com
reaquecimento utilizando mistura gasosa de 25% N
2
+ 75% H
2
.
Contagem
2θ
66
Como pôde ser observado na figura 42, no processo de nitretação iônica com mistura gasosa
de 5% N
2
+ 95% H
2
, são formados apenas nitretos de ferro ε. Com o reaquecimento do material, há
a dissolução quase total destes nitretos conforme observado pela redução da intensidade dos picos
(vide figura 43).
Para as amostras nitretadas com uma mistura de 10% N
2
+ 90% H
2
há a presença, como na
mistura de 5% N
2
+ 95% H
2
, de nitretos de ferro ε em uma quantidade maior (vide figura 44). Da
mesma maneira, o reaquecimento faz com que haja uma dissolução quase total destes nitretos
conforme figuras 37 e 45.
Já para as amostras nitretadas com uma mistura gasosa de 25% N
2
+ 75% H
2
, é observado a
presença não somente nitretos ε, mas também de nitretos de ferro γ’ (vide figura 46). Com o
reaquecimento das amostras, notou-se que houve uma dissolução total dos nitretos de ferro γ’ e uma
dissolução parcial dos nitretos ε (vide figura 47).
Com base no exposto acima pode-se concluir que:
A medida que a quantidade de nitrogênio vai aumentando na mistura gasosa, há o surgimento de
nitretos de ferro γ’.
É observado na nitretação por plasma com mistura gasosa de 25% N
2
+ 75% H
2
que os nitretos
Fe
2-3
N após o reaquecimento não são dissolvidos em sua totalidade. Por outro lado, os nitretos
Fe
4
N são totalmente dissolvidos. Este fato pode ser atribuído à maior quantidade de nitrogênio
existente na fase ε em relação a fase γ’.
O aparecimento de óxidos de ferro nas amostras se deve ao fato do processo de
reaquecimento ter sido feito em forno do tipo poço com circulação ocorrendo contato com oxigênio
do ar como já discutido para o processo gasoso.
67
Em resumo, é observado que:
Há uma maior dureza superficial na nitretação gasosa do que no processo iônico.
Há uma maior camada branca no processo gasoso do que no processo iônico.
Há uma precipitação de nitretos nos contornos dos grãos na nitretação gasosa sendo observada
mesmo após o reaquecimento, enquanto que na nitretação por plasma, esta não é mais observada
após o reaquecimento.
4.2 - FADIGA TÉRMICA
As figuras 48 a 50 mostram os resultados de fadiga térmica para as amostras nitretadas no
processo gasoso.
Fadiga Térmica - Nitretação Gasosa de 4 hs
0
50
100
150
200
Reaquecimento 500
°C 2 hs
Reaquecimento 530
°C 2 hs
Reaquecimento 560
°C 2 hs
Reaquecimento 500
°C 4 hs
Reaquecimento 530
°C 4 hs
Reaquecimento 560
°C 4 hs
Sem reaquecimento
Temperado/Revenido
Nº Ciclos
N° ciclos mínimo
N° ciclos máximo
Média ciclos
Figura 48 – Fadiga térmica do ciclo de nitretação gasosa por 4 h.
68
Fadiga Térmica - Nitretação Gasosa por 8 hs
0
50
100
150
200
Reaquecimento 500
°C 2 hs
Reaquecimento 530
°C 2 hs
Reaquecimento 560
°C 2 hs
Reaquecimento 500
°C 4 hs
Reaquecimento 530
°C 4 hs
Reaquecimento 560
°C 4 hs
Sem reaquecimento
Temperado/Revenido
Nº Ciclos
N° ciclos mínimo
N° ciclos máximo
Média ciclos
Figura 49 – Fadiga térmica do ciclo de nitretação gasosa por 8 h.
Fadiga Térmica - Nitretação Gasosa por 12 hs
0
50
100
150
200
Reaquecimento 500
°C 2 hs
Reaquecimento 530
°C 2 hs
Reaquecimento 560
°C 2 hs
Reaquecimento 500
°C 4 hs
Reaquecimento 530
°C 4 hs
Reaquecimento 560
°C 4 hs
Sem reaquecimento
Temperado/Revenido
Nº Ciclos
N° ciclos mínimo
N° ciclos máximo
Média ciclos
Figura 50 – Fadiga térmica do ciclo de nitretação gasosa por 12 h.
69
De acordo com os resultados apresentados nas figuras 48, 49 e 50 observou-se que:
Os resultados dos ensaios de fadiga térmica para o ciclo de 4 h da nitretação gasosa
(figura 48) mostraram que há uma tendência em melhorias nos resultados de fadiga para
as amostras nitretadas e com reaquecimento quando comparadas com as amostras
somente temperadas e revenidas. Como visto na figura 28, o processo de reaquecimento
difundiu os nitretos de ferro formadores da camada branca onde, por conseguinte, a
resistência à fadiga térmica apresentou tendência de melhoria conforme mostrado na
figura 48.
Para as amostras nitretadas com o ciclo de 8 h pelo processo gasoso (figura 48), para
todos os ciclos estudados, nenhum apresentou melhor desempenho em relação ao
material somente temperado e revenido, mesmo após o reaquecimento para difusão dos
nitretos, não houve melhora dos resultados de fadiga térmica. Este resultado mostra que
quanto maior o tempo de processo, maior é a quantidade de nitrogênio saturado na
superfície do material sendo então, maior a quantidade de nitretos de ferro ε e γ
precipitados (figuras 29 e 30).
As amostras nitretadas pelo ciclo de 12 h também apresentaram resultados de fadiga
térmica inferiores com relação ao material somente temperado e revenido.
Tanto para as amostras nitretadas com 8 h ou 12 h, nem mesmo o reaquecimento para
difusão dos nitretos de ferro ε e γ’ foi capaz de eliminar estes nitretos e melhorar os
resultados de fadiga térmica.
70
Observa-se na figura 48 uma certa dispersão dos resultados apresentados para o ciclo de
nitretação gasosa de 4 h. Esta dispersão é devida à quantidade heterogênea de nitretos precipitados
nos contornos dos grãos conforme visto nas figuras 19 e 20. Observa-se que, a figura 49 também
mostra uma pequena dispersão de alguns resultados para o ciclo de nitretação de 8 h devido ao
mesmo motivo apresentado no processo de 4 h, onde há ainda pequena heterogeneidade de
precipitação de nitretos. Para o ciclo de nitretação de 12 h (vide figuras 22, 23 e 50), há uma
pequena heterogeneidade dos resultados a qual está, praticamente, passando para uma condição
homogênea. Esta melhora nos resultados é devida a uma homogeneidade maior da precipitação de
nitretos em relação aos demais ciclos. Com base no exposto, a figura 51 tentar representar de forma
esquemática, esta distribuição de precipitados de nitretos nos contornos dos grãos
Vê-se portanto, que o fator tempo é o responsável por um melhor ou pior resultado de fadiga
térmica devido a uma maior ou menor precipitação de nitretos nos contornos dos grãos, facilitando
assim, uma melhor propagação de trincas.
4 h 8 h 12 h
Precipitação de nitretos
Figura 51 – Representação esquemática da quantidade de precipitados
nos contornos dos grãos em função do tempo de processo
71
As figuras 52 e 53 mostram os resultados da resistência a fadiga térmica para as amostras
nitretadas pelo processo iônico.
Fadiga Térmica
Nitretação por Plasma com Reaquecimento
0
50
100
150
200
250
300
5% N2 + 95% H2
10% N2 + 90% H2
25% N2 + 75% H2
Temperado/Revenido
Nº Ciclos
N° ciclos mínimo
N° ciclos máximo
Média ciclos
Tempo de processo de
nitretação: 4 hs
Tempo de processo de
reaquecimento: 2 hs
Figura 53 – Fadiga térmica do ciclo de nitretação por plasma por 4 h com
reaquecimento a 500 °C por 2 h.
Fadiga Térmica
Nitretação por Plasma Sem Reaquecimento
0
50
100
150
200
250
300
5% N2 + 95% H2
10% N2 + 90% H2
25% N2 + 75% H2
Temperado/Revenido
N° Ciclos
N° ciclos mínimo
N° ciclos máximo
Média ciclos
Tempo de processo de nitretação:
4 hs
Figura 52 – Fadiga térmica do ciclo de nitretação por plasma por 4 h sem
reaquecimento.
72
No processo de nitretação por plasma sem reaquecimento, observa-se que os ciclos com
mistura gasosa de menor quantidade de nitrogênio apresentaram os melhores resultados, não
observando-se grandes diferenças entre o ciclo de 5% N
2
+ 95% H
2
e o com de 10% N
2
+ 90% H
2
.
Para todas as misturas gasosas utilizadas, obteve-se resultados superiores de resistência à fadiga
térmica com relação ao material temperado e revenido. Segundo Edenhofer [18], uma mistura de
fases leva a resultados inferiores de propriedades mecânicas o que pode-se confirmar neste estudo,
uma vez que a mistura gasosa de 25% N
2
+ 75% H
2
apresentou nitretos de ferro ε e γ’ (figura 46).
Já com o reaquecimento para difusão dos nitretos de ferro ε e γ’, as amostras apresentaram
resultados superiores (vide figura 53) não somente em relação ao material temperado e revenido,
mas também em relação aos materiais que não sofreram reaquecimento (figura 52). Quando
comparado com o material temperado e revenido, há um ganho de pelo menos 70 ciclos térmicos. O
difratograma representado pela figura 43 e a figura 35 mostram que o reaquecimento diluiu em sua
quase totalidade os nitretos de ferro ε e os nitretos formadores da camada nitretada na mistura de 5%
N
2
+ 95% H
2
o que levou à mistura de 10% N
2
+ 90% H
2
a ter os melhores resultados de fadiga
térmica (figura 53). Os resultados mostram que há uma quantidade ideal de nitrogênio na mistura de
maneira a não se obter a presença simultânea de fases (ε e γ’) fazendo com que se obtenha a máxima
resistência à fadiga térmica.
Com base nos dados expostos, observa-se que, a resistência à fadiga térmica do aço AISI
H13 quando nitretado ionicamente é maior que quando nitretado pelo processo gasoso. Isto se deve
ao fato de a quantidade de nitrogênio reativo ofertada no processo gasoso, por unidade de tempo, ter
sido maior principalmente considerando a pressão de trabalho. Desta forma, ocorre provavelmente
uma maior precipitação de nitretos de vanádio nos contornos dos grãos, tendo em vista sua maior
73
afinidade com o nitrogênio do que o cromo e o molibdênio. Esta maior precipitação de nitretos e/ou
carbonitretos de vanádio, fragiliza o aço favorecendo a fadiga térmica. Como as misturas gasosas
utilizadas de 5 e 10% N
2
no processo iônico não continham quantidades suficientes de nitrogênio
para proporcionar uma precipitação significativa de nitretos de vanádio, estes nitretos, nos tempos
utilizados, não surgiram em quantidades suficientes para atuar negativamente na fadiga térmica. Já
para a mistura gasosa contendo 25% N
2
as precipitações se mostraram negativas, o que leva a
concluir que, a presença de nitretos é função da quantidade de nitrogênio ofertada por unidade de
tempo e da pressão de trabalho.
74
5 - CONCLUSÕES
Em relação aos resultados obtidos e discutidos acima, pode-se concluir o seguinte:
a) Em relação a nitretação por plasma, a mistura gasosa que apresentou os melhores resultados de
fadiga térmica foi a mistura de 10% N
2
+ 90% H
2
com posterior reaquecimento. Observou-se
neste estudo que há uma quantidade ótima de nitrogênio na mistura. Os ganhos de fadiga térmica
utilizando a mistura 10% N
2
+ 90% H
2
em relação ao material somente temperado e revenido foi
de pelo menos 130 ciclos térmicos representando um aumento da ordem de 120%.
b) Em relação a nitretação gasosa, o fator determinante para um maior crescimento de camada
branca e precipitação de nitretos em contornos de grãos foi o tempo de processo, quanto maior
este tempo, maior é a espessura de camada branca e maior é esta precipitação. Dos parâmetros
usados para a nitretação gasosa, o que apresentou os melhores resultados de fadiga térmica foi o
ciclo com tempo de 4 horas e posterior reaquecimento para difusão de camada branca. Os
ganhos de fadiga térmica utilizando este ciclo, em relação ao material somente temperado e
revenido foi de 40 ciclos, o que significa um ganho da ordem de 25%.
c) O reaquecimento após os processos de nitretação por plasma e gasoso, faz com que haja uma
dissolução parcial e até quase total da camada branca. Esta dissolução dos nitretos de ferro γ’ e ε
faz com que a resistência a fadiga térmica do material aumente.
d) A dissolução dos nitretos de ferro γ’ e ε pode ser comprovada pelos resultados de difratometria
por raios X apresentados.
e) Na nitretação gasosa ocorre precipitação de nitretos de ferro γ’ e ε nos contornos dos grãos,
como pode ser comprovado nas figuras 18, 19, 21, 22, 24 e 25. Também na figura 37, que
75
mostra a estrutura resultante do processo de nitretação por plasma com mistura de 25% N
2
+
75% H
2
, houve ligeira precipitação dos mesmos nitretos nos contornos dos grãos. Na nitretação
gasosa, a precipitação é determinada pelo tempo de processo utilizado, onde para um tempo
maior, maior é a quantidade de nitretos precipitados nos contornos dos grãos. Já na nitretação
por plasma, o teor de N
2
na mistura gasosa é o fator determinante para que haja uma precipitação
de nitretos nos contornos dos grãos.
f) Conforme visto nas figuras 48, 49, 50, 52 e 53, permitem ainda concluir: 1) Que a nitretação
gasosa e iônica levam a ganhos de resistência a fadiga térmica quando comparados ao material
somente temperado e revenido devido a características de camadas nitretadas resultantes; 2)
Devido a características de camadas nitretadas diferenciadas, onde, além de obterem
profundidade de camadas diferentes, obtém-se características de camada nitretada e camada
branca diferentes. Estas características de camada também levam a precipitações de nitretos de
ferro γ’ e ε nos contornos dos grãos, levando a ganhos ou perdas de resistência a fadiga térmica.
g) A nitretação por plasma proporciona uma maior resistência a fadiga térmica ao aço AISI H13 do
que a nitretação gasosa devido a quantidade de nitrogênio ofertada na unidade de tempo.
76
6 – SUGESTÕS PARA TRABALHOS FUTUROS
Durante o desenvolvimento deste trabalho, alguns aspectos mostraram-se interessantes de
serem estudados mais detalhadamente afim de melhor compreender os mecanismos da fadiga
térmica no aço para trabalho a quente AISI H13 contribuindo para futuras linhas de pesquisa.
§ A influência da oxidação interna e/ou externa na resistência a fadiga térmica exposta por
Ribeiro [9] não foi avaliada quando do material nitretado nem mesmo reaquecido.
§ A influência da resistência a fadiga térmica em função do tempo de nitretação por
plasma. É de se esperar que aumentando o tempo de nitretação, deve aumentar a camada
de difusão em função da mistura gasosa e talvez a ocorrência de precipitados de nitretos
de ferro, cromo, molibdênio, vanádio e alumínio, da mesma forma que foi obtido com a
nitretação gasosa.
77
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Livros Grátis
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