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atuação de uma complexa rede de fatores, de ordem lingüística, sociocognitiva e
interacional. (p. 150)
A autora destaca ainda o desenvolvimento das pesquisas sobre coesão e
coerência, citando Charolles (1983), Marcuschi (1983), Fávero (1991), algumas
obras suas e uma em parceria com Travaglia (1989). Refere-se também ao fato de
outros critérios de textualidade passarem a ser objetos dos estudos sobre o texto,
dentre eles informatividade, situacionalidade, intertextualidade e intencionalidade.
Na seqüência, alude a Van Dijk e Kintsch (1983)
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como maiores responsáveis pelo
vigor da abordagem cognitiva do texto, depois ganhando forte tendência
sociocognitivista.
Para Koch, hoje, além de questões como a organização textual-interativa do
português falado, a releitura da obra de Bakhtin sobre gêneros, a ênfase aos
processos de organização global dos textos, ganham destaque os aspectos de
ordem sociocognitiva, dentre outros: a referenciação, a inferenciação e os sistemas
de conhecimento. Abreu, Santos e Ferreira (Simões e Henriques, 2005), em artigo
sobre a referenciação, alertam para a noção atual de tal processo, aliada a uma
visão contemporânea da própria língua, “que vai muito além do conceito de código
ou de língua como mero instrumento de informação”, e comentam a representação
lingüística na superfície textual:
Os elementos lingüísticos que estão à disposição no texto vão sendo (re) elaborados
a partir das relações que ocorrem no texto, estabelecendo os sentidos que o
produtor quer imputar. Este entendimento ampliado do conceito leva em
consideração que a expressão de uma língua não existe fora da relação entre
sujeitos que interagem socialmente, inseridos nos diferentes eventos discursivos em
que compartilham conhecimentos de mundo, lingüísticos, de ordem sociocognitiva,
os modelos de mundo, denominados por Van Dijk (1994), cognição social. (p. 229)
Sobre as perspectivas dos estudos da linguagem, Koch (2002) reforça:
Os textos, como formas de cognição social, permitem ao homem organizar
cognitivamente o mundo. E é em razão dessa capacidade que são também
excelentes meios de intercomunicação, bem como de preservação e transmissão do
saber. Determinados aspectos de nossa realidade social só são criados por meio da
representação dessa realidade e só assim adquirem validade e relevância social (...)
Assim, a Lingüística Textual, com esta nova concepção de texto, parece ter-se
tornado um entroncamento, para o qual convergem muitos caminhos, mas que é
também o ponto de partida de muitos deles, em muitas direções. Esta metáfora da
Lingüística de texto como estação de partida e passagem de muitos – inclusive
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Koch refere-se, respectivamente, às seguintes obras: Michel Charolles, Coherence as a principle of
interpretability of discourse. Text 3 (1), p. 71-98; Luiz A. Marcuschi, Lingüística de texto: o que é e como se faz.
Recife, Universidade Federal de Pernambuco, Série Debates 1; Leonor L. Fávero, Coesão e coerência textuais.
São Paulo, Ática; Ingedore G. V. Koch e Luiz C. Travaglia, Texto e coerência, São Paulo, Cortez, e T.A. Van Dijk
e W. Kintsch, Strategies of discourse comprehension. New York: Academic Press, p. 113-117.