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SOLANGE LURY MIYAZAKI
Análise de estrutura, chuva de sementes e
regeneração natural de populações de plantas em
floresta de restinga alta, São Vicente-SP.
TESE apresentada ao Instituto de
Botânica da Secretaria do Meio
Ambiente, como parte dos requisitos
exigidos para a obtenção do título de
DOUTORA em BIODIVERSIDADE
VEGETAL E MEIO AMBIENTE, na
Área de Concentração de Plantas
Vasculares em Análises Ambientais.
SÃO PAULO
2009
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SOLANGE LURY MIYAZAKI
Análise de estrutura, chuva de sementes e
regeneração natural de populações de plantas em
floresta de restinga alta, São Vicente-SP.
TESE apresentada ao Instituto de
Botânica da Secretaria do Meio
Ambiente, como parte dos requisitos
exigidos para a obtenção do título de
DOUTORA em BIODIVERSIDADE
VEGETAL E MEIO AMBIENTE, na
Área de Concentração de Plantas
Vasculares em Análises Ambientais.
ORIENTADOR: DR. JOSÉ MARCOS BARBOSA
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Ficha Catalográfica elaborada pela Seção de Biblioteca do Instituto de Botânica
Miyazaki, Solange Lury
M685a Analise de estrutura, chuva de sementes e regeneração natural de populações de
plantas em floresta de restinga alta, São Vicente-SP / Solange Lury Miyazaki -- São
Paulo, 2009.
93 p. il.
Tese (Doutorado) -- Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente, 2009
Bibliografia.
1. Floresta. 2. Dinâmica de populações. 3. Recuperação. I. Título
CDU: 581.526.42
Saiu o semeador a
semear.
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou
ainda
com as mãos cheias de
sementes.
Ele semeava tranqüilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.
Cora Coralina
Dedico,
Às pessoas que torceram por mim e pelo
sucesso desse trabalho.
À minha família, pela boa semente, o meu
melhor fruto
Agradecimentos
Agradeço,
Ao Instituto de Botânica de São Paulo por propiciar a oportunidade de desenvolver este
trabalho, de conhecer pessoas, projetos de pesquisa e projetos de vida.
À Comissão de Pós-graduação pelo apoio e consideração ao longo desse processo de
formação acadêmica.
Ao meu orientador Dr. José Marcos Barbosa, que possibilitou essa aventura, pela confiança e
pela acolhida em seu grupo de pesquisa. Agradeço ainda pela amizade, apoio e compreensão
pelos momentos de tensão e de dificuldades ao longo dessa jornada.
À STAF em São Vicente, empresa que possibilitou o desenvolvimento do trabalho de campo
em sua propriedade e proporcionou toda a logística necessária durante todo o período,
principalmente na pessoa do Sr. Rui.
Aos pesquisadores que muito atenciosa e generosamente me ajudaram e identificaram as
plantas e sementes, Dra. Marie Sugiyama e Msc. Geraldo A.D.C. Franco respectivamente.
Ao meu amigo Rodrigo Araês Farias que acreditou, de pura fé, nesse trabalho e que sem seu
apoio nada teria saído de sonhos.
Aos amigos que encontrei e me mostraram que a jovialidade está na predisposição de ajudar,
cooperar e aprender independente da idade.
A esses incansáveis amigos que foram ao campo, debaixo de chuva e de sol, com mosquitos,
aranhas e espinhos Alessandra, Rogérios, Ricardos, Gustavos, Marina, Ana, Pablo, Cauê,
Danielas, Amanda e Hebert, Danilla, Lidiane, Fernandas, Luciana, Marcus Vinicius,
Monique, Tiago.
A esses amigos que me ajudaram na árida tarefa de triagem das sementes Tiago, Gustavo gpc,
Angélica, Rogério, Ana, Alessandra e Nadia, naquele laboratório mais que gelado, mesmo
que o dia estivesse lindo do lado de fora ou que fosse o sábado.
À técnica de laboratório Mônica e aos auxiliares de limpeza e manutenção Marli e Sr.
Antonio pela amizade e cooperação.
Ao Waldyr da Seção de Sementes pelo apoio logístico e palavras de sossego.
À bibliotecária Maria Helena S. C. F. Gallo, pela paciência e auxilio às minhas visitas na
biblioteca do Instituto.
À Marcinha do departamento de Pós-graduação pela paciência, atenção e ajuda em toda a
burocracia necessária para a obediência dos inúmeros prazos.
Aos companheiros de São Vicente que também ajudaram muito nos trabalhos de campo,
Alexandre, Sérgio, Zig, Sr.Cícero, Sr. Antonio, Sr. Cícero, Taniu e Cláudio.
Aos amigos pelas boas conversas e troca de idéias, Daniela Vinha, Lamarca, Maurício
Rodrigues, Angélica e Alessandra Roa.
Aos pesquisadores da Seção de Sementes e principalmente à, Marina, Adriana, Nelson e
Ângela pela acolhida, pelo apoio e consideração durante todo o processo de desenvolvimento
desse estudo.
Aos pesquisadores de outras Seções, amigos que foram muito valiosos nessa fase, pela ajuda
técnico-científica, e pelo apoio nas horas de desabafo, Sonia Aragaki, Eduardo P. C. Gomes e
Maria Margarida de Melo.
Aos meus pais pela força, confiança mesmo nas horas em que eu não acreditava, pelo colo e
pelo “paitrocinio” em alguns momentos.
A toda a minha família pelo incentivo e entusiasmo.
Aos meus amigos que entenderam a minha ausência, mas que não me faltaram.
E ao Fábio H. Assumpção Costa que tem sido amigo, companheiro, colaborador e
incentivador; aquele que me inspira e me faz querer um mundo melhor.
A todos que nesse momento foram lembrados e a aqueles que por um lapso não se encontram
nessas frases, o meu muito obrigado.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................... .......01
2. INTRODUÇÃO
2.1 Estrutura e dinâmica de populações de plantas. ....................................................03
2.1.1 Regeneração natural .....................................................................................09
2.2 Restinga Geral...........................................................................................................12
2.2.1 Florística das florestas de restinga................ . .............................................13
2.2.2 Dispersão....................... ............................................................................14
2.2.3. Situação atual.......................................................................... ..................14
2.2.4. Proteção Legal das Restingas.......................................................................16
3. OBJETIVOS ........................................ ......................................................................17
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Área de estudo: Caracterização da área de estudo: STAF - Sociedade Técnica de
Areias para Fundição Ltda....................................................................................................18
4.1.1 Localização................................................. ..................................................18
4.1.2 Aspectos da vegetação...............................................................................18
4.2 Amostragem ........................................................................ ....................................21
4.2.1 Florística e Fitossociologia ...... ....................................................................22
4.2.2 Similaridade ...... ...........................................................................................23
4.2.3 Chuva de sementes .......................................................................................23
4.2.4 Regeneração natural......................................................................................24
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Estrato superior
5.1.1 Florística e Similaridade ...............................................................................28
5.1.2.Parâmetros estruturais de altura e diâmetro ..................................................30
5.1.3.Fitossociologia ..............................................................................................33
5.2 Estrato médio
5.2.1.Florística e similaridade ................................................................................37
5.2.2.Parâmetros estruturais de altura e diâmetro....... ..........................................38
5.2.3.Fitossociologia ..............................................................................................40
5.3 Estrato inferior
5.3.1 Florística. ......................................................................................................43
5.3.2.Parâmetros estruturais de densidade e freqüência ........................................45
5.3.3.Comparação com os estratos superior e médio .............................................48
5.3.4.Regeneração Natural (RNT e TRT).................................................. ................50
5.4.Chuva de sementes
5.4.1.Distribuição temporal. ..................................................................................54
5.4.2.Comparação entre os meses .........................................................................60
5.4.3.Distribuição espacial.....................................................................................61
5.4.4.Parâmetros estruturais (densidade e freqüência ..)........................................62
5.4.5.Chuva de sementes e estratos (inferior, médio, superior).............................67
5.4.6.Regeneração natural e chuva de sementes.. .................................................71
6. CONCLUSÕES........... ...............................................................................................73
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS........... ..........................................................................76
8. RESUMO ....................................................................................................................77
9. ABSTRACT .......... .....................................................................................................78
10. LITERATURA CITADA............................................................................................79
11. ANEXO: Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821), um bio-indicador expressivo para
a área Staff - São Vicente, SP ................................................................................................90
Índice de Tabelas e Quadros
Quadro 1. Local, autor, número de espécies identificadas e sua distribuição segundo Souza
et al.(2008). ........................................................................................................ 28
Tabela 1. Parâmetros fitossociológicos das espécies do estrato superior (DAP4,8cm) da
Floresta de Restinga Alta. Ind= indivíduos, parce= parcelas, DA= densidade
absoluta, DR= densidade relativa, FA= freqüência absoluta, FR= freqüência
relativa, Ab= área basal total da espécie, DoA= dominância absoluta, DoR=
dominância relativa e VI= valor de importância. Propriedade STAF- São Vicente,
SP. (2008)..............................................................................................................33
Tabela 2. Parâmetros estruturais das famílias do estrato superior (DAP4,8cm) da Floresta de
Restinga Alta. Ind= indivíduos, parce= parcelas, DA= densidade absoluta (ind/ha),
DR= densidade relativa, FA= freqüência absoluta, FR= freqüência relativa, Ab=
área basal total da familia, DoA= dominância absoluta, DoR= dominância relativa
e VI= valor de importância. Propriedade STAF- São Vicente, SP. (2008)..............36
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das espécies do estrato médio (0,8 DAP 4,8cm) da
Floresta de Restinga Alta. Ind= indivíduos, parce= parcelas, DA= densidade
absoluta (ind./ha), DR= densidade relativa, FA= freqüência absoluta, FR=
freqüência relativa, Ab= área basal total da espécie, DoA= dominância absoluta,
DoR= dominância relativa e VI= valor de importância. Propriedade STAF- São
Vicente, SP. (2008).. ....................... .......................................................................40
Tabela 4 Listagem das espécies amostradas no estrato inferior (indivíduos até 1m de altura)
nos meses de janeiro e julho na Floresta de Restinga Alta, STAF- São Vicente, SP.
2008......................................................................................................................... 44
Tabela 5. Parâmetros fitossociológicos do estrato inferior (indivíduos até 1m de altura) nos
meses de janeiro e julho na Floresta de Restinga Alta, STAF- São Vicente, SP. parc
= parcela; ind. = indivíduo; DA = densidade absoluta; DR = densidade relativa; FA
= freqüência absoluta e FR = freqüência relativa. 2008 .........................................46
Tabela 6 Parâmetros estruturais obtidos para os três estratos da comunidade florestal
estudada, Floresta de Restinga Alta, São Vicente, SP. (2008)................................49
Tabela 7. Índice de Regeneração Natural Total (RNT) e Taxa de Regeneração Total (TRT)
das espécies arbóreas amostradas em Floresta de Restinga Alta, STAF, São Vicente
SP. RNT: taxa de regeneração natural total (%); TRT: taxa de regeneração total
(%); TRN (I-M): taxa de regeneração natural entre o estrato inferior e o médio,
TRN (I-S): taxa de regeneração natural entre o estrato inferior e superior e TRN
(M-S): taxa de regeneração natural entre o estrato médio e superior......................50
Tabela 8. Listagem de espécies por família dos propágulos da chuva de sementes e suas
respectivas síndromes de dispersão. Zôo = zoocórica, Anemo = anemocórica, Auto
= autocórica e Indet= indeterminada. Floresta de Restinga Alta , STAF- São
Vicente, SP (2008).................................................................................................. 54
Tabela 9. Listagem das espécies amostradas na chuva de sementes em ordem decrescente de
suas respectivas contribuições em número de propágulos, distribuídas ao longo de
doze meses de fevereiro de 2007 a janeiro de 2008, em Floresta de Restinga Alta.
STAF, São Vicente-SP.............................................................................................58
Tabela 10. Seqüência dos valores de p calculados pelo programa ISA para as espécies da
chuva de sementes. Floresta de Restinga Alta - STAF, São Vicente-SP. 2009.
p 0,005..... .............................................................................................................59
Tabela 11. Parâmetros estruturais da chuva de sementes no período de doze meses (fevereiro
de 2007 a janeiro de 2008) em Floresta de Restinga Alta. STAF- São Vicente, SP.
DA: densidade absoluta (ind./m
2
); DR; densidade relativa; FA: freqüência absoluta
e FR: freqüência relativa........................................................... ...............................63
Tabela 12. Listagem das espécies comuns entre os estratos superior, médio e inferior da
floresta de restinga alta estudada, com a chuva de sementes (fevereiro de 2007 a
janeiro de 2008). STAF- São Vicente, SP................................................................67
Tabela 13. Parâmetros estruturais das famílias da chuva de sementes em Floresta de Restinga
Alta, STAF - São Vicente, SP. Período de fevereiro de 2007 a janeiro de
2008......................................................................................................................... 70
Índice de Figuras
Figura 1.a) vista aérea da propriedade da STAF em São Vicente-SP, e imagens fotográficas de
b) vista externa da área estudada e c) vista interna ...............................................20
Figura 2. Desenho amostral das parcelas na área de Floresta de Restinga Alta na propriedade
da STAF- São Vicente, SP................................................. ......................................26
Figura 3. A) coletor e coleta de propágulos B) vista geral do sub-bosque da floresta C) molde
para coleta das plantas do estrato inferior da floresta. Floresta de Restinga Alta.
Propriedade da STAF- São Vicente, SP. 2007 – 2008 ................................................27
Figura. 4. Dendrograma e tabela dos índices de similaridade de Sorensen para dez trabalhos
em restinga floresta no Estado de São Paulo e sua respectiva tabela de valores. A-
Florestas de Restinga de São Paulo, B- Bertioga Floresta de Restinga Alta, C- Ilha
do Cardoso, D- Floresta de Restinga Alta Bertioga, E- Florestas Secas de Restinga
de São Paulo, F- Caraguatatuba, G- Jureia, H- Picinguaba, I- São Vicente, J- Ilha
Anchieta e K- Presente estudo São Vicente, L- Parque Estadual Xixová Baixada
Santista.............. .................................................................................................................29
Figura 5. Diagrama de barras do número de indivíduos por classe de altura no estrato
superior. STAF- São Vicente, SP. 2008..................................................................31
Figura 6. Diagrama de barras do número de indivíduos por classe de DAP no estrato superior.
Floresta de Restinga Alta, STAF - São Vicente, SP. 2008.......................................31
Figura 7. Diagrama de barras do número de indivíduos por classes de altura do estrato médio
(0,8DAP 4,8cm). STAF- São Vicente, SP.2008 ........................................... .....38
Figura 8. Diagrama de barras com o número de indivíduos por classe de DAP do estrato
médio. Floresta de Restinga Alta. STAF-São Vicente, SP. 2008............ ................39
Figura.9. Diagrama de barras da distribuição do numero de propágulos por mês. De fevereiro
de 2007 a janeiro de 2008. Floresta de Restinga Alta STAF- São Vicente, SP
................................................................................................................................56
Figura.10 Diagrama de barras da distribuição da riqueza de táxons de fevereiro de 2007 a
janeiro de 2008. Floresta de Restinga Alta. STAF. São Vicente, São Paulo
................................................................................................................................57
Figura 11. Dendrograma das distancias entre os índices de similaridade de Sorensen para os
12 meses de fevereiro de 2007 a janeiro de 2008. Floresta de Restinga Alta. STAF-
São Vicente, SP ........................... ..........................................................................59
Figura. 12. Distribuição de propágulos por parcela da chuva de sementes em Floresta de
Restinga Alta. STAF- São Vicente, SP. fevereiro de 2007 a janeiro de 2008
............... .................................................................................................................61
Figura. 13. Diagrama block splot” da distribuição das espécies por parcelas da chuva de
sementes da Floresta de Restinga Alta. STAF-São Vicente , SP. período de
fevereiro de 2007 a janeiro de 2008......... ...............................................................61
Figura.14. Relação da distribuição entre quantidade de propágulos e da riqueza específica nas
parcelas, ao longo do período de 12 meses (fevereiro de 2007 a janeiro de 2008).
Mostra o destaque das parcelas 4 e 5 entre as demais devido a grande quantidade de
propágulos e, da parcela 7 devido a maior riqueza taxonômica. Floresta de Restinga
Alta STAF- São Vicente, SP ........................................................... .....................62
Figura.15. Distribuição do número de indivíduos das espécies identificadas, por parcela. Foi
usado o ln do número de indivíduos..................................................... ................. 66
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
Os programas para conservação ambiental e manutenção da biodiversidade são focos de
uma variedade de pesquisas no mundo inteiro. A inegável necessidade da sustentabilidade nas
ações humanas no meio ambiente tem imposto não a produção de conhecimento por si ,
como a aplicabilidade dos mesmos para planejamentos estratégicos na gestão dos recursos
naturais.
Nos dias de hoje, a recuperação de áreas degradadas é uma preocupação que necessita de
respostas tão urgentes quanto a conservação de ambientes preservados e fragmentados. A
aplicação de medidas de manejo mitigatórias e compensatórias aos impactos não foi
acompanhada com o mesmo empenho e extensão quanto a degradação histórica dos
ecossistemas naturais.
Na legislação vigente já estão explícitas muitas obrigações e recomendações sobre o
controle da degradação ambiental, no entanto, faltam ainda subsídios técnicos que assegurem
o sucesso dos esforços daqueles que se propõem a fazer a sua parte (OPA 2007).
No caso das formações vegetais dos ecossistemas litorâneos, apesar do crescente banco de
dados desenvolvido pelas pesquisas nas últimas décadas, os conceitos que as definem e as
caracterizam sofrem ainda, nos tempos atuais, alterações e sugestões para classificação e
denominação das mesmas. Essa situação é refletida, e implica segundo Souza et al. (2008), na
capacidade de exigência e especificidade que se espera da legislação.
Esses ecossistemas foram historicamente invadidos e alterados pelo crescimento e
desenvolvimento humano. A riqueza de princípios ativos em sua flora e fauna é uma das
novas e ao mesmo tempo mais antigas faces que despertam o interesse humano (Pedroso &
Sato 1999). O progresso imobiliário, portuário, de mineração, de exploração de recursos
ornamentais e do turismo foram os agentes perturbadores mais intensos e ainda são as
principais preocupações da ecologia da conservação.
As florestas de restinga estão sobre formações geológicas recentes e representam respostas
a um complexo de variáveis desde sua formação pedológica até a influência das outras
formações vegetais que as circundam. A composição de nutrientes, salinidade, flutuações no
nível do lençol freático, são apenas alguns dos elementos abióticos que influenciam essas
formações (Souza et al. 2008).
2
Estudos básicos de ecologia são capazes, de fornecer parâmetros que ajudam a
compreensão das diferentes formas estruturais desses sistemas e, de produzir inferências sobre
os processos dinâmicos responsáveis pela manutenção de sua complexidade.
A modelagem em trabalhos de Recuperação de Áreas Degradadas (RAD) deve utilizar, na
medida do possível, os aspectos da dinâmica das populações, considerados mais
significativos, e que possam favorecer o estabelecimento das relações entre os indivíduos
(Gandolfi & Rodrigues 2007). A capacidade de reestruturação das funções ecológicas deve
proporcionar a auto-sustentabilidade dos componentes bióticos e abióticos do ecossistema.
Dados estruturais, fitossociológicos, fenológicos e ecofisiológicos correspondem aos
parâmetros usuais para essa modelagem.
Mais recentemente, outras informações em escala menor fornecem subsídios importantes
na formação de um contexto para a conservação e a recuperação ambiental. Trabalhos com
enfoque evolutivo e de análise da paisagem correspondem aos mais recentes investimentos da
pesquisa científica para o entendimento sobre a diversidade biológica e de ecossistemas.
Discussões sobre metapopulações e metacomunidades apontam novos horizontes para a
gestão e o planejamento de ões no meio ambiente. Por outro lado, estudos sobre a
conservação da diversidade genética representam o outro extremo das pesquisas em
biodiversidade.
No entanto, dados locais e pontuais ainda fornecem o embasamento para todos esses
debates e embates. A conectividade discutida na análise da paisagem, por exemplo, se pauta
sobre o conhecimento das características e potencialidades da fase móvel das plantas, os
propágulos e sementes. O que inclui o estudo das relações que os mesmos estabelecem com o
ambiente biótico e abiótico. O manejo de populações naturais depende do conhecimento da
dinâmica de populações e da forma de crescimento dos indivíduos para que seja
verdadeiramente sustentável (Gandolfi & Rodrigues 2007).
Considerando que a complexidade tanto se eleva quando, diminuímos ou aumentamos a
escala de análise dos seres vivos, observa-se que os níveis de organização de indivíduo,
população e comunidade encontram-se na metade do caminho e geralmente representam o
contexto da pesquisa dos outros níveis.
Sendo assim, muito ainda se pode contribuir para a formulação de planos e propostas mais
eficientes na conservação e manutenção da biodiversidade e suas funções. Pesquisas básicas
em nível individual, populacional e de comunidade ainda são importantes e devem dar suporte
ao conhecimento das inter-relações nos ecossistemas.
3
2. INTRODUÇÃO
2.1 Estrutura e dinâmica de populações de plantas
A estrutura da comunidade biológica de um ambiente é caracterizada pela abundância e
distribuição dos indivíduos das diferentes populações no espaço. Sua dinâmica é responsável
pela manutenção, ou não, dessa estrutura, e caracteriza-se por um complexo movimento de
fenômenos populacionais das espécies que a compõem ao longo do tempo.
Para a dinâmica de populações de plantas, o fluxo (entrada e saída) de propágulos
determina as populações potenciais de um determinado ambiente (Harper 1977). A seqüência
de eventos que intermedeiam o fluxo dos propágulos, desde a chegada dos mesmos até sua
produção e dispersão, caracteriza o ciclo de vida das populações de plantas e podem garantir o
sucesso de sua sobrevivência.
A distribuição horizontal de uma população depende, substancialmente, da capacidade de
colonização e dispersão dos seus propágulos (Harper 1977). Essa capacidade de colonização e
estabelecimento é intimamente afetada pelos tipos de relacionamento que os indivíduos das
populações estabelecem, em suas diferentes fases do ciclo de vida, com as características do
meio ambiente para manterem-se viáveis ao longo do tempo (Hutchings 1989, Begon et al.
2006).
A quantidade de indivíduos em cada fase do ciclo de vida constitui o tamanho da
população e reflete a possibilidade de um indivíduo de uma geração substituir outro de sua
espécie na comunidade e garantir a permanência da espécie no ambiente (Harper 1977).
As diferentes fases de desenvolvimento de uma população estão sujeitas a diferentes
desafios para a sobrevivência dos seus indivíduos, pois as suscetibilidades ecológicas dos
mesmos são alteradas conforme mudam as características abióticas e bióticas do ambiente
com o qual interagem (Negrelle 2006, Scherer et al. 2007), além das alterações fisiológicas e
morfológicas que sofrem a medida que se desenvolvem. As fases iniciais de desenvolvimento,
por exemplo, são mais suscetíveis as variações de luminosidade, umidade, efeitos de
densidade populacional inter e intra-específicos, do que plantas maiores com maior
desenvolvimento estrutural.
Negrelle (2006) descreve três estratos de comunidades arbóreas de uma Floresta Ombrófila
Densa de Planície Quaternária em Santa Catarina apontando como principal parâmetro,
valores de altura xima por espécie e caracteriza a formação dos mesmos por
potencialidades genéticas de crescimento das próprias espécies.
4
Os parâmetros demográficos analisados para o estudo de populações em comunidades,
concentram-se na trajetória e nas características espaciais e temporais do tamanho das
populações nas diferentes fases do ciclo de vida e, procuram caracterizar as estratégias de
manutenção da população no ambiente local e regional.
A dispersão dos propágulos, no espaço e no tempo, é uma garantia de novas oportunidades
para a manutenção da população.
A distribuição espacial da chuva de propágulos depende de características morfológicas,
químicas e fisiológicas do fruto e das sementes, os quais implicam em formas diferentes de
como esses elementos poderão alcançar novos sítios para colonização. As síndromes descritas
para a dispersão dos mesmos resumem e discriminam as relações dessas características com
seus prováveis agentes dispersores bióticos ou abióticos, seu grau de especificidade e de
dependência. Segundo Muller-Landau et al. (2008) essas interrelações o extremamente
complexas e definir padrões de como interferem na dinâmica das populações ainda é um
desafio. No entanto, a produção de sementes, a distancia percorrida e a forma de deposição
das mesmas, podem ser explicadas por características como a altura das árvores matrizes,
formas de dispersão e massa das sementes. E esses autores explicam, por exemplo, que as
síndromes de dispersão dos frutos e sementes estão mais correlacionadas com a forma de
distribuição da deposição das mesmas no solo, do que necessariamente na capacidade de
percorrer distancias.
A dispersão temporal, por sua vez, considera as características dos eventos de ordem
cronológica estudados pela fenologia como períodos de frutificação e dispersão, na existência
de mecanismos que proporcionem a dormência das sementes que compõem o banco de
sementes do solo e na manutenção de um banco de plântulas. Diferentes gerações de sementes
e regenerantes são conservadas e seus indivíduos recrutados aleatoriamente aumentam,
inclusive, a variabilidade genética das populações (Begon et al. 2006).
No caso de florestas tropicais, o banco de sementes do solo contribui apenas com uma
pequena fração das espécies arbóreas e corresponde basicamente às sementes de espécies
pioneiras, de comportamento ortodoxo, e que necessitam de maior luminosidade como
estímulo à germinação (Janzen & Vasquez-Yanes 1991).
Parâmetros relacionados à medição das características quantitativas e qualitativas desses
propágulos indicam estratégias evoluídas ao longo do processo de existência, e os estudos de
demografia das populações nas comunidades podem revelar diferenças nas taxas de
recrutamento, e apontar a falta de sementes ou o limite da capacidade de suporte do ambiente
para sustentar ou abrigar todas as plântulas, por exemplo. (Münzbergová & Herben 2005)
5
A dispersão de propágulos estabelece possibilidades mais ou menos eficientes num
determinado momento e ambiente. A dispersão pelo vento (anemocoria) e a dispersão por
características mecânicas (autocoria) de abertura dos frutos e morfológica dos frutos e das
sementes são estratégias menos representadas em florestas tropicais mais maduras ou em
avançado estágio de regeneração e, são síndromes mais características de espécies emergentes
nas florestas, lianas ou de espécies dominantes em ambientes abertos (Howe & Smallwood
1982).
Como o estabelecimento de plântulas é altamente dependente da quantidade de “tentativas”
de germinação e desenvolvimento das mesmas, a dispersão predominantemente zoocórica dos
propágulos, como é o caso nas florestas tropicais, evidencia a fundamental importância da
manutenção da fauna para as mesmas (Janzen & Vasquez-Yanes 1991).
Jordano et al. (2006), apontam que os efeitos dos animais frugívoros sobre as plantas
ultrapassam a simples coleta de néctar ou a remoção das sementes. Essas relações
proporcionam basicamente 4 formas de limitação para o sucesso da dispersão de sementes, a
limitação de fonte ( na produção de frutos e sementes), a limitação de dispersão (quantitativa
ou qualitativa), a limitação de recrutamento e a limitação de estabelecimento (predação de
sementes e da própria planta). A limitação de dispersão quantitativa es relacionada à
quantidade de sementes que os dispersores são capazes de distribuir e a qualitativa refere-se à
disposição em locais adequados e em quantidades adequadas para garantir o recrutamento e
posterior estabelecimento. As limitações de recrutamento e estabelecimento estão
basicamente determinadas pelo sucesso da dispersão, onde o recrutamento e o
estabelecimento são observados nos locais de deposição das sementes. Segundo esses
mesmos autores, mais de 80% das espécies arbóreas tropicais não atingem 5% dos coletores
em uma dada área o que sugere uma intensa limitação pela fonte.
O resultado dessas estratégias no ciclo de vida das populações reflete na formatação da
estrutura espacial e temporal das espécies na comunidade.
Em seu estudo com Cecropia obtusifolia, Alvarez-Buylla & Martinez-Ramos (1990), por
exemplo, verificaram que apesar de ser uma espécie pioneira no processo sucessional, ela não
é capaz de manter o banco de sementes do solo por mais de um ano e sua capacidade de
colonização depende substancialmente da dispersão predominantemente zoocórica de seus
propágulos.
O conhecimento sobre conservação e recuperação de ambientes degradados tem se apoiado
em conceitos que sejam capazes de evidenciar o fluxo e a dinâmica de comunidades e de
biomas no tempo e espaço. Os estudos que abrangem espécies em diferentes comunidades e
6
suas inter-relações versam sobre metapopulações e são muito importantes como ferramentas
para prognósticos de ambientes fragmentados (Paglia et al. 2006).
O modelo “sistema: fonte-escoadouro” é um modelo de estudo de metapopulações, e
considera como fonte, um habitat capaz de produzir um excesso demográfico, e escoadouro
aquele que por apresentar habitats com menor capacidade ambiental para uma determinada
espécie, tem déficit demográfico. Devido às intrínsecas dificuldades de se identificar um
habitat adequado para determinada espécie, parâmetros populacionais como a variação da
densidade populacional e as taxas de reposição da população devem ser utilizadas de acordo
com Paglia et al. (2006).
Segundo Harper (1977), existem três estratégias usadas nas pesquisas da dinâmica de
florestas: a) fazer um censo detalhado de alguma característica peculiar que pode ser aplicado
para definir uma classe etária na população; b) assumir que tamanho reflete a idade; e c)
inferir sobre o passado da floresta através da estrutura etária nas populações presentes. Apesar
da inconfiabilidade da relação entre tamanho e idade, principalmente em florestas tropicais, a
relação entre tamanho e estágio de desenvolvimento pode ser conveniente para análises do
processo de manutenção da população na comunidade.
Em seus estudos, por exemplo, sobre dinâmica de populações de espécies arbóreas,
Shimatani et al. (2007) usaram valores de diâmetro para a elaboração de uma matriz de
monitoramento e determinaram o tamanho crítico de estabelecimento de um indivíduo na
população para algumas espécies em florestas no Japão, onde a partir de um determinado
tamanho a mortalidade diminui até atingirem a senescência.
Considerando que uma árvore interfere no recrutamento e no desenvolvimento de todas as
plantas que estão sob seu domínio espacial (território), a estrutura etária de árvores em uma
floresta é a soma das estruturas etárias de cada uma das áreas sob cada árvore dominante na
floresta. A floresta, portanto, é um mosaico de ciclos de regeneração (Watt 1947 apud
Harper1977).
Desse modo, a velocidade e a forma de desenvolvimento de uma determinada planta na
floresta condicionam o ritmo de desenvolvimento das plantas que se instalam sob seu domínio
territorial, assim como a riqueza e diversidade das mesmas, marcando a estrutura etária da
comunidade arbórea (Dias et al. 2005).
Nesse sentido, a competição entre os indivíduos regenerantes por recursos do ambiente são
irrelevantes para determinar sua sobrevivência, dada a baixa densidade dos mesmos nessas
florestas (Paine et al. 2008). No entanto, interações competitivas por recursos ambientais (luz,
7
espaço, umidade, nutrientes,...) entre indivíduos de tamanhos diferentes são comuns em
estudos nas florestas tropicais (Paine et al. 2008).
Chazdon et al. (2007) observam que a dinâmica de indivíduos jovens de espécies arbóreas
mostra mais variações que indivíduos maiores. Em comunidades mais maduras, com dossel
mais fechado, novas espécies de árvores chegam a plântulas, mas podem levar muitos anos
até poderem ser detectadas em classes de tamanho maiores. Segundo Whitmore (1991), uma
pequena clareira formada pela morte e queda de uma ou poucas árvores adultas permite o
crescimento de plântulas presentes na reconstrução da floresta. Desse modo, estudos da
dinâmica da vegetação que considerem as classes jovens, nas fases de colonização e
recrutamento, além das adultas, podem ser melhores argumentos de comparação entre regiões.
A organização das comunidades e a construção de sua biodiversidade m sido estudadas
basicamente, através de duas linhas: a teoria de coexistência que a analisa pelo viés dos
processos determinísticos baseados na ocupação de nichos específicos e diferenciados e, a
teoria da neutralidade onde a distribuição e abundância das espécies ocorrem por processos
demográficos aleatórios (estocásticos) resultantes da capacidade de dispersão, morte e
nascimento dos indivíduos das populações. (Hardy & Sonké 2004, Hubbell 2005, Gravel et
al. 2006).
Segundo a teoria da neutralidade, na ausência de nichos que especifiquem seus
representantes exclusivos, a comunidade funcionaria como um caleidoscópio onde, a
capacidade de suporte sendo mantida, as composições específicas podem variar
aleatoriamente através de processos dinâmicos comuns a todas as espécies como dispersão,
nascimento, morte e especiação (Gravel et al. 2006). A capacidade de suporte é uma
característica ambiental e resulta no conjunto de recursos favoráveis à manutenção de
indivíduos na comunidade. Composta por potenciais de disponibilidade de recursos materiais
e de energia aos seres vivos, a capacidade de suporte de uma localidade é variável e sensível
às modificações naturais e, principalmente, às impostas pelas atividades humanas.
A alta biodiversidade com densidade relativamente baixa entre a maioria das espécies deve
indicar grande limitação para o recrutamento e favorecimento para aqueles indivíduos que, de
acordo com a chegada, ocupam os espaços disponibilizados aleatoriamente, impondo-se sobre
a capacidade adaptativa das espécies locais nas comunidades arbóreas das florestas tropicais é
um indicativo da aplicabilidade da teoria da neutralidade nessas formações. (Hardy & Sonké
2004 e Hubbell 2005).
8
Marques (2002) observa em seu trabalho correlações não significativas da distribuição
espacial e riqueza de espécies entre as classes de desenvolvimento e sugere a independência
das mesmas no processo de regeneração da floresta de restinga estudada.
Uma das três premissas da teoria da neutralidade é a de que os ecossistemas são sistemas
abertos onde o intercambio de propágulos é comum entre formações vegetais próximas e
semelhantes ou não. Pimentel et al.(2007) verificaram em uma formação vegetal aberta de
restinga (formação arbustiva de Clusia) que a composição florística variou em função da
vegetação das lagoas que a margeava.
Outro resultado interessante é o do estudo de Scarpa & Valio (2008) com espécies de
florestas tropicais em que, o tratamento com diferentes alturas de serapilheira apresentou
maior interferência no estabelecimento de plântulas que o tamanho das sementes.
A reflexão sobre as implicações das duas teorias, aponta para a necessidade de muitas
pesquisas em diferentes grupos taxonômicos e sugere, segundo De Marco (2006) a
possibilidade de uma teoria capaz de unificá-las.
Antes mesmo de optar por uma ou outra teoria Levins e Lewontin, segundo Crawley
(1989), reconhecem 6 (seis) propriedades das comunidades: 1) a comunidade é um conjunto
de agrupamentos com interações recíprocas entre todos os níveis de agrupamentos e o
completamente determinada por eles; 2) existem propriedades em nível de comunidade como
diversidade , equitabilidade, biomassa, produção primária entre outros, que exibem padrões
relacionados a uma certa regularidade geográfica; 3) existem muitas configurações
populacionais que preservam as mesmas qualidades das comunidades; 4) as espécies
interagem e portanto o ambiente é estruturado pelas interações entre os fatores bióticos e
abióticos ; 5) a assimetria essencial das muitas interações implica na impossibilidade de todas
as espécies serem abundantes no seus ambientes favoráveis e 6) o modo como uma mudança
em uma característica física ou genética de uma população afeta outras populações numa
comunidade, depende da forma como a comunidade esta estruturada.
Numa tentativa de buscar uma relação entre as duas teorias Gravel et al. (2006) explicam
que a abundancia relativa das espécies na comunidade resulta do balanço entre exclusão
estocástica e competitiva. Em comunidades isoladas, a imigração de metacomunidades torna-
se insuficiente para contrabalançar (compensar) os processos de exclusão, a diversidade sendo
pequena, a diferenciação de nicho representa enfim, o processo dominante que afeta a
abundancia das espécies. (Gravel et al. 2006).
9
Esses autores, em seu trabalho, mostram que a neutralidade é criada por uma elevada
sobreposição de nichos e sustentada por uma reintrodução e exclusão de espécies através da
intensa imigração e taxas de especiação. Nesse contexto, as espécies raras na comunidade o
transitórias e mantidas pelo processo de imigração e as espécies comuns são permanentes e
sua ocorrência depende da diferenciação de nichos.
Pensando em maiores oportunidades de atuação da seleção ambiental na formação da
biodiversidade, Getzin et al.(2008), relatam que a heterogeneidade ambiental é extremamente
mais benéfica ao desenvolvimento para as espécies que a homogeneidade, e uma vez que,
uma planta esteja estabelecida, provavelmente a sua sobrevivência para outras classes de
desenvolvimento seja mais garantida. Sendo assim, as diferenças ao longo da estratificação
vertical nas florestas, devido às condições ambientais em cada estrato, apenas favorecerá o
avanço de desenvolvimento dos indivíduos que encontrarem espaços disponibilizados ao
longo do tempo.
Devido a crescente necessidade de espaço e recursos, a alteração da natureza no ambiente
resultou na criação de fragmentos isolados nos biomas naturais, o que tem provocado o
surgimento de situações inéditas e desafiadoras para a diversidade local e regional. A chuva
de sementes alóctones em ambientes antropizados torna-se fundamental para a recuperação da
área degradada, até a formação de uma comunidade funcionalmente capaz de fixar recursos
nesse ambiente, aumentar a quantidade de nichos, o que resultará na biodiversidade local e
regional.
Essa fragmentação de formações vegetais por atividades antrópicas, coloca em risco a
capacidade de conservação da biodiversidade pela alteração da conectividade, da dinâmica e
da estrutura das mesmas (Jordano et al. 2006). Desse modo, os estudos desses fatores são
fundamentais para a identificação de estratégias conservacionistas, tornando-se prioritários,
em linhas de pesquisa. (Viana & Pinheiro 1998).
2.1.1 Regeneração Natural
Para todas as espécies, a capacidade de produzirem descendentes garante a possibilidade
de se manterem em um ambiente. A história de vida dos indivíduos de uma população afeta
diretamente essa contribuição e é diretamente afetada pela sobrevivência e capacidade de
reprodução dos mesmos (Begon et al. 2006).
10
Segundo Whitmore (1991) a regeneração pode ser definida de dois modos, a) como a
restauração da biomassa e nutrientes em clareiras formadas nas florestas e b) como a
recuperação da diversidade florística e estrutural para a perpetuação de um estágio clímax.
No processo de regeneração natural considera-se desde a colonização e estabelecimento de
indivíduos novos recrutados do banco de sementes do solo, da chuva de sementes, originários
de rebrotas ou ainda, aqueles indivíduos remanescentes de fatores de perturbações (Alves &
Metzer 2006). Os regenerantes são os indivíduos que se encontram ainda em estado de
estabelecimento no sistema, como as plântulas e jovens, e podem representar os estratos de
reserva e depósito da riqueza de espécies da vegetação.
A capacidade de conservação e desenvolvimento da comunidade é observada através da
regeneração das plantas adultas e da colonização por novas espécies. Assim, a presença de
indivíduos regenerantes indica sucesso na produção e dispersão de propágulos viáveis e seu
desenvolvimento inicial na fase mais sensível em relação aos aspectos ambientais.
Hampe et al. (2008), observaram em espécies de florestas da Espanha e Panamá, que a
distribuição de plantas jovens era mais variável que a da chuva de sementes ao longo dos
anos. De fato, a variação na freqüência do recrutamento entre as espécies, é comum nas
florestas tropicais (Lieberman 1996). A justificativa para esse fenômeno é o fato do
recrutamento e o desenvolvimento de plântulas estarem diretamente relacionados a um
conjunto de variáveis além da intensidade da chuva de sementes e a freqüência da mesma,
como a presença de sítios que tenham condições favoráveis para germinação e taxa de
predação, influenciados pela distancia da planta mãe, por exemplo.
Com relação aos estudos com regenerantes e plântulas, duas linhas de pesquisa tem sido
intensamente desenvolvidas em florestas tropicais nas últimas décadas:
1º aquelas que procuram indicar os processos que expliquem diferenças demográficas entre
as plântulas e o estágio adulto das populações das espécies (linha determinística-nicho nível
de populações);
as que tentam identificar a influência da fase juvenil (estrato juvenil) na determinação
da diversidade e distribuição espacial dos indivíduos adultos das comunidades (linha
neutralidade • nível de comunidade) (Lieberman 1996).
O estudo da regeneração natural propõe uma observação vertical da estrutura da
comunidade vegetal. O valor de importância ampliado (VIA) (Finol 1971), por exemplo,
reúne parâmetros da análise vertical da estrutura e horizontal (VI), por classe de tamanho
(DAP) e fornece dessa forma, uma posição temporal da espécie na comunidade. Quanto maior
11
a sua posição ecológica maior se seu valor na posição relativa de importância na
comunidade.
Nas florestas tropicais, os compartimentos de regeneração possuem populações de baixa
densidade e freqüência e permitem o estabelecimento de espécies raras em tios não
ocupados por espécies comuns, o que contribui para a manutenção da biodiversidade na
comunidade (Marques 2002). Desse modo, os estratos com indivíduos que não alcançaram
pleno desenvolvimento são recursos essenciais na dinâmica das florestas e, juntamente com a
riqueza de espécies do dossel representam a real diversidade da mesma, uma vez que, somam
indivíduos de espécies potencialmente diferentes.
O desenvolvimento da diversidade, nos diferentes ambientes degradados, são objetivos
comuns dos projetos de recuperação nas florestas tropicais e, as estratégias de planejamento e
implantação estão relacionadas à capacidade de investigação e de diagnóstico das pesquisas
na compreensão e promoção do processo de regeneração.
A diversidade nas áreas em processo de restauração florestal tem sido estudada através de
vários ângulos como, enriquecimento florístico de um modo geral, e o desenvolvimento de
densidade e de abundância das populações. O estudo de Leopold e Salazar (2008) em
florestas tropicais úmidas, na Costa Rica, indica que a riqueza de espécies de sub-bosque pode
ser alcançada nos primeiros dez anos de recuperação.
Segundo Condit et al. (1996), em seus estudos sobre a determinação de biodiversidade em
Florestas Equatoriais Úmidas, as avaliações de biodiversidade, para serem comparadas entre
indivíduos de tamanhos (DAP) diferentes, são mais consistentes quando baseadas em
amostragens apoiadas em um número nimo de indivíduos do que em áreas. Para eles, essa
análise deve conter um mínimo de 1000 indivíduos para florestas tropicais. No entanto,
Chazdon et al. (2007) indicam que, o acúmulo de área basal se relaciona melhor com a taxa
de crescimento de espécies que a densidade.
Feldspausch et al. (2005), observaram o máximo de densidade de indivíduos em 6 a 8 anos
numa floresta secundaria na Amazônia Central. E em Porto Rico, Aide et al. (1995)
verificaram a estabilização de adensamento aos 25 anos aproximadamente.
12
2.2 Restingas
2.2.1 Geral
Comumente chamadas de planícies costeiras ou planícies litorâneas arenosas, as feições
costeiras estão associadas a depósitos sedimentares em reentrâncias na linha da costa e/ou
desembocaduras de grandes rios (Sugiyama 2003). Segundo Tessler & Goya (2005), a
classificação proposta por Silveira, considera parâmetros geomorfológicos, climáticos e
oceanográficos e divide a costa brasileira em cinco grandes compartimentos: Litoral
Amazônico, Litoral Nordestino de Barreiras, Litoral Oriental, Litoral Sudeste ou de Escarpas
Cristalinas e Litoral Meridional ou Subtropical.
O Litoral Sudeste ou de Escarpas Cristalinas, é constituído pela presença de rochas do
Embasamento Cristalino que forma a Serra do Mar e especificamente entre Santos (SP) e a
baia de São Francisco do Sul (SC) desenvolvem-se extensas planícies costeiras com uma
grande variedade de paisagens. Segundo vários autores, a expressão mais correta seria a de
“Planícies de cordões litorâneos regressivos” devido a sua gênese pela variação do nível do
oceano em conseqüência aos ciclos trangressivos-regressivos a partir do Terciário e variações
de marés. (Carrasco 2003, Tessler & Goya 2005, Sato 2007). Numa revisão mais recente
sobre a definição de Restinga no Brasil, Souza et al. (2008) apontam como base comum para
o termo, de: feição de linha da costa, alongada, de natureza arenosa e de muito baixa
amplitude, que tende a fechar reentrâncias costeiras.
Apenas no Brasil o termo restinga é usado para designar vegetações litorâneas (Souza et al.
2008). A diversidade de definições do termo se repete também em diferentes formas
estruturais nas comunidades das formações vegetais. De acordo com a Resolução CONAMA
07/96, distinguem-se quatro formações: a) a Vegetação de Praias e Dunas, b) a Vegetação
sobre Cordões Arenosos c) a Vegetação Associada às Depressões e d) a Floresta de Transição
Restinga-Encosta.
As formações vegetais encontradas são consideradas comunidades geo-pedológicas (Souza
et al. 2008) substituindo o termo comunidades edáficas (Carrasco 2003, Sugiyama 2003) e,
segundo Coutinho (2006), o psamobiomas I do Zonobioma I – dentro do Domínio de Mata
Atlântica, o qual propõe uma visão ecológica para sua definição além da estrutura da
vegetação. Essa visão ecossistêmica também esta presente na definição de Sampaio et al.
(2005).
13
Segundo Souza et al. (2008) os diversos usos do termo para tratar diferentes tipos de
formações vegetais existentes nas planícies litorâneas, de origens e formações
geomorfologicas diferentes, tem provocado inúmeros conflitos de identidade nos trabalhos
científicos e na própria legislação brasileira. E explica, nesse mesmo trabalho, que em outro
estudo, a autora Souza em 2006 propõem o nome Vegetação de Planície Costeira e Baixa e
Média Encosta”.
As principais classes de solos desses ambientes o Espadossolos e Neossolos
Quartzarênicos (Resende et al. 2002). Em termos gerais, são solos arenosos, pobres
nutricionalmente tendo como principais fontes de nutrientes o spray marinho e depósitos
aluviais (Martin et al. 1986, Gomes et al. 2007). Apresentam grande variação em seus
componentes bióticos e abióticos e nas profundidades do lençol freático. Lopes (2007) em seu
estudo nas formações florestais em Bertioga-SP, constatou o desenvolvimento de raízes de até
um máximo de 60cm de profundidade.
Particularmente, as Florestas Alta e Baixa de Restinga em São Paulo são constituídas sobre
solos distróficos, não salinos, com alta concentração de alumínio e níveis deficientes de cálcio
(Sato 2007).
Muitos trabalhos vêm sendo publicados para caracterização da vegetação das restingas no
país. No entanto, devido às diferenças de características físicas e climáticas que são
consideradas condicionantes para a delimitação desse complexo vegetacional, além das
formas e estratégias de investigação distintas, os resultados evidenciam cada vez mais a
dificuldade para o estabelecimento de padrões abrangentes e contundentes de delimitação de
suas formações.
2.2.2 Florística das florestas de restinga
As Florestas de Restinga ou Florestas Ombrófila Densa de Terras Baixas ocupam as
planícies costeiras, nos terraços quaternários. Distinguem-se das formações mais abertas
designadas como fisionomias ecológicas das formações pioneiras sob influência marinha, e
flúvio-marinha (Veloso et al. 1991).
Comparativamente a outras formações florestais apresentam pouca riqueza de espécies,
baixa produtividade, e pequena complexidade, fato esse, relacionado principalmente às
condições edáficas estressantes (Scarano 2002, 2006). Na região sul e sudeste brasileira, a
floresta atlântica constitui-se a principal fonte de espécies das florestas dessa restinga
(Sugiyama 2003, Scherer et al. 2005).
14
A maior similaridade florística entre essas formações ao longo do litoral, é regional e
baixa, principalmente devido à diferenças latitudinais, altitudinais, de substrato e histórico de
ocupação e influência das distintas formações vegetais vizinhas (Pereira 2007). Esse fato
dificulta a delimitação dessa formação, apesar das diferenças físicas e micro-climáticas
inquestionáveis e de estratégias, de investigação científica, diversas ao longo de todo o litoral
nacional.
2.2.3 Dispersão
Em florestas de restinga preservada, a dispersão zoocórica é predominante em comparação
às anemocóricas e autocóricas (Talora & Morellato 2000, Sugiyama 2003, Marques &
Oliveira 2005, Silva 2006). O que implica na grande influencia da distancia entre fragmentos
para a chuva de sementes nessas formações florestais, uma vez que, quanto maior a distancia
menor será o fluxo dos propágulos (Cubuña & Aide 2001). Esse fato representa um padrão
geral para as florestas tropicais (Alves e Metzger 2006, Jordano et al. 2006), principalmente
quando se refere às espécies arbóreo-arbustivas, uma vez que, para lianas e herbáceas a
anemocoria é a estratégia predominante (Marques 2002, Sugiyama 2003).
2.2.4 Situação atual
Apesar de ser considerada um ambiente marginal, a restinga é importante para a
conservação e manejo da fauna, além de evolutivamente representar a expressão local de uma
valiosa riqueza genética entre as plantas (Scarano 2002 , 2006).
As Restingas são ecossistemas historicamente explorados e invadidos pela ocupação
humana (Carrasco 2003, Guedes et al. 2005, Martins et al. 2008) e, atualmente, possuem
poucas áreas de preservação legal (Scarano 2002 , 2006). Apesar de constituírem ambientes
de perturbações permanentes (flutuações ambientais - Creed 2006) e alta fragilidade, mesmo
assim, o conhecimento do efeito dos impactos em sua dinâmica e de sua recuperação são
pouco conhecidos.
Segundo o estudo do Instituto Florestal, “Situação Atual dos Remanescentes da Cobertura
Vegetal Natural do Estado de São Paulo (2002)”, as formações vegetais sobre restingas
somam 152.967 ha. de cobertura vegetal natural no Estado de São Paulo. Sendo que, apenas
90 km
2
ainda mantêm a sua estrutura fisionômica e composição florística preservadas. A
maioria está na Planície de Bertioga, e o restante está alterado por desmatamentos, atividades
de extração de areia e poluição industrial (Martins et al. 2008).
15
Estudos florísticos e fitossociológicos apresentam significativa contribuição para o
conhecimento da composição e estrutura da vegetação das restingas, nos últimos anos
(Martins et al. 2008). Em São Paulo, podemos citar os estudos de De Grande & Lopes (1981),
Kirizawa et al. (1992), Mantovani (1992), Cesar e Monteiro (1995), Carvalhaes (1997),
Assumpção e Nascimento (2000), Sugiyama (1998), Sugiyama (2003), Reis-Duarte (2004),
Guedes et al. (2006), Negrelle (2006), Pimentel et al. (2007), Lopes (2007), Moura et al.
(2007), Martins et al., (2008) e Micheletti Neto (2008).
Segundo Martins et al. (2008) a
família de maior riqueza específica entre as árvores é Myrtaceae e entre as espécies
consideradas comuns citam Amaioua intermedia, Andira fraxinifolia, Calophyllum
brasiliense, Clusia criuva, Eugenia stigmatosa, Guapira oposita, Ilex theezans, Ilex dumosa,
Maytenus robusta, Myrcia multiflora, Nectandra oppositifolia, Ocotea pulchella, Pera
glabrata, Psidium cattleyanum, Tabebuia cassinoides e Tapirira guianensis. Dessas espécies,
apenas Eugenia stigmatosa e Tabebuia cassinoides são restritas à restinga e à Floresta
Ombrófila Densa (Martins et al. 2008).
No entanto, estudos que evidenciem a interdependência e conectividade entre os diferentes
ambientes e entre unidades de conservação, apesar de sua importância ainda são poucos, uma
vez que, a situação atual de biomas como a Floresta Atlântica é marcada pela fragmentação e
isolamento de pequenos territórios (Pinto et al. 2006, Pivello et al. 2006, Leite et al. 2007).
As Florestas de Restingas são formações vegetais com alto grau de limitações ambientais,
tais como salinidade nos solos, encharcamento dos mesmos, solos pouco estruturados e
arenosos e deficiência nutricional, o que restringe e fragiliza a capacidade de suporte dessa ou
dessas comunidades. A manutenção e reconstrução (resistência e resiliência, respectivamente)
da sua biodiversidade acompanham o estado de sua capacidade de suporte e a disponibilidade
de propágulos da chuva de sementes.
Considerando que indivíduos em faixas de desenvolvimento diferentes representem
situações atuais e pretéritas de colonização, o estudo das mesmas pode mostrar uma variedade
de possibilidades para a construção ou manutenção da biodiversidade na comunidade,
auxiliando programas de recuperação de áreas degradadas.
Apresar da crescente contribuição ao conhecimento desse complexo vegetacional em São
Paulo, estudos de enfoque ecológico na dinâmica das populações vegetais ainda são poucos e
em áreas e abordagens distintas como:
sobre sementes em Marques (2002), Guedes (2005), Marques & Oliveira (2005), Pires
(2006), Pivello et al. (2006), Rodrigues (2006), Silva (2006),
16
sobre fenologia em Talora e Morellato (2000) e Zamith & Scarano (2003),
regeneração em Sá (2002), Carrasco (2003), Sugiyama (2003), Zamith & Scarano
(2003), Costa Faria e Oliveira (2007), Santos (2007), Faria (2009).
Estudos com plântulas e regenerantes em florestas tropicais ainda são pouco documentados
principalmente em relação às espécies de menor interesse econômico (Hall 1996).
2.2.5 Proteção legal da Restinga
Lei nº 4771/65 (Código Florestal)
Resolução CONAMA nº 4/85 substituída pela CONAMA 303/02 dispõe sobre
área de preservação permanente
Resolução CONAMA nº 4/93 (obrigação de licenciamento ambiental)
Decreto Federal nº 750/93 (exploração de mata primária em Mata Atlântica)
Resolução Conjunta SMA/IBAMA nº 2/94 (regulamenta o uso e ocupação do
estágio inicial de regeneração)
Resolução CONAMA nº 7/96 (descreve os estágios de sucessão de vegetação
de restinga)
Resolução CONAMA nº 09/96 (corredores ecológicos)
Resolução Conjunta SMA/IBAMA nº 05/96 (corte, supressão ou exploração de
vegetação nativa em restinga e mata atlântica)
Resolução CONAMA nº 341/03 dispõe sobre o uso para fins turísticos
17
3.OBJETIVOS
Este estudo abordou as seguintes questões:
a) qual a relação dos parâmetros estruturais dessa comunidade estudada em São Vicente – SP,
após o período de regeneração de 50 anos, com os de outras formações semelhantes (floresta
de restinga alta) e
b) como alguns aspectos da dinâmica ou da estrutura de populações de suas plantas, podem
justificar estes parâmetros.
3.1 OBJETIVOS GERAIS
Caracterização de aspectos da dinâmica das populações numa comunidade em processo de
regeneração sob perturbação antrópica.
Caracterização estrutural horizontal e vertical da comunidade.
Caracterização da interação com ecossistemas próximos, como receptor de propágulos,
para o serviço de manutenção da biodiversidade beta e especiação.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterização fitossociológica dos estratos superior (dossel), médio, inferior lenhoso e
chuva de sementes.
Análise de similaridade entre os diferentes estratos para caracterização de processos de
regeneração presentes nas diferentes populações.
Identificação de fases críticas no ciclo de vida das populações da floresta estudada.
Caracterização da distribuição espacial e temporal da chuva de sementes
Identificação das espécies transitórias (dependentes da chuva de sementes) e das espécies
permanentes (comuns e que mantém um ciclo interno de regeneração)
18
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Área de estudo
O trabalho foi desenvolvido em vegetação de floresta de restinga, na propriedade da
Sociedade Técnica de Areias para Fundição Ltda (STAF).
A área encontra-se sob o clima tropical super úmido, Af, de acordo com a classificação de
Köppen (CEPAGRI 2009). A região apresenta grande nebulosidade e altos índices
pluviométricos, principalmente entre outubro e março, com valores médios anuais de chuva
de 1.600mm a 3.000mm. A umidade relativa do ar varia entre 65% e 97% e a temperatura nos
meses quentes varia de 22° a 34,4 °C e nos meses frios, entre 13° e 27,6°C, com média anual
de 24,7ºC (médias de dados de 1961 a 1990 CEPAGRI 2009).
4.1.1 Localização
Localiza-se na Sub-bacia do Rio Boturoca, entre o município de Praia Grande e a Serra do
Mar.
Está situada a noroeste do cruzamento da Ferrovia FEPASA com a Rodovia Manoel da
Nobrega, altura do Km 75, em Samaritá, Distrito e Município de São Vicente/SP, com as
seguintes coordenadas de referência: S 23º 58’57,3’’ W -46º 29’46,2’’ e 33 m acima do nível
do mar.
4.1.2 Aspectos da vegetação
Em análise realizada pela própria concessionária, a vegetação foi classificada como
Floresta de Restinga Alta (CONAMA 07/96). A floresta alta de restinga, segundo Souza
(2008) denomina-se mais adequadamente de Vegetação de Planície Costeira e Baixa a Media
Encosta. Esta comunidade esdistante da área de contato marinho, que é maior que 1 km e
está completamente urbanizada sendo assim, a mesma não está sujeita a borrifos ou sprays”
de água salgada. O solo sob a floresta de restinga estudada é essencialmente arenoso,
provavelmente devido à ação de perturbação sofrida pela mineração de areia (figura 1).
Segundo informações dos proprietários da área, o local de estudo sofreu impacto de
mineração para retirada de areia entre o final da década de 60 e inicio da década de 70. Uma
vez abandonado, o mesmo vem desenvolvendo o processo de recuperação da vegetação
florestal, de forma natural e sem intervenções.
19
A área amostral pertence a um fragmento próximo ao Rio Boturoca que margeia a floresta
de encosta da Serra do Mar. Logo adjacente, em outra margem, existe um bairro residencial e
uma escola, por onde ocorreram, invasões de pessoas de forma aleatória. (figura 1).
O fragmento onde foi desenvolvido o estudo apresenta formação de dossel com pequenas
aberturas e indivíduos emergentes com mais de 15m de altura. O sub-bosque é aberto, com a
presença de palmeiras, samambaiaçus e arvoretas, sem a presença de bromélias terrestres de
grande porte. Observa-se grande diversidade de epífitas e lianas. A serapilheira apresenta
aproximadamente 2 cm de espessura e em uma das parcelas há alagamento do solo no período
de chuvas.
Em nota enviada como colaboração à este trabalho, o zoólogo Fabio H. A.Costa identificou
a espécie de anuro Hypsboas faber Wied-Neuwied, encontrada na área de amostragem
durante o período de estudo e descreve em seu texto, porque esse animal pode ser usado como
bioindicador de áreas em estágio de conservação mais avançado.
A distancia entre esse fragmento de floresta e a Floresta Ombrófila Densa da Serra do Mar
corresponde ao Rio Boturoca e um trilho de trem que atravessa a parte da Floresta
submontana. Esse fragmento estudado é o maior da propriedade e o mais afastado da estrada.
20
A
B
Figura 1- A) Esquema da área mostrando relevo e drenagem; B) Imagem da área relativa ao
esquema da figura A; C) Foto aérea, do fragmento objeto do estudo e D) Foto frontal da floresta.
C
D
21
4.2. Amostragem
Para o desenvolvimento do presente trabalho, foi delimitado uma área de 0,4 ha
subdividida em 40 parcelas de 100 m
2
(Matteucci & Colma 1982). Procurou-se manter uma
distancia mínima das margens do fragmento estudado de aproximadamente 10 m (figura 2).
As frações da comunidade estudadas nesse trabalho consideradas como estratos pretendem
representar não apenas subclasses de alturas de indivíduos adultos, mas fases do ciclo de vida
das populações de plantas presentes.
As parcelas foram demarcadas com fitilhos e estacas; os indivíduos do estrato superior
foram identificados com placas numeradas de alumínio e as do estrato médio com fitas de
plástico numeradas. Para a identificação dos espécimes foram realizadas coletas de ramos
férteis ou estéril para as plantas jovens e adultas, e da planta inteira para os dados do estrato
inferior, exceto aqueles indivíduos de até um metro de altura, que já mostravam vários ramos.
Dados de altura foram estimados com referencia a uma altura pré-determinada, e dados de
perímetro foram medidos por fita métrica centimetrada.
Para inferir sobre aspectos da dinâmica da floresta, a estrutura vertical foi amostrada em
frações que caracterizaram 3 estratos, através de parâmetros de DAP (diâmetro à altura do
peito) e altura total (Oliveira et al. 2001), além do acompanhamento durante um ano da chuva
de sementes.
Foram considerados pertencentes ao estrato superior indivíduos com DAP 4,8 cm
(Sztutman & Rodrigues 2002; Dorneles & Waechter 2004); como pertencentes ao estrato
médio aqueles com 0,8 cm DAP 4,9 cm e ao estrato inferior aqueles indivíduos de
espécies arbóreas ou arbustivas com alturas < 100 cm (Scherer et al. 2007). Folhas
secundárias ou presença de semente foram características usadas para facilitar a identificação.
Na presença de indivíduos ramificados, esses foram considerados como pertencentes a classe
daquele tronco que apresentou maior medida, e as medidas dos demais ramos foram incluídas
no cálculo da área basal. Esse critério aumentou o valor total da área basal para o estrato
médio devido às medidas dos indivíduos das palmeiras Bactris setosa em razão da sua
formação de touceiras.
Para o estrato superior, foram demarcadas 40 parcelas contíguas de 10 m X 10 m e foram
alocadas acompanhando o formato do fragmento, totalizando 4.000 m
2
(Negrelle 2006,
Sugiyama 2003).
22
Para o estrato dio as parcelas foram de 10 m X 5 m e foram instaladas no interior das
parcelas do estrato superior, totalizando 2.000 m
2
(figura 3).
Para o estrato inferior foram realizadas duas coletas, em parcelas localizadas a esmo, de 1
m X 1 m (total de 50 m
2
), em cada uma das parcelas do estrato superior, uma em janeiro de
2008 (período de chuvas) e outra em agosto de 2008 (período de estiagem) (figura 3).
Para a chuva de sementes, foram realizadas coletas mensais a partir de fevereiro de 2007 a
janeiro de 2008, em coletores de 1 X 1 (m
2
) X 15 cm de altura, instalados no interior de cada
parcela de 10 m X 10 m. Como fundo para os coletores foram usadas telas sombrite 80%.
Das amostras de cada coletor, foram separados os propágulos do montante da serapilheira e
alocados em sacos de papel numerados de acordo com a parcela a que pertenciam e anotando-
se a data correspondente. Os propágulos foram individualizados em morfo-espécies e
contados, para então serem identificados (figura 3).
A identificação das plantas foi efetuada contando com a colaboração da Seção do Herbário
do Instituto de Botânica de São Paulo segundo Sistema de Classificação de Cronquist (1981).
A identificação de sementes e propágulos contou com a colaboração da Seção de Ecologia
Florestal do Instituto Horto Florestal de São Paulo.
4.3 Florística e fitossociologia
Foram coletados e analisados dados de altura, DAP (a 1,30 m do solo), densidade e
freqüência para cada indivíduo amostrado nos dois estratos superior e médio, caracterizando
todas as espécies identificadas.
Os dados de densidade e freqüência das espécies identificadas do estrato inferior nos dois
períodos de coleta foram usados para comparação sazonal do recrutamento nos dois períodos.
A análise e a caracterização dos propágulos por síndromes de dispersão procuraram
verificar se ocorreu sazonalidade das formas de dispersão.
Para a caracterização fitossociológica dos estratos superior e médio foram calculados os
parâmetros de densidade absoluta e relativa (DA e DR), freqüência absoluta e relativa (FA e
FR), dominância absoluta e relativa (DoA e DoR) e o valor de importância VI (Müeller-
Dombois. & Ellemberg, 1974).
Para a análise dos dados do estrato inferior considerou-se as coletas de janeiro e julho
como uma dupla amostragem anual e para calculo de DA, DR, FA e FR foi considerada uma
área total de 100 m
2
. Esse duplicação de amostragem procurou diminuir as perdas do
23
recrutamento sazonal e a duplicação da área total (50 m
2
+ 50 m
2
) para evitar a subestimativa
de dados das populações amostradas duas vezes em períodos diferentes do ano. Espécies
observadas em apenas um dos meses de coleta, ou foram recrutadas em períodos diferentes ou
são muito raras e foram amostradas quando o tamanho amostral foi aumentado ou por
terem uma distribuição muito agregada respondem como as raras e puderam ser
amostradas após um esforço amostral maior.
Foi calculado o índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) e de equabilidade de Pielou
(J) para a comparação entre os estratos (Melo 2008) e análise da variação desses parâmetros
em decorrência da possibilidade de fixação das populações das espécies na comunidade.
Para comparação entre a flora de áreas diferentes foi usado o índice de Sørensen
(Matteucci & Colma 1982).
Análise de variância foi efetuada para os dados de densidade e riqueza dos regenerantes
considerando os meses de janeiro e agosto de 2008.
4.4. Similaridade
Para a comparação entre a flora amostrada no estrato superior e a de outros estudos no
estado de São Paulo foi usado o índice de Sørensen e elaborado o dendrograma pelo programa
PAST versão 1.9 (Hammer & Harper 2001) com agrupamento por média de grupo.
Todas as análises de similaridade foram feitas pelo índice de Sørensen (Matteucci &
Colma, 1982).
4.5 Chuva de sementes
Para a análise de variância para os dados de densidade e de riqueza da chuva de propágulos
ao longo de um ano (doze coletas) usou-se o programa PAST versão 1.9 (Hammer & Harper
2001) na elaboração do dendrograma de similaridade (índice de Sørensen) e, para ordenação
das espécies ao longo dos meses considerando dados de abundância foi utilizado o algoritmo
ISA (Indicator Species Analysis) .
Na análise de variância da riqueza entre regenerantes e os propágulos dos coletores na área
de 5.000 m
2
de cada coleta semestral de regenerantes e do total de propágulos do ano foi
utilizado o índice de similaridade.
24
4.6 Para a regeneração natural
Foi feita a análise de similaridade entre os diferentes estratos para caracterização de
processos de regeneração presentes nas diferentes populações através do índice de
similaridade.
A análise da estrutura vertical foi realizada para as dez espécies de maior VI, através do
cálculo da RNT (Regeneração Natural Total) que representa o potencial de regeneração
natural total das espécies (modificado de Finol por Volpato em 1993), segundo Scherer et al.
(2007). Esse parâmetro considera valores de abundância e distribuição das diferentes classes
de tamanho (RN para cada classe). A TRN (Taxa de regeneração natural), modificada de
Jardim (1986/87) por Scherer et al. (2007), que indica, através da variação da densidade entre
as classes de tamanho, a dinâmica de regeneração até o período de amostragem. Essa taxa é
relativa a cada espécie e é um parâmetro parcial do TRT (Taxa de regeneração total).
Onde:
RNi= (DRix + FRix)/ 2
RNi= regeneração natural da espécie i
e RNTi= Ʃ (RNi de todas as classes)
sendo i = espécie
x = classe de tamanho
DR = densidade relativa e
FR = freqüência relativa.
RNTi = regeneração natural total da espécie i
e
TRNi = [(Aj/Ao) – 1] x 100
sendo: Aj = densidade absoluta final (juvenil ou adulto) e;
Ao = densidade absoluta inicial (plântula ou juvenil).
TRNi = taxa de regeneração natural da espécie i
e
TRTi = [ (Aa/ Aj+p) – 1] x 100
sendo: Aa = densidade absoluta da fase adulta
Aj+p = soma das densidades absolutas das classes de tamanho de plântula (p) e juvenil
(j).
TRTi = taxa de regeneração total da espécie i
25
O índice RNT é um índice sintético onde os valores em porcentagem mostram a
capacidade das populações participarem da dinâmica de regeneração da comunidade, pois
quanto maior o índice maior a sua contribuição nos diferentes estratos. O índice TRT e TRN
do mesmo modo mostram qual a situação na dinâmica de regeneração da espécie na
comunidade. TRT é um índice geral para a taxa de regeneração e os diferentes TRN’s são
índices parciais que evidenciam as proporções do tamanho populacional entre os diferentes
estratos dois a dois. Quando o índice é (0) zero, significa que não existe alteração significativa
entre as proporções das populações nos diferentes estratos. Quando o índice é 100 positivo
significa que a RN (regeneração natural) no estrato inicial do calculo é igual a zero e a RN no
estrato final é maior que zero ou seja é nesse estrato final que essa espécie começa a aparecer
nas amostras.Quando o índice é positivo diferente de 100 representa o quanto a RN de um
estrato final é maior que a RN do estrato inicial. O índice negativo significa que a RN do
estrato inicial é maior que a RN do estrato final e que, portanto a população está sofrendo uma
diminuição de indivíduos de um estrato para outro.
26
.
Figura 2. Desenho amostral das parcelas na área de Floresta de Restinga Alta na propriedade
da STAF- São Vicente, SP. Os números representam as parcelas onde foram realizadas as
coletas de dados. Para o estrato superior e médio foram usadas as parcelas de 1 a 40.
Parcela 5 m X 5 m
para estrato médio
Parcela 1 m X 1 m para estrato inferior
1
2
3
4
5
7
8
9
11
10
12
13
14
15
16
19
17
18
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
37
36
35
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
Parcela 1 m X 1 m para chuva de
Parcela 1 m X 1 m para estrato superior
27
Resultados preliminares
Descrição
B
Figura 3. A
) coletor e coleta de
propágulos B) vista geral do sub-
bosque da floresta C) mold
ura
para coleta das plantas do estrato
inferior da floresta. Floresta de
R
estinga Alta. Propriedade da
STAF- São Vicente, SP. 2007
2008.
28
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5. 1 Estrutura da Floresta Alta de Restinga. (STAF- São Vicente, SP):
Estrato superior
5.1.1 Florística
De forma geral, como pode ser verificado no dendrograma de similaridade (figura 4 e a
quadro1) os dados da florística, do estrato superior desse estudo, são bastante distintos
considerando a maioria dos trabalhos desenvolvidos no estado de São Paulo. Além de
diferenças de tamanho de amostragem, de critérios para a coleta de dados e dos objetivos dos
trabalhos, a pequena similaridade também pode ser conseqüência de uma extensa gama de
variáveis condicionantes desse complexo de florestas de restingas. De acordo com Souza et
al. (2008) as formações vegetais consideradas para as restingas, representam uma série de
ecossistemas subjugados pelas características geopedologicas semelhantes, mas de origens,
históricos e condições abióticas diferentes. E essa heterogeneidade nas variáveis originais,
além das antrópicas, podem causar confusões de análises e dessa forma dificultar conclusões
sobre essa vegetação.
Quadro1. Local, autor, número de espécies identificadas e sua distribuição segundo Souza et al.
(2008).
Letra
Local Autor
nº de
especies
área total
(ha)
Distribuição no
litoral
A Florestas de Restinga de São Paulo Oliveira 2006 184
geral
B Bertioga Floresta de Restinga Alta Martins et al. 2008 193
Baixada Santista
C Ilha do Cardoso Sugiyama 2003 52
Sul
D Bertioga Floresta de Restinga Alta Guedes 2006 60
Baixada Santista
E
Florestas Secas de Restinga de São
Paulo Micheletti Neto 2007 109
geral
F Caraguatatuba Mantovani 1992 106
Norte
G Jureia Carvalhaes 1997 81
0,1 Sul
H Picinguaba Cesar e Monteiro 1995 77
0,52 Norte
I São Vicente Rodrigues 2006 48
0,01 Baixada Santista
J Ilha Anchieta Reis-Duarte 2004 57
0,31 Norte
K Esse estudo 2008
81
0,4 Baixada Santista
L Xixová-Japuí São Vicente Moura et al. 2007 198
Baixada Santista
As florísticas mais próximas, e formando um grupo à parte (J, K e L), são as das florestas
de Restinga Alta em estágio médio de regeneração da Ilha Anchieta estudada por Reis-Duarte
(2004) e da flora do Parque Estadual de Xixová-Japuí em São Vicente (considerou-se apenas
arbustos, arvoretas e árvores) estudada por Moura et al. (2007). Essa similaridade com a da
29
Ilha Anchieta foi, provavelmente, resultado da semelhança ao estágio de amadurecimento da
floresta em estudo ou devido a compartilharem uma flora de ampla distribuição geográfica no
estado de São Paulo. Com relação ao estudo desenvolvido no Parque Estadual de Xixová-
Japuí, apesar de incluir flora de Mata Atlântica e de Restinga, este último trabalho apresentou
uma listagem longa, além de ter sido efetuado em local mais próximo do que os outros.
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
K
L
A
1
B
0,434
1
C
0,242
0,250
1
D
0,319
0,397
0,343
1
E
0,469
0,447
0,444
0,400
1
F
0,278
0,214
0,243
0,258
0,296
1
G
0,267
0,189
0,213
0,140
0,237
0,186
1
H
0,281
0,202
0,190
0,163
0,246
0,205
0,229
1
I
0,136
0,174
0,182
0,211
0,168
0,159
0,196
0,132
1
J
0,148
0,193
0,208
0,175
0,172
0,123
0,150
0,070
0,140
1
K
0,264
0,224
0,103
0,161
0,209
0,132
0,170
0,148
0,150
0,243
1
L
0,223
0,260
0,068
0,124
0,159
0,161
0,116
0,103
0,062
0,146
0,197
1
Figura. 4. Dendrograma e tabela dos índices de similaridade de Sorensen para dez trabalhos em
floresta de restinga no Estado de São Paulo e sua respectiva tabela de valores. A- Florestas de
Restinga de São Paulo, B- Bertioga Floresta de Restinga Alta, C- Ilha do Cardoso, D- Floresta de
Restinga Alta Bertioga, E- Florestas Secas de Restinga de São Paulo, F- Caraguatatuba, G- Jureia, H-
Picinguaba, I- São Vicente, J- Ilha Anchieta e K- Presente estudo São Vicente, L- Parque Estadual
Xixová Baixada Santista.
Considerando mais detalhadamente na tabela dos índices de similaridade percebe-se que as
listagens maiores permitiram um índice maior (área A, B e E), provavelmente devido a
Similaridade
0
1,6
3,2
4,8
6,4
8
9,6
11,2
12,8
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
J
K
L
I
G
H
F
D
E
A
B
C
30
abrangência das variações de todas as formações incluídas, como era esperado, uma vez que,
são listagens para as florestas de restinga não inundável (quadro1). O que também foi
verificado pelos maiores índices de similaridade encontrados entre as próprias áreas A, B e E
com exceção da área F que apesar de conter uma listagem de 106 espécies não foi tão similar
com as áreas citadas. Nesse caso, a sua distinção pode ser explicada por sua riqueza de
espécies, apesar de ser grande, representa a flora de uma única localidade (Caraguatatuba).
Entre as demais listagens, a similaridade foi ainda mais baixa. Quanto menor o número de
espécies e mais distantes, menores foram os índices. A menor similaridade ocorreu com os
dados da Ilha do Cardoso (C - Sugiyama 2003) um local distante com a menor listagem
específica e com os dados de Caraguatatuba (F - Mantovani 1992), listagem rica mas de local
distante.
No estrato superior foram amostrados 442 indivíduos em 28 famílias, 56 gêneros e 82
espécies (tabela 1). Myrtaceae foi a família com o maior número de espécies amostradas (19
spp.) representando 23% do total identificado, das quais 7 espécies pertencem ao gênero
Eugenia e 6 ao gênero Myrcia, resultado também encontrado em florestas de restinga e Mata
Atlântica em São Paulo (Carvalhaes 1997, César & Monteiro, 1995, Guedes et al., 2006,
Martins et al. 2008, Micheletti Neto 2007). Segundo Sugiyama (2003), essa é uma
característica comum em áreas preservadas dessas florestas. Em seguida, aparecem as famílias
Lauraceae (8 spp.), Melastomataceae (7 spp.) e Fabaceae (7 spp.) e os gêneros Ocotea (3
espécies) e Miconia (5 espécies).
Cinco espécies, Ocotea pulchella, Cabralea canjerana, Eugenia concinna, Eugenia
umbelliflora e Gomidesia fenzliana, das seis citadas como endêmicas da porção sul e sudeste
da Mata Atlântica (Sugiyama 2003), foram encontradas nesse estudo.
5.1.2 Parâmetros estruturais de altura e diâmetro
A mediana das alturas foi de 7,0 m, a moda 6,0 m e, o dossel é formado entre 12 m e 14 m
aproximadamente, segundo análise semelhante em Martins (1993), formando as penúltimas
classes de indivíduos na distribuição das alturas, e a última classe com indivíduos emergentes
de até 18 m de altura (figura 5). Esses dados são coerentes aos indicados para as Florestas
Altas de Restingas onde a maior abundancia de indivíduos se encontra com alturas entre 5,1
m a 8 m (Silva et al. 2003, Michelletti Neto 2008) e, nesse estudo esses indivíduos estão
representadas por 55 espécies.
31
Entre as espécies com indivíduos que ultrapassam o dossel, com 15 m a 18 m, estão Aniba
viridis, Balizia pedicellaris, Cabralea canjerana, Calophyllum brasiliensis, Guapira
opposita, Humiriastrum dentatum, Miconia cabussu, Miconia cinnamomifolia, Pera glabrata,
Sloanea guianensis e Tachigalia denudata. Algumas delas foram comuns ao observado como
pertencentes ao dossel ou como emergentes nas Florestas Altas de Restingas Úmidas em
Bertioga por Martins et al. (2008) mas com indivíduos em dia mais altos que as desse
estudo.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0-2 2,1-4 4,1-6 6,1-8 8,1-10 10,1-
12
12,1-
14
14,1-
16
16,1-
18
classes de alturas
num.de ind.
Figura 5. Diagrama de barras domero de indivíduos por classe de altura no estrato superior. STAF-
São Vicente, SP 2008.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
4
- 8
8,1 -12
12
,
1-16
16,1-
20
20,1-
24
24,1-28
28
,
1-
3
2
32,1-
36
36,1-40
40
,
1-44
44,1-
48
48,1- 5
2
52,1-
56
56
,1-
60
60,1- 6
4
64,1 -68
68
,
1-
7
2
72,1-
76
80,1-84
classes de DAP
num. de ind.
Figura 6. Diagrama de barras do número de indivíduos por classe de DAP no estrato superior. Floresta
de Restinga Alta, STAF- São Vicente, SP. 2008.
32
A área basal observada foi maior que a estimada para as mesmas florestas, com as quais
foram comparados os valores de altura, com exceção do encontrado para a floresta do Núcleo
de Desenvolvimento de Picinguaba por Michelletti Neto (2008). A mediana dos valores de
DAPs foi 11,1 cm e a moda foi 5 cm (figura 6), ou seja a medida mínima para pertencerem a
esse estrato. Aproximadamente 54% dos indivíduos se concentram nas classes de até 12 cm e
apenas 12,4% dos indivíduos ultrapassam 30 cm de DAP, onde o maior valor amostrado foi
de 82,12 cm de um indivíduo de Balizia pedicellaris. Esse resultado indica um estagio de
regeneração da floresta estudada, onde o desenvolvimento da biomassa ainda é menor do que
daquelas áreas mais conservadas como foi observado por Silva et al. (2003) em florestas de
restinga em Bertioga-SP. Dentre essas espécies com maiores DAPs estão Aniba viridis,
Balizia pedicellaris, Cabralea canjerana, Guapira opposita, Nectandra grandiflora, Ouratea
parviflora e Xylopia langsdorfiana. Com exceção de Nectandra grandiflora e Ouratea
parviflora, por serem espécies mais características em sub-bosque (Carvalho et al. 2008), as
mais altas também foram as que apresentaram maior área basal.
Em média, as parcelas apresentaram 12 ± 3,2 indivíduos e 9 ± 2,4 espécies diferentes, em
uma amostragem de 1105 ind/ha. Esses valores são considerados baixos em comparação a
outros estudos como o desenvolvido por Michelletti Neto (2008) nas Unidades de
Conservação do litoral paulista onde considerou os indivíduos com alturas acima de 5 m
independente dos valores de DAP. Apesar da diferença de critérios de amostragem entre o
acima mencionado e esse, nesse trabalho o estrato médio foi composto na sua maioria por
indivíduos com alturas menores de 5 m o que torna os valores comparáveis. Desse modo,
sugere-se a possibilidade de adensamento arbóreo nessa comunidade ou o contrário, a
caracterização do limite da capacidade de suporte na área para número de indivíduos. A área
basal absoluta amostrada de 33,04 m
2
/ha (tabela 6) foi próxima daquela obtida no trabalho
acima mencionado (26,8 m
2
/ha – Parque estadual Ilha do Cardoso; 25 m
2
/ha – Estação
Ecológica Juréia-Itatins e 36,2 m
2
/ha Núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do
Mar), superior ao obtido por sar e Monteiro (1995) também na floresta do Núcleo
Picinguaba (12,56 m
2
/ha), e próximo ao encontrado por Guedes et al. (2006) de 27,69 m
2
/ha
para a floresta de restinga não inundável. Desse modo, os dados de abundancia, ainda são
parâmetros estruturais que indicam perturbação ou estágio de recuperação, mas os dados de
área basal são próximos daqueles encontrados em áreas em melhor estágio de conservação.
Como as espécies que apresentaram os maiores valores de DAP são classificadas em
outros trabalhos como climácicas e secundárias tardias, com exceção de Guapira opposita
(secundaria inicial), pode-se sugerir que a floresta estudada esteja em avançado processo de
33
recuperação, onde propágulos de indivíduos de ambientes mais estáveis e conservados,
podem dispersar e estabelecer-se.
5.1.3. Fitossociologia
As 10 espécies de maior VI foram Pera glabrata (Euphorbiacae), Sloanea guianensis
(Elaeocarpaceae), Xylopia langsdorffiana (Annonacae), Balizia pedicellaris (Fabaceae),
Amaioua intermedia (Rubiaceae), Cabralea canjerana (Meliaceae), Nectandra grandiflora
(Lauraceae), Matayba guianensis (Sapindaceae), Licania nitida (Chrysobalanaceae) e
Miconia cabussu (Melastomataceae) (tabela 1), os quais contribuem com aproximadamente
53% do total desse parâmetro.
Tabela. 1. Parâmetros fitossociológicos das espécies do estrato superior (DAP4,8cm) da Floresta de
Restinga Alta. Ind = número de indivíduos amostrados, parc = número de parcelas em que são
encontradas os indivíduos, DA = densidade absoluta, DR = densidade relativa, FA = freqüência
absoluta, FR = freqüência relativa, Ab = área basal total da espécie, DoA = dominância absoluta, DoR
= dominância relativa e VI = valor de importância. Propriedade STAF- São Vicente, SP. (2008).
espécie ind
parc
DA DR FA FR Ab DoA
DoR
VI
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex
Baill.
37
24
92,5
8,37
60,0
7,06
1,04
2,59
7,80
23,23
Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. 34
23
85,0
7,69
57,5
6,76
1,12
2,80
8,43
22,89
Xylopia langsdorfiana St.Hilaire &
Tulasne
45
17
112,5
10,18
42,5
5,00
0,81
2,01
6,07
21,25
Balizia pedicellaris (DC.) Barneby
& J.W. Grimes
14
12
35,0
3,17
30,0
3,53
1,90
4,74
14,30
21,00
Amaioua intermedia Mart. 32
18
80,0
7,24
45,0
5,29
0,70
1,74
5,26
17,79
Cabralea canjerana (Vell.) Mart. 15
12
37,5
3,39
30,0
3,53
1,10
2,74
8,27
15,19
Nectandra grandiflora Nees & C.
Mart. ex Nees
12
9
30,0
2,71
22,5
2,65
0,77
1,91
5,77
11,13
Matayba guianensis Aubl. 14
10
35,0
3,17
25,0
2,94
0,43
1,07
3,22
9,33
Licania nítida Hook. f. 17
13
42,5
3,85
32,5
3,82
0,19
0,47
1,40
9,07
Miconia cabussu Hoehne 10
8
25,0
2,26
20,0
2,35
0,36
0,91
2,74
7,35
Tachigalia denudata (Vogel)
Oliveira-Filho 6
5
15,0
1,36
12,5
1,47
0,56
1,39
4,20
7,03
Humiriastrum dentatum (Casar.)
Cuatrec. 10
9
25,0
2,26
22,5
2,65
0,25
0,62
1,85
6,76
Alchornea triplinervia (Spreng.)
Müll. Arg.
8
8
20,0
1,81
20,0
2,35
0,32
0,79
2,39
6,55
Manilkara subsericea (Mart.)
Dubard
7
7
17,5
1,58
17,5
2,06
0,33
0,82
2,47
6,11
Heisteria silvianii Schwacke
7
6
17,5
1,58
15,0
1,76
0,27
0,67
2,02
5,37
Calophyllum brasiliense Cambess. 4
3
10,0
0,90
7,5
0,88
0,37
0,93
2,81
4,60
Guatteria hilariana Schltdl. 7
7
17,5
1,58
17,50
2,06
0,11
0,28
0,83
4,47
Maytenus robusta Reissek 8
7
20,0
1,81
17,5
2,06
0,07
0,17
0,51
4,38
continua
34
Continuação tabela 1.
espécie ind
parc
DA DR FA FR Ab DoA
DoR
VI
Andira fraxinifolia Benth. 8
7
20,0
1,81
17,5
2,06
0,06
0,14
0,41
4,28
Miconia sp. 9
6
22,5
2,04
15,0
1,76
0,06
0,16
0,48
4,28
Maprounea guianensis Aubl. 7
6
17,5
1,58
15,0
1,76
0,11
0,28
0,84
4,19
Eugenia sulcata Spring ex Martius 8
7
20,0
1,81
17,5
2,06
0,04
0,10
0,29
4,16
Ocotea aciphylla (Nees) Mez 7
5
17,5
1,58
12,5
1,47
0,12
0,30
0,90
3,96
Protium kleinii Cuatrec. 6
5
15,0
1,36
12,5
1,47
0,13
0,32
0,97
3,80
Aniba viridis Mez 2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,34
0,86
2,59
3,63
Myrcia pubipetala Miq. 5
5
12,5
1,13
12,5
1,47
0,05
0,13
0,40
3,00
Eugenia neolanceolata Sobral
4
4
10,0
0,90
10,0
1,18
0,09
0,22
0,66
2,74
Miconia cubatanensis Hoehne 4
3
10,0
0,90
7,5
0,88
0,09
0,23
0,69
2,48
Guapira opposita (Vell.) Reitz 3
3
7,5
0,68
7,5
0,88
0,12
0,29
0,87
2,44
Pouteria psamomifolia (Mart.)
Radlk. 4
4
10,0
0,90
10,0
1,18
0,02
0,05
0,16
2,24
Guarea macrophylla Vahl 4
4
10,0
0,90
10,0
1,18
0,02
0,04
0,12
2,20
Pouteria beaureipairei (Glaz. &
Raunk.) Baehni 3
3
7,5
0,68
7,5
0,88
0,07
0,17
0,51
2,07
Miconia cinnamomifolia (DC.)
Naudin 2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,13
0,33
0,99
2,03
Psidium cattleyanum Sabine 3
3
7,5
0,68
7,5
0,88
0,05
0,11
0,34
1,90
Jacaranda puberula Cham. 4
3
10,0
0,90
7,5
0,88
0,01
0,03
0,10
1,89
Ouratea parviflora Engl. 3
3
7,5
0,68
7,5
0,88
0,04
0,10
0,29
1,86
Myrtaceae sp3. 3
2
7,5
0,68
5,0
0,59
0,06
0,14
0,42
1,69
Gomidesia sp1. 3
3
7,5
0,68
7,5
0,88
0,02
0,04
0,11
1,67
Cupania cf. vernalis Cambess. 3
3
7,5
0,68
7,5
0,88
0,01
0,03
0,08
1,64
Inga cf. campanulata Benth.
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,04
0,11
0,33
1,37
Ocotea pulchella (Nees) Mez 1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,10
0,25
0,75
1,27
Ormosia arborea (Vell.) Harms 2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,03
0,06
0,19
1,23
Licania cf. kunthiana Hook. f.
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,02
0,06
0,17
1,21
Couepia venosa Prance
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,09
0,23
0,68
1,20
Alibertia myrciifolia Spruce ex K.
Schum.
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,02
0,04
0,12
1,16
Cupania oblongifolia Mart.
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,02
0,04
0,11
1,15
Tetrorchidium rubrivenium Poepp.
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,08
0,21
0,63
1,15
Eugenia cf. riedeliana O. Berg
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,01
0,03
0,10
1,14
Vernonia discolor (Spreng.) Less.
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,01
0,03
0,10
1,14
Miconia rigidiuscula Cogn.
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,01
0,03
0,09
1,13
Myrtaceae indet2
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,01
0,03
0,09
1,13
Eugenia oblongata O. Berg
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,01
0,02
0,07
1,11
Leandra sp.
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,01
0,02
0,07
1,11
Chionanthus filiformis (Vell.) P.S.
Green 2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,01
0,02
0,06
1,10
Lauraceae sp1
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,01
0,02
0,06
1,10
Myrcia cf. leucantha (O. Berg) N.
Silveira 2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,01
0,02
0,06
1,10
Myrtaceae indet1
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,08
0,19
0,57
1,09
Eugenia cf. monosperma Vell.
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,00
0,01
0,03
1,07
Eugenia sp1
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,00
0,01
0,03
1,07
Schefflera angustissima (Marchal)
Frodin 2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,00
0,01
0,03
1,07
Myrcia acuminatissima O. Berg
2
2
5,0
0,45
5,0
0,59
0,00
0,01
0,03
1,07
Tabebuia alba (Cham.) Sandwith
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,05
0,11
0,34
0,86
Rollinia sericea (R.E. Fr.) R.E. Fr
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,04
0,11
0,33
0,85
continua
35
Continuação tabela 1.
espécie ind
parc
DA DR FA FR Ab DoA
DoR
VI
Erythroxylum amplifolium Baill.
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,04
0,10
0,30
0,82
Lauraceae sp3
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,04
0,09
0,28
0,80
Solanum sp1
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,03
0,09
0,26
0,78
Myrcia cf. dichrophylla D. Legrand
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,03
0,06
0,19
0,71
Gordonia fruticosa (Schrad.) H.
Keng 1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,02
0,05
0,16
0,68
Myrcia multiflora (Lam.) DC.
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,02
0,05
0,14
0,66
Eugenia umbelliflora O. Berg
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,03
0,10
0,62
Hymenolobium janeirense Kuhlm.
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,03
0,10
0,62
Piptocarpha cf. macropoda (DC.)
Baker
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,03
0,10
0,62
Swartzia langsdorffii Raddi
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,02
0,07
0,59
Ocotea cf. elegans Mez
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,02
0,06
0,58
Piper gaudichaudianum Kunth
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,02
0,06
0,58
Posoqueria acutifólia Mart.
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,02
0,05
0,57
Tabebuia obtusifolia (Cham.)
Bureau 1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,02
0,05
0,57
Myrcia racemosa (O. Berg) Kiaersk.
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,02
0,05
0,57
Ecclinusa ramiflora Mart.
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,01
0,04
0,56
Marlierea sp1
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,01
0,01
0,04
0,56
Virola gardneri (A. DC.) Warb.
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,00
0,01
0,03
0,55
Lauraceae sp2
1
1
2,5
0,23
2,5
0,29
0,00
0,01
0,02
0,54
As populações de Pera glabrata, Sloanea guianensis, Xylopia langsdorffiana e Amaioua
intermedia o as que apresentaram maiores abundancia e freqüência nesse estrato, e são,
desse modo, as espécies mais comuns (tabela 1.). Balizia pedicelaris é a espécie dominante
com os indivíduos de maior porte e Xylopia langsdorffiana é a espécie com a população de
maior densidade.
As espécies que apresentaram na amostragem apenas 1 (um) individuo no estrato superior
compuseram 30,5% do total e foram consideradas as espécies raras nesse estrato (tabela 1. e
2). Esse resultado esta dentro do intervalo de 15 a 50% esperado para florestas de restinga no
estado de São Paulo (Sugiyama 2003). As demais espécies, que compõem esse estrato, são
encontradas em aproximadamente 25% das parcelas na área, possuem praticamente metade do
número de indivíduos das espécies mais comuns e as plantas são de porte menor.
As 10 famílias com maiores VI’s foram Fabaceae, Euphorbiaceae, Myrtaceae,
Annonaceae, Lauraceae, Elaeocarpaceae, Rubiaceae, Melastomataceae, Meliaceae e
Sapindaceae e representam 79% do total (tabela 2.).
Fabaceae, Euphorbiaceae e Lauraceae foram as famílias que contribuíram com as plantas
de maior porte e Myrtaceae, Euphorbiaceae e Annonaceae com as mais abundantes.
36
As populações da família das Myrtaceae são bastante diversificadas, com poucos
indivíduos cada uma, bem distribuídas por toda a sinúsia arbórea e apresentam porte modesto
em relação às outras espécies, o que também foi observado por César & Monteiro (1995) em
Picinguaba e Sugiyama (2003) na Ilha do Cardoso.
A família Euphorbiaceae, representada por quatro espécies, comparativamente, é a que
apresenta contribuição mais equilibrada de densidade, freqüência e dominância de indivíduos,
entre as mais importantes do estrato.
Tabela 2. Parâmetros estruturais das famílias do estrato superior (DAP 4,8 cm) da Floresta de
Restinga Alta. Ind = número de indivíduos amostrados, parc = número de parcelas onde foram
encontrados os indivíduos, DA = densidade absoluta (ind/ha), DR = densidade relativa, FA =
freqüência absoluta, FR = freqüência relativa, DoA = dominância absoluta, DoR = dominância relativa
e VI= valor de importância. Propriedade STAF- São Vicente, SP. (2008).
Familia ind parc DA DR FA FR DoA DoR VI
Fabaceae
34
30
85,00
7,675
75,00
8,75
2,60
19,67
36,09
Euphorbiaceae 53
39
132,50
11,964
97,50
11,37
1,55
11,70
35,04
Annonaceae 53
25
132,50
11,964
62,50
7,29
0,96
7,25
26,51
Myrtaceae
46
40
115,00
10,384
100,00
11,6
0,49
3,71
25,76
Lauraceae
27
22
67,50
6,095
55,00
6,41
1,38
10,45
22,96
Elaeocarpaceae 34
23
85,00
7,675
57,50
6,71
1,12
8,46
22,84
Rubiaceae
35
22
87,50
7,901
55,00
6,41
0,72
5,45
19,76
Melastomataceae
29
23
72,50
6,546
57,50
6,71
0,67
5,08
18,33
Meliaceae
19
16
47,50
4,289
40,00
4,66
1,11
8,42
17,37
Sapindaceae
19
15
47,50
4,289
37,50
4,37
0,45
3,42
12,08
Chrysobalanaceae 20
16
50,00
4,515
40,00
4,66
0,30
2,25
11,43
Sapotaceae
15
15
37,50
3,386
37,50
4,37
0,42
3,18
10,94
Humiriaceae
10
9
25,00
2,257
22,50
2,62
0,25
1,86
6,74
Olacaceae
7
6
17,50
1,580
15,00
1,75
0,27
2,03
5,36
Clusiaceae 4
3
10,00
0,903
7,50
0,87
0,37
2,82
4,60
Celastraceae 8
7
20,00
1,806
17,50
2,04
0,07
0,51
4,36
Burseraceae 6
5
15,00
1,354
12,50
1,46
0,13
0,98
3,79
Bignoniaceae 6
5
15,00
1,354
12,50
1,46
0,07
0,49
3,30
Nyctaginaceae
3
3
7,50
0,677
7,50
0,87
0,12
0,88
2,43
Ochnaceae
3
3
7,50
0,677
7,50
0,87
0,04
0,30
1,85
Asteraceae 3
3
7,50
0,677
7,50
0,87
0,03
0,20
1,75
Oleaceae
2
2
5,00
0,451
5,00
0,58
0,01
0,06
1,10
Araliaceae 2
2
5,00
0,451
5,00
0,58
0,00
0,03
1,06
Erythroxylaceae 1
1
2,50
0,226
2,50
0,29
0,04
0,30
0,82
Solanaceae
1
1
2,50
0,226
2,50
0,29
0,03
0,26
0,77
Theaceae
1
1
2,50
0,226
2,50
0,29
0,02
0,16
0,68
Piperaceae
1
1
2,50
0,226
2,50
0,29
0,01
0,06
0,58
Myristicaceae
1
1
2,5
0,226
2,50
0,29
0,00
0,03
0,55
O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) encontrado foi 3,75 nats/ind. e o índice
de equabilidade (J) de Pielou foi 0,85. Valores muito semelhantes foram encontrados em
37
outros trabalhos sobre florestas de restingas listados em Sugiyama (2003) e Assis et al.
(2004). O que sugere uma situação de diversidade próxima das florestas em bom estágio de
conservação com pouca dominância de grupos taxonômicos específicos em relação à riqueza
de espécies (Micheletti Neto 2007).
Dentre as 16 espécies exclusivas, Miconia cabussu, Tachigalia denudata, Miconia
cubatanensis, Miconia cinamomifolia, Myrtaceae sp3, Ocotea pulchella, Tabebuia alba,
Erythroxylum amplifolium, Gordonia fruticosa, Myrcia multiflora, Eugenia umbellata,
Hymenolobium janeirense, Piptocarpha cf. macropoda, Myrcia racemosa, Eclinusa
ramiflora, Virola gradneri, as duas primeiras foram as que apresentaram VI mais altos. A
primeira está entre as dez de maior VI para o estrato e a outra é a décima primeira. Ambas
estão presentes na avaliação dos indivíduos de dossel, e provavelmente não houve
desenvolvimento de indivíduos jovens para essas espécies. São espécies que devem estar
numa condição de substituição por mudança das características ambientais e indicando um
processo de alteração da composição florística local. No entanto, considerando as duas
espécies não foi possível identificar semelhanças de condições para o declínio populacional
das mesmas, pois Miconia cabussu é uma espécie de crescimento rápido e heliófila.
Tachigalia denudata, por outro lado, é uma espécie característica da Floresta Ombrófila
Densa Montana e Sub-montana de grande porte. Nos poucos trabalhos que se referem a essas
espécies, não indicação de características reprodutivas ou de abundancia populacional,
provavelmente por o serem de populações com valores de importância significativos nas
amostragens. As demais espécies que compõem os 19,75% são espécies de menor densidade e
freqüência, a maioria com apenas 1 indivíduo. Contribuem para a lista de espécies raras que,
provavelmente, se estabelecem de forma oportunista devido à contribuição de espécies
alóctones na chuva de sementes em sítios disponíveis.
5.2 Estrutura da Floresta Alta de Restinga. (STAF- São Vicente, SP):
Estrato médio
5.2.1 Florística e similaridade
No estrato médio foram amostrados 782 indivíduos em 28 famílias, 55 gêneros e 80
espécies. A família Myrtaceae apresentou maior riqueza taxonômica (24 espécies)
contribuindo com 25,5% do total identificado e, entre os gêneros mais abundantes destacam-
se Eugenia e Myrcia, assim como no estrato superior.
38
Comparando os dados desse estrato com os de Sugiyama (2003) para um estrato de
critérios semelhantes na Ilha do Cardoso SP, obteve-se um índice de similaridade de Sørensen
bastante baixo de 16,3%, mas ainda maior que para o estrato superior. Entre as 13 espécies
comuns Myrcia fallax, Bactris setosa e Pera glabrata estavam entre as que apresentaram
maiores valores de VI nesse estudo mas não foram consideradas espécies típicas desse estrato
arbustivo-arbóreo na Ilha do Cardoso.
O índice de Sørensen para o estrato semelhante na floresta de restinga da Juréia
(Carvalhaes 1997) também foi baixo 17,5%, pouco mais alto que o encontrado para o estrato
superior, o que pode sugerir esse estrato, como aquele em que os indivíduos de espécies mais
comuns “esperam” para alcançarem o estrato superior, uma vez que, a diversidade é quase a
mesma para os dois estratos nesse estudo.
5.2.2 Parâmetros estruturais de altura e diâmetro
A mediana dos valores de alturas para esse estrato foi de 2,5 m e a moda 2 m, variando de
1 m a 8 m. Aproximadamente 62% dos indivíduos apresentam até 3 m (figura 7). E
caracterizam o sub-bosque da floresta, pois formam uma moda de alturas bastante distinta da
encontrada no estrato superior. Apenas 5,7% dos indivíduos desse estrato ultrapassam 5,0 m
de altura, o menor valor da maioria das alturas do estrato em comparação.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1m a 2m 2,1m a 3,0m 3,1m a 5,0m 5,1m a 7,0m 7,1m a 8,0m
classes de altura
num ind.
Figura 7. Diagrama de barras do número de indivíduos por classes de altura do estrato médio
(0,8DAP 4,8cm). STAF- São Vicente, SP.2008.
39
A mediana do DAP foi de 1,91 cm e a moda 1,27 cm (figura 8 e 9) com variância alta
devido à soma das medidas dos ramos das arecaceas como Bactris setosa (58% daquelas em
que o DAP ultrapassa o limite de 4,8 cm) e Geonoma schottiana aumentando muito a média
da área basal desse estrato (tabela 2). No geral, 75% estão no intervalo a3,2 cm (Programa
PAST)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0,8 - 1,8
2,
8
-
3
,
6
4,6 - 5,2
6,2
-
7,
0
8
,
0 -
8,8
9,
8
-
1
0,
6
11,6
-
12,2
13,2 - 14,0
15
,
0
-
15
,
8
16,8 -17,6
18
,
6
-
1
9,
2
20,2
-
21,0
2
2,
0
-
2
2,
8
2
3,
8
-24
,
6
25,6 - 26,2
2
7,
1
-27
,
9
classes de DAP (cm)
num. de ind.
Figura.8 - Diagrama de barras com o número de indivíduos por classe de DAP do estrato dio.
Floresta de Restinga Alta. STAF – São Vicente, SP. 2008.
Considerando a distribuição de valores de altura e diâmetro, e a densidade apresentada
nesse estrato percebe-se a caracterização de um estrato à parte (tabela 6). Muito mais denso e
com a maioria dos indivíduos no limite mais baixo das alturas encontradas no estrato superior.
Os dados de DAP (diâmetro) também formam outra moda com muitos indivíduos de porte
menor e com apenas 25 indivíduos com DAP maior que 4,8 cm devido a soma de ramos do
mesmo indivíduo. Os indivíduos com DAP maior que 4,8 cm são na sua maioria
representantes jovens daqueles amostrados no estrato superior ou que poderiam ser, a saber:
Cabralea canjerana, Chionanthus filiformis, Cordia sellowiana, Myrcia fallax, Myrcia
40
acuminatissima, Ouratea parviflora, Tabebuia obtusifolia, Xylopia langsdorfiana e Geonoma
schottiana, sendo que essa última é somente amostrada nesse estrato.
5.2.3 Fitossociologia
As dez espécies de maior VI nesse estrato foram Bactris setosa, Xylopia langsdorffiana,
Ouratea parviflora, Guarea macrophylla, Licania cf. kunthiana, Guatteria hilariana, Licania
nítida, Cabralea canjerana e Myrcia fallax. As espécies Xylopia langsdorffiana, Cabralea
canjerana e Licania nítida são também as de maior VI no estrato superior e contribuíram nos
três estratos (tabela 3).
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das espécies do estrato médio (0,8 DAP 4,8 cm) da Floresta
de Restinga Alta. Ind= número de indivíduos amostrados, parc = número de parcelas em que são
encontradas os indivíduos, DA = densidade absoluta (ind./ha), DR = densidade relativa, FA =
freqüência absoluta, FR = freqüência relativa, Ab= área basal total da espécie, DoA = dominância
absoluta, DoR = dominância relativa e VI = valor de importância. Propriedade STAF São Vicente,
SP. (2008).
espécie ind
parc
DA
DR FA FR
Ab
(m
2
)
DoA
(ha) DoR
VI
Bactris setosa Mart. 60 23 300 7,673 57,50
5,35
0,28 1,42 42,37 55,39
Xylopia langsdorfiana St.Hilaire
& Tulasne
82 20 410 10,486
50,00
4,65
0,04 0,21 6,14 21,28
Ouratea parviflora Engl. 60 16 300 7,673 40,00
3,72
0,03 0,17 5,15 16,55
Guarea macrophylla Vahl 35 19 175 4,476 47,50
4,42
0,01 0,07 2,10 10,99
Licania cf. kunthiana Hook. f. 38 14 190 4,859 35,00
3,26
0,02 0,09 2,81 10,92
Guatteria hilariana Schltdl. 36 19 180 4,604 47,50
4,42
0,01 0,05 1,42 10,44
Licania nítida Hook. f. 28 16 140 3,581 40,00
3,72
0,01 0,06 1,74 9,04
Cabralea canjerana (Vell.) Mart. 20 15 100 2,558 37,50
3,49
0,02 0,10 2,87 8,92
Myrcia fallax (Rich.) DC. 28 12 140 3,581 30,00
2,79
0,02 0,08 2,36 8,73
Geonoma schottiana Mart. 17 7 85 2,174 17,50
1,63
0,03 0,15 4,34 8,14
Amaioua intemedia Mart. 17 13 85 2,174 32,50
3,02
0,01 0,04 1,31 6,51
Aniba viridis Mez 17 13 85 2,174 32,50
3,02
0,01 0,03 0,98 6,17
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex
Baill. 17 11 85 2,174 27,50
2,56
0,01 0,04 1,20 5,93
Gomidesia cf. schaueriana O.
Berg 17 11 85 2,174 27,50
2,56
0,00 0,02 0,69 5,42
Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. 14 10 70 1,790 25,00
2,33
0,01 0,04 1,19 5,31
Myrcia pubpetala Miq. 14 12 70 1,790 30,00
2,79
0,00 0,02 0,70 5,28
Calyptranthes lanceolata O. Berg 21 7 105 2,685 17,50
1,63
0,01 0,03 0,87 5,18
Cordia sellowiana Cham. 17 11 85 2,174 27,50
2,56
0,01 0,03 0,83 4,95
Eugenia sulcata Spring ex Martius
13 8 65 1,662 20,00
1,86
0,01 0,04 1,31 4,84
Hirtella angustifolia Schott ex
Spreng. 15 10 75 1,918 25,00
2,33
0,00 0,01 0,23 4,48
continua
41
Continuação tabela 3.
espécie ind
parc
DA
DR FA FR
Ab
(m
2
)
DoA
(ha)
DoR
VI
Ocotea teleiandra (Meisn.) Mez 9 8 45 1,151 20,00
1,86
0,00 0,02 0,47 3,48
Rudgea coriaceae (Spreng.) K.
Schum.
9 7 45 1,151 17,50
1,63
0,00 0,02 0,66 3,44
Piper gaudichaudianum Kunth 12 4 60 1,535 10,00
0,93
0,01 0,03 0,97 3,43
Tabebuia obtusifolia (Cham.)
Bureau
5 3 25 0,639 7,50 0,70
0,01 0,07 2,01 3,35
Maytenus robusta Reissek 12 4 60 1,535 10,00
0,93
0,00 0,02 0,73 3,19
Manilkara subsericea (Mart.)
Dubard
9 6 45 1,151 15,00
1,40
0,00 0,02 0,57 3,12
Alibertia myrciifolia Spruce ex K.
Schum.
8 6 40 1,023 15,00
1,40
0,00 0,02 0,50 2,92
Xylopia brasiliensis Spreng. 7 7 35 0,895 17,50
1,63
0,00 0,01 0,35 2,87
Couepia venosa Prance 8 6 40 1,023 15,00
1,40
0,00 0,01 0,41 2,83
Myrtaceae sp2 6 6 30 0,767 15,00
1,40
0,00 0,02 0,60 2,77
Solanaceae sp. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,02 0,08 2,33 2,69
Nectandra grandiflora Nees & C.
Mart. ex Nees 6 5 30 0,767 12,50
1,16
0,00 0,02 0,54 2,47
Eugenia cf. riedeliana O. Berg 7 5 35 0,895 12,50
1,16
0,00 0,00 0,15 2,20
Cupania cf. vernalis Cambess. 5 5 25 0,639 12,50
1,16
0,00 0,01 0,37 2,17
Guapira opposita (Vell.) Reitz 7 4 35 0,895 10,00
0,93
0,00 0,01 0,33 2,16
Ormosia arbórea (Vell.) Harms 8 3 40 1,023 7,50 0,70
0,00 0,01 0,35 2,07
Maprounea guianensis Aubl. 5 4 25 0,639 10,00
0,93
0,00 0,02 0,46 2,03
Humiriastrum dentatum (Casar.)
Cuatrec. 6 4 30 0,767 10,00
0,93
0,00 0,01 0,19 1,89
Pouteria beaurepairei (Glaz. &
Raunk.) Baehni 4 4 20 0,512 10,00
0,93
0,00 0,01 0,37 1,81
Mollinedia schottiana (Spreng.)
Perkins
4 4 20 0,512 10,00
0,93
0,00 0,01 0,35 1,79
Myrcia cf. leucantha (O. Berg) N.
Silveira 4 4 20 0,512 10,00
0,93
0,00 0,01 0,26 1,70
Inga cf. campanulata Benth. 5 3 25 0,639 7,50 0,70
0,00 0,01 0,19 1,52
Andira fraxinifolia Benth. 3 3 15 0,384 7,50 0,70
0,00 0,01 0,36 1,44
Calyptranthes concinna DC. 2
1
10
0,256
2,50
0,23
0,01 0,03 0,87 1,36
Myrcia acuminatissima O. Berg 2 2 10 0,256 5,00 0,47
0,00 0,02 0,58 1,30
Tabebuia cf. serratifolia (Vahl) G.
Nicholson
4 3 20 0,512 7,50 0,70
0,00 0,00 0,08 1,29
Schefflera angustissima 2 2 10 0,256 5,00 0,47
0,00 0,02 0,47 1,19
Podocarpus sellowii Klotzsch ex
Endl.
3 3 15 0,384 7,50 0,70
0,00 0,01 0,08 1,16
Chionanthus filiformis (Vell.) P.S.
Green
2 2 10 0,256 5,00 0,47
0,00 0,01 0,44 1,16
Eugenia cerasiflora Miq. 4 2 20 0,512 5,00 0,47
0,00 0,01 0,18 1,16
Dendropanax sp. 3 3 15 0,384 7,50 0,70
0,00 0,00 0,06 1,14
Miconia sp2. 3 3 15 0,384 7,50 0,70
0,00 0,00 0,03 1,11
Marlierea racemosa (Vell.)
Kiaersk. 3 3 15 0,384 7,50 0,70
0,00 0,00 0,03 1,11
Pouteria psamofila (Mart.) Radlk. 3 2 15 0,384 5,00 0,47
0,00 0,01 0,22 1,07
Balizia pedicellaris (DC.) Barneby
& J.W. Grimes 2 2 10 0,256 5,00 0,47
0,00 0,01 0,31 1,03
Cupania oblongifolia Mart. 2 2 10 0,256 5,00 0,47
0,00 0,01 0,30 1,03
Jacaranda puberula Cham. 3 2 15 0,384 5,00 0,47
0,00 0,01 0,16 1,01
continua
42
Continuação tabela 3.
espécie
ind
parc
DA DR FA FR
Ab
(m
2
)
DoA
(ha) DoR VI
Eugenia oblongata O. Berg 3 2 15 0,384 5,00 0,47
0,00 0,00 0,14 0,99
Matayba guianensis Aubl. 2 2 10 0,256 5,00 0,47
0,00 0,01 0,23 0,95
Faramea sp. 2 2 10 0,256 5,00 0,47
0,00 0,01 0,22 0,94
Swartzia langsdorffii Raddi 2 2 10 0,256 5,00 0,47
0,00 0,00 0,14 0,86
Eugenia neolanceolata Sobral 2 2 10 0,256 5,00 0,47
0,00 0,00 0,11 0,83
Heisteria silvianii Schwacke 2 1 10 0,256 2,50 0,23
0,00 0,01 0,23 0,72
Myrtaceae sp1. 2 1 10 0,256 2,50 0,23
0,00 0,00 0,14 0,63
Fabaceae indet 1 1 5 0,128 2,50 0,23
0,00 0,01 0,27 0,63
Myrtaceae sp4. 2 1 10 0,256 2,50 0,23
0,00 0,00 0,12 0,60
Gomidesia spetabilis (DC.) O.
Berg 2
1
10
0,256
2,50
0,23
0,00 0,00 0,05 0,54
Sorocea sp. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,12 0,48
Dalbergia sp. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,05 0,41
Calophyllum brasiliense Cambess.
1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,04 0,40
Allophylus petiolulatus Radlk. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,04 0,40
Ocotea aciphylla (Nees) Mez 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,03 0,39
Inga edulis Mart. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,02 0,38
Myrtaceae sp5. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,02 0,38
Eugenia cf. monosperma Vell. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,02 0,38
Miconia rigidiuscula Cogn. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,01 0,37
Psychotria cf. leiocarpa Cham. &
Schltdl. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,01 0,37
Posoqueria acutifolia Mart. 1
1
5
0,128
2,50
0,23
0,00 0,00 0,01 0,37
Apesar da semelhança numérica de categorias taxonômicas presentes entre os dois estratos
superior e médio, a similaridade especifica foi baixa, mesmo para o índice de Sørensen que
foi de 0,39. Esse resultado mostra o aspecto complementar da amostragem dos estratos na
florística local e a dinâmica de manutenção da diversidade uma vez que, desconsiderando as
arecaceas, a maioria das outras espécies apresentam indivíduos que poderão compor o estrato
superior na continuação de seu desenvolvimento.
As espécies representantes exclusivas no estrato médio (tabela 3) foram Allophylus
petiolulatus, Inga edulis, Dalbergia sp. , Sorocea sp., Gomidesia spectabilis, Myrtaceae sp4.,
Faramea sp., Dendropanax sp., Mollinedia schottiana, Hirtella angustifolia, Cordia
sellowiana, Calyptranthes lanceolata e Bactris setosa. Em sua maioria, essas espécies são
comuns nos sub-bosque das florestas de restinga (Martins et al. 2008). Bactris setosa é uma
espécie abundante e típica na área estudada, devido a grande quantidade de ramos (perfilhos)
apresenta o maior VI, e representa desse modo, uma população comum no sub-bosque com
reprodução vegetativa dominante e sem recrutamento observado. Seus frutos são muito
apreciados pelos invasores humanos locais e as (infrutescências) são retiradas praticamente
inteiras, o que provavelmente influiu no potencial de dispersão dos propágulos produzidos.
Calyptranthes lanceolata é uma espécie que geralmente possui uma população abundante,
43
mas de distribuição restrita e endêmica da Floresta Atlântica (Caiafa, 2008). Com muitos
representantes em poucas parcelas, os indivíduos dessa espécie eram de pequeno porte. Essa
condição pode ser resultado de uma contribuição esporádica, onde alguns indivíduos foram
recrutados em sítios favoráveis e que ainda não alcançaram o estrato superior, e não estão
aptos a contribuir com novos regenerantes na área. Esse exemplo evidencia a importância da
contribuição das fontes alóctones de propágulos para o enriquecimento das comunidades em
processo de recuperação florestal e manutenção das populações menos abundantes.
As espécies com apenas um indivíduo Heisteria silvianii, Fabaceae indet, Myrtaceae sp1.,
Myrtaceae sp4, Calyptranthes concinna., Solanaceae sp., Gomidesia spectabilis, Sorocea sp.,
Dalbergia sp., Calophyllum brasiliense, Allophylus petiolulatus, Ocotea aciphylla, Inga
edulis, Myrtaceae sp5., Eugenia cf. monosperma, Miconia rigidiuscula, Psychotria cf.
leiocarpa, Posoqueria acutifolia, consideradas raras neste estrato, com exceção de
Posoqueria acutifolia, são todas distintas daquelas que são raras no estrato superior e
representam 22,5% das espécies nesse estrato.
5. 3 Estrutura da Floresta Alta de Restinga. (STAF- São Vicente, SP):
Estrato inferior
5.3.1 Florística
No estrato inferior, foram amostrados 554 indivíduos de bito arbustivo-arbóreo, em 73
espécies, 43 gêneros e 27 famílias (tabela 4). Desse total, 171 indivíduos (31%) foram
coletados em janeiro de 2008 e 383 indivíduos (69,1%) foram coletados em julho do mesmo
ano. O índice de similaridade de Sørensen para essas duas coletas foi baixo, 37%. Esse
resultado era esperado, uma vez que a variabilidade de plântulas está relacionada aos
processos fenológicos de dispersão de propágulos para as diferentes espécies somadas às suas
diversas características de estabelecimento (germinação e desenvolvimento de plântulas) que
resultam numa dinâmica mais variável no espaço e no tempo (Chazdon et al. 2007; Hampe et
al. 2008).
Apesar da diferença quantitativa da chuva de sementes entre as duas coletas a riqueza
taxonômica foi praticamente a mesma, onde em janeiro foi de 53 entre espécies identificadas
e não identificadas e de 52 em julho com 31 espécies em comum.
44
Tabela 4. Listagem das espécies amostradas no estrato inferior (indivíduos até 1m de altura) nos meses
de janeiro e julho na Floresta de Restinga Alta, STAF- São Vicente, SP. 2008.
Família espécie janeiro julho
Annonaceae Guatteria hilariana Schltdl.
X X
Annonaceae Rollinia sericea (R.E. Fr.) R.E. Fr.
X
Annonaceae Xylopia brasiliense Spreng.
X X
Annonaceae
Xylopia langsdorfiana St.Hilaire &
Tulasne
X
Arecaceae Geonoma schottiana Mart.
X X
Asteraceae Vernonia discolor (Spreng.) Less.
X X
Bignoniaceae Jacaranda puberula Cham.
X X
Burseraceae Protium kleinii Cuatrec.
X
Celastraceae Maytenus robusta Reissek
X X
Chrysobalanaceae Licania nitida Hook. f.
X X
Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess.
X X
Elaeocarpaceae Sloanea guianensis (Aubl.) Benth.
X X
Euphorbiaceae Alchornea glandulosa Poepp.
X
Euphorbiaceae
Alchornea triplinervia (Spreng.)
Müll. Arg.
X
Euphorbiaceae Maprounea guianensis Aubl.
X
Euphorbiaceae
Tetrorchidium rubrivenium Poepp.
X
Fabaceae
Balizia pedicellaris (DC.) Barneby
& J.W. Grimes
X X
Fabaceae Fabaceae sp.
X
Fabaceae Ormosia arborea (Vell.) Harms
X
Humiriacaceae
Humiriastrum dentatum (Casar.)
Cuatrec.
X X
Indeterminada Indeterminada
X
Indeterminada Indeterminada 1
X
Indeterminada Indeterminada 2
X
Indeterminada Indeterminada 3
X
Indeterminada Indeterminada 4
X
Lauraceae Lauraceae 4
X
Lauraceae Lauraceae sp.
X
Lauraceae Ocotea cf. elegans Mez
X X
Lauraceae Ocotea pulchella (Nees) Mez
X
Lauraceae Ocotea sp.
X
Lauraceae Ocotea sp.7
X
Lauraceae Ocotea teleiandra (Meisn.) Mez
X X
Melastomataceae Leandra sp.
X X
Melastomataceae Melastomataceae sp.
X
Melastomataceae Miconia sp
X
Melastomataceae Miconia sp.2
X
Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
X X
Meliaceae Meliaceae sp.
X
Moraceae Sorocea hilarii Gaudich.
X
Myrtaceae Blepharocalix sp
X
Myrtaceae
Calyptranthes concinna DC.
X
Myrtaceae Eugenia cerasiflora Miq.
X
Myrtaceae
Eugenia cf riedeliana O. Berg
X
Myrtaceae Eugenia monosperma Vell.
X X
Myrtaceae Eugenia neolanceolata Sobral
X
Myrtaceae Eugenia oblongata O. Berg.
X X
Myrtaceae Eugenia sp.1
X
continua
45
Continuação tabela 4.
Família espécie
janeiro julho
Myrtaceae Eugenia sulcata Spring ex Martius
X X
Myrtaceae Gomidesia schaueriana O. Berg
X X
Myrtaceae Marlierea sp.
X
Myrtaceae Myrcia acuminatissima O. Berg
X
Myrtaceae Myrcia cf dichrophylla D. Legrand
X
Myrtaceae Myrcia fallax (Rich.) DC.
X X
Myrtaceae Myrcia pubipetala Miq.
X
Myrtaceae Myrtaceae sp2
X X
Myrtaceae Myrtaceae5 sp.
X X
Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz
X X
Ochnaceae Ouratea parvifolia Engl.
X
Piperaceae
Piper gaudichaudianum Kunth
X X
Podocarpaceae
Podocarpus sellowii Klotzsch ex
Endl.
X X
Polygonaceae Coccoloba sp.
X
Rubiaceae
Alibertia myrciifolia Spruce ex K.
Schum.
X X
Rubiaceae Amaioua intermedia Mart.
X X
Rubiaceae
Psychotria cf. leiocarpa Cham. &
Schltdl.
X
Rubiaceae Psychotria sp.
X
Rubiaceae
Rudgea coriacea (Spreng.) K.
Schum.
X X
Sapindaceae Cupania cf. vernalis Cambess.
X
Sapindaceae Cupania oblongifolia Mart.
X
Sapotaceae
Manilkara subsericea (Mart.)
Dubard
X
Sapotaceae
Pouteria beaurepairei (Glaz. &
Raunk.) Baehni
X
Sapotaceae Pouteria psamophila (Mart.) Radlk.
X X
Solanaceae Solanum sp1
X X
Thymeliaceae Daphnopsis cf. racemosa Griseb.
X
5.3.2 Parâmetros de densidade e freqüência
As dez espécies mais abundantes desse estrato representaram 46,3% da DR (tabela 5.),
sendo que a maioria foi amostrada nas duas coletas, com exceção de Rollinia sericea que foi
encontrada apenas na amostragem de julho e Eugenia sp.1 apenas na amostragem de janeiro.
Apesar de parecer desproporcional a participação dessas espécies no âmbito geral, as espécies
que apresentaram maiores densidades também apresentaram maior freqüência. A espécie
Guatteria hilariana, por exemplo, esteve representada em média, com apenas 3 indivíduos em
cada parcela onde foi encontrada (tabela 5).
A coleta de dados em dois períodos mostra uma listagem específica mais realista e mais
rica, e os parâmetros de densidade e freqüência da tabela 5 foram calculados considerando
46
uma amostragem dupla (100 m
2
) uma vez que, algumas espécies que se mantiveram nesse
estrato desde a primeira amostragem poderiam ter sido superamostradas.
As espécies que apresentaram apenas um indivíduo foram Coccoloba sp., Daphnopsis cf.
racemosa, Eugenia neolanceolata, Eugenia cf riedeliana, Fabaceae sp., Meliaceae sp.,
Myrcia pubpetala, Ocotea pulchella e Tetrorchidium rubrivenium, além das 4 morfo-espécies
indeterminadas. E representam 18% do total das morfo-espécies sendo consideradas as
espécies raras nesse período amostrado.
Tabela. 5. Parâmetros fitossociológicos do estrato inferior (indivíduos até 1 m de altura) nos meses de
janeiro e julho na Floresta de Restinga Alta, STAF- São Vicente, SP. parc = parcela; ind. = indivíduo;
DA = densidade absoluta; DR = densidade relativa; FA = freqüência absoluta (%) e FR = freqüência
relativa (%). 2008.
espécies parc
ind DA (m
2
)
DR FA FR
Guatteria hilariana
18
53
0,53
0,10
18,0
4,88
Rollinia sericea
19
33
0,33
0,06
19,0
5,15
Xylopia brasiliense
21
30
0,30
0,05
21,0
5,69
Eugenia sp.1
6
28
0,28
0,05
6,0
1,63
Vernonia discolor
17
25
0,25
0,05
17,0
4,61
Jacaranda puberula
14
22
0,22
0,04
14,0
3,79
Geonoma schottiana
12
22
0,22
0,04
12,0
3,25
Licania nitida
11
16
0,16
0,03
11,0
2,98
Maytenus robusta
12
14
0,14
0,03
12,0
3,25
Calophyllum brasiliense
11
14
0,14
0,03
11,0
2,98
Myrcia fallax
11
14
0,14
0,03
11,0
2,98
Myrtaceae sp.2
6
14
0,14
0,03
6,0
1,63
Protium kleinii
7
13
0,13
0,02
7,0
1,90
Sloanea guianensis
4
12
0,12
0,02
4,0
1,08
Gomidesia schaueriana
9
10
0,10
0,02
9,0
2,44
Cabralea canjerana
7
9
0,09
0,02
7,0
1,90
Balizia pedicellaris
6
9
0,09
0,02
6,0
1,63
Amaioua intermedia
5
9
0,09
0,02
5,0
1,36
Lauraceae sp.
5
9
0,09
0,02
5,0
1,36
Alchornea glandulosa
8
8
0,08
0,01
8,0
2,17
Maprounea guianensis
8
8
0,08
0,01
8,0
2,17
Humiriastrum dentatum
7
8
0,08
0,01
7,0
1,90
Ocotea teleiandra
7
8
0,08
0,01
7,0
1,90
Eugenia monosperma
6
8
0,08
0,01
6,0
1,63
Ocotea elegans
5
8
0,08
0,01
5,0
1,36
Ormosia arborea
4
8
0,08
0,01
4,0
1,08
Indeterminada
7
7
0,07
0,01
7,0
1,90
Leandra sp.
7
7
0,07
0,01
7,0
1,90
Eugenia oblongata
6
7
0,07
0,01
6,0
1,63
Ocotea sp.
3
7
0,07
0,01
3,0
0,81
Eugenia sulcata
6
6
0,06
0,01
6,0
1,63
Rudgea coriacea
6
6
0,06
0,01
6,0
1,63
Miconia sp. 2
5
6
0,06
0,01
5,0
1,36
Marlierea sp.
5
5
0,05
0,01
5,0
1,36
continua
47
Continuação tabela 5.
espécies parc
ind DA (m
2
)
DR FA FR
Melastomataceae sp.
5
5
0,05
0,01
5,0
1,36
Guapira opposita
4
5
0,05
0,01
4,0
1,08
Solanum sp.
3
5
0,05
0,01
3,0
0,81
Blepharocalix sp
1
5
0,05
0,01
1,0
0,27
Alibertia myrcifolia
4
4
0,04
0,01
4,0
1,08
Calyptranthes concinna
4
4
0,04
0,01
4,0
1,08
Eugenia cerasiflora
4
4
0,04
0,01
4,0
1,08
Podocarpus sellowii
4
4
0,04
0,01
4,0
1,08
Xylopia langsdorfiana
4
4
0,04
0,01
4,0
1,08
Myrtaceae sp. 5
3
3
0,03
0,01
3,0
0,81
Ocotea sp. 7
3
3
0,03
0,01
3,0
0,81
Piper gaudichaudianum
3
3
0,03
0,01
3,0
0,81
Psychotria sp.
3
3
0,03
0,01
3,0
0,81
Myrcia acuminatissima
2
3
0,03
0,01
2,0
0,54
Pouteria psamophila
2
3
0,03
0,01
2,0
0,54
Sorocea hillarii
1
3
0,03
0,01
1,0
0,27
Cupania vernalis
2
2
0,02
0,00
2,0
0,54
Indeterminada 2
2
2
0,02
0,00
2,0
0,54
Lauraceae sp. 4
2
2
0,02
0,00
2,0
0,54
Ouratea parviflora
2
2
0,02
0,00
2,0
0,54
Pouteria beaurepairei
2
2
0,02
0,00
2,0
0,54
Psychotria cf. leiocarpa
2
2
0,02
0,00
2,0
0,54
Alchornea triplinervia
1
2
0,02
0,00
1,0
0,27
Cupania oblongifolia
1
2
0,02
0,00
1,0
0,27
Manilkara subsericea
1
2
0,02
0,00
1,0
0,27
Myrcia cf dichrophylla
1
2
0,02
0,00
1,0
0,27
Coccoloba sp.
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Daphnopsis cf. racemosa
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Eugenia neolanceolata
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Eugenia cf riedeliana
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Fabaceae sp..
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Indeterminada 1
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Indeterminada 3
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Indeterminada 4
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Meliaceae sp.
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Myrcia pubpetala
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Ocotea pulchella
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Tetrorchidium
rubrivenium
1
1
0,01
0,00
1,0
0,27
Segundo o estudo de (1996) no estrato herbáceo com método de pontos, dados de
freqüência absoluta indicam a probabilidade de encontrar um indivíduo de uma dada espécie
em uma área independente da vegetação, e depende de padrão espacial de pontos, forma de
vida, tamanho e distancia entre os pontos. Mas, no método de parcelas, essa análise tem
restrições para comparações, mesmo em uma mesma fitocenose, pois as variáveis de inclusão
de indivíduos, de distribuição das parcelas, do número de parcelas, da forma e do tamanho das
mesmas influenciam fortemente os resultados (Martins 1993).
48
As espécies que apresentaram maiores valores de freqüência foram Guatteria hilariana,
Rollinea sericea, Xylopia brasiliensis, Vernonia discolor, Jacaranda puberula, Geonoma
schottiana, Licania nitida, Maytenus robusta, Calophyllum brasiliense e Myrcia fallax. A
única espécie que apresentou maior valor de densidade e que não correspondeu a maior
freqüência foi Eugenia sp1. o que pode indicar uma distribuição mais agregada dessas
plântulas nesse estudo do que as outras espécies.
5.3.3. Comparação com os estratos superior e médio
O índice de similaridade de Sørensen com o estrato superior foi de 0,34 e com o estrato
médio foi de 0,36. Essa baixa similaridade com os estratos de indivíduos estabelecidos na
comunidade pode indicar um baixo índice de regeneração das populações amostradas e uma
grande possibilidade de substituição de espécies num futuro próximo.
Não houve diminuição ou aumento expressivo no índice de diversidade e nem no de
equabilidade de um estrato para outro, para se supor uma tendência de alteração na estrutura
da comunidade através da dinâmica de populações estabelecida no local (tabela 6.). Estudos
como de Oliveira et al. (2001) e Faria (2009) indicam uma tendência ao aumento dos
parâmetros de diversidade e equabilidade dos grupos das plântulas para o dos adultos, onde o
primeiro grupo tende a apresentar maiores índices de abundância e menores índices de riqueza
de espécies.
No presente estudo, o índice de diversidade do estrato inferior foi relativamente alto e esse
resultado pode ter ocorrido devido a amostragem considerar dois períodos (janeiro e julho) e
poder dessa forma, abordar a variação sazonal de recrutamento de plântulas como foi
observado pela baixa similaridade entre as duas amostragens.
49
Tabela 6. Parâmetros estruturais obtidos para os três estratos da comunidade florestal estudada,
Floresta de Restinga Alta, São Vicente, SP. (2008)
estratos
Parâmetros inferior médio superior
área amostrada m
2
50 2000 4000
nº de ind. Amostrados 554 782 442
Densidade/ha 124.400 3910 1105
área basal m
2
/ha 3,35 33,04
altura média 2,9 8,3
diâmetro médio 2,5 15,3
nº de espécies amostradas 73 80 81
nº de gêneros amostrados 43 55 56
nº de famílias amostradas 27 28 28
nº de espécies amostradas com 1 ind. 12 13 25
% de espécies exclusivas 11 20 19,75
Diversidade 3,92 3,71 3,75
Equabilidade 0,89 0,85 0,85
Os índices de diversidade e o de equabilidade do estrato inferior foram praticamente iguais
ao do superior e médio, o que indica a possibilidade de um incremento no número de
espécies, ou ainda em uma alteração, em longo prazo, na estrutura da comunidade, lembrando
que a similaridade entre esses dois estratos foi baixa.
Das 8 espécies exclusivas desse estrato, 7 foram identificadas apenas até gênero,
Alchornea glandulosa, Blepharocalyx sp., Coccoloba sp., Daphnopsis cf. racemosa, Ocotea
sp.7, Psychotria sp., Sorocea hillarii, e são espécies novas alóctones não permanentes e que
serão mantidas caso sejam tolerantes às adversidades ambientais até se desenvolverem para
uma outra fase do ciclo de vida.
Comparando as espécies amostradas nesse trabalho, nos três estratos com os resultados de
Rodrigues (2006), num fragmento adjacente da mesma propriedade, observou-se uma baixa
similaridade (Sørensen igual a 23,8%) que não era esperada devido à proximidade das duas
áreas. No entanto, algumas suposições podem ser feitas para justificá-la como, a diferença de
tamanho amostral, critérios de coleta de dados para análise estrutural e o grau de isolamento
dos fragmentos em relação à floresta de encosta mais próxima (Jordano et al. 2006). Como os
dois fragmentos sofreram o impacto da mineração de areia no mesmo período, e o mesmo
tratamento para recuperação da vegetação, esse resultado indica que variações mínimas nas
condições de regeneração podem ter sido importantes no processo, como por exemplo, o
acesso para os possíveis dispersores. Além disso, o fato de a diversidade encontrada no
presente estudo ser maior que a encontrada por Rodrigues (2006) também pode ter interferido
para a obtenção desta baixa similaridade.
50
5.4 Regeneração natural
Tabela.7. Índice de Regeneração Natural Total (RNT) e Taxa de Regeneração Total (TRT) das
espécies arbóreas amostradas em Floresta de Restinga Alta, STAF, São Vicente SP. RNT: taxa de
regeneração natural total (%); TRT: taxa de regeneração total (%); TRN (I-M): taxa de regeneração
natural entre o estrato inferior e o médio, TRN (I-S): taxa de regeneração natural entre o estrato
inferior e superior e TRN (M-S): taxa de regeneração natural entre o estrato médio e superior.
espécie
RNTi
TRT
RN
(I)
RN
(M)
RN
(S)
TRN
(I-M)
TRN
(I-S)
TRN
(M-S)
Xylopia langsdorfiana 15,7
-86,1
0,5
7,6
7,6
2,5
-71,9
-72,6
Pera glabrata 10,1
8,8
0,0
2,4
7,7
100,0
100,0
8,8
Sloanea guianensis 9,8
-93,3
0,6
2,1
7,2
-94,2
-92,9
21,4
Amaioua intermedia 9,6
-91,9
0,7
2,6
6,3
-90,6
-91,1
-5,9
Licania nitida 9,0
-97,6
1,5
3,7
3,8
-91,3
-97,3
-69,6
Guatteria hilariana 8,8
-99,7
2,5
4,5
1,8
-96,6
-99,7
-90,3
Cabralea canjerana 7,4
-96,3
1,0
3,0
3,5
-88,9
-95,8
-62,5
Ouratea parvifolia 6,8
-98,5
0,3
5,7
0,8
50,0
-96,3
-97,5
Bactris setosa 6,5
-100,0
0,0
6,5
0,0
100,0
100,0
-100,0
Guarea macrophylla 5,5
-94,3
0,0
4,4
1,0
100,0
100,0
-94,3
Maytenus robusta 4,8
-98,6
1,6
1,2
1,9
-95,7
-98,6
-66,7
Myrcia fallax 4,7
-100,0
1,5
3,2
0,0
-90,0
-100,0
-100,0
Balizia pedicellaris 4,5
-96,2
0,8
0,4
3,3
-98,9
-96,1
250,0
Eugenia sulcata 4,5
-97,0
0,8
1,8
1,9
-89,2
-96,7
-69,2
Humiriastrum dentatum 4,3
-97,0
1,0
0,8
2,5
-96,3
-96,9
-16,7
Myrcia pubipetala 3,7
-92,6
0,1
2,3
1,3
-30,0
-87,5
-82,1
Nectandra grandiflora 3,6
0,0
0,0
1,0
2,7
100,0
100,0
0,0
Gomidesia schaueriana 3,6
-100,0
1,2
2,4
0,0
-91,5
-100,0
-100,0
Xylopia brasiliense 3,6
-100,0
2,9
0,7
0,0
-99,1
-100,0
-100,0
Maprounea guianensis 3,6
-97,9
1,1
0,8
1,7
-96,9
-97,8
-30,0
Geonoma schottiana 3,5
-100,0
1,6
1,9
0,0
-96,1
-100,0
-100,0
Matayba guianensis 3,4
250,0
0,0
0,4
3,1
0,0
100,0
250,0
Jacaranda puberula 3,2
-99,5
1,9
0,4
0,9
-99,3
-99,5
-33,3
Manilkara subsericea 3,2
-92,9
0,1
1,3
1,8
-77,5
-91,3
-61,1
Aniba viridis 3,1
-94,1
0,0
2,6
0,5
100,0
100,0
-94,1
Rollinea sericea 2,9
-99,9
2,6
0,0
0,3
-100,0
-99,9
0,0
Vernonia discolor 2,8
-99,8
2,3
0,0
0,5
-100,0
-99,8
0,0
Calophyllum brasiliense 2,6
-99,3
1,5
0,2
0,9
-99,6
-99,3
0,0
Andira fraxinifolia 2,5
33,3
0,0
0,5
1,9
100,0
100,0
33,3
Ocotea teleiandra 2,5
-94,4
1,0
0,0
1,5
-100,0
-94,4
0,0
Myrtaceae sp.2 2,4
-99,7
0,8
1,1
0,5
-97,9
-99,6
-83,3
Protium kleinii 2,4
-98,8
1,0
0,0
1,4
-100,0
-98,8
0,0
Miconia cabussu 2,3
100,0
0,0
0,0
2,3
0,0
100,0
100,0
Alibertia myrciifolia 2,3
-98,9
0,5
1,2
0,5
-90,0
-98,8
-87,5
Guapira opposita 2,2
-98,6
0,5
0,9
0,8
-93,0
-98,5
-78,6
Rudgea coriacea 2,2
-100,0
0,8
1,4
0,0
-92,5
-100,0
-100,0
Calyptranthes conccina 2,2
-100,0
0,0
2,2
0,0
100,0
100,0
-100,0
Hirtella angustifolia 2,1
-100,0
0,0
2,1
0,0
100,0
100,0
-100,0
Cordia sellowiana 2,1
-100,0
0,0
2,1
0,0
100,0
100,0
-100,0
Cupania vernalis 2,0
-96,7
0,3
0,9
0,8
-87,5
-96,3
-70,0
Ormosia arborea 1,9
-99,4
0,5
0,9
0,5
-95,0
-99,4
-87,5
continua
51
cont. Tabela 7
espécie RNTi
TRT
RN
(I)
RN
(M)
RN
(S)
TRN
(I-M)
TRN
(I-S)
TRN
(M-S)
Heisteria silvianii 1,9
75,0
0,0
0,2
1,7
100,0
100,0
75,0
Miconia sp. 1,9
100,0
0,0
0,0
1,9
0,0
100,0
100,0
Eugenia oblongata 1,8
-99,3
0,8
0,4
0,5
-97,9
-99,3
-66,7
Pouteria psamofila 1,7
-96,8
0,3
0,4
1,0
-95,0
-96,7
-33,3
Ocotea aciphylla 1,7
250,0
0,0
0,2
1,5
100,0
100,0
250,0
Eugenia riedeliana 1,7
-96,3
0,1
1,0
0,5
-65,0
-95,0
-85,7
Piper gaudichaudianum 1,6
-100,0
0,4
1,2
0,0
-80,0
-100,0
-100,0
Eugenia neolanceolata 1,5
-90,9
0,1
0,4
1,0
-90,0
-90,0
0,0
Eugenia monosperma 1,5
-99,4
0,8
0,2
0,5
-99,4
-99,4
0,0
Leandra sp. 1,5
-99,3
1,0
0,0
0,5
-100,0
-99,3
100,0
Couepia venosa 1,5
-93,8
0,0
1,2
0,3
100,0
100,0
-93,8
Tachigalia denudata 1,4
100,0
0,0
0,0
1,4
0,0
100,0
100,0
Eugenia sp.1 1,4
-99,8
0,8
0,0
0,5
-100,0
-99,8
0,0
Myrcia leucantha 1,2
-75,0
0,0
0,7
0,5
100,0
100,0
-75,0
Miconia sp.2 1,2
-100,0
0,7
0,5
0,0
-97,5
-100,0
-100,0
Lauraceae sp.1 1,2
-99,4
0,7
0,0
0,5
-100,0
-99,4
100,0
Inga campanulata 1,2
-80,0
0,0
0,7
0,5
0,0
100,0
100,0
Myrcia acuminatissima 1,2
-98,4
0,3
0,4
0,5
-96,7
-98,3
-50,0
Alchornea glandulosa 1,1
-100,0
1,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Podocarpus sellowii 1,1
-100,0
0,5
0,5
0,0
-96,3
-100,0
-100,0
Eugenia cerasifolia 1,0
-100,0
0,5
0,5
0,0
-95,0
-100,0
-100,0
Cupania oblongifolia 1,0
-97,6
0,1
0,4
0,5
-95,0
-97,5
-50,0
Indeterminada 1,0
-100,0
1,0
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Ocotea elegans 0,9
-99,7
0,7
0,0
0,3
-100,0
-99,7
0,0
Tabebuia obtusifolia 0,9
-90,0
0,0
0,7
0,3
100,0
100,0
-90,0
Miconia cubatanensis 0,9
100,0
0,0
0,0
0,9
0,0
100,0
100,0
Chionanthus filiformis 0,9
-50,0
0,0
0,4
0,5
100,0
100,0
-50,0
Solanum sp. 0,9
-99,5
0,4
0,2
0,3
-99,0
-99,5
-50,0
Melastomataceae sp. 0,8
-100,0
0,7
0,2
0,0
-98,6
-100,0
-100,0
Calyptranthes concinna
0,8
-100,0
0,5
0,2
0,0
-97,5
-97,5
-100,0
Gomidesia sp. 0,8
100,0
0,0
0,0
0,8
0,0
100,0
100,0
Mollinedia schottiana 0,7
-100,0
0,0
0,7
0,0
100,0
100,0
-100,0
Miconia rigidiuscula 0,7
0,0
0,0
0,2
0,5
100,0
100,0
0,0
Marlierea sp. 0,7
-100,0
0,7
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Myrtaceae 3 0,6
100,0
0,0
0,0
0,6
0,0
100,0
100,0
Swartzia langsdorffii 0,6
-75,0
0,0
0,4
0,3
100,0
100,0
-75,0
Tabebuia cf. serratifolia 0,6
-100,0
0,0
0,6
0,0
100,0
100,0
-100,0
Myrtaceae sp.5 0,6
-100,0
0,4
0,2
0,0
-98,3
-100,0
-100,0
Dendropanax sp. 0,5
-100,0
0,0
0,5
0,0
100,0
100,0
-100,0
Marlierea racemosa 0,5
-100,0
0,0
0,5
0,0
100,0
100,0
-100,0
Licania cf kunthiana 0,5
100,0
0,0
0,0
0,5
0,0
100,0
100,0
Miconia cinamomifolia 0,5
100,0
0,0
0,0
0,5
0,0
100,0
100,0
Schefflera angustissima 0,5
100,0
0,0
0,0
0,5
0,0
100,0
100,0
Lauraceae sp.3 0,5
0,0
0,0
0,3
0,3
100,0
100,0
0,0
Myrtaceae sp.1 0,5
-75,0
0,0
0,2
0,3
100,0
100,0
-75,0
Psychotria leiocarpa 0,5
-100,0
0,3
0,2
0,0
-97,5
-100,0
-100,0
Posoqueria acutifolia 0,4
-50,0
0,0
0,2
0,3
100,0
100,0
-50,0
Ocotea sp. 0,4
-100,0
0,4
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Ocotea sp.7 0,4
-100,0
0,4
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Psychotria sp. 0,4
-100,0
0,4
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Myrcia cf. dichrophylla
0,4
-98,8
0,1
0,0
0,3
-100,0
-98,8
0,0
continua
52
Continuação tabela 7
espécie RNTi
TRT
RN
(I)
RN
(M)
RN
(S)
TRN
(I-M)
TRN
(I-S)
TRN
(M-S)
Ocotea pulchella 0,4
-97,5
0,1
0,0
0,3
-100,0
-97,5
0,0
Tetrorchidium rubrivenium
0,4
-97,5
0,1
0,0
0,3
-100,0
-97,5
0,0
Faramea sp. 0,4
-100,0
0,0
0,4
0,0
100,0
100,0
-100,0
Indeterminada 2 0,3
-100,0
0,3
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Lauraceae sp.4 0,3
-100,0
0,3
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Eugenia umbelliflora
0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Gordonia fruticosa 0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Hymenolobium janeirense
0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Lauraceae sp2 0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Marlierea sp1. 0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Myrcia multiflora 0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Myrcia racemosa 0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Piper sp.1 0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Piptocarpha cf. macropoda
0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Tabebuia alba 0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Virola gardneri 0,3
100,0
0,0
0,0
0,3
0,0
100,0
100,0
Gomidesia spectabilis 0,2
-100,0
0,0
0,2
0,0
100,0
0,0
-100,0
Myrtaceae sp4 0,2
-100,0
0,0
0,2
0,0
100,0
0,0
-100,0
Allophylus petiolulatus
0,2
-100,0
0,0
0,2
0,0
100,0
0,0
-100,0
Dalbergia sp. 0,2
-100,0
0,0
0,2
0,0
100,0
0,0
-100,0
Fabaceae indet. 0,2
-100,0
0,0
0,2
0,0
100,0
0,0
-100,0
Inga edulis 0,2
-100,0
0,0
0,2
0,0
100,0
0,0
-100,0
Sorocea sp. 0,2
-100,0
0,0
0,2
0,0
100,0
0,0
-100,0
Blepharocalix sp 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Sorocea hilarii 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Alchornea triplinervia 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Coccoloba sp. 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Daphnopsis cf. racemosa 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Fabaceae sp. 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Indeterminada 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Indeterminada 3 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Indeterminada 4 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Meliaceae sp. 0,1
-100,0
0,1
0,0
0,0
-100,0
-100,0
0,0
Das espécies amostradas em pelo menos dois dos estratos, apenas três espécies Miconia
rigidiuscula, Lauraceae sp.3 e Nectandra grandiflora, tiveram TRT igual a 0 ou seja,
populações onde não ocorreram contribuições ou perdas significativas entre os estratos
analisados (tabela 7). São populações de pequena densidade tanto no estrato médio quanto no
estrato superior, onde foram amostradas.
Dentre as 10 espécies de maior RNT apenas Pera glabrata apresenta TRT positivo (Tabela
7), ou seja, a população ocorre nos estratos médio e superior e, com maiores valores relativos
de densidade e freqüência no superior do que no dio. É uma espécie em que a população
parece estar diminuindo por sofrer alguma dificuldade de manter a capacidade de colonização
e, portanto de regeneração em longo prazo.
53
De todas as populações consideradas, 39,8% tiveram TRT negativos e representam
populações com densidades decrescentes do estrato inferior para o superior o que indica que
estão se estabelecendo na comunidade e quanto mais próximos de (-100) mais jovens são as
populações. Apenas 4% das populações tiveram o TRT positivo e representam populações
com poucos indivíduos jovens ou plântulas e muitos indivíduos nos estrato superior e médio e
que no futuro terão uma participação menor na comunidade. Os que estavam presentes apenas
nos estratos médio ou inferior com TRT igual a (-100) representaram 36,7% do total e
correspondem às populações de espécies que apenas alcançam o sub-bosque ou populações
que estão se estabelecendo na comunidade somando-se aos 39,8% acima descritos. As
populações que tiveram TRT igual a 100 positivo, representaram 17,2% e são aquelas que
estavam presentes apenas no estrato superior.
Assim, aproximadamente 43,8% das espécies são consideradas comuns por comporem os 3
estratos. Outras 27,4% são consideradas raras pois são encontradas apenas no estrato superior
ou apenas no estrato médio. Mas, considerando aqueles que estão presentes apenas no estrato
inferior e médio, a floresta estudada apresenta aproximadamente 76,5% das espécies capazes
de se manterem e até crescerem em médio prazo na comunidade com populações que poderão
ser consideradas como as permanentes ou comuns e aproximadamente 21% das espécies
como aquelas que a médio e longo prazo poderão ser substituídas e constituirão as populações
raras.
Há dessa forma, a possibilidade de enriquecimento por espécies que estão se estabelecendo
na floresta e a manutenção de uma proporção entre 20 a 30% de espécies raras.
54
5.5. Chuva de sementes
5.5.1 Distribuição temporal
Foram amostrados 122.460 propágulos, ao longo do período de doze meses de fevereiro de
2007 a janeiro de 2008, em 65 morfoespecies, dos quais 8 não foram identificadas, 5 foram
identificados até família, 20 até gênero e 32 até espécie Tabela 8 e 9.
Miconia foi o gênero mais abundante, e apesar de serem observadas diferenças
significativas de forma, tamanho e cor, a identificação das espécies pelas sementes não foi
possível, pois para alguns gêneros seria necessário observar as características de frutos
inteiros. Mesmo assim, com o intuito de diferenciar em pelo menos 3 três morfoespecies
usando a característica de tamanho, foram distintas entre Miconia spp1. para as sementes
menores de 1mm e media de 19 sementes por fruto, Miconia spp2. para as sementes de
tamanho intermediário e Miconia spp3. para as maiores sementes, de aproximadamente 3mm
e 2 sementes por fruto. Desse modo, a elevada abundancia, freqüência e distribuição desse
gênero são bastante relativas, uma vez que cada uma pode representar mais de uma espécie,
principalmente a Miconia spp2. Asteraceae como um todo foram as mais abundantes depois
do gênero Miconia e, os dados de observação, pecam pelo mesmo motivo, pois incorporam
mais de uma espécie amostrada.
Essas duas famílias possuem várias espécies que o muito freqüentes em áreas abertas ou
perturbadas, e entre as asteraceas muitas podem ser lianas e/ou herbáceas.
Tabela. 8 Listagem de espécies por família dos propágulos da chuva de sementes e suas respectivas
síndromes de dispersão. Zôo = zoocórica, Anemo = anemocórica, Auto = autocórica e Indet =
indeterminada. Floresta de Restinga Alta , STAF- São Vicente, SP (2008).
Família Espécie
Síndrome de
dispersão
Annonaceae Guatteria australis A.St.Hil. Zôo
Annonaceae Rollinia sericea (R.E. Fr.) R.E. Fr. Zôo
Annonaceae Xylopia brasiliensis Spreng. Zôo
Annonaceae Xylopia langsdorfiana St.Hilaire & Tulasne Zôo
Annonaceae Annonaceae Zôo
Aquifoliaceae Ilex spp Zôo
Araliaceae Schefflera sp. Indet
Arecaceae Arecaceae Zôo
Arecaceae Bactris setosa Mart. Zôo
Arecaceae Geonoma sp Zôo
continua
55
A maioria das espécies coletadas possui ndrome de dispersão por animais (76%), pelo
vento (9%) e 3 podem ser caracterizadas também como autocóricas (tabela 8), o que está de
Continuação tabela 8
Família Espécie
Síndrome de
dispersão
Asteraceae Asteraceae Anemo
Asteraceae Piptocarpha sp Anemo
Boraginaceae Cordia curassavica (Jacq.)Roem. &Schultz Zôo
Cecropiaceae Cecropia glasioui Snethl. Zôo
Cecropiaceae Cecropia pachystachya Tréc. Zôo
Cecropiaceae Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini Zôo
Chrysobalanaceae Hirtella sp. Zôo
Clethraceae Clethra scabra Pers. Anemo
Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. Zôo
Combretaceae Terminalia catappa L. Zôo
Elaeocarpaceae Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. Zôo
Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. Zôo
Euphorbiaceae Croton sp. Zôo
Euphorbiaceae
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.
Zôo/auto
Euphorbiaceae Sebastiania sp. Zôo
Fabaceae
Balizia pedicellaris (DC.) Barneby & J.W.
Grimes
Zôo
Fabaceae Mimosoidea sp. Indet
Fabaceae
Tachigali denudata (Vogel) Oliveira-Filho
Anemo/Auto
Fabaceae Senna multijuga (Rich.) Irwin & Barneby Auto
Fabaceae Sophora tomentosa L. Zôo
Flacourtiaceae Casearia sylvestris Sw Zôo
Lauracae Lauraceae Zôo
Malpighiaceae Byrsonima ligustrifolia A. Juss Zôo
Melastomataceae Miconia spp.1 Zôo
Melastomataceae Miconia spp.2 Zôo
Melastomataceae Miconia spp.3 Zôo
Melastomataceae Tibouchina sp. Auto
Moraceae Ficus cf. luschnathiana (Miq.) Miq. Zôo
Moraceae Ficus insípida Willd Zôo
Myristicaceae Virola bicuhyba (Schott ex Spreng.) Warb. Zôo
Myrsinaceae Rapanea sp. Zôo
Myrtaceae Campomanesia cf phaea (O. Berg.) Landrum Zôo
Myrtaceae Eugenia spp. Zôo
Myrtaceae Psidium cattleyanum Sabine Zôo
Myrtaceae Myrtaceae Zôo
Rosaceae Prunus myrtifolia (L.) Urban Zôo
Rubiaceae Amaioua intermedia Mart. Zôo
Rubiaceae Psychotria cf nuda (Cham. & Schltdl.) Wawra Zôo
Rubiaceae Psychotria spp. Zôo
Sapindaceae Cupania oblongifolia Mart. Zôo
Sapindaceae Matayba elaeagnoides Radlk. Zôo
Solanaceae Solanum sp. Zôo
Verbenaceae Aegiphila sellowiana Cham. Zôo
indet 1 Indet
indet 2 Indet
indet.3 Indet
indet. 4 Indet
indet.5 Indet
indet.6 Indet
indet.7 Indet
indet 9 Indet
56
acordo com resultados obtidos em outros estudos nas florestas de restinga (Carvalhaes 1977,
Sugiyama 2003, Silva 2006). Esse resultado também é coerente com a predominância de
espécies arbóreo-arbustivas entre as identificadas pois, como já mencionado nos mesmos
estudos, nessa sinúsia a zoocoria é a forma de dispersão mais encontrada.
De modo geral, observaram-se duas modas na distribuição da abundância de propágulos
nos doze meses de estudo (figura 9). Uma entre os meses de janeiro a junho com a moda em
abril (25427) e outra entre os meses de julho a dezembro com a moda em agosto (14524) e
setembro (14747).
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
jan
fev
mar
a
br
m
aio
jun
j
u
l
ago
s
et
o
ut
nov
dez
meses
num. de propágulos
Figura 9. Diagrama de barras da distribuição do número de propágulos por mês, de fevereiro de 2007 a
janeiro de 2008. Floresta de Restinga Alta STAF- São Vicente - SP.
Esses resultados acompanham os períodos seguintes aos com potenciais de maior umidade
e menor umidade respectivamente. Pela tabela 9 observa-se que em agosto e setembro os
propágulos mais abundantes foram anemocóricos de Asteraceae e a contribuição mais
significativa em abril foi de Miconia1 spp., seguida de Amaioua intermedia, ambas
zoocóricas.
No entanto, a variação da riqueza de táxons não acompanhou esse comportamento bimodal
e a chuva de propágulos foi mais diversificada nos meses de abril a julho (Figura 10). O mes
que apresentou maior diversidade de táxons foi maio com 28 espécies sendo o mes de outubro
onde se observou a menor riqueza com 14 espécies.
57
0
5
10
15
20
25
30
jan fev mar abr maio jun jul ago set out nov dez
meses
num. de espécies
Figura. 10 Diagrama de barras da distribuição da riqueza de táxons de fevereiro de 2007 a janeiro de
2008. Floresta de Restinga Alta. STAF. São Vicente, São Paulo.
Tabela 9. Listagem das espécies amostradas na chuva de sementes em ordem decrescente de suas
respectivas contribuições em número de propágulos, distribuídas ao longo de doze meses de fevereiro
de 2007 a janeiro de 2008, em Floresta de Restinga Alta. STAF, São Vicente-SP.
espécie/mês jan fev mar abr maio
jun jul ago set out nov dez
Miconia spp1 10
6347
9985
23543
10437
1283
339
118
6
Asteraceae 70
54
100
5
7326
14165
12167
1616
5307
2463
Miconia spp 2 343
141
3
8
140
42
69
1142
3742
5063
2079
Cecropia
pachystachia 7
213
1440
661
283
218
333
7
69
10
11
Cordia
curasssavica 1128
1276
1
137
104
115
3
1
Sloanea guianensis 78
6
1
6
1128
91
77
72
Pera glabrata 417
203
467
154
7
7
3
1
3
1
2
Amaioua intemedia 10
191
763
99
31
10
1
Matayba
elaeagnoides
132
56
18
13
540
Rollinia sericea
68
201
210
43
48
Rapanea sp. 15
1
12
118
246
Miconia spp 3
250
84
18
Calophyllum
brasiliense 211
9
2
5
23
50
7
39
Psychotria sp.
30
14
39
93
74
35
1
Solanum sp.
2
80
87
36
17
1
5
43
Cupania
oblongifolia
5
232
Xylopia
langsdorfiana 26
2
3
1
4
55
3
5
20
27
80
Bactris setosa
182
Tachigali denudata 92
2
2
1
2
20
6
1
Myrtaceae
1
31
4
7
43
4
Ficus
luschnathiana
5
32
22
1
8
3
continua
58
Continuação tabela 9
espécie/mês jan fev mar abr maio
jun jul ago set out nov dez
Piptocarpha sp.
68
Cecropia glasioui
12
7
40
Ficus insipida
2
46
4
Ilex sp.
3
3
12
14
10
Eugenia sp.
27
3
8
Guatteria australis 5
1
7
6
3
15
Byrsonima
ligustrifolium
36
Tibouchina sp.
6
11
5
7
Lauraceae 2
3
3
16
Balizia pedicellaris
2
4
11
4
1
Rapanea ferruginea
1
21
Schefflera sp.
2
1
7
6
4
1
Campomanesia cf
phaea
4
11
Psidium
cattleyanum
1
6
2
2
1
2
Alchornea
triplinervia 2
9
1
2
Geonoma sp. 1
2
1
3
5
Virola bicuhyba
1
4
4
Senna multijuga
8
Annonaceae 1
2
2
Hipocrateaceae
1
4
Hirtella sp. 1
4
Sebastiania sp.
5
indet 3 5
Indet. 4
5
Sophora tomentosa
1
3
Manilkara sp.
4
Xylopia brasiliensis
4
Casearia sylvestris
4
indet 2
4
Aegiphila
sellowiana
4
Fabaceae
4
Clethra scabra
3
indet 6
2
Arecaceae
2
Psychotria cf.nuda
2
Prunus myrtifolia
2
indet 7
1
Croton sp.
1
Coussapoa
microcarpa
1
indet 5
1
Terminalia catapa
1
indet 9
1
indet 1
1
Total mês 2556
8278 12639 25427 11318
2027 8422
14747
14780
6025
10791
5706
Utilizando-se da listas de espécies em cada s, foram calculados os índices de
similaridade de Sørensen dois a dois e plotados em um dendrograma (figura 11).
59
Figura 11. Dendrograma das distancias entre os índices de similaridade de Sørensen em escala
euclidiana, para os 12 meses de fevereiro de 2007 a janeiro de 2008. Agrupamento dos meses foi feito
por distancia euclidiana. Floresta de Restinga Alta. STAF- São Vicente, SP.
Para uma análise mais detalhada da relação entre as espécies e sua abundancia ao longo do
período estudado, utilizou-se o algoritmo ISA (Indicator Species Analysis) e observou-se que,
em ordem decrescente de correlação, Amaioua intermedia, Schefflera sp., Tibouchina sp. ,
Cecropia pachystachya, Miconia1 spp. e Psychotria nuda contribuíram de forma mais
expressiva no grupo dos meses de março a junho. Por outro lado, Miconia spp2. foi o único
táxon que melhor expressou o outro grupo de meses, de setembro a dezembro. As asteraces
apesar de parecerem quantitativamente dominantes nesse último grupo representam
praticamente uma sinúsia de varias espécies anemocóricas o que amplia seu espectro de
dispersão ao longo do tempo (tabela 10).
Tabela 10. Seqüência dos valores de p calculados pelo algoritmo ISA para as espécies da chuva de
sementes. Floresta de Restinga Alta- STAF, São Vicente-SP.2008. p 0,05.
espécie p
Miconia sp2 0,0070
Amaioua intermedia 0,0190
Schefflera sp. 0,0200
Tibouchina sp. 0,0230
Cecropia pachystachya 0,0300
Miconia sp1. 0,0380
Psychotria nuda 0,0380
60
Como muitos trabalhos em florestas tropicais mostram a presença de sazonalidade na
produção de frutos, Howe (1984) enfatiza a importância das espécies que mantém a oferta
contínua de recursos aos animais frugívoros durante o ano inteiro inclusive, como
mantenedoras de dispersores na região. Tallora & Morellato (2000) não encontraram
sazonalidade significativa na frutificação em floresta de planície litorânea (Picinguaba-SP),
em termos qualitativos e mostram em seu estudo a distribuição das contribuições específicas
na frutificação. Essa substituição sucessiva entre as espécies em frutificação ao longo do ano,
foi responsável pela manutenção da continuidade de oferta observada.
Nesse estudo, os resultados de distribuição da contribuição específica condizem com os
resultados de Tallora & Morellato (2000) e mostram a importância da Miconia spp2 como a
espécie que mais contribuiu para o período de julho a dezembro. Outras espécies como
Matayba elaeagnoides, Rollinia sericea e Cupania oblongifolia também mostraram seu pico
de contribuição para a chuva de sementes nesse período, no entanto como foram contribuições
pontuais no tempo e menos expressivas relativamente, não foram consideradas significativas
na análise estatística.
5.5.2. Comparação entre meses
A densidade total de propágulos nas parcelas, nos doze meses, foi de 2449,2
propágulos/m
2
, e mediana de 21,5 propágulos/m
2
. Esses valores consideraram as parcelas 4
(27540 propágulos) e 5 (31837 propágulos) onde a quantidade encontrada foi muito acima da
média para todas as outras parcelas e ocasionou uma distorção nesse dado (figura 12). A
contribuição que provocou essa variação tão expressiva nesse parâmetro foi das Miconia spp.,
principalmente da Miconia spp1. com sementes menores que as demais e em grande
quantidade por fruto (tabela 9), que se concentrou principalmente, nessas duas parcelas.
Desconsiderando as asteraceas para a análise dos dados, uma vez que são em sua maioria de
espécies de lianas ou herbáceas, a densidade total diminui para 2043,14 propágulos/m
2
e
mediana de 7,16 propágulos/m
2
. Esse valor ainda é bastante alto comparando aos obtidos por
Silva (2006) em Floresta de Restinga Alta” na Ilha Comprida SP (558 sem/m
2
), Guedes
(2003) em Floresta de “Restinga Não Inundável” em Bertioga SP (201,03 sem/m
2
) e também,
no estudo de Rodrigues (2006) na mesma área de propriedade da STAF em São Vicente
(141,8 sem/m
2
somando apenas as áreas 1 e 2 de floresta). Dessa forma, sugere que a
intensidade do fluxo de sementes nessa área é bastante alta o que por sua vez, deve refletir nos
índices relativamente altos de diversidade encontrados nos estratos amostrados para o estudo
fitossociológico.
61
5.5.3 Distribuição espacial
A grande irregularidade na contribuição da chuva nas diferentes parcelas (figura 12)
mostrou uma distribuição concentrada na área e evidencia determinados sítios mais abertos e
propensos à recepção de propágulos, como é o caso das parcelas com maior número de
propágulos coletados que correspondem a aquelas mais externas ao conjunto. Ou ainda, pela
proximidade dos indivíduos matrizes dos coletores, como parece ser o caso das Miconia spp.
0
5
10
15
20
25
30
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49
parcelas
num. de propagulos
Figura. 12. Distribuição de propágulos por parcela da chuva de sementes em Floresta de Restinga Alta.
STAF- São Vicente, SP. fevereiro de 2007 a janeiro de 2008.
Quanto à distribuição qualitativa da chuva, a riqueza específica teve media de 14,72 ± 3,94
espécies por parcela, a mediana em 15 e a moda em 16 espécies (figura 13). Portanto, apesar
da grande variação quantitativa na distribuição da chegada dos indivíduos na área amostrada,
Figura 13. Diagrama “block plot” da distribuição das espécies por parcelas da chuva de sementes da
Floresta de Restinga Alta. STAF-São Vicente , SP. período de fevereiro de 2007 a janeiro de 2008.
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
Num
esp
écies
62
a distribuição específica foi bastante uniforme indicando que, provavelmente, as variações
quantitativas tenham ocorrido devido à disposição concentrada, de poucas espécies em
algumas parcelas como pode ser observado para o gênero Miconia e o grupo das asteraceas
(figura 14).
50
49
48
47
46
4544
43
42
41
40
39
38
37
36
35
34
33
32
31
30
29
28
27
26
25
24
23
22
21
20
19
18
17
16
15
1413
1211
10
98
7
6
5
4
3
2
1
1,8 2,1 2,4 2,7 3 3,3 3,6 3,9 4,2
indiv
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
especies
Figura.14 Relação da distribuição entre quantidade de propágulos e da riqueza específica nas parcelas,
ao longo do período de 12 meses (fevereiro de 2007 a janeiro de 2008). Mostra o destaque das
parcelas 4 e 5 entre as demais devido a grande quantidade de propágulos e, da parcela 7 devido a
maior riqueza taxonômica. Floresta de Restinga Alta STAF- São Vicente, SP.
5.5.4. Parâmetros estruturais (Densidade e Freqüência)
As dez espécies que mais contribuíram em abundancia para a chuva de sementes foram
Miconia1 spp. , Asteraceae, Miconia2 spp., Cecropia pachystachya, Cordia curassavica,
Sloanea guianensis, Pera glabrata, Amaioua intermedia, Matayba elaeagnoides e Rollinia
sericea e representaram 97% da densidade relativa durante o período de um ano de estudo
(tabela 11). No entanto, as três primeiras espécies sozinhas contribuem com 87,8% e
deslocam dessa maneira a proporcionalidade de contribuição de todo o restante das espécies,
principalmente por serem representantes de um grupo de espécies.
Cecropia pachystachya foi a primeira de maior abundancia dentre as identificadas a
espécie. É uma espécie de ampla distribuição geográfica, heliófila, de ambientes abertos, com
germinação de sementes mais eficiente após dispersão pela avifauna (Bocchese et al. 2008).
Foi observada em todos os coletores e em 11 meses sendo que sua maior contribuição foi nos
63
meses de abril e maio. Essa espécie não foi amostrada nos estratos superior, médio e inferior
desse estudo.
Cordia curassavica foi a segunda espécie de maior abundância seguida de Sloanea
guianensis. Com 2523 sementes ao longo de 5 meses (de junho a janeiro), C. curassavica foi
amostrada em 34% dos coletores e teve presença mais significativa, na chuva de sementes,
nos meses de dezembro e janeiro. De hábito arbustivo, pode ser encontrada em áreas de praias
e dunas, escrube, florestas baixas e altas sobrecordões e depressões (Lapa 2006). Mas,
também não foi encontrada nas amostras feitas no estrato superior, médio e inferior desse
trabalho.
Comum nas florestas da mata atlântica, Sloanea guianensis apresenta ampla distribuição e
baixa freqüência. Geralmente em destaque no valor de importância, principalmente pelos
valores de dominância, essa espécie foi estudada como representante de indivíduos
emergentes por Alves (2000). Nesse estudo, essa espécie está presente também no estrato
superior, médio e inferior, e é a segunda espécie com maior VI no estrato superior.
Pera glabrata é uma espécie comum nos estudos de matas de restingas (Assumpção e
Nascimento, 2000; Martins et al. 2008), e geralmente apresenta indivíduos de grande porte.
Segundo Lorenzi, (1992) é heliófila, a produção de sementes não ocorre todos os anos e
apresenta taxa de germinação baixa. Está presente nos estratos superior e médio desse estudo,
sendo a de maior VI no estrato superior. Foi observada em 70% dos coletores, durante 11
meses. Os meses em que contribuiu, com maior abundância, foram de janeiro a abril.
Tabela 11. Parâmetros estruturais da chuva de sementes no período de doze meses (fevereiro de 2007
a janeiro de 2008) em Floresta de Restinga Alta. STAF- São Vicente, SP. DA: densidade absoluta
(ind./m
2
); DR; densidade relativa; FA: freqüência absoluta e FR: freqüência relativa.
espécie DA DR FA FR
Miconia spp 1 1040,92
43,02 0,72 4,09
Asteraceae 825,46 34,12 1,00 5,68
Miconia spp 2 255,44 10,56 1,00 5,68
Cecropia pachystachia 65,04 2,69 0,98 5,57
Cordia curassavica 55,30 2,29 0,36 2,05
Sloanea guianensis 29,16 1,21 0,58 3,30
Pera glabrata 25,30 1,05 0,70 3,98
Amaioua intemedia 22,10 0,91 0,56 3,18
Matayba elaeagnoides 15,18 0,63 0,22 1,25
Rollinia sericea 11,40 0,47 0,84 4,77
continua
64
Continuação tabela 11
espécie DA DR FA FR
Rapanea sp. 9,84 0,41 0,90 5,11
indet 2 0,08 0,00 0,04 0,23
Miconia spp 3 7,04 0,29 0,46 2,61
Calophyllum brasiliense 6,86 0,28 0,28 1,59
Psychotria sp. 5,72 0,24 0,68 3,86
Solanum sp. 5,42 0,22 0,66 3,75
Cupania oblongifolia 4,74 0,20 0,36 2,05
Xylopia langsdorfiana 4,52 0,19 0,60 3,41
Bactris setosa 3,64 0,15 0,08 0,45
Tachigali denudata 2,52 0,10 0,42 2,39
Myrtaceae 1,80 0,07 0,18 1,02
Ficus luschnathiana 1,42 0,06 0,30 1,70
Piptocarpha sp. 1,36 0,06 0,06 0,34
Cecropia glasioui 1,18 0,05 0,18 1,02
Ficus insipida 1,04 0,04 0,16 0,91
Ilex sp. 0,84 0,03 0,32 1,82
Eugenia sp. 0,76 0,03 0,14 0,80
Guatteria hillariana 0,74 0,03 0,22 1,25
Byrsonima ligustrifolium 0,72 0,03 0,08 0,45
Tibouchina sp. 0,58 0,02 0,12 0,68
Lauraceae 0,48 0,02 0,22 1,25
Rapanea ferruginea 0,44 0,02 0,28 1,59
Balizia pedicellaris 0,44 0,02 0,16 0,91
Sheflera sp. 0,42 0,02 0,22 1,25
Campomanesia cf phaea 0,30 0,01 0,08 0,45
Psidium cattleyanum 0,28 0,01 0,22 1,25
Alchornea triplinervia 0,28 0,01 0,20 1,14
Geonoma sp. 0,24 0,01 0,18 1,02
Virola bicuhyba 0,18 0,01 0,12 0,68
Senna multijuga 0,16 0,01 0,02 0,11
Annonaceae 0,10 0,00 0,08 0,45
indet 3 0,10 0,00 0,08 0,45
Sebastiania sp. 0,10 0,00 0,08 0,45
Hirtella sp. 0,10 0,00 0,02 0,11
Indet. 4 0,10 0,00 0,02 0,11
Manilkara sp. 0,08 0,00 0,08 0,45
Sophora tomentosa 0,08 0,00 0,08 0,49
continua
65
Os 12 taxa amostrados em mais de 50% dos coletores (FA>0,5) foram Miconia sp 2,
Asteraceae, Cecropia pachystachia, Rapanea sp., Rollinia sericea, Miconia spp 1, Pera
glabrata, Psychotria sp., Solanum sp., Xylopia langsdorffiana, Sloanea guianensis e Amaioua
intermédia. Os propágulos de aproximadamente metade dessas espécies, a saber: Cecropia
pachystachya, Rapanea sp., Rollinia sericea, Psychotria sp., Solanum sp. são sementes que,
por serem alóctones ou de populações raras na área de estudo indicaram boa dispersão na
mata, de no mínimo 10m. Todas são zoocóricas, com exceção das asteraceas, o que demonstra
a dispersão efetiva das mesmas pela fauna local e consequentemente sua importância como
fonte de recursos (alimento) na região (tabela 11). Segundo dados de Pivello et al. (2006) a
estrutura da vegetação pode ser um fator mais relacionado às características sobre o bito,
tipo funcional e síndrome de dispersão, do que os diferentes graus de conectividade e de
tamanho dos fragmentos.
Com exceção das asteraceas todas as outras espécies mais abundantes e mais freqüentes na
chuva de sementes da área, apresentam dispersão de propágulos zoocórica (tabela.9), o que é
esperado para floresta atlântica e florestas de restiga (Oliveira et al. 2001, Sugiyama 2003,
Alves e Metzger 2006, Pivello et al. 2006) e estão relacionadas a comunidades com menor
Continuação tabela 11
espécie DA DR FA FR
Xylopia brasiliensis 0,08 0,00 0,06 0,34
Casearia sylvestris 0,08 0,00 0,04 0,23
Aegiphila sellowiana 0,08 0,00 0,02 0,11
Mimosaceae 0,08 0,00 0,02 0,11
Clethra scabra 0,06 0,00 0,02 0,11
Arecaceae 0,04 0,00 0,04 0,23
indet 6 0,04 0,00 0,04 0,23
Prunus myrtifolia 0,04 0,00 0,02 0,11
Psychotria cf.nuda 0,04 0,00 0,02 0,11
Coussapoa microcarpa 0,02 0,00 0,02 0,11
Croton sp. 0,02 0,00 0,02 0,11
indet 1 0,02 0,00 0,02 0,11
indet 5 0,02 0,00 0,02 0,11
indet 7 0,02 0,00 0,02 0,11
indet 9 0,02 0,00 0,02 0,11
Terminalia catappa 0,02 0,00 0,02 0,11
66
grau de perturbação devido a suscetibilidade de seus dispersores à exposição em áreas abertas
(Jesus 2005) .
Figura.15. Distribuição do número de indivíduos das espécies identificadas, por parcela. Foi usado o ln
do número de indivíduos.
De acordo com o gráfico da distribuição do número de indivíduos das espécies nas parcelas
(figura 15) percebe-se uma tendência homogênea na proporção entre abundancia e
distribuição espacial e o coeficiente de correlação de Spearman (rs) foi de 0,90 indicando uma
correlação positiva para p< 0,001. Não mostra, dessa forma, um padrão agregado de dispersão
como geralmente é observado e esperado, para florestas onde predomina a síndrome de
zoocoria com exceção das morfoespécies de Miconia spp.. Segundo o estudo de Lewey et al.
(2008) a dispersão por ssaros entre diferentes formas de fragmentos foi influenciada
principalmente, pelo formato e a presença de corredor entre os fragmentos e a matriz. Nesse
experimento os autores observaram que a dispersão em ambientes maiores era mais
homogênea e que a dispersão em áreas fragmentadas com maior área de borda, tornou-se
irregular, devido ao menor tempo de permanência e maior freqüência de visitação dos
pássaros nas mesmas.
O índice de diversidade H’ foi igual a 1,52 e J igual a 0,37, valor baixo principalmente
devido alta densidade dos xons de Miconia spp. e Asteraceae spp. Valores igualmente
baixos foram encontrados nos estudos de Silva (2006) e indicam que a riqueza e equabilidade
encontradas nos estratos inferior a superior desse estudo são respostas acumuladas por
períodos mais longos, onde deposições estocásticas de espécies não permanentes (raras) são
importantes para a composição e manutenção da biodiversidade local.
5
10
15
20
25
30
35
40
45
parcelas
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
log indiv
Miconia spp1
Asteraceae spp.
Miconia spp
2
67
5.5.5. Chuva de sementes e estratos
A similaridade entre os dois estratos superior e médio com a chuva de sementes foi
bastante baixa (Sørensen = 0,107) com o estrato superior e, (Sørensen = 0,100) com o estrato
médio. Apenas 8 espécies foram comuns ao estrato superior e 9 ao médio. No total 12
espécies, Sloanea guianensis, Pera glabrata, Amaioua intermedia, Rollinia sericea,
Calophyllum brasiliense, Cupania oblongifolia, Xylopia brasiliensis, Xylopia langsdorfiana,
Alchornea triplinervia, Bactris setosa, Balizia pedicellaris e Geonoma schottiana, estavam
presentes nos estratos superior e médio (autóctones), e as demais 57 espécies foram
consideradas alóctones (tabela 12.).
Tabela 12. Listagem das espécies comuns entre os estratos superior, médio e inferior da floresta de
restinga alta estudada, com a chuva de sementes (fevereiro de 2007 a janeiro de 2008). STAF- São
Vicente, SP.
Espécies/ Estrato superior
médio
inferior
Sloanea guianensis
X X X
Pera glabrata
X X
Amaioua intermedia
X X X
Rollinea sericea
X X
Calophyllum brasiliense
X X X
Cupania oblongifolia
X X X
Xylopia brasiliensis
X X
Xylopia langsdorfiana
X X X
Alchornea triplinervia
X X
Bactris setosa
X
Geonoma schottiana
X X
Balizia pedicellaris
X X X
Eugenia sp1
X
Similaridade de Sørensen com
a chuva de sementes
0,107 0,1 0,134
Entre as identificadas até espécie nesse estudo, 7 espécies foram mais abundantes e apenas
três foram consideradas alóctones Cecropia pachystachya, Cordia curassavica e Matayba
elaeagnoides. São espécies de distribuição ampla em vários tipos florestais inclusive florestas
litorâneas. Matayba elaeagnoides é menos comum em estudos de florestas de restingas, mas
foi amostrada em floresta turfosa rasa de restinga por Sztutman & Rodrigues (2004) ao
estudarem mosaicos vegetacionais em Pariquera Açu SP e como uma das cinco espécies
mais abundantes na regeneração da Floresta de mata atlântica em Morro Grande, SP (Alves &
Metzger 2006).
68
Essa ausência de indivíduos nos estratos superior e médio pode ser provocada por três
situações que provavelmente ocorrem, e de forma concomitante ou não. Primeiro, pela
deficiência de germinação, no caso da Cecropia pachystachya a necessidade da passagem
pelo trato digestório da avifauna dispersora pode ser nesse momento, um fator limitante para a
germinação e posterior recrutamento de jovens (Alvarez-Buylla & Martinez-Ramos 1990).
Segundo, pelo baixo recrutamento de plântulas devido a forte pressão de predação e/ou
ausência de condições ambientais básicas para seu desenvolvimento como nutrientes,
luminosidade e outros. E terceiro, por serem espécies com dispersão e colonização recente
ainda não observáveis nos estratos de maior porte.
Mesmo considerando que 50% dos propágulos não foram identificados até o nível
taxonômico de espécie, a pequena similaridade entre os estratos e a chuva de sementes (tabela
11) mostra a importância das sementes alóctones na riqueza da chuva de sementes da área
estudada. A participação pouco representativa em termos quantitativos (DR) das mesmas
pode estar relacionada à deficiente produção de sementes pelas matrizes ou, à dificuldade dos
processos de dispersão que ainda ocorrem, além do efeito estocástico dos mesmos.
Provavelmente o fato de a área de estudo estar cercada por ambientes e atividades
antrópicas esteja interferindo na qualidade da chuva de sementes. Mesmo próxima de fontes
em melhor estágio de conservação e com capacidade comprovada de abrigar fauna mais
exigente (vide nota) a dispersão de sementes maiores e de espécies mais características de
florestas mais densas pode estar prejudicada. Dentre as causas dessas dificuldades, podem ser
consideradas a carência da fauna dispersora propriamente dita, a presença de maquinários nas
proximidades, e de invasores humanos da área residencial ao lado, proporcionando condições
difíceis de tráfego entre a área e outros fragmentos maiores e melhor conservados para a fauna
dispersora.
Das dez espécies de maior VI no estrato superior, 5 contribuíram para a chuva de sementes
Pera glabrata (Euphorbiacae), Sloanea guianensis (Elaeocarpaceae), Xylopia langsdorfiana
(Annonacae), Balizia pedicellaris (Fabaceae), Amaioua intermedia (Rubiaceae), e
corresponderam a 2,38% da DR entre as sementes. Entre as outras 5 Nectandra grandiflora
(Lauraceae) e Miconia cabussu (Melastomataceae) podem não ter sido identificadas na chuva,
pois o gênero Miconia ficou sem identificação específica e algumas lauráceas também foram
identificadas apenas até o nível de família. Frutos imaturos e maduros, com sementes, de
Cabralea canjerana (Meliaceae), foram observados fora dos coletores, mas sua ausência no
material amostrado pode ser explicada pela rápida deterioração das sementes, uma vez que as
coletas foram mensais.
69
Portanto as maiores contribuições para a chuva de sementes em termos quantitativos e
qualitativos é alóctone, guardadas as devidas considerações comentadas acima.
Das dez espécies de maior VI no estrato médio, apenas três espécies contribuíram para a
chuva de sementes, Bactris setosa, Xylopia langsdorfiana e Geonoma schottiana, e com
contribuições relativamente pequenas como pode ser visto na tabela 11. Dessas, apenas
Bactris setosa não esteve presente na amostragem do estrato inferior.
Dentre as espécies que não contribuíram com a chuva de sementes, com exceção de
Guarea macrophylla e Licania kunthiana que se encontram apenas no estrato superior e
médio, as demais espécies estão presentes nos três estratos. Essa ausência na chuva de
sementes indica uma possível sazonalidade no processo reprodutivo e produção de sementes
num ciclo não anual ou simplesmente a ausência de propágulos justamente nos coletores.
Quando a dispersão por animais ainda é insipiente ou necessita de animais de maior porte do
que a floresta normalmente atrai, a queda de frutos e sementes da própria copa acaba
respondendo pela dispersão primária, e a maioria deles se mantém muito próximos à planta
matriz.
Com o estrato inferior a similaridade também foi baixa, (Sørensen = 0,134) e 11 espécies
foram comuns, mas mesmo assim pouco maior com esse estrato do que com estratos
superiores. Este fato está relacionado a influencia mais direta da chuva sobre a variabilidade
do estrato inferior. Dessas, apenas o táxon Eugenia sp1. não pertence aos estratos de
indivíduos estabelecidos nessa área e foi amostrada no estrato inferior (tabela 12), com
poucas sementes durante o período. Verificou-se assim, que praticamente todas as espécies da
chuva de sementes que produziram plântulas foram autóctones.
A presença de muitos indivíduos de espécies, desse estrato inferior, que não estavam
presentes na chuva de sementes, do período observado, corrobora a idéia (Harper 1977) de
que esse estrato abriga indivíduos de outras gerações na espera de uma oportunidade de
desenvolvimento morfológico e ecológico, formando um banco de plântulas. Esses indivíduos
capazes de se manterem “em espera” são chamados de tolerantes por Harper (1977) em
contraposição aos intolerantes que acabam morrendo por não prosseguirem com o processo de
desenvolvimento diretamente.
Bem distribuída nas amostragens da chuva de sementes, Rollinea sericea foi observada no
estrato inferior entre as mais abundantes na coleta de dados do mês de julho, com apenas um
indivíduo no estrato superior. No entanto, a sua contribuição foi restrita no estrato inferior a
poucas parcelas (9) podendo indicar algum nível de seletividade ou de oportunidade de
recrutamento no ambiente em apenas alguns sítios favoráveis.
70
As famílias que apresentaram maiores valores de DR e FR foram Melastomataceae (4
espécies), Asteraceae (2 espécies), Cecropiaceae (3 espécies) e Boraginaceae (1 espécie) e
foram responsáveis por 93% da DR e 22,7% da FR (tabela 13.).
Tabela 13. Parâmetros estruturais das famílias da chuva de sementes em Floresta de Restinga Alta,
STAF- São Vicente, SP. Período de fevereiro de 2007 a janeiro de 2008.
Família DA DR FA FR parcelas
ind.
Melastomataceae 1303,98
53,90
100,00
6,75
50
65199
Asteraceae 826,82
34,17
100,00
6,75
50
41341
Cecropiaceae 66,24
2,74
100,00
6,75
50
3312
Boraginaceae 55,30
2,29
36,00
2,43
18
2765
Elaeocarpaceae 29,16
1,21
58,00
3,91
29
1458
Rubiaceae 27,86
1,15
100,00
6,75
50
1393
Euphorbiaceae 25,70
1,06
100,00
6,75
50
1285
Sapindaceae 20,80
0,86
94,00
6,34
47
1040
Annonaceae 16,84
0,70
100,00
6,75
50
842
Myrsinaceae 10,28
0,42
100,00
6,75
50
514
Clusiaceae 6,86
0,28
28,00
1,89
14
343
Solanaceae 5,42
0,22
66,00
4,45
33
271
Malpighiaceae 5,38
0,22
62,00
4,18
31
269
Arecaceae 3,92
0,16
30,00
2,02
15
196
Fabaceae 3,28
0,14
70,00
4,72
35
164
Myrtaceae 3,14
0,13
62,00
4,18
31
157
Moraceae 2,46
0,10
46,00
3,10
23
123
Vitaceae 2,00
0,08
62,00
4,18
31
100
Indeterminada 0,98
0,04
18,00
1,21
9
49
Aquifoliaceae 0,84
0,03
32,00
2,16
16
42
Lauraceae 0,48
0,02
22,00
1,48
11
24
Araliaceae 0,42
0,02
22,00
1,48
11
21
Myristicaceae 0,18
0,01
12,00
0,81
6
9
Bignoniaceae 0,16
0,01
10,00
0,67
5
8
Indeterminada3 0,10
0,00
8,00
0,54
4
5
Chrysobalanaceae 0,10
0,00
2,00
0,13
1
5
Indeterminada4 0,10
0,00
2,00
0,13
1
5
Sapotaceae 0,08
0,00
8,00
0,54
4
4
Flacourtiaceae 0,08
0,00
4,00
0,27
2
4
Indeterminada 2 0,08
0,00
4,00
0,27
2
4
Verbenaceae 0,08
0,00
2,00
0,13
1
4
Clethraceae 0,06
0,00
2,00
0,13
1
3
Indeterminada 6 0,04
0,00
4,00
0,27
2
2
Rosaceae 0,04
0,00
2,00
0,13
1
2
Combretaceae 0,02
0,00
2,00
0,13
1
1
Indeterminada 1 0,02
0,00
2,00
0,13
1
1
Indeterminada 5 0,02
0,00
2,00
0,13
1
1
Indeterminada 7 0,02
0,00
2,00
0,13
1
1
Indeterminada 9 0,02
0,00
2,00
0,13
1
1
71
Dessas quatro famílias mais abundantes, as três primeiras são freqüentes e foram
amostradas por toda a área estudada. Boraginaceae que é representada somente pela espécie
alóctone Cordia curassavica teve uma distribuição mais restrita em 36% das parcelas. Esses
resultados confirmam a análise feita para as espécies devido à contribuição expressiva das
mais abundantes, e confirmam os resultados encontrados em outros estudos em que, a maior
parte das sementes encontradas pertence a espécies e famílias da própria área. Nesse caso, as
famílias que mais contribuíram são comuns em áreas abertas.
5.5.6. Regeneração natural e chuva de sementes
Entre as dez espécies que apresentaram maiores valores de RNT , seis contribuíram para a
chuva de sementes. Entre essas Sloanea guianensis e Amaioua intermedia são as espécies que
além de apresentarem maiores RNT (9,8 e 9,6 respectivamente) também tiveram altos valores
de abundancia de sementes (DA igual a 29,16 sem./m
2
e 22,10 sem./m
2
respectivamente). A
espécie Xylopia langsdorfiana , apresentou o maior RNT (15,7) e esteve presente na chuva de
sementes mas em menor proporção, com FA de 60% e DA de 4,52 sem./m
2
. E são dessa
forma, as espécies mais representativas da comunidade estudada.
Presente e abundante somente no estrato superior, Pera glabrata contribuiu de forma
expressiva na chuva de sementes, com DA (densidade absoluta) de 25,3 sem./m
2
e FA
(freqüência absoluta) de 56 %. Essa ausência de representantes jovens e regenerantes mesmo
na presença de sementes pode ser um indicativo de um impedimento no processo de
germinação nessa área, devido a algum fator ambiental que foi alterado para essas ultimas
gerações. Agravado pelas próprias características de suas plantas, pois segundo Lorenzi
(1992), essa espécie oferece produção irregular de sementes e com baixa taxa de germinação.
Em situação semelhante, a espécie Bactris setosa foi amostrada somente no estrato médio
(uma vez que os adultos apresentam porte médio) com o maior VI devido a sua alta densidade
(DA igual a 300 ind/m
2
), não esteve presente nas coletas do estrato inferior e, a FA das
sementes (0,08 %) foi baixa se comparada a FA dos adultos (0,57%). Nesse caso foi
observado um fator de degradação antrópica forte de extração dos frutos.
Guatteria hillariana foi a espécie que, dentre as dez, apresentou a população mais jovem
com TRT de -99,7. Sua presença na chuva de sementes também foi pequena com DA de 0,74
sem./m
2
e FA de 22%. Segundo estudo de Martins et al. (2008) nas formações das restingas
de Bertioga (SP) ela é uma espécie típica do estrato médio das Florestas Altas de Restinga.
72
Licania nitida, Cabralea canjerana, Ouratea parviflora e Guarea macrophylla estão entre
as dez populações com melhores RNT, mas não participaram da chuva de sementes no
período amostrado. Como apresentam indivíduos no estrato inferior, provavelmente são
espécies que são ou sofreram irregularidade na dispersão ou na frutificação. No caso de
Cabralea canjerana, durante os trabalhos de campo, seus frutos foram observados com
freqüência, geralmente debaixo da copa dos indivíduos adultos, mas suas sementes não foram
observadas nos coletores. Como nos estratos médio e superior está entre as dez de maior VI e
foi encontrada em 12 parcelas no estrato superior, seu maior obstáculo para a regeneração
deve ter sido a dispersão das sementes.
Licania nitida foi citada como uma espécie típica do dossel de Florestas Altas de Restinga
em Bertioga por Martins et al. (2008) e Guarea macrophylla em Florestas de Restinga
Úmidas e segundo Guedes et al. (2006) também em Florestas não alagáveis.
Nas amostragens de vários estudos no estado de São Paulo, Ouratea parviflora não foi
encontrada, mas foi bastante significativa na sinúsia arbustiva da floresta de restinga segundo
Negrelle (2006) em Santa Catarina.
Miconia spp. foi o gênero que mais contribuiu para a chuva de sementes no período
estudado sem participação significativa no estrato inferior indicando limites de dispersão ou
de recrutamento para essa espécie (Jordano et al. 2006).
73
6. Conclusões
A análise florística mostrou baixa similaridade com a maioria dos estudos em
Florestas de Restinga Alta no estado de São Paulo, onde o índice de Sørensen foi
maior entre esse estudo e a flora da Ilha Anchieta no litoral Norte, em estágio médio
de regeneração. Além das justificativas básicas como diferenças de objetivos das
amostragens, dos critérios para coleta de dados, e tamanho amostral, duas outras
teorias podem complementar o entendimento dos altos índices de dissimilaridade entre
a floresta estudada e outras florestas de classificação semelhante. Primeiro, a
observação de Souza et al. (2008) das diferenças nas formações geo-pedológicas das
restingas que seriam capazes de proporcionar ambientes historicamente, bioticamente
e abioticamente diferentes. E, segundo, de acordo com a teoria da neutralidade, as
relações entre as populações numa comunidade o são necessariamente estáveis ao
longo do tempo (Cassemiro e Padial, 2008).
Os três estratos analisados mostraram altos índices de diversidade de Shannon-Wiener
e de equabilidade de Pielou o que indica um bom estagio de amadurecimento do
sistema como mostra o parâmetro de área basal e apesar do parâmetro densidade total
ser ainda pouco expressivo comparativamente.
A análise da regeneração natural dessa floresta indicou que 39,8% das populações são
comuns e com alta proporção de regenerantes e jovens (ex. Guatteria hillariana e
Ocote elegans), 4% tornar-se-ão espécies raras (ex. Pera glabrata e Ocotea aciphylla),
37,7% tem potencial para tornarem-se comuns (ex. Bactris setosa e Myrcia fallax) e
17,2% podem se extinguir dessa comunidade nas suas próximas gerações (ex. Licania
cf. kunthiana e Shefflera angustissima).
A porcentagem de espécies raras (apenas um indivíduo) foi decrescente do estrato
superior ao inferior.
A diminuição da densidade total por ha foi na proporção de 1:3,5:112 do estrato
superior para o inferior respectivamente. Considerando que o fluxo de propágulos
tenha se mantido estável por pelo menos o tempo das ultimas gerações, supõem-se que
a cada 100 indivíduos regenerantes aproximadamente, apenas 1 chegou a completar
plenamente o seu desenvolvimento nessa floresta estudada.
A maioria das espécies apresentou síndrome de dispersão zoocórica o que é uma
característica comum e esperada para formações florestais tropicais.
74
A distribuição espacial da chuva em termos quantitativos foi bastante irregular e
mostrou parcelas com densidades muito maiores que a maioria e onde foram
observadas duas modas na distribuição dos propágulos. Quanto à distribuição espacial
em termos qualitativos por outro lado, mostrou uma regularidade acentuada onde a
contribuição foi mais homogênea. Onde a análise, identificando as espécies, mostrou
uma correlação positiva entre a quantidade de propágulos de cada espécie com o
número de parcelas em que foram amostradas. Esses resultados devem ser respostas à
distribuição zoocórica que está sujeita às características de remoção e depósito dos
dispersores e à pressão ambiental denso-dependente que pode ocorrer em alguns sítios,
principalmente entre indivíduos da mesma espécie, mesmo considerando que a
possibilidade de encontrar um sítio favorável é homogênea a todas as espécies.
A manutenção de espécies com diferentes picos de frutificação e dispersão de
sementes zoocóricas deve ser observada para a continuidade da oferta de recursos aos
dispersores da comunidade. Desse modo, a sazonalidade qualitativa correspondeu à
participação de diferentes espécies em períodos diferentes, mas não comprometeu a
continuidade da oferta de sementes ao longo de todo período estudado.
A similaridade da chuva de sementes com os estratos inferior, médio e superior foi
baixa, e pouco maior com o estrato inferior do que com os outros, devido
principalmente a influencia mais direta da chuva na variabilidade do mesmo.
A contribuição das espécies alóctones para a chuva de sementes foi de 89% o que
mostra a importância da conectividade nessa flora uma vez que a maioria apresenta
síndrome de dispersão zoocórica.
Todas as espécies da chuva de sementes que produziram plântulas foram autóctones.
Desse modo, indica que o estrato inferior também exerce a função de um banco de
“plântulas” de várias gerações, representantes de outras situações de imigração de
sementes, a espera de uma oportunidade de desenvolvimento na comunidade.
Miconia foi o gênero mais abundante e freqüente da chuva e foi pouco representada
nos estratos superior e médio. Para algumas espécies foi encontrada no estrato
superior.
De acordo com o padrão geral (Alves e Metzer, 2006) a recuperação estrutural ocorre
antes que a da composição e riqueza de espécies, a floresta de Restinga Alta estudada
apresentou uma estrutura com área basal desenvolvida, mas ainda baixa densidade por
ha entre os indivíduos adultos, e os índices de diversidade e equabilidade foram
75
comparáveis aos resultados encontrados em locais mais preservados. Além da
presença comprovada na fauna de espécies típicas indicadoras de ambientes maduros
como o anuro Hypsboas faber. Esse resultado permite inferir que a formação florestal
estudada apresentou uma estrutura tão desenvolvida como é possível observar em
outros estudos, e que muitas funções ecológicas foram reconstruídas ao longo desses
50 anos de recuperação ambiental, favorecida pela sua continuidade a um fragmento
maior, fonte de propágulos.
76
7. Considerações finais
A floresta estudada pode ser caracterizada como escoadouro, pois a existência de espécies
exclusivas do estrato médio, estabelecidas e ainda não reprodutivas, é uma possível
indicação de que áreas como esta, sejam áreas receptoras do excesso populacional em áreas
fonte do sistema de metapopulações “fonte-escoadouro” (Paglia et al. 2006) para essas
espécies. Desse modo, possibilitam a manutenção da diversidade regional mesmo sendo uma
área em processo de regeneração e em contato com áreas degradadas. Nesse estudo foram
representadas pelas espécies Allophyllus petiolulatus, Inga edulis, Dalbergia sp., Sorocea sp.,
Gomidesia spectabilis, Myrtaceae sp4., Faramea sp., Dendropanax sp., Mollinedia
schottiana, Hirtella angustifolia, Calyptranthes lanceolata.
As discretas diferenças entre os índices de similaridade para os dois estratos superior e
médio com outras áreas respectivamente sugerem o estrato médio como o estrato “reserva” do
superior, onde indivíduos menores esperam para completar o seu desenvolvimento pela
oportunidade de substituir os indivíduos maiores. Desse modo, para a análise florística mais
precisa de uma floresta de restinga recomenda-se a inclusão dos indivíduos desse porte.
A distribuição temporal da chuva de sementes foi sazonal quantitativamente, mas
qualitativamente foi mais regular e pode ser mais uma indicação do estágio de maturidade da
comunidade estudada.
Recomenda-se para a colheita de sementes nessa área, apenas daquelas espécies com RNT
altos e contribuição abundante na chuva de sementes como medida de manejo, que foram
representadas pelas espécies Sloanea guianensis, Amaioua intermedia e Xylopia
langsdorfiana.
Para programas de recuperação florestal recomenda-se a observação das características
fenológicas, principalmente de frutificação e dispersão de sementes, para a escolha de
espécies. A atenção à oferta de recursos para potenciais dispersores ao longo do ano, pode ser
fundamental no sucesso de programas de conservação florestal e recuperação de áreas
degradadas (RAD), enfatizando o comportamento ecológico das espécies nos diferentes
estratos que compõem o processo sucessional.
77
8. RESUMO:
Considerados ecossistemas ou geo-pedobiomas associados à Mata Atlântica, as formações
vegetais de restingas apresentam estrutura e dinâmica próprias que incorporam desde
formações herbáceas a florestas. Com o objetivo de contribuir para a melhoria das
estratégias de conservação e recuperação desses recursos, o presente estudo investigou a
dinâmica de um fragmento de floresta de restinga alta em regeneração há 50 anos, em uma
área particular de mineração de areia para fundição. O trabalho baseou-se na analise
comparativa da estrutura horizontal e vertical da floresta com a dinâmica da chuva de
sementes e procurou responder às seguintes questões: a) qual a relação dos parâmetros
estruturais dessa comunidade, após o período de regeneração, com os de outras formações
semelhantes (floresta de restinga alta) e b) como alguns aspectos da dinâmica de
populações de suas plantas pode justificar estes parâmetros. O estudo foi desenvolvido em
uma área amostral de 0,4ha na propriedade privada da STAF em São Vicente, SP. Foram
caracterizados três estratos a partir de critérios de DAP ( 4,8 cm para o superior e
0,8cm DAPmédio 4,8 cm ) e altura máxima de 1,0m para o estrato inferior. A chuva de
sementes foi acompanhada durante doze meses em coletores de 1m
2
. A contribuição das
espécies alóctones na chuva de sementes foi de 89% o que mostra a importância da
conectividade dessa flora, uma vez que, a maioria dos propágulos apresenta síndrome de
dispersão zoocórica. As distribuições espaciais, quantitativa e qualitativa da chuva de
sementes foram diferentes, irregular para a primeira e regular para a segunda. E a
distribuição temporal foi sazonal para as duas características. Dados de RNT e TRT e da
chuva de sementes, apontam Sloanea guianensis, Amaioua intermedia e Xylopia
langsdorfiana como espécies comuns com boa contribuição na chuva de sementes. Os
índices de similaridade de Sorensen entre as florestas de restinga alta, aqui comparadas,
foram baixos para a flora do estrato superior e dio. Apesar de apresentar uma estrutura
com menor densidade em relação aos indivíduos adultos, a área de estudo (STAF) exibiu
altos valores de diversidade (H’= 3,75 e J= 0,85) e área basal compatíveis com as florestas
em melhor estagio de conservação, evidenciando a presença comprovada na fauna de
espécies típicas indicadoras de ambientes maduros como o anuro Hypsiboas faber. Esses
resultados permitem inferir que a área estudada apresentou uma estrutura tão desenvolvida
como é possível observar em outros estudos, e que muitas funções ecológicas foram
reconstruídas ao longo desses 50 anos de recuperação ambiental, favorecida pela sua
continuidade a um fragmento maior, fonte de propágulos.
78
9. Abstract
Restingas are ecosystems or geo-pedobiomes connected to Atlantic Forest, with particular
flora structure and dynamic characteristics, ranging from ground community to high forests.
Aiming to improve conservation and regeneration strategies to this resource, this study
investigated the dynamics of a restinga high forest fragment. Located on a private area of sand
mining, this fragment underwent a regeneration process for about 50 years. Vertical and
horizontal forest structures were compared with seed rain dynamics and the following
questions asked: a) what relations the structure parameters of this community do have, if any,
with other mature restinga high forests following a regeneration time span of 50 years? b)
how some population dynamics aspects of its plants can uphold this parameters? This study
was developed on a 0,4ha of sample area at the STAF private estate, in São Vicente, SP.
Three stages of vegetation life cycle were considered, two of which based on Dbh criteria
(superior stage 4,8 cm; median stage 0,8cm Dbh 4,8 cm) and the third on a height basis
alone (inferior 1,0m). Seed rain was monitored during twelve months using 1m
2
seed trap
collectors. External contributions to seed rain were about 89%, which demonstrates local flora
connectivity magnitude for majority of propagules is zoochore. Seed rain quantitative and
qualitative spatial distributions were distinct, the former being irregular and the latter regular.
Temporal distributions were seasonal for both analyses, quantitative and qualitative. RNT and
TRT values indicate that Sloanea guianensis, Amaioua intermedia and Xylopia langsdorfiana
are common species; moreover they played a fair role in seed rain. Sorensen similarity
indexes, among this community and several other restinga high forests, were very low for
both superior and median stages. Notwithstanding the community had low density structure
among adult individuals, the study area displayed high diversity values (H’= 3,75 and J=
0,85) and basal area compatible to those of well conserved forests. Presence of the frog
Hypsiboas faber, a bioindicator of well preserved ecosystems, underpins the quality status.
Results also suggest that study area presents the mature forests developed structure; that many
ecological functions have already been reconstructed over the last 50 years of environment
regeneration, favored by connectivity to nearby larger fragments.
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90
Nota
Costa, Fábio H. A. 2009.
Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821), um bio-indicador
expressivo para a área STAF São Vicente, SP.
Figura 1 – Hypsiboas faber, indivíduo adulto visto pela face esquerda, em posição de
repouso sobre vegetação durante o período da manhã, a 0.5 m de altura, na área STAF – São
Vicente. Comprimento rostro-anal aproximado de 10 cm. (Foto: S. L. Miyazaki, 2008)
Figura 2 - Hypsiboas faber, mesmo individuo da Figura 1, visto pela face dorsal (Foto: S.
L. Miyazaki, 2008).
91
Durante os trabalhos de campo foram observadas várias espécies de anfíbios anuros na
área de estudo, uma das quais merece atenção especial por ter parte de sua biologia muito bem
conhecida e que é relevante para o diagnóstico do atual estado de regeneração da vegetação.
A presença de Hypsiboas faber (Wied-Neuwied 1821) (figuras 1 e 2) foi detectada no ano
de 2008 na área da STAF, São Vicente. Trata-se de um anfíbio anuro arborícola de hábitos
noturnos, que vive em ambientes próximos a corpos d’água temporários e permanentes, desde
as planícies costeiras até 800 m acima do nível do mar (Lutz 1973); na Mata Atlântica e matas
estacionais (Freitas & Silva 2005), em borda de mata e áreas abertas brejos e várzeas
(Malagoli 2007); Mata de Araucária e em campos de altitude (Deiques et al. 2007); e em
áreas abertas ou florestadas (Haddad et al. 2008). A espécie é conhecida vulgarmente pelos
nomes: ferreiro, rã-ferreiro, rã-ferro, sapo-ferreiro e sapo-martelo.
Estudo realizado por Brasileiro et al. (2005) para área remanescente de cerrado durante um
período de três anos e meio, revelou a presença de apenas um exemplar de Hypsiboas faber
entre as 28 espécies de anuros encontradas na Estação Ecológica de Itirapina, no estado de
São Paulo. O exemplar foi localizado por vocalização em área perturbada de campo limpo.
Após vinte e seis períodos de amostragens no Vale do Paraíba em São Paulo, área com
histórico de devastações antrópicas, Serafim et al. (2008) anotaram a constância da espécie
em remanescentes de floresta estacional semidecidual e apontaram sua ausência em
fragmentos de floresta ombrófila densa.
Ao inventariar a diversidade de rãs em dois fragmentos de floresta na Floresta Nacional do
Chapecó em Santa Catarina, Lucas & Fortes (2008) relataram a ocorrência da espécie em
borda de plantio de Pinnus e em borda de floresta nativa. Entretanto as autoras notam que
Hypsiboas faber é frequente em área com predominância de floresta nativa (92,7 %) e
escassez em florestas de Pinus (4,6 %) e de áreas abertas (2,6 %). O estudo destas autoras
aponta claramente Hypsiboas faber como indicadora do bom estado de preservação da
floresta.
Análises genéticas combinadas a modelos de nicho ecológico efetuadas por Carnaval et al.
(2009) apontam Hypsiboas faber como a espécie bio-indicadora para prognosticar um refúgio
de floresta tropical estável no Bioma da Mata Atlântica, na área de São Paulo, frente às
mudanças climáticas que ocorreram durante os últimos 6.000 anos.
Não é uma surpresa o resultado negativo para a presença de Hypsiboas faber entre as 27
espécies de anuros, adultos e girinos, encontradas ao longo de 15 meses de amostragens por
Vasconcelos e Rossa-Feres (2005) em Nova Itapirema, noroeste do estado de São Paulo. Esta
região teve habitats naturais intensamente devastados para conversão em terras agrícolas e de
92
acordo com os estudos de Lutz (1973) e Hadad et al. (2008) a área se encontra dentro da
distribuição geográfica de H. faber.
A maioria dos anfíbios adultos se movimenta relativamente pouco durante sua vida inteira
e os deslocamentos ocorrem dentro da área de ocupação (home range) que geralmente é um
espaço restrito; os movimentos migratórios estão relacionados ao retorno à um sítio
reprodutivo que pode ser um riacho, um lago ou uma poça; a dispersão para ocupação de
novas áreas ocorre através dos girinos (F.H.A. Costa per. obs., Hickman et al. 2003, Vitt &
Caldwell 2009). Portanto é pouco provável que indivíduos adultos de Hypsiboas faber
tenham migrado para a área da STAF em sua fase adulta.
O atual estado do conhecimento da vegetação somado à presença de Hypsiboas faber na
área de estudo, aponta para um bom estado de preservação dessa floresta em propriedade da
STAF – São Vicente, SP.
A identificação
O anuro Hypsiboas faber da propriedade da STAF- São Vicente foi identificado por
comparação com as descrições e ilustrações apresentadas nos estudos de Lutz (1973),
Brasileiro et al. (2005), Freitas & Silva (2005), Deiques et al. (2007), Malagoli (2007), Lucas
& Fortes (2008), Haddad (2008) e Serafim et al. (2008).
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