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CONGREÇÃO DOROTÉIA DO BRASIL
FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE FAFIRE
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMAÇÃO DE
RECURSOS HUMANOS PARA EDUCAÇÃO
ALUNA: ALBANIZA IRANI SALES
ANÁLISE DE DISCURSO E EDUCAÇÃO SUPERIOR:
Uma Pesquisa Sobre a Abordagem das Matérias Publicadas nos Jornais
Impressos de Assuntos Relacionados Às Universidades do Recife.
<a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/"><img alt="Creative
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DISCURSO E EDUCA&#199;&#195;O SUPERIOR:Uma Pesquisa Sobre a Abordagem das
Mat&#233;rias Publicadas nos Jornais Impressos de Assuntos Relacionados &#192;s Universidades
do Recife.</span> by <span xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#"
property="cc:attributionName">Monografia </span> is licensed under a <a rel="license"
href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-
nd/3.0/br/">Creative Commons
Atribui&#231;&#227;o-Uso N&#227;o-Comercial-Vedada a Cria&#231;&#227;o de Obras
Derivadas 3.0 Brasil License</a>.
2006
FAFIRE
Tradição e Modernidade
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2
ALBANIZA IRANI SALES
ANÁLISE DE DISCURSO E EDUCAÇÃO SUPERIOR:
Uma Pesquisa Sobre a Abordagem das Matérias Publicadas nos Jornais
Impressos de Assuntos Relacionados Às Universidades do Recife.
Monografia apresentada à Coordenação
Do Curso de Especialização em
Formação de Recursos Humanos para
Educação, como requisito ao título de
Especialista, sob orientação da Professora
Maria da Graça Ataíde de Almeida.
RECIFE/2006
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter-me dado inteligência, perseverança, estímulo e
vontade de vencer, pois sem esses sentimentos jamais teria concluído este trabalho.
A minha mãe que sempre está ao meu lado e me proporciona um lar maravilhoso e cheio de
amor. Todos os “obrigados” do mundo são poucos para retribuir tanta dedicação e afeto
destinados a mim. Peço a Deus que a dê longos anos de vida, para que eu possa proporcioná-
la muitos momentos felizes.
Ao meu padrasto Manoel de Barros Correia, cuja presença e afeto foram muito importantes
para minha trajetória durante as aulas.
A minha orientadora Maria da Graça Ataíde de Almeida que, literalmente, é uma Graça de
Deus na minha Vida. Ela me fez percorrer caminhos, os quais eu ainda não havia despertado
através do seu conhecimento, sua paciência e sua disposição para ajudar. Sempre atenta e
pronta para orientar e corrigir as minhas falhas. Muito obrigada pelo seu carinho e sua
compreensão neste momento de tantas mudanças na minha vida. Desejo saúde, sorte e muito
sucesso para esta grande mulher.
A minha amiga Fabíola Frazão pelo companheirismo, pela troca de experiências e pelas
palavras sempre certas nas ocasiões convenientes. E pelos momentos agradáveis e
descontraídos que sempre me proporcionou. A qual me incentivou mesmo nos momentos
mais exaustivos durante o término do curso.
A Professora Cristina Teixeira que me deu a oportunidade de assistir suas aulas lecionadas no
Mestrado em Comunicação da UFPE.
Ao Professor Paulino, Coordenador do curso de Formação de Recursos Humanos em
Educação, da FAFIRE. Ele nos ensinou a importância de ser educador para o contexto social.
E sempre nos demonstrou a sua vocação para lecionar.
4
EPÍGRAFE
“A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas
um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”.
Paulo Freire – Extensão ou Comunicação, 69.
5
RESUMO
Esta pesquisa caracteriza-se como caráter de análise do discurso. A qual analisar-se-ão as
publicações jornalísticas sobre o ensino superior, publicadas nos principais jornais de
Pernambuco (Jornal do Commercio, Diário de Pernambuco, Folha de Pernambuco).
Analisaremos estes periódicos não só a partir do conteúdo, mas também pelos fatores
históricos e sociais que envolvem o assunto. No intuito de informar e trazer jovens
estudantes, adultos, enfim todos, à reflexão sobre a atual realidade educacional brasileira. Em
especial a falta de oportunidade e os interesses existentes na permanência do quadro atual por
parte daqueles que têm o poder de manipular as informações e a ideologia da sociedade,
através das notícias e reportagens. Mostrar-se-á a preocupação com a informação e o
compromisso com a educação.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................6
1 A INFLUÊNCIA DO DISCURSO PARA O CONTEXTO EDUCACIONAL................8
1.1 A IDENTIFICAÇÃO DO DITO E NÃO DITO...............................................................14
1.1 A LINGUAGEM PRAGMÁTICA...................................................................................17
2. PUBLICAÇÕS JORNALÍTICAS: PRÁTICAS E ELEMENTOS DISCURSIVOS
IMPLÍCITOS NAS PUBLICAÇÕES SOBRE O ENSINO SUPERIOR.................................22
2.1. O INTERDISCURSO E A INTERTEXTUALIDADE DOS TEXTOS
JORNALÍSTICOS....................................................................................................................27
3. CONCLUSÃO..............................................................................................................32
4. REFERÊNCIAS............................................................................................................34
7
INTRODUÇÃO
Este projeto seguirá como linha de pesquisa a linguagem dos meios, a qual dará subsídios
para a análise dos discursos das matérias publicadas sobre as instituições de ensino superior
do Recife, nos três principais jornais impressos do Estado de Pernambuco.
Nesta pesquisa identificar-se-ão as estratégias discursivas e elementos textuais utilizados na
abordagem do assunto por estes periódicos.
Analisaremos a linguagem como discurso e prática social e, como esta constrói a identidade
dos universitários da cidade do Recife. E, também, como os processos lingüísticos e sociais
influenciam a leitura da atual realidade.
Esta pesquisa destinar-se-á para a investigação das linguagens utilizadas nos discursos das
matérias publicadas sobre as universidades brasileiras nos principais jornais impressos do
Recife. Com finalidade no questionamento se estas linguagens apresentam-se com foco nos
sujeitos e a avaliação da relação existente entre os atores da educação e os da comunicação do
estado de Pernambuco.
Esta investigação dar-se-á através de um levantamento qualitativo sobre as matérias
publicadas nos três principais jornais do Estado de Pernambuco (Jornal do Commercio, Diário
de Pernambuco e Folha de Pernambuco), no primeiro trimestre de 2005, referentes às
universidades do Recife.
A coleta de dados basear-se-á no estudo das linguagens usadas nestas publicações e da
evolução dos processos educacionais e sociais brasileiros. Na qual se construirá uma relação
entre o processo histórico da educação superior no Recife e o amadurecimento comunicativo
acerca do assunto.
8
Verificar-se-á através da análise do discurso a interpretação das práticas discursivas e sociais
presentes nesses periódicos. No intuito de identificar o teor da lingüística aplicada ao assunto
educação superior.
9
1. A INFLUÊNCIA DO DISCURSO PARA O CONTEXTO EDUCACIONAL
UNIVERSITÁRIO
Nesta pesquisa iniciaremos o trabalho com o estudo da importância da linguagem como
influenciadora de opinião e expectativas sociais.
Todo discurso tem um público-alvo, ou seja, a quem este deseja falar, informar ou persuadir.
De acordo com Maingueneau todo enunciado deve apresentar um interesse a quem se dirige.
O que notamos logo que analisamos as publicações relacionadas a ensino superior, em
Pernambuco.
A lingüística textual estuda a coerência do texto, o que inclui as estratégias textuais utilizadas
como instrumentos de compreensão de enunciados.
A análise do discurso surgiu como método de estudo da linguagem, não só do que diz o
discurso e, sim os princípios da elaboração de cada discurso.
Existem várias vertentes da análise do discurso, as quais se tornam inviáveis de apontá-las
todas neste trabalho. Iremos, sim, mencionar alguns de seus fundamentos.
Baseamos-nos em fundamentos bakhtinianos nos quais tratam o discurso como matéria-prima
da produção midiática. O comunicador, para exercer de maneira completa a sua função,
precisa conhecer as funções e as distorções possíveis na construção discursiva - seja ele em
sua representação verbal ou não-verbal. Lembramos que as produções discursiva e midiática
exercem grande influência sobre a constituição social de uma determinada comunidade, até
porque todo discurso é carregado de ideologia, e, portanto, possui uma carga de interferência
social. O tripé que estabelece o sustentáculo principal para uma comunidade é a cidade, sob a
perspectiva estrutural, a sociedade e o cidadão, e estas relações estabelecem-se essencialmente
através da influência e das inter-relações estabelecidas através dos meios de comunicação.
1
A constituição do imaginário - seja em uma perspectiva social ou individual - tem grandes
relações com a realidade midiática e a postura adotada pelos media em relação à informação.
A mídia, enquanto responsável pela divulgação e mediação dos fatos ocorridos no dia-a-dia
da sociedade, adquire também um caráter de agente, de elemento interventor no processo
histórico-social de um determinado grupo. Assim, segundo os pressupostos bakhtinianos,
evidencia-se uma interação entre infra-estruturas e superestruturas. Da mesma maneira que a
mídia interfere na sociedade, a sociedade altera ou influencia a mídia.
A mídia, especificamente no campo jornalístico, é uma área que facilita a visualização destas
relações entre infra-estrutura e superestrutura. Principalmente porque trabalha, mesmo que
inconscientemente, com a palavra enquanto signo ideológico e que influencia no cotidiano so
Na sociedade pós-moderna, a sociedade da informação, os media e as informações trazidas
por eles estão cada vez mais próximas e estabelecidas no cotidiano de seus integrantes. O
homem passa a ser parte da mídia, e a mídia parte do homem. Conseqüentemente, a mídia
torna-se determinante no desenvolvimento da sociedade e a sociedade passa a ser ponto-chave
na realidade dos meios de comunicação de massa. Cria-se, aqui, uma relação de interação e
interdependência entre infra-estrutura e superestrutura.
Citamos que Maingueneau explica o fato de muitos sociólogos e antropólogos propõem-se a
distinguir algumas funções do discurso que seriam necessárias à sociedade: “Lúdica”,
“Religiosa”, “Contato”. E sobre os gêneros de discurso diz tratar-se de dispositivos de
comunicação que só podem aparecer quando certas condições históricas encontram-se
presentes. (2001:60)
Analisamos que o discurso utilizado nos jornais sobre as universidades não é o mesmo
utilizado há uma década e não será o mesmo na próxima.
E nos deparamos com a linguagem em movimento, isto é, a qual sempre diversifica-se os
estilos e mecanismos da mesma. Pois existem as formações discursivas, as quais
1
posteriormente definiremos, as quais são de caráter antagônico no discurso jornalístico. As
quais indiciam ao mesmo tempo um sentido dominante e um dominado, e mostrando que o
discurso não irrompe livremente, como fruto da vontade ou da escolha do sujeito.
E na continuação deste pensamento, Haroche nos ressalta o conceito quando afirma que o
“sujeito não é livre, ele é falado, isto é, dependente, dominado”. HAROCHE (1992:158)
Em termos psicológicos existe uma “inscrição” sobre este sujeito aprisionado, ou seja, o
assujeitamento (influência). A esta inscrição, verificamos que disponibiliza certas zonas de
sentido como permitidas e outras como proibidas para o sujeito. Essa determinação ideológica
materializa, na superfície lingüística, pistas do seu funcionamento.
No intuito de identificar e entender a superfície lingüística observamos o paradigma
proposto por Ginzburg, o qual se baseia em dados vistos como marginais, negligenciados
como menores e tidos como pouco importantes, que fazem a grande diferença no momento da
análise. Investigando como o homem se constituiu um grande decifrador de pistas, ao longo
do tempo, o autor resume:
Por milênios o homem foi caçador. Durante inúmeras
perseguições, ele aprendeu a reconstruir as formas e
movimentos das presas invisíveis pelas pegadas na lama,
ramos quebrados, bolotas de esterco, tufos de pêlos, plumas
emaranhadas, odores estagnados. Aprendeu a farejar,
registrar, interpretar e classificar pistas infinitesimais como
fios de barba. Aprendeu a fazer operações mentais complexas
com rapidez fulminante, no interior de um denso bosque ou
numa clareira de ciladas (...) Decifrar ou ler pistas de
animais são metáforas”.
1
Interessamos-nos nesta pesquisa em tentar decodificar o discurso jornalístico.
Todo discurso tem uma “validade”, a qual se altera de acordo com a realidade social e
interesse popular.
E com isto buscamos não só analisar o discurso do ponto de vista da estética nem como
recorte do mundo, mas, sobretudo por abordar os mecanismos utilizados para manipular as
mentes. Sua investigação evidencia realidades que transcendem a materialidade dos conteúdos
das mensagens simbólicas. Esse fato lhe assegura ter realizado uma tarefa formidável, como
contribuição para o progresso de todos aqueles que resolverem estudar as mensagens
subliminares. Podemos afirmar que o pré-requisito de uma democracia passa por um público
bem informado.
Toda pesquisa de análise discursiva remete à história e às condições de produção dos
enunciados e das enunciações dos sujeitos sociais, razão pela qual, este trabalho de análise do
discurso da mídia tem um caráter sócio-histórico, uma vez que, traz em si, as marcas
lingüísticas do dito e do não dito; ou seja, dos elementos implícitos e explícitos, que,
lingüística e extra-lingüisticamente.
Para se compreender o significado do que foi dito e o que foi pressuposto ou implicitado, bem
como quais foram as reais intenções dos enunciantes, faz-se necessário conhecer o que não foi
dito, ou seja, se ler nas entrelinhas o não dito no discurso jornalístico.
No texto jornalístico busca-se preservar a fidelidade ao tempo histórico dos acontecimentos
para demonstrar-se como o signo e a linguagem, refletem e refratam, no dizer bakhtiniano, as
condições de produção social, trazendo em sua materialização, nos enunciados, as marcas das
formações sociais, ideológicas e discursivas de uma época e as relações de desejo, poder,
classe e ideologia que são instauradas através da linguagem.
Relacionamos as presentes análises lingüísticas nos estudos de Ducrot (1977), Foucault
(1971), bem como da Lógica Dialética em Marx e áreas afins - o que permitirá ao leitor
1
compreender os significados literais e os significados implícitos contidos no discurso
jornalístico analisado.
Apresentaremos a Fundamentação Teórica que conduzirá a análise discursiva em pauta.
Posteriormente, abordaremos o Não Dito: os elementos lingüísticos, extralingüísticos
(filosóficos, ideológicos, institucionais e subjetivos) que apontam para o Não Dito.
Ao trazer à tona o não dito, buscamos os pressupostos implícitos do discurso, que são
classificados por Ducrot como significados implícitos. Tais fatos discursivos ficam
camuflados ou subentendidos numa realização discursiva.
A língua, na concepção de Ducrot, perde o caráter de um simples código, ultrapassando a
visão saussuriana, pois ela não é constituída de significados restritos e homogêneos; ela não é
um instrumento de comunicação fechado. A língua é muito mais do que isso "... ela será
considerada como um jogo, ou melhor, como o estabelecimento das regras de um jogo que se
confunde com a existência cotidiana". Ducrot (1977:12).
Ele nos traz o pensamento de que se a língua for aceita como um simples código, está se
admitindo de antemão que todos "...os conteúdos expressos graças a ela são exprimidos de
maneira explicita (...) assim, o que é dito no código é totalmente dito, ou não é dito de forma
alguma", O que não é verdade, pois existe o implícito, que supera a língua como código. Ele
afirma ainda que a língua não é um código, pois "...muitas vezes temos necessidade de, ao
mesmo tempo, dizer certas coisas, e de poder fazer como se não tivéssemos ditos: de dizê-las,
mas de tal forma que possamos recusar a responsabilidade de tê-las dito". Ducrot (1987:13)
Ao estudarmos as teorias de Foucault e no que as trazemos ao assunto das matérias
jornalísticas sobre as universidades, analisamos que os processos de exclusão sempre
marcaram território em todos os setores sociais, em especial a educação.
Foucault por sua vez afirma que dos três grandes sistemas de exclusão que marcam o
discurso: a palavra proibida, a divisão da loucura e a vontade de verdade, é justamente este
1
último, a vontade de verdade, o mais importante. Tais sistemas de exclusão se exercem do
exterior, acrescenta, e referem-se à parte do discurso que põe em jogo o desejo e o poder.
É também Foucault quem afirma que numa sociedade como a nossa, conhecem-se
seguramente, os processos de exclusão. O mais evidente, o mais familiar, também, é a
proibição. Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode fazer de tudo
em qualquer circunstância, que não importa quem, não pode falar de não importa o quê.
(1971:2)
Nem tudo pode ser falado, nem tudo é falado, muitas coisas não podem ser ditas e muitas
vezes se faz o contrário do que se diz. Dessa forma, a verdade ou a real intenção do sujeito
não é explicitada, pois vai contra os interesses, os desejos e a ideologia dominante, razão pela
qual sempre se deve ter em mente, frente a qualquer discurso, a presença da subjetividade e
dos processos de exclusão.
1
1.1 A IDENTIFICAÇÃO DO DITO E NÃO DITO
No que tenta explicar o mundo, o discurso jornalístico engorda suas estratégia para fazer a
informação parecer segura, confiável e fiel à realidade, como se esse fosse o único modo de
dizer. Lançando mão de tabelas, gráficos, mapas, estatísticas, quadros explicativos, pesquisas
inéditas, fotografia e fotomontagens, a tônica do discurso jornalístico é generalizar e fixar um
dizer como irrefutável. Esta manobra torna-se ainda mais poderosa quando textos, reportagens
e matérias aparecem sem autor explícito. Tal ausência de um nome, de um responsável pelo
dito, tem impacto na relação imaginária com o leitor, que passa a acreditar (daí advindo a
credibilidade) que não se trata ali de uma mera opinião pessoal, partícula de um mundo
reduzido e digno de apenas uma voz, mas sim de um julgamento universal, compartilhado por
todos. Assim, o efeito de sentido do discurso jornalístico aproxima-o de uma Lei. E Lei não
comporta opinião, interpretação nem crítica; deve ser aceita e maximizada na sua
impessoalidade.
Criado o mito, os responsáveis pelas notícias jornalísticas abusam do instrumento de poder
que detém e lançam mão de artefatos convincentes que não estão no escrito, mas direcionam a
opinião pública através do discurso.
Observamo que o implícito nunca é encontrado e sim reconstituído. Para tanto, é fundamental
utilizar-se dos conceitos de "implicitação como manifestação involuntária", e das "manobras
estilísticas", que permitem ao locutor gerar certas opiniões no destinatário, sem no entanto
correr o risco de formulá-las, "permitem portanto, fazer sem ter dito” . (Ducrot)
E esta, portanto, é a razão pela qual para se compreender um discurso, se faz necessário
conhecer os elementos da '' retórica “, que dão caráter conotativo ao discurso”.
Os caminhos que conduzem ao não dito são dadas pela coesão léxica, pelo jogo semântico, a
presença e a forma de utilização dos operadores argumentativos - mas, embora, porém e
1
outros, que indicam quais as noções são aceitas e quais são as rejeitadas. O uso da paráfrase,
das metáforas, dos dêiticos e das marcas da subjetividade, bem como as formas de utilização
dos verbos num dado discurso, assim como os tempos verbais empregados contribuem para
uma compreensão melhor das intenções implícitas no discurso.
Quais são as condições de quem fala? Os interesses, a existência ou não de compromissos do
repórter para com uma das fontes? São fatos que remetem ao não dito.
O que significa o que se fala: a princípio o significado do que se fala tem um caráter.
Para se compreender os sentidos dos enunciados, é preciso se fazer a leitura contrastiva, pois
o discurso quer dizer isso e não aquilo, tendo em vista as implicitações discursivas. Também,
faz-se necessário saber quem é o sujeito, a que classe pertence, os valores que defende e de
que lado político-ideológico ele está. São dados que remetem ao não dito.
Quem fala? A quem fala? O que significa o que se fala? Por que se fala? Como fala? Quem
ouve? Através de quais instituições o discurso é feito ou justificado?
Precisamos focar-nos na idéia de que foi visto que toda enunciação carrega um forte caráter
ideológico, tendo por trás como elementos básicos o poder e o desejo, porém, tais intenções
não são ditas explicitamente, havendo a necessidade de se buscar o sentido oculto dos
enunciados de um dado discurso, que por ser polissêmico, polifônico e constituído de
subentendidos e pressuposições, muitas vezes a intenção real do enunciante não está no que
foi dito e sim no não dito. Pois Foucault diz que nem tudo pode ser dito e que a enunciação
está marcada por uma ampla rede de significações, proibições, interesses e desejos por parte
do sujeito, e afirma que apesar de o discurso parecer ser pouca coisa, as proibições que o
atingem revelam muito cedo, muito depressa sua ligação com o desejo e o poder. O espantoso
está em que o discurso - a psicanálise no-lo mostrou - não é simplesmente o que manifesta (ou
encobre) o desejo; é também o que é objeto do desejo; e em que o discurso - isso a história
não cessa de no-lo ensinar - não é simplesmente o que traduz as lutas ou os sistemas de
1
dominação, mas o porquê, aquilo pelo que se luta, o poder cuja posse se procura.
(1971:2))~~~~llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll
Refletimos que
quando o sujeito afirma, o dito, é preciso buscar-se o que ele está negando ou
deixando de dizer, o não dito; para se detectar suas reais intenções discursivas e objetivas. E
que conforme pesquisamos o mito da imparcialidade, da objetividade e da veracidade total
não existe não ação humana, e por extensão no discurso jornalístico, razão pela qual o fazer
jornalístico está condicionado a todos os tipos de interesses e manipulações, pois ''só os
ingênuos acreditam que não têm interesses capazes de levá-los (os meios de comunicação e
também os jornalistas) a inverter os fatos'' reflete Laje. (1982:111)
Na busca diária da objetividade jornalística, fato impossível como já foi mencionado, e
O conceito de objetividade posto em voga consiste basicamente em descrever os fatos tal
como aparecem: é, na realidade, um abandono consciente das interpretações, ou do diálogo da
realidade, para extrair desta apenas o que se evidencia. A competência profissional passa a
medir-se pelo primor da observação exata e minuciosa dos acontecimentos do dia-a-dia. No
entanto, ao privilegiar aparências e reordená-las num texto, incluindo algumas e suprimindo
outras, colocando estas primeiro, aquelas depois, o jornalista deixa inevitavelmente interferir
fatores subjetivos.
1
1.2 LINGÜÍSTICA PRAGMÁTICA
Trata-se de um dos principais fundamentos da análise do discurso, que tem como principal
função analisar os princípios que regem o uso da linguagem.
Esta nos revela que quando se ouve ou se lê um discurso, existe sempre um interesse que vai
além do que está escrito.
Há muito tempo que a lingüística pragmática é vista como a disciplina que se preocupa
em estudar a língua em situação de uso, numa perspectiva que obrigatoriamente leva em conta
emissor (o produtor do texto), seu receptor (o leitor/ouvinte) e o contexto em que ambos se
inscrevem.
Uma parte dos teóricos em comunicação defende que não se deve falar da Pragmática como
um ramo da Lingüística, já que, para estes, aquela se diferencia desta por se interessar pelo
estudo do uso da língua, por oposição ao estudo do sistema lingüístico.
Aprendemos a inegável importância de se introduzir a dimensão pragmática além da
fonológica, da sintática e da semântica — nos estudos lingüísticos.
De acordo com os pragmatistas "a descoberta do papel da atividade enunciativa sobre a
estrutura lingüística é certamente a mais importante da Pragmática.
Podemos relacionar esta idéia às publicações jornalísticas sobre o ensino superior. Quando
estas criam nos jovens idéias e expectativas sobre o que determinada universidade oferece em
relação a melhores professores, emprego e, atém mesmo o enriquecimento do currículo do
candidato por ter sido aluno da tal instituição. Neste caso os interesses estão voltados para
obtenção de maior número de alunos possíveis.
Não criticamos o uso da publicidade por parte das instituições de ensino superior, até porque
estas publicações partem das universidades particulares que se mantém pelos próprios
recursos e precisam sempre renovar seu corpo discente. O que se questiona é esta “guerra”
1
praticamente declarada entre as instituições, e quando estas são visitadas em nível de pesquisa
sobre tais publicações, verifica-se que pouco do que se expõe é, de fato, a realidade daquela
instituição. Salientamos que estas observações são percebidas apenas para quem faz uma
análise crítica das informações, pois os jovens e até mesmo adultos, na ânsia de ingressarem
na universidade não conseguem perceber tais aspectos e muitas vezes fazem um exaustivo
esforço financeiro para conseguir seu objetivo, que não refletem sobre a qualidade do ensino
que estão oferecendo-lhe e sua real vocação profissional, tal como, se aquele curso é o que ele
busca para sua vida profissional.
Ao analisarmos os enunciados, ou seja, a parte que antecede o texto e o titula, que já
percebemos basicamente o conteúdo do texto. Esta estratégia evidencia muitas vezes o apelo
jornalístico utilizados nas publicações. Citam na maioria das vezes o “futuro”, “sucesso”,
“formação”, “emprego”, e etc. Enfim, estes aspectos que todos buscam na sua trajetória de
vida e fazem com que o leitor se encante pelo que lê e fazer disso uma verdade.
A linguagem de acordo com a maneira que for elaborada torna-se manipuladora de opiniões.
De acordo com Iniguez, os meios de comunicação e fluxo de conteúdos simbólicos
assumiram o papel de instrumento de poder nas sociedades modernas. (2001:93)
Pretendemos mostrar a diferença entre gênero e tipo de discurso. E, explicar que o gênero dos
discursos dos textos das publicações sobre educação superior é de caráter jornalístico. Pois
tratam-se de periódicos e utiliza-se a linguagem característica deste segmento jornalístico,
porém o “tipo” destes discursos são de caráter publicitário, ou seja, visão do “educando”
como cliente.
Colocamos como ponto de estratégia da análise do discurso a importância e a diferença entre
“narrar e “expor”. Pois narrar implica em escrever sobre determinado assunto e fazer como se
estivesse contando um história. Assim, não se dá uma opinião nem força o leitor a criticar a
realidade. Ao contrário de expor, pois quem expõe trás consigo questionamentos, opiniões e
2
atitudes em relação à realidade do que trata. Podemos verificar que as publicações sobre os
problemas educacionais (do fundamental ao superior) são apenas narrados nos periódicos.
Tornou-se uma praxe tal prática. A maioria não estimula e conscientiza a sociedade sobre tais
problemas. Apenas “cumprem” a obrigação de publicar. Entretanto, quando se trata sobre
as universidades” o conteúdo textual não só reforça a idéia da suma importância de todos
terem o ensino superior, como também seduz o leitor quando associa status a ser universitário.
Ressaltamos, conforme dito anteriormente, não fazemos tais críticas às publicidades contidas
nos periódicos. Pois estas têm nestes aspectos sua função. Analisamos aqui as publicações,
ou seja, reportagens assinadas por jornalistas sobre a realidade do ensino superior em nossa
cidade e contexto nacional.
Ressaltamos que maior parte dos jornais (impressos) não só do Recife, mas de outras capitais,
não tem compromisso com o social. Concordamos que não é a função específica destes
periódicos de fazê-lo, mas num país onde ainda grande parte da população não concluiu o
ensino fundamental, o jornal precisamente deveria atuar como fator de mobilidade social, isto
é, como instrumento de apoio à educação.
Aprendemos a conviver com este fato sem nos darmos conta, de como diz Iniguez, das
“entrelinhas”. Porém, em termos históricos, esta prática de estudo ainda é muito recente
porque só a partir de Foucault passou-se a estudar e fazer analise crítica dos discursos. A
sociedade está aprendendo a ver e ler com outros olhos. Isto é, com pensamento na realidade e
no futuro.
Deparamos-nos com o pensamento de Foucault, o qual diz que uma das tarefas da análise do
discurso está em tratar os discursos como práticas que formam sistematicamente os objetos de
que falam.
E, com isto, aprendemos que lançar um significado e tentar entendê-lo, pragmaticamente,
muito mais do que utilizar palavras.
2
No que reportamos estes procedimentos da análise do discurso para o contexto educacional do
Brasil identificamos que muito se fala e pouco se esclarece, em relação à realidade.
Observamos o que Maingueneau nos diz sobre a lei da sinceridade do discurso, a qual o
enunciador (quem fala ou redige) o discurso encontra-se engajado com o que aborda, não
encontramos nas publicações pesquisadas nos jornais sobre o tema abordado nesta pesquisa.
Uma das tarefas da Pragmática é justamente explicar como um receptor pode compreender
um enunciado de maneira não literal e porque o locutor escolheu este ou aquele modo de
expressar seu pensamento (literalmente ou não).
Finalmente, a instrução é um conceito usado para designar os conectores (conjunções,
locuções, advérbios sem significação referencial, etc.) cuja função parece variar de acordo
com o contexto.
A significação dos conectores corresponde a uma instrução sobre a maneira de interpretar a
relação que estabelecem entre as idéias (proposições).
Em outras palavras, pode-se dizer que se trata do conhecimento que o falante detém a respeito
do sentido e/ou da função que estas palavras têm nos contextos em que surgem.
Mesmo sem ter estudado sistematicamente os conectores, o falante de uma língua conhece e
muitas vezes emprega adequadamente tais termos, ou seja, usa-os de acordo com o valor
semântico que eles realmente têm (pelo menos os mais usados), levando em conta o tipo de
relação que ele realiza entre enunciados e idéias.
Enfim, a Pragmática não tem por objeto de estudo o código pelo código, mas principalmente
seu uso, e deve-se considerar, para se proceder ao estudo da dimensão pragmática da
linguagem, dois tipos de aspectos: os que são associados à estrutura lingüística e os que são
associados ao contexto extralingüístico.
Para os lingüistas contemporâneos, então, “o homem usa a língua porque vive em
comunidades, nas quais tem necessidade de comunicar-se com os seus semelhantes, de
2
estabelecer com eles relações dos mais variados tipos, de obter deles reações ou
comportamentos, de atuar sobre eles das mais diversas maneiras, enfim, de interagir
socialmente por meio do seu discurso”.
Como conseqüência dessa mudança na maneira de conceber a linguagem, pode-se apontar
orientações dadas por meio de documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN), para o ensino da língua portuguesa.
2
2. PUBLICAÇÕS JORNALÍTICAS:
PRÁTICAS E ELEMENTOS DISCURSIVOS IMPLÍCITOS NAS PUBLICAÇÕES
SOBRE O ENSINO SUPERIOR
Este capítulo destina-se à decodificação das práticas e elementos discursivos utilizados nas
publicações jornalísticas. Isto é, seus fundamentos, funções e objetivos.
Iniciamos por conceituar e identificar os tipos de elementos e práticas discursivas.
Esqueçamos a oralidade e nos concentremos na escrita, mais precisamente no ato de redigir.
Ao se escrever um texto torna-se obrigatório organizá-lo de maneira que se torne
compreensível para quem lê. A leitura é individual, ou melhor, pessoal e nela sua
compreensão. E nunca se pode prever até onde irá o alcance do texto.
Ao transpormos este fato para os jornais nos deparamos com a população daquele bairro,
município ou Estado. O alcance e influência deste periódico tornam-se incalculáveis.
Ao escrevermos ditamos o ritmo de apropriação do texto, isto é, a velocidade da leitura.
(Maingueneau)
O que não podemos “prever”, conforme dito anteriormente, o alcance e modo de interpretação
de um texto. Principalmente, o jornalístico que se “eterniza” o quanto repetitivo for o texto e
sua temática.
No caso das publicações estudadas neste trabalho ressaltamos que, como já é de
conhecimento da maioria da população mais instruída, que educação não é prioridade no
Brasil, nunca foi. A concentração de poder nas mãos das grandes empresas e multinacionais,
gerou o que chamamos de capitalismo selvagem. Onde quem tem mais sempre ganhará mais,
quem tem menos, não tem muito que esperar. Esta prática fez com que cada vez menos se
investisse e priorizasse a educação no país e, portanto, a indústria jornalística não se preocupa
2
com a realidade educacional brasileira. E as próprias forças governamentais não estimulam tal
atitude e muito pelo contrário, conduzem e muitas vezes controlam as práticas jornalísticas.
Como nos explica Claudiana Nogueira, o fato das relações de dependências causadas pelo
crescimento constante das organizações midiáticas no setor privado que causam a regência do
discurso, isto é, sua ideologia e até algumas ordens sociais. E o que enfatizamos é o “poder
dizer” e assim pode-se informar ou opinar. De tal modo se observa o interesse do responsável
pela notícia em manipular a linguagem. (1992:224)
Associamos esta realidade atual ao papel do discurso e sua formação discursiva. Daí surgem
os sentidos e, de fato, a formação ideológica.
Segundo Eni Orlandi um dos pontos fortes do discurso está no “re-significar” a noção de
ideologia a partir da consideração da linguagem. O que se trata de uma definição discursiva
da ideologia. A interpretação atesta a presença da ideologia, pois diante de qualquer objeto o
homem é levado a interpretar. (2002:26)
Acrescentamos que a partir da ideologia surgem os sujeitos e os sentidos. E esta relação
constrói o papel discursivo de cada um na sociedade.
Levamos em consideração uma série de reportagens jornalísticas e até mesmo televisivas
sobre educação no Brasil. E nos deparamos sempre com as mesmas figuras de linguagem.
Focamos para nossa pesquisa as reportagens no Estado de Pernambuco (principais jornais).
As estratégias textuais praticamente idênticas, pois usam na sua maioria os seguintes
conteúdos: “A universidade para todos...”, “Cada vez mais jovens nas universidades do
Recife...”, “Eles estão chegando lá...”, “O sonho da formatura cada vez mais perto dos jovens
pernambucanos...”.
Estes chamados “bordões” geram uma falsa expectativa naqueles que lêem.
Independentemente do grau de escolaridade de quem lê, a primeira sensação que temos é que
de fato aquela informação procede. E ao analisarmos criticamente, ou no que trazemos para o
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campo discursivo, pragmaticamente, verificamos que são estratégias inegavelmente positivas,
construtoras porque despertam no leitor vontade vencer e conquistar seu sonho. Mais
detalhadamente observamos alguns critérios governamentais sobre o ingresso dos jovens às
universidades. Deparamos-nos com as exclusões sociais presentes nestes programas de
inclusão. E que aquele mar de rosas na verdade tenta esconder a barreira que divide o sonho e
a realidade. Ou melhor, a juventude carente e a universidade.
A esses impactos ao leitor provenientes das palavras, Bakhtin citava a polifonia da palavra. O
que ele não caracterizava só como os sons das palavras e sim, o sentido e sua ordem.
Analisando Bakhtin e o relacionando aos textos jornalísticos verificamos o que ele salientava
como funções eletivas e distribucionais, as quais se referem sob o ponto de vista da entonação
na voz do discurso. (2005:251)
Nosso estudo revelou o que consideramos mais impressionante no discurso, isto é, a
intertextualidade a qual está contida no interdiscurso presente em todo discurso.
E, ainda sobre as praticas discursiva expomos o pensamento de Foucault (1969:350-351):
“Temo que o senhor esteja cometendo um erro duplo: a propósito das práticas discursivas que
tratei de defini e a propósito da parte que o senhor mesmo reserva à liberdade humana. As
positividades que eu tentei estabelecer não devem ser compreendidas como um conjunto de
determinações que se impuseram do exterior sobre o pensamento dos indivíduos, ou que o
habitam no interior e como a priori; elas constituem, sim, o conjunto das condições segundo
os quais exercemos uma prática, segundo as quais essa prática dá lugar a alguns enunciados
parcial ou totalmente novos, segundo as quais, enfim pode ser modificada. Trata-se menos
dos limites colocados à iniciativa dos sujeitos que do campo em que se articula (sem
constituir seu centro), das regras que utiliza (sem que tenha inventado nem formulado), das
relações que servem de apoio (sem que ela seja seu resultado último nem seu ponto de
convergência). Trata-se de fazer aparecer as práticas discursivas em sua complexidade e em
2
sua densidade; mostrar que falar é fazer algo, algo diferente do que expressar o que se pensa,
traduzir o que se sabe, diferente de pôr em jogo as estruturas da língua; mostrar que agregar
um enunciado a uma série preexistente de enunciados é fazer um gesto complicado e custoso,
que implica algumas condições ( e não somente uma situação, um contexto, alguns motivos) e
que comporta algumas regras (diferentes das regras lógicas e lingüísticas de construção);
mostrar que uma mudança, na ordem do discurso, não pressupõe “idéias novas”, um pouco de
invenção e de criatividade, uma mentalidade distinta, e sim algumas transformações em uma
prática, eventualmente nas práticas próximas e em sua articulação comum. Eu não neguei,
longe disso, a possibilidade de mudar o discurso: Só lhe tirei o direito exclusivo e instantâneo
à soberania do sujeito.”
Ao trazermos estes conceitos e pensamentos ao nosso objeto de estudo nos surpreendemos
com o poder da palavra e como esta pode ser usada de acordo com o interesse de quem a
utiliza. Pois maciça parte da sociedade que prefere ler o jornal, o faz por considerarem a
televisão como maior veículo manipulador de informações e idéias, esquece de ler, de fato, as
entrelinhas dos jornais. Nas quais o subjetivo torna-se cada vez mais concreto na concepção
do leitor.
O que queremos ressaltar é a importância da leitura crítica e atenção para o discurso indireto,
isto e, o que não está escrito e diz tudo. E, também, do que está escrito e diz algo com intuito
apenas de convencer ou fortalecer uma idéia.
Este ocultamento, ou falseamento, da realidade social em que estão inseridos os sujeitos do
discurso é um instrumental para criar e manter a dominação do grupo social por parte de uma
camada dominante. Esta realidade de homogeneização do conhecimento e das posturas dos
sujeitos em relação às mensagens transmitidas é gerada, em muitos momentos, pela falta de
uma contra-ideologia no contexto social. Desta forma, os conceitos apresentados pelo grupo
dominante são simplesmente aceitos, sem que haja contestação ou contraposição. Esta é uma
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realidade muito visível na mídia. Os meios de comunicação assumem, em muitos momentos,
o discurso de autoridade. Esta característica discursiva, e a formalização da transmissão do
discurso fazem com que o conteúdo dos media torne-se, para uma parcela considerável da
sociedade, incontestável. Este viés incontestável acaba por impedir a organização e o
surgimento de uma contra-ideologia.
Para obter um resultado eficaz na transmissão de uma dada mensagem através do discurso
jornalístico, a maior parte dos comunicadores utiliza recursos subliminares. Para tanto,
algumas das estratégias comumente utilizadas são a polifonia discursiva e o silenciamento
como elemento informacional. Através destes elementos e, muitas vezes, da simples análise
da sentença pelo contexto apresentado, é possível identificar elementos representativos de
ideologia na prática comunicacional.
Esta reflexão nos mostrou a importância de explicar as estratégias discursivas e não podíamos
deixar de explicar também, e dar enfoque ao interdiscurso. Aos conteúdos que vão além do
que está escrito conceituamos como interdiscurso, no qual estão inseridas as estratégias
discursivas e os elementos textuais como veremos a seguir.
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2.1. O INTERDISCURSO E A INTERTEXTUALIDADE DOS TEXTOS
JORNALÍSTICOS
Pesquisamos especialistas e teóricos no estudo da análise do discurso, no intuito de encontrar
uma maneira simplificada de explicar o conceito de interdiscurso e como este se dá.
Encontramos várias definições e aprendemos através delas que o interdiscurso baseia-se na
memória discursiva de cada pessoa. Ou seja, ele coloca o efeito de sentido de cada
pensamento.
A memória possui suas próprias características e, de acordo com Orlandi, esta é tratada como
interdiscurso. E este por sua vez é definido como aquilo que se fala antes, em outro lugar
independentemente. É a memória discursiva. E ela ainda nos salienta que o interdiscurso
disponibiliza dizeres que afetam o modo como o sujeito significa em uma situação discursiva
dada. (2002:31)
Identificamos que muitos dos textos jornalísticos sempre estiveram lá, isto é, já foram ditos
várias vezes. O que se muda basicamente são o objeto da matéria e a linguagem. Pois algo
quando repetido inúmeras vezes faz com quem redige aproprie-se do discurso do outro como
seu.
O discurso não adquire sentido a não ser no interior de um universo de outros discursos,
através do qual ele deve abrir um caminho. Para interpretar o menor enunciado, é preciso
colocá-lo em relação com todos os tipos de outros, que se comentam, parodiam citam... Cada
gênero de discurso tem sua maneira de gerar as multiplicidades das relações interdiscursivas:
um manual de filosofia não cita da mesma maneira nem se apóia nas mesmas autoridades que
um animador de promoções de vendas... O próprio fato de situar um discurso em um gênero
(a conferência, o jornal televisado...) implica que ele é colocado em relação ao conjunto
limitado de outros. (CHARAUDEAU e MAINGUENAU, 2004:172)
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O interdiscurso é um dos conceitos fundamentais da Análise de Discurso (AD) filiada aos
trabalhos fundadores de M. Pêcheux e seu grupo de colaboradores. Este é um dos conceitos
que permitem caracterizar a AD nesta sua linha de filiação e a distingue de outras abordagens
ditas discursivas e de outros campos de saber. Definido através de um esforço contínuo de
elaboração e reelaboração conceitual, o interdiscurso se apresenta como o pivô teórico que
permite articular os outros conceitos da teoria, configurando assim um corpo sólido e
articulado de reflexões sobre a relação entre língua, sujeito, história e ideologia. Ao mesmo
tempo, o interdiscurso é um dos conceitos mais banalizados por sucessivas reapropriações,
freqüentemente em prol de sua operacionalização, o que permite reduzir um conceito
articulador de forte investimento teórico em uma simples metodologia de análise, aplicada
com fins puramente instrumentais.
E diante da sua importância à análise do discurso nos deteremos no enfoque à memória
discursiva construída durante a vida de leitura de cada indivíduo. A qual permite a quem faz
o discurso de repetir ou apenas citar algum trecho de uma idéia e este ser compreendido com
facilidade pelo leitor.
Salientamos que o interdiscurso baseia-se em todo o conjunto de formulações feitas e já
esquecidas que determinam o que dizemos.
Em decorrência do elo sujeito/história/ideologia, podemos inferir que não há sentido em si,
pois ele é determinado pelas posições ideológicas no contexto em que o dizer é produzido. E é
assim que o sujeito ao dizer, refere-se a uma formação discursiva para produzir um sentido e
não outro. Cada posição/situação possui sua formação discursiva que nos indica o que pode e
deve ser dito e também o que deve ser silenciado. O sentido é retirado da posição em relação à
ideologia.
Essa heterogeneidade discursiva permite-nos definir dispersão - na sua relação
sujeito/discurso sobre seu modo de existência sócio-histórica - como os vários papéis que
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desempenha concernentes às posições que o sujeito ocupa no momento do acontecimento da
enunciação, de acordo com a maneira pela qual este é interpelado pela ideologia. A dispersão
é formada por elementos que não estão ligados por nenhum princípio de unidade. O sujeito
tem a ilusão de unidade, mas seu discurso é repleto de dispersões que manifestam as diversas
posições ocupadas, que são regularizadas pelas formações discursivas.
O sentido discursivo é forçado e modificado pela unidade de sentido mais alargada que pode
ser projectada a partir do fragmento em consideraçäo.Todo o discurso é sempre interpelativo
ou apelativo, e para mais, é sempre o resultado de uma interpelaçäo ou de um apelo de um
outro discurso. O sentido discursivo näo se calcula por adiçäo dos sentidos expressos pelas
unidades constituintes mas calcula-se a partir do sentido de todos os discursos que funcionam
enquanto horizonte do discurso em consideraçäo. E este carácter interdiscursivo de todo o
discurso näo pode fazer esquecer que a relaçäo entre os discursos é uma relaçäo de traduçäo,
näo oferecida passivamente mas conquistada em toda a tensionalidade/tensäo e em toda a
polémica ( pressupondo por isso uma pluralidade de interpretaçöes ou de traduçöes possível).
A comunicabilidade dos discursos näo significa toda a ausência de malentendido, de
manipulaçäo ou sobretudo de equilíbrio de forças. Näo existe qualquer transparência de
princípio no desenvolvimento do interdiscurso: existe apenas uma opacidade polemológica
devida à presença da subjectividade enunciante nos seus discursos.
As instâncias de enunciaçäo discursivisadas (no processo da produçäo de diiscursos) sob a
força determinante do interdiscurso têm a sua fonte, nunca substancialmente presente, mas
sempre reconstruida por catélise, para utilizar o termo linguistico de Hjelmslev, na
subjectividade enunciante.(ver Enunciaçäo). Näo existe discurso sem sujeito (enquanto efeito
de discurso) tal como näo existe análise de discurso sem reconstruçäo das condiçöes
(subjectivas) de produçäo e de compreensäo dos discursos.
Toda a prática discursiva é virtualmente uma prática intersemiótica: näo há qualquer
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incompatibilidade entre diferentes tipos de semioticidade, e é assim que uma interacçäo de
duas ou mais semioticidades compatíveis pode bem caracterizar práticas culturais e artísticas
entre as mais densas e as mais complexas: é o fenómeno do sincretismo de códigos
(pensemos, por exemplo, no teatro que relaciona diferentes semioticidades, assim como a
ópera e, porue näo, a "vida quotidiana").
Apesar de existir heteronímia entre o ambiente ou o contexto gerador e o discurso gerado, näo
se pode dissociar o interdiscurso e os seus componentes, desse ambiente uma vez que o
interdiscurso näo é unicamente o resultado dos contextos; é acima de tudo, constituinte de
contextualizaçäop. Os discursos eles próprios situam os contextos e os ambientes: näo säo
puramente passivos no que se refere aos contextos.
Eis sete exigências epistemológicas que modulam ou forçam qualquer abordagem adequada
da discursividade. Pode-se, de facto, resumir sob duas grandes rúbricas que passamos em
revista nos parágrafos que se seguem: existe uma discursividade desde que exista uma
subjectivaçäo e contextualisaçäo dos fragmentos da linguagem.
A subjectivaçäo da actividade linguistica é uma necessidade de toda a reconstruçäo do sentido
global e rico de todas as sequências discursivas pois o discurso näo é apenas um texto "tout
court", como se diz, mas um "texto enunciativo".
Para Orlandi, as condições de produção do discurso compreendem fundamentalmente os
sujeitos e a situação, além da memória. Pensada em relação ao discurso, a memória é tratada
como interdiscurso, disponibilizando dizeres que afetam o modo como o sujeito significa em
uma situação discursiva dada. É pelo funcionamento do interdiscurso que se suprime, por
assim dizer, a exterioridade como tal, para inscrevê-la no interior da textualidade.
Isso faz com que, pensando-se a relação da historicidade (do discurso) e a história (tal como
se dá no mundo), é o interdiscurso que especifica, como dizia Pêcheux , as condições nas
quais um acontecimento histórico (elemento histórico descontínuo e exterior) é suscetível de
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vir a inscrever-se na continuidade interna, no espaço potencial de coerência próprio a uma
memória.
As condições de produção que constituem os discursos funcionam de acordo com certos
fatores. Um deles é o que Orlandi denomina “relação de sentidos”, segundo a qual não há
discurso que não se relacione com outros. Um discurso aponta para outros que o sustentam,
assim como para dizeres futuros. Não há começo absoluto nem ponto final para o discurso,
ele tem relação com outros dizeres realizados, imaginados ou possíveis. Outro fator é a
“relação de forças”, ou seja, o lugar a partir do qual fala o sujeito e que é constitutivo do que ele
diz.
Assim a junção do conteúdo institucional e o imaginário contribuem para a constituição das
condições em que o discurso se produz e, portanto, para a sua análise. Pode-se dizer, então,
que o sentido não existe em si, mas é determinado pelas posições ideológicas colocadas em
jogo no processo sócio-histórico em que as palavras são produzidas.
Deve-se pensar nos textos no que diz respeito à sua importância dentro de um esquema de
funcionamento mais amplo que as relações intrínsecas existentes em seu interior, parece
inevitável assumir uma perspectiva pragmática, que coloca em evidência o problema das
condições de produção como quadro de informações prévio e necessário a uma observação
interior de cada realidade discursiva.
Na época da política autoritária a educação é enaltecida como instrumento eficaz de controle.
Não seria incorreto dizer que o discurso de que “a educação, bem planejada e disseminada
garante a ordem e a disciplina” está, na verdade, invertido. Ao contrário, a necessidade
imperativa da ordem e da disciplina define o que será e a que servirá a educação.
Porém vê-se que também não passava de estratégia discursiva da época e que muitas daquelas
informações formaram a memória discursiva da sociedade. Por isso, esta falta de análise
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crítica textual. De onde temos gravado na memória a idéia do que está escrito é verdade
absoluta e incontestável.
CONCLUSÃO
A preocupação com o conteúdo publicado nos principais jornais impressos de Pernambuco
(Jornal do Commercio, Diário de Pernambuco, Folha de Pernambuco) sobre o ensino superior
no Estado e no restante do país, moveu nosso interesse por pesquisar tais periódicos e tentar
decodificar as idéias implícitas em tais textos.
No início de nossas atividades buscamos as definições dos teóricos fundadores da prática de
análise do discurso. E deparamos-nos com os conceitos e definições das estratégias
discursivas existentes em todo e qualquer texto.
Pesquisamos e expomos, de forma sucinta, a evolução do discurso jornalístico. Tais como
suas práticas atuais. E trouxemos esta escala evolutiva para o campo educacional. Isto é, um
estudo sobre como se publicou e como se publica nos dias atuais as publicações jornalísticas
sobre o ensino superior.
Investigamos as formas assumidas pelas pré-noções acionadas por agentes do campo
jornalístico na produção e difusão de informações e pontos de vista sobre a educação. E
partimos da hipótese que em razão da posição ocupada pelo campo jornalístico na economia
geral de bens simbólicos, as práticas educativas de professores e demais agentes sociais são
conformadas por uma determinada construção social da realidade, isto é, por princípios de
visão da educação impostos por jornalistas, o mais das vezes sutilmente, tanto ao campo
educacional quanto ao espaço social geral.
Deparamos-nos com o monopólio da produção e difusão em larga escala da informação e da
opinião, e à sua privilegiada posição no campo do poder. E assim o jornalista encontra-se em
condições de impor visões do mundo social sobre temas direta ou indiretamente ligados à
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educação. Conforme visto anteriormente, isso é feito por uma transmutação nos objetos da
própria matéria jornalística. Ao sofrer as censuras internas ao campo jornalístico, isto é,
filtrada pelas taxionomias sociais da imprensa, a educação é conformada às lutas simbólicas
nas quais os jornalistas estão implicados. A análise do material empírico revela que essa
conformação da educação às lutas de classificação propriamente jornalísticas se dá por meio
de dois mecanismos principais: pela inserção dos temas educacionais nas oposições
estruturantes do universo mental da imprensa e pelo reforço conferido pelo campo jornalístico
aos agentes e instituições educacionais mais próximos dos pólos comercial e privado.
Tentamos em nosso trabalho que haja uma disseminação do interesse pela educação na
sociedade. Principalmente nos jovens, que ainda por sua inexperiência tornam-se
manipuláveis, no que diz respeito aos seus ideais e seu modo de interpretar o mundo.
As informações sobre educação superior muitas vezes ocorrem de modo arbitrário à ética,
pois existe a concorrência interna ao campo jornalístico como da disputa do jornalismo com
os demais campos pela imposição da "última palavra" em quase todos os assuntos,
especialmente os mais suscetíveis de catalogação sob o rótulo de "problemas sociais".
Cabe à sociedade ter discernimento para absolver as informações e buscar à realidade, que
está sempre próximo a cada um. Pois se a sociedade torna-se crítica, passa a discordar de
certas maneiras de informar.
Se adotarmos esta postura crítica, forçaremos a indústria jornalística a publicarem com
honestidade à realidade do ensino superior brasileiro. E, até mesmo, passar a contribuir em
caráter decisivo para o avanço e acesso à universidade.
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