104
3.3.8 - TEXTO 8
A HERANÇA
Numa tarde de outono, recebi uma carta enviada por minha tia, pedindo que eu
fosse ver minha avó que estava doente.
Naquele mesmo instante, peguei o carro e segui em direção ao aeroporto. Eu
precisava pegar um avião até a Irlanda, onde minha avó morava.
5 Ao chegar lá, minha tia foi me buscar no aeroporto. Minha avó morava em um ponto
bem remoto, em uma pequena cidade no interior daquele país.
A casa era grande e antiga, com aspecto assustador. Por dentro, a mobília era gasta
pelo tempo, porém, era um lugar interessante. Nas paredes havia quadros de mulheres e
todas estavam com um aspecto triste. As cortinas eram grossas, longas e feitas de veludo
10azul-marinho. Havia muitos candelabros, o suficiente para iluminar todo aquele
casarão.
A fachada da casa era sombria, porque lá era o lugar onde o sol menos batia. A
pintura estava descascada, o jardim mal cuidado e o portão, além de quebrado, estava
enferrujado.
15Cuidei de minha avó até o último instante. Até que ela faleceu. Chorei muito.
Logo minha tia chamou o advogado da família para ler o testamento. Minha avó
deixou todos os bens para minha tia e, para mim, deixou um baú velho.
Minha tia disse que nunca tinha visto o que havia nesse baú e que ele estava na
família há séculos. Na tampa tinha um símbolo e, por acaso, eu tinha visto um igual na
20biblioteca da casa.
Fui até lá e peguei o livro. Dentro dele havia uma chave que abria o baú.
Ao abri-lo encontrei um vestido antigo, uma caixa de jóias, um álbum de fotos e
uma carta.
Nela minha avó dizia para eu ter força para enfrentar o que viria pela frente, pois eu
25fazia parte de uma dinastia de bruxas que foram amaldiçoadas porque uma de minhas
ancestrais, acidentalmente matou uma criança em uma batalha com uma bruxa inimiga.
Por causa disso, nossos espíritos tinham sido condenados a vagar pela Terra sem
descanso até que uma de nós quebrasse a maldição.
Achei aquilo tudo uma besteira, mas quando abri o álbum, ao invés de fotos,
30havia uma pintura de uma batalha de feiticeiras. Quando toquei na pintura, ela me
puxou para dentro da cena e eu estava presenciando aquela guerra. Eu gritava:
-Parem! Não! Por favor, parem com isso!
De repente, quando minha ancestral foi jogar um feitiço, a outra bruxa apanhou uma
criança que tentava se esconder e usou-a como escudo. Foi aí que eu entrei na frente e o
35feitiço pegou em mim, salvando a vida da criança.
Logo que abri os olhos, estava deitada em minha cama com aquele álbum nas mãos.
Achei que tinha sido só um sonho, mas para minha surpresa, na carta que minha avó
havia me deixado estava escrito um só palavra: Obrigada!