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sociais. O ponto chave a ser lembrado sobre a co-constituição de agentes e
estruturas, entretanto, seja na sua versão da [teoria] da estruturação, seja na da
evolução cognitiva, é que ela ocorre nas e por meio das práticas. Comunidades de
práticas, portanto, desempenham um papel crucial na mútua constituição de agentes
e estruturas. (ADLER, 2005, pp.11-12. Itálicos adicionados)
143
.
Após apresentar a ideia de comunidades de práticas, Adler apresenta as características
importantes do construtivismo, nessa perspectiva por ele defendida. Dentre elas, uma
esclarece todo o argumento. Segundo o autor,
(...) o construtivismo toma a linguagem como o veículo para a difusão e
institucionalização de ideias dentro e entre comunidades como uma condição
necessária para persistência no tempo de práticas institucionalizadas e como um
mecanismo para a construção social da realidade. Além disso, as comunidades em
torno das quais o conhecimento se desenvolve, que desempenham um papel crucial
na construção da realidade social, são constituídas pela linguagem. Primeiras e
principais, portanto, [essas comunidades] são ‘comunidades de discurso’; ou seja,
‘comunidades de produtores em competição, de intérpretes e críticos, de audiências
e consumidores, e de fregueses e outros atores significantes que se tornam sujeitos
do discurso em si. É apenas nessas comunidades concretas e vivas que o discurso se
torna significante’. Desse modo, discurso e prática não podem ser facilmente
separados. (ADLER, 2005, p.13. Itálicos adicionados)
144
.
Adler no importante texto de 1997 – Seizing the middle ground – já acena para esse
enfoque discursivo do construtivismo, situando a sua base científica no pragmatismo da
filosofia da ciência (ADLER, 2005, p. 97). A ideia é rever a matriz teórica apresentada por
Wendt (1999) incorporando uma teoria dinâmica da seleção institucional, qual seja, a da
evolução cognitiva (ADLER, 2005, p.105). Isso permite, na concepção de Adler, responder a
algumas perguntas importantes para as RI tais como: por que certas ideias e conceitos
adquirem autoridade epistêmica, discursiva e institucional? Ou ainda, quais normas e
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Tradução nossa de: “Constructivists consider the mutual constitution of agents and structures or structuration,
to be part of constructivism’s ontology. (…) Unlike structuration, the teory of cognitive evolution, which I
feature in this book, is not only about the co-reproduction of agents and structures, in a vicious circle, but is
about transformation – in particular, the institutionalization of novel ideas and knowledge as social practices.
The key point to remember about the co-constitution of agents and structures, however, whether in the
structuration or the cognitive-evolution version, is that it occurs in and through practice. Communities of
practice, therefore, play a crucial role in the mutual constitution of agents and structures.”.
144
Tradução nossa de: “(...) constructivism takes language as the vehicle for the diffusion and institutionalization
of ideas within and between communities, as a necessary condition for the persistence over time of
institutionalized practices, and as a mechanism for the construction of social reality. Moreover, the communities
around which knowledge evolves, which play a crucial role in the construction of social reality, are constituted
by language. First and foremost, therefore, they are ‘communities of discourse’; that is, ‘communities of
competing producers, of interpreters and critics, of audiences and consumers, and of patrons and other
significant actors who become the subject of discourse itself. It is only in these concrete living and breathing
communities that discourse becomes meaningful’. Thus discourse and practice cannot easily be separated.”.