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Retorno, então, a um momento anterior ao das Figuras de 33 a 36, para detalhar
um pouco mais, os materiais e as técnicas empregadas na confecção dos bonecos que
elegi para discutir a Materialidade, o boneco Ofélia e o boneco Hugo. Explorando as
possíveis relações que surgiram dos aspectos materiais que constituem os bonecos com
o processo de manipulação e de animação destes pelas atrizes.
Dividi os bonecos em partes a serem analisadas, tais como: a cabeça, que se
subdivide em fisionomia e penteado, o tronco e seus membros, chegando a aspectos
como indumentárias e acessórios. Parti, ainda, da camada mais interna até a mais
externa, apresentando a estrutura que sustenta o corpo, mecanismos de articulação, até
chegar às camadas de revestimento, ou de tratamento, como a indumentária e a pintura
que, no caso, é equivalente a uma maquiagem teatral.
Para tanto, apresento alguns termos que usarei na descrição e análise dos
bonecos, relativos ao processo de confecção destes, à manipulação da matéria pelo
bonequeiro, como construtor do objeto a ser animado, a vir a ser, tais como escultura,
acoplagem e modelagem, meios de se transformar a matéria. Termos que Oliveira (2007)
apresenta com clareza, veja, por exemplo, suas colocações a respeito da escultura:
Neste processo, trabalhamos com a subtração do material, o que
implica um conhecimento tridimensional do objeto imaginado
associado à habilidade do escultor. Uma vez retirada parte do
material, esta não presença da matéria tem que corresponder ao
espaço vazio do objeto. De todo material bruto inicial só deve
restar o objeto imaginado, agora formatado neste material
(Oliveira, 2007, p.79-80).
Embora não seja o foco de análise, a silhuetas que apresento na página seguinte,
veja as Figura 37 e 38, mantém uma estreita afinidade com a escultura, pois parte de sua
confecção se deu mediante a subtração de partes do material que a compôs,
demandando, inclusive, como bem coloca Oliveira (2007), o uso de um instrumental
específico, como tesouras, estiletes e, em alguns casos, até, bisturis. Além da escultura,
esta silhueta (Noite Enferma), exemplifica o que o autor denominou por acoplagem, pois
sua composição se dá a partir da sobreposição e do encaixe de partes articuladas ou
fixas.
Oliveira (2007) definiu o termo acoplagem, como sendo o processo de
composição do objeto pela apropriação e montagem das peças (ou de parte delas), com
o objetivo de construir um novo objeto. Assim, o termo acoplagem diz respeito ao