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Ao longo da história, a humanidade enfrenta grandes interrogações e insere-se no
mundo das incertezas. A lógica do individualismo produz fenômenos opostos. De um lado, o
império da razão sustentado pelo viés das competências autônomas e responsáveis; de outro, a
supervalorização do efêmero, maior desregramento e descuido total com a pessoa do outro. É
nesse contexto histórico que Bruno Forte desafia, frente ao inquietante presente, a buscar
alternativas de esperança que saibam escutar o clamor do povo sofrido ao deixar-se interpelar
pelo Outro Soberano e Transcendente. Bruno Forte nasceu em 1949, em Nápoles na Itália.
Este teólogo foi ordenado sacerdote em 1973, doutorou-se em Teologia no ano de 1974 e em
Filosofia no ano de 1977. Atualmente ele é arcebispo de Chieti-Vasto (Itália). Forte é teólogo
de renome internacional, professor de Teologia Dogmática na Pontifícia Faculdade Teológica
da Itália Meridional e membro da Pontifícia Comissão Teológica Internacional.
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Essa pesquisa busca analisar os princípios da alteridade e da ética cristã no intuito de
formar um ser humano mais solidário, à luz de alguns princípios, da teologia de Bruno Forte.
Esse aspecto possibilita um novo olhar, capaz de ressignificar o agir humano em relação aos
valores evangélicos professados por Jesus Cristo. A presente pesquisa conclama para escutar
o outro, que perfaz a história e desafia a humanidade a penetrar no mistério de escuta do
inefável, do insondável e do Outro, sempre pronto para deixar-se encontrar.
Uma pesquisa voltada aos princípios da teologia cristã, atenta às questões da ética e da
alteridade, o que contribui efetivamente para a constituição de um ser humano mais solidário.
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Em relação ao seu pensamento, destacam-se algumas influências: “Em primeiro lugar, o pensamento da Itália
meridional. Sendo napolitano, exerce-lhe especial influência a escola napolitana, que tem em seus pensadores
uma ampla valorização da história como fio condutor de suas elaborações. A isso, soma-se a formação
acadêmica realizada na Universidade de Tübingen, caracterizada, de modo geral, pelo retorno e pela valorização
da história por meio da redescoberta do dado bíblico e patrístico. Em Tübingen, Forte recebeu a influência de
uma teologia eclesial, reflexo da tradição viva da fé, bem como da exigente abertura teológica aos problemas do
próprio tempo e do diálogo com as culturas. A elaboração teológica de Tübingen é marcada especialmente pela
eclesialidade, cientificidade e abertura aos problemas do tempo. Foi igualmente de grande valia o diálogo de
Bruno Forte com os teólogos evangélicos, especialmente Jürgen Moltmann e E. Jüngel, que lhe deram percepção
de como a forma histórica do pensar teológico não pode se realizar à margem da emergente questão ecumênica.
Bruno Forte foi também influenciado pelo contato e pela aproximação com a Teologia parisiense, com seus
grandes precursores da renovação conciliar. O retorno às fontes bíblicas, patrísticas e litúrgicas empreendidas
pela “nova teologia”, que tanto influenciaram e prepararam a renovação empreendida pelo Vaticano II, vão ter
na história a expressão da atualidade de tal renovação. De fato, o pensamento de teólogos como M. D. Chenu, Y.
Congar e H. de Lubac são testemunhas de como a memória teológica pode ser inovadora. Para Bruno Forte, o
encontro com este mundo significou um aprofundamento do sentido da história, já presente no seu pensamento
teológico. A teologia de Bruno Forte é evidentemente uma teologia conciliar enquanto se coloca em
continuidade com a renovação da própria Teologia em seu diálogo ecumênico, bem como com o mundo plural,
cada vez mais desafiador e problemático. “Napoli, Tübingen e Paris, os meus itinerários de pensamento, que
estão unidos entre si sob o sinal da fé e da história”. (Cf. FORTE, Bruno. Teologia Viatorum. SARTORI, L.
Essere Teologi Oggi, p. 71).
Essencialmente, “a teologia de Bruno Forte pode ser caracterizada pelo seu forte acento histórico, na linha da
grande tradição italiana marcada pelo pensamento e pela reflexão sobre a história, podendo aqui ser
exemplificada por G. B. Vico e, propriamente na área teológica, Joaquim de Fiore, Tomás de Aquino e Afonso
de Ligório.” (Cf. MONDIN, Battista. Dizionario dei Teologi, p. 244).