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Comprometimento da capacidade de controlar o comportamento de uso da substância em
termos de seu início, término ou níveis, evidenciado pelo uso da substância em quantidades
maiores, ou por um período mais longo que o pretendido, ou por um desejo persistente ou
esforços infrutíferos para reduzir ou controlar o seu uso;
Um estado fisiológico de abstinência quando o uso do álcool é reduzido ou interrompido;
Evidência de tolerância aos efeitos da substância de forma que há uma necessidade de
quantidades crescentes da substância para obter o efeito desejado;
Preocupação com o uso da substância, manifestada pela redução ou abandono de
importantes prazeres ou interesses alternativos por causa de seu uso ou pelo gasto de uma
grande quantidade de tempo em atividades necessárias para obter, consumir ou recuperar-se
dos efeitos da ingestão da substância;
Uso persistente da substância, a despeito das evidências da suas conseqüências nocivas e da
consciência do indivíduo a respeito.
II – Fatores etiológicos (gerais) e identificação dos principais “agentes patogênicos” e/ou
fatores de risco de natureza ocupacional conhecidos.
A relação do alcoolismo crônico com o trabalho poderá estar vinculada aos seguintes “fatores
que influenciam o estado de saúde: (...) riscos potenciais à saúde relacionados com
circunstâncias sócio-econômicas e psicossociais” (Seção Z55-Z65 da CID-10) ou aos
seguintes “fatores suplementares relacionados com as causas de morbidade e de mortalidade
classificados em outra parte” (Seção Y-90-Y98 da CID-10):
“Problemas relacionados com o emprego e com o desemprego: condições difíceis de
trabalho”. (Z56.5)
“Circunstâncias relativas às condições de trabalho”. (Y96)
Portanto, havendo evidências epidemiológicas de excesso de prevalência de alcoolismo
crônico em determinados grupos ocupacionais, sua ocorrência em trabalhadores destes grupos
poderá ser classificada como “doença relacionada com o trabalho”, do grupo II da
Classificação de Schilling, posto que o “trabalho” ou a “ocupação” podem ser considerados
como fatores de risco, no conjunto de fatores de risco associados com a etiologia multicausal
do alcoolismo crônico. Trata-se, portanto, de um nexo epidemiológico, de natureza
probabilística, principalmente quando as informações sobre as condições de trabalho,
adequadamente investigadas pela Perícia Médica, forem consistentes com as evidências
epidemiológicas e bibliográficas disponíveis.
Em casos particulares de trabalhadores previamente alcoólicos, circunstâncias como as acima
descritas pela CID-10 poderiam eventualmente desencadear, agravar ou contribuir para a
recidiva da doença, o que levaria a enquadrá-la no Grupo III da Classificação de Schilling.
Fonte: http://www.mpas.gov.br/periciamedica <acesso em 10/02/06>