não copiei mais nada, fiquei prestando atenção na aula. Aí eu cheguei em casa e
disse pro meu marido: eu tenho que ir lá no Xerox, porque tem um tal de GED lá que
eu vou ter que pegar. Daí o meu marido disse: Valéria, GED não é o Xerox. Eu
disse: como não é o Xerox? Aí prontamente ele entrou e aí, pá, tem na impressora
toda aula da professora. Me assombrei com aquilo ali. Digo: mas como é que tu
conseguiu isso? Ele disse assim: Valéria, o GED, as professoras hoje em dia,
colocam tudo, toda aula no GED, tu, então tu só vai pra aula, escuta e em casa tu
imprime no GED. Dentro da própria faculdade, tu vai lá e imprime, em qualquer
desses DCEs aí, tu imprime a aula toda. Não precisa copiar nada. Mas aí, eu fiquei
impressionada, mas tu vê, a Carmen disse que pensou a mesma coisa, ela pensou
que esse GED era o cara do Xerox, entendeu? Quer dizer, ela disse assim, ela não
falou, mas ela pensou: eu vou ter que descobrir aonde é que fica esse GED, porque
nós vamos ter que conversar mais vezes, porque ele é o cara do Xerox. Ela
também, ela tinha completo desconhecimento. E aí assim, aí na verdade, o que me
aproximou tremendamente da informática foi o meu pós-graduação. Porque daí
assim, aí eu tinha que interagir com o GED de segunda a segunda, era, tudo era via
GED, os trabalhos todos vinham via e-mail, eu nem sabia, não é que eu não sabia,
eu tinha feito o curso, eu sabia. Mas como eu nunca pratiquei, tu tá entendendo? Eu
não usava. Então os trabalhos, todas as informações das professoras, (...) em aula,
tudo vinha por email, entende? Os trabalhos vinham por email. Nós tinha que
mandar trabalho em BNT, via e-mail, tu entendeu? Na minha cabeça, aquilo não
entrava. Eu queria escrever, eu queria, eu precisava grampear, aquilo me dava uma
agonia, tu não tem noção, no início. Aí eu perguntava 100 vezes: tu recebeu meu
trabalho? Sim, recebi, recebi. Tu recebeu meu trabalho com certeza absoluta? Eu
perguntava 15 vezes pra cada professor se o meu trabalho ou se a minha folha,
enfim, o que ela pedisse tinha ido, porque na verdade, eu tinha uma grande
desconfiança que as coisas não iam chegar, tu tá entendendo? E eu acabava
ficando desconfiada. Mas isso foi assim, no primeiro mês, no segundo mês. Aí lá, aí
na verdade eu tive que, aí eu tive que me interar completamente do computador. Em
Orkut, gmail, gmail das minhas colegas, em GED, em impressão, como se imprime,
bom, aí eu tive que me colocar no computador, de tudo quanto foi jeito e tive que
aprender tudo e depois ainda, durante a faculdade, todos os trabalhos, como eu te
disse, foram feitos, daí eu fazia de dupla com a minha colega, ela fazia um pedaço,
me mandava, eu lia o que ela fazia, ela me mandava, eu lia, me mandava, eu
mandava pra ela, me mandava, a gente nunca se reunia, mas, quer dizer, se reunia
virtualmente...
RAFAEL: (...)
VALÉRIA: Exatamente, claro. Comecei, daí eu já sabia que os trabalhos iam, eu não
precisava ficar perguntando 100 vezes se os trabalhos iam ou não iam, então,
comecei a me acostumar com a situação. Então assim, eu já tinha, eu já tinha, já
era, digamos assim, descolada na computação, já era o “ó do forrobodó” da
computação. Aí depois de eu já tá me achando a tal, a melhor, já sabia arrumar
quando, sabe? Já sabia arrumar quando (...) já sabia fazer tudo, aí me integrei. Aí
quando eu fui fazer o trabalho de conclusão, porque na verdade eu não precisava,
porque como eu já tinha curso de pós, financeiramente, não me acrescentaria nada,
eu poderia ter ficado como curso de extensão sem fazer o trabalho de conclusão,
entendeu? Me daria na mesma coisa. Aí eu nem queria fazer, mas daí o povo lá,
meu marido, meu filho: mas como? Tu que nunca deixou nada pela metade? Agora
não vai fazer um trabalho de conclusão? Mas olha só, fez duzentos trabalhos em
ABNT nesses dois anos e meio, agora tu vai deixar de fazer o trabalho de