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b) VANTAGENS E DESVANTAGENS DA APLICAÇÃO DO ABC NO SETOR
GOVERNAMENTAL
Para este item buscaram-se, por trabalhos publicados em periódicos e anais de
congressos, as principais vantagens e desvantagens da aplicação do método ABC no setor
público, levando-se em conta trabalhos realizados em órgãos da Administração Pública Direta
que abordaram o estudo de custos no setor público, excluindo, por exemplo, pesquisas
realizadas em Hospitais Públicos, Empresas Públicas e Universidades Públicas por
pertencerem a Administração Indireta. Foi adotada essa linha de raciocínio, por entender que
o encadeamento das argumentações realizadas pelos autores pesquisados contribuirá mais
eficazmente para a elaboração da base teórica que referenciará o estudo do sistema de custos
(SISCUSTOS) implantado no Exército Brasileiro.
Na sequência, apresentam-se algumas considerações a respeito dos pontos favoráveis e
desfavoráveis da utilização do método ABC na gestão de custos da área pública, baseados
nos trabalhos pesquisados.
Alonso (1999, p.48) é enfático ao afirmar que, quando se trata da implantação de um
sistema de custos no serviço público, o método de custeio mais adequado é o ABC, e elenca
as seguintes razões para tanto:
1) Foi concebido para apurar custos não somente de produtos (bens ou serviços), como
também de outros objetos de custeio: processos, clientes, projetos, metas, programas de
governo, unidades governamentais, entre outros.
Este ponto é mais relevante do que pode parecer à primeira vista. O custeio tradicional restringe
os objetos de custeio aos produtos. Porém, em muitas áreas do serviço público fica até um
pouco difícil identificar de forma precisa qual é o produto. Esta dificuldade vem sendo
constatada nos levantamentos de processos feitos nos últimos anos em órgãos do Governo
Federal. Os produtos do setor público típico são, regra geral, serviços não homogêneos, de
natureza complexa e sem similar no mercado.
2) O custo total de um produto é obtido pela agregação do custo indireto ao custo direto. E o
custo indireto depende de critérios de rateio algo arbitrários.
Além do mais, devido ao progresso tecnológico, os custos fixos e indiretos vêm tendo um peso
crescente na composição do custo total de muitos produtos, tornando ainda mais problemática a
definição arbitrária de critérios de rateio.
3) Os sistemas ABC têm uma arquitetura flexível, particularmente adequada a organizações
complexas, com processos em constante mutação, compatíveis com altos padrões tecnológicos.
4) O ABC é uma ferramenta poderosa em programas de reestruturação e de melhoria de
gestão, pois não apenas apura os custos já incorridos como também é particularmente útil para
simular os impactos sobre custos decorrentes de ações de melhoria de processos ou de
reengenharia dos mesmos. Em particular, o ABC instrumentaliza cortes seletivos de despesa
em programas de ajuste fiscal, minimizando o impacto negativo destes programas. (grifo é
nosso)
Nesse mesmo diapasão, Soares e Corrêa (2008, p.70) explicam que um processo,
como a formação da despesa pública (ver
Figura 3 – Estágios da Despesa Pública), percorre