coragem de colocar isso no mundo, é “mundi” como diz minha colega, agora é mundi.
Também, a pessoa que vem fazer o curso é de toda a classe, entendeu? Pessoa que você vê
que está querendo expandir uma coisa nova pra ela ganhar um dinheiro.
Elaine: Criança, às vezes, quer também fazer o curso?
D. Inês: Sim! Eu dou o curso, também em escolas. A prefeitura me convida pra dar o curso
pra adolescente ou criança. De 6 até 80 que queira fazer o curso eu estou disponível a dar.
A minha casa tem uma sala, que depois do curso que eu fiz de turismo (tem 4 anos e todo
ano eu renovo este curso com a prefeitura), dou o curso lá em casa, pra turista que vem de
for a. Os turistas que vêm querem fazer o pastel de angu e agora tá no site a receita e eles
querem ver como faz e entram em contato comigo no meu e-mail, vai lá na minha casa, eu
dou o curso e eles vão embora sorrindo, satisfeitos. Eu recebi gente aqui, maravilhosa, e
eles encantam comigo, porque, a minha simplicidade de ensinar, de não ser egoísta, porque
eu estou vivendo do pastel de angu.
Elaine: A Senhora já recebeu, atendeu, já vendeu o pastel pra estrangeiros, aqui em
Itabirito mesmo?
D. Inês: Sim. Inclusive foi uma pessoa da prefeitura que mandou, é parente dele que mora
fora. Ele foi lá em casa pegar o pastel pra levar pra fora. Em casa eu já tenho as
embalagens de isopor, se for de vôo, carro, não sei pra onde vai, 8 horas de viagem aguenta
o meu pastel congelado.
Elaine: Qual que é a importância que a senhora acha da divulgação, de difundir a história
do pastel de angu, a receita original do pastel de angu de Itabirito, qual é a maior
importância disso tudo para o povo do Itabirito?
D. Inês: É pra Itabirito expandir essa cultura que tem, porque, dessa cultura das duas
escravas – Philó e Maria Conga – muita gente está sobrevivendo aqui, como eu também,
aqui em Itabirito tem muito serviço, mas nem firma quer pessoa da minha idade, mas eu,
com meus cursos, estou sobrevivendo e muitos estão sobrevivendo e o que eles estão
divulgando, está sendo importantíssimo pra Itabirito, não só pra mim, é pra Itabirito
todinha. Vou falar, lógico, não tenho egoísmo, é pra todo mundo conhecer lá fora e vir os
turistas, né? Estão vindo turistas de longe pra conhecer a gastronomia de Itabirito que é
rica, como eu já te falei. Onde me mandar ir eu vou, e dou o curso. Minhas receitas são
todas na minha cabeça, agora, eu tenho já escrito, mas pra eu dar, eu já sei tudo. Fica tudo
no computador da cabeça. Mas não pode ficar assim não, né? Tem que ir passando pro
papel, pra um DVD pra ficar futuramente pra filhos, netos, as pessoas que forem procurar
os meus familiares terem aquela cultura. Inclusive, agora vou te passar uma novidade: em
cima desta massa de pastel de angu, eu fiquei um mês desenvolvendo uma massa, que eu
vou patentear, do pastel de angu assado, que dá 12 salgados de outras qualidades. Uma
massa dá 12 salgados. Eu não joguei ainda, porque eu quero patentear primeiro, mas estou
com isso guardado. Estou procurando um jeito de patentear pra ganhar mundo também,
porque a hora que eu for pra “glória” – não sou eterna – fica aí, foi Dona Inês quem fez,
como eu recebi ali uma imagem de uma estátua minha. Eu quero isso tudo em vida, depois
que eu morrer não interessa. A prefeitura tem uma casa no Alphaville e eu já fiquei
sabendo que tem um pôster meu lá, entendeu? Não via ainda, mas também não dá tempo
não, mas eu quero ir lá ver, olha só, um pôster de uma mulher igual a mim, humilde, entrar
ali no Alphaville, igual eu entrei só pra dar um curso pra americanos, é uma honra pra
Itabirito e pra mim também, porque eu não sou daqui, mas eu estou ajudando com alguma
coisa a cidade, fazendo um reboliço pra cidade crescer e as pessoas crescerem também.