
As línguas indígenas
sa. Por exemplo, no noroeste do estado de Amazonas
temos 23 mil índios tikuna (ou ticuna), dos quais ou-
tros 10 mil vivem na Colômbia e no Peru; e quase 3 mil
tukano, dos quais também há mais de 6 mil vivendo na
Colômbia. Os terena, no Mato Grosso do Sul, são mais
de 15 mil; cerca de 15 mil makuxi (ou macuxi) vivem em
Roraima, e mais de 8 mil habitam a Guiana Inglesa. São
4 mil os kayapó dos estados de Mato Grosso e Pará.
No extremo oposto, há etnias muito pequenas, que
sobrevivem com os poucos remanescentes de povos
outrora numerosos: por exemplo, seis arikapu em
Rondônia, 43 apiaká em Mato Grosso, 15 kwazá em
Rondônia. Muitas vezes, pequenas etnias se juntam a
outras maiores, para conseguir sobreviver e crescer.
Em várias aldeias vivem pessoas pertencentes a
mais de uma etnia nas quais se fala em consequên-
cia, mais de uma língua. Por exemplo, nas aldeias dos
waiwai, no Amazonas, vivem também os xereu, os
katuena e os mawayana, todos falantes de línguas
karib; e os warekena, de língua aruák.
Há ainda situações em que povos distintos for-
mam um sistema social multiétnico (muitas etnias) e
multilingue (muitas línguas), com várias aldeias. Um
exemplo conhecido ocorre no Alto Xingu, no Mato
Grosso. Ali, ao longo de pelo menos cinco séculos,
povos de língua aruák (como os mehinaku, os waurá
e os yawalapíti), outros de língua karib (como os
kuikúro, os kalapálo, os matipú e os nahukwá), e ou-
tros ainda de língua tupi (como os kamayurá e os
awetí) passaram a ter relações amistosas, de paz, fa-
zendo alianças, trocando artefatos, casando-se entre
si e celebrando rituais em conjunto.
Os povos do Alto Xingu passaram a compartilhar
histórias (que nós chamamos de mitos), formas de pa-
rentesco e de organização familiar, festas, crenças, há-
bitos alimentares, técnicas agrícolas, artes e artesanato,