
Capítulo 1
importância de buscarmos uma nova ética, a ser
construída de forma conjunta, na qual seja possível
afirmar a verdadeira convivência com a diferença.
A questão central a que nos remete a reflexão acer-
ca dos povos indígenas hoje no Brasil é: quais são as
condições necessárias para que, de um lado, se garan-
ta a igualdade entre todos os cidadãos e, de outro, se
respeite o direito à diferença?
Na introdução do livro A temática indígena na es-
cola (Lopes da Silva & Grupioni, 1995, pp. 17-18), co-
locamos essa questão:
O desafio que se nos coloca, então, é o de como
pensar a diferença. Diferença entre povos, culturas,
tipos físicos, classes sociais: estará fadada a ser
eternamente compreendida e vivida como desigual-
dade? Como relações entre superiores e inferiores,
evoluídos e primitivos, cultos e ignorantes, ricos e
pobres, maiores e menores, corretos e incorretos,
com direitos e sem direitos? [...] Respeito à dife-
rença, saber conviver com os que não são exata-
mente como eu sou ou como eu gostaria que eles
fossem e fazer das diferenças um trunfo, explorá-
las em sua riqueza, possibilitar a troca, o aprendi-
zado recíproco, proceder, como grupo, à construção
[...] Tudo isto descreve desafios.
Tais desafios estão postos hoje à sociedade brasileira
como um todo, mas aos professores e seus alunos em
especial. À escola cabe combater compreensões limi-
tadas da realidade social, construídas com base em
pressupostos ultrapassados.
Algumas ideias - como a de que os índios estão
acabando e que, cedo ou tarde, irão desaparecer, ou a
de que os remanescentes que conservam seus traços
distintivos estão congelados em uma etapa evolutiva
passada - precisam ser substituídas por outras novas.