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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO-MESTRADO EM GEOGRAFIA
LUIZ CARLOS DE AZEVEDO
ORIENTADOR: Dr. JONAS TEIXEIRA NERY
MARINGÁ
2006
ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL DA BACIA DO RIO IGUAÇU-PARANÁ
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LUIZ CARLOS DE AZEVEDO
ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL DA BACIA DO RIO IGUAÇU-PARANÁ
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Geografia, área de
concentração – Análise Regional e
Ambiental, do Departamento de Geografia da
Universidade Estadual de Maringá, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Geografia, sob a orientação do
Prof. Dr. Jonas Teixeira Nery e co-orientador
Prof
a
. Dr
a
. Maria Tereza de Nóbrega.
MARINGÁ
2006
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Dedico:
Divina Lima de Azevedo e Luiz Gomes
de Azevedo, que sempre me apoiaram e
ajudaram, com carinho.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Jonas Teixeira Nery, pela paciência e dedicação na orientação e
elaboração deste trabalho.
A todos do Laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual de Maringá-
DFI, pela ajuda e apoio.
À minha família, pela compreensão e apoio nos momentos de dificuldades.
Ao meu grande amigo Aparecido pela força, disponibilidade para algumas
reuniões.
Ao Eraldo e Américo pela disponibilidade e ajuda prestada quando os procurei.
A Agência Nacional de Energia Elétrica e a Superintendência de
Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental do Paraná, pelos
dados fornecidos para a elaboração deste trabalho.
Aos amigos Hélio Silveira e Maria Cleide Baldo pelas sugestões prestadas.
Ao Prof. Dr. Manoel Enrique Guandique que participou da mesa examinadora.
A todos os meus amigos que de alguma maneira me ajudaram, como por exemplo,
o Edézio nas viagens até, Maringá. E os demais que contribuíram direta ou indiretamente para
a realização deste trabalho.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. IV
LISTA DE TABELAS.............................................................................................. VIII
RESUMO................................................................................................................. X
ABSTRACT ............................................................................................................. XI
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 3
2.1 . Apropriação dos recursos hídricos ................................................................. 3
2.1.1. A bacia hidrográfica ................................................................................ 3
2.1.2. Utilização dos recursos hídricos e os impactos ambientais ................................ 5
2.1.3. As hidrelétricas e a produção de energia no Estado do Paraná ........................... 11
2.1.4. Usinas hidrelétricas no rio Iguaçu ................................................................. 15
2.2. Clima : sua escala de abordagem no estudo geográfico ...................................... 18
2.2.1. Variabilidade climática e freqüência da intensidade da precipitação pluvial......... 21
2.2.2. O fenômeno El No e sua dinâmica.............................................................. 25
2.2.3. O fenômeno La Niña................................................................................... 28
2.2.4. Oscilação Sul e a caracterização do ENOS ..................................................... 30
2.2.5. Circulação geral da atmosfera e a interação com o oceano................................ 32
2.2.6. El Niño e o Sul do Brasil............................................................................. 36
2.2.7. Dinâmica atmosférica da região Sul do Brasil................................................. 40
3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO.......................................... 42
4. METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS................................................................ 52
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.......................................................................... 62
5.1. Análise espacial e temporal da precipitação pluvial................................................ 62
5.2. Análise das anomalias da precipitação pluvial....................................................... 65
5.3. Análise da anomalia através do parâmetro de estatística descritiva ........................... 69
5.4. Classificação das áreas homogêneas da bacia do rio Iguaçu .................................... 76
5.5. Evolução temporal da precipitação pluvial e índice de anomalia da TSM .................. 78
5.6. Análise da freqüência de intensidade de precipitação pluvial................................... 85
5.7. Análise dos balanços hídricos............................................................................. 88
5.8. Análise da evolução da vazão do rio Iguaçu ......................................................... 94
5.9. Correlação entre anomalias da TSM com anomalia fluviométrica ............................ 98
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 103
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mancha de óleo sobre as águas ........................................................... 9
Figura 2 – Usina Hidrelétrica Bento Munhoz da Rocha Netto (Foz de Areia)-
Paraná............................................................................................. 16
Figura 3 – Usina Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga (Segredo) -
Paraná............................................................................................. 16
Figura 4 – Usina Hidrelétrica Usina Salto Caxias - Paraná........................................ 17
Figura 5 – Usina Hidrelétrica Salto Osório - Paraná ............................................... 17
Figura 6 – Usina Hidrelétrica Salto Santiago - Paraná............................................ 17
Figura 7 – Usina Hidrelétrica Santa Clara - Paraná................................................ 18
Figura 8 – Localização das Usinas Hidrelétricas na bacia rio Iguaçu. ....................... 18
Figura 9 – Enfraquecimento da velocidade dos ventos alísios e aquecimento das
águas no Pacífico Tropical. ................................................................ 27
Figura 10 - Intensificação do Jato Subtropical e conseqüente bloqueio dos sistemas
frontais............................................................................................ 28
Figura 11 – Intensificação da velocidade dos ventos alísios e resfriamento das águas
no Pacífico Tropical. ......................................................................... 29
Figura 12 – Série temporal das anomalias de PNM nas estações de Taiti e Darwin
(1978 a 1997). .................................................................................. 30
Figura 13 – Medida do Índice de Oscilação Sul (IOS), destacando alguns
períodos de El Niño e La Niña........................................................ 31
Figura 14 – Comparação dos processos convectivos observados na região do
Pacífico Tropical em anos normais e em anos de El Niño e La Niña ......... 32
Figura 15 – Esquema da circulação da atmosfera (célula de Hadley).......................... 33
Figura 16 – Esquematização da comparação entre a situação normal e a
situação de El Niño no Pacífico Equatorial ..................................... 35
Figura 17 – Localização das áreas de atuação do fenômeno El Niño sobre o Pacífico
Tropical........................................................................................... 35
Figura 18 – Evolução temporal da anomalia da TSM do Oceano Pacífico – 1974 a
2001 ............................................................................................... 35
Figura 19 – Evolução da anomalia de temperatura da superfície do mar (TSM) em
anos de El Niño (1972-73, 1982-83, 1986-87, 1991-94, 1997) e previsão
do modelo acoplado oceano-atmosfera do NCEP/NOAA-EUA para a
rego do Niño 3............................................................................... 37
Figura 20 – Anomalia de TSM para o período 01/12/2002 a 07/12/2002 .................... 38
Figura 21 – Circulação das massas de ar na América do Sul..................................... 40
Figura 22 – Localização da área da bacia hidrográfica rio Iguaçu.............................. 42
Figura 23 – Organização do relevo da bacia do rio Iguu ....................................... 44
v
Figura 24 – Classificação climática de Köppen ...................................................... 47
Figura 25 – Vegetação da bacia do rio Iguaçu ............................................................ 48
Figura 26 – Localização dos postos pluvioméricos na bacia do rio Iguaçu, situados
entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, no Sul do Brasil.................. 52
Figura 27 – Localização dos postos fluviométricos na bacia do rio Iguaçu.................. 59
Figura 28 – Altitude (m) da bacia do rio Iguaçu...................................................... 62
Figura 29 – Hipsometria da bacia do rio Iguaçu...................................................... 62
Figura 30 – Média anual da precipitação pluvial (mm) na bacia do rio Iguaçu,
período de 1965 a 2002...................................................................... 63
Figura 31 – Desvio padrão das precipitações pluviais (mm) para a bacia do rio
Iguaçu, no período de 1965 a 2002 ...................................................... 64
Figura 32 – Evolução interanual da precipitação pluvial na bacia do rio Iguaçu, 1965
a 2002............................................................................................. 65
Figura 33 – Anomalia da precipitação pluvial (mm) do ano 1982, na bacia do rio
Iguu............................................................................................. 66
Figura 34 – Anomalia da precipitação pluvial (mm) no ano 1983, na bacia do rio
Iguu............................................................................................. 66
Figura 35 – Ano 1984, normal da precipitação pluvial (mm), na bacia do rio Iguaçu.... 66
Figura 36 – Anomalia de precipitação pluvial (mm) no ano 1985, na bacia do rio
Iguu............................................................................................. 67
Figura 37 – Anomalia de precipitação pluvial (mm) do ano 1988, na bacia do rio
Iguu............................................................................................. 68
Figura 38 – Anomalia de precipitação pluvial (mm) do ano 1997, na bacia do rio
Iguu............................................................................................. 68
Figura 39 – Anomalia de precipitação pluvial (mm) do ano 1998, na bacia do rio
Iguu............................................................................................. 69
Figura 40 – Anomalia de precipitação pluvial (mm) do ano 2001, na bacia do rio
Iguu............................................................................................. 69
Figura 41 – Dendograma para escolha dos grupos homogêneos ................................ 77
Figura 42 – Distribuição dos postos pluviométricos nos grupos homogêneos I, II e III . 77
Figura 43 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para El Niño 1982/83 ................................................................ 79
Figura 44 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para El Niño 1982/83 (A)........................................................... 79
Figura 45 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM
para ano de 1984............................................................................... 80
Figura 46 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para ano de 1984 (A)................................................................. 80
Figura 47 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para La Niña 1985 .................................................................... 81
vi
Figura 48 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para La Niña 1985 (A)............................................................... 81
Figura 49 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para La Niña 1988 .................................................................... 82
Figura 50 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para La Niña 1988 (A)............................................................... 82
Figura 51 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para El Niño 1997-98 ................................................................ 83
Figura 52 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para El Niño 1997-98 (A)........................................................... 84
Figura 53 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para La Niña 2001-02................................................................ 84
Figura 54 – Correlação da precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da
TSM para La Niña 2001-02 (A) .......................................................... 85
Figura 55 – Balanço hídrico do Posto Fazendinha - 1982/83 .................................... 89
Figura 56 – Balanço hídrico do Posto Guarapuava - 1982/83.................................... 89
Figura 57 – Balanço hídrico do Posto Pérola do Oeste - 1982/83............................... 89
Figura 58 – Balanço hídrico do Posto Fazendinha - 1984......................................... 90
Figura 59 – Balanço hídrico do Posto Guarapuava - 1984 ....................................... 90
Figura 60 – Balanço hídrico do Posto Pérola do Oeste - 1984................................... 90
Figura 61 – Balanço hídrico do Posto Fazendinha - 1985......................................... 91
Figura 62 – Balanço hídrico do Posto Guarapuava - 1985 ........................................ 91
Figura 63 – Balanço hídrico do Posto Pérola do Oeste - 1985................................... 91
Figura 64 – Balanço hídrico do Posto Fazendinha - 1988......................................... 92
Figura 65 – Balanço hídrico do Posto Guarapuava - 1988 ........................................ 92
Figura 66 – Balanço hídrico do Posto Pérola do Oeste - 1988................................... 92
Figura 67 – Balanço hídrico do Posto Fazendinha - 1997/98 .................................... 93
Figura 68 – Balanço hídrico do Posto Guarapuava - 1997/98.................................... 93
Figura 69 – Balanço hídrico do Posto Pérola do Oeste - 1997/98............................... 93
Figura 70 – Balanço hídrico do Posto Fazendinha - 2001/02 .................................... 94
Figura 71 – Balanço hídrico do Posto Guarapuava - 2001/02.................................... 94
Figura 72 – Balanço hídrico do Posto Pérola do Oeste - 2001/02............................... 94
Figura 73 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Fazendinha - 1955 a
2002 ............................................................................................... 95
Figura 74 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Porto Amazonas -
1945 a 2002 ..................................................................................... 95
Figura 75 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Rio Preto do Sul -
1951 a 2002 ..................................................................................... 95
vii
Figura 76 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Jangada - 1946 a 2002 . 96
Figura 77 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Fazenda Maracanã -
1946 a 2002 ..................................................................................... 96
Figura 78 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Santa Clara - 1950 a
2002....... ........................................................................................................96
Figura 79 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Usina Cavernoso -
1952 a 2002 ..................................................................................... 97
Figura 80 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Porto Palmerinha -
1955 a 2002 ..................................................................................... 97
Figura 81 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Salto Cataratas - 1955
a 2002............................................................................................. 97
viii
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Descarga dos rios dos países mais ricos e mais pobres em
água do planeta ....................................................................... ..5
Tabela 2 – Unidades geradoras de energia da Copel no Estado do Paraná............. 13
Tabela 3 – Expansão do consumo e da capacidade instalada de energia elétrica -
Brasil 1980/2000.......................................................................... 14
Tabela 4 – Consumo de energia – GW/h no Paraná........................................... 14
Tabela 5 – - Anos de ocorrência de fenômenos El Niño e La Niña ..................... 31
Tabela 6 – Localização dos postos pluviométricos com suas respectivas
latitudes, longitudes e altitudes ...................................................... 53
Tabela 7 – Eventos El Niño e La Niña desde 1970 até 2002, definidos a partir da
temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico para a região
do El Niño (1+2) e excedendo valores de 0.4ºC (positivo ou
negativo)..................................................................................... 55
Tabela 8 – Classificação da intensidade de precipitação de acordo com o
intervalo de classe ....................................................................... 58
Tabela 9 – Relação dos postos fluviométricos................................................... 59
Tabela 10 – Valores críticos do coeficiente de correlação r de Pearson ................. 61
Tabela 11 – Esatatística descritiva El Niño do período de julho/1982 a
dezembro/1983............................................................................ 70
Tabela 12 – Esatatística descritiva período normal de janeiro a dezembro/1984... 71
Tabela 13 – Esatatística descritiva La Niña do período de janeiro a
dezembro/1985............................................................................ 72
Tabela 14 – Esatatística descritiva La Niña do período de abril a
dezembro/1988............................................................................ 74
Tabela 15 – Esatatística descritiva El Niño do período de março/1997 a
outubro/1998 .............................................................................. 75
Tabela 16 – Esatatística descritiva La Niña do período de maio/2001 a
janeiro/2002................................................................................ 76
Tabela 17 – Percentual de dias com precipitação em relação ao total de dias
analisados para os postos pluviométricos de Fazendinha (2), de
Guarapuava (17) e Pérola dOeste (29)............................................ 86
Tabela 18 – Percentual correspondente aos intervalos da classe de precipitação
pluvial em relação ao total de dias com precipitação para cada um
dos meses estudados para a posto de Fazendinha, no período de 1965
a 2002........................................................................................ 87
Tabela 19 – Percentual correspondente aos intervalos da classe de precipitação
pluvial em relação ao total de dias com precipitação para cada um
dos meses estudados para a posto de Guarapuava, no período de
1965 a 2002................................................................................ 88
ix
Tabela 20 – Percentual correspondente aos intervalos da classe de precipitação
pluvial em relação ao total de dias com precipitação para cada um
dos meses estudados para a posto de Pérola d’Oeste, no período de
1965 a 2002................................................................................ 88
Tabela 21 – Correlação da anomalia da TSM do Pacífico com a vazão da bacia
do rio Iguaçu............................................................................... 99
x
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi discutir a variabilidade da precipitação pluvial na bacia
hidrográfica do rio Iguaçu, no período de estudo de 1965 a 2002. Para análise,
utilizaram-se dados diários, mensais e anuais de precipitação pluvial, cedidos pela
Superintendência de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental (SUDERHSA) do Governo do Estado do Paraná e Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) através de alguns parâmetros estatísticos tais como:
média, desvio padrão, freqüência da precipitação pluvial, análise multivariada e
correlação linear, foram realizados cálculos que se constituíram na base estatística
para inferências das variabilidades pluviais da bacia. Com dados de temperatura e
precipitação pluvial, utilizou-se modelos de balanço hídrico através do método de
Thornthwaite e Mather (1955). Também se calculou as anomalias para alguns anos
específicos de extremos pluviais. Estas anomalias possibilitaram, a correlação linear
entre a precipitação pluvial da bacia e a anomalia da temperatura da superfície do
mar (TSM) no Oceano Pacífico Equatorial. Ainda, analisou-se dados de fluviometria
da área da bacia, correlacionando-os com a Temperatura da Superfície do Oceano
Pacífico. Pode-se considerar a variabilidade da precipitação pluvial na bacia do rio
Iguaçu, em períodos anuais e eventuais de El Niño e La Niña e variabilidade espacial
da precipitação pluvial, com maior intensidade à jusante da bacia e menor à
montante.
Palavras chaves: variabilidade climática, precipitação pluvial, bacia hidrográfica do Iguaçu,
anomalia climática, freqüência precipitação pluvial.
xi
ABSTRACT
The objective of this paper was study the rainfall variability in the basin of the river Iguaçu.
The period of this study was 1965 from the 2002. It was used given daily, monthly and annual
of rainfall dataset. Historical series of precipitation were obtained from Superintendência de
Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA) of
Paraná State Government, and Agência Nacional de Água e Energia Elétrica (ANEEL).
Different statistical parameters and used such as: medium, standard deviation and frequency
of the rainfall, multivaried analysis, linear correlation. Also one calculated the anomalies for
some years of rainfall. The ENOS impacts were assessed through the analysis of rainfall
averages and frecuency of rains days and correlation between water rainfall and anomaly of
the Pacific´s SST. The variability of the rainfall in the basin of the river Iguaçu can be
observed, in annual and eventual periods of El Niño and La Niña, also was possible to verify
the spatial variability, therefore the rainfall is more intense to the downstream of the basin.
Words keys: climatic variability, rainfall, basin of Iguaçu, climatic anomaly, frequency
rainfall.
1
INTRODUÇÃO
As camadas gasosas da Terra são movidas por uma grande fonte energética,
responsável pela existência tanto dos seres vivos animais e vegetais, como pela dinâmica que
rege o meio físico ou abiótico. As condições ambientais dessas camadas estão condicionadas
a dois limites bastante rígidos, ou seja, o “teto”, representado pela camada de ozônio na
estratosfera e o “piso”, correspondente à crosta terrestre (ROSS, 2001).
Pretende-se, com este trabalho, contribuir para estudos relacionados à dinâmica
climatológica, atuante na crosta terrestre, especificamente na área da bacia hidrográfica do rio
Iguaçu, podendo colaborar para os planejamentos em diversos setores da economia e,
principalmente, na geração de energia elétrica, uma vez que o domínio sobre o conhecimento
climático tornou-se uma prerrogativa importante para desenvolvimento desses segmentos e
também para a agricultura. Além disso, pode-se disponibilizar informações concernentes a
anomalias, favorecendo o aproveitamento das condições climáticas constatadas. A análise
climatológica fornece subsídios importantes, tanto no que diz respeito ao conhecimento da
realidade espacial, quanto ao da organização das atividades econômicas, permitindo a
integração de diversas modalidades que possibilitam aperfeiçoar os estudos na questão
ambiental. Com isso a área de estudo selecionada foi à bacia do rio Iguaçu que compreende os
Estados do Paraná e Santa Catarina. Ainda, analisou-se dados de fluviometria da área da
bacia, correlacionando-os com a Temperatura da Superfície do Oceano Pacífico.
Considerando a variabilidade da precipitação pluvial na bacia, em períodos anuais e
eventuais de El Niño e La Niña.
Um aspecto fundamental da água é o desequilíbrio provocado pelos eventos
hidrológicos extremos, relacionados com a dinâmica climática: secas e inundações, por
exemplo. As secas trazem enormes problemas à imensa população brasileira, provocando
pobreza, desnutrição e êxodo para as grandes cidades. As enchentes, agravadas pelos
desmatamentos e pela impermeabilização do solo urbano, são responsáveis por prejuízos
econômicos e sociais incalculáveis, pelo risco a saúde e a qualidade de vida dos habitantes das
áreas assoladas.
Muito tempo se passou até que o homem percebesse o importante papel
desempenhado pelos atributos da atmosfera na organização do espaço. Primeiramente
considerado como determinante e, posteriormente, como irrelevante (uma vez que a
tecnologia poderia corrigir suas variações), apenas a partir das reflexões de Sorre (1951), Les
fundaments biologiques de la Géographie Humaine, e das contribuições de Curry (1952),
2
Climate and economic life, os condicionantes climáticos passaram a assumir seu real papel,
ou seja, o de insumo natural nos processos físicos e econômicos (SANT`ANNA NETO,
1998).
Ainda segundo Sant`Anna Neto (1998), as transformações ocorridas nos últimos
100 anos no uso e ocupação da superfície terrestre, provavelmente, trouxeram conseqüências
tanto à qualidade ambiental de modo geral, como certamente a mudanças da camada inferior
da atmosfera, afetando o regime hídrico das precipitações pluviais e da disponibilidade de
água no solo, além do balanço de energia.
Apesar de existir vários trabalhos caracterizando a região da bacia do rio Iguaçu,
muitos são voltados à exploração dos recursos hídricos. A Climatologia do Sul do Estado do
Paraná e Norte de Santa Catarina se faz importante, ao relacionar os fatores naturais e
humanos, demonstrando também a influência do clima sobre a região.
Em regiões tropicais, como o caso da maior parte do território brasileiro, a
agricultura assume o papel de principal atividade humana mais intrinsecamente relacionada
com os parâmetros climáticos. Curry (1952), afirma que a análise geográfica do clima voltada
para a organização do espaço agrícola, se faz necessária. Desta forma, tanto a radiação global
quanto os principais elementos do clima passam a ser considerados como agentes econômicos
e, portanto, intervenientes na produção e rentabilidade (SANT`ANNA NETO, 1998).
Alguns estudos já realizados no Sul do Brasil mostraram claramente a correlação
entre a precipitação pluvial e as condições climáticas do El Niño – Oscilação Sul (ENOS). Em
alguns desses trabalhos concluiu-se que, as chuvas possibilitam ou impedem o manejo das
culturas existentes no Sul do Brasil (FERREIRA, 2000). Sansigolo e Nery (1998) estudaram a
precipitação do Sul e Sudeste do Brasil utilizando análise de fatores de agrupamento,
mostrando que a região apresenta grande variabilidade sazonal, com ciclo bem definido.
Através da análise do comportamento diário, mensal e anual da precipitação
pluvial da bacia do rio Iguaçu, pode ser feito vários estudos, tais como Índice de Oscilação
Sul (IOS); anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do Pacífico Tropical e
Índice de Kraus (KRAUS, 1977), com objetivo de gerar séries que possibilitem a
teleconecção entre a precipitação pluvial da bacia e as diferentes oscilações do Oceano
Pacífico.
A correlação da variabilidade da precipitação pluvial, na bacia do Iguaçu com o
fenômeno ENOS, será estudada buscando a elaboração de uma possível explicação para a
distribuição temporal deste fenômeno meteorológico, associado aos eventos El Niño e La
Niña.
3
As características das formas de relevo predominante na bacia poderão ser
identificadas como agentes naturais de interferência no clima.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Apropriação dos recursos hídricos
2.1.1 A bacia hidrográfica
O sistema de drenagens continental, que não depende somente da pluviosidade e
topografia de uma região, como também da cobertura vegetal, do tipo de solo, da litologia e
estrutura das rochas. Terrenos relativamente impermeáveis apresentam densa rede de
drenagem, enquanto os mais permeáveis possuem densidade menor.
Dessa forma, cresceu enormemente o valor da bacia hidrográfica como unidade de
análise e planejamento ambiental. Nela é possível avaliar de forma integrada as ações
humanas sobre o ambiente e seus desdobramentos sobre o equilíbrio hidrológico, presente no
sistema representado pela bacia de drenagem.
Vários estudos climáticos foram elaborados em bacias hidrográficas como
exemplo, Andrade (2003), que analisou a “variabilidade da precipitação pluviométrica na
bacia do rio Ivaí” no Estado do Paraná, e constatou a influência do Trópico de Capricórnio e
da Massa Tropical Continental à jusante da bacia, e à montante, a influência da orografia do
relevo associada com a continentalidade que interferiam no regime de chuvas. Também,
Clarke et al., (2003), estudou a “Variabilidade temporal no regime hidrológico da bacia do rio
Paraguai”, e apresentou uma explicação para as mudanças das vazões, e considerou que,
durante a década de 1960, quando a vazão dos rios estava baixa, os períodos de estiagem (dias
consecutivos sem chuva), foram mais longos. A partir de 1970, as mudanças das vazões se
justificaram com aumento da precipitação pluvial.
No Brasil pode-se constatar uma quantidade significativa de trabalhos, com estas
variáveis clima e hidrologia.
Barth e Barbosa (1999), definem a bacia hidrográfica em uma determinada seção
hidráulica de um curso d’água, como sendo: “a área de drenagem contida pelo divisor de
4
águas definido pela topografia da região, sendo essa seção a única saída da água da chuva que
escoando pela superfície do solo contribui para sua vazão”.
A bacia hidrográfica permite várias possibilidades de análise. Assim, o balanço
hídrico de massa é um método bastante utilizado, principalmente para se diagnosticar o
excesso ou déficit de água no sistema, sua expressão básica é composta por P que corresponde
ao volume de água precipitado sobre a área da bacia; E é o volume que voltou à atmosfera por
evaporação e transpiração e Q ao volume total de água escoado pela bacia, durante um
intervalo de tempo. O termo S refere-se as variações positivas e negativas do volume
armazenado no interior da bacia (RICCOMIMI et al., 2000).
P – E – Q ± S = 0 (1)
As pressões sobre os usos dos recursos hídricos provêm de dois grandes problemas
que são o crescimento das populações humanas e o grau de urbanização e aumento das
necessidades para irrigação e produção de alimentos. A redução no volume disponível e a
apropriação dos recursos hídricos em escala maior e mais rápida têm produzido grandes
alterações nos ciclos hidrológicos regionais: por exemplo, a construção de barragens aumenta
a taxa de evaporação (hidrelétricas), a construção de canais para diversão de água, produz
desequilíbrios no balanço hídrico, a retirada de água em excesso para irrigação, diminui o
volume dos rios e lagos. Igualmente importante do ponto de vista quantitativo é o grau de
urbanização que interfere na drenagem e aumenta o escoamento superficial, diminuindo a
capacidade de reserva de água na superfície e nos aqüíferos. Os impactos qualitativos são
inúmeros e variáveis e têm conseqüências ecológicas, econômicas e sociais e na saúde
humana (TUNDISI, 2003).
As bacias hidrográficas brasileiras são grandes fontes dos recursos hídricos
disponíveis no mundo, representando, aproximadamente 53% da água doce da América do
Sul e 12% da vazão total mundial dos rios.
A maior bacia hidrográfica brasileira é a bacia do Amazonas, representando 72%
da vazão nacional, seguidas das bacias do Paraná (6.3%), Tocantins (6%), Parnaíba-Atlântico
Norte (3%), Uruguai (2.5%) e Atlântico Sul e São Francisco (ambas com 1.7%). Esta
classificação está relacionada à vazão dos rios que compõem cada uma das bacias, que
conforme foi apresentado anteriormente, está diretamente relacionado à quantidade de
precipitação pluvial e seu escoamento para os rios (HIRATA, 2000).
A bacia hidrográfica do Iguaçu faz parte da bacia do Paraná, ou seja, pertence à
segunda maior bacia hidrográfica brasileira. Considerando que a bacia Amazônica é um caso
especial, por se tratar da maior concentração fluviométrica do mundo.
5
O Brasil abriga em seu território, uma das maiores redes hidrográficas do planeta,
ocupando o primeiro lugar nas descargas dos rios, em nível mundial, Tabela 1.
Tabela 1 – Descarga dos rios dos países mais ricos e mais pobres em água do planeta.
País Descarga Média
dos Rios (km
3
/s)
País Descarga Média dos
Rios (km
3
/s)
Brasil 6,220 Chipre 900
Rússia 4,059 Israel 750
EUA (incluindo
Alasca)
3,760 Jordânia 680
Canadá 3,290 Líbia 600
China 2,800 Singapura 600
Indonésia 2,530 União dos Emirados
Árabes
500
Índia 1,850 Gaza 46
Colômbia 1,200 Malta 15
Peru 1,100
Comunidade
Econômica Euro-
péia (15 países)
1,171
Fonte: Hirata (2000) apud Andrade (2003).
2.1.2. Utilização dos recursos hídricos e os impactos ambientais
A água é um recurso natural imprescindível à vida, ao desenvolvimento econômico e
ao bem estar social. Esta idéia já era compreendida pelas civilizações antigas. Segundo Rocha
(1998), aproximadamente 4000 anos a.C., já existiam canais de irrigação, galeria, aquedutos,
reservatórios e poços de água. A história das civilizações mostra que desde os tempos remotos
a água era de importância vital para o desenvolvimento cultural das populações, razão pela
qual as grandes cidades formaram-se e desenvolveram nas proximidades de cursos da água
como, por exemplo, a cidade do Cairo, localizada às margens do rio Nilo, onde floresceu a
civilização egípcia e a cidade de Roma, que se estabeleceu à beira do rio Tibre.
Como a água é um recurso natural fundamental para a existência e manutenção da
vida, deve estar presente no meio ambiente em quantidades e qualidades apropriadas para
diversos usos. Com as ocupações humanas, determinadas regiões passaram a necessitar de
intensa demanda de água, destacando-se os grandes centros urbanos, pólos industriais e as
zonas de irrigação, chegando a superar a oferta, que se justifica pelo motivo de quantidade ou
qualidade local desta água, prejudicada devido à poluição, que ainda pode gerar graves
problemas de desequilíbrio ambiental.
6
Segundo Azambuja e Macedo (1998), observou-se na década de 90 uma
conscientização dos representantes dos órgãos governamentais, da população e dos países
desenvolvidos que se refere à necessidade e importância da preservação ambiental e da
conservação da água, bem como a consolidação e ativação dos movimentos ambientalistas
como forças políticas.
O homem, através da sua intervenção no espaço geográfico, pode alterar as
condições naturais e as características das fases do ciclo hidrológico que se apresenta como
um sistema fechado no globo terrestre, o intercâmbio entre as circulações da superfície
terrestre e da atmosfera, fechando o ciclo hidrológico, ocorrem nos dois sentidos: a) no
sentido superfície-atmosfera, em que o fluxo de água ocorre fundamentalmente na forma de
vapor, como decorrência a evapotranspiração; b) no sentido atmosfera superfície, em que a
transferência de água corre em qualquer estado físico, sendo mais significativas, as
precipitações de chuva e neve (TUCCI, 2002).
O uso do solo é fator de importância fundamental, pois o homem através de sua ação
provoca o desmatamento e a urbanização, que modifica a dinâmica do ciclo hidrológico.
Como exemplo destaca-se a ocorrência de vapor atmosférico que pode ser alterada pela
presença de reservatórios, pela modificação da cobertura vegetal e também por alterações
climáticas causadas por gases estufa. Determinadas mudanças no regime de precipitações
pluviais afetam a disponibilidade de água. Estes problemas podem atingir dimensões
internacionais.
A escassez hídrica pode ocorrer devido a dois fatores principais: o natural e o
antrópico. No primeiro, leva-se em consideração a condição climática observada, tais como
prolongadas secas ausência de vegetação e tipos de solos, ou seja, elementos que fazem parte
da natureza dinâmica. Já o segundo está diretamente relacionado ao homem que ao apropriar-
se da água, faz uso múltiplo e intensivo desse elemento, como captação para abastecimento,
produção de energia, diluição de esgotos industriais e domésticos, lazer, navegação, pesca,
entre outros. Spirn (1995) inclui procedimentos inadequados do uso da água, tais como
lançamento de efluentes urbanos e industriais nas águas superficiais e desperdícios nos
sistemas públicos (vazamentos).
Os mananciais utilizados para abastecimento público vêm sofrendo os efeitos de
poluição ao longo dos séculos. Este processo poluidor a partir da Revolução Industrial
intensificou a utilização dos corpos de água no recebimento dos esgotos domésticos e
indústrias, além de despejos de lixo e desmatamento de sua mata ciliar. Segundo Condini
7
(1998), manancial é qualquer corpo de água, superficial ou subterrâneo, que forneça água para
um determinado uso.
Em geral, os mananciais utilizados para o abastecimento urbano são constituídos
pelas cabeceiras de rios, ainda não poluídos. A ocupação inadequada de uma área de
manancial provoca a destruição das matas ciliares, causando impacto negativo nos processos
naturais de manutenção da vida. A construção de casas, barracos e favelas comprometem a
qualidade da água e é responsável pelo desmatamento e assoreamento dos corpos de água,
além de constituir-se em risco de vida frente a possíveis deslizamentos na área.
Rocha (1998), considera que a água é o principal meio de transmissão das doenças,
especialmente aquelas em que os agentes infecciosos hospedam e reproduz-se, no aparelho
intestinal (bactérias, protozoários e vírus). Por outro lado, reconhece que existem doenças que
podem provocar até epidemias, causadas por substâncias químicas, inorgânicas ou orgânicas
tóxicas adversas à saúde dos seres humanos e presentes nos corpos de água e mananciais, as
quais não são percebidas pela aparência e nem pelo gosto.
Para obter o equilíbrio ecológico do meio aquático deve ser mantido,
independentemente dos usos que se façam dos corpos de água, as concentrações mínimas de
oxigênio dissolvido e de sais nutrientes na água. Ela não deve conter substâncias tóxicas
acima de concentração críticas para os organismos aquáticos.
O esclarecimento que a população possui sobre os problemas relacionados à água e
sua preservação está condicionada a ações sociais, campanhas educativas e conscientização
do usuário, de forma isolada ou sem continuidade, o que torna as ações insatisfatórias. Estas
condicionantes, se bem articuladas, propiciariam a redução do consumo e proteção da água,
por meio das ações tecnológicas, a detecção e correção de vazamentos, o reuso de água, a
reciclagem de água servida e a mudança do comportamento individual e coletivo.
Para Miller (1998), o modelo de desenvolvimento sustentável em relação ao recurso
hídrico deve privilegiar o reuso (utilização por uma segunda ou mais vezes) dos recursos
hídricos naturais, bem como promover a reciclagem e a minimização dos impactos
ambientais.
A ocupação na área da bacia do rio Iguaçu se dá, através da urbanização, por
exemplo, a região metropolitana de Curitiba que se encontra à montante. À urbanização
regional, geram problemas ambientais aos seus afluentes, por exemplo, o que ocorre com o rio
Barigüi, que deságua uma enorme carga poluidora constituída por esgotos domésticos e
industriais proveniente da drenagem urbana. A água da chuva que lava o solo
impermeabilizado despeja no rio, uma série infindável de elementos químicos e de sedimentos
8
provenientes da erosão além, do lixo jogado diretamente em suas águas. Também outros rios
de Curitiba, como o Belém, carreiam para o Iguaçu enormes volumes de esgotos. Desde sua
nascente, fábricas passam a utilizá-lo como área de despejo (Disponível em:
<http://www.jornaldomeioambiente.com.br/JMA-Cadernos/Agua.asp>. Acesso em 29/05/04).
A poluição aumenta com a passagem do rio Iguaçu pelos vários municípios, numa
sucessão de desastres ambientais cotidianos e crônicos que vão dando continuidade até sua
foz.
O planejamento e a gestão dos recursos hídricos provocam, necessariamente,
problemas de natureza intersetorial e multidisciplinar. Tratando-se a água de um recurso
partilhado pelos mais diversos setores de atividades, não pode deixar de estar sujeita a um
regime complexo de utilização e jurisdição que tem evoluído ao longo do tempo. Até os anos
70, centrava-se grande ênfase nos aspectos estritamente técnicos relacionados com
aproveitamentos hidráulicos, edificando capacidade e competência tecnológica que, aliás,
urge manter. Durante a década de 80, a ênfase derivou para os problemas da engenharia de
recursos hídricos e para a elaboração de projetos. No final da década de 90 e princípios do
novo século, julga-se que uma parte importante dos esforços deverá incidir sobre o contexto
da utilização do recurso, isto é, sobre o conjunto de condicionamentos ambientais,
econômico-sociais e institucionais que envolvem e circunscrevem os usos e as funções da
água e os processos de decisão a eles relacionados (LANNA et al., 1990).
Para controle e proteção dos recursos hídricos criaram a Lei nº 9.433, de 8 de
janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos que criou o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Essa lei culminou em um longo processo
de avaliação das experiências de gestão de recursos hídricos e de formulação de propostas.
Trata-se de um marco histórico, de grande significado e importância para a gestão dos
recursos hídricos no Brasil: a água passa a ser dotada de valor econômico. Pode-se
argumentar que a própria instalação dos Conselhos Nacionais de Recursos Hídricos (CNRH),
teria implicado em delegação dos encargos de regulação ao Conselho e às suas câmaras
temáticas (Disponível em: <http://www.bancomundial.org.br>. Acesso em 22/05/04).
Com efeito, nota-se que muitas das resoluções aprovadas cobrem, ao menos em
parte, algumas das lacunas existentes na regulamentação da Lei Nacional. A
proporcionalidade entre os segmentos de gerenciamento foi definida pelo Conselho Nacional
de Recursos Hídricos, através da Resolução nº 05, de 10 de abril de 2000, que estabelece
diretrizes para formação e funcionamento dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Segundo esta
Resolução no Art 8º, consta que o Comitê deve ser composto por 40%, de representantes dos
9
usuários da água, no máximo, 40% de representantes dos governos municipais, estaduais,
federal e no mínimo, 20% da sociedade civil organizada.
A iniciativa para a criação da Agência Nacional de Águas (ANA), surgiu porque
reclamavam medidas capazes de superar ações de natureza episódica e, a partir desta
perspectiva, do reconhecimento da complexidade e das dificuldades inerentes à
implementação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGRH).
Igualmente, ao sinalizar concretamente suas diretrizes de descentralização,
delegando competências e atribuições ao Governo do Paraná através da Superintendência de
Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA), para
outorga, fiscalização, monitoramento e cobrança pelo uso da água, no âmbito do complexo
formado pelas bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira, correspondente à Região Metropolitana
de Curitiba, onde os problemas de recursos hídricos apresentam inequívoco caráter local (uso
e ocupação do solo, principalmente), não obstante o domínio federal nas calhas principais dos
rios Iguaçu e Ribeira (Disponível em: <http://www.pr.gov.br/suderhsa>. Acesso em
22/05/2004).
Como exemplo, pode-se citar o derramamento de petróleo ocorrido em 16 de julho
de 2000, na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária. Com início no rio Birigui
afluente do Iguaçu chegando ao município de Balsa Nova, aproximadamente 60Km, à jusante
no rio Iguaçu, Figura 1.
Figura 1 – Mancha de óleo sobre as águas.
Fonte: Disponível em: <http://www.milenio.com.br/corvo/redeverde07-
2000.html>. Acesso em 29/05/04.
Outros tipos de impacto muito freqüente são as usinas termoelétricas que lançam
águas com temperatura elevada nos corpos de água; afetando o ecossistema de várias
maneiras. As usinas hidrelétricas dependem, em geral, da existência de uma barragem que
crie um desnível entre as superfícies livres de água localizadas para um aproveitamento de
10
energia potencial ou cinética da água. Como conseqüência o rio, a montante da barragem,
transforma-se em lago, alterando o ecossistema aquático, pois ele passa de um ambiente de
altas velocidades e alta turbulência (rio), para um ambiente de baixas velocidades e baixa
turbulência (lago) (BRAGA et al., 2002). Em ambos os casos (termoelétricas e hidrelétricas),
os requisitos de qualidade da água são pouco restritivos, a não ser pelo controle de substâncias
que possam afetar a durabilidade e manutenção dos equipamentos utilizados.
No primeiro governo de Getulio Vargas, chamado período do Estado Novo, o Brasil
com influência internacional, investiu nos setores básicos da economia, iniciando-se com a
siderurgia, petróleo e transportes. Nas décadas de 50, 60 e 70 atingiu praticamente todos os
setores estratégicos da economia de base, tais como comunicações, saneamento, energia,
transporte, petroquímica, siderurgia, comércio exterior e até mineração, observando-se maior
destaque para o desenvolvimento na década de 70, que se deve à importação de tecnologias e
da enorme inserção do capital estrangeiro com investimento direto no setor produtivo de bens
de consumo (ROSS, 1999).
Sobre o desenvolvimento do setor energético, Ross (1999) afirma:
É nesse contexto de Estado forte, que o setor energético, sobretudo o
hidrelétrico, teve um grandioso desenvolvimento e é justamente na região
Sudeste, onde isto se manifesta de forma mais acentuada, seguida pela
região Sul e Nordeste. Surgem e desenvolvem-se importantes empresas
estatais geradoras e distribuidoras de energia elétrica, com destaque para as
empresas da União, tais como Furnas, CHESF, ELETRONORTE,
ELETROSUL, ITAIPU BINACIONAL e as Estaduais como a CESP,
COPEL, CEMIG, ELETROPAULO, entre outras de menor
representatividade.
Pode-se constatar o grande e eficiente desenvolvimento tecnológico no setor
hidrelétrico brasileiro nas décadas de 60 a 80. Neste período houve intensa atividade no
processo de instalação de geradoras e aumento da produção, com poderosas redes de
transmissão e retransmissão de energia elétrica interligadas por quase todo o território
nacional.
Muitas hidrelétricas em fase de projetos ou em construção no Brasil ficaram
paralisadas por quase 10 anos na segunda metade da década de 80, até que se realizaram
estudos ligados às questões ambientais para as obras, atendendo a exigência dos órgãos de
financiamento internacionais (sob pressão das organizações não governamentais ligadas a
questão ambiental) e pelos órgãos ambientais estaduais e federais que se obrigaram a criar leis
e resoluções.
11
De acordo com Ross (1999), das pesquisas ambientais até então desenvolvidas para
as hidrelétricas, tanto na Amazônia como nas bacias do Paraná-Uruguai, pode-se listar uma
série de impactos de caráter social e ao meio natural, verificados em função dos diferentes
momentos de implantação das barragens para geração de energia elétrica.
Na fase de construção pode-se citar: 1) Impactos diretos ao meio físico-biótico, por
exemplo, desmatamento para a instalação de canteiros de obras, alojamentos e vila
residencial. 2) Impactos diretos no âmbito sócio econômico, por exemplo, crescimento
demográfico intenso com surgimento de favelas e deficiência infra-estruturais.
Na fase de enchimento e operação do reservatório: 1) Impactos diretos ao meio
físico-biótico, por exemplo, com alteração do regime fluvial do rio, regularização da vazão e
erosão e deslizamentos nas margens. 2) Impactos diretos no âmbito sócio econômico, por
exemplo, com desalojamento de populações ribeirinhas rurais e urbanas, criação de um falso
desenvolvimento que tende a desaparecer.
Ainda destaca-se a fase de conclusão da obra: 1) Impactos com o término da
construção, por exemplo, desequilíbrio social pela queda do nível de renda, esvaziamento
demográfico com forte emigração urbana.
Para promover o desenvolvimento sócio-econômico no Brasil, há necessidade de
produção de energia através das hidrelétricas, que possuem o tempo de vida útil estendendo-
se, por 50 a 100 anos dependendo das condições de manutenção e das características naturais
e sócio-econômicas do local.
Observa-se a necessidade da preservação do recurso hídrico como fonte geradora de
energia elétrica limpa, importante tanto para o fator econômico-social quanto para o
ambiental. Esta energia é muito utilizada pelas sociedades modernas, pois, atividades
produtivas ou não, necessitam deste recurso.
2.1.3. As hidrelétricas e a produção de energia no Estado do Paraná
A industrialização brasileira se desenvolveu a partir de 1940. Neste período
necessitou-se reestruturar o sistema elétrico no sul do país. Surgiram pequenas usinas
termelétricas e hidrelétricas com produção de energia gerada em capacidades não superior a
20mW, atendendo a demanda local de consumo.
No ano de 1961, o Governo Federal criou as Centrais Elétricas Brasileiras S. A.,
denominada ELETROBRÁS. Após sua instalação as empresas estrangeiras pertencentes ao
12
Grupo American Foreign Power (AMFORP), como a companhia Força e Luz do Paraná e
outras passaram a ser subsidiárias e para atuar mais diretamente na Região Sul, a
ELETROBRÁS constituiu as Centrais Elétricas do Sul (ELETROSUL), como empresa
construtora, produtora e distribuidora de energia (IBGE, 1977).
A ELETROSUL foi fundada em 1968, para fornecer maior produção de energia
elétrica, promovendo o crescimento econômico da região, atuando através de
empreendimentos e organização de infra-estrutura, sua participação no mercado regional de
energia elétrica atingiu 64%, correspondendo a 14% do mercado brasileiro em 1996.
Esta é uma empresa de grande importância para o país, tendo um papel dos mais
expressivos na integração energética, econômica e política na Região Sul, Mato Grosso do Sul
e no âmbito do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul).
No Estado do Paraná, através do poder público, criou-se, em 1954, a Companhia
Paranaense de Eletricidade S.A. (COPEL). Em 1956, agregaram-se a empresa os Serviços de
Luz e Força de Maringá, Apucarana, Pirapó, Cambira e Campo Mourão, antes administrados
pelo Governo do Estado.
Foi construído na década de 60, pela COPEL, as pequenas Usinas Melissa, Ocoí,
Chopim 1, Mourão 1, Salto Grande do lguaçu e Figueira. Estas usinas amenizaram a falta de
energia no Estado do Paraná, mas não foram suficientes, pois Curitiba necessitava de grande
quantidade de energia, devido o seu desenvolvimento e como recurso recebeu parte da energia
produzida no Estado de São Paulo.
Os racionamentos eram constantes e o número de consumidores crescia
assustadoramente em todas as categorias: entre 1960 e 1970, os consumidores residenciais
passaram de 17.055 para 126.528; o número de ligações industriais saltou de 96 para 1.833 e
as localidades atendidas cresceram de 14 para 245. No início da década de 70 foram
concluídas as Usinas: Salto Grande do Iguaçu, Julio de Mesquita Filho e Capivari-Cachoeira
– obra que representou um passo fundamental na constituição da infra-estrutura indispensável
para a aceleração do desenvolvimento paranaense. Salto Osório (construída pela COPEL, por
delegação da ELETROSUL) e Foz do Areia foram, nos anos 70, os dois maiores projetos da
Companhia, (Disponível em:<http://www.copel.com.br>. Acesso em 29/05/2004).
Os anos 80 marcaram a inauguração da Usina Hidrelétrica de Foz do Areia, em 12 de
dezembro de 1980, com unidades geradoras que eram então as maiores do Brasil (4 x
419mW). Com a operação da Foz do Areia, a geração própria da COPEL atingiu 2.9 bilhões
de kWh, contra 1.9 bilhões do ano anterior. Iniciaram-se estudos visando ao empreendimento
da Usina de Segredo (1.260 mW, inaugurada em setembro de 1992) e seu complemento com a
13
derivação do Rio Jordão (concluída em 1996), assegurando-se a outorga da concessão para
construir a Usina Hidrelétrica de Salto Caxias (1.240mW, inaugurada em março de 1999).
Atualmente, em termos percentuais, a COPEL responde sozinha por algo como
aproximadamente, 7% de toda a eletricidade gerada no Brasil, através de suas unidades
geradoras, Tabela 2.
A geração de energia é também, um fator importante na economia do Estado do
Paraná. A variabilidade da precipitação pluvial é um condicionante essencial no planejamento
dessa atividade. Além do conhecimento do regime pluviométrico, do ponto de vista
climatológico, é necessário o conhecimento do impacto das variações climáticas, sobre a
chuva. Isso permite adequar o planejamento a essas variações e tornar mais eficiente e
racional a utilização de recursos hídricos (GRIMM & FERRAZ, 1997).
Tabela 2 – Unidades geradoras de energia da Copel no Estado do Paraná.
Geração Própria Potência Instalada (mW)
Hidrelétricas 4,530
Gov. Bento Munhoz da Rocha Netto (Foz de Areia) 1,676
Gov. Ney A.de Barros Braga (Segredo) 1,260
Salto Caxias 1,240
Gov. Parigot de Souza (Capivari – Cachoeira) 260
Guaricana 36
Chaminé 18
Outras 40
Total 4,530
Fonte:Disponível em:<http://www.copel.com.br>. Acesso em 29/05/2004.
Ao longo das últimas décadas, a oferta de energia tornou-se insuficiente para fazer
frente ao crescimento da demanda em todo o Brasil. Houve necessidade de se buscar
alternativa para a produção de energia elétrica com o intuito de suprir as faltas e evitar os
“apagões” que foram realidade na estiagem do ano de 2002, especificamente em algumas
importantes regiões do país, tais como sudeste, nordeste e centro-oeste do Brasil.
O consumo de energia elétrica aumentou, aproximadamente, 165% em vinte anos, no
período entre 1980 a 2000. Constatou-se que a capacidade instalada de geração cresceu,
aproximadamente, 122%, causando evidente descompasso, conforme mostra a Tabela 3.
No Estado do Paraná o consumo acumulado até o mês de junho de 2004 foi de
8.799GW/h, comparando com o mesmo período para o ano de 2003 (8.652GW/h), ocorrendo
um aumento de 1.7% no consumo dividido em várias classes de uso, conforme a Tabela 4.
O Instituto Ilumina (2004), cita que no editorial do jornal Gazeta Mercantil, em
reportagem editada no dia 02 de abril de 2003, noticiou-se, claramente, a perspectiva para os
próximos anos:
14
O setor elétrico brasileiro vive um vácuo de políticas públicas de longo
prazo. Essa é a razão pela qual o Brasil corre o risco de enfrentar nova crise
de abastecimento de energia elétrica em 2005, possibilidade já vislumbrada
por agentes do setor e admitida por representantes do Governo Federal
ligados a área (DISPONÍVEL em:<http://www.institutoilumina.com.br
>.
Acesso em 28/05/2004).
Tabela 3 - Expansão do consumo e da capacidade instalada de energia
elétrica - Brasil 1980-2000
Anos Consumo Capacidade Instalada
1980 100,0 100, 0
1983 116,3 120,6
1985 142,2 134,4
1990 177,9 164,8
1995 215,8 183,5
2000 265,5 222,6
Fonte:Disponível em:< http://www.ilumina.org.br/de95a2000.html>. Acesso em 28/05/2004.
Tabela 4 - Consumo de energia – GW/h no Paraná.
Consumo de Energia – GW/h Acumulado
Classes Jun/2004 Jun/2003 %
Residencial 2,235 2,204 1,4
Industrial 3,502 3,535 -1,0
Comercial 1,522 1,442 5,6
Rural 681 635 7,2
Outros 859 836 2,7
Fonte:Disponível em:<http://www.copel.com.br>. Acesso em 29/05/2004.
Ainda complementa que Guedes Filho et al., 2002, em sua obra Energia – as razões
da crise e como sair dela, afirma que:
A crise tornou mais do que evidente a necessidade de investir no setor.
Segundo o planejamento indicativo da Eletrobrás, até 2010 é preciso
aumentar a capacidade de geração nos sistemas interligados em 46.204
megaWatts no ‘cenário de referência’, o cenário básico de trabalho desse
órgão ou em 53 mil megaWatts em um cenário de crescimento mais
elevado da economia, chamado pela Eletrobrás de ‘mercado alto’. O
‘cenário de referência’ usado para esse planejamento considera um
crescimento da oferta de 5.3% ao ano entre 2001 e 2010, com acréscimo de
27.635 megaWatts no final do período (DISPONÍVEL
em:<http://www.institutoilumina.com.br
>. Acesso em 28/05/2004).
No site: www.cidadesdobrasil.com.br (2004) faz importante menção ao assunto, ao
afirmar que:
15
O Paraná vai apoiar a construção de pequenas usinas hidrelétricas pela
iniciativa privada. Foi criado o Programa de Geração Distribuída -
Projedis, que prevê a construção de hidrelétricas e termoelétricas com
baixíssimo impacto ambiental. Isso significa novas oportunidades de
emprego e de crescimento para o estado (DISPONÍVEL
em:<http://cidadesdobrasil.com.br
>. Acesso em 29/05/2004).
Observa-se que o Brasil possui um potencial hidrelétrico da ordem de 200 mil mW/h
para ser explorado, chegando a atingir o dobro da capacidade instalada. Isto é possível com a
construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCH). Este potencial se localiza principalmente
nas regiões Sul e Sudeste, onde se apresentam em condições favoráveis para a produção e
transmissão dessa energia.
No Paraná a disponibilidade de seu potencial energético produzido pelas suas usinas
é de 27.359GW/h, segundo dados estatísticos de 1990. Desse total, fornece 18.304GW/h para
outros estados e também para o exterior.
2.1.4. Usinas hidrelétricas no rio Iguaçu
O rio Iguaçu possui aproximadamente, 900Km, constituindo em uma
extraordinária e diversificada paisagem. É um rio geologicamente antigo, caracterizado por
corredeiras e saltos alternados com meandros com curvaturas amplas e várzeas extensas. Com
estas características, suas cabeceiras foram intensivamente exploradas para a extração de
areia, e seu curso médio sofreu ao longo dos últimos 20 anos, sensíveis alterações
conseqüentes da implantação de grandes barragens. Com estes represamentos o rio apresenta
35% de sua extensão transformada em lagos artificiais (PARANÁ, 1988).
As principais usinas hidrelétricas da bacia do rio Iguaçu são:
1-Usina Governador Bento Munhoz da Rocha
É a maior usina da COPEL, com capacidade de 1.676mW de potência, Figura 2. Está
localizada no rio Iguaçu, a 5Km da jusante da foz do rio Areia, a 240Km de Curitiba, no
município de Pinhão, Figura 8.
Segundo a COPEL (2004), devido a uma prolongada estiagem de 1977 a 1978, que
provocou racionamento de energia em Curitiba, as obras de construção desta usina foram
aceleradas permitindo sua inauguração em 12 de dezembro de 1980. Suas unidades geradoras
eram, então, as maiores em operação no Brasil.
16
Figura 2- Usina Governador Bento Munhoz da Rocha Netto (Foz de Areia)-Paraná.
Fonte: Maria Teresa de Nóbrega (2004).
2- Usina Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga
É a segunda usina da COPEL em potência instalada (possui capacidade de 1.260mW,
Figura 3. Está localizada no rio Iguaçu, a 2Km da montante da foz do rio Jordão, no
município de Mangueirinha, a aproximadamente 285Km de Curitiba), conforme a Figura 8.
Figura 3 - Usina Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga
(Segredo) - Paraná
.
Fonte: Disponível em:<http://www.copel.com.br>. Acesso em 29/05/2004.
3- Usina Hidrelétrica Salto Caxias
A Usina Hidrelétrica Salto Caxias é uma das mais importantes da COPEL e possui
capacidade de 1.240mW de potência, Figura 4. Está situada no município de Capitão
Leônidas Marques, a 600Km de Curitiba, (Figura 8).
4-Usina Hidrelétrica Salto Osório
Localizada no município de Quedas do Iguaçu, no Paraná, Figura 8 iniciou sua
operação em 1975 e foi ampliada em 1980. Possui seis geradores de 175mW e sua capacidade
instalada é de 1.050mW. Seu reservatório ocupa a área de 55Km
2
, Figura 5.
17
Figura 4- Usina Hidrelétrica Salto Caxias – Paraná
Fonte: Disponível em:<http://www.copel.com.br>. Acesso em 29/05/2004.
Figura 5 -Usina Hidrelétrica Salto Osório – Paraná.
Fonte: Disponível em: <http://www.eletrosul.gov.br
>. Acesso em 18/05/04.
5- Usina Hidrelétrica Salto Santiago
Localizada no município de Saudades do Iguaçu, Paraná (Figura 8), iniciou sua
operação em 1980. Possui quatro geradores de 355mW e sua capacidade instalada é de
1.420mW. Seu reservatório ocupa a área de 208Km
2
, Figura 6.
Figura 6 – Usina Hidrelétrica Salto Santiago – Paraná.
Fonte: Disponível em: <http://www.eletrosul.gov.br>. Acesso em 18/05/04.
18
6- Usina Hidrelétrica de Santa Clara
Localizada no rio Jordão entre os municípios de Pinhão e Candói (Figura 8), na
região central do Paraná com 120 mW de potência (Figura 7). Foi inaugurada no dia 29 de
setembro de 2005, fazendo parte de um complexo energético juntamente com a Usina Fundão
prevista para entrar em funcionamento no segundo semestre de 2006, com a mesma
capacidade. E outras duas pequenas centrais hidrelétricas (PCH), estas agregarão ao complexo
mais 5,9 mW (Disponível em:<http://www.ambientebrasil.com.br>. Acesso em 15/10/05).
Figura 7 – Usina Hidrelétrica Santa Clara – Paraná.
Fonte: Disponível em:<http://www.ambientebrasil.com.br>. Acesso em 15/10/05.
Figura 8 – Localização das Usinas Hidrelétricas na bacia rio Iguaçu.
Fonte: Azevedo (2005).
2.2. CLIMA : sua escala de abordagem no estudo geográfico
Ao se realizar qualquer estudo na área geográfica, deve-se considerar a escala de
abordagem que se utilizará, proporcionando clareza na análise dos resultados obtidos.
Existem duas maneiras distintas de se utilizar escalas de abordagem, uma é a
espacial a outra temporal. Segundo Bessat (2003) para o clima tem-se um grande espectro de
19
escalas temporais (diária, mensal, sazonal, anual, decenal e de períodos mais longos) e
espaciais (escala local ou micro, regional ou meso e global ou macro).
Monteiro (1999), faz uma observação sobre as diferentes escalas geográficas do
clima:
Se a escala zonal generaliza, pelas leis gerais da influência da latitude
sobre a radiação – fundamento básico da energia terrestre – e a escala local
diversifica e multiplica, pela influência dos múltiplos e pequenos fatores
das diferentes esferas do domínio geográfico, a escala regional lhes dá a
verdadeira unidade geográfica .
A escala temporal ao se tratar de fenômenos climáticos deve ser escolhida, segundo
o objetivo a ser estudado, no entanto, o período de 30 anos, (uma série climatológica) é
considerado como sendo o mínimo para se analisar o comportamento dos fenômenos
climáticos.
Para a escolha da escala espacial é necessário além do objetivo, ter também o
objeto de estudo em sua grandeza particular (local, regional ou global). Assim utiliza-se em
busca de melhores análises a escala do geossistema, pois se pode analisar uma série de dados
e fenômenos da paisagem com maior riqueza de detalhes possíveis, buscando a necessária
inter-relação entre eles (RODRIGUES, 2001).
O geossistema teve sua origem a partir da Teoria Geral dos Sistemas, formulada
pela escola russa através de Sotchava em 1960, mas difundida no Brasil por Bertrand em
1968, promove o reconhecimento de unidades espaciais com características elementares,
relacionais e dinâmicos, semelhantes entre si, mesmo incluindo-se o antrópico
(RODRIGUES, 2001).
Sotchava (1976), propôs uma divisão taxonômica para a análise geossitêmica que
se permite usar qualquer objeto da Geografia, Biologia ou Ecologia como instrumento de
pesquisa. O que não exclui a possibilidade ou existência de “sistemas totais que representem
sistemas geográficos, econômicos, sócias e técnicos”.
Bertrand (1972), define que a classificação deve ser proposta em função da escala
temporo-espacial. Haveria unidades superiores, compatíveis com as “zonas”, “domínios” ou
“regiões naturais” e unidades progressivamente inferiores, que definiriam os “geossistemas”,
“geofáceis” e “geótopos”.
Através desta concepção o geossistema poderia englobar três formas de análise: a
global, regional e a topológica, com suas especificidades particulares e interligadas.
Entre as várias discussões sobre a dificuldade de se expressar à dinâmica social
dentro da teoria de geossistema, notou-se que outras considerações poderiam ser formuladas
20
com o intuito de explicitar o quadro de referência para a aplicação da proposta. Esta seria
realizada, por exemplo, por organogramas representativos de geômeros ou de outros tipos de
representações, tais como perfis transversais (RODRIGUES, 2001).
A bacia hidrográfica é reconhecida como unidade espacial na Geografia Física
desde os fins dos anos 60 e pode ser classificada como um geossistema, contudo, durante a
última década, foi incorporada pelos profissionais das Ciências Ambientais, como célula
básica de análise ambiental. A bacia hidrográfica permite conhecer e avaliar seus diversos
componentes e os processos e interações que nela ocorrem (BOTELHO & SILVA, 2004).
Na análise de um geossistema a questão ambiental pode ser enfocada, de acordo
com Pires e Santos (1995), qualidade ambiental pode ser definida como a soma dos padrões
encontrados nos diversos componentes que nos cercam e influenciam diretamente nossa vida:
qualidade da água, do ar, estética, dentre outros. É preciso entender qualidade ambiental como
reflexo da ação do homem sobre o espaço e seus componentes em um dado momento. Os
diferentes níveis de qualidade encontrados são variáveis no tempo e no espaço e são
dependentes das demandas e usos dos recursos naturais por parte das sociedades marcadas
econômica e culturalmente de formas variadas.
O clima e as variações climáticas exercem grandes influências sobre a sociedade.
Ayoade (1996), define que clima é a síntese do tempo num dado lugar durante um período de,
aproximadamente, 30 a 35 anos. O clima, portanto, refere-se as características da atmosfera,
inferidas de observações contínuas durante um longo período, uma sucessão de tempos.
Tempo é o estado médio da atmosfera numa dada porção de tempo e em determinado lugar.
Max Sorre (1951), define clima como sendo o ambiente atmosférico constituído pela
série de estados da atmosfera, acima de um lugar em sua sucessão habitual, da ênfase às
diversas combinações que caracterizam o tempo meteorológico.
Monteiro (1999), se refere à concepção de clima longe de ser analítica é sintética:
O tempo (wheather) é um estado momentâneo da atmosfera sobre um
lugar, fatalmente destinado a uma contínua mutação ao longo do
desenvolvimento cronológico. Nesse sentido será um elemento básico, cujo
ritmo de sucessão desencadeará padrões de seqüências cuja repetição –
assemelhada ou diferenciada – vai conduzir aquela difícil concepção de
“habitual” ou mais freqüente. Se o tempo meteorológico é um “eventual”
que se configura (referência) no contexto de um dia (24 h), o clima é algo
que se manifesta através da percepção dos “regimes”, ou seja, a variação
anual. Se os regimes são observações feitas separadamente para os
diferentes “elementos” (pressão, temperatura, umidade, precipitações,
ventos, etc) a noção sintética de clima advém do ritmo de sucessão dos
tipos de tempo, configurados em “cadeias” nas sucessões mais habituais.
21
Segundo Monteiro (1991), em nível regional, à medida que se percebem as
correlações complexas e uma concepção mais comportamental e complexa do clima é que se
dá conta como os estados de tempo oscilam, admitem desvios e produzem “acidentes” que
não podem ser considerados excepcionais. Mesmo os mais graves, por vezes catastróficos,
estatisticamente poderiam ser tomados como “ruído”, seu impacto local ou regional e a reação
em cadeia que se lhes segue, fazem com que eles não possam ser descartados, sobretudo por
suas repercussões sócio-econômicas, tanto por injúrias imediatas como pelo efeito de
“desregularização” da produção agrícola, do sistema hidro-energético, da rede de transportes,
dentre outras.
O homem terá que possuir a capacidade de adaptação que diz respeito à habilidade
do sistema (vulnerabilidade e sensibilidade), para se ajustar às mudanças climáticas, tirando
vantagens de eventuais situações benéficas ou enfrentando as conseqüências para moderar os
danos (IPCC, 2001b).
2.2.1. Variabilidade climática e freqüência da intensidade da precipitação pluvial
O perfil climático do globo vem sofrendo transformações ao longo do tempo,
produzindo uma sucessão de quadros ambientais. Relevos residuais, páleo-solos, depósito de
fósseis, associações vegetais relictuais, por exemplo, comprovam mudanças significativas nas
características climáticas em macro, meso e micro-escalas, frutos de desvios operados na
dinâmica atmosférica, ou seja, nos padrões de circulação, mormente nas médias e baixas
latitudes (CONTI, 2000).
O clima varia em geral, ao longo do ano devido o movimento de translação em torno
do Sol que caracteriza a variabilidade sazonal. Muitos elementos climáticos como temperatura
e umidade do ar, por exemplo, apresentam também marcada variação diurna, associada ao
movimento de rotação da Terra. Para além da variabilidade de tipo cíclico associado a
movimentos astronômicos, aproximadamente periódicos, o clima apresenta uma variabilidade
natural interna, não periódica, muito complexa, que faz com que um dado ano seja diferente
de anos anteriores e de anos seguintes. Sabe-se que este tipo de variabilidade pode, em parte,
ser provocada por variações da intensidade da radiação solar e por variações na transparência
da atmosfera associadas, por exemplo, às erupções vulcânicas. Entretanto, existiria
variabilidade climática mesmo que não existisse este tipo de variações no forçamento pela
radiação solar. De fato, existe variabilidade climática que está apenas associada a fenômenos
22
de interação, com realimentação, entre a atmosfera (componente de variação rápida do
sistema climático, com mudanças sucessivas do estado do tempo) e os restantes componentes
do sistema climático, de resposta mais lenta, designadamente os oceanos, os gelos e a
cobertura de neve (Disponível em: <http://www.meteo.pt>. Acesso em 22/06/04).
A Organização Mundial de Meteorologia (OMM), propôs um quadro de definições,
onde define o termo variabilidade climática como:
Maneira pela qual os parâmetros climáticos variam no interior de um
determinado período de registro, expresso através de desvio padrão ou
coeficiente de variação (OMM, 1966).
Pode-se estudar as variabilidades climáticas nos trópicos, pois tende a ser mais
variável do que na região temperada e também mais sazonal em sua incidência dentro do ano.
O índice de variabilidade é a medida do grau de probabilidade da quantidade média que se
repete a cada ano, posto ou mês, dependendo do período de consideração (AYOADE, 1996).
Santos (2000) faz um breve resumo de como se analisa esta variabilidade
climática:
Existem várias técnicas para se medir a variabilidade, porém as duas
comumentes usadas nos estudos de precipitação são a variabilidade relativa
e o coeficiente de variação. Assim, o coeficiente é considerado o mais
expressivo quando os dados são normalmente distribuídos, enquanto o
índice de variabilidade relativa é usado em situações onde os dados não são
normalmente distribuídos. No geral, os totais anuais de precipitação são
normalmente distribuídos, exceto em áreas onde a precipitação pluvial anual
média seja inferior a 750mm.
Considera-se que a baixa variabilidade implica que a precipitação média de
um determinado lugar é confiável, enquanto a alta variabilidade implica
ambas flutuações em torno do valor médio.” (SANTOS, 2000, pág. 70).
Quando a variabilidade da precipitação pluviométrica se caracteriza como positiva,
provoca enchentes e desastres que podem prejudicar regiões inteiras, em alguns casos, até
mesmos países inteiros. Vários são os fatores associados que culminam nos desastres, o
principal deles é a falta de planejamento na ocupação antrópica.
Azevedo (1974), realizou estudos em nível de Brasil, focalizando a variabilidade
dos valores mensais de precipitação pluvial para a região sul do Centro-Oeste, região sudeste
e norte da região Sul e comprovou que, os seis meses consecutivos mais chuvosos (outubro a
março), contribuem com valores superiores a 85% das chuvas, que decrescem
acentuadamente de norte para sul, chegando a 60%, no sul de Mato Grosso do Sul e em São
23
Paulo, onde não chega a apresentar características nítidas de seis meses consecutivos mais
chuvosos.
Enquanto alguns autores ainda sustentam que as derivações antrópicas seriam as
principais causas das alterações na variabilidade das chuvas, Monteiro (1969, 1973),
argumentava sobre a temeridade de se afirmar que a influência do homem seria capaz de tais
alterações nas escalas regionais do clima.
Nery et al., (1994), buscaram uma explicação para a variabilidade pluviométrica
no Estado do Paraná e concluíram que o fenômeno ENOS exerce uma significativa influência
na distribuição pluviométrica temporal, enquanto a orografia desempenha um papel de
forçante da chuva neste Estado. A bacia do rio Iguaçu deve ser analisada, podendo ser uma
área representativa destas características.
Segundo Ferreira (1999), as anomalias afetam mais as atividades humanas por
serem na maioria das vezes, não previstas. Alguns casos de anomalias de precipitação pluvial,
no Sul do Brasil estão associados a fenômenos extremos. Sendo, portanto muito importante o
estudo da circulação da atmosfera para melhor conhecer os processos que atuam na região.
Segundo diversos estudos de Kousky e Cavalcanti (1984), a anomalia da precipitação pluvial
no Brasil está associada ao fenômeno ENOS. Situada ao sul do paralelo de 23°27’, a região
Sul apresenta forte sinal deste fenômeno citado, que determina principalmente, grande
variabilidade da precipitação pluvial, conforme demonstraram, entre outros, Rao e Hada
(1990), Studzinski (1995), Fontana e Berlato (1997).O mecanismo de formação da
precipitação requer ascensão de ar suficiente quantidade de vapor de água. A contribuição de
umidade no sul do Brasil parece resultar de duas fontes principais Oceano Atlântico e floresta
Amazônica.
O anticiclone do Atlântico é um sistema de pressão semipermanente que muda sua
posição ao longo do ano alcançando sua posição mais austral durante o verão do Hemisfério
Sul. O percurso oceânico do ar, proveniente deste anticiclone, introduz vapor de água ao
continente assim como o vento procedente do norte, que tem tido um amplo percurso sobre a
floresta Amazônica. A entrada da Convergência Intertropical (CIT) ao centro do continente
Sul Americano durante a primavera parece facilitar a entrada do ar tropical úmido no sul do
Brasil e na Argentina Subtropical e, portanto poderia ter uma relação com a ruptura da seca
invernal nesta região (GONZALEZ et al., 1998).
Com relação à variabilidade de precipitação pluvial, Azevedo (1974), observou na
região Sul do Brasil que a precipitação anual é ligeiramente superior comparativamente à
região Sudeste. No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná, os coeficientes de
24
variação de alturas anuais variam entre 20 a 30%. Quanto ao regime pluviométrico calculou-
se todas as combinações possíveis de 2, 3, 4, 5 e 6 meses consecutivos, e constatou-se que
setembro é o mês mais chuvoso somente para a porção leste do Rio Grande do Sul e sudeste
de Santa Catarina, mas com índices de contribuição muito baixos, e outubro é o mês mais
chuvoso para oeste do Paraná e oeste do Rio Grande do Sul. Com relação ao mês mais seco,
considerou-se que na região Sul não existe um mês que se poderia chamar de seco. No Rio
Grande do Sul, geralmente novembro é o mês com menor parcela de contribuição
(aproximadamente 6% da média anual). No Estado do Paraná julho e agosto são os dois
meses consecutivos mais secos, ficando dezembro, janeiro e fevereiro como os meses mais
chuvosos. No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a caracterização dos três meses mais
chuvosos é pouco significativa, pois as chuvas se distribuem quase que igualmente durante
todo o ano. Com relação aos índices de mudança, mês a mês, para todo o Brasil, os valores
mais baixos foram observados no Rio Grande do Sul.
Segundo Grimm et al., (1997) para o Sul do Brasil na fase do ENOS, os impactos
são maiores em toda a metade norte – oeste do Rio Grande do Sul, ocorrendo aumentos
médios de precipitação pluvial de 40 a 60mm. Esses autores mostraram também, que na
primavera as regiões do Estado do Paraná mais influenciadas pelo fenômeno, são o sudoeste e
o litoral.
Na fase fria (La Niña) observou-se, no Rio Grande do Sul, precipitação abaixo da
media climatológica, em períodos do ano coincidentes com os da fase quente. Em relação à
distribuição espacial, verificou-se que a porção oeste é a mais afetada, apresentando reduções
de 80 a 120mm, em grande parte do Estado, sendo as diferenças crescentes no sentido leste –
oeste (FONTANA E BERLATO, 1997).
As chuvas intensas são responsáveis pela erosão dos solos e pela concentração de
águas pluviais em vales e zonas ribeirinhas. Assim, o conhecimento das relações entre
intensidade, duração e freqüência dessas chuvas é de enorme importância para o projeto de
obras de controle de erosão e de estruturas hidráulicas de fluxo para águas pluviais, como
galerias, bueiros, extravasadores de barragens, vãos de pontes, etc. Eltz et al., (1992) afirmam
que a análise de freqüência é uma técnica estatística importante no estudo das chuvas, em
razão da grande variabilidade temporal e espacial das precipitações pluviais, as quais não
podem ser previstas em bases puramente determinísticas.
Em relação à chuva, talvez o aspecto mais importante para a agricultura em geral,
além da sua quantidade e variabilidade, seja a sua freqüência, isto é, o número de dias, dentro
de um mês ou posto, no qual ocorra esse evento (ASSIS, 1991).
25
A freqüência da intensidade da precipitação pluvial pode ser definida, como o
intervalo de tempo médio entre a ocorrência de chuva de uma determinada intensidade e a de
outra de intensidade igual ou superior (Disponível em: http://www.prossiga.com.br. Acesso
em 05/11/04).
Sendo a chuva um processo aleatório, onde a quantidade, distribuição e formas de
ocorrência podem variar amplamente, torna-se importante e necessário o estudo de um tempo
mínimo de dados de precipitação pluvial que venha refletir o comportamento de uma região
(CASTRO, 1994). Francisco (1991), considera que uma série de dados, para expressar
significativamente o processo que ocorre em uma dada região, abrange um período mínimo de
30 a 40 anos.
A precipitação não somente varia quanto à quantidade de um ano, posto ou mês
para outro, como pode também mostrar uma tendência de declínio ou de ascensão durante um
determinado período. As flutuações e as tendências da precipitação pluvial varia de acordo
com o intervalo de tempo utilizado.
Na região Sul tanto a uniformidade como as unidades são dadas pelos fatores
climáticos dinâmicos, uma vez que o Sul do Brasil é uma região de passagem da frente polar
em frontogênese, o que o torna constantemente sujeita a bruscas mudanças de tempo pelas
sucessivas invasões de tais fenômenos frontogenéticos, em qualquer estação do ano. Os
fatores geográficos, representados, sobretudo, por um relevo de formas simples, não criam
grandes interferências àquelas características impostas pelos fatores dinâmicos (NIMER,
1979).
2.2.2. O fenômeno El Niño e sua dinâmica
Denomina-se El Niño, ao aquecimento acima do normal das águas oceânicas no
setor centro-leste do Oceano Pacífico Tropical, desde a costa da América do Sul (próximo ao
Peru e Equador) até, aproximadamente, a Linha da Data Internacional (longitude de 180°). A
corrente de águas quentes que ali circula, normalmente, em direção sul no início do
verão somente recebe o nome de El Niño quando a anomalia térmica atinge
proporções muito elevadas (em torno de 4 aC). Em termos sazonais, o fenômeno ocorre
com mais freqüência no período que antecede o Natal, o que explica a origem do nome, que
significa, em espanhol, "o menino", uma alusão ao menino Jesus, que nasceu em 25 de
dezembro (Disponível em: <http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/geografia/geoem/elnino/
26
nome_80.htm> Acesso em 22/06/04).
Segundo Nery (1996), o evento El Niño é um fenômeno que tem sua gênesis no
Oceano Pacífico Equatorial, abrangendo todas as águas tropicais do referido oceano. É uma
teleconecção, entre a atmosfera (células de Walker, geradoras da Oscilação Sul) e as águas do
Oceano Pacífico (fenômeno El Niño, propriamente dito).
Esse fenômeno oceanográfico que provoca modificações nos padrões climáticos
de quase toda a Terra se manifesta em ciclos de 2 a 7 anos, em um período de doze a dezoito
meses a partir do aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, na altura
da linha do equador terrestre. Historicamente, com uma freqüência média de quatro anos. Nos
últimos 12 ou 13 anos, em média, o fenômeno deve ter ocorrido em torno de três vezes, no
entanto, ele ocorreu seis vezes desde 1984, o dobro do número esperado. No ciclo de 97 a 98
a temperatura subiu 4ºC acima da média, enquanto que normalmente a variação de
temperatura é de 1ºC a 1.5ºC, (Disponível em: <http://www.climerh.rct-sc.br/elnino>. Acesso
em 16/06/04).
Em 1877, Gilbert Walker tentou associar aquele fenômeno oceânico local com
outros parâmetros atmosféricos de escala global, no entanto uma explicação mais clara e
correta do mecanismo, só veio aparecer em 1969, graças a J. Bjerknes. Existem ainda algumas
evidências de que o El Niño modifica a circulação das águas frias do fundo do Oceano
Pacífico, fazendo com que diminua a quantidade de nutrientes que naturalmente existe em
abundância nas proximidades do Peru e Equador. Em decorrência deste fato, há quebra na
produção pesqueira daqueles países e uma interferência na fauna das Ilhas Galápagos. Alguns
cientistas já relacionaram, inclusive a influência do El Niño no favorecimento da propagação
de epidemias ou surtos de algumas doenças como a cólera, a dengue, a malária, etc (ARNTZ
& FAHRBACH, 1996).
Esse acoplamento dos oceanos com a atmosfera é um exemplo perfeito, de
como certos problemas científicos requerem um tratamento que envolve vários
componentes ao mesmo tempo, portanto as anomalias climáticas associadas ao fenômeno
El Niño são desastrosas e provocam sérios prejuízos sócio-econômicos e ambientais.
O El Niño se faz notar com maior evidência, quando a alteração regional assume
dimensões continentais e planetárias à medida que provoca desarranjos de toda ordem em
vários climas da Terra. Os ventos alísios diminuem a sua intensidade, sem a força desses
ventos, a água aquecida acumulada na superfície do Pacífico no Sudeste da Ásia se distribui
neste oceano, ao longo da linha do Equador até as costas do Peru. A água quente se concentra
na superfície do oceano, enquanto a corrente marítima fria (Humboldt) fica aprisionada nas
27
profundezas (Disponível em: http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_16/elnino.html.
Acesso em 27/09/04).
O surgimento da fase positiva (El Niño) está associado ao enfraquecimento dos
ventos alísios e caracteriza-se pelo aquecimento das águas superficiais do Pacífico Tropical e
pelo registro negativo do IOS - Índice de Oscilação Sul, (Figuras 9).
Figura 9 – Enfraquecimento da velocidade dos ventos alísios e aquecimento das
águas no Pacífico Tropical.
Fonte: Disponível em:< http://www.climerh.rct-sc.br/elnino>. Acesso em 16/06/04.
Nas últimas duas décadas, cientistas, descobriram que o fenômeno El Niño não
ocorre sozinho: as variações de temperatura no Pacífico estão acopladas a variações de
pressão atmosférica, conhecidas como "oscilações sulinas".
Essas oscilações foram descobertas em 1923, pelo climatologista britânico Gilbert
Walker, que estava tentando entender por que a estação chuvosa conhecida como monção,
deixa de ocorrer na Índia em certos anos. Walker mostrou que existiam padrões irregulares de
oscilação da pressão sobre o Oceano Pacífico que se propagavam de leste a oeste. Essa é a
direção oposta do aquecimento das águas oceânicas que ocorre durante o El Niño (Disponível
em:< http://www.climerh.rct-sc.br/elnino>. Acesso em 16/06/04).
O El Niño provoca o bloqueio das frentes frias no sul do continente sul-americano
pelas duas correntes-de-jato, que são correntes que circulam a aproximadamente, 12Km de
altitude entre as latitudes 40º e 60º de ambos os hemisférios, no sentido oeste/leste.
Assemelham-se a um tubo de ventos com velocidade de 240Km/h na parte central e 80Km/h
na periférica do ENOS (Disponível em:< http://www.climerh.rct-sc.br>. Acesso em
16/06/04).
Também as correntes-de-jato funcionam, como verdadeiras barreiras de ar,
impedindo com que as frentes frias (carregadas de chuvas) sigam seu trajeto normal em
direção ao norte. Na América do Sul são chamadas de Jato Subtropical, mais intensas que o
normal em decorrência do aumento do gradiente de temperatura entre o Equador e os Pólos.
Assim as chuvas que deveriam ser distribuídas ao longo da costa leste da América do Sul
28
acabam caindo sobre a região compreendida entre, o Norte da Argentina e o Sul do Brasil,
(Figura 10) (Disponível em:< http://www.climerh.rct-sc.br>. Acesso em 16/06/04).
Esse aumento da precipitação pluvial ocorre principalmente na primavera
do ano em que o fenômeno se inicia e no outono-inverno do ano seguinte, abrangendo
mais intensamente as áreas próximas ao Oceano Atlântico (GRIMM et al., 1997).
Figura 10 Intensificação do Jato Subtropical e conseqüente
bloqueio dos sistemas frontais.
Fonte: Disponível em:< http://www.climerh.rct-sc.br>. Acesso em 16/06/04.
2.2.3. O fenômeno La Niña
O fenômeno La Niña é também chamado de Anti-El Niño, que é oposto ao El Niño.
Corresponde ao resfriamento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial
Central e Oriental formando uma “piscina de águas frias” nesse oceano. À semelhança do El
Niño, porém apresentando uma maior variabilidade do que este, trata-se de um fenômeno
natural que produz fortes mudanças na dinâmica geral da atmosfera, alterando o
comportamento climático. Nele, os ventos alísios mostram-se mais intensos que o habitual
(média climatológica) e as águas mais frias, que caracterizam o fenômeno, estende-se numa
faixa de largura de cerca de 10° de latitude ao longo do equador desde a costa peruana até
aproximadamente 180º de longitude no Pacífico Central. Observa-se ainda, uma
intensificação da pressão atmosférica no Pacífico Central e Oriental em relação à pressão no
Pacífico Ocidental (Disponível em:< http://www.climerh.rct-sc.br/elnino>. Acesso em
16/06/04).
29
Os ventos alísios de NE e SE sopram dos Trópicos para a Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT): um anel de ar úmido que envolve a Terra próximo à linha
do equador. A ZCIT oscila entre as latitudes 10ºN e 5ºS, região onde os ventos alísios se
encontram. Esse fenômeno (alísios/contra alísios) é chamado célula de Hadley. Os alísios são
responsáveis pela renovação das águas superficiais do oceano. Encarregam-se de deslocar as
águas, normalmente mais quentes, do Pacífico Central em direção ao Sul do Continente
Asiático, abrindo caminho para que a corrente marítima fria e profunda que chega do Pólo
Sul, a Humboldt, venha à tona. Nos anos em que a situação está dentro dos padrões normais,
os ventos alísios ajudam a manter essas águas quentes superficiais do Pacífico presas na
região da Austrália e Indonésia. Nestas circunstâncias, o mar aquece o ar, bombeando vapor
para a atmosfera, o ar sobe, a umidade forma densas nuvens e fortes chuvas se precipitam
sobre essa região, nas chamadas áreas de baixa pressão. Livre dessa umidade o ar segue seu
trajeto em direção às altas camadas da atmosfera, se resfria e desce sobre o oceano, nas
proximidades das costas sul-americanas, criando uma área de altas pressões, onde as chuvas
são raras. Dali ele é carregado próximo à superfície de volta à Indonésia, onde tudo começa
de novo (Disponível em: http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_16/elnino.html. Acesso
em 27/09/04).
Em geral, um episódio La Niña começa a desenvolver-se em um certo ano, atinge
sua intensidade máxima no final daquele ano, vindo a dissipar-se em meados do ano seguinte,
o fenômeno pode-se completar em até dois anos.
A La Niña, fase negativa do ENOS, ocorre quando se verifica o resfriamento das
águas superficiais do Pacífico Tropical junto com o aumento na intensidade dos ventos
alísios, deixando-os com a velocidade acima da média climatológica. Além disso, quando
ocorre esta fase do fenômeno, o IOS é positivo (Figura 11).
Figura 11 – Intensificação da velocidade dos ventos alísios e resfriamento das águas
no Pacífico Tropical.
Fonte: Disponível em:< http://www.climerh.rct-sc.br/elnino>. Acesso em 16/06/04.
30
2.2.4. Oscilação Sul e a caracterização do ENOS
A Oscilação Sul (OS) caracteriza-se por uma "gangorra barométrica" de grande
escala observada sobre a área do Pacífico Tropical. O registro da OS data desde do ano de
1800, mas só foi documentada por Walker e Bliss 1932 e 1937. Estes autores definiram a OS
como uma flutuação inversa verificada no campo da pressão ao nível médio do mar (PNM)
nas estações de Darwin (12°S – 130°E), localizada no norte da Austrália e Taiti (17°S –
149°W) situada no Oceano Pacífico Sul (Disponível em:<http://www.funceme.br>. Acesso
em 16/06/04), Figura 12.
Figura 12 - Série temporal das anomalias de PNM nas estações de Taiti e Darwin
(1978 a 1997).
Fonte: Disponível em:<http://www.funceme.br>. Acesso em 16/06/04.
Trenberth (1984), obteve um coeficiente de correlação de -0.79 entre o campo de
pressão nessas duas estações. A diferença entre as pressões normalizadas nas estações de Taiti
e Darwin é definida como o Índice de Oscilação Sul (IOS) (Disponível
em:<http://www.funceme.br>. Acesso em 16/06/04).
As fases positivas e negativas do fenômeno ENOS são denominadas de El Niño e
La Niña, respectivamente. Estes fenômenos naturais continuarão existindo como fenômenos
cíclicos, no entanto sem um período regular. Eventos La Niña apresentam maior variabilidade
e ocorrem com menores freqüências, que eventos El Niño (Disponível em:<
http://www.climerh.rct-sc.br/elnino>. Acesso em 16/06/04).
Na Tabela 05 e Figura 13, apresentam-se alguns anos em que ocorreram eventos
El Niño e La Niña, ressalta-se, porém na Figura 13, os anos selecionados são os mais
significativos para o sul do Paraná.
31
Tabela 5 - Anos de ocorrência de fenômenos El Niño e La Niña
El Niño Intensidade La Niña Intensidade
1877 – 1878 Forte 1886 Forte
1888 – 1889 Moderada 1903 – 1904 Forte
1896 – 1897 Forte 1906 – 1908 Forte
1899 Forte 1909 1910 Forte
1902 – 1903 Forte 1916 – 1918 Forte
1905 – 1906 Forte 1924 – 1925 Moderada
1911 – 1912 Forte 1928 – 1929 Fraca
1913 – 1914 Moderada 1938 – 1939 Forte
1918 – 1919 Forte 1949 – 1951 Forte
1923 Moderada 1954 1956 Forte
1925 – 1926 Forte 1964 – 1965 Moderada
1932 Moderada 1970 1971 Moderada
1939 – 1941 Forte 1973 – 1976 Forte
1946 – 1947 Moderada 1983 1984 Fraca
1951 Fraca 1984 1985 Fraca
1953 Fraca 1988 1989 Forte
1957 – 1959 Forte 1995 – 1996 Fraca
1963 Fraca Fraca (98 - 99)
1965 – 1966 Moderada Fraca (99 - 00)
1968 – 1970 Moderada
1998 – 2001
Moderada (00 - 01)
1972 – 1973 Forte
1976 – 1976 Fraca
1977 – 1978 Fraca
1979 – 1980 Fraca
1982 – 1983 Forte
1986 – 1988 Moderada
1990 – 1993 Forte
1994 – 1995 Moderada
1997 – 1998 Forte
2002 – 2003 Fraca
.
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.
Fonte: Disponível em:< http://www.climerh.rct-sc.br/elnino>. Acesso em 16/06/04.
O fenômeno ENOS (fase positiva) faz com que chova em grandes proporções no
Pacífico Central, região onde geralmente não chove, afetando os padrões climáticos de várias
partes do globo, na Figura 14, pode-se verificar o comportamento dos processos convectivos
sobre o Oceano Pacífico e o deslocamento da célula de Walker.
Figura 13 – Medida do Índice de Oscilação Sul (IOS), destacando alguns
períodos de El Niño e La Niña.
Fonte: Climate Diagnostics Bulletin (2002), adaptado por Andrade, 2003.
32
Figura 14 – Comparação dos processos convectivos observados na região do Pacífico
Tropical em anos normais e em anos de El Niño e La Niña.
Fonte: Disponível em:<http://www.pmel.noaa.gov/tao/elnino>. Acesso em 20/06/04.
2.2.5. Circulação geral da atmosfera e a interação com o oceano
A atmosfera terrestre é um fluido gasoso que pode sofrer tanto efeitos de
compressão como de expansão, é regida por uma circulação geral, que implica basicamente
em ar ascendente nas regiões mais quentes e ar descendente nas regiões menos aquecidas.
Esta circulação, sem levar em consideração os efeitos de rotação da Terra, é o princípio
fundamental para definir as condições climáticas predominantes, particularmente no que diz
respeito à precipitação pluvial, para as várias regiões do globo (ALVES E REPELLI, 1994).
Na região tropical observou-se a existência duas células de circulação
determinantes na formação de centros de alta e baixa pressão. A primeira é a célula de
33
Hadley que consiste na teoria de que um ramo ascendente estaria nas proximidades do
Equador e o descendente, a cerca de 30º de latitude, justificando, a existência dos ventos
alísios de Sudeste no Hemisfério Sul. A segunda é a célula de Walker que é atribuída ao
aquecimento diferencial entre continentes e oceanos (Disponível em:
<http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_16/elnino.html>. Acesso em 27/09/04).
A célula de Walker tem a dinâmica de circulação muito parecida com a dinâmica
da célula de Hadley, Figura 15, mas a sua circulação é ao longo da região equatorial,
envolvendo todo o planeta.
Figura 15 - Esquema da circulação da atmosfera (célula de Hadley).
Fonte: Nery (2003).
Nos níveis inferiores da atmosfera, o ar se desloca em direção ao equador. Nos
níveis superiores circula em direção aos pólos, completando o ciclo. A região dessas massas
de ar setentrional e meridional denomina-se ZCIT. Trata-se de uma área de baixa pressão
atmosférica, geralmente marcada, sobre o oceano, por uma faixa de nuvens cumulos-nimbus,
formada pela convecção do ar úmido ascendente (NERY, 2003).
Pela sua posição latitudinal, a América do Sul é atravessada pelas principais
“zonas” de pressões do Globo, desde o sistema equatorial da linha de convergência dos alísios
(ou frente intertropical – FIT), com os enclaves de doldrums (região de calmarias equatoriais),
passando pelas altas subtropicais bem individualizadas em duas amplas células semifixas e
permanentes sobre os oceanos, até a das baixas subpolares. Graças a sua forma estreita,
circundada por grandes oceanos, os processos de resfriamento e aquecimento, que se
produzem sazonalmente, não geram células de pressões de origem térmica destacadas (IBGE
1977).
O Oceano Pacífico devido às suas dimensões, é o que oferece maior interferência
na circulação geral da atmosfera, principalmente na América do Sul. O Oceano Atlântico é
palco de formações ciclônicas que influenciam a distribuição de frentes quentes e frias,
34
principalmente na Região Sul do Brasil. De forma geral, a Oscilação Sul é o modo
determinante da variabilidade interanual da precipitação pluvial na Região Sul do Brasil. Toda
vez que ocorrem alterações no IOS, a tendência é que influa na distribuição temporal e
espacial nas regiões tropicais e subtropicais (CPTEC/INPE, 1998).
Os mecanismos físicos envolvidos no acoplamento oceano-atmosfera sobre a
região tropical ainda não são bem entendidos. O que se tem como consenso por parte da
comunidade científica é que os padrões anormais observados no campo da TSM surgem, da
dinâmica interna do próprio oceano. Padrões forçados que ocorrem pelos processos dinâmicos
e termodinâmicos na atmosfera agem, mecanicamente sobre os oceanos tropicais
redistribuindo as anomalias da TSM. Os fluxos de calor (evaporação, processos convectivos,
formação de nuvens, entre outros) forçam, simultaneamente, a atmosfera e provocam
mudanças no campo de vento em baixos níveis (CPTEC/INPE, 1998).
Sobre a bacia do Atlântico Equatorial, incluindo o leste da Amazônia e semi-árido
nordestino, predomina-se um ramo de ar descendente, inibindo a formação de nuvens. Através
desse fato, tem-se a explicação física do porque o fenômeno El Niño está associado com
chuvas abaixo do normal, principalmente no norte do semi-árido nordestino, que inclui o
Estado do Ceará (CPTEC/INPE, 1998).
Durante a maior parte do tempo os ventos alísios sopram de leste para oeste, na
região equatorial, levando as águas frias da costa peruana para a Austrália e Indonésia. Por
isso, o Oceano Pacífico tem um desnível significativo, com a altura muitas vezes,
ultrapassando a 10cm na região próxima a Austrália. Comparativamente a costa da América
do Sul, que mantém um gradiente de temperatura entre essas duas áreas mencionadas,
possibilita uma cadeia alimentar na costa do Peru e Equador muito rica em nutrientes
(zooplâcton e fitoplâcton), o que torna essa costa muito piscosa. Advém daí a economia e
alimentação de grande parte da população litorânea do Peru, Equador e Chile (Disponível em:
http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_16/elnino.html. Acesso em 27/09/04), Figura
16.
Comumente, as pesquisas efetuadas na área de Climatologia que buscam uma
possível correlação do fenômeno ENOS com a variabilidade climática, na região Sul do Brasil
utiliza-se os valores da TSM do Niño 1+2. No entanto, o Niño 3.4 não deve ser descartado,
pois sua localização pode oferecer uma correlação eficaz para também explicar a dinâmica da
precipitação pluvial no Sul do Brasil, Figura 17.
35
Figura 16 - Esquematização da comparação entre a situação normal e a situação de El
Niño no Pacífico Equatorial
Fonte: Disponível em: < http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/elnino.html.> Acesso em 23/06/04.
Dessa forma, confirma-se a possibilidade de se tentar uma correlação com os
dados de anomalia das duas regiões de ocorrência do ENOS, sendo o comportamento
parecido, leva-se à dedução que a influência da circulação atmosférica no
aquecimento/resfriamento das águas do Oceano Pacífico sejam semelhante nas duas regiões
(Niño 1+2 e Niño 3.4), Figura 18.
Figura 17 - Localização das áreas de atuação do fenômeno El Niño sobre o Pacífico
Tropical.
Fonte: Disponível em:<http://www.funceme.br>. Acesso em 16/06/04.
Figura 18 – Evolução temporal da anomalia da TSM do Oceano Pacífico – 1974 a
2001.
Fonte: Climate Diagnostics Bulletin (2002), adaptado por Andrade, 2003.
36
2.2.6. El Niño e o Sul do Brasil.
No Brasil existem alguns centros de pesquisa e aplicação na área de Meteorologia
que estudam o fenômeno El Niño e monitoram em tempo real estas informações. Como a
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), o Instituto
Tecnológico SIMEPAR. Estes através de seus técnicos e dos contatos com outros órgãos
nacionais e internacionais, fazem o monitorando das condições oceânicas e atmosféricas
relacionadas ao El Niño.
Estudos indicam que principalmente três regiões no Brasil (nordeste, norte e sul),
são afetadas de maneira pronunciada pelas mudanças na circulação atmosférica durante
episódios de El Niño.
A Região Sul do Brasil é afetada por aumento de precipitação pluvial,
particularmente durante a primavera no primeiro ano e posteriormente o fim do outono e
início do inverno no segundo ano. O Sudeste do Brasil apresenta temperaturas mais altas,
tornando o inverno mais ameno. Já para as demais regiões do país os efeitos são menos
pronunciados e variam de um episódio para o outro (CPTEC/INPE, 1998).
Como exemplo, cita-se o ano de 1982/83, marcado por excepcional elevação da
temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial, causando grandes alterações
climáticas no Sul e Sudeste do Brasil, apresentando nos trimestres março-abril-maio e junho-
julho-agosto de 1983, precipitações que superaram os níveis normais de modo significativo. Os
índices pluviais da cidade de São Paulo apresentaram em maio uma elevação de mais de 300%,
no entanto os de Lages (SC) excederam o normal em mais de 650%, em junho. Segundo
estudos, a precipitação excessiva foi causada por sistemas frontais, isto é, frentes frias que,
ficando bloqueadas, teriam permanecido muito tempo estacionadas sobre essas regiões, em
grande atividade (Disponível em:<http://www.funceme.br>. Acesso em 16/06/04).
No evento El Niño de 1997, os efeitos começaram a ser detectados a partir de
julho, com as temperaturas mais altas que o normal em toda a Região Sul e Sudeste. Esse
padrão continuou sendo observado nos meses subseqüentes. Durante o mês de dezembro e
início de janeiro as temperaturas estiveram acima da normal climatológica na maioria do Sul e
Sudeste. Com relação às chuvas, em 1997 os efeitos do El Niño foram perceptíveis a partir de
agosto, quando as chuvas situaram-se acima da média sobre o sul do País, com outubro e
novembro sendo os meses mais chuvosos. Em outubro observaram-se as maiores anomalias
positivas de precipitação sobre o Sul, recebendo o noroeste do Rio Grande do Sul chuvas até
300% acima da média climatológica. Houve inundações localizadas nas bacias dos rios
37
Uruguai e Iguaçu (Disponível em:< http://www.climerh.rct-sc.br/elnino>. Acesso em
16/06/04).
As variações da Temperatura da Superfície do Mar (TSM), na região conhecida
como Niño 3 (5ºN - 5ºS; 90ºW - 150ºW), têm alta correlação com os parâmetros atmosféricos
sobre o Brasil. Comparando-se esse episódio com os de 1972/73, 1982/83, 1986/87, 1991/92,
e 1993/94, nota-se que a evolução do presente evento é ímpar no sentido do aumento rápido e
precoce da TSM. Desde 1950, o maior valor observado de TSM média na região foi 3.6º C
acima da média, em janeiro de 1983. Esse valor foi superado em novembro de 1997, ficando
em 3.8º C acima da média climatológica. Em dezembro de 1997, as anomalias foram ainda
maiores. Há indícios de que na primeira metade de janeiro as anomalias de TSM começaram
lentamente a declinar naquela região (CPTEC/INPE, 1998), Figura 19.
Figura 19 - Evolução da anomalia de temperatura da superfície do mar (TSM) em
anos de El Niño (1972-73, 1982-83, 1986-87, 1991-94, 1997) e
previsão do modelo acoplado oceano-atmosfera do NCEP/NOAA-
EUA para a região do Niño 3.
Fonte: Disponível em:<http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/geografia/geoem/elnino/
nino3.htm. Acesso em 22/06/04.
Segundo SIMEPAR (2003), observou-se que os valores acima da média foram
constatados entre junho e dezembro 2002, na região Niño 1+2 (costa oeste da América do
Sul), e valores positivos de anomalias (entre 0.5 a 1°C acima da média). A costa da região Sul
do Brasil (Oceano Atlântico) apresentou águas mais quentes que constatado na região, Figura
20, (Disponível em:< http://www.simepar.br/tempo/clima/avisos_elnino9.jsp>. Acesso em
20/08/04.
38
Observou-se no Paraná, os efeitos do El Niño junto ao regime de chuva e
temperatura que passa a ser superior à média histórica. Durante o verão e o outono, espera-se
um crescimento na freqüência de ocorrência de fenômenos meteorológicos como chuvas
intensas de curta duração e vendavais que atingem principalmente as regiões Oeste, Sul e
Região Metropolitana de Curitiba (RMC) (Disponível em:<
http://www.simepar.br/tempo/clima/avisos_elnino9.jsp>. Acesso em 20/08/04).
Considerando a elevada densidade demográfica e a importância econômica da
região Sul, sendo possível antecipar os impactos que uma elevação anormal nos índices de
precipitação podem provocar. A região, responsável pelo segundo PIB (Produto Interno
Bruto) do País, possui 60% da produção nacional de grãos e 23% do efetivo da pecuária.
Figura 20: Anomalia de TSM para o período 01/12/2002 a 07/12/2002
Fonte: Disponível em:< http://www.simepar.br/tempo/clima/avisos_elnino9.jsp>. Acesso em
20/08/04.
O excesso de precipitação pluvial ocorrido no biênio de 1982/83 provocou o
transbordamento de rios, inundação de baixadas e conseqüentes danos nas plantações na
Região Sul.
Segundo Prela (2004), ao analisar a influência dos fenômenos El Niño/La Niña na
produtividade do trigo no Estado do Paraná, considerou que nas regiões norte, nordeste e
sudeste não ocorreram desvios de produtividade, no centro-oeste houve queda na produção
para período de El Niño. E no sul acréscimo de produtividade em anos de fenômeno La Niña.
O fenômeno La Niña é caracterizado, por chuva abaixo da média climatológica
durante os meses de outubro a dezembro no sul do Brasil. Para a agricultura, pode ser
39
positivo ao trigo (cultura de inverno). Por exemplo, reduzindo a ocorrência de doenças da
espiga do trigo favorecendo uma produção de grãos de boa qualidade.
No caso das culturas de verão, como o milho, feijão e soja, a ocorrência do
fenômeno pode ser desfavorável caso ocorra um déficit hídrico em períodos críticos, como
ocorreu no evento La Niña de 1985, que foi um dos mais intensos no Estado do Paraná na
última década, provocando um déficit hídrico notável (Disponível em:<http://
www.climerh.rct-sc.br>. Acesso em 16/06/04).
O setor agrícola pode tomar as seguintes medidas de prevenção para diminuir os
impactos do fenômeno: a) Intensificar o uso de práticas que mantenham mais umidade no
solo, como o menor revolvimento possível e manutenção da palhada na superfície; b) Utilizar
sistemas de cultivo mínimo e plantio direto; c) Realizar correção de solo, tornando-o mais
uniforme possível; d) Aplicar adubação recomendada, sem redução, de preferência em
profundidades maiores; e) Adotar a diversificação de culturas; f) Utilizar cultivares com
ciclos diferenciados quando possível; g) Utilizar cultivares mais tolerantes à seca; h) Evitar
elevadas populações de plantas, não excedendo a recomendação técnica; i) Realizar a
semeadura das lavouras de forma escalonada ao longo das épocas recomendadas, segundo o
zoneamento agroclimático; j) Evitar queimadas em épocas críticas; l) Manter e revisar o
sistema de irrigação; m) Analisar alternativas locais de prevenção e redução dos riscos,
valorizando a experiência do agricultor e do técnico no município; e n) Plantar e semear com
umidade suficiente no solo para garantir o estabelecimento da cultura (Disponível em:<http://
www.climerh.rct-sc.br>. Acesso em 16/06/04).
Os fenômenos atuam se comportando de maneira irregular, possuindo intensidades e
conseqüências diferentes para as áreas de influência. O La Niña não é o único causador de
secas no Sul do Brasil, chuvas intensas e enchentes também podem ocorrer em anos de La
Niña.
O El Niño pode produzir impactos benéficos. Quando o aumento no nível de
precipitação não é exagerado, observa-se em anos de ocorrência do fenômeno, aumento na
produção agrícola. Níveis de precipitação da ordem dos observados durante o ano de 1982-83,
entretanto, provocam perdas de safra. Os Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do
Sul perderam, em função deste evento, 4.888.775 toneladas de grãos. O El Niño 1997-98
apresentou, características de um evento de intensidade forte também. Em busca de amenizar a
situação e evitar um desastre para a agricultura do Sul, os agricultores adotam medidas
preventivas (Disponível em:< http://www.climerh.rct-sc.br/elnino>. Acesso em 16/06/04).
40
No Sul do Brasil, na ocorrência de índices anormais de precipitação pluvial,
ocasionam enchentes e enxurradas, afetando a população e a economia dos municípios, como
exemplo, os prejuízos materiais provocados pelos ventos intensos que são enormes:
destruição de casas, pontes, rodovias, prédios públicos, entre outros.
2.2.7.Dinâmica atmosférica da região Sul do Brasil.
Pela sua posição compreendida nas latitudes médias, a região Sul do Brasil é
atingida pelos principais centros de ação das baixas latitudes ou das originárias das altas
latitudes, conforme mostra a Figura 21.
Figura 21 - Circulação das massas de ar na América do Sul.
Fonte: Monteiro (1969).
A dinâmica atmosférica é complexa, tendo a predominância de massas polares
atuando durante todo o ano e se destacando, principalmente no inverno. De acordo com
Nimer (1990), as correntes perturbadas são representadas pela invasão de anticiclone polar
com descontinuidade frontal. A fonte destes anticiclones é a região polar de superfície gelada,
constituída pelo continente Antártico. De sua superfície anticiclônica divergem ventos que se
dirigem para a zona depressionária subantártica, originando as massas de ar polar. Dessa zona
41
partem os anticiclones polares que periodicamente invadem o continente sul-americano com
ventos de O a SO nas altas latitudes. Adquirindo freqüentemente, a direção S a SE ao se,
aproximarem do trópico no território brasileiro. Em sua origem, estes anticiclones possuem
subsistência e forte invasão de temperatura e o ar é muito seco, frio e estável. Porém em sua
trajetória eles absorvem calor e umidade da superfície morna do mar aumentando, à
proporção que caminham para o Equador. Já nas latitudes médias, a inversão desaparece e o
ar polar marítimo torna-se instável.
As massas de ar originárias do Oceano Atlântico atuam na primavera sobre o
continente de forma expressiva, transportando umidade para o seu interior.Associando-se às
variações sazonais de temperatura, estes anticiclones ora se afastam para o oceano, ora
invadem parcialmente o continente. A posição média da alta do Atlântico é ligeiramente
inferior a sua correspondente do Pacífico. Esses dois centros de divergência atmosférica
constituem as fontes das principais massas de ar tropicais marítimas ambas possuem estrutura
e propriedades semelhantes e intervém de modo importante no quadro de circulação
atmosférica do Sul do Brasil (NIMER, 1990).
Na primavera e verão a dinâmica atmosférica tem a participação da convecção
profunda da Amazônia, que libera e desloca o calor, umidade e momentum para a região Sul e
Sudeste brasileira, intensificando chuvas sobre a bacia do rio Iguaçu, caracterizadas pelas
altas tropicais.
A região da bacia do Iguaçu, quanto à circulação atmosférica é influenciada pela
passagem de frente polar em frontogênese. Essa circulação torna a Região Sul sujeita a
sucessivas atuações das correntes perturbadas do Sul alcançando a extraordinária regularidade
de uma invasão por semana. À medida que a frente polar caminha para o Equador, as
instabilidades tropicais se deslocam para E ou mais comumente para SE, originando, nuvens
pesadas e geralmente chuvas tipicamente tropicais. Tais chuvas se verificam, geralmente, no
fim da tarde ou início da noite. Constituem as chamadas chuvas de verão, que ao contrário das
chuvas frontais, duram poucos minutos, raramente ultrapassando uma hora (NIMER, 1990).
42
3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO
A bacia hidrográfica do rio Iguaçu está localizada nos Estados do Paraná e Santa
Catarina, entre as coordenadas 25
o
05
S a 26
o
45’S e 48
o
57’W a 54
o
50’W. Sua área de
drenagem é a maior do Estado do Paraná, com, aproximadamente, 57.329Km
2
e,
considerando-se os afluentes da margem catarinense tem-se um total de 69.373Km
2
, com
comprimento do leito principal, superior a 1.275Km, na direção leste-oeste (Figura 22).
Figura 22 - Localização da área da bacia hidrográfica rio Iguaçu.
Fonte: Azevedo (2004).
O rio Negro é o principal afluente dessa bacia, com sua nascente na serra Pedra
Branca do Araraquara, fazendo parte da Serra do Mar, a 1.400m de altitude, após percorrer,
aproximadamente, 240Km, desaguando no rio Iguaçu. Ao longo de seu leito, o rio Iguaçu
recebe águas de vários tributários, destacando-se alguns como: rio da Várzea, Negro, Turvo,
Cavernoso, Jangada, Canoinhas, Chopim, Areia, Jordão, das Cobras, Santana, Salto, Jaracatiá,
Cotejipe, Capanema, Tormenta, Floriano e Gonçalves Dias. À jusante tem as Cataratas do
43
Iguaçu, no município de Foz do Iguaçu, onde o rio possui 1.200m de largura, estreitando-se
até 65 a 100m na fenda tectônica que forma o cañyon na borda do rio Paraná, onde deságua
com altitude de, aproximadamente, 100m (CAMARGO, 2001).
O rio Iguaçu como outros da região Sul, possuem quedas d’águas que se
originaram devido ao relevo, principalmente nas áreas do planalto basáltico. Ao transpor a
Serra Geral, o rio Iguaçu, apresenta ressaltos em soleiras mais amplas de basalto, onde se
observam quedas importantes. Pode-se encontrar também, neste trecho, os cañyons que
acentuam o processo de encaixamento dos talvegues, expondo os paredões de basalto,
sobretudo nas vazantes (IBGE, 1968).
De acordo com IBGE, 1977:
A drenagem na região sul do Brasil, em grande parte, subordina-se à das
regiões de estrutura monoclinal e, assim existem rios que através de cursos
conseqüentes, buscam o Paraná e o Uruguai. Esses cursos fluviais foram
afetados por um processo de superimposição decorrente de um
levantamento pós-cretácico que, por ocasião da orogênese andina, atingiu o
leste da América do Sul. Tais rios, por vezes de longo percurso,
apresentam uma série de quedas d’água que aparecem, quer seja no
contacto entre os terrenos cristalinos de leste e a depressão periférica, quer
nos planaltos sedimentares devido à disposição das camadas de arenito e
dos horizontes de trapp, oferecendo estes, maior resistência à erosão
fluvial. A ocorrência de inúmeras quedas de água confere a região
importante riqueza em potencial hidrelétrico e, por outro lado, dificulta
sobremodo a navegação fluvial.
Em particular, o rio Iguaçu é navegável num trecho de 239Km, entre Porto
Amazonas e União da Vitória. No início do povoamento na região sul do Estado do Paraná,
final do século XIX, não se utilizavam às vias fluviais, pois o relevo acidentado não permitia
a navegação, meio de transporte muito utilizado no período (CAMARGO, 2001).
A bacia do rio Iguaçu está compreendida na área da Bacia Sedimentar do Paraná.
Segundo Ross (1997):
As bacias sedimentares formaram-se ao longo do Fanerozóico, ou seja, nos
últimos 600 milhões de anos. Os planaltos em bacias sedimentares são
quase inteiramente circundados por depressões periféricas ou marginais e
todo contato com as depressões circundantes é feito através de escarpas
que se identificam como frente de cuesta única ou desdobrada em duas ou
mais frentes. Os planaltos e chapadas da bacia do Paraná englobam
terrenos sedimentares com idades desde o Devoniano até o Cretáceo e
rochas vulcânicas básicas e ácidas do Mesozóico.
Na bacia do rio Iguaçu encontram-se as Serras de São Luiz do Purunã e da Boa
Esperança, fazendo com que o leito do rio passe por dois vales de ruptura e à oeste tem-se as
44
cataratas do Iguaçu.Conforme mostra a figura 23. Pode-se observar também que fica
representado o Planalto de Curitiba ou primeiro planalto, Ponta Grossa ou Segundo Planalto e
de Guarapuava ou Terceiro Planalto.
Figura 23 – Organização do relevo da bacia do rio Iguaçu.
Fonte: Disponível em: <http://www.pr.gov.br/mineropar>.Acesso em 10/01/06.
Devido a grande extensão da bacia do rio Iguaçu, pode-se encontrar características
dinâmicas da Geologia, Geomorfologia, Hidrografia, Climatologia e Fitogeografia,
compreendendo os três planaltos paranaenses.
Thomaz (1984), retratou as características geológicas organizadas de acordo com
as eras da seguinte forma, para a área da bacia hidrográfica do rio Iguaçu:
Era Paleozóica - No período Devoniano iniciou-se a história do Paleozóico (mais
de 370 milhões de anos).
Na bacia do rio Iguaçu, desde a escarpa da Serrinha localmente denominada Serra
de São Luiz do Purunã, que a leste separa o Planalto de Curitiba e se prolonga a oeste até a
calha do Rio Paraná, encontra-se sobre a superfície peneplanizada pré-devoniana depósitos de
arenitos esbranquiçados, de granulometria média a grosseira, intercalada por alguns seixos.
Estes arenitos mostram a estratificação cruzada e depósitos residuais de canais, indicando um
ambiente fluvial para este pacote sedimentar denominado Formação Furnas. Na
Geomorfologia da bacia do rio Iguaçu, o arenito Furnas tem importância, pois a área de sua
ocorrência é caracterizada por mesetas com as bordas escalonadas e muitos córregos do tipo
lageado originando em alguns trechos, profundos “canyons” (THOMAZ, 1984).
No Permiano, originou-se o Grupo Guatá. A característica deste período é o início
de uma subsidência gradual determinando uma transgressão marinha que, com pequenas
interrupções relativas a rápidas regressões, condiciona a deposição dos sedimentos
correspondentes a três formações: Irati, Serra Alta e Teresina. Dentre as formações deste
45
grupo, destaca-se a formação Irati que, consiste de folhelhos argilosos e argilitos cinza escuro
pirobetuminosos e calcários, indicativos ambientais de um mar fechado. Na bacia do rio
Iguaçu esta formação apresenta uma longa faixa de afloramentos, com sua principal
ocorrência na região de São Mateus do Sul, considerada a segunda maior reserva de “xisto
betuminoso” do mundo (THOMAZ, 1984).
No Cretácio inferior, o sul do Brasil foi palco da maior atividade de vulcanismo de
fissura sobre a superfície terrestre. A grande efusão de magmas básicos originou um espesso
pacote de basaltos atingindo, em algumas áreas, 32 derrames sucessivos com espessura em
torno de 50m cada, como na região oeste da bacia do rio Iguaçu. A ocorrência de arenitos
intercalados mostra a persistência da atividade eólica marginando a área, sob o domínio de um
clima árido. Esse conjunto de rochas foi designado como Formação Serra Geral que, na bacia
do rio Iguaçu aparece no reverso da escarpa que separa o Segundo do Terceiro Planalto.
Como resultado da meteorização sofrida, os basaltos originaram um solo bastante fértil
denominado “terra roxa” (THOMAZ, 1984).
Era Cenozóica - destaca-se a bacia de Curitiba, localizada no centro-sul do
Primeiro Planalto, apresenta as principais feições representativas deste tempo geológico.
Sobre um embasamento constituído por gnaisses, sob condições climáticas semi-áridas, o
desenvolvimento de leques aluviais permitiu a deposição de argilitos, contendo freqüentes
grãos de quartzo e feldspato. Sobre essas feições, acham-se assentados os sedimentos mais
recentes, resultantes da ação dos rios que drenam a bacia, correspondendo a depósitos de
várzea.
Este planalto com largura média de 75Km, drenado pelo trecho superior da bacia
do Iguaçu, apresenta-se atualmente superfície mais regular com altitudes variando entre 850 e
950m. Entre a topografia, suavemente ondulada, encontram-se amplas zonas deprimidas, nas
quais se depositou uma sedimentação flúvio-lacustre, trabalhada pela erosão atual,
salientando-se em meio a uma topografia de colinas, dos terrenos arqueozóicos que as
circundam. Esta topografia pode ser observada em Curitiba e na zona colonial agrícola dos
seus arredores.
Os solos que predominam no Primeiro Planalto são de três tipos: 1) Podzólico
vermelho-amarelo (PVA) são bem drenado com forte eluviação no horizonte A que apresenta
coloração esbranquiçada, assentado sobre o horizonte B textural, enriquecido com argila. O
Latossolo vermelho-amarelo (LVA), é profundo, bem drenado de textura arenosa, ácido de
fertilidade mediana para fins agrícolas. 3) Cambissolos (Ca), poucos desenvolvidos, com
46
horizonte B incipiente de textura arenosa (EMBRAPA, 1979 apud NÓBREGA & CUNHA,
2000).
Com o Segundo Planalto (Planalto de Ponta Grossa), inicia a região dos
sedimentos paleozóicos e mesozóicos não perturbados por movimentos orogênicos, todavia
suavemente inclinados para Oeste, Sudoeste e Noroeste. Este possui altitude de,
aproximadamente, 1000m à leste, na Serra de São Luiz do Purunã, diminuindo a oeste para
750
a 780m, frente à escarpa da Serra Geral, fazendo parte da porção superior da bacia do rio
Iguaçu.
Os solos no Segundo Planalto se apresentam em quatro grandes grupos: 1)
Litólicos (Ra) ocorrem junto às encostas de serras, rasos e apresentam propriedades físicas e
químicas de acordo com o substrato. São férteis aqueles formados do basalto. 2) Latossolo
roxo (LR), profundo, argiloso, boa drenagem, rico em nutrientes e pH próximo a 6. Trata-se
de um solo fértil que era ocupado pela floresta latifoliada tropical e intensamente aproveitado
pela agricultura. 3) Podzol vermelho-amarelo (PVA), desenvolvido, bem drenado com forte
eluviação no horizonte A que apresenta coloração esbranquiçada, assentado sobre o horizonte
B textural enriquecido com argila. 4) Cambissolos (Ca), pouco desenvolvido, com horizonte
B incipiente de textura arenosa ( EMBRAPA, 1979 apud NÓBREGA & CUNHA, 2000).
Segundo Maack (2002):
No Terceiro Planalto encontra-se entre o divisor de águas dos rios Piquiri e
Iguaçu, altitude de até 1250m na testa da escarpa, declinando para oeste
sobre os lençóis de trapp, até 350m, chegando a 197m no cañyon do rio
Paraná. No sul do rio Iguaçu em Palmas a 1.177m de altitude e Clevelândia
a 975m, encontra-se o divisor de águas Iguaçu-Uruguai, pertencente ao
norte do planalto de trapp de Santa Catarina, diminuindo para 700 a 300m
no vale do Iguaçu.
O Terceiro Planalto localiza-se na região de Guarapuava e segue em direção oeste
da bacia do rio Iguaçu, onde se limita com a calha do rio Paraná, apresentando-se os grupos
de solos: Latossolos roxo escuro e Terra roxa (eutróficos e distróficos), que são originários
das rochas eruptivas basálticas, com pH próximo a neutro, textura argilosa, alto poder de troca
iônica e retenção de água. Os Litólicos (Ra), são rasos e apresentam propriedades físicas e
químicas de acordo com o substrato. Os Podzólicos vermelho-amarelo (PVA), são
desenvolvido, bem drenado com forte eluviação no horizonte A que apresenta coloração
esbranquiçada assentado sobre o horizonte B textural enriquecido com argila (EMBRAPA,
1979 apud NÓBREGA & CUNHA, 2000).
47
No sul do Estado do Paraná, onde se localiza a bacia do rio Iguaçu com latitudes
superiores ao trópico de Capricórnio tem-se o clima subtropical, não apresentando
temperaturas muito elevadas, registrando em média 20 a 22°C. Apresenta evapotranspiração
baixa, sem déficit hídrico, aliado às chuvas abundantes e bem distribuídas durante o ano
(IBGE, 1968).
De acordo com a classificação de Köppen, na área da bacia domina o clima do tipo
C (Mesotérmico) subdividido da seguinte forma:
Cfb – Clima Subtropical Úmido (Mesotérmico), com média do mês mais quente
inferior a 22ºC e do mês mais frio inferior a 18ºC, sem estação seca e média de precipitação
pluvial anual entre 1200 a 1800mm, verão brando e geadas severas, demasiadamente
freqüentes. Distribui-se pelas terras mais altas dos planaltos e das áreas serranas (Planaltos de
Curitiba, Campos Gerais, Guarapuava, Palmas, etc). Cfa – Clima Subtropical Úmido
(Mesotérmico), com média do mês mais quente superior a 22ºC e no mês mais frio inferior a
18ºC, sem estação seca definida e média de precipitação pluvial anual entre 1600 a 2500mm,
verão quente e geadas menos freqüentes (MAACK, 2002). Distribuindo-se pela porção
inferior da bacia do rio Iguaçu, (Figura 24).
Figura 24- Classificação climática de Köppen.
Fonte: IAPAR (2006).
Conforme ressalta IBGE (1968), a região sofre a influência de várias massas de ar
que determinam à dinâmica atmosférica. Essa dinâmica compreende: correntes perturbadas do
sul com massas polares frias e secas em descontinuidade frontal, predominando no inverno a
polar atlântica (Pa); correntes marítimas de leste, tépidas e úmidas predominando no verão
com a tropical atlântica (Ta); correntes de oeste, quentes e úmidas representada pela massa de
ar equatorial continental (Ec), provinda do centro térmico de baixa pressão do Chaco,
localizado no interior do continente, na região do pantanal matogrossense, que predominam
48
no outono e primavera, juntamente com a tropical continental (Tc) que, possui característica
quente e seca.
A vegetação da bacia do rio Iguaçu (Figura 25), está relacionada ao tipo de clima e
solo encontrado em determinada região. A espécie que mais se distingue em sua fisionomia, é
a mata de araucária ou floresta ombrofila mista. Os pinheiros (araucária angustifólia) se
distribuem no território desde o Rio Grande do Sul, em altitudes de 400m, até o Estado de São
Paulo a 800m, sendo destaque no Estado do Paraná e Santa Catarina. Além do clima, o relevo
e a altitude condicionam as araucárias encontradas no Paraná, nos vales médios ou inferiores
do rio Iguaçu. Observa-se também a floresta estacional semidecidual, encontradas no oeste da
bacia do rio Iguaçu e preservada no Parque Nacional do Iguaçu (RODERJAN, 1997).
Figura 25 - Vegetação da bacia do rio Iguaçu.
Fonte: IPARDES (1997).
Entre as espécies arbóreas mais importantes tem-se, segundo IBGE, 1977:
O angico (Piptadenia sp), o cedro (Cedrella sp.), várias canelas (Ocotea sp
e Nectandra sp), perobas (Aspidosperma sp), paus d’alho (Gallesia
gorarema), dentre outras. Entre as palmeiras destacam-se o jerivá
(Arecastrum romanzoffianum) e o palmito (Euterpe edulis). O sub-bosque
é rico em pteridófitas, principalmente dos gêneros Cyathea e Alsophila.
Constata-se a riqueza em epífitas.
A característica dessa vegetação é de floresta densa formada por árvores de 25 a
30m de altura, de grossos troncos. Em muitas áreas do Estado paranaense, acha-se
intercalada com as matas de araucárias nas áreas elevadas, de temperaturas mais baixas
ocupando, de preferência, os pontos em que o solo é mais fértil (IBGE, 1968).
Nas escarpas ocorrem chuvas orográficas, com umidade trazida pelas correntes de
ar, principalmente da tropical atlântica (Ta), elevando a pluviosidade e propiciando a
formação de uma vegetação de floresta mais densa.
49
Observa-se ainda, constituindo a paisagem do Paraná, os campos iniciando-se ao
sul de São Paulo, nos limites do Paraná penetram neste Estado, onde irão constituir sob a
forma de uma longa faixa no início do Segundo Planalto, os chamados “campos gerais”,
conforme figura 25. Essa vegetação aparece em forma de manchas na região de Curitiba,
Castro e continuam para o oeste formando os campos de Guarapuava, Palmas e Clevelândia,
no setor da média bacia (IBGE, 1968).
Segundo IBGE, 1968:
Ocupam assim, as áreas de solos pobres derivados do arenito Furnas. Com
seu aspecto quase sempre formado por uma cobertura de gramíneas, cuja
altura varia de 10 a 50cm aproximadamente, reveste o solo, podendo
apresentar-se de forma quase contínua ou deixar a descoberto alguns
pontos do solo, quando as gramíneas se agrupam sob a forma de tufos.
Esparsamente podem aparecer pequenos subarbustos e, muito raramente
arbustos
.
Com topografia suavemente ondulada os campos se modificam em áreas de
depressões e, ao longo dos rios (maior umidade), formando os capões e as matas galerias.
A região dos campos foi muito importante no processo de colonização. Nela
ocorreu também a passagem dos tropeiros transportando os muares comercializados em
Sorocaba no Estado de São Paulo, conhecido como período do tropeirismo (IBGE, 1968).
As paisagens paranaenses sofreram as interferências sócio-econômicas das
décadas de 70 e 80, com a ocupação e o adensamento populacional mais intenso do país.
Segundo Troppmair (1990):
Estas variações demográficas, principalmente os adensamentos nucleares e
a expansão das áreas de cultura, refletiram-se profundamente sobre a
estrutura do uso do solo, fazendo praticamente desaparecer, com exceção
na Serra do Mar e nos campos gerais, todas as paisagens naturais com a
cobertura vegetal originária. Algumas manchas e áreas de preservação são
os únicos testemunhos das outrora pujantes florestas.
Na região Sudoeste paranaense, porção inferior da bacia do rio Iguaçu, observou-
se em primeiro momento a economia extrativista, da erva-mate e da madeira, aliada a
ocupação do espaço junto às frentes sulistas, originárias do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina, no período de 1820 a 1946. Após, à devastação da vegetação foi à pequena
propriedade colonial familiar, assentada nas atividades produtivas de subsistência
caracterizou-se um segundo momento, e o terceiro, apresentou-se com a comercialização dos
excedentes produtivos (MORO, 1998).
50
Durante a década de 40, com a transposição do rio Iguaçu, inicia-se a colonização
moderna na região oeste paranaense. Segundo Padis apud Moro (1998), é a partir dos anos
cinqüenta que a região passou a experimentar um rigoroso surto de transformação,
culminando, em menos de 20 anos, com o aparecimento de quase 40 cidades, em função de
vários fluxos migratórios, predominantes do Sul do Brasil.
Em 1970, tem-se em destaque a economia, através da modernização da agricultura,
no oeste paranaense, a presença de solos com elevada fertilidade, a horizontabilidade dos
terrenos, a tradição dos colonos em atividades agropecuárias (cereais e suínos), o forte
sentimento associativista que teve, como exemplo, as cooperativas agropecuárias, que
também contribuíram decisivamente para o progresso econômico dessas regiões.
Economicamente, os esforços dessa modernização concentraram-se nos produtos que
permitem uma reprodução ampliada do capital como a soja, trigo, milho, algodão, cana-de-
açúcar, dentre outros (MORO, 1998).
Observou-se também, transformação na organização espacial e populacional
paranaense como cita Moro (1998):
No contexto das mudanças estruturais que se verificaram no processo do
desenvolvimento da economia do Estado, em especial no setor primário
com a modernização da sua agricultura, a dinâmica da mobilidade espacial
da população paranaense, durante as décadas de 70 e 80, foi de tal
magnitude, sobretudo no que tange a situação rural-urbana da população,
que culminou por afetar, não só a sua distribuição espacial, conferindo-lhe
um novo desenho, mas também notadamente seu crescimento, acabando por
reduzir sua participação relativa na composição da população brasileira.
Parte razoável do contingente populacional que deixou o campo e migrou
para outras unidades territoriais do país.
A partir da consolidação da modernização agrícola, predominou-se no Estado do
Paraná, as grandes propriedades de terras favorecidas pelo uso intensivo do capital e das
tecnologias modernas (maquinários), por outro lado, verificou-se a redução das pequenas e
médias áreas agrícolas, como na região oeste e sudoeste da bacia do rio Iguaçu.
De acordo com Moro (1998), o contexto econômico relacionado às atividades
industriais, se organizou baseado nos recursos naturais disponíveis no Estado. Caracterizando-
se o setor de ervateiras, madeireiras, laminadoras, papel e celulose, moveleiras, fósforos,
dentre as, mais significativas. Ao mesmo tempo, outras atividades industriais, representadas
pelas industrias de alimentos, bebidas, confecções, cerâmicas e outras, com gênese na
experiência artesanal trazida pelos imigrantes europeus, começaram a tomar corpo na
economia estadual, localizadas sobremaneira no sul do Estado, na porção superior da bacia do
51
rio Iguaçu (Curitiba, Ponta Grossa, Campo Largo). As agroindústrias representaram um papel
de destaque na economia, favorecendo o fortalecimento industrial.
Moro, 1998 a respeito da agroindústria afirma:
No Oeste e Sudoeste, os exemplos mais patentes estão entre a produção
integrada – agropecuária/indústria – de aves suínas com as gigantes do setor
– Sadia e Perdigão. No Sul do Estado, o exemplo fica por conta da Souza
Cruz com os produtores de fumo (Irati).
Como pode-se observar, a organização espacial da bacia do rio Iguaçu, que
compreende grande área da região sul, sudoeste e oeste do Estado do Paraná, apresenta-se
diversificada e influenciada pelos fatores naturais e antrópicos. E desaguando na bacia do rio
Paraná, se interage possibilitando, vazão fluvial com potencial energético e de ocupação
espacial, remontando a conflitos do espaço e tempo na área da bacia.
Neste sentido a percepção atual da complexa relação entre o ambiente (natural) e a
organização sócio-econômica passa necessariamente pelo diagnóstico de como o clima e seus
elementos e/ou parâmetros interferem, modificam e são derivados da ação do homem na
construção de um espaço cada vez mais antropizado (SANT`ANNA NETO, 1998).
52
4-METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
Foram utilizados dados de precipitações pluviais diários, mensais e anuais
fornecidos pela Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental (SUDERHSA) e Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), num total de
195 postos de coleta de dados distribuídos na área da bacia. Destas foram selecionadas 31
séries de precipitações pluviais, buscando trabalhar com as séries de dados mais completas e
com período maior, destacando uma significativa distribuição espacial.
Através do banco de dados da área de Meteorologia, DFI/UEM, comparou-se os
anos já existentes, quando não foi possível este monitoramento, observou-se os resultados em
relação às tendências centrais, tais como média, desvio padrão, mediana que, resultou em 31
séries de precipitações pluviais com a melhor distribuição temporal e espacialmente em séries
climatológicas durante o período de 1965 a 2002, nos Estados do Paraná e Santa Catarina,
conforme mostra a Figura 26 e Tabela 6.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
-54.00 -53.00 -52.00 -51.00 -50.00 -49.00
-29.00
-28.00
-27.00
-26.00
-25.00
-24.00
-23.00
Paraná
Santa Catarina
1:6.440.000
Figura 26 - Localização dos postos pluvioméricos na bacia do rio Iguaçu,
situados entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, no Sul do
Brasil.
Fonte: Azevedo (2004).
N
53
Tabela 6 – Postos pluviométricos com suas respectivas latitudes, longitudes e altitudes.
Fonte: SUDERHSA E ANEEL (2004).
Com base nestas séries, aplicou-se a análise estatística para determinação da
média, do desvio padrão e coeficiente de variação. Calcularam-se também as anomalias dessa
variável. Parâmetros que serão descritos abaixo.
Buscando avaliar a evolução média temporal e espacial da precipitação pluvial,
calculou-se a média para todas as séries de dados obtidos. A média é uma boa medida de
valores centrais, que segundo a Organização Meteorológica Mundial é bastante estável para
períodos superiores há trinta anos, possibilitando a partir daí estabelecer comparações entre
anos mais secos ou mais úmidos. Através da expressão:
n
X
X
N
i
i
=
=
1
(2)
Nº Posto Pluviométrico Município Latitude Longitude Altitude(m)
1 PIRAQUARA Piraquara 25º 27' 00" 49º 04' 01" 900
2 FAZENDINHA São José dos Pinhais 25º 31' 09" 49º 08' 48" 910
3 RIO DA VÁRZEA DOS LIMA Quitandinha 25º 57' 00" 49º 22' 59" 810
4 ITAQUI Campo Largo 25º 28' 00" 49º 34' 00" 901
5 PORTO AMAZONAS Porto Amazonas 25º 33' 00" 49º 52' 59" 793
6 SANTA CRUZ Ponta Grossa 25º 12' 00" 50º 09' 00" 790
7 SÃO BENTO Lapa 25º 55' 59" 49º 46' 59" 750
8 CORUPA (HANSA) Corupa 26º 25' 00" 49º 18' 00" 200
9 RIO PRETO DO SUL Rio Negro 26º 13' 00" 49º 36' 00" 780
10 RIO NEGRO Rio Negro 26º 06' 00" 49º 48' 00" 770
11 SÃO MATEUS DO SUL São Mateus do Sul 25º 52' 32" 50º 23' 22" 760
12 DIVISA São Mateus do Sul 26º 05' 29" 50º 20' 02" 770
13 S. CANOINHAS Papanduva 26º 22' 00" 50º 17' 00" 765
14 FLUVIÓPOLIS São Mateus do Sul 26º 01' 09" 50º 35' 33" 770
15 RIO CLARO DO SUL Mallet 25º 56' 00" 50º 41' 00" 750
16 JANGADA DO SUL General Carneiro 26º 23' 13" 51º 16' 18" 800
17 GUARAPUAVA Guarapuava 25º 27' 00" 51º 27' 00" 950
18 SANTA CLARA Candói 25º 37' 59" 51º 58' 00" 740
19 SALTO CLAUDELINO Clevelândia 26º 16' 40" 52º 17' 46" 926
20 LARANJEIRAS DO SUL Laranjeiras do Sul 25º 24' 20" 52º 24' 15" 850
21 MARIÓPOLIS Mariópolis 26º 22' 00" 52º 34' 00" 864
22 PONTE DO VITORINO Bom Sucesso do Sul 26º 03' 01" 52º 48' 03" 550
23 BALSA DO SANTANA Itapejara d'Oeste 25º 54' 54" 52º 50' 58" 450
24 ÁGUAS DO VERE Verê 25º 46' 00" 52º 55' 59" 390
25 UEDAS IGUACU (CAMPO NOVO) Quedas do Iguaçu 25º 26' 53" 52º 54' 15" 550
26 CRUZEIRO DO IGUACU – I Cruzeiro do Iguaçu 25º 34' 00" 53º 07' 59" 450
27 SALTO DO LONTRA Salto do Lontra 25º 46' 59" 53º 22' 00" 552
28 SANTO ANTONIO DO SUDOESTE Santo Antonio do Sudoeste 26º 04' 06" 53º 41' 32" 520
29 PÉROLA DO OESTE Pérola d'Oeste 25º 49' 59" 53º 45' 00" 400
30 SALTO CATARATAS Foz do Iguaçu 25º 40' 59" 54º 25' 59" 152
31 PARQUE NACIONAL DO IGUACU Foz do Iguaçu 25º 37' 00" 54º 28' 59" 100
54
onde
N
i
i
X
1
indica a soma dos valores observados da variável
X
e n representa o número de
valores do conjunto de dados.
O desvio padrão também foi calculado para todas as séries de dados estudadas. O
desvio padrão mede a dispersão dos dados em relação ao valor médio. Quanto maior a
dispersão dos dados, maior a variabilidade da série analisada. A expressão que define o desvio
padrão é dada por:
()
1
1
2
=
=
N
XX
S
N
i
i
(3)
onde, S é o desvio padrão de uma amostra que depende da quantidade de dados (N) e da
média dos dados estudados (
X
).
O coeficiente de variação mede quanto a série analisada é homogênea. Esta
medida é importante ao ser analisada juntamente com o valor médio e o desvio padrão. Para o
coeficiente de variação calculado para as séries pluviais, foi utilizada a expressão:
X
S
CV =
(4)
onde
S , é o desvio padrão e
X
, é a média.
Para a realização dos cálculos foi utilizado o
software Excel. Na construção das
isoietas utilizou-se o
software Surfer 7.0, com o método de interpolação Kriging, que oferece
uma melhor distribuição espacial das isolinhas da variável estudada, pois na krigeagem os
pesos são determinados a partir de uma análise espacial e fornece, em média, estimativas não
tendenciosas e com variância mínima (Disponível em: <
http://www.dpi.inpe.br/spring/usuario/krigeagem.htm
>. Acesso em 20/10/05).
Para determinar a anomalia da precipitação pluvial utilizou-se a expressão:
(
)
XX
i
(5)
onde
i
X é o valor da precipitação pluvial mensal ou anual e
X
é a média da precipitação
pluvial em todo o período estudado.
Para calcular a anomalia da precipitação pluvial, utilizou-se da evolução temporal,
correspondente ao período de 1965 a 2002. Neste cálculo se totalizou os dados de todos os
postos pluviométricos envolvidas na análise para um período temporal (meses ou anos).
Depois de se calcular as médias aritméticas simples de todo o período em análise, calculou-se
a anomalia para cada período temporal anual, para finalmente gerar o índice. Este índice foi
55
utilizado para correlacionar a precipitação pluvial com a anomalia da Temperatura da
Superfície do Mar (TSM), do Pacífico e o índice de Oscilação Sul, extraídos das
séries dos Boletins de Diagnósticos Climáticos, pertencentes ao banco de dados da área
de Meteorologia, DFI/UEM.
Foram correlacionadas, de acordo com Trenberth (1997), as anomalias da
temperatura do Oceano Pacífico, ao nível do mar, TSM (Niño 3.4) com os índices
padronizados para cada período de El Niño. Considerando que a correlação
apresentada não foi significativa, foram utilizadas as anomalias de TSM (Niño 1+2).
Desta forma, depois de calculados os valores de anomalias da precipitação pluvial
para cada ano, selecionou-se os anos de El Niño (1982, 1983, 1997 e 1998) e La Niña (1985,
1988, e 2001) classificados por Trenberth (1997). O ano de 1984 foi selecionado como ano
normal (sem ocorrência do fenômeno El Niño e La Niña). Períodos verificados na Tabela 7,
mostrando os diferentes estágios de duração (mensal e anual).
Tabela 7 - Eventos El Niño e La Niña desde 1970 até 2002, definidos a partir da
temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico para a região do El Niño
(1+2) e excedendo valores de 0.4ºC (positivo ou negativo).
Período de El Niño Duração (meses) Período de La Niña Duração (meses)
Jan/72 a fev/73 14 Mar/70 a dez/71 22
Mai/76 a jan/77 9 Abr/73 a fev/74 11
Jun/79 a jan/80 8 Out/74 a jan/76 16
Jul/82 a dez/83 18 Jan/85 a dez/85 12
Out/86 a dez/87 15 Abr/88 a dez/88 9
Nov/91 a jun/92 8 Mai/89 a set/89 5
Fev/93 a jun/93 5 Mar/94 a set/94 7
Out/94 a fev/95 5 Abr/95 a ago/95 5
Mar/97 e out/98 20 Abr/96 a jan/97 10
Abr/99 a jan/2000 10
Jun/2000 a jan/01 8
Mai/01 a jan/02 9
Fonte: Trenberth (1997), adaptada por Baldo (2001) e atualizada.
Realizou-se a comparação entre os períodos de anomalias mais significativos
(1982-83, 1985, 1988, 1997-98 e 2001-02), classificados por Trenberth (1997) e 1984, ano
normal. Proporcionando destacadar a variabilidade pluvial existente na bacia, através dos
parâmetros estatísticos: máximo, mínimo, quartil superior e inferior, desvio padrão,
precipitação média e coeficiente de variação.
56
Foram selecionados os grupos homogêneos da área da bacia do rio Iguaçu, com a
utilização do método de classificação hierárquica de Ward, com distância euclidiana. No
método utilizou-se uma análise de variância para avaliar a distância entre as séries e fornecer
uma síntese do conjunto de dados, isenta de subjetividade e justificada em um critério
estatístico.
Para efetuar a regionalização utilizaram-se métodos de classificação não
hierárquicos. Estes métodos de classificação indicam uma amostra de um grupo localizando e
juntando as amostras similares. Há diversos métodos de classificação, não hierárquicos, tais
como: de ligação simples e ligação média, de agrupamento por variância mínima e o método
de Ward. Mesmo existindo algum grau de subjetividade a eleição do método deve ser a mais
objetiva possível (LEWIS E TORRES, 1992). Para realizar o agrupamento das estações
estudadas, utilizou-se a sistemática dos diferentes métodos de análise multivariada, chegando-
se ao método de Ward, com distância euclidiana. Assim pode-se definir o Método de Ward,
segundo Everitt & Graham (1991).
No caso de uma tabela T(n,p) de variáveis quantitativas, a estratégia de agregação
do “crescimento mínimo do momento de ordem dois” é chamado de método de Ward. O
princípio de funcionamento deste método pode ser apresentado como uma generalização
multidimensional do modelo de análise de variância.
SCD
tot
= SCD
res
+ SCD
fac
(6)
O SCD
tot
é a soma dos quadrados dos desvios das observações à média
geral; SCD
res
é a soma dos quadrados dos desvios das observações em cada grupo,
com respeito à média do grupo para todos os grupos e SCD
fac
é a soma dos quadrados
dos desvios das observações em cada grupo, com respeito à média geral.
Se a tabela T(n,p) contém uma só variável e são distinguidos
K grupos nas
observações da expressão (6) resulta que:
() () ()
∑∑
== ==
+=
nK
k
K
k
kk
n
i
kii
xxnxxxx
111 1
2
1
22
(7)
A inércia total é decomposta em uma soma de inércia intraclasses e da
inércia interclasses. Se a tabela T(n,p), contém mais de uma variável e se distinguem
K grupos de observações, se substitui em (7) os desvios relativamente à média pelo
quadrado das
s distâncias euclidianas relativamente ao centro de gravidade.
57
()
[]
()
∑∑
====
+=
K
k
K
k
GGk
n
i
Gi
n
i
Gi
k
k
k
dndd
11
2
,
1
2
,
1
2
,
(8)
Sendo:
G uma coordenada variando de 1 a p, de acordo com a expressão
=
=
x
n
i
pip
x
n
x
1
1
; G
k
uma outra coordenada, cujo termo geral é
=
=
k
n
i
pipk
x
n
x
1
1
e a
coordenada
i, cuja definição é
{
}
pi
xxx
ii
...,,,
21
. Estas coordenadas serão calculadas
com as respectivas distâncias euclidianas que sendo substituídas em (8) resultarão na
equação (9).
()
()
()
∑∑
=== ====
+=
n
i
K
k
n
i
K
k
P
p
pkpk
P
p
pk
k
pi
p
p
ppi
k
xxnxxxx
111 11
2
1
2
1
2
(9)
Se as observações apresentarem grupos bem diferenciados, as inércias intragrupos
devem ser baixas e inércias intergrupos devem ser elevadas. A partir daí, como critério de
agregação deve-se minimizar o crescimento da inércia intragrupos resultante da agregação dos
dois grupos numa nova classe (EVERITT & GRAHAM, 1991).
Efetuou-se a correlação da evolução mensal da precipitação pluvial com a
anomalia da TSM, para os postos pluviométricos, Fazendinha (02) e Divisa (12), pertencentes
ao grupo homogêneo (01). Guarapuava (17) e Parque Nacional do Iguaçu (31), do grupo
homogêneo (2). Salto Claudelino (19) e Pérola do Oeste (29), situados no grupo homogêneo
(3). Trabalhou-se os postos pluviométricos pertencentes a cada grupo homogêneo e
representando a distribuição espacial da bacia. Sendo os períodos de análise para a correlação
de anomalias mais significativas aos eventos de El Niño (1982-83 e 1997-98) e La Niña
(1985, 1988, 2001-02), classificados por Trenberth (1997) e 1984, ano sem estar relacionado
com algum evento. Para a elaboração dos gráficos utilizou-se o programa
Statística.
A freqüência mensal da precipitação pluvial foi realizada através da metodologia
de Soriano (2003), que consiste em analisar o percentual de dias com precipitação pluvial em
relação ao total de dias estudados no período, verificados através das ocorrências diárias. Para
a classificação da intensidade da precipitação pluvial, utilizaram-se intervalos de classes:
muito fraca, valores entre [0.6 a 5mm) de chuva; fraca entre [5 a 10mm); moderadamente
fraca [10 a 15mm), moderada [15 a 20mm); moderadamente forte [20 a 25mm), forte [25 a
30mm) e muito forte acima de (30mm), conforme mostra a Tabela 8. Calculou-se o percentual
correspondente aos intervalos de classe de precipitação pluvial em relação ao total de dias
58
com ocorrências de chuva para cada mês de janeiro a dezembro, estudados no período de
1965 a 2002.
De acordo com o intervalo de classe foi feita uma classificação da intensidade de
precipitação nos quais os valores de precipitação foram divididos em milímetros, conforme
mostra a Tabela 8.
Tabela 8-Classificação da intensidade de precipitação de acordo com o intervalo de classe.
Intervalo de precipitação
(mm/dia)
Classificação da intensidade
de precipitação
[0,6; 5) Muito fraca
[5; 10) Fraca
[10; 15) Moderadamente fraca
[15; 20) Moderada
[20; 25) Moderadamente forte
[25; 30) Forte
>30 Muito forte
[ - Inclusive ) - Exclusive
Fonte: Soriano (2003).
Para selecionar os postos de coletas de dados na área da bacia do rio Iguaçu,
utilizou-se o método de classificação de áreas homogêneas (classificação hierárquica de
Ward, com distância euclidiana), sendo um posto pluviométrico (série pluvial) em cada área
determinada, à montante da bacia o posto Fazendinha (2), localizando-se no município de São
José dos Pinhais. Na média bacia, o posto (17), localizando-se no município de Guarapuava e
à jusante o posto (29), no município de Pérola d’Oeste, conforme se verificou na Figura 23 e
Tabela 6. Estes postos também foram usados nos balanços hídricos com base nos dados de
precipitação pluvial e temperatura.
Apesar de possuir vários métodos para se realizar o balanço hídrico, neste trabalho
optou-se pelo método de Thornthwaite e Mather (1955), onde são necessárias apenas três
variáveis: a temperatura, a precipitação pluvial média anual e a latitude (utilizada para
determinar o número de horas de insolação) e uma constante de 100mm, denominada
capacidade de armazenamento de água no solo (CAD) (SENTELHAS et al., 1999).
Para a elaboração do balanço hídrico, em cada um dos postos, utilizou-se a
planilha
Excel elaborada por (ROLIM et al., 1998).
A série de dados, bem como a classificação de Trenberth (1997), foram utilizadas
na seleção dos períodos mais significativos, de ocorrência de El Niño (1982-83, 1997-98), La
Niña (1985, 1988, 1999-2000 e 2001-02) e 1984, ano considerado normal para a elaboração
59
dos balanços hídricos períodos estes obtidos também através da análise do comportamento
médio da precipitação no decorrer do período total estudado.
Para se analisar o padrão fluvial (vazão) do rio Iguaçu utilizou-se dados de 09
postos fluviométricos, fornecidos pela SUDERHSA, com distribuição espacial representativa
dentro da área de estudo, Figura 27 e Tabela 9.
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1:4000000
N
Figura 27 - Localização dos postos fluviométricos na bacia do rio Iguaçu.
Tabela 9 - Relação dos postos fluviométricos.
N° Posto Fluviométrico Município Rio Latitude Longitude Altitude(m)
Série
Histórica
1 Fazendinha
São José dos
Pinhais
Pequeno 25º31’09” 49º08’48” 875 1955-2002
2 Porto Amazonas Porto Amazonas Iguaçu 25º32’53” 49º53’22” 780 1945-2002
3 Rio Preto do Sul Rio Negro Negro 26º12’57” 49º36’09” 780 1951-2002
4 Jangada General Carneiro Jangada 26º23’13 51º16’18” 800 1946-2002
5 Fazenda Maracanã Cruz Machado Palmital 26º01’49” 51º08’30” 840 1946-2002
6 Santa Clara Candói Jordão 25º38’17”
51º58’02” 740 1950-2002
7 Usina Cavernoso Virmond Cavernoso
25º29’02” 52º13’00” 850 1952-2002
8 Porto Palmeirinha Coronel Vivida Chopim
26º01’45”
52º37’42” 450 1955-2002
9 Salto Cataratas Foz do Iguaçu Iguaçu 25º40’59” 54º25’59 152 1955-2002
Fonte: SUDERHSA (2004).
Utilizou-se o programa Excel na construção dos gráficos para análise da vazão
mensal. Esta análise serviu para estudar a evolução temporal e espacial da vazão do rio
principal, relacionado com eventos El Niño e La Niña. Também analisou-se, a influência de
usinas hidrelétricas nesta bacia que, tiveram suas instalações efetivadas após a década de 70.
Por esse motivo o período de análise da vazão foi maior do que 1965 iniciando a série de
dados de posto de Porto Amazonas, no ano de 1945, conforme a Tabela 9.
60
Foi efetuada correlação linear da fluviometria com a TSM do Pacífico Equatorial,
buscando uma possível explicação para a dinâmica do regime fluvial, com o aumento ou
diminuição no volume de água transportada ou armazenada, de acordo com a ocorrência dos
fenômenos El Niño (1982-83, 1997-98), La Niña (1985, 1988, 1999-2000 e 2001-02) e 1984,
considerado um ano normal. Esta correlação foi elaborada através do programa
Statística,
sendo os dados selecionados com defasagem de até três meses, buscando-se uma possível
relação defasada entre o resfriamento/aquecimento das águas do Oceano Pacífico Tropical e a
vazão ocorrida na área da bacia do rio Iguaçu.
Quando estudado duas variáveis, verificou-se que, valores apresentados em uma
correspondem os valores de outra, pode-se supor existir entre elas certa relação. Ao fazer um
gráfico, observava-se que os valores dessas duas variáveis sobre um sistema de eixos
perpendiculares dispõem nas proximidades de uma reta, diz-se haver, entre as variáveis em
estudo, uma correlação linear. Se, além disso, verificar-se que ambas crescem juntas, ela será
direta ou positiva, mas se ao crescimento de uma, corresponder o decréscimo da outra, ela
será inversa ou negativa.
O fato de existir uma forte associação entre duas variáveis não significa haver
entre elas relação de causa e efeito. Se uma reta mostra bom ajuste entre duas variáveis X e Y,
há três possibilidades: 1) os valores de Y podem realmente depender dos valores de X, ou
seja, pode haver efetiva relação causal entre X e Y; 2) a relação observada pode ser
completamente causal entre X e Y, o que é muito improvável, ao se dispor de muitas
observações e 3) pode haver uma terceira variável afetando X e Y.
O conceito de correlação refere-se a uma associação numérica entre duas
variáveis, não implicando necessariamente uma relação de causa ou efeito ou mesmo a
existência de uma estrutura com interesses práticos. O estudo da correlação numérica entre
duas variáveis é geralmente um passo intermediário na análise do problema. A correlação
entre duas variáveis pode ser linear ou não.
O coeficiente de correlação linear deve ser testado no que diz respeito ao seu nível
de significância, havendo tabelas com valores críticos para esse coeficiente, nas quais se
utiliza como graus de liberdade o valor (n-2), onde n é o número de observações. Se o valor
de r, calculado for maior do que o tabelado correspondente para o nível de significância
respectivo, diz-se que a associação entre as variáveis é significativa. O teste de significância
do r é baseado na premissa da normalidade das duas variáveis envolvidas (ANDRIOTTI,
2003 e SIEGEL, 1996).
61
O coeficiente de correlação linear é uma medida da intensidade da relação linear
entre duas variáveis e mede o grau de relacionamento linear entre os dados emparelhados das
variáveis X e Y em uma amostra que, é chamada de momento – produto de Pearson, em
homenagem a Karl Pearson (1857 – 1936), que o definiu (ANDRIOTTI, 2003). Para esta
correlação foi utilizado o valor crítico de correlação
r de Pearson correspondente a 05,0
=
α
,
conforme mostra a Tabela 09.
Tabela 10 – Valores críticos do coeficiente de correlação r de Pearson
Fonte: Andriotti (2003).
62
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
No primeiro momento da discussão dos resultados, será apresentado à análise
espacial e temporal da bacia do rio Iguaçu, através da altitude, dinâmica atmosférica, média
anual, desvio padrão e evolução interanual da precipitação pluvial e a seguir o cálculo das
anomalias para alguns anos selecionados através da classificação de Trenberth (1997).
5.1. Análise espacial e temporal da precipitação pluvial
Pode-se observar que a variação das altitudes na bacia do rio Iguaçu é bem
marcada, com valores superiores a 800m, de montante até a parte central dessa bacia. Já à
jusante, os valores não ultrapassam 300m, podendo-se, dessa forma, observar um acentuado
declive, o que possibilitou a geração de energia elétrica ao longo dessa bacia, conforme a
Figura 28 e 29.
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 28 – Altitude (m) da bacia do rio Iguaçu.
Figura 29 – Hipsometria da bacia do rio Iguaçu.
Fonte: IPARDES (1997).
63
Na Figura 30, nas isolinhas obtidas através da média do período, observa-se a
variabilidade da precipitação pluvial na bacia, com valores de 1500mm à montante e valores
de 1900mm, à jusante. Outra observação importante é que a parte central da bacia tem valores
de precipitação de, aproximadamente, 1800mm devido à orografia dessa região, que alcança
1200m de altitude em Guarapuava.
Para a explicação da distribuição das precipitações pluviais na bacia, buscou-se
analisar a dinâmica atmosférica regional. Sendo complexa e existindo diversas correntes
perturbadoras que, por sua origem e direção de trajetória, são denominadas como: corrente do
norte, representada pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), corrente de este
representada por ondas (EW), correntes de oeste, representada por linha de estabilidades
tropicais (IT), e correntes do Sul, constituídas pelas frentes polares (FP) (NIMER, 1990).
Aliada com a organização do relevo, que pode de certa forma influenciar a distribuição da
precipitação pluvial na área da bacia.
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 30 - Média anual da precipitação pluvial (mm) na bacia do rio Iguaçu, período de
1965 a 2002.
Embora o relevo apresentando características gerais suaves na região sul do Brasil,
sua influência se destaca principalmente nos Planaltos das Araucárias, próximo dos
municípios de Guarapuava e Palmas, onde à altitude chega a 1200m, propiciando a formação
das chuvas orográficas, a partir da dinâmica de entrada de massas polares, apresentando
valores de precipitação de 1900mm na região sudoeste da bacia do rio Iguaçu.
Através do cálculo do desvio padrão apresentado na Figura 31, observou-se que não
ocorreu variabilidade da precipitação pluvial significativa (acima de 200mm) ao longo de toda
a bacia. Sendo estes valores menores de desvios à montante da referida bacia (280mm de
dispersão) e valores, à jusante, de aproximadamente, 480mm, assim onde a precipitação
64
pluvial é maior a variabilidade também é maior. A área de jusante da bacia do rio Iguaçu está
próxima da represa da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que concentra grande volume de água,
interferindo no ciclo hidrológico da região, propiciando maior variabilidade na precipitação
pluvial.
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 31-Desvio padrão das precipitações pluviais (mm) para a bacia do rio Iguaçu, no
período de 1965 a 2002.
Na Figura 32 pode-se observar a evolução temporal da precipitação pluvial, média
anual, média climatológica e o desvio padrão. Os valores de média, média mais desvio padrão
e média menos o desvio padrão são importantes para estabelecer uma primeira aproximação
dos anos mais secos e mais úmidos em relação ao valor médio climatológico.
A média interanual da precipitação pluvial para o período de 1965 a 2002 é de
1700mm, com variação do desvio padrão negativo de 1300mm, chegando a 2200mm no
desvio padrão positivo.
A variabilidade interanual da precipitação pluvial apresentada na, Figura 32
mostra, os anos de 1982, 1983, 1990, 1996, 1997 e 1998 com maiores valores de precipitação
pluvial e os anos de 1968, 1978, 1985, 1988, 1991, 1999 e 2001 com menores valores de
precipitação e os outros anos como normais. Estes anos coincidem com eventos El Niño e La
Niña, conforme mostra a Tabela 5.
65
Figura 32 – Evolução interanual da precipitação pluvial na bacia do rio Iguaçu, 1965 a 2002.
5.2. Análise das anomalias da precipitação pluvial
Foram calculadas anomalias para os anos de 1982, 1983, 1997 e 1998, com
ocorrência de eventos El Niño e 1985, 1988 e 2001 para La Niña. O ano 1984 como normal,
conforme mostram as Figuras 33 a 40.
Para o ano de 1982 se observam valores positivos, sendo os maiores valores de
500mm, à jusante da bacia, conforme a Figura 33.
O ano de 1983 apresentou valores significativamente maiores em relação ao ano
1982, sendo este período característico por forte intensidade do fenômeno El Niño, podendo-
se observar valores de 1200mm na parte central e à jusante da bacia. Outra análise importante
é que as anomalias foram positivas ao longo de toda a bacia, conforme mostra a Figura 34.
Os anos de 1982-83 foram anos de El Niño intenso, com início em julho de 1982 e
fim em dezembro de 1983, segundo Trenberth (1997). Esse evento foi considerado o mais
intenso dessa década e um dos mais intensos do século XX, provocando problemas de
diversas magnitudes no mundo, ocasionando chuvas intensas no Sul do Brasil e registrando
perda significativa nesta região.
66
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 33 - Anomalia da precipitação pluvial (mm) do ano 1982, na bacia do rio Iguaçu.
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 34 - Anomalia da precipitação pluvial (mm) no ano 1983, na bacia do rio Iguaçu.
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 35 - Ano 1984, normal da precipitação pluvial (mm), na bacia do rio Iguaçu.
No ano 1984, considerado ano normal (Figura 35), observou-se que as anomalias
não foram significativas em toda a bacia, com valores de 0mm a montante e -200mm próximo
à jusante, na região sudoeste da bacia, para ser significativo tem-se que apresentar valores
negativos ou positivos de no mínimo 280mm de precipitação pluvial. Dessa forma, observou-
67
se que não houve variabilidade da precipitação pluvial na bacia. Esse é um ano que se pode
chamar de ano habitual, ou seja, os demais anos estudados podem ser comparados ao ano de
1984 para estabelecer se foram anos normais ou anos de anomalias significativas.
No ano 1985, observou-se que as anomalias foram significativamente negativas
em toda a bacia, com valores de -500mm, à leste e -800mm, na região sudoeste da bacia,
Figura 36. Esse foi, portanto um ano muito seco conforme a classificação de Trenberth
(1997), como um ano de ocorrência do fenômeno La Niña, provocando chuvas abaixo da
média na região Sul do Brasil.
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 36 - Anomalia de precipitação pluvial (mm) no ano 1985, na bacia do rio Iguaçu.
O ano de 1988 apresentou, anomalias negativas, com valores de -300mm e valores
-600mm (Figura 37). Pode-se observar que, comparando as Figuras 35 e 36, a anomalia foi
mais intensa no ano de 1985, isto é, a precipitação pluvial foi menor nesse ano, possibilitando
inferir a variabilidade de um evento para outro e comparando-se com o ano de 1984, (Figura
34), observou-se que foi significativa a anomalia entre todos os anos.
Através da Figura 37, apresenta-se a anomalia da precipitação pluvial para o ano
1997, podendo-se observar valores positivos em toda a bacia, sendo os maiores valores
(500mm), localizados em grande parte da bacia.
68
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 37 - Anomalia de precipitação pluvial (mm) do ano 1988, na bacia do rio Iguaçu.
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 38 - Anomalia de precipitação pluvial (mm) do ano 1997, na bacia do rio Iguaçu.
Para o ano de 1998, a anomalia da precipitação pluvial foi mais intensa do que no
ano 1997. Pode-se observar valores de 450mm, chegando a 950mm, caracterizando anomalia
positiva ao longo da bacia, Figura 39. Em relação ao período 1982/83. Pode-se observar que,
embora 1997/98 tenha sido um período de intenso El Niño, ainda o período anterior foi mais
marcado nessa bacia, novamente comparando também com 1984 (normal), observou-se que
estes anos tiveram anomalias significativas (positiva) como para todos os anos de El Niño.
Para o ano de 2001, observou-se que mesmo considerado como de evento La Niña
através da classificação de Trenberth (1997), apresentou valores (500mm na média bacia e
300mm negativos na porção inferior da bacia) de anomalia de precipitação pluvial próximo de
um ano normal, sendo valores positivos ao norte da referida bacia. Logo, na bacia do rio
Iguaçu não ocorreu influência significativa desse evento de La Niña (Figura 40), que talvez
pode ser explicado pela influência do relevo ou pela dinâmica da circulação atmosférica.
69
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 39 - Anomalia de precipitação pluvial (mm) do ano 1998, na bacia do rio Iguaçu.
-54.70 -53.70 -52.70 -51.70 -50.70 -49.70
-26.90
-25.90
-24.90
1:4000000
N
Figura 40 – Anomalia de precipitação pluvial (mm) do ano 2001, na bacia do rio Iguaçu.
5.3. Análise da anomalia através do parâmetro de estatística descritiva
Através da estatística descritiva realizada para os períodos de anomalia da
precipitação pluvial com ocorrência de El Niño e La Niña e um ano normal, pode-se observar
a variabilidade da precipitação pluvial de um ano em relação ao outro, conforme mostra as
Tabelas 11 a 16. Também foi possível calcular a variabilidade da precipitação pluvial com
base na média, no coeficiente de variação e o desvio padrão. Analisando a significativa
variabilidade em toda a bacia, durante os períodos estudados.
A Tabela 11 apresenta a análise para o período do evento El Niño 1982/83, com
ocorrência entre os meses de julho 1982 a dezembro de 1983, totalizando um período de 18
meses. A precipitação pluvial máxima calculada para cada posto na área da bacia, apresentou
valores significativamente positivos, variando entre valores 295mm, no posto 13 e valores
70
aproximadamente, superiores a 900mm, no posto pluviométrico 24. Em relação às médias de
precipitação pluvial (
pp ), pode-se observar valores mais homogêneos, oscilando entre 135,2
e 262,2mm, aproximadamente. Neste período a heterogeneidade não é tão marcada, mas ainda
assim é superior a 48%, como pode-se observar nas séries pluviométricas analisadas através
do coeficiente de variação. Deve-se destacar que o posto 24 apresentou variabilidade da
precipitação pluvial de 88%, superior ao valor médio desse posto pluviométrico analisado,
pois se encontra na região sudoeste da bacia, área sob a influência das chuvas orográficas, ou
seja, a oeste das altitudes elevadas que propiciam tal fenômeno.
Tabela 11 – El Niño do período de julho/1982 a dezembro/1983.
Posto Mínimo ximo Q. Inf. Q. Sup. S
pp
CV
01 7.6 298.1 94.1 212.4 81.8 159.2 0.51
02 0.0 304.6 75.2 206.2 92.4 140.1 0.66
03 29.5 406.5 79.4 242.3 98.8 167.8 0.59
04 4.0 296.2 87.6 246.2 90.2 163.0 0.55
05 7.4 345.4 101.6 212 91.1 162.2 0.56
06 0.6 434.2 97.6 258.1 111.9 185.7 0.60
07 20.0 472.8 114.0 252.9 116.8 197.9 0.59
08 25.7 678.0 133.8 270.2 145.3 237.0 0.61
09 15.0 488.7 109.0 260.2 113.3 186.5 0.61
10 23.0 476.0 96.0 289.0 117.6 183.1 0.64
11 0.0 415.0 112.8 181.2 96.8 159.2 0.61
12 33.4 536.2 117.8 223.4 122.6 185.7 0.66
13 0.0 295.0 60.0 187.9 96.7 135.2 0.72
14 23.2 529.8 113.5 228.5 134.4 192.8 0.70
15 21.2 516.0 112.6 227.6 129.4 184.2 0.70
16 36.0 766.5 169.1 253.8 165.3 233.0 0.71
17 6.3 510.0 144.9 282.3 144.0 225.3 0.64
18 19.6 711.0 131.1 383.7 179.6 262.2 0.68
19 37.0 829.6 178.2 283.2 181.6 260.0 0.70
20 27.4 520.4 140.2 321.4 131.9 229.2 0.58
21 40.8 781.4 142.2 294.5 184.6 261.9 0.70
22 22.5 655.8 132.2 321.9 163.8 253.3 0.65
23 20.4 687.0 134.2 292.0 187.6 251.8 0.75
24 14.6 903.2 121.4 281.6 223.4 255.3 0.88
25 15.0 449.5 138.4 286.9 107.3 223.5 0.48
26 0.0 628.4 112.0 284.4 167.3 228.8 0.73
27 21.8 887.4 123.8 282.4 217.5 250.0 0.87
28 44.1 732.8 119.9 272.8 218.7 257.0 0.85
29 54.6 582.2 121.0 331.2 165.6 248.4 0.67
30 7.4 498.9 98.1 296.4 138.5 204.2 0.68
31 9.6 510.0 82.0 250.5 141.8 208.1 0.68
Q. Inf. – quartil inferior, Q. Sup. – quartil superior, S– desvio padrão
pp – precipitação pluvial média mensal, CV – coeficiente de variação.
71
O ano de 1984 foi calculado como ano sem ocorrência de eventos El Niño e La
Niña. No período de 12 meses, apresentou valores máximos de chuva variando de 194,3
(posto 30) a 459,4mm (posto 13) e média entre 105,2 (posto 31) e 177,8mm (posto 26),
Tabela 12.
Através do coeficiente de variação e do desvio padrão, pode-se observar que o
desvio em relação à média é muito similar com 38 a 67% de variabilidade, para as séries
pluviométricas. O posto pluviométrico 13 apresentou, 80% de variabilidade. Esta variação
ocorreu no norte de Santa Catarina, sob a influência da massa Tropical Atlântica, não sendo
predominante valor máximo elevado para a área da bacia.
Tabela 12 – Período normal de janeiro a dezembro/1984.
Posto Mínimo Máximo Q. Inf. Q. Sup. S
pp
CV
01 42.4 195.1 95.2 173.0 51.8 128.5 0.40
02 31.4 229.0 83.0 151.5 58.2 122.0 0.48
03 46.8 293.5 59.8 147.1 77.5 123.8 0.63
04 52.0 228.2 90.8 148.9 53.7 130.4 0.41
05 34.4 211.3 71.5 160.2 58.6 120.3 0.49
06 25.3 232.6 99.1 171.9 59.3 135.8 0.44
07 54.9 277.0 73.7 139.0 73.3 123.7 0.59
08 38.1 442.1 102.0 200.5 110.5 163.8 0.67
09 58.4 303.8 79.3 146.1 69.7 126.3 0.55
10 56.7 257.7 78.5 165.1 63.1 127.0 0.50
11 35.4 262.1 105.0 166.9 62.0 132.6 0.47
12 49.8 277.0 85.3 167.8 66.7 128.8 0.52
13 0.0 459.4 78.5 183.7 116.8 146.5 0.80
14 34.4 240.8 80.0 154.6 55.5 122.9 0.45
15 32.0 269.8 86.9 166.9 69.0 128.3 0.54
16 52.7 274.8 93.4 226.4 73.2 157.3 0.47
17 35.1 319.2 104.6 226.2 90.7 166.0 0.55
18 39.8 232.1 107.8 223.3 66.8 162.0 0.41
19 57.2 285.4 95.9 234.5 76.8 167.1 0.46
20 44.6 302.8 96.1 235.9 88.1 170.9 0.52
21 86.4 274.0 91.5 207.4 62.8 155.4 0.40
22 81.3 276.4 124.6 228.0 66.1 176.0 0.38
23 35.6 244.6 79.7 184.8 71.0 132.5 0.54
24 53.2 359.6 101.8 240.5 92.1 172.9 0.53
25 53.8 283.6 121.5 210.5 67.6 171.3 0.39
26 43.6 266.4 134.8 242.9 76.1 177.8 0.43
27 49.0 291.2 92.2 205.6 77.3 156.0 0.50
28 65.2 218.4 85.2 163.6 50.8 126.4 0.40
29 10.4 276.4 83.2 238.9 87.8 163.1 0.54
30 40.4 194.3 75.8 159.2 51.7 117.1 0.44
31 1.0 219.3 52.8 153.2 63.8 105.2 0.61
Q. Inf. – quartil inferior, Q. Sup. – quartil superior, S– desvio padrão
pp – precipitação pluvial média mensal, CV – coeficiente de variação.
72
O ano de 1985, considerado anômalo para evento La Niña atuando nos meses de
janeiro a dezembro, totalizando um período de 12 meses, apresentou valores máximos de
precipitação variando de 144,3 (posto 5) a 361mm (posto 20) e média entre 74 e 126mm
(Tabela 13).
Este período apresentou-se mais heterogêneo, com 89% de variabilidade da
precipitação pluvial média, medido através do desvio padrão (S), em grande parte das séries
de chuva analisadas. A menor variabilidade da precipitação pluvial foi 49% e o maior valor
alcançou 94% (posto 24) que, também esta sob a influência do relevo que favorece a
formação das chuvas orográficas, mesmo sendo sua altitude de 390m, pois se encontra no vale
encaixado do rio Iguaçu.
Tabela 13 – La Niña do período de janeiro a dezembro/1985.
Posto Mínimo Máximo Q. Inf. Q. Sup. S
pp
CV
01 5.8 270.9 31.7 98.8 69.4 81.9 0.85
02 4.2 236.0 37.1 100.5 60.0 81.9 0.73
03 2.6 210.0 43.5 101.9 58.5 83.9 0.70
04 6.2 209.9 43.8 110.6 56.3 81.0 0.70
05 5.4 144.3 39.8 127.5 48.3 77.1 0.63
06 4.6 164.5 28.8 109.7 49.9 75.0 0.67
07 0.0 204.3 32.6 107.6 60.5 73.7 0.82
08 0.0 286.2 27.3 149.9 87.2 97.8 0.89
09 2.0 238.5 37.4 94.0 61.1 72.3 0.85
10 5.6 199.4 36.3 108.1 60.1 79.1 0.76
11 4.1 168.1 17.3 113.9 57.6 75.0 0.77
12 7.2 191.8 33.4 105.8 56.8 83.8 0.68
13 12.7 294.4 37.8 130.2 89.3 97.6 0.91
14 5.6 197.1 17.3 107.8 67.1 80.0 0.84
15 13.6 305.0 22.2 110.5 87.2 97.7 0.89
16 32.8 289.5 49.7 121.2 74.1 98.4 0.75
17 40.9 231.6 60.4 116.0 59.4 105.1 0.57
18 14.8 276.4 43.5 159.7 81.0 104.5 0.78
19 53.6 249.8 65.5 162.1 70.4 114.8 0.61
20 26.4 360.6 52.7 147.8 104.7 118.1 0.89
21 48.9 277.1 56.9 175.1 75.2 116.1 0.65
22 0.0 185.1 33.5 118.3 56.6 80.2 0.71
23 12.6 223.2 38.0 134.8 64.5 89.8 0.72
24 13.4 346.8 52.1 148.7 103.3 110.0 0.94
25 27.2 282.3 45.1 154.0 80.7 103.0 0.78
26 27.0 292.6 44.1 151.6 91.1 103.8 0.88
27 4.0 220.6 42.4 133.7 68.0 89.2 0.76
28 0.0 195.7 44.9 135.3 59.7 97.3 0.61
29 20.4 255.6 63.3 175.7 77.0 125.7 0.61
30 27.4 188.4 58.1 125.8 47.0 95.5 0.49
31 19.7 223.2 48.9 128.0 59.2 93.5 0.63
Q. Inf. – quartil inferior, Q. Sup. – quartil superior, S– desvio padrão
pp – precipitação pluvial média mensal, CV – coeficiente de variação.
73
O ano de 1984, considerado habitual, apresentou valores médios da precipitação
pluvial para cada posto, acima dos valores médios de precipitação do ano de 1985, além de
maior variabilidade observada no desvio padrão da Tabela 12. Isso significa que o ano de
1985 foi mais seco que o ano de 1984, tomado como referência.
O ano de 1988, considerado anômalo para evento La Niña atuando nos meses de
abril a dezembro, totalizando um período de nove meses, apresentou valores máximos de
precipitação variando de 128 (posto 1) a 392,2mm (posto 21) e média entre 68,1 (posto 1) e
144,5mm (posto 21), Tabela 14.
Uma vez mais, nota-se heterogeneidade na chuva, no período analisado, observando-
se que os postos 10 e 14 choveram mais de 100% em relação ao valor médio de precipitação
pluvial. Essa heterogeneidade apresenta significativa variabilidade da chuva nesse período de
evento La Niña com precipitações pluviais sempre acima de 70% do valor médio observado
no período analisado. Os postos pluviométricos 10 e 14, pertencente à porção superior da
bacia, ou seja, apresentando esta área em relação às demais, média anual de precipitação
pluvial baixa (1500 a 1600mm). Caracterizou-se com valores elevados que, podem ser
justificados pela influência da Frente Polar e a massa de ar Tropical Atlântica.
A Tabela 15 apresentou valores de precipitação pluvial para o período 1997/98,
como um evento El Niño intenso, com ocorrência entre os meses de março de 1997 a outubro
de 1998, totalizando um período de 20 meses. Pode-se notar valores de 269,4mm,
aproximadamente, no posto 12 e valores de 576,3mm, no posto 24. Desta forma pode-se
observar variabilidade significativa das chuvas nos valores máximos dentro da bacia, nesse
período e também variabilidade de um ano para outro e dentro do mesmo evento. Para este
evento de El Niño, a heterogeneidade não é tão marcada quanto nas Tabelas 13 e 14, mas
ainda assim é superior a 46%, como pode ser observado nas séries pluviométricas analisadas.
Deve-se destacar que a posto 28 apresentou variabilidade da precipitação pluvial superior a
80%, ou seja, choveu 84% a mais que o valor médio desse posto analisado. Este se encontra
no sudoeste da bacia do rio Iguaçu, área de influência das chuvas orográficas.
O período de 2001/02 foi considerado evento La Niña, com duração entre os
meses de maio de 2001 a janeiro de 2002, apresentando valores máximos de precipitação
variando de 172 (posto 13) a 355mm (posto 20) e média entre 94,6 e 186,6mm (Tabela 16).
Sendo este ano comparado com o ano de 1985 também ano de anomalia negativa, observa-se
que o período 2001/02 apresenta, valores maiores de precipitação pluvial. Ns postos 20 e 28
pode-se, observar a influência do relevo com chuvas orográficas ocasionadas pelas massas de
ar, por exemplo, as polares e a concentração de umidade influenciada pela represa de Itaipu.
74
Tabela 14 – La Niña do período de abril a dezembro/1988.
Posto Mínimo Máximo Q. Inf. Q. Sup. S
pp
CV
01 0.0 128.0 35.7 91.0 47.2 68.1 0.69
02 13.2 268.0 20.3 100.8 80.9 90.0 0.90
03 9.5 296.9 34.7 151.0 90.2 107.4 0.84
04 7.2 303.2 31.0 119.4 93.1 97.2 0.96
05 7.6 269.8 25.5 110.7 81.9 94.4 0.87
06 2.7 311.5 22.4 120.7 96.7 100.4 0.96
07 11.7 367.3 22.3 112.0 108.7 110.4 0.98
08 13.2 348.8 49.4 181.8 110.3 136.6 0.81
09 5.0 342.4 30.0 152.7 104.4 114.5 0.91
10 8.7 371.7 28.0 117.3 111.1 109.3 1.02
11 8.0 284.9 35.8 154.0 90.8 108.4 0.84
12 12.3 342.1 35.5 108.9 102.2 104.2 0.98
13 2.5 305.6 23.5 129.1 97.3 100.5 0.97
14 5.5 355.5 19.3 148.1 109.9 107.0 1.03
15 6.6 310.6 24.0 170.9 99.8 110.9 0.90
16 6.7 369.7 35.5 177.5 112.2 124.2 0.90
17 17.2 305.7 38.9 144.1 92.4 106.1 0.87
18 8.1 261.2 36.5 203.4 94.4 124.9 0.76
19 7.8 347.3 39.6 191.4 114.1 135.7 0.84
20 10.8 274.3 28.8 190.2 95.5 127.1 0.75
21 8.7 392.2 40.3 233.2 130.6 144.5 0.90
22 8.7 269.7 29.5 197.2 103.5 128.3 0.81
23 10.8 294.5 35.3 207.9 111.3 136.5 0.82
24 12.0 281.9 35.0 189.9 97.3 113.0 0.86
25 12.8 259.8 16.7 180.9 94.2 116.1 0.81
26 10.8 238.3 18.0 199.4 88.3 111.3 0.79
27 9.3 314.5 45.6 204.8 111.3 143.4 0.78
28 2.7 255.1 58.9 133.3 89.5 114.6 0.78
29 0.0 263.7 42.5 219.9 105.1 141.2 0.74
30 2.3 199.0 21.4 163.3 75.8 94.2 0.80
31 1.4 174.8 22.0 156.2 69.7 100.9 0.69
Q. Inf. – quartil inferior, Q. Sup. – quartil superior, S– desvio padrão
pp – precipitação pluvial média mensal, CV – coeficiente de variação.
Esse evento analisado na Tabela 16 apresentou menor variabilidade
comparativamente a tabela anterior, mas observou-se que no posto 28, choveu 96% a mais
que o valor médio de precipitação pluvial desse posto pluviométrico. A menor variabilidade
foi apresentada no posto 14, com 26% de chuva acima do valor médio observado.
A média de precipitações pluvial, em cada tabela analisada, também apresentaram
significativa variabilidade de um evento para outro, mesmo quando se analisou dois El Niños
intensos (1982/83 e 1997/98). O fenômeno El Niño, influencia a dinâmica atmosférica da área
da bacia do rio Iguaçu, conforme se verificou nas análises das tabelas, fazendo com que haja
aumento nos valores das precipitações pluviais.
75
Tabela 15 El Niño do período de março/1997 a outubro/1998.
Posto Mínimo Máximo Q. Inf. Q. Sup. S
pp
CV
01 23.5 294.2 75.6 191.4 74.9 137.9 0.54
02 27.4 328.9 79.9 218.4 90.2 154.1 0.59
03 40.4 286.6 68.2 204.7 78.0 148.9 0.52
04 22.0 395.4 72.8 250.8 103.5 173.7 0.60
05 41.9 343.3 101.8 244.5 88.4 174.0 0.51
06 20.0 497.8 66.7 215.6 111.5 162.2 0.69
07 38.2 330.1 60.4 231.0 93.9 157.6 0.60
08 35.7 387.5 79.5 249.5 103.3 167.4 0.62
09 15.1 279.8 59.1 247.3 91.1 156.4 0.58
10 21.4 340.2 88.4 246.9 95.9 170.4 0.56
11 31.1 350.7 99.9 269.9 103.4 184.7 0.56
12 16.1 269.4 82.7 184.6 74.8 134.4 0.56
13 14.5 416.5 121.3 282.7 104.8 195.8 0.54
14 22.9 348.6 78.9 239.5 98.1 168.6 0.58
15 48.0 402.8 109.1 301.4 113.0 198.1 0.57
16 76.8 468.4 121.0 300.8 112.2 217.1 0.52
17 47.2 493.4 92.6 273.9 119.7 201.6 0.59
18 57.1 394.3 131.4 277.6 94.8 211.0 0.45
19 57.6 548.5 119.4 278.0 118.5 216.1 0.55
20 69.1 478.8 133.5 369.6 127.3 238.9 0.53
21 60.1 448.6 143.9 295.7 115.1 230.5 0.50
22 35.3 514.9 169.6 306.7 115.6 238.6 0.48
23 25.3 412.3 144.9 333.3 115.0 235.6 0.49
24 46.8 576.3 152.7 323.9 130.0 251.0 0.52
25 16.8 427.9 132.4 280.2 115.6 213.7 0.54
26 0.0 458.7 90.8 259.4 110.4 196.4 0.56
27 26.2 395.4 163.8 320.8 111.0 240.5 0.46
28 0.0 500.0 14.7 371.0 176.2 208.9 0.84
29 30.0 338.9 121.9 294.8 101.1 221.3 0.46
30 38.2 367.6 95.0 277.2 101.5 195.1 0.52
31 28.7 372.1 91.9 248.9 103.2 188.2 0.55
Q. Inf. – quartil inferior, Q. Sup. – quartil superior, S– desvio padrão
pp – precipitação pluvial média mensal, CV – coeficiente de variação.
Nos períodos que ocorreram o fenômeno El Niño observa-se que, são tamm mais
homogêneas as chuvas apresentadas pelos dados de média e coeficiente de variação. Já para
os períodos de La Niña ocorre ao contrário, maior heterogeneidade das chuvas entre os postos
analisados.
76
Tabela 16 La Niña do período de maio/2001 a janeiro/2002.
Posto Mínimo Máximo Q. Inf. Q. Sup. S
pp
CV
01 56.4 229.9 136.6 164.4 54.4 140.2 0.39
02 53.6 320.4 137.0 184.0 79.1 160.9 0.49
03 85.6 246.6 96.6 136.8 52.4 128.2 0.41
04 54.6 216.8 98.5 176.2 50.9 140.9 0.36
05 65.8 224.8 111.4 185.6 55.6 144.8 0.38
06 80.4 253.7 94.0 156.7 62.9 142.1 0.44
07 64.5 214.9 104.3 157.3 44.3 138.0 0.32
08 63.0 304.2 155.6 184.3 63.3 172.6 0.37
09 56.1 284.5 113.1 146.7 64.2 138.1 0.46
10 52.7 350.6 125.2 165.3 81.8 156.8 0.52
11 97.3 260.0 123.2 206.3 57.0 163.4 0.35
12 83.4 186.3 101.1 178.0 42.1 133.1 0.32
13 0.0 172.3 100.7 152.4 53.0 114.4 0.46
14 114.2 222.9 130.2 181.7 41.0 158.8 0.26
15 98.6 251.8 109.0 177.5 51.3 147.5 0.35
16 67.3 243.8 120.5 147.4 48.8 137.5 0.36
17 91.7 267.3 158.2 206.0 54.9 180.4 0.30
18 88.5 323.1 108.5 162.3 70.6 160.6 0.44
19 95.1 303.4 112.8 169.9 67.7 160.5 0.42
20 56.3 355.8 130.7 204.6 84.6 186.6 0.45
21 90.8 233.6 118.0 178.8 48.7 149.3 0.33
22 89.2 256.6 140.1 207.5 54.6 164.6 0.33
23 0.0 307.6 143.0 186.4 90.5 165.2 0.55
24 83.9 286.3 112.1 191.0 70.3 163.6 0.43
25 52.7 307.1 110.5 205.0 78.0 165.7 0.47
26 37.9 323.3 84.9 168.2 82.2 141.3 0.58
27 53.2 262.2 140.9 162.6 53.9 152.9 0.35
28 0.0 234.2 0.0 134.0 90.9 94.6 0.96
29 51.1 201.7 121.3 181.0 47.2 145.8 0.32
30 50.3 290.3 97.7 170.4 72.0 137.4 0.52
31 47.0 330.4 89.7 154.1 86.8 151.5 0.57
Q. Inf. – quartil inferior, Q. Sup. – quartil superior, S– desvio padrão
pp – precipitação pluvial média mensal, CV – coeficiente de variação.
5.4. Classificação das áreas homogêneas da bacia do rio Iguaçu.
Fez-se a análise multivariada para gerar áreas homogêneas com base na
precipitação pluvial, total anual de cada posto utilizado neste trabalho. Através do método de
Ward, com distância euclidiana, geraram-se três grupos homogêneos na bacia do rio Iguaçu.
A partir deste método obteve-se o dendograma, onde foi feito o corte subjetivo que
77
determinou a existência dos grupos homogêneos, sendo três grupos que apresentam
características diferenciadas, representado na Figura 41.
Figura 41 – Dendograma para escolha dos grupos homogêneos.
A Figura 42 representa os três grupos homogêneos na área da bacia, estando o
primeiro grupo localizado à montante da bacia, com média anual de precipitação pluvial de
1700mm (altitude de 600m). O segundo grupo, na parte central da bacia, se prolongando à
jusante pelo norte com altitudes mais elevadas, chegando a 1200m e a jusante, com as mais
baixas altitudes de 300m, com médias de precipitações pluviais anuais de 1800mm. O terceiro
grupo se encontra entre as altitudes de 500 a 800m na região sudoeste da bacia, predominando
a maior média anual de precipitação pluvial com, aproximadamente, 1900mm.
Figura 42 - Distribuição dos postos pluviométricos nos grupos homogêneos I, II e III.
Corte
Subjetivo
78
5.5. Evolução temporal da precipitação pluvial e índice de anomalia da TSM
Foram elaborados gráficos de correlação da precipitação pluvial mensal com a
anomalia da TSM do Oceano Pacífico, para alguns eventos de El Niño e La Niña,
considerados mais significativos e selecionados de acordo com Trenberth (1997).Para os
postos pluviométricos, Fazendinha (02) e Divisa (12), pertencentes ao grupo homogêneo (I).
Guarapuava (17) e Parque Nacional do Iguaçu (31), do grupo homogêneo (II). Salto
Claudelino (19) e Pérola do Oeste (29), situados no grupo homogêneo (III).
Os postos pluviométricos foram divididos em dois gráficos para os mesmos
períodos, contendo um posto (série climatológica) de cada grupo homogêneo, onde os postos
02, 19 e 31 se correlacionam nos gráficos representados nas Figuras 43, 45, 47, 49, 51 e 53 e
os postos 12, 17 e 29, nas Figuras 44, 46, 48, 50, 52 e 54.
Observou-se no evento El Niño de julho/82 a dezembro/83 que, a precipitação
pluvial apresentou valores máximos entre 400 e 600mm, nos meses de novembro/82 e maio e
julho/83, respectivamente. Para a anomalia da TSM, os valores positivos máximos se
caracterizaram em dezembro de 1982, com 3.8°C e junho/julho de 1983, chegando a 5.1°C,
conforme as Figuras 43 e 44. Têm-se assim, grupos homogêneos com precipitações elevadas
nos períodos das anomalias máximas. O grupo I apresentou, valores de precipitações mínimas
na porção superior da bacia, em relação aos demais postos e o grupo III com valores de
precipitações máximas à porção inferior da bacia, como se observou no mês de novembro no
posto pluviométrico 29, chegando a 590mm de precipitação pluvial.
Pode-se observar no ano de 1984, considerado normal, precipitação pluvial com
valores máximos entre 200 e 320mm, nos meses de março, junho, agosto, novembro e
dezembro. Destacando-se os postos 19 (280mm) e 17 (320mm) registrando os maiores
valores. Observou-se também, melhor distribuição da precipitação pluvial entre os grupos
homogêneos, apresentando mínimas de precipitação pluvial nos meses de fevereiro, julho e
outubro, de aproximadamente 90mm. As anomalias não foram significativas caracterizando-
se os valores próximos a 0°C, conforme as Figuras 45 e 46.
Pode-se observar no ano de 1985, de evento La Niña, precipitação pluvial com
valores máximos entre 200 e 300mm, nos meses de fevereiro e abril. Para a anomalia da
TSM, apresentaram valores negativos, sendo máximo no mês de maio com -1.7°C, conforme
as Figuras 47 e 48. Têm-se assim, grupos homogêneos com precipitações baixas nos períodos
das anomalias mínimas. O grupo I apresentou, valores de precipitações mínimas na porção
79
superior da bacia, em relação aos demais postos e o grupo III com valores de precipitações
máximas na porção inferior da bacia.
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
JASONDJFMAMJJASOND
P_02
P_19
P_31
TSM
Figura 43 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para El Niño 1982/83.
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
JASONDJFMAMJJASOND
P_12
P_17
P_29
TSM
Figura 44 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para El Niño 1982/83 (A).
80
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
JFMAMJJASOND
P_02
P_19
P_31
TSM
Figura 45 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para ano de 1984.
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
JFMAMJJASOND
P_12
P_17
P_29
TSM
Figura 46– Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para ano de 1984 (A).
Observou-se no evento La Niña de abril a dezembro/88, precipitação pluvial com
valores máximos entre 200 e 400mm, nos meses de abril, dezembro e destacando-se somente
o mês de maio. Para a anomalia da TSM, os valores foram negativos, sendo máximo nos
meses de julho e agosto com -1.6°C, conforme as Figuras 49 e 50.
81
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
JFMAMJJASOND
P_2
P_19
P_31
TSM
Figura 47 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para La Niña 1985.
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
JFMAMJJASOND
P_12
P_17
P_29
TSM
Figura 48 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para La Niña 1985 (A).
Têm-se assim, grupos homogêneos com precipitações baixas nos períodos das anomalias
mínimas. O grupo I apresentou, valores de precipitações mínimas na porção superior da bacia,
82
em relação aos demais postos e o grupo II e III com valores de precipitação pluvial máximos
na bacia.
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
AMJ JASOND
P_2
P_19
P_31
TSM
Figura 49 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para La Niña 1988.
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
AMJ JASOND
P_12
P_17
P_29
TSM
Figura 50 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para La Niña 1988 (A).
83
Observou-se no evento El Niño de março/97 a outubro/98, precipitação pluvial
com valores máximos entre 300 e 500mm, nos meses de maio, junho e outubro/97 e março,
abril e setembro/98. Para a anomalia da TSM, os valores positivos máximos se caracterizaram
no período de maio/97 a junho/98, com máximas de 4.5°C, conforme as Figuras 51 e 52.
Têm-se assim, grupos homogêneos com precipitações elevadas nos períodos das anomalias
máximas e mesmo quando a anomalia diminuiu a partir do mês de agosto/98 a outubro/98
chegando a 0.6°C, a precipitação pluvial permaneceu elevada. O grupo I apresentou, valores
de precipitações mínimas na porção superior da bacia, em relação os demais postos
pluviométricos e o grupo III com valores de precipitações máximas, encontrando-se na porção
média e inferior da bacia.
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
MAMJ JASONDJ FMAMJ JASO
P_02
P_19
P_31
TSM
Figura 51 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para El Niño 1997/98.
Observou-se no evento La Niña de maio/01 a janeiro/02, precipitação pluvial com
valores máximos entre 200 e 350mm, nos meses de outubro e novembro/01 e janeiro/02. Com
anomalia não significativa caracterizando-se os valores próximos a 0°C, conforme as Figuras
53 e 54. Observa-se também, melhor distribuição da precipitação pluvial entre os grupos
homogêneos. Apesar de ser considerado um período de La Niña, caracterizou-se o
comportamento, próximo do normal, ano de 1984.
84
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
MAMJ JASONDJ FMAMJ JASO
P_12
P_17
P_29
TSM
Figura 52 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para El Niño 1997/98 (A).
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
MJJASONDJ
P_02
P_19
P_31
TSM
Figura 53 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para La Niña 2001/02.
85
Meses
PP(mm)
Anomalia °C (TSM)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
0
100
200
300
400
500
600
MJJASONDJ
P_12
P_17
P_29
TSM
Figura 54 – Precipitação pluvial mensal e índice de anomalia da TSM para La Niña 2001/02 (A).
Observou-se também que os períodos de ocorrência de eventos El Niño, 1982/83 e
1997/98 apresentaram, precipitações pluviais e anomalias positivas, comparadas com ano
normal (1984) e de eventos de La Niña 1985, 1988 e 2001/02, caracterizados por anomalias
negativas e baixas precipitação pluvial. Analisando a distribuição espacial dos postos
pluviométricos na bacia do rio Iguaçu, pode-se observar novamente, através dos gráficos de
correlação da precipitação pluvial com a anomalia da TSM, que a área do grupo homogêneo I,
situada na porção superior da bacia apresentou valores de precipitação pluvial menor,
comparada com o grupo II e III, pois esta área não recebe a influência das chuvas orográficas,
característica da área dos demais grupos.
5.6. Análise da freqüência de intensidade de precipitação pluvial
O cálculo da freqüência da intensidade da chuva através dos dados diários no
período dos 38 anos de estudo (1965 a 2002) foi realizado, mostrando para cada mês, o
percentual entre os dias com ocorrência de precipitação pluvial, em relação ao total de dias
analisados. Classificou-se a intensidade de acordo com o intervalo de precipitação pluvial em
(mm), sendo à montante da bacia o posto Fazendinha (2) no município de São José dos
86
Pinhais, no curso médio da bacia o posto e município de Guarapuava (17) e à jusante o posto
e município de Pérola d’Oeste (29).
Tabela 17-Percentual de dias com precipitação em relação ao total de dias analisados para os
postos pluviométricos de Fazendinha (2), de Guarapuava (17) e Pérola d’Oeste (29).
Meses
Dias
estudados
Posto 2
Posto 17
Posto 29
Dias (%) Dias (%) Dias (%)
Janeiro 1178 483 41 551 47 421 36
Fevereiro 1073 412 38 514 48 358 33
Março 1178 365 31 443 38 306 26
Abril 1140 266 23 319 28 265 23
Maio 1178 269 23 286 24 287 24
Junho 1140 242 21 330 29 338 30
Julho 1178 249 21 303 26 285 24
Agosto 1178 228 19 293 25 287 24
Setembro 1140 336 29 388 34 351 31
Outubro 1178 363 31 422 36 404 34
Novembro 1140 322 28 371 33 308 27
Dezembro 1178 389 33 492 42 350 30
Fonte: Azevedo (2005).
Ao analisar a Tabela 17, observa-se que, em toda a bacia do Iguaçu, predomina
precipitação pluvial significativa nos meses de dezembro a março e também outubro, por
apresentarem percentuais de dias de ocorrências mais elevados, em relação ao total de dias
estudados para cada mês.
Baseado nos intervalos de classes calculou-se, o percentual da freqüência onde
cada intervalo apresentou em relação ao total de dias com ocorrência de precipitação, (Tabela
18, 19 e 20).
Pode-se observar que, o intervalo de classe [0.6 a 5 mm), referente à precipitação
pluvial classificada como “muito fraca”, apresentou no posto de Fazendinha, em todos os
meses estudados uma freqüência aproximada de 30%, em relação ao total de dias com
precipitação pluvial referente a cada um dos meses. Verificou-se que o percentual de
freqüência mínima apresentada por este intervalo de classe de precipitação é 22%, no mês de
outubro, que corresponde a 80 dias dos 363 em que houve precipitação pluvial para este mês;
o restante 283 dias, apresentou valores maiores que 5mm de precipitação. O percentual
máximo para este intervalo de classe, é de 38%, no mês de abril (101 dias com ocorrência de
precipitação pluvial), tendo sido estudado um total de 266 dias (Tabela 17). No posto de
Guarapuava, verificou-se que o percentual de freqüência mínima apresentada por este
intervalo de classe de precipitação foi 19% no mês de junho, que corresponde a 64 dos 330
dias em que houve precipitação para este mês; o restante 266 dias, apresentou valores maiores
que 5mm de precipitação pluvial. O percentual máximo para este intervalo de classe, é de
87
33%, no mês de março, (146 dias com ocorrência de precipitação), tendo sido estudado um
total de 443 dias (Tabela 17). Na posto de Pérola d’Oeste, verificou-se que o percentual de
freqüência mínima apresentada por este intervalo de classe de precipitação é 13% no mês de
novembro, (41 dos 308 dias em que houve precipitação pluvial para este mês) o restante
267dias, apresentou valores maiores que 5mm de precipitação pluvial. O percentual máximo
para este intervalo de classe, foi de 23%, no mês de janeiro, (97 dias com ocorrência de
precipitação pluvial), tendo sido estudado um total de 421 dias, Tabela 17.
Para a precipitação entre o intervalo de [25 a 30mm), na maioria dos meses as
menores ocorrências, apresentaram 1 % de ocorrência de precipitação pluvial durante o mês
de julho na posto de Fazendinha (Tabela 18), 3 % no mês de abril no posto de Guarapuava
(Tabela 19) e 2 % no mês de julho na posto de Pérola d’Oeste, Tabela 20.
O último intervalo de classe de precipitação (>30mm), o qual foi classificado
como sendo de “precipitação muito forte”, estão contidos valores até o máximo de
precipitação pluvial registrado em 38 anos dos meses em análise (casos extremos). Verificou-
se que, em geral, a freqüência observada para este intervalo de classe foi maior que 10% no
posto de Fazendinha, 8% no posto de Guarapuava e 16% no posto de Pérola d’Oeste, em
relação ao total de dias com precipitação pluvial para cada um dos meses analisados. A
freqüência máxima atingida por este intervalo foi de 89 dias (25%) no mês de outubro, que
apresentou 363 dias com ocorrência de precipitação pluvial para o posto Fazendinha. De 62
dias (22%) no mês de maio, que apresentou 286 dias com ocorrência para o posto de
Guarapuava e finalmente 83 dias (29%) no mês de maio, que apresentou 287 dias com
ocorrências de precipitação para o posto de Pérola d’Oeste, Tabela 17.
Tabela 18-Percentual correspondente aos intervalos da classe de precipitação pluvial em relação ao
total de dias com precipitação para cada um dos meses estudados para o posto de
Fazendinha, no período de 1965 a 2002.
Intervalo
(mm/dia)
jan
(%)
fev
(%)
mar
(%)
abr
(%)
mai
(%)
jun
(%)
jul
(%)
ago
(%)
set
(%)
out
(%)
nov
(%)
dez
(%)
[0,6; 5) 29 29 27 38 32 26 33 30 28 22 29 28
[5; 10) 22 23 30 22 23 20 17 27 26 16 24 23
[10; 15) 13 13 15 11 9 14 14 12 12 13 16 14
[15; 20) 11 9 7 6 10 14 10 7 12 10 10 9
[20; 25) 7 6 6 9 9 9 6 9 5 7 6 6
[25; 30) 5 4 2 4 4 5 1 4 5 7 3 5
>30 13 14 14 10 12 11 17 11 11 25 13 15
Fonte: Soriano (2003), Adaptado por Azevedo (2005).
88
Tabela 19-Percentual correspondente aos intervalos da classe de precipitação pluvial em relação ao
total de dias com precipitação para cada um dos meses estudados para o posto de
Guarapuava, no período de 1965 a 2002.
Intervalo
(mm/dia)
jan
(%)
fev
(%)
mar
(%)
abr
(%)
mai
(%)
jun
(%)
jul
(%)
ago
(%)
set
(%)
out
(%)
nov
(%)
dez
(%)
[0,6; 5) 28 23 24 27 29 19 27 28 26 23 26 28
[5; 10) 21 21 20 15 18 15 16 17 16 16 18 19
[10; 15) 15 16 14 13 14 10 14 12 9 14 13 12
[15; 20) 8 9 8 15 8 10 7 11 8 8 11 10
[20; 25) 6 6 6 5 8 7 6 5 7 8 9 9
[25; 30) 5 4 4 3 4 3 5 4 7 7 5 6
>30 11 11 9 14 22 8 17 12 18 18 13 12
Fonte: Soriano (2003), Adaptado por Azevedo (2005).
Tabela 20 - Percentual correspondente aos intervalos da classe de precipitação pluvial em relação ao
total de dias com precipitação para cada um dos meses estudados para a posto de Pérola
d’Oeste, no período de 1965 a 2002.
Intervalo
(mm/dia)
jan
(%)
fev
(%)
mar
(%)
abr
(%)
mai
(%)
jun
(%)
jul
(%)
ago
(%)
set
(%)
out
(%)
nov
(%)
dez
(%)
[0.6; 5) 23 19 23 17 22 23 22 20 22 18 13 21
[5; 10) 19 22 20 13 18 13 19 18 13 12 16 14
[10; 15) 12 13 11 16 15 13 12 11 15 14 16 14
[15; 20) 9 10 10 8 9 7 10 9 10 10 11 10
[20; 25) 6 11 8 7 8 7 7 7 7 6 6 9
[25; 30) 5 7 5 5 3 6 2 6 4 5 8 5
>30 19 22 16 28 29 22 19 16 21 25 23 22
Fonte: Soriano (2003), Adaptado por Azevedo (2005).
5.7. Análise dos balanços hídricos
A partir dos dados de temperatura e precipitação dos postos meteorológicos
(Figura 23 e Tabela 6), foram elaborados os balanços hídricos, através do método de
Thornthwaite & Mather (1955) para três postos pluviométricos selecionadas buscando,
representar a área da bacia dentro dos grupos homogêneos. Os períodos de 1982/83, 1984,
1985, 1988, 1997/98, 2001/02 foram constatados como sendo os mais significativos, Figuras
55 a 72.
Analisando os gráficos, para o evento de El Niño de 1982/83, observa-se que o
posto Fazendinha (Figura 55), apresentou excedente hídrico com valor acima de 150mm nos
meses de outubro e novembro de 1982 e abril a junho de 1983, verifica-se ainda, pouco
89
excedente hídrico nos meses de e agosto de 1982 e outubro de 1983, chegando a próximo de
0mm. Para o posto de Guarapuava pode-se observar excedente hídrico, 350mm para o mês de
novembro de 1982, (200mm) para janeiro de 1983, (450mm) para julho de 1983 e 200mm
para setembro de 1983 e déficit hídrico pouco significativo em agosto de 1982, Figura 56.
ntese do Balanço Hídrico Mensal
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Jul Set Nov Jan Mar Mai Jul Set Nov
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Meses
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JulSetNovJanMarMaiJulSetNov
m
m
Meses
Figura 55 – Posto Fazendinha, 1982/83. Figura 56– Posto Guarapuava, 1982/83.
ntese do Balanço Hídrico Mensal
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250
350
450
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JulSetNovJanMarMaiJulSetNov
m
m
Meses
Figura 57 – Posto Perola do Oeste, 1982/83.
No posto de Pérola do Oeste, tem-se 500mm de excedente hídrico de precipitação
pluvial para o mês de novembro de 1982 e entre os meses de março a agosto de 1983,
chegando a 450mm e setembro e novembro de 1983 com valores de 200mm, não apresentou
déficit hídrico para este posto, Figura 57. Observou-se que a precipitação pluvial foi menor no
posto Fazendinha à 910m de altitude, localizada à montante da bacia, onde a interferência
significativa ocorre através da dinâmica das massas de ar. Já no posto de Guarapuava,
observou-se um aumento da precipitação pluvial, sendo sua localização na porção média da
bacia e com altitude de 950m. O posto de Pérola do Oeste, localizado à jusante, foi o que
apresentou maior excedente hídrico, também influenciado pelas chuvas orográficas na região
e também pela umidade da represa de Itaipu, mesmo estando a 400m de altitude.
DÉFICIT
EXCEDENTE
90
Para o ano de 1984, considerado ano habitual, através de Trenberth (1997), para a
bacia do rio Iguaçu, pode-se observar no posto Fazendinha, ocorreu excedente hídrico nos
meses de janeiro e abril a junho, chegando a 120mm de precipitação pluvial e déficit de
150mm de precipitação pluvial no mês de julho, Figura 58. No posto de Guarapuava, o
excedente hídrico foi significativo para o mês de março, junho, agosto e novembro, chegando
a 210mm de precipitação pluvial, não apresentando déficit hídrico, Figura 59. Para o posto de
Pérola do Oeste, o excedente hídrico ocorreu nos meses de junho, agosto e dezembro, com
valor inferior a 200mm de precipitação pluvial e o déficit hídrico no mês de fevereiro foi de
aproximadamente, 70mm, Figura 60.
ntese do Balanço Hídrico Mensal
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g
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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul A
g
oSetOutNovDez
m
m
Meses
Figura 58 – Fazendinha, 1984. Figura 59 – Posto Guarapuava, 1984.
ntese do Balanço Hídrico Mensal
-150
-50
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250
350
450
550
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul A
g
oSetOutNovDez
m
m
Meses
Figura 60 – Posto Perola do Oeste, 1984.
Para o período de La Niña 1985, observou-se que no posto Fazendinha, ocorreu
excedente hídrico no mês de fevereiro com valor de 120mm de chuva e no mês de julho um
pequeno déficit hídrico de 10mm, Figura 61. No posto de Guarapuava, apresentou excedente
hídrico em fevereiro e abril, com valor máximo de 140mm de precipitação pluvial e déficit
hídrico em dezembro com 30mm, no mês de maio não ocorreu precipitação pluvial, Figura
DÉFICIT
EXCEDENTE
91
62. Para o posto de Pérola do Oeste, ocorreu excedente hídrico no mês de abril de 160mm e
no mês de julho com 100mm de precipitação pluvial. O déficit hídrico ocorreu no mês de
janeiro com 50mm e no mês de dezembro com 90mm de precipitação pluvial, Figura 63.
ntese do Balanço Hídrico Mensal
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Meses
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350
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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul A
g
oSetOutNovDez
m
m
Meses
Figura 61 – Fazendinha, 1985. Figura 62 – Posto Guarapuava, 1985.
ntese do Balanço Hídrico Mensal
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-50
50
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250
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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul A
g
oSetOutNovDez
m
m
Meses
Figura 63 – Posto Perola do Oeste, 1985.
Para o período de La Niña 1988, observou-se que no posto Fazendinha, ocorreu
excedente hídrico no mês de maio com valor de 210mm de chuva e déficit hídrico entre os
meses de julho e agosto de 20mm, novembro de 10mm, pode-se observar que para este posto
a partir de junho ocorreu pouca precipitação pluvial apresentando valores próximos de zero,
Figura 64. No posto de Guarapuava, apresentou excedente hídrico em maio, com valor
máximo de 270mm de precipitação pluvial e déficit hídrico em agosto de 20mm e novembro
de 10mm, Figura 65. Para o posto de Pérola do Oeste, ocorreu excedente hídrico no mês de
abril, maio e junho chegando a 210mm de precipitação pluvial e o déficit hídrico apresentou-
se no mês de julho a setembro chegando a 40mm de precipitação pluvial, Figura 66.
DÉFICIT
EXCEDENTE
92
ntese do Balanço Hídrico Mensal
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-50
50
150
250
350
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g
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m
m
Meses
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-150
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Abr Mai Jun Jul A
g
oSetOutNovDez
m
m
Meses
Figura 64 – Fazendinha, 1988. Figura 65 – Posto Guarapuava, 1988.
ntese do Balanço Hídrico Mensal
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250
350
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Abr Mai Jun Jul A
g
oSetOutNovDez
m
m
Meses
Figura 66 – Posto Perola do Oeste, 1988.
Analisando os gráficos, para o evento de El Niño de 1997/98, observou-se que o
posto Fazendinha (Figura 67), apresentou excedente hídrico com valor máximo de 280mm
nos meses de agosto de 1997 a abril de 1998 e de julho a outubro de 1998. Verificou-se ainda,
déficit hídrico nos meses de março e abril de 1997 de 10mm de precipitação pluvial. Para o
posto de Guarapuava (Figura 68), pode-se observar excedente hídrico para os meses de junho,
agosto, outubro, novembro de 1997 e janeiro, abril, agosto a outubro de 1998, com valores
chegando a 320mm de precipitação pluvial, não houve déficit hídrico, neste posto. No posto
de Pérola do Oeste (Figura 69), ocorreu excedente hídrico de precipitação pluvial para o mês
de maio, junho, e de agosto a novembro de 1997 e do mês de janeiro a maio, e de agosto a
outubro de 1998, sendo valor máximo de precipitação pluvial de 290mm e déficit hídrico no
mês de março de 1997 observou-se, aproximadamente, 30mm.
DÉFICIT
EXCEDENTE
93
ntese do Balanço Hídrico Mensal
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Mar Mai Jul Set Nov Jan Mar Mai Jul Set
m
m
Meses
Figura 67 – Posto Fazendinha, 1997/98. Figura 68 – Posto Guarapuava, 1997/98.
ntese do Balanço Hídrico Mensal
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Mar Mai Jul Set Nov Jan Mar Mai Jul Set
m
m
Meses
Figura 69 – Posto Perola do Oeste, 1997/98.
Para o período de La Niña 2001/02, observou-se que no posto Fazendinha, ocorreu
excedente hídrico no mês de maio a julho, outubro de 2001 e janeiro de 2002, com valores
chegando a 230mm de chuva, este posto não apresentou déficit hídrico, Figura 70. No posto
de Guarapuava, apresentou excedente hídrico entre os meses de outubro a dezembro de 2001,
com valor máximo de 180mm de precipitação pluvial e não apresentou déficit hídrico, Figura
71. Para o posto de Pérola do Oeste, ocorreu excedente hídrico no mês de maio, junho e
outubro de 2001 e janeiro de 2002, chegando o valor máximo à 120mm de precipitação
pluvial, Figura 72. Este posto pluviométrico não apresentou déficit hídrico.
Constatou-se que os postos apresentaram excedentes hídricos elevados em 1982/83
e 1997/98. Períodos de El Niño significativos, representados nas Figuras 55 a 57 e 67 a 69.
Para os déficits hídricos as estações encontraram-se nos períodos de 1985 e 1988. Os
anos de La Niña também significativos, conforme as Figuras 61 a 63 e 64 a 66. Já o
período de 2001/02, apesar de ser considerado de La Niña, foi atípico por apresentar
excedente hídrico, ou seja, não apresentou influência significativa na bacia do rio
Iguaçu, Figuras 70, 71 e 72. O ano de 1984, considerado sem anomalia apresentou-se
DÉFICIT
EXCEDENTE
94
o padrão normal para o balanço hídrico da área de estudo comparado com os outros
períodos.
Figura 70 – Posto Fazendinha, 2001/02. Figura 71 – Posto Guarapuava, 2001/02.
Figura 72 – Posto Perola do Oeste, 2001/02.
Ao analisar a distribuição espacial do padrão hídrico na bacia do rio Iguaçu,
verificou-se que existe maior déficit hídrico, no posto localizado à montante da bacia, como
Fazendinha. E menor déficit hídrico no posto de Pérola d’Oeste que se encontra à jusante, um
dos motivos que justifica este excedente hídrico, somente reafirmando, são as chuvas
orográficas ocorridas na área, pois a altitude chega a 1200m, formando um obstáculo para as
correntes de vento originário do Sul e do Leste.
5.8. Análise da evolução da vazão do rio Iguaçu
Os dados de vazão foram analisados através de gráficos de evolução temporal
mensal, para um período até maior do que o estudado na precipitação pluvial, buscando
Síntese do Balao Hídrico Mensal
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Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan
mm
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Síntese do Balao Hídrico Mensal
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150
250
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550
Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan
mm
Meses
DÉFICIT
EXCEDENTE
95
representar o comportamento da vazão, antes e após a década de 70, (Figuras 73 a 81),
momento em que se iniciou a construção das principais hidrelétricas no rio Iguaçu.
Figura 73 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Fazendinha – 1955 a 2002.
Figura 74 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Porto Amazonas – 1945 a 2002.
Figura 75 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Rio Preto do Sul – 1951 a 2002.
Comportamento Mensal da Vazão
Estação Porto Amazonas
0
100
200
300
400
500
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jan/46
jan/47
jan/48
jan/49
jan/50
jan/51
jan/52
jan/53
jan/54
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
jan/71
jan/72
jan/73
jan/74
jan/75
jan/76
jan/77
jan/78
jan/79
jan/80
jan/81
jan/82
jan/83
jan/84
jan/85
jan/86
jan/87
jan/88
jan/89
jan/90
jan/91
jan/92
jan/93
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
Meses
Vazão (m
3
/s)
Comportamento Mensal da Vazão
Estão de Fazendinha
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
jan/71
jan/72
jan/73
jan/74
jan/75
jan/76
jan/77
jan/78
jan/79
jan/80
jan/81
jan/82
jan/83
jan/84
jan/85
jan/86
jan/87
jan/88
jan/89
jan/90
jan/91
jan/92
jan/93
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
Meses
Vazão (m
3
/s)
Comportamento Mensal da Vazão
Estação Rio Preto do Sul
0
100
200
300
400
500
jan/51
jan/52
jan/53
jan/54
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
jan/71
jan/72
jan/73
jan/74
jan/75
jan/76
jan/77
jan/78
jan/79
jan/80
jan/81
jan/82
jan/83
jan/84
jan/85
jan/86
jan/87
jan/88
jan/89
jan/90
jan/91
jan/92
jan/93
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
Meses
Vazão (m
3
/s)
96
Figura 76 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Jangada – 1946 a 2002.
Figura 77 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Fazenda Maracanã – 1946 a 2002.
Figura 78 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Santa Clara – 1950 a 2002.
Comportamento Mensal da Vazão
Estação Jangada
0
100
200
300
400
500
jan/46
jan/47
jan/48
jan/49
jan/50
jan/51
jan/52
jan/53
jan/54
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
jan/71
jan/72
jan/73
jan/74
jan/75
jan/76
jan/77
jan/78
jan/79
jan/80
jan/81
jan/82
jan/83
jan/84
jan/85
jan/86
jan/87
jan/88
jan/89
jan/90
jan/91
jan/92
jan/93
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
Meses
Vazão (m
3
/s)
Comportamento Mensal da Vazão
Estação Fazenda Maracanã
0
20
40
60
80
100
jan/46
jan/47
jan/48
jan/49
jan/50
jan/51
jan/52
jan/53
jan/54
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
jan/71
jan/72
jan/73
jan/74
jan/75
jan/76
jan/77
jan/78
jan/79
jan/80
jan/81
jan/82
jan/83
jan/84
jan/85
jan/86
jan/87
jan/88
jan/89
jan/90
jan/91
jan/92
jan/93
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
Meses
Vazão (m
3
/s)
Comportamento Mensal da Vazão
Estação Santa Clara
0
200
400
600
800
1000
jan/50
jan/51
jan/52
jan/53
jan/54
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
jan/71
jan/72
jan/73
jan/74
jan/75
jan/76
jan/77
jan/78
jan/79
jan/80
jan/81
jan/82
jan/83
jan/84
jan/85
jan/86
jan/87
jan/88
jan/89
jan/90
jan/91
jan/92
jan/93
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
Meses
Vazão (m
3
/s)
97
Figura 79 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Usina Cavernoso – 1952 a 2002.
Comportamento Mensal da Vazão
0
200
400
600
800
1000
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
jan/71
jan/72
jan/73
jan/74
jan/75
jan/76
jan/77
jan/78
jan/79
jan/80
jan/81
jan/82
jan/83
jan/84
jan/85
jan/86
jan/87
jan/88
jan/89
jan/90
jan/91
jan/92
jan/93
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
Mes e s
Vazão (m3/s)
Figura 80 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Porto Palmerinha – 1955 a 2002.
Figura 81 – Evolução mensal da vazão do posto fluviométrico Salto Cataratas – 1955 a 2002.
Comportamento Mensal da Vazão
Estação Usina Cavernoso
0
100
200
300
400
500
jan/52
jan/53
jan/54
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
jan/71
jan/72
jan/73
jan/74
jan/75
jan/76
jan/77
jan/78
jan/79
jan/80
jan/81
jan/82
jan/83
jan/84
jan/85
jan/86
jan/87
jan/88
jan/89
jan/90
jan/91
jan/92
jan/93
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
Meses
Vazão (m
3
/s)
Comportamento Mensal da Vazão
Estação Salto Cataratas
0
2000
4000
6000
8000
10000
jan/45
jan/46
jan/47
jan/48
jan/49
jan/50
jan/51
jan/52
jan/53
jan/54
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
jan/71
jan/72
jan/73
jan/74
jan/75
jan/76
jan/77
jan/78
jan/79
jan/80
jan/81
jan/82
jan/83
jan/84
jan/85
jan/86
jan/87
jan/88
jan/89
jan/90
jan/91
jan/92
jan/93
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
Meses
Vazão (m
3
/s)
98
Pode-se observar através da análise dos gráficos, que o comportamento da vazão
entre as estações distribuídas na área de estudo, ocorreu com máximas nos anos de 1957,
1982, 1983, 1986, 1987, 1995, 1997 e 1998, e mínimas nos anos de 1951, 1968, 1978, 1985,
1988, 2000 e 2001. Entre estes anos observam-se, períodos de El Niño que se destacaram para
a área de estudo, como nos anos de 1982/83, 1997/98 e de La Niña como nos anos de 1985,
1988 e 2001. Em 1984 foi um ano sem anomalia, sendo estas evoluções temporais as mais
significativas para análise.
Observando o volume da vazão dos postos fluviométricos constatou-se que, o posto
de Porto Amazonas (Figura 74), localizado na porção superior da bacia e no leito principal do
rio Iguaçu, apresentou vazão máxima de 350m
3
/s. O posto de Salto Cataratas (Figura 81) que
se encontra na porção inferior da bacia, tamm no rio Iguaçu constatou-se valores maiores,
com 7000m
3
/s. Isso caracterizou a distribuição espacial, mostrando que a vazão tende a
aumentar no sentido montante para jusante, fato presente na maioria das redes de drenagem.
As outras estações que se encontram na área da bacia, como no médio curso, por exemplo,
impossibilitou fazer referência, por estarem localizadas nos afluentes do rio Iguaçu, recebendo
menores tributários.
5.9. Correlação entre anomalias da TSM com anomalia fluviométrica
Através dos dados de fluviometria mensal foi calculado o índice de anomalia e
correlacionado com a anomalia da TSM.
O critério estatístico utilizado, na correlação para a bacia do rio Iguaçu é chamado
de produto de Pearson. Onde os dados foram selecionados com defasagem de até 3 meses,
buscando uma possível relação defasada entre o resfriamento/aquecimento das águas do
Oceano Pacífico e a vazão ocorrida na área da bacia do rio Iguaçu, conforme Tabela 21, para
alguns postos fluviométricos, com distribuição espacial significativa.
Os resultados demonstram que todos os postos fluviométricos analisados
apresentaram correlação significativa com a anomalia da TSM. Sendo o período de 1982/83, o
mais significativo em todas as defasagens. O ano de 1988 foi significativo somente para
defasagem (-3), menos para os postos Fazendinha e Porto Amazonas.Já os demais anos não
apresentaram correlação. Estes dois períodos são caracterizados como eventos de El Niño e
La Niña com intensidade representativa, podendo-se justificar a correlação.
99
Tabela 21 – Correlação da anomalia da TSM do Pacífico com a vazão da bacia do rio Iguaçu.
Posto Fazendinha
jul/82 a
dez/83
ano de
1984
ano de
1985
abr a
dez/88
mar/97 a
out/98
mai/01 a
jan/02
Normal 0.74 -0.24 -0.32 0.16 -0.34 0.00
Def (-1) 0.74 -0.08 -0.48 0.52 -0.35 -0.25
Def (-2) 0.81 -0.14 -0.32 0.18 -0.35 -0.42
Def (-3) 0.82 -0.06 -0.30 0.22 -0.35 -0.53
Posto Porto Amazonas
jul/82 a
dez/83
ano de
1984
ano de
1985
abr a
dez/88
mar/97 a
out/98
mai/01 a
jan/02
Normal 0.69 -0.26 -0.17 -0.08 -0.37 -0.18
Def (-1) 0.78 -0.32 -0.34 0.16 -0.35 -0.34
Def (-2) 0.79 -0.10 -0.28 0.19 -0.31 -0.51
Def (-3) 0.80 0.80 -0.31 0.66 -0.22 -0.62
Posto Rio Preto do Sul
jul/82 a
dez/83
ano de
1984
ano de
1985
abr a
dez/88
mar/97 a
out/98
mai/01 a
jan/02
Normal 0.68 -0.13 -0.23 0.29 -0.29 -0.30
Def (-1) 0.71 -0.03 -0.27 0.34 -0.24 -0.64
Def (-2) 0.72 -0.02 -0.27 0.74 -0.19 -0.56
Def (-3) 0.74 0.02 -0.29 0.88 -0.10 -0.55
Posto Jangada
jul/82 a
dez/83
ano de
1984
ano de
1985
abr a
dez/88
mar/97 a
out/98
mai/01 a
jan/02
Normal 0.60 -0.09 0.09 0.33 0.07 -0.43
Def (-1) 0.67 0.00 0.03 0.35 0.15 -0.66
Def (-2) 0.69 -0.23 0.17 0.56 0.16 -0.43
Def (-3) 0.69 -0.19 0.16 0.91 0.23 -0.42
Posto Fazenda Maracanã
jul/82 a
dez/83
ano de
1984
Ano de
1985
abr a
dez/88
mar/97 a
out/98
mai/01 a
jan/02
Normal 0.59 -0.17 -0.07 0.25 -0.06 -0.52
Def (-1) 0.62 -0.07 -0.08 0.41 0.01 -0.39
Def (-2) 0.63 -0.14 0.23 0.63 0.03 -0.48
Def (-3) 0.64 -0.10 0.26 0.82 0.13 -0.55
Posto Santa Clara
jul/82 a
dez/83
ano de
1984
ano de
1985
abr a
dez/88
mar/97 a
out/98
mai/01 a
jan/02
Normal 0.64 0.01 -0.16 0.14 -0.09 -0.48
Def (-1) 0.72 0.14 -0.21 0.23 -0.03 -0.19
Def (-2) 0.72 0.14 -0.10 0.57 0.01 -0.27
Def (-3) 0.72 0.17 -0.09 0.85 0.11 -0.46
100
Posto Usina Cavernoso
jul/82 a
dez/83
ano de
1984
ano de
1985
abr a
dez/88
mar/97 a
out/98
mai/01 a
jan/02
Normal 0.62 0.15 -0.19 0.19 -0.10 -0.32
Def (-1) 0.75 0.25 -0.25 0.10 -0.04 0.23
Def (-2) 0.75 0.22 -0.09 0.43 0.01 -0.10
Def (-3) 0.77 0.22 -0.09 0.78 0.10 -0.34
Posto Porto Palmerinha
jul/82 a
dez/83
ano de
1984
ano de
1985
abr a
dez/88
mar/97 a
out/98
mai/01 a
jan/02
Normal 0.62 -0.30 0.10 0.17 0.14 -0.49
Def (-1) 0.75 -0.15 0.16 0.28 0.21 -0.51
Def (-2) 0.75 -0.06 0.47 0.54 0.22 -0.38
Def (-3) 0.77 -0.01 0.49 0.86 0.31 -0.41
Posto Salto Cataratas
jul/82 a
dez/83
ano de
1984
ano de
1985
abr a
dez/88
mar/97 a
out/98
mai/01 a
jan/02
Normal 0.38 -0.15 -0.21 -0.00 -0.04 -0.35
Def (-1) 0.54 -0.06 -0.30 0.06 0.03 -0.04
Def (-2) 0.56 -0.02 -0.25 0.48 0.06 -0.17
Def (-3) 0.57 -0.01 -0.29 0.75 0.16 -0.30
Valores em vermelho indicam correlação significativa de acordo com os critérios do “software Statistica”.
Def. – Defasagem (mês).
101
6-CONCLUSÕES
A bacia hidrográfica do rio Iguaçu apresenta em períodos de ocorrências dos
fenômenos El Niño e La Niña variabilidade pluviométrica, pois os anos de máximos e
mínimos, na sua maioria, são considerados anos relacionados a tais fenômenos, no ano de
1983, observou-se média de 2600mm e no ano de 1985, média de 1000mm de precipitação
pluvial.
As isolinhas de média, desvio padrão mostram a distribuição espacial da
precipitação pluvial na região analisada, com valores máximos de anomalias de 1200mm no
ano de 1983 e valores negativos de 800mm, no ano de 1988. Nota-se que todos os parâmetros
estatísticos utilizados, confirmam que a pluviometria aumenta na direção da porção superior
para a inferior da bacia, com uma concentração da precipitação pluvial na região sudoeste,
mais precisamente, próximo aos municípios de Guarapuava (950m), Pérola do Oeste (400m,
situada próximo ao leito do rio, com altitudes elevadas em seu entorno). O que demonstrou
influência orográfica, pois as cotas altimétricas dos postos pluviométricos são superiores e
também a contribuição da represa da Usina Hidrelétrica de Itaipu juntamente com outros
reservatórios, aumentando a umidade da região.
Verificou-se também nos balanços hídricos que apresentaram excedentes hídricos
na região à jusante da bacia, enquanto a região à montante geralmente apresentou déficit
hídrico. Estas observações são mais evidentes, quando analisados os anos considerados de
anomalia significativa. Comprovando a variabilidade tempôro/espacial da pluviometria da
bacia.
Analisando a freqüência de dias de chuva para explicar a variabilidade
pluviométrica, confirmou-se maior concentração na freqüência de chuva considerada de
intensamente fraca em todos os postos pluviométricos analisados na região da bacia, com
média de 25% de dias com chuvas, com tendência de aumento de chuvas de intensidade forte
no posto de Pérola do Oeste, registrando 29% para o mês de maio no período analisado. A
bacia hidrográfica do rio Iguaçu apresenta uma característica de períodos chuvoso e seco. Os
meses mais chuvosos geralmente se concentram no trimestre dezembro/janeiro/fevereiro e
para o posto de Pérola do Oeste (jusante), destaca-se também o mês de outubro, enquanto os
meses mais secos são junho/julho/agosto. Verificados na freqüência total de dias com chuvas.
A conclusão feita através dos parâmetros estatísticos descritos, como na evolução
temporal da precipitação pluvial e índice de anomalia da temperatura da superfície do mar
reafirmou que chove mais do que a média normal da região nos períodos considerados
102
anômalos. No período de 1982/83 a precipitação pluvial mensal foi superior a 500mm nos
meses de novembro/82 e julho/83. Para o ano de 1984 esse valor não foi superior a 300mm e
inferior a 50mm. Já no ano de 1988 a máxima foi de 350mm em maio e mínimas de
aproximadamente, 30mm nos meses de julho e agosto.
A análise dos dados de vazão do rio Iguaçu demonstrou, maiores volumes na
porção inferior da bacia, no entanto na região da porção superior estes valores são
marcadamente inferiores, como ocorre em praticamente todos os rios do mundo. Através da
correlação linear dos dados de vazão com a anomalia da TSM, foram obtidos resultados com
índices significativos, demonstrando a existência de influência da TSM com a variabilidade
da vazão na bacia, principalmente para os anos de 1982/83.
Finalmente, ao se analisar o resultado da correlação da precipitação pluvial de cada
um dos postos pluviométricos e a distância medida entre eles, nota-se resultados
significativos, que explicam a variabilidade temporal e espacial da pluviometria para períodos
específicos. A região, à jusante sofre influência do relevo associado com a dinâmica climática
das massas de ar e a concentração maior de reservatórios de água.
103
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