Download PDF
ads:
CLAUDIO PETERNELLA DE SOUZA
UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE O
PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo como
exigência parcial para a obtenção do título de
MESTRE em Ciências Contábeis e Financeiras, na
área de concentração de Controladoria, sob a
orientação do Professor Doutor Napoleão Verardi
Galegale.
PUC
São Paulo
2007
id30323718 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
__________________________________
__________________________________
ads:
3
AGRADECIMENTOS
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.
Meu especial agradecimento a todas as pessoas que colaboraram como sujeitos da
pesquisa.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Napoleão Verardi Galegale, pelo apoio e compreensão
durante todo este processo.
Ao Prof. Dr. Pedro Luiz Cortês e ao Prof. Dr. Carlos Hideo Arima, pelas críticas que
propiciaram um maior aprofundamento e revisão do conteúdo deste trabalho.
4
RESUMO
O principal objetivo da gestão de performance é otimizar os processos de negócios,
alinhando-os à estratégia da organização. O Planejamento e Orçamento Empresarial
são críticos na gestão de performance das organizações, pois, proporcionam o
melhor caminho para traduzir a estratégia em um conjunto coerente de iniciativas,
objetivos e seus meios de realização (VENTANA, 2004).
Apesar da importância do Planejamento e Orçamento Empresarial, também
denominado Planejamento Orçamentário, este instrumento vêm sendo duramente
criticado e questionado em relação às suas limitações, distorções, processo, custos
e efetivos resultados.
Este trabalho tem por objetivo examinar em que estágio as organizações se
encontram, atualmente, em relação à utilização do Planejamento e Orçamento
Empresarial como ferramentas de gestão.
A estratégia de desenvolvimento do trabalho foi orientada por pesquisa bibliográfica
onde se buscou confrontar abordagens clássicas e atuais referentes ao tema e por
uma survey, com o objetivo de coletar evidências sobre o atual estágio do processo
de Planejamento e Orçamento Empresarial nas organizações.
Palavras-Chaves: Planejamento, Orçamento, Estratégia, Performance.
5
ABSTRACT
The main objective of the performance management is to optimize the business
processes, aligning them to the organization strategy. Planning and Budgeting are
critical in the organization performance management, because, it provides the best
way to translate the strategy in a coherent set of initiatives, objectives and
accomplishment means (VENTANA, 2004).
In spite of the importance of the Planning and Budget, also denominated Budget
Planning, this tool has been hardly criticized and questioned related to limitations,
distortions, process, costs and efective results.
The objective of this study is to analyze where are the organizations, actually, related
to the use of the Planning and Budget as a managerial tool.
This study development strategy was guided by bibliographical research where the
theme was confronted with traditional and actual approaches and for a survey, with
the objective of collecting evidences about the current stage of the Planning and
Budget process in the organizations.
Key-Words: Planning, Budgeting, Strategy, Performance.
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................11
1.1 A IMPORTÂNCIA DO TEMA DA PESQUISA...............................................
..
...17
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DA PESQUISA E JUSTIFICATIVA.................
.
..18
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA.............................................................................19
1.4 METODOLOGIA................................................................................................19
1.4.1 Estratégia e metodologia de pesquisa...............................................19
1.4.1.1 Abordagem de coleta de dados.........................................
..
..
..20
1.4.1.2 Questionários.......................................................................
..
...22
1.4.1.3 Mensuração e escala.............................................................
.
..24
1.4.1.4 A amostra e o universo da pesquisa......................................24
1.5 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................
.
...26
2 REVISÃO DA LITERATURA...............................................................................28
2.1 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL.........................................................................28
2.1.1 Histórico, evolução e conceitos.........................................................28
2.1.2 Estratégia competitiva....................................................................
..
...38
2.2 PLANEJAMENTO..........................................................................................
.
.
..43
2.2.1 Histórico, evolução e conceitos.........................................................45
2.3 PLANEJAMENTO EMPRESARIAL INTEGRADO.......................................
..
....59
2.3.1 Horizonte, freqüência e diretrizes................................................
..
.....61
2.3.2 Elementos básicos de um plano...........................................
.
.........
..
..62
2.3.3 Planejamento estratégico...................................................................63
2.3.3.1 Análise do ambiente...........................................................
.
..
.
..66
2.3.3.2 Visão, valores e missão organizacional..............................
.
..66
2.3.3.3 Objetivos do planejamento a longo prazo.........................
.
...72
2.3.3.4 Desenvolvimento de estratégias........................................
..
...73
2.3.4 Planejamento operacional..................................................................75
2.3.5 Planejamento financeiro e orçamento...............................................77
2.3.6 A integração do planejamento.........................................................
.
..84
7
2.4 EXECUÇÃO......................................................................................................84
2.5 CONTROLE..................................................................................................
..
...87
2.6 GESTÃO DA PERFORMANCE ORGANIZACIONAL.......................................89
2.6.1 Balanced scorecard.......................................................................
..
.
..
.89
2.6.2 Mapas estratégicos.........................................................................
...
..94
2.6.3 Gestão baseada em valor....................................................................95
2.6.4 Beyond budgeting...............................................................................98
2.6.5 É possível viver sem orçamento?...............................................
..
....101
3 A PESQUISA.............................................................................................
..
......103
3.1 COMO ESTA PESQUISA FOI CONDUZIDA..................................................104
3.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO......................
.
.....107
3.3 SOFTWARE / APLICAÇÃO UTILIZADOS NO PROCESSO.......................
.
...111
3.4 MÉTODO, CICLO E PROCESSO DE PLANEJAMENTO..........................
.
....116
3.5 ACURACIDADE DAS INFORMAÇÕES....................................................
..
.....120
3.6 AGILIDADE NA IMPLEMENTAÇÃO DE MUDANÇAS...............................
.
..
.
.123
3.7 CONSISTÊNCIA EM RELAÇÃO AOS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS..........125
3.8 PRINCIPAIS FALHAS NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO.....................126
3.9 COMUNICAÇÃO.............................................................................................128
3.10 FERRAMENTAS E SISTEMAS DE GESTÃO............................................
.
..131
3.11 REMUNERAÇÃO E COMPORTAMENTO DOS EXECUTIVOS...................132
4 CONCLUSÃO....................................................................................................139
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................142
6 APÊNDICES.......................................................................................................149
8
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
FIGURA 1 Organização e Estrutura do Trabalho....................................................26
FIGURA 2 Estrutura da Estratégia Empresarial......................................................35
FIGURA 3 Funções Administrativas........................................................................44
FIGURA 4 Ciclo de Planejamento Estratégico........................................................66
FIGURA 5 Perspectivas do BSC.............................................................................90
FIGURA 6 Exemplo de um Balance Scorecard.......................................................91
FIGURA 7 Sistema de Gestão baseado no BSC....................................................92
TABELA 1 Tempo despendido em Planejamento...................................................49
TABELA 2 Número de respondentes.................................................................
.
...104
TABELA 3 Cargo / Função dos respondentes......................................................106
TABELA 4 Aplicações utilizadas...........................................................................111
TABELA 5 Tempo gasto no processo orçamentário.......................................
..
....119
TABELA 6 Tempo consumido no processo e revisões.........................................120
9
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 Faturamento das empresas pesquisadas.........................................105
GRÁFICO 2 Quantidade de funcionários das empresas pesquisadas..............
.
...106
GRÁFICO 3 Importância do Planejamento Orçamentário para as empresas.......107
GRÁFICO 4 Importância do Planejamento Orçamentário para o sucesso
profissional dos respondentes (por função)..................................
..
...108
GRÁFICO 5 Importância do Planejamento Orçamentário para o sucesso
profissional dos respondentes (média geral da área financeira)......109
GRÁFICO 6 Satisfação dos respondentes em relação ao uso de planilhas
eletrônicas no processo de planejamento.........................................112
GRÁFICO 7 Satisfação dos respondentes em relação ao uso de aplicações
específicas no processo de planejamento........................................113
GRÁFICO 8 Métodos utilizados no processo de planejamento orçamentário......117
GRÁFICO 9 Ciclo de planejamento.......................................................................119
GRÁFICO 10 Acuracidade das Informações....................................................
..
....121
GRÁFICO 11 Agilidade na implementação de mudanças....................................124
GRÁFICO 12 Consistência em relação aos objetivos estratégicos......................126
GRÁFICO 13 Principais falhas no processo de planejamento..............................127
GRÁFICO 14 A estratégia é claramente comunicada?.........................................128
GRÁFICO 15 A visão, missão e valores são compartilhados?.........................
..
...130
GRÁFICO 16 A remuneração variável está vinculada ao orçamento?.................132
GRÁFICO 17 As metas orçamentárias são Desafiadoras / Conservadoras?.......133
GRÁFICO 18 O orçamento é um acordo negociado ?...................................
..
...133
GRÁFICO 19 As metas orçamentárias podem levar a um
comportamento inadequado?..........................................................134
10
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE 1 Modelo do e-mail convite para participação na Survey............149
APÊNDICE 2 Questionário..................................................................................150
11
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, nós competimos em um mundo market-driven, altamente
instável, imprevisível, em constante mudança. Os concorrentes podem aparecer de
qualquer lugar e a qualquer hora, com preços e margens mais baixas. Este ambiente
imprevisível também é alimentado pelo crescimento rápido do e-commerce, pela
volatilidade de mercados importantes que afetam estoques, moedas e taxas de
juros, e as novas tecnologias que impactam todas as áreas de negócios. As
organizações que tomam as mais rápidas e melhores decisões, criarão a vantagem
competitiva. Em conseqüência, o planejamento e o orçamento se transformaram em
ferramentas vitais para o atual ambiente de negócios. O fator chave para o
planejamento bem sucedido é a habilidade de uma organização de alocar
eficientemente capital e recursos de modo que possa equilibrar as exigências de
curto e longo prazo. Entretanto, o planejamento e os métodos tradicionais de
orçamento provam ser ineficazes em um ambiente de negócios imprevisível e de
mudanças rápidas (ACCENTURE, 2001).
O tradicional modelo orçamentário foi desenvolvido nos anos 20 para ajudar
os gerentes financeiros a controlar custos em grandes organizações como DuPont,
General Motors, ICI e Siemens. Há 30, 40 ou 50 anos atrás, as principais tarefas das
empresas eram produzir e vender produtos e por muitos anos o modelo de
orçamento tradicional fez o seu trabalho, enquanto as condições de mercado eram
estáveis, isto é, os concorrentes eram conhecidos e suas ações previsíveis, as
decisões eram tomadas a nível corporativo, os preços refletiam os custos internos,
as estratégias e os ciclos de vida dos produtos eram longos, os clientes tinham
12
poucas opções e a prioridade dos acionistas era o controle. Essas condições não
mais existem e, segundo Lynch (1997), para competir efetivamente e ter sucesso, é
necessário:
Responder mais rapidamente as ameaças da concorrência, as oportunidades
e as mudanças nas necessidades dos consumidores;
Estar lançando novos produtos no mercado em intervalos mais curtos de
tempo, buscando antecipar-se à concorrência;
Formar sistematicamente, a longo prazo, relações lucrativas com os clientes e
parceiros de negócios;
Desenvolver constantemente o capital intelectual da empresa, atrair e reter os
melhores colaboradores com capacidade de tomar decisões e se
responsabilizar pelos resultados de suas áreas;
Fornecer continuamente soluções inovadoras e gerar novos negócios;
Operar com baixos custos e alta eficiência, atingindo excelência operacional;
Garantir um desempenho sustentável e rentável.
As empresas enfrentam desafios facilmente comprovados fronteiras
empresariais móveis, crescimento explosivo de mercados globais, concorrência
acirrada e um ritmo de mudanças cada vez mais intenso. As empresas devem se
forçar a se adaptar, construindo as organizações do futuro com novas estratégias,
modernas técnicas operacionais e novas formas de refletir sobre suas ações.
Uma vez que as empresas devem ser mais adaptáveis às mudanças,
responder rapidamente ao mercado, inovar, melhorar processos continuamente,
13
focar o cliente e criar valor aos acionistas, o modelo tradicional de orçamento é
considerado uma barreira à competitividade, pois, seus processos, planos, metas,
medidas e recompensas continuam voltados para o passado e direcionados à
centralização e ao controle. Segundo Hope e Fraser (2003), o atual modelo
orçamentário é considerado inútil pelas seguintes razões:
Os orçamentos não ajudam as empresas a focar seus performance drivers
em indicadores como taxa de inovação, níveis de serviço, satisfação do
cliente, qualidade e conhecimento etc;
Os orçamentos são um contrato a prazo fixo e uma barreira a respostas
rápidas. Responder rapidamente a ambientes em constante mudança é difícil
se existe uma estratégia pré-fixada anualmente e as normas, procedimentos e
controles orçamentários limitam a liberdade de ação dos executivos,
restringindo-os aos limites acordados no orçamento.
Os orçamentos tratam todos os empregados como custos ao invés de
talentos inovadores e comprometidos com o desempenho da organização. Os
orçamentos são uma barreira para encontrar e manter talentos. Estruturas
hierárquicas que são governadas por planos gidos e orçamentos financeiros
inflexíveis oferecem aos gerentes oportunidades limitadas de desafios, riscos
e recompensas e desenvolvimento pessoal, pois, foram desenhados para
controlar, e os orçamentos e planos rígidos não encorajam líderes
empreendedores a tomar riscos. Também, não estabelece um clima
adequado à criatividade e inovação.
Orçamentos podem ser uma barreira para uma relação mais próxima com os
clientes, considerando que a força de vendas está focada somente no
14
atingimento de metas fixas de vendas (volume e valor) ou margem, há pouco
incentivo em cuidar para que as necessidades dos clientes sejam satisfeitas.
O processo orçamentário limita a habilidade das organizações em fazer um
completo uso das novas filosofias de gestão como o economic value added
(EVA), balanced scorecard (BSC), activity based management (ABM),
customer relationship management (CRM) e rolling forecasts.
Segundo pesquisas realizadas pela BBTR - Beyond Budgeting Round Table
(2001), 90% das empresas estão insatisfeitas e frustradas com o atual modelo
orçamentário, pois:
É demorado e caro demais. A média de tempo consumido para sua
preparação, em média, varia de 4 a 5 meses, envolve muita gente e absorve
de 20% a 30% do tempo dos principais executivos;
A complexidade e o grau de detalhamento muitas vezes se encontram num
relacionamento inverso à relevância;
Metas de desempenho são fixadas durante o ano de negócio, mas a situação
muda; com o orçamento tradicional, a empresa tem incentivo a não reagir às
mudanças;
Constitui um contrato fixo, assim ele não motiva gerentes a buscar resultados
ideais e a propor metas ambiciosas;
Fornece uma visão a curto prazo (horizonte: ano de negócio); mas as
atividades criadoras de valor (relacionamentos com clientes, desenvolvimento
de produtos etc) estão embutidas em projetos de prazo maior;
15
Não está vinculado à estratégia. Adiciona pouco valor aos usuários e aos
acionistas;
Promove atitudes e comportamentos incoerentes com o interesse corporativo.
Segundo estudos da firma de consultoria Hackett Benchmarking & Research
(1998):
90% dos CFOs estão insatisfeitos com seus processos orçamentários;
60% dos CFOs reconhecem que não ligação entre seus orçamentos e a
estratégia da empresa;
66% dos CFOs declaram que seus orçamentos são influenciados mais pela
política que pela estratégia;
O tempo médio gasto em um processo orçamentário leva em torno de 4
meses e consome 25.000 pessoas-dia para cada US$ 1 bilhão de vendas.
Segundo Welch (2005), atingir metas e querer mais é um avanço
fundamental. Elimina todas aquelas negociações internas sobre os alvos
orçamentários que pouco contribuíram para formar a visão de um gerente. Os
orçamentos são irritantes e construídos através de negociações também irritantes.
Regatear planos orçamentários é simplesmente um exercício para se chegar a um
acordo: as pessoas trabalham um mês em quadros, apresentações e livros para
chegar ao diretor-executivo e dizer que dadas as condições econômicas, dado o
cenário competitivo, o melhor que ele têm a fazer é dois. Então o diretor executivo
diz: eu tenho que dar quatro aos acionistas. Eles acabam chegando em três e
todos vão para casa felizes.
16
Para Welch (2005), os orçamentos são um exercício de minimização, isto
é, todos lutam pelo menor denominador comum quando deveriam pensar em
aumentá-lo. O processo orçamentário é a prática mais ineficaz de gestão,
serve para absorver energia, tempo, diversão e os grandes sonhos da organização,
oculta oportunidades, impede o crescimento, além de ensejar os procedimentos
mais improdutivos, como manipulação de números, definição de objetivos medíocres
e métodos de orçamentação Acordo Negociado, enfim, é um processo
desenvolvido da maneira errada.
Segundo Bossidy e Charam (2004), existem três grandes falhas no
processo orçamentário na maioria das empresas. Primeiramente, o processo não
propicia um diálogo sobre as premissas do plano. Segundo, é desenvolvido em torno
de resultados que a alta gerência quer, mas não discute ou especifica os programas
de ação que tornarão esses resultados uma realidade. Terceiro, o processo não
oportunidades de orientação para que as pessoas aprendam sobre a totalidade do
negócio ou desenvolvam a estrutura social de trabalharem juntas por uma causa
comum.
Conforme Bossidy e Charam (2004), os orçamentos, em geral, pouco se
relacionam com a realidade da execução porque são jogos de números, nos quais
as pessoas passam meses descobrindo como proteger seus interesses em vez de
enfocar as questões críticas do negócio. O processo suga energia, desviando-se
para um jogo inútil e o orçamento rígido resultante pode levar as oportunidades
17
perdidas ao longo do ano. O orçamento pode também forçar pessoas a tomarem
decisões ruins quando estão desesperadas para atingir suas metas.
1.1 A IMPORTÂNCIA DO TEMA DA PESQUISA
Em função dos argumentos apresentados, verifica-se a importância deste
tema, principalmente considerando que o processo de planejamento e orçamento
está no coração da gestão de desempenho na maioria das organizações e deveria
contribuir como uma ferramenta de vantagem competitiva.
Para Welch (2005), o processo orçamentário certo pode mudar a forma de
atuação e competição da empresa e a reinvenção do ritual facilita tanto a vitória,
que não se pode deixar de tentar. O processo orçamentário deve ser usado para
desencavar todas as possíveis oportunidades de crescimento, identificar
verdadeiros obstáculos e desenvolver um plano que estenda os sonhos até o céu.
Este sistema de orçamentação está ligado ao processo de planejamento estratégico
e se concentra em duas questões: a) Como superar o desempenho do ano
passado?; b) O que os concorrentes estão fazendo e como podemos vencê-los?
Concentrando-se nestas duas perguntas, o processo orçamentário converte-se em
um diálogo abrangente sobre as oportunidades e obstáculos no mundo real. Com
estas discussões são desenvolvidos um conjunto de cenários de crescimento que é
não negociado ou imposto e que realmente não pode ser chamado de orçamento. É
um plano operacional, flexível, cheio de aspirações, diretrizes e metas que levariam
aos melhores esforços.
18
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DA PESQUISA E JUSTIFICATIVA
Para Lakatos e Marconi (1991), definir um problema de pesquisa consiste
em dizer, de maneira clara, compreensível e operacional, com qual dificuldade nos
defrontaremos e o que pretendemos resolver, limitando o seu campo, contexto e
característica.
Segundo a Ventana (2004), o objetivo da gestão de performance é otimizar a
gestão dos processos de negócios e alinhá-los a estratégia da organização. O
Planejamento Orçamentário é crítico na gestão da performance das organizações
porque ele é o melhor caminho para traduzir a estratégia em um conjunto coerente
de iniciativas e objetivos.
O problema da pesquisa:
Em que estágio as organizações se encontram, atualmente, em relação à
utilização do Planejamento e Orçamento Empresarial como ferramenta de
gestão.
19
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
Este trabalho tem por objetivo examinar em que estágio as organizações se
encontram, atualmente, em relação à utilização do Planejamento e Orçamento
Empresarial como ferramentas de gestão.
A estratégia de desenvolvimento do trabalho foi orientada por uma pesquisa
bibliográfica e por uma survey, através das quais a análise se desenvolve, tratando
questões levantadas por críticos e confrontando abordagens clássicas e atuais do
tema.
1.4 METODOLOGIA
1.4.1 Estratégia e metodologia de pesquisa
De acordo com Hair et al. (2005), a pesquisa em administração é uma
função de busca da verdade responsável pela reunião, análise, interpretação e pelo
relato de informações de modo que os tomadores de decisões administrativas
tornem-se mais eficientes. Ainda, a pesquisa em administração é ampla e envolve
o estudo de uma série infindável de fenômenos e concentra-se em: entender
pessoas ou grupo de pessoas e sua interação com sistemas.
A pesquisa em administra
ção é uma investigação científica, motivada por um
desejo de entender melhor alguns fenômenos relativos à administração e uma
20
tentativa de resolver um determinado problema enfrentado por uma certa
organização. Auxilia a desenvolver a teoria que tenta descrever e prever eventos
administrativos, de modo que, todos os responsáveis pelas decisões administrativas
possam beneficiar-se e tomar as melhores decisões.
Uma pesquisa científica deve ser o mais objetiva possível e reproduzível, o
que quer dizer que um outro pesquisador poderá produzir os mesmos resultados
utilizando procedimentos idênticos aos empregados pelo pesquisador original (HAIR
et al., 2005).
1.4.1.1 Abordagem de coleta de dados
Os pesquisadores, através da mensuração, descrevem fenômenos que
existem no mundo empresarial e para que isto ocorra é necessário ter dados que
podem ser coletados por meio de uma ou mais das seguintes formas: observação,
entrevistas e/ou questionários.
Esta pesquisa utilizou o método de levantamento de dados survey que
é a coleta de informação dos respondentes com o propósito de compreender e/ou
predizer alguns aspectos do comportamento da população de interesse (TULL &
HAWKINS, 1976, p.373).
A expressão survey pode ser traduzida para o português como investigação
ou levantamento de dados. Entretanto, é comum sua utilização no original, em
inglês, por ser um termo consagrado no que diz respeito à pesquisa científica.
21
Segundo Aaker, Kumar e Day (1990) a principal vantagem deste método é
que o mesmo permite coletar uma grande quantidade de dados sobre um
respondente de uma só vez, sendo que estes dados podem ser: 1) profundidade e
extensão dos conhecimentos; 2) atitudes, interesses e opiniões; 3) comportamento;
e 4) variáveis de classificação, tais como: idade, renda, etc. Ainda, segundo os
autores, esta pesquisa pode ser caracterizada como exploratória, conforme seus
propósitos, questão de pesquisa e método de coleta de dados. Este tipo de
investigação é utilizado quando se busca um entendimento sobre a natureza geral
de um problema, sobre as possíveis hipóteses alternativas e sobre as variáveis
relevantes que precisam ser consideradas. Para este tipo de pesquisa, os métodos
são bastante flexíveis, o estruturados e qualitativos. A inexistência de uma
estrutura rígida permite que diferentes idéias e indícios sobre a situação sejam
investigados. Quanto as hipóteses da pesquisa exploratória, estas são vagas e
pouco definidas e, as vezes, respondem apenas parcialmente a questão de
pesquisa, podendo até ser inexistentes em alguns casos.
Survey é um procedimento de coleta de dados primários a partir de
indivíduos. Os dados podem variar entre crenças, opiniões, atitudes e estilos de vida
até informações gerais sobre a experiência do indivíduo, bem como as
características de uma empresa.
Para Hyman (1957, p.2) no survey, além da função descritiva da
acumulação de fatos e opiniões expressas, representativas da população-meta, os
levantamentos também podem ter uma função explanatória alcançada através de
22
instrumentos, tais como a análise simultânea de muitas variáveis e a análise
multidimensional.
Os surveys podem ser divididos em exploratórios e explanatórios. Os
primeiros têm por objetivo principal maior familiarização com um assunto, quando
não existe um modelo definido ou os pontos de interesse necessitam ser melhor
compreendidos e mensurados.
Como a pesquisa possui caráter exploratório - busca analisar o atual estágio
do Planejamento e Orçamento Empresarial - a utilização de um survey é adequada.
1.4.1.2 Questionários
O método de coleta de dados de survey utilizado foi o de questionários
eletrônicos auto-administrados, isto é, respondidos pelo respondente sem a
presença de um pesquisador.
Um questionário é um conjunto predeterminado de perguntas criadas para
coletar dados. É um instrumento cientificamente desenvolvido para medir
características importantes de indivíduos, empresas, eventos e outros fenômenos.
O método utilizado na pesquisa combina a utilização do e-mail com a web.
Os respondentes foram convidados a participar da pesquisa através de um e-mail,
com um breve resumo da pesquisa e seus objetivos e um link os direcionava até um
website que, mediante um cadastro prévio, obtinham acesso ao questionário. O
acesso à survey era controlado por senha criptografada para garantir segurança e
23
privacidade. Questões éticas também foram observadas, garantindo sigilo aos
respondentes em relação aos seus nomes e empresas. Os e-mails pessoais foram
conservados (também em sigilo) para que o resultado da pesquisa fosse enviado
assim que estivesse concluído. O questionário desta pesquisa foi inserido e
hospedado no site da RedeGlobal.com
Os primeiros surveys pela internet ocorreram nos anos 80 e eram baseados
em e-mails. Com a expansão do uso da internet e, principalmente, da web, novos
métodos passaram a ser usados como instrumentos de coleta de dados. Alguns
autores acreditam que, em breve, a internet (e em particular a web) vai superar os
meios tradicionais de coleta de dados (TRUELL, 2003, p.31).
Algumas vantagens são apresentadas na literatura em relação aos surveys
pela internet, como por exemplo, o baixo custo, a rapidez no envio e transmissão, a
possibilidade da construção de ambientes interativos e agradáveis, entre outras
(YUN & TRUMBO, 2000).
Quanto ao questionário, foi realizado um pré-teste, utilizando-se uma
pequena amostra de respondentes. Os respondentes foram convidados a responder
o questionário e comentar sobre o entendimento desde as instruções e as escalas
até a formatação e redação, para garantir que cada questão é relevante, foi
claramente redigida e não apresenta ambigüidade.
24
1.4.1.3 Mensuração e escala
A mensuração envolve a atribuição de números para uma variável de acordo
com certas regras. Os números atribuídos devem refletir as características do
fenômeno que está sendo mensurado. A mensuração é realizada através do uso de
escalas. Uma escala é um instrumento que pode ser distinto ou contínuo. Se for
distinto, poderá medir somente a direção da resposta. Já as escalas contínuas
medem tanto a direção como a intensidade. Os níveis de mensuração são
representados por diferentes tipos de escalas: nominal, ordinal, intervalar e de razão
e podem ser métricas (quantitativas) ou não-métricas (qualitativas) (HAIR et al.,
2005).
A pesquisa utilizou principalmente as escalas não-métrica nominal (usa
números como rótulos para identificar e classificar objetos, indivíduos ou eventos) e
a métrica intervalar (utiliza números para classificar objetos ou eventos de modo que
a distância entre os números seja igual).
1.4.1.4 A amostra e o universo da pesquisa
O universo da pesquisa é formado pelas comunidades financeiras de
organizações industriais baseadas no Estado de São Paulo e suficientemente
envolvidas com o processo de planejamento orçamentário. O universo da pesquisa
não restringe empresas em virtude de tamanho, faturamento e segmento de
negócios.
25
Quanto a amostra, esta é definida como um sub-conjunto relativamente
pequeno da população. É extraída utilizando-se procedimentos probabilísticos ou
não-probabilísticos. Se uma amostra probabilística suficientemente grande é
extraída, então é possível fazerem-se generalizações e inferências estatísticas sobre
aquela população, com o cuidado que seja extraída uma amostra representativa. A
amostragem não-probabilística tradicionalmente é utilizada na fase exploratória de
um estudo. O objetivo é coletar dados rapidamente e a um baixo custo. Os projetos
não-probabilísticos são amplamente empregados na seleção de indivíduos para
grupos de foco e pré-testes de questionários de surveys (HAIR et al., 2005, p.237).
Foi utilizada uma amostragem por conveniência, que envolve a seleção de
elementos de amostra que estejam mais disponíveis para tomar parte no estudo e
que podem oferecer as informações necessárias, extraídas a partir de empresas ou
organizações que satisfizeram as restrições da pesquisa, e, principalmente, se
mostraram dispostas a participar e a colaborar com o estudo.
A amostragem por conveniência é o procedimento no qual a conveniência
do pesquisador forma a base para a seleção de uma amostra de unidades
(PARASURAIVIAN, 1991, p.541; KINNEAR & TAYLOR, 1991, p.398). A amostragem
por conveniência também pode ser tratada como amostragem intencional
(FONSECA & MARTINS, 1993, p.181).
Uma restrição a amostragem por conveniência é o fato de a partir dela não
se poder medir o erro amostral, o que não permite afirmações conclusivas ou
definitivas sobre os resultados da pesquisa sobre a amostra. Entretanto, amostras
por conveniência são justificadas em estudos exploratórios, quando se buscam
26
dados e informações iniciais sobre o assunto, mais do que generalizações para toda
a população, assim como quando se está disposto a aceitar o risco da falta de
acurácia (PARASURAIVIAN, 1991, p.546; KINNEAR & TAYLOR, 1991, p.398).
Kinnear e Taylor (1991, p.399), também afirmam que amostras por
conveniência são bastante usadas em pesquisas de negócio, aproximadamente, por
40% dos pesquisadores.
Como amostra foi utilizada uma base de dados formada pela: Comunidade
FGV (ex-alunos), ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças
Administração e Contabilidade), Linked-In, ex-colegas de empresas e ex-colegas de
PUC.
1.5 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta dissertação está estruturada em quatro capítulos, conforme figura
abaixo:
FIGURA 1 Organização e Estrutura do Trabalho.
1. INTRODUÇÃO 2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. ESTRATÉGIA 2.2. PLANEJAMENTO
2.3. PLANEJAMENTO EMPRESARIAL INTEGRADO
2.4. EXECUÇÃO
2.5. CONTROLE
2.6. GESTÃO DA PERFORMANCE ORGANIZACIONAL
1.1. IMPORTÂNCIA DO TEMA
1.2. JUSTIFICATIVA
1.3. OBJETIVOS
1.4. METODOLOGIA
1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO
3. PESQUISA
4. CONCLUSÃO
27
Capítulo 1 Introdução: Este capítulo faz uma apresentação da estrutura básica da
dissertação, definindo o tema e sua importância, o problema da pesquisa, a
justificativa para a sua realização, seus objetivos, bem como apresenta a
metodologia científica empregada.
Capítulo 2 Revisão da Literatura: Neste capítulo é realizada uma revisão
bibliográfica, objetivando criar uma fundamentação teórica sobre o planejamento e
orçamento empresarial, apresentando conceitos fundamentais.
Capítulo 3 Pesquisa: Neste capítulo estão apresentados os resultados da pesquisa
realizada, suas análises e comentários.
Capítulo 4 Conclusão: Neste capítulo são apresentadas as considerações finais da
pesquisa e desta dissertação.
28
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL
2.1.1 Histórico, evolução e conceitos
A palavra estratégia, de origem militar, é a arte de planejar e dirigir as
operações militares em uma guerra. A palavra estratégia vêm de estratega (do grego
estratego; de stratos, exército, e, ago, dirigir). O estratega na antiga Grécia era o
general de um exército. Posteriormente designou "a arte do general" e por
decorrência as habilidades de administração, liderança e poder. Esta origem militar
do termo tinha em seu significado idéias de combate, competição e enfrentamento
de inimigos. Este sentido foi reforçado por escritos como os de Sun Tzu - A arte da
Guerra (há mais de 2500 anos atrás), Von Clausewitz (Da Guerra) e Maquiavel (O
Príncipe). Ao tempo de Péricles (450 a.C.), a estratégia designava as habilidades
gerenciais de administração, liderança, oratória e poder. Com Alexandre, o Grande
(330 a.C.), já significava o emprego de forças para vencer o inimigo.
Na terminologia militar, se entende por estratégia a ciência ou a arte de
empregar, da melhor maneira, todos os recursos militares, econômicos, políticos ou
qualquer outro de que possa dispor uma nação, para alcançar os objetivos
perseguidos por uma guerra que se empreende.
Caso se parta da no
ção antiga de estratégia militar, dir-se-á que a estratégia
trata da arte de empregar as forças militares para atingir resultados fixados pela
29
política. Esta definição refere-se ao conjunto da arte militar que é subdividida em
estratégia, tática e logística, onde a tática é a arte de empregar as armas no
combate, para obter o melhor rendimento e, a logística a ciência dos movimentos e
dos suprimentos.
Beaufre (1998) diz que essência da estratégia repousa no jogo abstrato,
resultante da oposição de duas vontades. É a arte que permite, independentemente
de qualquer técnica, dominar os problemas que coloca em si todo o duelo,
justamente para permitir empregar as técnicas com o máximo de eficácia. É, por
conseguinte, a arte da dialética das forças ou, ainda mais exatamente, a arte da
dialética das vontades, empregando a força para resolver seu conflito. Esta definição
pode parecer abstrata mas é bem nesse nível que convém colocar a estratégia, caso
se queira compreender seu mecanismo de pensamento e as leis que se pode ali
descobrir.
Para Beaufre (1998), a finalidade da estratégia é atingir os objetivos fixados
pela política, utilizando da melhor maneira os meios que se dispõe. A arte consiste
em escolher entre os meios disponíveis, e em combinar sua ação, para fazê-los
concorrer para um resultado psicológico, suficientemente eficaz para produzir um
efeito moral decisivo no adversário. A escolha dos meios vai depender de uma
confrontação entre as vulnerabilidades do adversário e as possibilidades. Para fazer
isto, é preciso avaliar o efeito moral decisivo. Em conseqüência, será realizado um
plano estratégico onde é preciso prever as possíveis reações adversas, para cada
uma das ações que se têm em vista; assegurar a possibilidade de fazer face a cada
uma delas; e ter em vista, toda a seqüência de acontecimentos que levam à decisão.
30
A escolha das táticas é a estratégia. É a estratégia que decidirá a forma de
conflito, ofensivo ou defensivo, insidioso ou violento, direto ou bem progressivo e
indireto; em que domínio (político ou militar) a luta será procurada e que armas serão
empregadas. A estratégia, além, do mais, deve não apenas escolher as táticas, mas,
também, orientar sua evolução e sua aplicação é válida para um domínio particular
do conflito.
A estratégia, tradicionalmente, tem sido diferenciada da tática por dois
aspectos: a) a estratégia contempla todo o cenário e todo o horizonte temporal de
uma guerra, enquanto que a tática se refere ao uso de tropas e armamento para
ganhar as batalhas; e b) as táticas se ocupam do manejo das tropas no campo de
batalha, enquanto que a estratégia trata do posicionamento mais favorável destas
mesmas tropas antes que a batalha comece.
Em relação à aplicação da estratégia, Napoleão, referindo-se às regras de
bom senso da estratégia, disse ser ela uma arte simples, mas toda de execução.
A adaptação da terminologia estratégica a um contexto comercial,
entretanto, teve que esperar o cenário da Segunda Revolução Industrial, que iniciou
na metade final do século XIX, mas realmente só deslanchou no século XX.
A Primeira Revolução Industrial (que se estendeu de meados de 1700 a
meados de 1800) pouco conseguiu induzir em termos de pensamento ou
comportamento estratégico. Embora o período fosse marcado por intensa
competição entre as indústrias, nenhuma teve o poder de influenciar os resultados
31
de mercado de modo significativo. Os negócios, em grande parte, permaneciam
pequenos e utilizavam o mínimo possível de capital fixo. Os mercados caóticos da
época levaram economistas como Adam Smith a descrever as forças de mercado
como uma mão invisível que permanecia ao largo do controle das empresas
individuais.
A Segunda Revolução Industrial, que começou na metade final do século
XIX, nos Estados Unidos, considerou o surgimento da estratégia como uma maneira
de moldar as forças de mercado e influenciar o ambiente competitivo. Nos Estados
Unidos, a construção de importantes ferrovias após 1850 tornou possível, pela
primeira vez, a formação de mercados de massa. Junto com o acesso melhorado ao
crédito e ao capital, os mercados de massa encorajaram grandes investimentos a
explorar economias de escala na produção e economias de escopo em distribuição.
Em algumas indústrias de capital intensivo, a mão invisível de Adam Smith veio a
ser suplementada pelo que o famoso historiador Alfred D. Chandler Jr. (1962)
denominou a mão visível dos gestores profissionais. Ao final do século XIX, um
novo tipo de empresa começava a surgir, primeiro nos Estados Unidos e depois na
Europa: a grande e verticalmente integrada corporação, que fazia investimentos
expressivos em manufatura e marketing e na gestão de hierarquias para coordenar
essas funções. Ao longo do tempo, as maiores empresas desse tipo passaram a
alterar o ambiente competitivo dentro de seus setores e mesmo ultrapassar os
limites dessas fronteiras.
32
A necessidade de haver um pensamento explicitamente estratégico foi
articulada, pela primeira vez, por administradores de alto escalão dessas empresas.
Alfred Sloan (1963), executivo-chefe da General Motors de 1923 a 1946, concebeu
uma estratégia de sucesso baseada na percepção de forças e fraquezas do principal
concorrente da empresa, a Ford Motor Company, documentando-a depois que se
aposentou.
A Segunda Guerra Mundial forneceu um estímulo vital ao pensamento
estratégico relacionado aos domínios militar e de necios, porque aguçou o
problema de alocação de recursos escassos por toda a economia. Novas técnicas
de pesquisa de operações (por exemplo, programação linear) foram criadas,
construindo o caminho para o emprego de análises quantitativas no planejamento
estratégico formal. O conceito de curva de aprendizagem (learning curve),
primeiramente observado na indústria de aviação militar nas décadas de 1920 e
1930, quando os fabricantes perceberam que os custos de mão-de-obra decresciam
em uma percentagem direta à medida que o número de aeronaves produzidas
dobrava, igualmente tornou-se uma importante ferramenta para os esforços de
planejamento da produção.
33
As experiências do período de guerra encorajaram não apenas o
desenvolvimento de novas ferramentas e técnicas, mas também, o uso do
pensamento estratégico formal para orientar decisões gerenciais. Sobre esse
período, Peter Drucker (1954, p.11) afirmou que o gerenciamento não é apenas
comportamento passivo e adaptado; significa tomar atitudes que façam acontecer os
resultados esperados. Observou que a teoria econômica, por muito tempo, tratou o
mercado como forças impessoais, além do controle dos empreendedores individuais
e das organizações. Na era das corporações, contudo, gerenciar implicava na
responsabilidade de procurar influenciar o ambiente econômico, para planejar, iniciar
e implantar mudanças nele, de modo a constantemente reduzir o efeito dessas
limitações econômicas na liberdade de ação das empresas. Esse pensamento
tornou-se a chave do raciocínio para a estratégia corporativa que de forma
consciente, pelo planejamento formal, as empresas poderiam exercer algum controle
positivo sobre as forças do mercado.
Durante a Segunda Revolução Industrial foram fundadas muitas escolas de
administração de elite nos Estados Unidos, a começar pela Wharton School, em
1881. A Harvard Business School, fundada em 1908, foi uma das primeiras a
promover a idéia de que os administradores deveriam ser antes treinados a pensar
estrategicamente ao invés de atuar como administradores funcionais, embora a
estratégia não tenha sido explicitamente mencionada antes da década de 1960. Em
1912, Harvard introduziu a exigência de um curso de Políticas de Negócios,
concebido para integrar o conhecimento adquirido em áreas funcionais como
contabilidade, operações e finanças. No início dos anos 50, dois professores de
política empresarial em Harvard, George Albert Smith Jr. e C. Roland Christensen,
34
encorajaram os alunos a questionar a estratégia de uma empresa, se era compatível
ou não com seu ambiente competitivo. Faziam leitura de casos e formulavam
perguntas sobre se as políticas da companhia se enquadram em um programa que
efetivamente atendesse às necessidades do ambiente competitivo, como vai a
indústria (crescendo, se expandindo, estática, em declínio). Então, a partir do
dimensionamento do ambiente competitivo, se analisava em que base alguém
deveria competir em uma indústria em particular e que tipo de assuntos a empresa
deveria ser especialmente competente para competir (GHEMAWAT, 2006).
No final dos anos 50, outro professor de política empresarial de Harvard,
Kenneth Andrews (1971, p.23), expandiu o alcance desses conceitos, argumentando
que toda organização empresarial, toda subunidade organizacional e mesmo todo
indivíduo, deveria ter um conjunto definido de propósitos ou metas que o mantivesse
numa direção deliberadamente escolhida, evitando sua dispersão para direções
indesejáveis. Assim como Alfred Sloan, na General Motors, Andrews pensava que a
função primária do administrador geral, com o tempo, é a supervisão do processo
contínuo de determinar a natureza do empreendimento e estabelecer, revisar e
procurar atingir suas metas. A figura abaixo mostra a estrutura de estratégia
proposta por Andrews.
35
FIGURA 2 Estrutura da Estratégia Empresarial
FONTE Kenneth Andrews (1971, p.23)
Para Tregoe et al.(1989) a definição da estratégia não é tão importante
quanto ter uma estratégia e implementá-la. É a aplicação da estratégia ao aspecto
operacional que faz a diferença qualitativa no desempenho. Iniciado o processo
estratégico, é preciso aprender a transformar a visão em ação. Passar da
formulação da visão a sua implementação é uma decisão que permite realizar o
trabalho cotidiano à luz da estratégia da empresa. O planejamento estratégico tem
que ser encarado como parte das atividades cotidianas.
Tendências e
condições
ambientais
Econômica
Técnica
Física
Política
Social
Comunidade
Nação
Mundo
Oportunidades
e riscos
Questionamento
Inquirição
Avaliação de
risco
Competência
Distintiva
Habilidades:
- Financeira
- Administrativa
- Funcional
- Organizacional
Reputação
Histórico
Recursos Corporativos
- Ampliando ou limitando
oportunidades
-
Identificação de forças e
fraquezas
- Programa para
incremento das
habilidades
Consideração de
todas as
combinações
Avaliação para
determinar a melhor
combinação de
oportunidades e
recursos
Escolha de produtos e
mercados
Estratégia Econômica
36
Segundo Ansoff (1984), a estratégia diz respeito basicamente a utilização
dos diversos recursos empresariais - humanos, técnicos e financeiros - que estão a
disposição do empresário. Portanto, ao adotar uma estratégia, o empresário deve
analisar a sua organização e o ambiente no qual está inserida, com o intuito de
estabelecer quais são os caminhos, os cursos e os programas de ação que devem
ser seguidos para alcançar os objetivos previamente definidos pela empresa.
Para Kaplan (1996) a estratégia descreve como uma organização pode criar
valor para seus acionistas, clientes e comunidade.
A visão de Kaplan e Norton (1996) em relação à estratégia:
a) Conceito de estratégia: conceituamos estratégia como a escolha dos
segmentos de mercado e clientes que as unidades de negócios pretendem
servir, identificando os processos internos críticos nos quais a unidade deve
atingir a excelência para concretizar suas propostas de valor aos clientes dos
segmentos-alvo, e selecionando as capacidades individuais para atingir os
objetivos internos, dos clientes e financeiros.
b) A estratégia significa ter um foco: a arte de estratégia consiste em identificar
e buscar excelência nos poucos processos críticos que reforçam a criação de
valor para os clientes.
c) A estratégia exige mudanças no status quo: a estratégia exige mudanças em
praticamente todas as partes da organização. A estratégia demanda trabalho
em equipe para a coordenação das mudanças.
37
d) A estratégia concretiza a visão: a visão cria a imagem do destino. A
estratégia define a lógica de concretização da visão. Visão e estratégia são
complementos essenciais.
e) A estratégia precisa ser mensurada: “’meça a estratégia, significa que todos
os objetivos e indicadores do balanced scorecard financeiros e não-
financeiros devem emanar da visão e da estratégia da organização.
f) A estratégia reflete a proposição de valor: a proposição de valor para o
cliente e a maneira como se converte em crescimento e rentabilidade para os
acionistas são os fundamentos da estratégia.
Jack Welch (2005) descreve a estratégia como um curso de ação
aproximado, a ser revisto e redefinido com freqüência, de acordo com as mudanças
do mercado. E, descreve sua elaboração em três passos:
a) Crie uma grande idéia para seu negócio uma maneira inteligente, realista e
relativamente rápida de conquistar vantagem competitiva sustentável;
b) Ponha as pessoas certas nas posições certas para impulsionar a grande
idéia;
c) Busque com obstinação as melhores práticas para realizar a grande idéia,
dentro ou fora da organização, adapte-as à realidade da empresa e melhore-
as continuamente. A estratégia deslancha quando se desenvolve uma
organização que aprende, na qual as pessoas anseiam por fazer tudo melhor,
todos os dias.
38
Portanto, estratégia consiste em descobrir a grande idéia, definir uma
trajetória geral, incumbir as melhores pessoas de desbravá-la e então partir para a
execução, com ênfase na melhoria contínua.
2.1.2 Estratégia competitiva
O termo estratégia alcançou o ápice de sua popularidade em 1980 com a
obra de Porter, Estratégia Competitiva. Porter denomina estratégia competitiva a
maneira como a empresa compete, isto é, um conjunto de objetivos que uma
empresa busca no mercado e as políticas necessárias para alcançá-los. A intenção
de toda estratégia competitiva é tratar de mudar as regras da concorrência a favor
da empresa. Ele sabia que a estratégia competitiva era uma área de grande
interesse pois lidava com perguntas fundamentais às quais todos os líderes de
empresas tinham que responder, entre elas:
O que impulsionava a competição no meu setor ou nos setores nos quais
estou pensando em entrar ?
Que atitudes os concorrentes provavelmente tomarão e qual se a melhor
forma de reagir ?
Como meu setor evoluirá ?
Como minha empresa pode se posicionar para competir no longo prazo ?
Porter associa a competitividade de empresas, instituições e nações à
criação de riqueza. Para ele, um dos principais motivos da falta de sustentabilidade
na criação de valor de muitas empresas é o fato de elas não abordarem, como
39
devem, os princípios da estratégia. O ponto de partida do desenvolvimento de uma
estratégia eficaz é obter um excelente retorno sobre o investimento para os
acionistas e demais stakeholders, ao longo do tempo.
Segundo Porter, estratégia competitiva é a busca de uma posição
competitiva favorável em uma indústria, a arena fundamental onde ocorre a
concorrência. A estratégia competitiva visa estabelecer uma posição lucrativa e
sustentável contra as forças que determinam a concorrência da indústria.
Entretanto, muitas organizações falharam devido à sua incapacidade de
traduzir a estratégia em ações específicas para se obter uma vantagem competitiva.
Os executivos dessas empresas não conseguiram determinar a atratividade da
indústria (em termos de rentabilidade, tamanho, crescimento e concorrência),
tampouco conseguiram identificar quais os fatores críticos para o melhor
posicionamento da empresa dentro de seu setor de atividade ou das novas
fronteiras de negócios.
Segundo Porter, a estratégia está associada à criação de valor para os
acionistas, clientes e demais stakeholders e a vantagem competitiva surge do valor
que uma empresa tem condições de criar para seus consumidores, seja em forma
de preços inferiores aos da concorrência por benefícios equivalentes ou a benefícios
únicos. Dessa maneira, a vantagem competitiva da empresa é traduzida por um
desempenho superior em relação aos principais concorrentes. Uma empresa
somente conseguirá ter um desempenho superior se conseguir construir uma
diferenciação aos olhos dos clientes.
40
De acordo com Porter, as diferenças de uma empresa em relação aos
concorrentes têm origem no conjunto de atividades de sua cadeia de valor,
necessárias para a criação, produção, venda e distribuição de produtos e serviços
aos seus públicos-alvo. Para Porter, a eficácia operacional significa realizar
atividades semelhantes melhor que os concorrentes. Em contraste, o
posicionamento estratégico significa realizar atividades diferentes daquelas dos
concorrentes ou realizar atividades semelhantes de maneira diferente.
Na concepção de Porter, estratégia competitiva consiste em ser diferente,
em se diferenciar. Isso significa escolher deliberadamente um conjunto diferente de
atividades em relação aos concorrentes para fornecer um mix único de valor. A
empresa também precisa fazer escolhas, ter um foco e saber o que fazer, ou decidir
o que não fazer.
Os gestores enfrentam quatro desafios principais ao formular uma estratégia
competitiva: 1) analisar o ambiente competitivo, 2) antecipar as reações dos
principais concorrentes, 3) identificar opções estratégicas e, 4) escolher entre
alternativas.
O primeiro desafio, analisar o ambiente competitivo, lida com duas questões:
com quem competimos, agora e no futuro, e que pontos fortes relativos temos como
base para criar uma vantagem competitiva sustentável. Responder a essas
perguntas requer uma análise do ambiente externo, do ambiente do setor e das
competências internas. O segundo desafio, antecipar as reações dos principais
concorrentes, foca o entendimento de como os concorrentes tendem a reagir a
41
diferentes movimentos estratégicos. Uma análise detalhada dos concorrentes é útil
para entender como provavelmente eles reagirão e por quê. O terceiro desafio,
identificar opções estratégicas, requer um equilíbrio entre oportunidades e restrições,
para que as opções estratégicas possam ser elaboradas e variem de ações
defensivas e preventivas. O quarto desafio, escolher entre alternativas, exige uma
análise do impacto de longo prazo de diferentes opções estratégicas como base
para uma escolha final.
Uma empresa tem uma vantagem competitiva quando planeja e implementa
com sucesso uma estratégia geradora de valor, que os concorrentes não estejam
utilizando no momento. A vantagem competitiva é sustentável quando atuais ou
novos concorrentes não são capazes de imitá-la ou superá-la.
A vantagem competitiva é, geralmente, criada pela combinação de forças.
As empresas buscam maneiras de explorar competências e vantagens em diferentes
pontos da cadeia de valor. O uso da análise de valor ajuda uma empresa a
concentrar-se em áreas nas quais possui vantagens competitivas e, possivelmente,
terceirizar as funções em que não as possui.
É importante entender a natureza e as fontes de vantagem competitiva e sua
exploração mais eficaz, leva a um aumento de desempenho da empresa.
Em termos competitivos, valor é o benefício percebido que um cliente se
dispõe a pagar por um produto que uma empresa oferece. Este valor pode ser
42
derivado da diferenciação do produto, custo e da capacidade da empresa em
atender às necessidades dos clientes.
Uma cadeia de valor é o modelo de um processo de negócios. O processo
de criação de valor é composto por uma série de atividades que vai desde o
processamento de matéria-prima até a venda de produtos e serviços para clientes
finais. A análise da cadeia de valor envolve o estudo de custos e elementos de
diferenciação do produto ou serviço por toda a cadeia de atividades e vinculações
para determinar fontes atuais e potenciais de vantagem competitiva.
A cadeia de valor divide o processo de negócios de uma empresa em
atividades que agregam valor: atividades primárias, que contribuem para a criação
física do produto, e atividades de suporte, que auxiliam as atividades primárias. Uma
vez definidas as atividades primárias, de suporte e outras, a análise da cadeia de
valor atribui custos de ativos e operacionais a estas atividades. A contabilidade de
custos baseada em atividades é usada freqüentemente para determinar se existe
uma vantagem competitiva. É importante identificar o quanto atividades primárias e
de suporte contribuem individualmente em valor além de seu custo.
A análise da cadeia de valor também pode ser usada para moldar respostas
a mudanças nas condições de mercado, por meio da colaboração com clientes e
fornecedores e deve ser abordado como um processo compartilhado, que envolva
os diferentes membros da cadeia.
43
2.2 PLANEJAMENTO
As organizações não operam na base da improvisação e nem funcionam no
acaso. As organizações requerem planejamento para todas as suas operações e
atividades, principalmente quando operam em ambientes dinâmicos, complexos e
competitivos. O planejamento é um importante componente da vida organizacional,
capaz de dar-lhe condições de rumo e continuidade em sua trajetória rumo ao
sucesso. O planejamento constitui a primeira das funções administrativas, vindo
antes da organização, da direção e do controle. Planejar significa interpretar a
missão organizacional e estabelecer os objetivos da organização, bem como os
meios necessários para o alcance desses objetivos com o máximo de eficácia.
(CHIAVENATO, 2005).
Ainda, segundo Chiavenato, o planejamento inicia o processo administrativo.
Ele também é um processo que inclui a definição dos objetivos organizacionais e a
seleção de políticas, procedimentos e métodos desenhados para o alcance desses
objetivos. O sucesso na função de planejamento requer o reconhecimento do
ambiente da organização, a estimulação da criatividade e encorajamento de novas
idéias e abordagens inovadoras aos desafios da administração. Nesse sentido, o
planejamento fundamenta os próximos estágios do processo administrativo, como a
organização que representa a alocação e o arranjo dos recursos para executar as
tarefas essenciais a direção que guia os esforços no sentido de assegurar
elevados níveis de desempenho e de cumprimento de objetivos e o controle que
monitora e acompanha a execução das tarefas para assegurar a necessária, se
preciso for, ação corretiva. Assim, o planejamento constitui a função inicial da
44
administração. Antes que qualquer função administrativa seja executada, a
administração precisa planejar, ou seja, determinar os objetivos e os meios
necessários para alcançá-los adequadamente.
FIGURA 3 Funções Administrativas
FONTE CHIAVENATO, 2005, p.190.
Para Catelli et al. (1999), o planejamento é feito não apenas por causa da
globalização, das incertezas, do aumento da competição, ou das novas tecnologias,
que tornam o ambiente mais inseguro. Planeja-se porque existem tarefas a cumprir,
atividades a desempenhar, enfim, produtos a fabricar, serviços a prestar. Deseja-se
fazer isso da forma mais econômica possível, coordenando o uso dos diferentes
recursos, humanos, materiais, financeiros e tecnológicos, cada um a seu tempo, com
suas especificidades próprias, para que os objetivos possam ser atingidos. Ao lado
disso, a empresa precisa perdurar no tempo, ter continuidade, maximizando o fluxo
de benefícios para os acionistas, empregados, clientes, fornecedores e demais
entidades da sociedade.
PLANEJAMENTO
Definir a missão, os objetivos e prioridades
Determinar os as coisas estão agora
Desenvolver premissas sobre as condições
futuras
Identificar os meios para alcançar os objetivos
Implementar os planos de ação e avaliar os
resultados
ORGANIZAÇÃO
DIREÇÃO
CONTROLE
45
2.2.1 Histórico, evolução e conceitos
A evolução do planejamento remete à Teoria das Organizações. Para
elucidar melhor o caráter racional e a evolução do planejamento na Teoria das
Organizações, faz-se necessário descrever sua evolução histórica.
A Administração está presente em praticamente toda a história da
humanidade, porém passou a ter caráter racional a partir do século XX. No século
XVII, a razão começa a substituir a tradição na explicação do mundo e na resolução
de problemas. Embora, no século XVIII, o racionalismo tenha atingido seu apogeu,
sendo aplicado às ciências naturais e finalmente às ciências sociais (MOTTA, 1994),
foi apenas no século XX que a Administração passou a ter um caráter racional, à
medida que propiciou a tentativa de previsão do futuro, a organização dos processos
e métodos na empresa e o controle do trabalho.
O Movimento Clássico da Administração e o Movimento das Relações
Humanas preocuparam-se com a influência direta dos administradores nas
organizações. A preocupação com o ambiente externo surgiu com o Movimento
Estruturalista/Sistêmico, através das abordagens dos sistemas abertos na busca da
legitimidade e eficácia das organizações (STONER, 1985).
Para relembrar todos os processos de pensamento administrativo
tradicionais, basta pensar em, principalmente, Fred Taylor, Henri Fayol e Elton
Mayo.
46
Taylor foi o precursor da organização metódica do trabalho. Ele se
concentrou nas tarefas, dando destaque ao dever dos administradores em coletar
informações sobre práticas de trabalho e conceber atividades, equipamentos e
métodos que refletissem os melhores métodos de trabalho. O planejamento na
Administração Científica surgiu como uma substituição da improvisação, sendo
utilizado para tarefas operacionais e como forma de escolher as ferramentas e os
métodos mais adequados de produção, visando o aumento de produtividade. Porém
o planejamento possuía limites e estava voltado exclusivamente para as tarefas, não
sendo utilizado como uma ferramenta de gestão mais ampla. A Administração
Científica já citava a previsão, já separava o trabalho manual do intelectual e,
portanto, através do método científico, buscava a melhor maneira de alcançar os
objetivos da organização.
Mayo concentrou-se nas pessoas, dando ênfase ao dever dos
administradores em promover condições de trabalho de modo que pudesse ocorrer a
cooperação espontânea entre os grupos.
Fayol concentrou-se no que hoje se entende por administração, dando
ênfase na função administrativa de prever, organizar, comandar, coordenar e
controlar para que os recursos humanos e as tarefas pudessem ser combinados de
modo a produzir um desempenho eficiente das organizações que estivesse aliado à
satisfação humana. Ele foi um dos primeiros a abordar especificamente o
planejamento ao afirmar que administrar é prever e planejar.
47
No começo do século XX, quando se montavam as grandes empresas,
base de toda uma nova estrutura industrial, Fayol estabelecia os primeiros conceitos
da administração planejada ao afirmar que o plano de ação é, ao mesmo tempo, o
resultado desejado, a linha de ação a ser tomada, as etapas a atravessar e
suplantar e os métodos a usar.
Na obra de Fayol estão definidas as bases do planejamento, objetivos e
linha mestra de atuação escolhida para atingi-los:
A máxima administrar significa olhar para a frente uma boa idéia da
importância do planejamento no mundo dos negócios e é verdade que se a previsão
não representa tudo na administração, pelo menos é parte essencial. Prever, neste
contexto, significa avaliar o futuro e fazer as necessárias previsões, isto é, a própria
previsão é uma ação. A preparação do plano de ação é um dos mais difíceis e mais
importantes assuntos de qualquer negócio e compreende todos os departamentos e
todas as funções, especialmente é a função da administração. É com efeito, para
desempenhar suas funções administrativas que o administrador toma a iniciativa do
plano de ação, indicando seus objetivos e missões, fixa a participação de cada
departamento nas tarefas comuns, coordena as partes e harmoniza o todo; e decide,
por fim, a linha de conduta a ser seguida.
Assim, estavam dados os primeiros passos conscientes para os estudos e
fundamentos acadêmicos com relação ao assunto.
48
Na prática a flexibilidade e maleabilidade das empresas em adaptar-se às
condições de mercado permitiam, no começo do século, a mera fixação de objetivos
e um planejamento de curto e longo prazo. Em outras palavras, fixados os objetivos,
coordenação e controle eram efetuados por intermédio de planos de curto prazo,
usualmente 12 meses (orçamentos), concentrando-se no planejamento a longo
prazo, sem espaço de tempo genericamente definido, as programações mais
extensas e profundas.
Já antes do primeiro quarto do século, o mercado como um todo, e nele os
grandes complexos industriais, iam tomando impulso crescente, forçando o
aperfeiçoamento das técnicas de planejamento. A partir deste momento, o universo
temporal do planejamento, como definido no início do século já não mais se ajustava
às necessidades. O número de anos coberto pelo planejamento a longo prazo sofreu
aumento apreciável, de forma a conciliá-lo às novas condições da empresa.
Como os orçamentos de curto prazo, dentro de sua função de controle,
continuassem a manter o mesmo período convencional de 12 meses, havia
necessidade de se estabelecer entre eles e o planejamento a longo prazo um elo de
ligação, uma ponte que os pudesse unir. Tal fato levou os administradores a
aprofundarem seus cuidados e a partirem os programas de planejamento em três
etapas definidas: longo prazo, médio prazo e curto prazo.
Após a 2ª. Guerra, o planejamento a longo prazo passou a ter importância
crescente, novas ferramentas auxiliares no processo decisório foram desenvolvidas
(Teoria das probabilidades, análise custo-benefício, sistemas heurísticos de solução,
49
simulação por computador, programação matemática, análise de sistemas, pesquisa
operacional, modelos econométricos, entre outros); houve um surto industrial,
surgindo mais empresas e, com isso, uma utilização e difusão mais ampla dos
processos de planejamento; e, um progressivo afastamento dos altos executivos da
rotina diária e maior dedicação ao processo de planejamento, com maior atenção na
definição ou redefinição dos caminhos a seguir, tornando-se sua função questionar o
futuro e a validade das missões, objetivos e linhas de ação selecionados.
Em uma pesquisa efetuada em 1967, englobando respostas de 822
empresas norte-americanas, as conclusões relativas ao tempo despendido pela alta
administração em planejamento foram as seguintes:
TABELA 1 Tempo despendido em planejamento
Percentagem do tempo
Devotado a planejamento
Percentagem das
Respostas
0 ou sem resposta 8
1 5 12
6 10 16
11 25 32
26 50 24
Acima de 50 8
FONTE STEINER, 1969, p.33.
Adicionalmente, diversas técnicas e metodologias foram adaptadas dos
objetivos militares a que se prestavam, para uma utilização na área privada. A área
militar é permanente fonte de técnicas de avaliação, controle, aferição e seleção, as
quais têm sido repassadas e adaptadas com sucesso pelas empresas. Um dos
exemplos mais conhecidos foi a utilização do sistema PERT no planejamento e
construção do míssil Polaris, em 1958, pelo Escritório Naval de Projetos Especiais
50
da Marinha Norte-Americana. Outro exemplo de absorção de técnica militar,
diretamente aplicável ao planejamento, é a metodologia idealizada por McNamara
no Departamento de Defesa Americano em 1963, conhecida como PPBS (Planning,
Programming and Budgeting System).
Segundo Koontz e ODonnell (1968), a mais fundamental das funções de
administração é o planejamento, a seleção entre alternativas de cursos de ação
futuros para a empresa em seu conjunto e para cada departamento dentro dela.
Todo administrador planeja e suas outras funções dependem de seu planejamento.
Os planos acarretam seleção de objetivos da empresa e de metas e programas
departamentais, e determinação da maneira de os alcançar. Os planos suprem,
portanto, uma abordagem racional a objetivos pré-escolhidos.
De acordo com Koontz e ODonnell (1968), o planejamento é um processo
intelectual, a determinação consciente de cursos de ação, a tomada de decisão com
base em objetivos, fatos e estimativas submetidas à análise. O planejamento busca:
contrabalançar as incertezas e as modificações do futuro; focalizar a atenção sobre
os objetivos; obter funcionamento econômico, minimizando custos; e, facilitar o
controle. Por causa das incertezas futuras e possibilidade de erro, o ideal do
planejamento é poder alterar a direção a fim de atender a acontecimentos
imprevistos. Ele deve atender ao princípio da flexibilidade e da alteração
navegacional, isto é, a flexibilidade leva à adaptabilidade e o administrador, como
um navegador, precisa continuamente verificar seu curso e readaptar os planos para
chegar às metas desejadas.
51
Ackoff (1970), considera sabedoria como a capacidade de prever as
conseqüências, a longo prazo, de ações atuais, a disposição de sacrificar ganhos a
curto prazo em favor de benefícios a longo prazo. A essência da sabedoria é a
preocupação com o futuro. O sábio tenta controlar o futuro.
Para Ackoff (1970), planejamento é a definição de um futuro desejado e de
meios eficazes de alcançá-lo. É um instrumento usado pelo sábio, mas quando
utilizado por homens de capacidade inferior, este instrumento se transforma num
ritual irrelevante que produz paz de espírito a curto prazo, mas não o futuro que se
deseje.
A principal contribuição dos cientistas ao planejamento está na sua
sistematização, organização do processo e constante desenvolvimento e avaliação
deste processo.
Quanto à natureza, segundo Ackoff (1970), o planejamento pode ser
caracterizado como um processo de tomada de decisão antecipada. Ele é
necessário quando a consecução do estado futuro que se deseja envolve um
conjunto de decisões interdependentes, um sistema de decisões desenvolvidas
sequencialmente. Ele não é um ato e sim um processo que (se espera) se aproxime
de uma solução. Não limite para a quantidade de revisões que se possa fazer de
decisões anteriores e tendo em vista que, tanto o sistema quanto o seu ambiente
mudam durante o processo de planejamento, existe uma necessidade contínua de
atualização e manutenção do plano.
52
O planejamento se preocupa tanto em evitar ações incorretas, quanto em
reduzir a freqüência dos fracassos ao se explorar as oportunidades. Ele se baseia
na crença de que o futuro pode ser melhorado por uma intervenção ativa no
presente.
Enfim, na visão de Ackoff (1970), o planejamento é um processo que
envolve tomada e avaliação de cada decisão de um conjunto de decisões inter-
relacionadas, antes que seja necessário agir, numa situação na qual se acredita
que, a menos que se faça alguma coisa, um estado desejado não deverá ocorrer e
que, se tomar as atitudes apropriadas, pode-se aumentar a probabilidade de um
resultado favorável.
Quanto à distinção entre planejamento estratégico e tático, Ackoff (1970)
considera que planejamento estratégico é planejamento empresarial de longo prazo
e orientado para objetivos-fins (mas não apenas para estes) e o planejamento tático
se destina a escolher os meios pelos quais se tentará atingir objetivos especificados.
Eles podem ser examinados separadamente, discutidos separadamente, mas não
podem ser separados, são complementares.
Ackoff (1970) coloca que o planejamento deveria ser um processo contínuo
e estar sempre sujeito à revisão. É um conjunto de decisões interdependentes que
pode ser dividido nas seguintes partes:
53
Fins Especificação de objetivos e metas, onde os objetivos são os estados
futuros ou resultados de comportamentos pretendidos e, cujo desempenho,
em relação ao seu progresso, deve ser medido. dois tipos de objetivos:
estilísticos e de desempenho. Os estilísticos podem ser formulados pelo uso
de cenários, que são descrições qualitativas do que a empresa poderá vir a
ser em uma época futura determinada. Eles permitem que a administração de
uma organização chegue a um acordo sobre o tipo de negócio em que ela
gostaria de estar e a maneira (estilo) pela qual ela gostaria de conduzi-lo. E,
as metas são os objetivos a serem conseguidos em certo prazo, dentro do
período coberto pelo plano.
Meios Escolha de políticas, programas, procedimentos e práticas através
dos quais se tentará atingir os objetivos. Uma política adequada é uma regra
que leva em consideração todas as condições relevantes existentes no
momento em que for necessário agir, proporcionando flexibilidade.
Recursos Determinação dos tipos e quantidades de recursos necessários,
como eles devem ser gerados ou obtidos e como eles devem ser alocados às
atividades.
Implantação Determinação de procedimentos para tomada de decisão e de
uma maneira de organizá-los para que o plano possa ser executado.
Controle Determinação de procedimentos para antecipar ou detectar erros
no plano ou falhas na sua execução e para prevenir ou corrigir continuamente
estes erros e estas falhas.
Ackoff (1970) defende a necessidade da exist
ência de um planejamento
adaptável, capaz de detectar rapidamente desvios daquilo que é esperado e
54
responder a eles eficazmente. O planejamento adaptável consiste em inserir
adaptabilidade e flexibilidade a uma organização. A adaptação é a resposta a uma
mudança (estímulo), podendo esta ser interna ou externa. A organização deve ser
flexível e ter agilidade para adaptar-se a estas mudanças.
A expressão planejamento e controle de resultados, segundo Welsch
(1983), também pode ser entendida como orçamentos globais, orçamento para fins
administrativos e controle orçamentário.
Welsch (1983) define planejamento e controle como um enfoque sistemático
e formal à execução das responsabilidades de planejamento, coordenação e
controle da administração. Envolvem a preparação e utilização de: a) objetivos
globais e de longo prazo da empresa; b) um plano de resultados a longo prazo,
desenvolvido em termos gerais; c) um plano de resultados a curto prazo detalhado
de acordo com diferentes níveis relevantes de responsabilidade (divisões, produtos,
projetos etc); e d) um sistema de relatórios periódicos de desempenho, para os
vários níveis de responsabilidade. Este conceito implica elementos de realismo,
flexibilidade (este princípio reconhece que o planejamento e controle deve ser
dinâmico e não poderá dominar a empresa). O uso da flexibilidade na execução de
planos deve ser uma política definida para impedir a criação de camisas-de-força e
permitir sua revisão caso ocorram tanto oportunidades favoráveis ou qualquer
alteração no ambiente (interno ou externo) dos negócios.
Welsch (1983), comenta que o planejamento e controle n
ão podem ser
substitutos de uma boa administração, segundo ele, principal fator de êxito da
55
empresa a longo prazo e também não é capaz de corrigir erros de uma
administração incompetente. É um instrumento que raramente falha por motivos
mecânicos; por outro lado pode ser ineficaz e falhar em virtude de erros conceituais.
Welsch (1983) também menciona os aspectos comportamentais do
planejamento e controle em relação à necessidade de uma liderança dinâmica que é
um elemento essencial para uma administração eficaz e a necessidade da
comunicação, apontada como um dos principais problemas administrativos. A
comunicação pode ser visualizada como o elo que liga os elementos humanos de
uma empresa e considerando que, uma das principais finalidades da administração
é o estabelecimento de objetivos e planos para a empresa e, posteriormente, a
formulação dos meios e instrumentos para alcançar esses objetivos, é fundamental
que estes sejam comunicados, em conjunto com seus modos de realização, a toda a
organização para que haja uniformidade de esforço no sentido de atingi-los. A
comunicação também é essencial à coordenação. A necessidade de intercâmbio
contínuo de planos, políticas e idéias, bem como de dados sobre suas alterações,
também é um aspecto essencial porque dá ênfase ao planejamento realista, ao
controle dinâmico, fornecendo bases para a harmonização, sincronização e
uniformização de esforços em termos permanentes, o que significa que
coordenação efetiva.
Quanto ao controle, segundo Welsch, pode ser definido como sendo uma
ação necessária para verificar se os objetivos, planos, políticas e padrões estão
sendo obedecidos e, se necessário considerar e adotar alternativas de ão para
corrigir as deficiências observadas e assegurar o atingimento dos objetivos. Para ser
56
eficaz, o controle exige medidas de desempenho e feedback de informações para
melhorar os ciclos subseqüentes de planejamento e controle.
Para Welsch (1983), os princípios fundamentais do planejamento e controle
são:
a) Envolvimento administrativo: subentende apoio, confiança, participação e
orientação da administração;
b) Adaptação organizacional: a finalidade da estrutura organizacional e da
atribuição de autoridade dentro da empresa é o estabelecimento de condições
para que os objetivos da mesma sejam regularmente alcançados de maneira
coordenada e efetiva;
c) Contabilidade por áreas de responsabilidade: como o planejamento baseia-se
em dados históricos gerados principalmente pelo sistema contábil, e como o
controle também envolve a comparação da dados reais em oposição a planos
e objetivos, o sistema contábil deve ser organizado de acordo com a estrutura
de responsabilidade da empresa;
d) Orientação para objetivos: envolve o conceito de administração por objetivos,
ou seja, de que o futuro da empresa a longo prazo tenderá a ser favorecido
pelo estabelecimento de objetivos e padrões de desempenho tanto para a
empresa como para suas divisões / subdivisões;
e) Comunicação integral: exige a mesma noção de responsabilidade e objetivos
tanto do superior quanto do subordinado, e, o fornecimento de informações
completas e sem restrições nos relatórios de desempenho;
57
f) Expectativas realistas: deve ser evitado tanto um conservadorismo exagerado
quanto um otimismo irracional. Os objetivos da empresa e as metas
orçamentárias devem representar um desafio real e cabe à administração
adotar abordagens eficazes para evitar a possibilidade de se cozinhar o
orçamento.
g) Oportunidade: deve haver um calendário definido para o planejamento formal,
os relatórios de desempenho e outras atividades correlatas. O planejamento
deve ser considerado um processo contínuo e todos os níveis administrativos
devem examinar continuamente as perspectivas futuras, replanejando e
modificando planos prévios no processo de tomada de decisões;
h) Aplicação flexível: deverá permitir prever exceções, ajustes e necessidades
de replanejamento à medida que os acontecimentos se desenrolam;
i) Acompanhamento: o desempenho da empresa deve ser analisado e as
devidas ações devem ser tomadas;
j) Adaptabilidade: um sistema de planejamento e controle deve ser concebido
de modo a adaptar-se ao meio específico e além disso deve ser atualizado e
modificado continuamente, à medida que esse meio se transforma;
k) Execução: um plano poderá tornar-se eficaz quando todos os executivos
responsáveis o apoiarem e exercerem esforços continuados e agressivos no
sentido de sua execução
Outros pontos importantes para Welsch (1983), dizem respeito aos objetivos
gerais da empresa que devem focar fatores genéricos, tais como potencialidade
econômica a longo prazo, atitudes em relação aos clientes, qualidades dos produtos
ou serviços, relações industriais e atitudes em relação aos proprietários. A definição
58
dos objetivos gerais deve expressar a missão, a visão e a postura ética da empresa.
Tende a enunciar a identidade da empresa, sua continuidade de propósitos e sua
autodefinição. A partir dos objetivos gerais, deverão ser estabelecidos objetivos
específicos, quantificáveis e mensuráveis para a empresa e suas divisões /
subdivisões.
Quanto à formulação e avaliação das estratégias da empresa, Welsch
coloca que a administração de linha deve estar constantemente envolvida na
formulação de novas estratégias, na adaptação e reavaliação das existentes e na
identificação de áreas críticas para o sucesso da empresa a longo prazo.
Questões envolvendo planejamento, controle, coordenação, flexibilidade,
liderança, comunicação, feedback, são tratados muito tempo. Sun Tzu, por
exemplo, sugere que estratégias bem-sucedidas são enganosamente simples, para
que seu alcance seja raramente percebido. A simplicidade não contradiz com a
necessidade de um planejamento detalhado. Nas palavras de Sun Tzu: Com
planejamento cuidadoso e detalhado, pode-se vencer; com planejamentos
descuidados e menos detalhados, não se pode vencer. Quanto menos se planejar,
mais certo é o fracasso! . Independentemente da necessidade de se desenvolver
um plano detalhado, ele deve ser flexível. Sobre flexibilidade Sun Tzu disse: Esse
princípio que orienta as táticas militares pode ser equiparado à água. Da mesma
forma que o fluxo de água evita a altitude e vai, às pressas, para as planícies, um
exército deve evitar as forças e atacar os pontos fracos. Da mesma forma que a
água se adapta de acordo com o terreno, um exército deve administrar a vitória de
59
acordo com a posição do inimigo. Da mesma forma que a água não têm uma
adaptação constante, na guerra não há regras e condições fixas.
Em relação à comunicação, já se dizia, quando a guerra eclode, um dos
aspectos mais críticos para assegurar que o general seja mantido informado do
andamento da batalha, das condições de seu exército, e das do inimigo, é o
estabelecimento de sistemas de comunicação eficazes. Além de unir as forças, a
comunicação têm o efeito de multiplicar sua coragem e de estimular a se moverem
na direção desejada ou seja, um sistema de comunicação eficaz deve dirigir. Isto
também é apoiado pela seguinte afirmação de Sun Tzu: Agora gongos e tambores,
galhardetes e bandeiras são utilizados para concentrar a atenção das tropas em
combate. Quando as tropas agirem como um todo unido, o bravo não avançará só,
nem o covarde recuará só. Esta é a arte de dirigir uma tropa numerosa.
2.3 PLANEJAMENTO EMPRESARIAL INTEGRADO
O conceito de planejamento empresarial ou de negócios não é novo. Muitas
empresas têm utilizado planos formais há anos. O que é diferente, no entanto, é o
surgimento de sistemas de planejamento abrangentes para atender às necessidades
do novo ambiente de negócios, seja pela competição cada vez mais acirrada, pelo
aumento da responsabilidade social dos negócios ou pela velocidade das mudanças
tecnológicas.
60
Do ponto de vista da gestão empresarial, num ambiente de turbulências e de
grande competição entre as empresas, são fundamentais: o planejamento cuidadoso
de suas ações; a implementação adequada de seus planos; e, a avaliação
sistemática do desempenho realizado em relação aos planos traçados.
Esses aspectos evidenciam a necessidade de as empresas terem um
processo de gestão estruturado na forma do ciclo planejamento, execução e
controle.
Na fase de planejamento, a empresa necessita antecipar cenários futuros,
identificando oportunidades e ameaças e confeccionando estratégias e políticas de
atuação, ou seja, a empresa necessita de um planejamento estratégico.
Após estipulados os cenários, as políticas e as diretrizes estratégicas, o mais
provável é que as empresas necessitem escolher entre as diversas alternativas para
implementá-las, o que caracteriza sua necessidade do planejamento operacional.
Entretanto, não basta planejar, é preciso realizar o que caracteriza a fase
de execução do processo de gestão; tem-se, ainda, que garantir que as atividades
sejam realizadas de acordo com os planos estabelecidos configurando a fase de
controle.
Em todas as fases do processo de gestão, são tomadas decisões que
consistem na escolha de diretrizes e alternativas que guiarão a empresa rumo a
seus objetivos.
61
2.3.1 Horizonte, freqüência e diretrizes
O planejamento estratégico, muitas vezes, é considerado como
planejamento a longo prazo. Mas qual deve ser o horizonte de planejamento? Quais
são os fatores que definem o período a ser coberto pelo plano?
Para WILLSON (1995), cada negócio tem características que devem ser
identificadas para determinar qual o período que deve ser coberto pelo plano. Alguns
fatores que podem ser considerados são os seguintes:
a) Lead time para desenvolvimento de produtos. Considera a duração de tempo
desde a idéia de um novo produto até que o desenho, fabricação e a
distribuição sejam completados. Isto pode variar de meses a anos conforme o
tipo de negócio.
b) Tempo de vida do produto.
c) Tempo de desenvolvimento de um mercado. Pode variar tremendamente de
alguns anos para um complicado produto industrial para talvez algumas
semanas para uma moda feminina.
d) Tempo de desenvolvimento de matérias-primas e componentes. Indústrias
extrativistas de minérios ou petróleo podem necessitar uma década de
planejamento antecipado.
e) Tempo de construção de instalações industriais.
f) Tempo de desembolso para investimentos de capital.
62
As considerações destes fatores, entre outros pertinentes, darão alguma
indicação sobre o período mínimo para o planejamento estratégico.
Em relação à freqüência que um plano deve ser atualizado ou revisado,
deve-se considerar que o planejamento é um processo contínuo e qualquer variação
significativa no ambiente (interno ou externo) deve ser levada em consideração.
O coração do planejamento está no pensamento e na comunicação tanto
para os planos estratégicos como para os planos de curto prazo. As expectativas e
instruções dos principais executivos são necessárias, entre outras razões, para
comunicar conceitos vitais para todos os envolvidos no planejamento.
2.3.2 Elementos básicos de um plano
O plano estratégico tem uma natureza global e geral. Inversamente, um
plano operacional anual é mais detalhado e específico e se torna uma ferramenta de
orçamento e controle para o curto prazo.
Os planos podem diferir em horizonte de tempo ou conteúdo, mas eles têm
qualidades ou características básicas, como segue:
a) Declaração de Propósito / Objetivo. Identificar o objetivo de um plano dá uma
razão à ações requeridas. Responde a parte dos por quês de uma questão e
estabelece o objetivo adiante.
63
b) Identificação de uma ação a ser tomada. O propósito da formulação de um
plano é tomar uma ação, e o plano deve estipular que tipo de ação deve ser
tomada.
c) Especificação dos recursos a serem utilizados. A tarefa básica da
administração é otimizar todos os recursos e usá-los prudentemente. Os
planos devem indicar quais recursos são necessários.
d) Identificação de metas. As metas definem o nível de realização esperada para
uma ação tomada.
e) Estabelecimento de medições de performance e tempo de execução. O
progresso em relação as metas devem ser medidos não somente em grau de
atingimento como também em tempo.
f) Identificação das condições que serão enfrentadas e premissas adotadas.
Devem ser definidos pontos de controle e possíveis ações corretivas,
incluindo mudanças de planos se necessário.
2.3.3 Planejamento estratégico
Para Drucker (1984), planejamento estratégico é o processo contínuo de,
sistematicamente e com o maior conhecimento possível do futuro contido, tomar
decisões atuais que envolvem riscos; organizar sistematicamente as atividades
necessárias à execução dessas decisões e, através de uma retro-alimentação
organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões em confronto com as
expectativas alimentadas.
64
Mintzberg (2000) alega que as organizações, se pretendem gerenciar o
futuro, devem compreender o passado, pois, através do conhecimento dos padrões
anteriores, é que serão capazes de conhecer suas capacidades e seus potenciais.
Portanto, o processo de planejamento estratégico envolve uma análise do passado,
do presente e um vislumbramento do futuro da organização.
Desta maneira, o planejamento estratégico é um processo que têm, como
propósito, o desenvolvimento e a manutenção de um ajuste dos objetivos, as
potencialidades da empresa e as mudanças frente as oportunidades de mercado
(KOTLER & ARMSTRONG, 1993).
Tiffany e Peterson (1998) dizem que o planejamento estratégico não é uma
ciência que mostra o certo e o errado em relação ao futuro e, sim, uma ferramenta
que fornece à organização uma visão do futuro, aumentando a probabilidade de a
empresa aproveitar as oportunidades e explorar suas potencialidades. Segundo os
autores, o planejamento estratégico é uma visão específica do futuro, através da
qual a empresa analisa o setor de atuação, o mercado, os concorrentes, os produtos
e serviços, os valores a serem oferecidos ao cliente, as vantagens a longo prazo, a
lucratividade, entre outros aspectos.
O Planejamento Estratégico, segundo Chiavenato e Sapiro (2004), é um
processo essencial dentro da organização porque traça as diretrizes para o
estabelecimento de planos de ação que resultarão em vantagens competitivas. Ele
identifica recursos potenciais, reconhece franquezas e estabelece um conjunto de
medidas integradas a serem implementadas assegurando o sucesso dos resultados
65
planejados. Ele somente atinge sua eficácia máxima quando entendido e realizado
por todas as pessoas da organização em um mutirão permanente e orquestrado.
Segundo Catelli et al. (1999), o planejamento estratégico é uma fase do
processo de gestão e tem como premissa fundamental assegurar o cumprimento da
missão da empresa. Essa fase do processo de gestão gera um conjunto de diretrizes
estratégicas de caráter qualitativo que visa orientar a etapa de planejamento
operacional. O processo de planejamento estratégico contempla a análise das
variáveis do ambiente externo (identificação de oportunidades e ameaças) e do
ambiente interno da empresa (identificação de seus pontos fortes e fracos). Assim o
conjunto de diretrizes estratégicas objetiva evitar as ameaças, aproveitar as
oportunidades, utilizar os pontos fortes e superar as deficiências dos pontos fracos.
O ciclo de planejamento estratégico segue basicamente os seguintes
passos:
a) Análise da industria e do ambiente de negócios.
b) Determinação da missão ou propósito da organização.
c) Definição dos objetivos de longo prazo.
d) Desenvolvimento das estratégias apropriadas.
e) Preparação do plano de longo prazo, incluindo o financeiro.
f) Medição da performance (real x planejada)
g) Análise de desvios em relação ao plano e as ações corretivas que devem ser
tomadas.
66
FIGURA 4 Ciclo de Planejamento Estratégico
FONTE Adaptação de WILLSON, 1995, p.313.
2.3.3.1 Análise do ambiente
Para a empresa sobreviver e crescer no longo prazo, é importante que ela
conheça e entenda o ambiente na qual ela opera. Os ambientes podem ser: a)
externo, cujas influências podem ser agrupadas em econômicas, técnicas, legal ou
políticas e sociais, e b) interno, influenciado pelas forças e franquezas da
organização, os fatores críticos de sucesso e o status de cada produto em cada
segmento de mercado.
2.3.3.2 Visão, valores e missão organizacional
A análise do ambiente de negócios, como visto anteriormente, destina-se a
fornecer as bases para a determinação da visão ou propósito da organização.
Segundo Kaplan e Norton (1996), a visão é uma declaração concisa que
define as metas a médio e a longo prazos da organização. A visão deve representar
a percepção externa, ser orientada para o mercado e deve expressar geralmente
em termos motivadores e visionários como a organização quer ser percebida pelo
mundo. Quanto à missão, é uma declaração concisa, com foco interno, da razão de
ser da organização, do propósito básico para o qual se direcionam suas atividades e
Determinação da
Missão ou
Propósito da
Organização
Definição dos
Objetivos de
Longo Prazo
Desenvolvimento
de Estrat
égias
Preparação do
Plano de Longo
Prazo
Medição da
Performance
(real x plano)
Análise dos
Desvios e ações
corretivas
Análise do
Ambiente
Planejamento
Estrat
égico
Planejamento
de Longo
Prazo
67
dos valores que orientam as atividades dos empregados. A missão também deve
descrever como a organização espera competir no mercado e fornecer valor aos
clientes.
A criação da visão pode ser entendida como um processo que ajuda a criar
o futuro a partir da composição de fatos, esperanças, sonhos, ameaças e
oportunidades.
Uma das características das organizações e grupos de alta performance é
que eles têm uma imagem clara do que estão tentando criar, estão motivados e têm
clareza sobre seu propósito básico e compartilham um conjunto de valores. Os
valores, a missão e a visão formam o cerne da identidade organizacional. Estes
elementos-chave constituem a ligação que faz com que as pessoas, os grupos e as
empresas sejam ágeis e inovadoras em situações novas.
Segundo Scott (1998), quando se está envolvido no processo de criação da
visão, é importante incluir os seguintes elementos no processo:
Os valores são os princípios, os padrões, as ações que as pessoas
representam numa empresa, considerados válidos e de máxima importância.
São eles: como as pessoas se tratam, como as pessoas, grupos e as
organizações conduzem seus negócios e o que é mais importante para a
organização;
A análise da situação atual envolve olhar para além da organização
(ambiente externo);
68
A missão é o propósito central para o qual uma pessoa, grupo ou
organização é criado. Ela deve ser resumida num enunciado claro, conciso e
encorajador, que chame a atenção para uma direção clara, enfatizando o
propósito da singularidade do indivíduo, da empresa ou do grupo.
A criação da visão é a representação da excelência o que a pessoa, grupo
ou empresa quer criar em sua melhor hipótese de futuro. É uma descrição
evocativa do que é possível. Uma visão não é algo na frente que seja
impraticável, mas uma forma de estabelecer um cenário que nos impulsione.
A criação desta imagem do futuro exige a capacidade de ampliar a
compreensão das possibilidades e então focar em iniciativas que levem ao
sucesso.
A implementação inclui a estratégia, planos, procedimentos e ações-chave
que irão colocar em ação tudo o que foi descrito acima.
Uma empresa que se organiza em torno de seus valores, missão e visão é
impulsionada por sua essência. Este tipo de organização consegue canalizar a
energia que resulta de sua própria clareza de direção e foco. O alinhamento entre os
valores, missão e visão do grupo e os do indivíduo cria a força de um grupo
comprometido com uma visão comum. O alinhamento significa que as pessoas no
grupo criam sua própria visão que se encaixa com a missão e a visão da
organização, que define claramente sua própria parcela na criação da excelência.
Os processos de clarificar valores, definição de missão e criação da visão
são chaves para o processo de planejamento estratégico. Os planos estratégicos e
táticos não substituem a criação da visão; este é um processo que vem antes dos
69
planos. As organizações o da criação da visão para o planejamento estratégico e
depois para o tático (que envolve o operacional e o financeiro) e medições /
controles.
Para Tregoe et al. (1989), a visão é definida como a estrutura que orienta as
escolhas determinantes da natureza e do rumo da organização. É o que as
empresas desejam ser. Ela define operações como o planejamento e as decisões
cotidianas, que orientam os processos de uma empresa, e, afirma que a estratégia
deve estar vinculada a planos e orçamentos operacionais e a empresa deve garantir
sua efetiva implementação, manutenção e revisão. Inclui o desenvolvimento de
indicadores de sucesso, resolução de problemas críticos, planejamento de revisões
e atualizações constantes.
Para Welch (2005), a missão anuncia com exatidão para onde se está indo
e os valores descrevem os comportamentos que o levaram lá. A declaração de
missão eficaz equilibra o possível e o impossível. É o momento decisivo para a
liderança da empresa. A definição da missão é atribuição da alta administração. A
missão não pode ser delegada a ninguém, exceto às pessoas que, em última
instância, são responsáveis pela sua realização. A missão responde basicamente a
uma pergunta: Como pretendemos vencer nesse negócio?
Quanto aos valores, de acordo com Welch (2005), estes são apenas
comportamentos específicos e práticos, tão descritivos que deixam pouco espaço
para a imaginação. As pessoas devem ser capazes de usá-los como instruções de
ordem-unida, pois eles são o como da missão e o meio para um fim vencer. A
70
clareza sobre os valores e comportamentos não adianta muito sem estímulos. Para
que os valores realmente signifiquem alguma coisa, as empresas devem
recompensar as pessoas que os demonstram e punir as que não os demonstram.
Para que a missão e os valores da empresa realmente trabalhem juntos
como uma proposta vencedora, é preciso que se reforcem mutuamente.
Conforme Kluyver et al. (2006), o desempenho de uma empresa está
vinculado à força de sua cultura corporativa. Entre os elementos comuns de uma
cultura forte podem ser incluídos: líderes que demonstram fortes valores alinhados
com as condições competitivas; um compromisso da empresa para operar sob
princípios bem disseminados e que não sejam facilmente abandonados; e uma
preocupação com os funcionários, clientes e acionistas.
A cultura corporativa de uma empresa é um sistema compartilhado de
valores, premissas e crenças entre os funcionários e oferece orientação sobre como
pensar, perceber e agir.
Para Kluyver et al. (2006), uma cultura corporativa se manifesta por
instrumentos, valores compartilhados e premissas básicas. Instrumentos o
processos visíveis ou audíveis, políticas e procedimentos que apóiam uma crença
cultural importante. Valores compartilhados explicam porque as coisas devem ser
como são; de uma forma geral, reforçam áreas de vantagem competitiva e podem
ser encontrados na linguagem corporativa interna. As palavras podem ser bem
definidas em declarações de missão e códigos de ética. Essas palavras ou frases
71
são usadas para definir a imagem que uma empresa quer transmitir. Por fim, as
premissas básicas são as razões invisíveis de os membros de um grupo
perceberem, pensarem e se sentirem de determinada maneira sobre questões
operacionais. Elas são, algumas vezes, demonstradas em mitos e histórias que
destacam os valores corporativos.
Uma cultura corporativa forte pode ser uma vantagem ou um empecilho em
tempos de mudanças rápidas. Por um lado, a continuidade de valores fundamentais
pode ajudar os funcionários e enfrentar novos desafios. Por outro, a cultura
organizacional predominante de uma empresa pode inibir ou derrotar um esforço de
mudança quando se teme as conseqüências dessa mudança.
À medida que o conhecimento vai se tornando cada vez mais importante
para a competitividade global, três temas de mudança cultural são freqüentemente
mencionados:
a) Encorajar um comportamento sem fronteiras, eliminando barreiras impostas
pela estrutura organizacional, por domínios funcionais ou processos e
procedimentos formais, será cada vez mais importante para a implementação
bem-sucedida de estratégias;
b) Desenvolver uma cultura baseada na inovação e no empreendedorismo,
equilibrando foco estratégico e disciplina com a capacidade de ser criativo e
de pensar diferente.
c) Desenvolver uma cultura de agilidade que
é o elemento mais importante da
estratégia.
72
2.3.3.3 Objetivos do planejamento a longo prazo
Uma vez que o propósito ou a missão da organização é determinado, então
os objetivos de longo prazo podem ser estabelecidos. Este também, como no caso
da estratégia, é um processo interativo e pode incluir as seguintes características:
a) Conveniente. Um objetivo deve suportar o propósito e a missão da
organização. Atingir o objetivo deve mover a empresa na direção de seu
propósito.
b) Viável. Objetivos devem ser atingíveis e realistas.
c) Compatível. Cada objetivo deve ser compatível com os objetivos da
sociedade, devem estar em harmonia e relacionados.
d) Mensurável. Os resultados alcançados devem ser medidos em relação aos
planejados.
e) Flexível. Quando imprevistos consideráveis ocorrem, os objetivos devem ser
alterados para refletir estas mudanças, permanecendo realista.
f) Motivador. Outra importante característica de um objetivo é que ele deve ter
poder de motivação e estar comprometido entre todos os membros da
organização.
De acordo com Willson (1995), para definir quem vai determinar estes
objetivos, alguns fatores devem ser levados em consideração: o tamanho da
empresa; o estilo de administração; a estrutura organizacional; a personalidade e os
interesses do CEO; as capacidades, conhecimento dos negócios e interesses dos
principais executivos.
73
Segundo Willson (1995):
a) O CEO e/ou os principais executivos podem estabelecer os principais
objetivos do planejamento de longo prazo, contanto que ele tenha domínio do
processo e um bom conhecimento dos negócios. Mas, enquanto este
procedimento pode ser satisfatório para pequenas empresas, pode não ser
aplicado a empresas de porte maior, com subsidiárias ou dividida em
unidades de negócios, por exemplo, onde os executivos destas tendem a ter
maior domínio dos negócios e melhores condições da definição de seus
objetivos.
b) Quando as empresas são maiores e basicamente o estilo da administração é
descentralizado, os objetivos podem ser negociados entre os líderes das
unidades de negócios e os principais executivos corporativos.
Finalmente, o processo de discussão de estratégias, objetivos e a missão
organizacional devem ser interativos e acordados entre todos os envolvidos.
2.3.3.4 Desenvolvimento de estratégias
A função final mencionada na figura 4 é o desenvolvimento de estratégias
apropriadas para que os objetivos sejam atingidos. Depois que a missão e os
objetivos do planejamento de longo prazo foram definidos, o próximo passo seria a
definição ou formulação de estratégias para o atingimento desses objetivos.
74
Conforme Kluyver et al. (2006), o processo de criação de uma estratégia
pode ser organizado com base em três perguntas-chave: Onde estamos ?, Para
onde vamos ? e Como chegaremos lá?. Cada pergunta define uma parte do
processo e sugere diferentes tipos de análises e avaliações. Elas também mostram
que os componentes de uma análise estratégica se sobrepõem e que ciclos de
feedback representam uma parte integrante do processo.
a) A parte do processo referente à pergunta Onde estamos ? Preocupa-se com
a avaliação do estado atual do negócio ou da empresa como um todo. Ela
começa pela reavaliação de questões fundamentais como: Qual é a missão
da organização ?, Qual é a visão de longo prazo da gerência para a empresa
?, Quem são seus principais stakeholders ?. Outros componentes-chave
incluem uma avaliação detalhada do desempenho atual da empresa; das
tendências pertinentes nos ambientes sóciopolítico, econômico, legal e
tecnológico mais amplos em que a empresa opera; de oportunidades e
ameaças no ambiente setorial e de pontos fortes e fracos internos.
b) As perguntas do tipo Para onde vamos ? São projetadas para gerar e
explorar alternativas estratégicas baseadas nas respostas obtidas à primeira
pergunta. No nível da unidade de negócios, por exemplo, podem ser
consideradas opções como: focar o crescimento em alguns segmentos de
mercado ou a adoção de um foco de mercado mais amplo; enfrentar o
mercado sozinha ou se associar com outra empresa, ou concentrar-se em
soluções de alto valor agregado ou de baixo custo para os clientes. No âmbito
corporativo, essa parte do processo concentra seu foco na formatação do
portfólio de negócios dos quais a empresa participa e em fazer ajustes em
75
filosofias e processos de desenvolvimento de novos negócios. Em ambos os
níveis, o resultado é uma declaração de intenção estratégica, que identifica o
conceito orientador de negócios ou a força motriz que impelirá a empresa
para frente.
c) O componente Como chegaremos ? Do processo está focado em como
atingir os objetivos desejados. Uma das questões mais importantes
abordadas nesse estágio é a de como preencher o gap de competência que
separa as atuais habilidades e capacidades organizacionais daquelas que são
necessárias para atingir o propósito estratégico declarado. Ela lida com o
alinhamento estratégico de competências essenciais com necessidades
emergentes do mercado e com a identificação de fatores-chave de sucesso
associados à implementação bem-sucedida da estratégia escolhida. O
produto final é um conjunto detalhado de iniciativas para implementar a
estratégia escolhida e exercer disciplina e controle estratégicos.
2.3.4 Planejamento operacional
De acordo com Axson (2003), O planejamento operacional e financeiro
fazem parte do plano tático de uma organização e servem como um mecanismo
para traduzir objetivos estratégicos em ações operacionais.
Para Axson (2003), Planejamento Operacional é o processo de definição de
táticas, iniciativas e alocação de recursos necessários para atingir as expectativas
da administração e os objetivos corporativos e estratégias que foram definidos
durante o planejamento estratégico e o processo de estabelecimento de metas. O
76
planejamento operacional inclui: o desenvolvimento de táticas e iniciativas que
sustentam e otimizam as operações atuais e a avaliação e priorização de novas
iniciativas e projetos que possam contribuir com os objetivos e metas definidas.
Padoveze (2005) define o planejamento operacional como planos, políticas
e objetivos operacionais da empresa e tem como produto final o orçamento
operacional. Segundo o autor, a base da Controladoria Operacional é o processo
de planejamento e controle orçamentário, também denominado de planejamento e
controle financeiro ou planejamento e controle de resultados. O orçamento é a
ferramenta de controle por excelência, de todo o processo operacional da empresa,
pois envolve todos os setores da companhia.
O planejamento operacional começa após completado o processo de
planejamento estratégico e estabelecidas as metas de performance de curto prazo
que guiarão um planejamento mais detalhado. O planejamento operacional fornece
um road map para a organização, identificando o destino, curso, define pontos
intermediários de checagem durante a jornada e define os recursos necessários
para que esta seja completada. Um plano eficiente também fornece rotas
alternativas que podem ser tomadas conforme obstáculos ou oportunidades
surgirem.
Segundo Catelli et al. (1999), o processo de planejamento operacional
compreende as seguintes etapas:
77
a) Estabelecimento dos objetivos operacionais;
b) Definição dos meios e recursos;
c) Identificação das alternativas de ação;
d) Simulação das alternativas identificadas;
e) Escolha das alternativas e incorporação ao plano;
f) Estruturação e quantificação do plano; e
g) Aprovação e divulgação do plano.
O objetivo do planejamento operacional é o de traduzir as metas e os
objetivos estratégicos da organização em planos operacionais práticos que definem
as táticas e as ações que devem ser tomadas, recursos necessários e os resultados
esperados para um período de tempo futuro. Os planos operacionais direcionam os
planos financeiros.
Durante o processo de planejamento estratégico, são definidas metas que
estabelecem as ligações entre os planejamentos estratégico, operacional e
financeiro. Todo planejamento deve ser focado em um objetivo ou meta. Estas
metas são definidas em torno de medidas-chave de desempenho que a organização
estabeleceu durante o processo de planejamento estratégico e devem ser
acordadas antes de iniciado o planejamento detalhado.
2.3.5 Planejamento financeiro e orçamento
Segundo Gitman (1984), os planos financeiros e orçamentos fornecem
roteiros para atingir os objetivos da empresa. Esses veículos oferecem uma
78
estrutura para coordenar as diversas atividades da empresa e atuam como
mecanismo de controle estabelecendo um padrão de desempenho contra o qual é
possível avaliar os eventos reais.
Conforme Gitman (1994), o processo de planejamento financeiro inicia-se
com a elaboração dos planos financeiros (estratégicos) de longo prazo que ditam os
parâmetros gerais refletidos nos planos e orçamentos de curto prazo. Em geral os
planos e orçamentos de curto prazo são guias operacionais para atingir os objetivos
a longo prazo da empresa. Os planos financeiros de longo prazo refletem o impacto
antecipado da implementação de ões planejadas sobre a situação financeira da
empresa, podendo cobrir períodos de 2 a 10 anos, mas dependendo dos graus de
incerteza operacional ou dos ciclos de produção, poderão ser empregados
horizontes de planejamento mais curtos. Os planos financeiros de longo prazo
focalizam o orçamento de capital (investimentos) e fontes de financiamento. Os
planos financeiros (operacionais) de curto prazo, reflete o resultado esperado de
ações a curto prazo. Os principais insumos incluem a previsão de vendas e rias
formas de dados operacionais e financeiros; os principais resultados incluem
inúmeros orçamentos operacionais, orçamento de caixa e demonstrações
financeiras projetadas.
Segundo Martins et al. (1986), o planejamento financeiro de uma empresa é
desenvolvido fundamentalmente através da projeção de suas demonstrações
contábeis, como estimativa mais aproximada possível da posição econômico-
financeira esperada. Ele comenta que quando se elaboram demonstrativos que
forneçam uma visão prospectiva sobre o desempenho geral de uma empresa, as
79
várias dificuldades de liquidez ou rentabilidade insuficientes, por exemplo, poderão
ser contornadas mediante uma antecipação a esses problemas. De forma idêntica,
as decisões financeiras (investimentos, financiamento e distribuição de dividendos) a
serem acionadas no futuro são mais eficientemente formuladas.
Para Brealey e Myers (1988), o planejamento financeiro é um processo de:
análise das opções de financiamento e de investimento que a empresa dispõe;
projeção das implicações futuras das decisões presentes, de modo a evitar
surpresas e a compreender a ligação entre as decisões presentes e futuras; decisão
de quais alternativas seguir; e, avaliação do desempenho em relação aos objetivos
fixados. O produto tangível do processo de planejamento é um plano financeiro que
descreve a estratégia financeira da empresa e projeta as suas conseqüências
futuras através de balanços, demonstrações de resultados e outros demonstrativos.
O planejamento financeiro se relaciona com decisões financeiras de curto e longo
prazo. As decisões de longo prazo envolvem investimentos, política de dividendos e
escolha da estrutura do capital (ativos e passivos de longa duração). As decisões de
curto prazo envolvem, principalmente, a gestão do capital de giro e do caixa da
empresa.
Segundo Ross et al. (2002), o planejamento financeiro estabelece o método
pelo qual as metas financeiras devem ser atingidas. Os elementos básicos de
política no planejamento financeiro incluem: as oportunidades de investimento que a
empresa decide aproveitar; o grau de endividamento que a empresa decide adotar;
e, o montante de dinheiro que a empresa julga ser necessário e apropriado distribuir
aos acionistas. Estas são as políticas financeiras de longo prazo que a empresa
80
precisa escolher, visando o seu crescimento e sua rentabilidade. As finanças a curto
prazo consistem em uma análise das decisões que afetam os ativos e passivos
circulantes (capital de giro). Como as finanças a curto prazo concentram a sua
atenção no capital de giro, tem-se a impressão de que se trata de um tema da
contabilidade, entretanto, a tomada de decisões a respeito do capital de giro também
envolve fluxos de caixa e valor presente líquido.
De acordo com Tung (1994), o orçamento faz parte do processo de
planejamento no sentido de fixar objetivos e estratégias, e, considerado parte
importante do ciclo de planejamento, execução e controle. É intimamente ligado ao
planejamento financeiro. O orçamento pode ser definido como sendo a
apresentação dos resultados antecipados de um plano, projeto ou estratégia, têm
como finalidade a criação de uma base para previsão e o controle de eventos
econômico-financeiros e age sobre as operações globais da empresa,
estabelecendo uma seqüência de ações financeiras organizadas que a empresa
deve executar.
O orçamento, segundo Tung (1994), representa uma atividade econômico-
financeira que parte da determinação e análise dos eventos relevantes do passado e
das condições empresariais presentes (em termos externos, avaliando a situação
geral dos negócios; em termos internos, relacionando as receitas, os custos, as
despesas, etc) para projetar o desempenho da empresa como um todo. O
orçamento gera um plano de operações para atingir determinado objetivo mediante
a alocação coordenada dos recursos e meios disponíveis em um determinado
horizonte de tempo. Está envolvido neste processo o controle permanente dos
81
resultados e suas comparações entre os resultados alcançados e os
preestabelecidos, onde, através destas comparações, se efetivam as correções dos
desvios ocorridos e as adaptações do plano às mudanças das condições de
operação (internas e/ou externas). O Orçamento pressupõe a atribuição da
responsabilidade e de autoridade aos dirigentes da empresa; condição para que o
planejamento, a implementação e o controle do plano econômico-financeiro sejam
efetivamente realizados. Ele não deve ser imposto e sim acordado por todos que
assumem a responsabilidade pelo atingimento de determinado alvo.
Para Tung (1994), o que determina as características (grau de acerto
aceitável, adaptabilidade ao ciclo operacional da empresa e a capacidade de
demonstrar com rapidez pontos problemáticos e indicar decisões corretivas) e a
relevância do orçamento são as necessidades específicas a que ele deve atender,
no âmbito de uma dada organização em um determinado momento.
Segundo Horngren et al. (1994), um orçamento é a expressão quantitativa
de um plano de ação futuro da administração para um determinado período,
exprime de forma abrangente, os planos operacional e financeiro da administração
o delineamento formal dos objetivos financeiros da organização e seus meios de
realização. Ele pode abranger aspectos financeiros e não-financeiros. Em relação
aos aspectos financeiros quantificam as expectativas da administração com relação
a receitas futuras, fluxos de caixa e posição financeira, incluindo as demonstrações
financeiras. As empresas geralmente apresentam o seguinte ciclo orçamentário:
82
a) Planejamento do desempenho da organização como um todo, assim como
das respectivas subunidades. Todos os gestores concordam com o que é
esperado deles.
b) Estabelecimento de um parâmetro de referência, isto é, um conjunto de
expectativas específicas com relação as quais os resultados reais possam ser
comparados.
c) Análise das variações dos planos, seguida, se necessário, das respectivas
ações corretivas.
d) Replanejamento, levando em consideração o feedback e a mudança das
condições.
O propósito do orçamento deve orientar a escolha do período a ser por ele
alcançado e depende do tipo de indústria, ciclo operacional e objetivos que querem
ser alcançados.
Duas partes importantes do orçamento são o orçamento operacional, cuja
base é o orçamento de receitas, e, subseqüentemente engrenados, os orçamentos
de produção, de utilização de materiais diretos, compras, mão-de-obra direta, custos
indiretos de fabricação, estoque, custo dos produtos vendidos, despesas
operacionais, etc, e, o orçamento financeiro que compreende os orçamentos de
capital e caixa.
Dois aspectos muito importantes para o orçamento são a coordenação e a
comunicação. Coordenação é o entrosamento e o balanceamento de todos os
fatores de produção e/ou serviços de todos os departamentos e unidades de
83
negócio, de modo que a empresa possa atingir seus objetivos. Comunicação é
tornar esses objetivos compreendidos e aceitos por todos. Para que a coordenação
seja bem-sucedida, a comunicação é essencial.
Conforme Horngren et al. (1994), os orçamentos são instrumentos que por
si só não são nem bons nem maus. A maneira como os gerentes os administram é a
chave de seu valor.
Shim et al. (2005) define orçamento como a expressão formal de planos,
metas e objetivos da administração que cobre todos os aspectos operacionais em
um determinado período de tempo.
Para Padovese (2005), o orçamento é o processo de estabelecer e
coordenar objetivos para todas as áreas da empresa, de forma que todos trabalhem
sinergicamente em busca de planos de lucros.
Padoveze comenta que o plano orçamentário, como qualquer outro
ferramental de Controladoria, é um exercício de aprendizado permanente e que as
frustrações que acontecem são frutos de planos orçamentários desenvolvidos
incorretamente, pela falta de objetivos claros, de uma clara definição de
responsabilidades, da competência para obtenção dos dados e dos procedimentos
de mensuração etc.
84
2.3.6 A integração do planejamento
A estratégia direciona a tática e esta direciona os resultados. Táticas são os
meios através dos quais a estratégia é implementada e forma a ponte entre o
planejamento estratégico e a execução operacional. Os planos operacionais devem
focar os mesmos objetivos, fatores críticos de sucesso e direcionadores identificados
no processo de planejamento estratégico. Isto quer dizer que as táticas e iniciativas
definidas no plano operacional devem estar ligadas diretamente aos aspectos
globais do plano estratégico e também a medidas específicas de performance.
O plano financeiro traduz o plano operacional em um conjunto de
demonstrativos financeiros que definem a alocação de recursos e estima os
resultados que são esperados advindos da implementação do plano operacional. Os
planos operacionais e financeiros claramente apresentam onde a organização
espera estar, em relação a sua estratégia, ao final do período planejado.
2.4 EXECUÇÃO
Segundo Hrebiniak (2005), fazer a estratégia funcionar é mais difícil do que
criar a estratégia. A execução é essencial para o sucesso. Ela representa um
processo disciplinado ou um conjunto lógico de atividades conectadas que permite
que uma organização utilize uma estratégia e a faça funcionar. Hrebiniak comenta
que um problema básico que se atualmente é que os administradores sabem
85
mais sobre formulação do que a implementação da estratégia. Eles são treinados
para planejar, e não para executar planos.
O planejamento e a execução são interdependentes e fazem parte de uma
abordagem de gestão integrada e estratégica. O sucesso estratégico exige uma
visão simultânea do planejamento e da realização. Os gerentes devem pensar na
execução inclusive quando estão formulando planos.
De acordo com Hrebiniak (2005), há oito áreas de obstáculos ou desafios
para a execução da estratégia e que levam ao sucesso da execução:
a) Desenvolver um modelo para orientar as decisões ou ações da execução,
definindo diretrizes, orientação clara e abordagem lógica;
b) Entender como a criação da estratégia afeta sua execução, isto é, quais são
os aspectos da estratégia e do planejamento que causam mais impacto nos
resultados da execução e verificar a relação entre as estratégias de nível
corporativo e empresarial e como a interação das duas afeta os resultados da
execução;
c) Gerenciar as mudanças de forma efetiva, incluindo as mudanças culturais
com o objetivo de suporte à decisão;
d) Entender o poder ou a influência e usá-lo para o sucesso da execução: o
poder é mais do que uma personalidade ou uma posição individual, refletindo
a estratégia, a estrutura e as dependências críticas que recaem sobre
capacidades e recursos escassos.
86
e) Desenvolver estruturas organizacionais que estimulem o compartilhamento
das informações, a coordenação e uma clara responsabilidade;
f) Desenvolver controles efetivos e mecanismos de feedback;
g) Saber como criar uma cultura de suporte à execução: uma cultura de
realização e disciplina;
h) Aplicar a liderança com viés para a execução.
De acordo com Bossidy e Charam (2004), para entender a execução, é
necessário ter em mente três pontos principais:
a) A execução é uma disciplina e parte integrante da estratégia;
b) A execução é a principal tarefa do líder da empresa;
c) A execução deve ser o elemento-chave da cultura de uma empresa.
Para Bossidy e Charam (2004), a execução é um processo sistemático de
discussão exaustiva dos comos e quês, questionando, levando adiante o que foi
decidido e assegurando que as pessoas terão sua responsabilidade específica pela
execução. Isso inclui, elaborar hiteses sobre o ambiente de negócios, avaliar as
habilidades da empresa, ligar estratégia a operações e às pessoas que irão
implementá-la, sincronizando estas pessoas e suas várias disciplinas e atrelando
incentivos a resultados. Também inclui mecanismos para mudar as hipóteses à
medida que a conjuntura muda e melhorar as habilidades da empresa em enfrentar
os desafios de uma estratégia ambiciosa. Enfim, no seu sentido fundamental,
executar é uma forma sistemática de expor a realidade e agir sobre ela.
87
Conforme Knight e Dyer (2007), há cinco atitudes que devem ser tomadas
para a execução eficaz de um bom plano e transformar uma visão em um
passaporte para o sucesso:
a) Elimine o hiato entre quem faz o plano e quem o executa.
b) Remunere pelos resultados.
c) Apóie e assegure o envolvimento continuado dos líderes e gerentes.
d) Comunique o plano de modo claro e constante.
e) Adote processos e sistemas para medição, monitoramento, análise e
avaliação do progresso dos planos.
2.5 CONTROLE
Segundo Hampton (1983), os controles fornecem o elo entre os planos e as
decisões. Controlar significa obter informações sobre o desempenho e com elas
realimentar os tomadores de decisão de forma que estes possam comparar os
resultados reais com os planejados e decidir o que fazer com relação a quaisquer
discrepâncias ou problemas aparentes.
Conforme Chiavenato e Sapiro (2004), o controle consiste em um processo
que guia a atividade exercida para um fim previamente determinado. A essência do
controle reside em verificar se a atividade controlada está ou não alcançando os
resultados desejados. O controle é a função administrativa que monitora e avalia as
88
atividades e resultados alcançados para assegurar que o planejamento, a
organização e a direção sejam bem-sucedidos.
De acordo com Catelli et al. (1999), o controle é uma das fases do processo
de gestão. Ele liga-se diretamente à função de planejamento, que seu propósito é
assegurar que as atividades da organização sejam desempenhadas de acordo com
o plano. Isso é efetuado por um sistema de informações que fornece o feedback, o
que possibilita a comparação do desempenho efetuado com as metas planejadas,
sendo o controle necessário em relação aos planos de longo e de curto prazos. O
feedback da informação é parte integral do processo de controle orçamentário, seu
objetivo é evidenciar variações do orçamento planejado tão cedo quanto possível
para que a ação corretiva seja empreendida imediatamente. Um pré-requisito para
um desempenho eficaz da função de controle é um sistema de informação eficiente,
que revelará a necessidade de ações corretivas no momento oportuno.
Segundo Padoveze (2005), a base do controle orçamentário é o confronto
dos dados orçados contra os dados reais obtidos pelo sistema de informação
contábil, onde os principais objetivos são: identificar e analisar as variações
ocorridas; corrigir erros detectados; e, ajustar o plano orçamentário, se for o caso,
para garantir o processo de otimização do resultado e da eficiência empresarial. Na
linha de delegação de responsabilidade e autoridade e orçamento participativo, o
conceito de controle efetuado pela Controladoria é no sentido de buscar a
congruência de objetivos, otimização dos resultados setoriais e corporativos, apoio
aos gestores, correção de rumos, ajustes de planos etc.
89
2.6 GESTÃO DA PERFORMANCE ORGANIZACIONAL
A avaliação do desempenho é a segunda etapa do processo de controle e
seu propósito é verificar se os resultados estão sendo obtidos e quais as correções
necessárias a serem feitas.
A maioria dos métodos de mensuração e avaliação do desempenho em
diferentes níveis da organização do valor econômico agregado ao Balanced
Scorecard tem seu foco no controle de resultados: atingir alvos específicos na
busca por metas específicas.
2.6.1 Balanced scorecard
Os sistemas tradicionais de gestão de desempenho são geralmente
planejados com base no orçamento e no plano operacional anual e tendem a
promover um comportamento tático de curto prazo. Para se criar uma mudança
estratégica efetiva, os sistemas tradicionais devem ser substituídos por um conjunto
selecionado de medidas que promovam um comportamento focado no desempenho
e na estratégia.
O Balanced Scorecard é um conjunto de medidas que se propõe a fornecer
uma visão rápida e abrangente dos negócios. Desenvolvido por Kaplan e Norton, o
Balanced Scorecard impele os gerentes a olhar seu negócio sob as seguintes
perspectivas: cliente, competência da empresa (processos internos), inovação e
aprendizado, e finanças. Ele oferece respostas para quatro perguntas básicas: 1)
90
Como os clientes nos vêem ? 2) Em que devemos ser excelentes ? 3) Podemos
continuar a melhorar e criar valor ? 4) Como parecemos aos olhos dos acionistas ?
FIGURA 5 Perspectivas do BSC.
FONTE BSC, 2003.
O Balanced Scorecard exige que os gerentes traduzam uma declaração de
missão ampla voltada para o cliente em fatores que relacionem diretamente às suas
preocupações, tais como: qualidade do produto, entrega no prazo, desempenho do
produto, serviço e custo. Medidas são definidas para cada fator, baseando-se nas
perspectivas e expectativas dos clientes, e os objetivos para cada medida são
articulados e traduzidos em métricas específicas de desempenho.
91
FIGURA 6 Exemplo de um Balanced Scorecard.
FONTE Balanced Scorecard Collaborative (2000)
Medidas baseadas no cliente são importantes, mas devem ser traduzidas
naquilo que a empresa precisa fazer internamente para atender às expectativas dos
clientes. Uma vez que estas medidas estejam traduzidas em objetivos operacionais,
os gerentes devem se concentrar nos processos internos de negócios que
possibilitem à empresa atender às necessidades de seus clientes.
As medidas de processos internos de negócios e baseadas no cliente,
relacionam-se diretamente ao sucesso competitivo. Medidas de desempenho
financeiro sinalizam se a estratégia da empresa e sua implementação estão
atingindo os objetivos empresariais e quantificam os efeitos financeiros das
estratégias.
92
A aplicação do Balanced Scorecard evoluiu para um sistema de gestão
completo. Em essência, ele engloba quatro processos gerenciais: traduzir uma
visão, comunicar objetivos e vincular recompensas ao desempenho, melhorar o
planejamento do negócio e acumular feedback e aprendizado. Separadamente, e
combinados, os processos contribuem para vincular objetivos estratégicos de longo
prazo com ações de curto prazo.
FIGURA 7 Sistema de Gestão baseado no BSC.
FONTE KAPLAN & NORTON, 2004.
O objetivo de traduzir uma visão é esclarecer e obter apoio do funcionário
para aquela visão. Para que as pessoas sejam capazes de atuar de maneira eficaz,
de acordo com uma declaração de missão, essa declaração deve ser expressa
como um conjunto integrado de objetivos e medidas baseadas em reconhecidos
impulsionadores de sucesso de longo prazo.
93
Uma comunicação completa e abrangente é essencial para garantir que os
funcionários entendam os objetivos da empresa e as estratégias que são
desenvolvidas para atingi-los. Objetivos individuais e de unidades de negócios
devem, então, ser alinhados com os da empresa para criar propriedade e
responsabilidade. A vinculação de recompensas ao Balanced Scorecard é um meio
direto de mensurar e recompensar contribuições para o desempenho estratégico.
Incentivos e medidas de desempenho objetivas e claramente definidos são
essenciais para a criação do ambiente motivacional correto.
Criar um Balance Scorecard força as empresas a integrar seus processos de
planejamento estratégico e orçamentário. O output do processo de planejamento de
negócios consiste em um conjunto de alvos de longo prazo em todas as áreas do
Scorecard (cliente, processos internos, inovação/aprendizado e finanças), um
conjunto de iniciativas claramente definidas para atingir os alvos, uma alocação de
recursos consensual para apoiar essas iniciativas e um conjunto de medidas
apropriadas para monitorar o progresso. Nesse processo, o orçamento financeiro
continua importante, mas não controla nem se sobrepõe aos outros elementos.
Por fim, os gerentes devem constantemente obter feedback sobre as
medidas de curto prazo para monitorar o progresso na consecução da estratégia de
longo prazo. Qualquer desvio dos resultados esperados indica que premissas sobre
as condições do mercado, pressões competitivas e capacidades internas precisam
ser revistas. Dessa maneira, o feedback ajuda a avaliar se a estratégia ou conjunto
de estratégias escolhidas precisam ser revisadas ou atualizadas em função das
condições competitivas.
94
2.6.2 Mapas estratégicos
O mapa estratégico pode ser considerado como um arcabouço visual
comum que insere os diferentes itens do Balanced Scorecard de uma organização,
numa cadeia de causa e efeito que conecta os resultados almejados com os
respectivos vetores ou impulsionadores.
Dado o grande alcance do mapa estratégico nos projetos de Balanced
Scorecard, Kaplan e Norton destacam suas diferentes funções:
a) Mostrar o destino estratégico. O mapa estratégico possibilita que uma
organização descreva e ilustre, em linguagem clara e geral, seus objetivos,
iniciativas e alvos.
b) Destacar o valor do capital intelectual. O mapa estratégico, ajustado à
estratégia específica da organização, descreve como os ativos intangíveis
impulsionam melhorias de desempenho dos processos internos da
organização, que exercem o máximo de alavancagem no fornecimento de
valor para os clientes, os acionistas e as comunidades.
c) Representar visualmente a estratégia. O mapa estratégico é a
representação visual da estratégia, mostrando numa única página como os
objetivos, nas quatro perspectivas, se integram e combinam para descrever a
estratégia.
d) Ligar o trabalho individual à estratégia. Com o mapa estratégico, os
empregados têm uma representação visual de como suas funções se
conectam com os objetivos gerais da empresa, ao mesmo tempo que os
95
gerentes compreendem com mais clareza a estratégia e identificam os meios
para detectar e corrigir os desvios de rumo.
e) Demonstrar o fluxo de valor. Os objetivos nas quatro perspectivas são
conectados uns com os outros por relações de causa e efeito. A partir do
topo, parte-se da hipótese de que os resultados financeiros só serão
alcançados se os clientes-alvo estiverem satisfeitos.
f) Reforçar a importância do conhecimento. O fundamento de qualquer
mapa estratégico é a perspectiva de aprendizado e crescimento, que define
as competências e habilidades essenciais, as tecnologias e a cultura
organizacional necessárias para suportar a estratégia da empresa.
Apesar de o mapa estratégico desempenhar diferentes funções no processo
de elaboração do Balance Scorecard, sua principal finalidade é descrever, de forma
dinâmica, como a organização irá criar valor ao longo do tempo. Nesse sentido o
mapa estratégico estabelece uma interação entre as atividades de formulação e de
implementação, mostrando o caminho através do qual a estratégia será executada
pela alta administração e pela equipe de colaboradores da empresa.
2.6.3 Gestão baseada em valor
Segundo Herrero (2005), a Gestão Baseada em Valor é uma metodologia
utilizada para avaliar até que ponto, uma estratégia de negócios está contribuindo
(ou não) para aumentar o valor de mercado da empresa e gerar valor econômico
para os acionistas.
96
Em relação aos projetos do Balanced Scorecard, entendidos como a
formulação e a implementação de novas estratégias de negócios, a Gestão Baseada
em Valor pode ser considerada, conforme Herrero (2005), um importante fator para
se medir o sucesso das iniciativas derivadas do processo estratégico e pode se valer
principalmente dos seguintes métodos:
a) EVA Economic Value Added (Valor Econômico Agregado). Usado para
medir o valor da riqueza criada por um negócio. A riqueza somente é criada
quando a empresa cria um valor que supera os seus custos operacionais e o
custo de capital empregado no negócio.
b) MVA Market Value Added. É a diferença entre o valor de mercado de uma
empresa e o capital investido. O valor de mercado de uma empresa depende
do sucesso das estratégias de negócios em criar valor econômico agregado,
isto é, depende do valor futuro de seus EVAs. Assim o MVA é o resultado
entre o valor presente dos EVAs futuros e o capital investido no negócio.
c) Free Cash Flow (Fluxo de Caixa Livre). É utilizado para determinar o valor de
uma empresa, de uma unidade de negócios, das decisões estratégicas, das
aquisições, desenvolvimento de novos produtos etc. Esta medida de valor
considera o valor presente dos fluxos de caixa livres dos ativos atualmente
existentes, somados ao valor presente das oportunidades existentes. O fluxo
de caixa livre pode ser definido como sendo o montante que está à disposição
dos acionistas da empresa. Ele é igual ao fluxo de caixa das operações da
empresa, menos os investimentos adicionais que se fizerem necessários em
capital de giro ou nos ativos de longo prazo. Deve ser considerado o valor
presente do fluxo de caixa livre.
97
d) CFROI Cash Flow Return on Investment. É a taxa interna de retorno dos
fluxos de caixa dos projetos que a empresa está implementando. A taxa é
calculada anualmente e comparada com o custo médio ponderado de capital,
para verificar se os projetos estão criando valor econômico agregado.
e) TSR Total Sharehold Return. Desenvolvida pelo Boston Consulting Group,
tem por finalidade medir a taxa de retorno que os investidores obtém pela sua
participação acionária na empresa, ao longo do tempo. É igual ao retorno dos
dividendos obtidos (medidos em termos do valor presente dos fluxos de caixa)
mais o ganho de capital obtido pela valorização das ações no período.
f) TBR Total Business Return. Calcula a taxa de retorno do valor gerado por
um negócio, num dado horizonte de tempo. Ele é influenciado pela
lucratividade dos ativos existentes, o crescimento do negócio, os fluxos de
caixa livres e o custo de capital.
g) CVA Cash Value Added. Também desenvolvida pelo Boston Consulting
Group, é calculado tomando-se o fluxo de caixa operacional menos a
depreciação e menos a despesa de capital sobre o investimento bruto.
O Balanced Scorecard procura traduzir a estratégia de uma empresa em
objetivos e iniciativas que sejam entendidos por todos os participantes da
organização. Entretanto, o processo de Balanced Scorecard deve ajudar a alta
administração da empresa a identificar e selecionar as estratégias que efetivamente
contribuam para o aumento do valor econômico agregado da empresa.
Ainda, de acordo com Herrero (2005), nos projetos de Balanced Scorecard
é
fundamental ter conhecimento do objetivo de geração de valor da empresa no
98
período do plano estratégico e qual deverá ser a composição desse crescimento em
valor, entre as atividades atuais e as oportunidades de crescimento futuro,
observando-se que na maioria das empresas os componentes de crescimento futuro
representam a maior parte do valor de mercado da empresa.
2.6.4 Beyond budgeting
O conceito do Beyond Budgeting nasceu na prática, como resposta de
diversas empresas à melhoria dos tradicionais conceitos orçamentários, através do
Beyond Budgeting Round Table (BBRT), fundado em 1998, parte do Consortium for
Advanced Manufacturing International (CAM-I), que estuda a realidade em
empresas e propõem conceitos de melhoria. Hoje conta com mais de 60 empresas
associadas.
Jeremy Hope e Robin Fraser, através de seus trabalhos com o CAM-I estão
liderando um chamado ao abandono do orçamento. Eles argumentam que o
tradicional processo orçamentário é uma barreira à mudança. Eles afirmam que as
fontes de fluxo futuro de caixa de uma organização são o seu capital intelectual e
sua gerência. Assim o papel da gerência senior deve ser maximizar o capital
intelectual da organização ao invés de buscar minimizar o seu custo. Além disso,
eles argumentam que é quase impossível para as organizações atingirem objetivos
como velocidade, foco no cliente, inovação e integração se o tradicional processo de
planejamento e orçamento continuar em uso.
99
O modelo Beyond Budgeting foi desenvolvido para superar as tradicionais
barreiras e criar uma organização adaptável e flexível que aos gerentes
responsabilidade e liberdade para que pensem diferentemente, tomem decisões
rápidas e desenvolvam projetos inovadores em colaboração com os colegas, em
equipes multifuncionais tanto dentro da empresa como fora dela.
Em essência, este novo modelo é primeiramente baseado em
comportamento, em oposição ao modelo orientado pelos meros que a maioria
das empresas atualmente utiliza. A validação das idéias deste modelo vem de
estudos de casos das principais organizações que completamente ou parcialmente
abandonaram o tradicional processo de planejamento e orçamento. A abordagem do
modelo está baseada em 12 princípios:
Governança Identifica claramente os valores organizacionais e fronteiras
que fornecem a base para a ação, a declaração de missão e planos. Fornece
também aos gerentes da linha de frente, a liberdade de que eles necessitam
para a tomada rápida de decisão.
Responsabilidade pelo desempenho Recruta e desenvolve as pessoas
certas que devem ter em mente servir aos clientes e ter responsabilidade em
atingir resultados competitivos.
Delegação / Empowerment Delegar autoridade e responsabilidade aos
gerentes da linha de frente. Dar liberdade e poder de tomar decisão.
Estrutura Basear a nova organização em uma rede de unidades
interdependentes e processos, com comunicação pida para cima, para
baixo e através dos negócios.
100
Coordenação Coordenar interações por toda a empresa através de desenho
de processos e sistemas ágeis de informação. Usar processos e projetos
baseados em relacionamento para responder as solicitações dos clientes em
tempo real.
Liderança Desafiar, treinar e dar suporte às pessoas sem controlá-las e
comanda-las.
Estabelecimento de metas Derrotar a concorrência ao invés de atingir o
orçamento. Adotar metas relativas ao invés de absolutas e basear estas
metas em indicadores de performance e benchmarks externos para encorajar
os gerentes a perseguir objetivos estratégicos e financeiros.
Processo estratégico Fazer da estratégia um processo contínuo. Dar
liberdade aos gerentes de pensarem diferentemente e produzir mais valor aos
clientes e criar novos negócios.
Sistemas Preventivos Dar aos gerentes antecipadamente indicações /
alertas relativos a mudanças que impactam seus negócios. Usar rolling
forecasts para manter um olho no futuro. Estes sistemas podem ajudar na
gestão de capacidade de curto prazo.
Gestão de recursos Delegar as decisões de investimento e recursos para as
pessoas mais próximas da ação. Desconectar tal decisão do orçamento anual
para garantir que será feito somente quando necessário e no tempo certo.
Medição e controle Disseminar indicadores de desempenho para todos os
níveis gerenciais simultaneamente, com maior detalhe para os níveis locais e
menor para os níveis superiores.
101
Motivação e recompensa Basear a avaliação de performance em medidas
relativas que indiquem melhorias. Procurar medir o desempenho de equipes,
grupos ou empresas ao invés de individualmente.
2.6.5 É possível viver sem orçamentos?
Existem alguns casos, mas o mais conhecido é do Banco Sueco
Handelsbanken com filiais na Europa e Grã Bretanha. Ele não tem orçamento, metas
absolutas nem planos fixos desde 1970. Todavia, ele é um dos bancos de maior
sucesso na Europa e têm superado o desempenho de todos os concorrentes
Escandinavos. No banco, os controles são realizados diretamente pelos gerentes e
colaboradores de cada área, não pelo controller. Mais de 50% do staff recebeu, por
delegação, alguma forma de autoridade. A responsabilidade dos negócios é
descentralizada e gerenciada como centros de lucro. As metas destes centros são
definidas em função do mercado e os indicadores de desempenho usam como
benchmarking os concorrentes. Os gerentes dos centros de lucro têm livre acesso a
recursos na medida que necessitam destes. As áreas prestadoras de serviços
internos vendem seus serviços competitivamente às unidades operacionais, não há
preço político. O foco do banco é o mercado ou derrotar a concorrência,
produzindo flexibilidade para tal. É claro que existe um departamento central de
controladoria, mas seu papel é somente monitorar o portfólio das filiais considerando
alguns indicadores de desempenho. Se a filial exceder uma faixa aceitável definida
de variação de um determinado indicador, a filial é informada e a controladoria
oferece suporte para solucionar a questão. Mas ainda a decisão em relação ao
problema continua sendo da filial.
102
Dois elementos são de considerável importância e criam um pré-requisito
para o alto nível de liberdade operacional de gerentes e colaboradores: A cultura
gerencial e a disponibilidade de um sistema de informações eficiente como base
para o processo de gerenciamento de desempenho. Este sistema determina o
desempenho das filiais com a utilização de indicadores e disponibiliza esta
informação para todos os gerentes ao mesmo tempo. Também, o comportamento do
cliente é gravado e analisado em detalhe e a rentabilidade do cliente é monitorada
regularmente. Como resultado, é sempre possível para todos os gerentes, fazer uma
comparação direta com seus colegas. A finalidade é encorajar um ambiente
desportivo, uma competição interna.
103
3 A PESQUISA
Esta pesquisa tem por objetivo coletar evidências sobre o atual estágio do
processo de Planejamento e Orçamento Empresarial nas organizações, buscando-
se examinar:
A importância do planejamento Qual a importância do planejamento para as
organizações e par os profissionais da área financeira.
Software utilizado Que softwares são utilizados no processo de
planejamento e o grau de satisfação dos usuários.
Método, ciclo de planejamento e tempo gasto na preparação e revisões que
métodos (abordagens) são utilizados, ciclo de planejamento e tempo
consumido durante o processo de preparação e revisão.
Acuracidade das informações grau de satisfação em relação à qualidade
das informações.
Agilidade na implementação de mudanças nível de concordância em
relação à aplicação de mudanças rápidas a qualquer desvio orçamentário
significativo.
Consistência em relação aos objetivos estratégicos alinhamento do
orçamento com os objetivos estratégicos da organização.
Principais falhas no processo de planejamento quais são os pontos mais
críticos a serem observados e corrigidos.
104
Comunicação da estratégia, visão, missão e valores as organizações
comunicam adequadamente sua estratégia e compartilham sua visão, missão
e valores ?
Utilização de ferramentas e sistemas de gestão ferramentas de gestão mais
utilizadas
Remuneração e comportamento dos executivos avaliação do
comportamento dos mesmos em relação ao processo orçamentário.
3.1 COMO ESTA PESQUISA FOI CONDUZIDA
Esta pesquisa foi conduzida através de um survey online com 122 pessoas,
das quais 84 (69%) atenderam as qualificações requeridas, isto é, faziam parte da
organização de indústrias do Estado de São Paulo e suficientemente envolvidas com
o processo de planejamento e orçamento.
Tabela 2 Número de respondentes
A amostra foi dividida por: tamanho da organização (faturamento), número
de funcionários, descrição de cargo / função dos respondentes, conforme mostrado
abaixo:
84Questionários válidos
122Questionários respondidos
157Convites enviados
84Questionários válidos
122Questionários respondidos
157Convites enviados
105
Faturamento anual das empresas pesquisadas
GRÁFICO 1 Faturamento das empresas pesquisadas.
Quantidade de funcionários das empresas pesquisadas
0%
2%
11%
19%
35%
22%
11%
<10 10-50 51-100 101-250 251-500 501-1000 >1000
Faturamento anual em R$ Miles
106
GRÁFICO 2 Quantidade de funcionários das empresas pesquisadas.
Cargo / Função dos respondentes
Tabela 3 Cargo / Função dos respondentes
3%
7%
12%
21%
32%
19%
6%
<100 200-250 251-500 501-1000 1001-
2500
2501-
5000
>5000
Número de Funcionários
34Outros
84Total
50CFO, VP, Diretor, Controller
ou Gerente
34Outros
84Total
50CFO, VP, Diretor, Controller
ou Gerente
107
3.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO
Planejamento e orçamento são funções corporativas importantes. De acordo
com a pesquisa, praticamente 70% dos participantes responderam que estas
funções são importantes (níveis 4 e 5) tanto para o sucesso de suas empresas como
para suas carreiras.
GRÁFICO 3 Importância do Planejamento Orçamentário para as empresas.
0%
3%
30%
42%
25%
1 2 3 4 5
Todos os respondentes (Média = 3,9)
Não é
Importante
Muito
Importante
0%
3%
30%
42%
25%
1 2 3 4 5
Todos os respondentes (Média = 3,9)
Não é
Importante
Muito
Importante
108
De acordo com os participantes, o planejamento orçamentário é importante
para o sucesso de suas empresas. Em uma escala de cinco pontos, o valor da
média da resposta foi de 3.9 com 67% das respostas ficando entre 4 ou 5. Somente
3% respondeu que o processo era de pouca importância (entre 1 e 2).
Em relação a importância do processo para seu sucesso profissional, a
média atingiu 4.0 para as funções financeiras e 3.9 para os executivos financeiros.
GRÁFICO 4 Importância do Planejamento Orçamentário para o sucesso profissional dos respondentes (por função).
1%
2%
4%
7%
25%
17%
45%
39%
25%
35%
1 2 3 4 5
Executivos (Média = 3,9)
Outras Funções Financeiras (Média = 4,0)
Não é
Importante
Muito
Importante
1%
2%
4%
7%
25%
17%
45%
39%
25%
35%
1 2 3 4 5
Executivos (Média = 3,9)
Outras Funções Financeiras (Média = 4,0)
Não é
Importante
Muito
Importante
109
GRÁFICO 5 Importância do Planejamento Orçamentário para o sucesso profissional dos respondentes (média
geral da área financeira).
Para Chiavenato (2005), o trabalho do administrador não se restringe ao
presente, ao atual, ao corrente. Ele precisa extrapolar o imediato e se projetar para
frente. O administrador precisa tomar decisões estratégicas e planejar o futuro de
sua organização. Ao tomar decisões, o administrador configura e reconfigura
continuamente a sua organização. Ele precisa saber que sua organização tomará e
as decisões e planos necessários para que isso realmente aconteça. O
planejamento é a primeira das funções administrativas, é um processo de
estabelecer objetivos e definir a maneira de alcançá-los.
1%
5%
22%
43%
29%
1 2 3 4 5
Todos os respondentes (Média = 3,9)
Não é
Importante
Muito
Importante
1%
5%
22%
43%
29%
1 2 3 4 5
Todos os respondentes (Média = 3,9)
Não é
Importante
Muito
Importante
110
Segundo Knight e Dyer (2007), o planejamento deve ir além de sua função
básica de descrever como os objetivos corporativos serão atingidos. O planejamento
também deve servir aos seguintes propósitos:
Estabelecer o rumo da empresa, identificando as origens do crescimento e do
lucro que a levarão adiante.
Identificar e classificar as oportunidades específicas de investimento que
criarão o maior valor possível para os acionistas.
Eliminar a distinção artificial entre os que planejam e os que executam, de
modo que os responsáveis pela implementação do plano sejam capazes de
entendê-lo, acreditar nele e estar preparado para executá-lo sem hesitações.
Estimular uma tensão produtiva na organização
Resultar num entendimento maior e mais uniforme das prioridades
corporativas, do nível de unidade de negócio e divisionais e de suas inter-
relações. Resultar também na tomada de decisões e na execução de ações
que estarão mais estreitamente alinhadas de cima a baixo na organização.
Auxiliar no desenvolvimento e na análise dos talentos gerenciais. O processo
de planejamento é uma experiência de intenso aprendizado.
Eliminar o fator político através da colaboração de todos.
Preparar a empresa para responder com agilidade às novas oportunidades.
Capacitar a empresa a identificar tendências importantes e pontos de inflexão
em seus ambientes de negócio e a se preparar para executar mudanças
significativas.
111
3.3 SOFTWARE / APLICAÇÃO UTILIZADOS NO PROCESSO
As planilhas eletrônicas ainda o as ferramentas predominantes de
planejamento e, conforme a pesquisa, praticamente todas as empresas utilizam esta
ferramenta no processo de planejamento se mostram insatisfeitos ou muito
insatisfeitos com a aplicação (Gráfico 6)
Aplicação utilizada em relação ao faturamento anual das empresas
(em R$ Milhões):
Tabela 4 Aplicações utilizadas em relação ao faturamento das empresas pesquisadas.
Satisfação dos respondentes em relação ao uso de planilhas
eletrônicas no processo de planejamento:
< 10
10-50
51-100
101-250
251-500
501-1000
> 1000
Planilhas Eletrônicas 0% 100% 100% 100% 98% 97% 95%
Aplicação Específica 0% 1% 5% 12% 18% 21% 22%
ERP 0% 0% 2% 4% 7% 15% 12%
Outros 0% 0% 1% 0% 1% 0% 2%
Nenhum 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
112
GRÁFICO 6 Satisfação dos respondentes em relação ao uso de planilhas eletrônicas no processo de
planejamento.
Das empresas pesquisadas, as empresas que possuem software dedicado,
utilizam conjuntamente planilhas eletrônicas.
As empresas que indicaram utilizar aplicações específicas demonstraram um
grau de satisfação dentro da média (nível 3 = 47%) e 38% se mostram satisfeitos ou
muito satisfeitos com o aplicativo, conforme verificado no gráfico abaixo:.
31%
43%
19%
5%
2%
1 2 3 4 5
Satisfação em relão ao uso de Planilhas Eletrônicas
Muito
Insatisfeito
Muito
Satisfeito
31%
43%
19%
5%
2%
1 2 3 4 5
Satisfação em relão ao uso de Planilhas Eletrônicas
Muito
Insatisfeito
Muito
Satisfeito
113
GRÁFICO 7 Satisfação dos respondentes em relação ao uso de aplicações específicas no processo de
planejamento.
Muitos profissionais utilizam as planilhas eletrônicas como base para o
processo de planejamento e orçamento por estas serem aplicações muito baratas e
familiares.
Na realidade, enquanto as planilhas eletrônicas são boas ferramentas de
produtividade pessoal, o seu uso não é apropriado em um processo de
planejamento complexo, dinâmico e colaborativo.
Existem várias deficiências na utilização das planilhas eletrônicas no
processo de planejamento, entre elas, segundo Adaptative Planning (2005):
3%
12%
47%
24%
14%
1 2 3 4 5
Satisfação em relão ao uso de Aplicações Específicas
Muito
Insatisfeito
Muito
Satisfeito
3%
12%
47%
24%
14%
1 2 3 4 5
Satisfação em relão ao uso de Aplicações Específicas
Muito
Insatisfeito
Muito
Satisfeito
114
a) A distribuição e a consolidação das informações consomem muito tempo e
costumam apresentar erros. Freqüentemente estes erros estão relacionados
a links entre planilhas e a falta de um sistema de proteção adequado para
garantir a integridade das fórmulas e informações.
b) Dificulta a análise das tendências dos negócios. O orçamento não se
relaciona somente à coleta e consolidação das informações, o processo
também deve permitir o entendimento de como o negócio está evoluindo e
deve ter flexibilidade suficiente para qualquer mudança. Mudanças no negócio
quer dizer mudança na estrutura do modelo, isto é, criar novas planilhas,
atualização ou modificação de fórmulas, alteração de relatórios etc. Cada
mudança estrutural leva tempo e apresenta riscos de se introduzir erros no
modelo e, se estas mudanças requerem inputs de outros departamentos, este
processo pode levar tempo e assim dificultar uma reação rápida da empresa
às mudanças no ambiente de negócios ou no aproveitamento de
oportunidades.
A área financeira deve estar habilitada no uso do modelo para planejar e
reagir rapidamente às mudanças tanto do mercado como da empresa. Ela
necessita poder fazer mudanças estruturais rápidas no modelo, garantir
acuracidade das informações e ter um acesso real-time às mesmas.
Um orçamento baseado em planilhas é tão exaustivo e consome tanto tempo
que acaba-se perdendo tempo e esforço no gerenciamento das informações
em detrimento da análise.
c) Garantir compliance é impossível. Num mundo pós Sarbanes-Oxley,
empresas de todos os tamanhos estão encarando as exigências de
transparência e segurança de dados. As companhias estão sob crescente
115
avaliação de credores, auditores e investidores. Um meticuloso processo
orçamentário é fundamental para uma boa governança corporativa. As
planilhas não foram desenhadas para estabelecer controles financeiros e
podem levar a empresa a riscos de segurança, inconsistência e integridade
de dados e, não possibilitam trilhas de auditoria.
d) É difícil garantir que todos estão utilizando as mesmas versões das planilhas.
As planilhas acabam se perdendo no meio de e-mails e em diversos sub-
diretórios de diversos diretórios, em hard disks centrais ou individuais e com o
tempo é quase que impossível lembrar qual foi a última versão utilizada.
e) Revisões orçamentárias não o freqüentes. No atual ambiente competitivo e
dinâmico dos negócios, rolling forecasts revisões mensais, trimestrais ou
semestrais são fundamentais não somente para que a companhia entenda
sua atual situação, mas também seu futuro. As planilhas consomem muito
tempo e dificultam muito este processo.
Estas questões minam a acuracidade de todo o processo de planejamento,
reduzindo a credibilidade e o nível de engajamento e comprometimento. Claramente
as planilhas não são o melhor caminho para um processo de planejamento.
Um processo de planejamento dinâmico, demanda ferramentas com
tecnologia capaz de suportar uma abordagem de planejamento rápida, flexível e
adaptativa.
Atrav
és do uso de uma aplicação dedicada, conforme Rasmussen (2000),
pode-se obter uma melhora significativa do processo, pois ele pode ser:
116
Integrado: Os planos estratégicos, operacionais e financeiros estarão em um
único sistema;
Colaborativo: Web-based, os planos podem ser distribuídos e utilizados em
qualquer lugar através da internet.
Adaptativo: Um controle de versão simplificado e a habilidade de revisões
orçamentárias freqüentes, possibilitam as empresas a responder às
mudanças dos negócios com what if de cenários conforme a necessidade;
On-Time: A informação está sempre atualizada, os deadlines mais facilmente
atendidos porque as consolidações são feitas automaticamente.
Eficiente: É gasto menos tempo gerenciando informações e mais tempo
gerenciando o negócio;
Acuracidade: Uma aplicação dedicada elimina os principais componentes que
causam erros, por possuir um ambiente totalmente integrado e construído on-
demand.
3.4 MÉTODO, CICLO E PROCESSO DE PLANEJAMENTO
Das empresas analisadas, somente 61% responderam ter um planejamento
colaborativo. As outras abordagens (top-down e bottom-up) se dividiram quase que
igualmente. Os dados são mostrados no gráfico abaixo:
117
GRÁFICO 8 Métodos utilizados no processo de planejamento orçamentário.
Na abordagem top-down os executivos desenvolvem o orçamento com
poucos ou nenhum input dos gerentes ou funcionários. Na abordagem bottom-up, os
funcionários e gerentes a nível departamental completam os orçamentos de seus
respectivos departamentos, que em seguida são consolidados e revisados pelos
executivos.
21%
18%
61%
0%
Top-Down Bottom-Up Colaborativo Outros
Método Utilizado
118
O orçamento deve necessariamente ter o envolvimento dos gestores com
responsabilidade sobre o mesmo. Uma abordagem top-down, embora seja mais
rápida, tende a produzir resultados inferiores, pois, é impositivo e não conta com a
participação dos gestores responsáveis pelo cumprimento dos objetivos e das metas
operacionais. Por outro lado, a abordagem bottom-up é mais participativa mas
demanda mais tempo, pois pode envolver objetivos setoriais conflitantes com os
objetivos corporativos.
De acordo com Rasmussen (2000), a escolha da abordagem é
extremamente importante, pois, influencia diretamente o sucesso do processo
orçamentário. A escolha da abordagem depende do tempo disponível e da duração
do ciclo orçamentário. Depende da estrutura da organização, da complexidade do
orçamento, da habilidade do administrador em conduzir o processo e, da tecnologia
e ferramentas disponíveis.
Geralmente, uma abordagem híbrida (colaborativa) tende a ser o melhor
método, por aproveitar o melhor das duas abordagens.
Em relação ao ciclo de planejamento, conforme o gráfico abaixo, 16% das
empresas pesquisadas utiliza um master budget com rolling forecasts, isto é, um
modelo que composto por um orçamento anual com revisões periódicas. A maioria
das empresas continua usando a abordagem clássica do ciclo anual (75%).
119
GRÁFICO 9 Ciclo de planejamento.
O tempo de processo relacionado desde a preparação planejamento
orçamentário até a sua finalização consome em média entre 3 e 4 meses. O
processo colaborativo ficou entre os níveis de 3 - 4 meses (87%) e 4 - 5 meses (9%).
O top-down se concentrou principalmente entre 2 - 3 meses (79%).
Tabela 5
Tempo gasto no processo orçamentário
75%
0%
4%
5%
16%
Anual Semestral Trimestral Mensal Anual /
Rolling
Ciclo de Planejamento / Orçamento
Tempo gasto na preparação do orçamento
(Meses)
< 2
2 - 3
3 - 4
4 - 5
> 5
Colaborativo 0% 2% 87% 9% 2%
Top-Down 5% 79% 15% 1% 0%
Bottom-Up 1% 5% 75% 15% 4%
120
As empresas dedicam um tempo considerável para o orçamento e
planejamento como também com as revisões periódicas. O tempo consumido da
área financeira no processo orçamentário e suas revisões ficaram em média entre
31 e 40%, enquanto que os executivos gastam de 21 a 30% do seu tempo na
preparação e revisões do orçamento. Este percentual diminui em relação ao
tamanho da empresa e organizações com menos de 500 funcionários apresentaram
um tempo entre 11 e 20%. As empresas acima de 5000 funcionários apresentaram
maiores consumo de tempo, 76% delas consomem entre 31 40% e 21% das
mesmas entre 41 50%, principalmente as organizações com a abordagem
colaborativa.
Tabela 6 Tempo consumido pela área financeira no processo orçamentário e revisões.
Quanto à revisão dos resultados, a média ficou entre 21 30 horas.
As empresas menores apresentaram despender menos tempo nas revisões,
consistente com sua avaliação sobre o tempo gasto no processo de planejamento.
3.5 ACURACIDADE DAS INFORMAÇÕES
A acuracidade do orçamento é muito importante para a performance de uma
organização. A empresa deve ter controles e ferramentas apropriadas à disposição
Tempo consumido no processo orçamentário e revisões
(em %)
< 10
11-20
21-30
31-40
41-50
> 50
Média 12% 26% 29% 13% 10% 12%
Executivos 13% 27% 30% 13% 9% 8%
Outros Cargos 9% 24% 26% 14% 11% 15%
121
com o objetivo de fornecer credibilidade ao processo e, como visto anteriormente, as
planilhas eletrônicas mostram ser as ferramentas mais inapropriadas ao processo.
Conforme podemos observar no gráfico abaixo, considerando a escala de 1
a 5, a média ficou em 2.8. As empresas que utilizam softwares dedicados
apresentaram um grau de acuracidade maior chegando a 3.9. Do total, 45% das
respostas apontaram uma acuracidade acima da média, enquanto que 24%
permaneceram abaixo.
GRÁFICO 10 Acuracidade das Informações.
Relacionando acuracidade com a avaliação sobre o tempo gasto no
processo de planejamento, verificou-se que as respostas com nível 3, em relação ao
5%
19%
31%
39%
6%
1 2 3 4 5
Todos os respondentes (Média = 2,8)
Muito
Insatisfeito
Muito
Satisfeito
5%
19%
31%
39%
6%
1 2 3 4 5
Todos os respondentes (Média = 2,8)
Muito
Insatisfeito
Muito
Satisfeito
122
tempo gasto no planejamento, tiveram uma avaliação mais alta da acuracidade que
as respostas situadas nos extremos.
Conforme Ventana (2004), a acuracidade é um dos mais importantes
objetivos que as empresas deveriam ter para seu processo de planejamento
orçamentário. A acuracidade tem um importante papel em relação a correta
alocação de recursos para as atividades que produzirão os retornos mais altos e
garante que haverá um caixa adequado para saldar as obrigações da companhia. A
acuracidade é crítica para a eficácia da gestão de performance. Organizações que
gastam muito tempo checando se os cálculos e as fórmulas estão corretos, como
também, em tarefas mecânicas de consolidação de orçamentos departamentais e
das unidades de negócios, freqüentemente não têm tempo para assegurar que o
budget é consistente com os objetivos estratégicos da companhia.
A acuracidade no planejamento deve incorporar um nível ótimo de detalhes
com o objetivo de fornecer à administração um quadro claro de que direção à
organização está tomando. Os detalhes devem corresponder às informações
relevantes que os executivos devem controlar e que serão utilizadas para medir a
performance.
Segundo a Ventana (2004), existem quatro níveis de acuracidade. O
primeiro se relaciona com a acuracidade de números e fórmulas, que é básico para
o processo orçamentário. O segundo nível envolve a precisão e a granularidade do
plano em relação ao tempo e recursos disponíveis. O terceiro refere-se ao grau de
envolvimento da organização, isto é, o plano é colaborativo suficientemente para
123
que o resultado final reflita tanto a visão e estratégia dos principais executivos, como
o conhecimento detalhado dos gerentes de linha em relação ao mercado, clientes
etc. O quarto nível relaciona a acuracidade com a capacidade do orçamento em
refletir a realidade dos negócios e para isso deve haver flexibilidade e agilidade no
processo para que ele se adapte rapidamente a qualquer mudança de mercado e
condições do ambiente de negócios.
3.6 AGILIDADE NA IMPLEMENTAÇÃO DE MUDANÇAS
Pode-se afirmar que as companhias capazes de reconhecer e reagir mais
rápido às mudanças no ambiente e com maior precisão, têm uma vantagem
competitiva. O ciclo orçamentário anual é um problema, pois fixa objetivos para o
ano e apesar do dinamismo do ambiente dos negócios (tanto interno como externo),
não é alterado para refletir estas mudanças e, geralmente, já são considerados
obsoletos assim que o processo orçamentário termina (HOPE at al., 2003). O
orçamento anual não é ruim, ele deveria servir de referência e ser atualizado, de
acordo com as mudanças do ambiente, isto é, ele deve ser flexível o suficiente para
refletir a realidade do jogo.
A maioria das empresas (75%) utiliza o ciclo anual de planejamento e 16%
uma combinação de orçamento anual com rolling forecasts.
124
GRÁFICO 11 Agilidade na implementação de mudanças.
Uma forma de avaliar a agilidade do processo de planejamento orçamentário
e revisões, é determinando com que rapidez as empresas reconhecem e reagem às
mudanças no ambiente. Companhias ágeis devem ser capazes de reconhecer
rapidamente os desvios em relação ao plano, fazer as intervenções apropriadas,
revisá-lo e implementar as mudanças para que este reflita a atual situação.
Os resultados mostraram que, no reconhecimento dos desvios e
implementação de mudanças rápidas, 28% do total estão acima da média e 37%
abaixo.
12%
25%
35%
24%
4%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
12%
25%
35%
24%
4%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
125
Enfim, de acordo com Ventana (2004), agilidade se relaciona à velocidade
do ciclo de tomada de decisão. A agilidade organizacional é uma função dos
gestores e sua habilidade, em, consistentemente, entender as fontes dos desvios de
performance antecipadamente, tomar decisões rapidamente e implementar planos
com antecedência e com maior eficiência.
Tanto da agilidade como para a acuracidade, também se relacionam aos
investimentos das empresas em ferramentas mais adequadas de planejamento e
reporting.
3.7 CONSISTÊNCIA EM RELAÇÃO AOS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
Um dos principais elementos da gestão de performance, associado ao
planejamento orçamentário, é o alinhamento da alocação de recursos com os
objetivos estratégicos. De acordo com a pesquisa, aproximadamente dois terços dos
participantes acreditam que há alinhamento. Do total, conforme gráfico abaixo, 31%
responderam não acreditar que o orçamento era consistente com os objetivos
estratégicos da companhia.
126
GRÁFICO 12 Consistência em relação aos objetivos estratégicos.
Foram encontradas poucas variações em função do tamanho das empresas
e funções. Isto quer dizer que a maioria das empresas considera que o orçamento é
um resultado da estratégia e não o contrário.
A pesquisa demonstrou que as companhias que usam aplicações dedicadas
alcançam maior consistência (81% dos respondentes).
3.8 PRINCIPAIS FALHAS NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO
Do total, 42% dos respondentes acreditam que a maior falha das
organizações se refere ao processo de execução, 30% acham que todo o processo
deve ser repensado, 18% creditam a falha ao planejamento e 10% ao controle.
69%
31%
SIM NÃO
O orçamento é consistente em relação aos objetivos estratégicos ?
127
GRÁFICO 13 Principais falhas no processo de planejamento.
Segundo Hrebiniak (2005), fazer a estratégia funcionar é mais difícil do que
criar a estratégia. A execução é essencial para o sucesso. Ela representa um
processo disciplinado ou um conjunto lógico de atividades conectadas que permite
que uma organização utilize uma estratégia e a faça funcionar. Hrebiniak comenta
que um problema básico que se atualmente é que os administradores sabem
mais sobre formulação do que a implementação da estratégia. Eles são treinados
para planejar, e não para executar planos.
O planejamento e a execução são interdependentes e fazem parte de uma
abordagem de gestão integrada e estratégica. Falhar na execução significa falhar na
implementação da estratégia. As empresas necessitam criar uma cultura de
18%
42%
10%
30%
Planejamento Execução Controle Deve ser
Repensado
Principais falhas no processo de planejamento
128
execução que é um processo efetivamente ligado à liderança e um elemento chave
à sobrevivência.
A melhoria do processo também está relacionado à liderança, que deve
buscar melhoria continua em todo o sistema de modo que este seja mais efetivo,
eficiente e alinhado à estratégia e aos objetivos da organização.
3.9 COMUNICAÇÃO
Do total dos participantes, somente 32% responderam estar acima da média
(níveis 4 e 5), ficando 51% na média (nível 3) e o restante nos níveis 1 e 2.
GRÁFICO 14 A estratégia é claramente comunicada ?
7%
10%
51%
28%
4%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
7%
10%
51%
28%
4%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
A estratégia é claramente comunicada ?
129
Conforme comentado anteriormente por Welsch (1983), a comunicação
pode ser visualizada como o elo que liga os elementos humanos de uma empresa e
considerando que, uma das principais finalidades da administração é o
estabelecimento de objetivos e planos para a empresa e, posteriormente, a
formulação dos meios e instrumentos para alcançar esses objetivos, é fundamental
que estes sejam comunicados, em conjunto com seus modos de realização, a toda a
organização para que haja uniformidade de esforço no sentido de atingi-los. A
comunicação também é essencial à coordenação. A necessidade de intercâmbio
contínuo de planos, políticas e idéias, bem como de dados sobre suas alterações,
também é um aspecto essencial porque dá ênfase ao planejamento realista, ao
controle dinâmico, fornecendo bases para a harmonização, sincronização e
uniformização de esforços em termos permanentes, o que significa que
coordenação efetiva.
Em relação ao compartilhamento da visão, missão e valores, a distribuição
foi muito parecida, onde 35% acredita que existe uma comunicação adequada
(níveis 4 e 5) e 55% permaneceu na média.
130
GRÁFICO 15 A visão, missão e valores são compartilhados ?
De acordo com Axson (2003), a cultura é um dos mais ambíguos aspectos
de qualquer organização. Muitas companhias citam suas culturas como sendo o
elemento mais crítico para seu sucesso, mais importante inclusive que qualquer
produto ou serviço. Cultura é a soma de todos os princípios, comportamentos e
valores que guiam, todos os dias, as ações das pessoas em uma organização. O
desenvolvimento das declarações de visão, missão e valores ajudam a descrever o
tipo de cultura que uma organização está buscando.
Para Axson (2003), visão, missão e valores são ferramentas valiosas para
estabelecer uma direção para a organização. São poderosos inputs para o processo
do planejamento estratégico. Coletivamente, ajuda a guiar o comportamento e criar
um processo comum de linguagem e comunicação. Estas ferramentas ajudam a
2%
8%
55%
27%
8%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
2%
8%
55%
27%
8%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
A visão, missão e valores são compartilhados ?
131
organização na definição de um conjunto de comportamentos, que podem acelerar a
tomada de decisão e a execução da estratégia. Estes comportamentos refletem a
habilidade de criar uma cultura interna forte, baseados em um conjunto de objetivos
e valores compartilhados que direcionam a performance organizacional todos os
dias.
3.10 FERRAMENTAS E SISTEMAS DE GESTÃO
A pesquisa revelou que entre as principais ferramentas utilizadas estão a
gestão baseada em valor (72%), seguida pelo Balanced Scorecard / Mapas
Estratégicos (66%). Somente quatro empresas mencionaram o Beyond Budgeting
como uma prática utilizada.
De acordo com Herrero (2005), a Gestão Baseada em Valor é uma
metodologia utilizada para avaliar até que ponto uma estratégia de negócios,
desenvolvida e implementada pela alta administração de uma organização, está
contribuindo (ou não) para aumentar o valor de mercado da empresa e gerar valor
econômico para os acionistas.
Em relação aos projetos do Balanced Scorecard, entendidos como a
formulação e a implementação de novas estratégias de negócios, a Gestão Baseada
em Valor pode ser considerada, conforme Herrero (2005), um importante fator para
se medir o sucesso das iniciativas derivadas do processo estratégico.
132
3.11 REMUNERAÇÃO E COMPORTAMENTO DOS EXECUTIVOS
Quase a totalidade dos respondentes (93%), indicou que a remuneração
variável dos executivos está vinculada ao atingimento do orçamento. Destes, 71%
considera que as metas definidas no orçamento são desafiadoras.
GRÁFICO 16 A remuneração varvel está vinculada ao orçamento?
93%
7%
SIM O
A remuneração variável está vinculada
o orçamento ?
133
GRÁFICO 17 As metas orçamentárias são Desafiadoras / Conservadoras?
Quanto ao orçamento ser um acordo negociado, 25% respondeu que
consideram o orçamento um acordo negociado (nível 4 e 5), 17% discorda (nível 1
e 2) e 58% ficou na média (nível 3).
GRÁFICO 18 O orçamento é um acordo negociado?
71%
29%
Desafiadoras Conservadoras
As metas definidas no orçamento são:
6%
11%
58%
14%
11%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
6%
11%
58%
14%
11%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
O orçamento é um acordo negociado ?
134
Como referenciado na revisão da literatura, segundo Welch (2005), os
orçamentos são um exercício de minimização, isto é, todos lutam pelo menor
denominador comum quando deveriam pensar em aumentá-lo. O processo
orçamentário é a prática mais ineficaz de gestão, serve para absorver energia,
tempo, diversão e os grandes sonhos da organização, oculta oportunidades, impede
o crescimento, além de ensejar os procedimentos mais improdutivos, como
manipulação de números, definição de objetivos medíocres e métodos de
orçamentação Acordo Negociado, enfim, é um processo desenvolvido da maneira
errada.
Em relação a se as metas definidas para o orçamento podem levar a um
comportamento inadequado dos gestores em atingi-las, 69% ficou na média (nível 3)
e a diferença ficou quase que igualmente dividida entre os níveis 1 e 2 (22%) e os
níveis 4 e 5 (19%).
GRÁFICO 19 As metas orçamentárias podem levar a um comportamento inadequado?
5%
17%
69%
12%
7%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
5%
17%
69%
12%
7%
1 2 3 4 5
Discordo
Concordo
As metas orçamentárias podem levar a um comportamento
inadequado dos gestores em atingí-las ?
135
Estas questões são as principais críticas em relação ao atual processo
orçamentário, pois, subentende-se manipulação e negociação de metas,
principalmente quando estas são definidas para o ano do orçamento e se tornam
uma espécie de contrato fixo anual.
Jensen (2001, p.96) afirma que o processo de elaboração dos orçamentos
corporativos é uma piada, e todos sabem disso. Consome um tempo absurdo dos
executivos, forçando-os a passar por intermináveis e enfadonhas reuniões e tensas
negociações. Encoraja os gerentes a mentir e a enganar, depreciando objetivos e
supervalorizando resultados e os penaliza quando dizem a verdade. Converte
decisões comerciais em elaborados exercícios na arte de jogar. Transforma colegas
de trabalho em concorrentes, criando desconfiança e -vontade. E deturpa
incentivos, motivando pessoas a agir de forma contrária aos interesses da empresa
em que trabalham.
Segundo Jensen (2001), num sistema tradicional de incentivo que premia o
desempenho, a recompensa total em dinheiro de um gerente (salário mais bônus) é
constante até que um patamar mínimo de desempenho seja alcançado
geralmente, 80% da meta orçada. Quando ultrapassa o patamar definido, o gerente
recebe um bônus, geralmente substancial. Conforme a marca anterior vai sendo
superada, o bônus aumenta, até atingir o nível máximo 120% da meta é o comum.
Os nós na linha do desempenho recompensado causados pelo bônus do
patamar mínimo e pelo limite máximo criam fortes incentivos para burlar o sistema.
Uma vez que o gerente acredita poder atingir o patamar mínimo, ele naturalmente
136
dará o melhor de si mesmo para superar o desempenho por meios legítimos ou, se
for preciso, ilegítimos. Se a medida for o lucro, ele terá um grande incentivo para
aumentar os ganhos do ano corrente à custa dos ganhos do ano seguinte, jogando
despesas para o futuro ou trazendo receitas futuras para o presente. Se o gerente
conclui que não pode alcançar o patamar mínimo, seus propósitos mudam
radicalmente. Agora seu objetivo é levar ganhos do presente para o futuro
(adiantando despesas e postergando vendas, por exemplo), aumentando suas
chances de conseguir um bônus maior no ano seguinte. Isto também acontece se o
gerente está beirando o topo do orçamento, mais uma vez ele é estimulado a
empurrar os lucros para o futuro. Como não receberá nenhuma recompensa
adicional se seu desempenho exceder o nível máximo definido, adiantar as
despesas ou postergar as vendas não terá impacto negativo nos seus ganhos
atuais, mas aumentará a vantagem que ele colherá com os bônus do ano seguinte.
Esse incentivo perverso torna-se mais forte quando seu desempenho no ano
corrente é usado para definir as metas do próximo, como frequentemente ocorre.
Assim, de acordo com Jensen, a única maneira de resolver o problema é
desatar todos os nós da linha do desempenho recompensado, adotando um simples
programa linear de bônus. Os gerentes ainda serão agraciados pelo bom
desempenho, mas os prêmios serão independentes das metas de orçamento, isto é,
as pessoas são recompensadas pelo seu rendimento real, e não pelo que fazem em
relação ao que dizem fazer. O posicionamento e a inclinação da linha de bônus
funcionam em seqüência para determinar a quantia que um gerente recebe por certo
nível de desempenho. Ao definir a linha, os executivos tendem a focar no curto
prazo. Particularmente, posicionam com freqüência a linha baseados em seu
137
desempenho no ano anterior. Isso reduz o risco de os gerentes serem super-
recompensados por projeções de desempenho exageradamente cautelosas (um
bônus alto num ano dificulta a obtenção de outro nus alto no ano seguinte), mas
também reduz os incentivos para a melhora no desempenho. Como os gerentes
sabem que um aumento no desempenho do ano corrente resultará em metas mais
altas nos anos posteriores, a motivação de esforços extras é refreada. Uma maneira
melhor é olhar para o futuro, definindo linhas de bônus por alguns anos com base
me projeções de crescimento e lucro no longo prazo.
Em geral, é extremamente importante que as empresas modelem os
impactos econômicos de diferentes posicionamentos e inclinações para suas linhas
de bônus. Como em qualquer sistema de recompensa, o equilíbrio perfeito deve ser
definido entre os prêmios oferecidos aos funcionários e a criação de valor ou
distribuição de lucro aos acionistas.
Hope e Fraser (2003) sugerem que existem diferentes maneiras de alinhar
remuneração (bônus) com performance, todas elas evitando um contrato fixo de
performance. Uma forma é focar no sucesso da equipe em atingir uma série de
indicadores de performance, outro seria vincular o bônus individual com elementos
relacionados a diferentes unidades de negócios ou ainda optar por uma distribuição
de resultados a nível de grupo. Enfim, cada empresa pode seguir diferentes
caminhos, mas, o princípio fundamental é que elas não vinculem o bônus a metas
acordadas e fixadas antecipadamente.
138
Hope e Fraser (2003), através do modelo Beyond Budgeting, definem como
um de seus princípios essenciais o estabelecimento de metas baseado em derrotar
a concorrência ao invés de atingir o orçamento. Adotar metas relativas ao invés de
absolutas e basear estas metas em indicadores de performance e benchmarks
externos para encorajar os gerentes a perseguir objetivos estratégicos e financeiros.
O Balanced Scorecard também é usado como base para remuneração de
desempenho. Ele é um meio direto de mensurar e recompensar contribuições para o
desempenho estratégico. Incentivos e medidas de desempenho objetivos e
claramente definidos são essenciais para a criação do ambiente motivacional
correto. Criar um Balanced Scorecard força as empresas a integrar seus processos
de planejamento estratégico e de orçamento e, fortalecer um vínculo entre o curto e
longo prazo. A partir daí estabelecer uma remuneração que envolve tanto as metas
de curto prazo como também o desempenho estratégico que leva ao sucesso de
longo prazo, é fundamental.
139
4 CONCLUSÃO
Em relação ao Beyond Budgeting, este tem dois elementos fundamentais
que são os novos princípios de liderança baseados no empowerment dos gerentes e
colaboradores e o gerenciamento de processos mais adaptativo. Estes princípios de
liderança devem destravar o potencial de gerentes e colaboradores, capacitando a
organização a reagir de forma apropriada e tão pido quanto possível às novas
oportunidades e riscos do mercado.
O CAM-I BBRT Modelo Beyond Budgeting vai além de uma perspectiva de
controle, é muito mais um conceito de gerenciamento. Rolling forecasts, planos
operacionais flexíveis, monitoramento continuo de desempenho são as ferramentas
dos controles para este suporte. Beyond Budgeting apresenta uma abordagem
radical e sua implementação requer o comprometimento e o apoio de toda a
gerência.
O conceito de Beyond Budgeting ainda é muito novo e ainda têm traços de
modismo. É muito dependente das pessoas e com certeza não é aplicável a muitas
culturas. A aplicação do conceito de change management e reengenharia de
processos é muito importante para seu sucesso, principalmente no estabelecimento
do ambiente e culturas que guiem o comportamento das pessoas na direção desta
filosofia.
140
Muito se fala sobre a necessidade de uma reengenharia do processo de
planejamento. A maior frustração é usualmente expressa em termos de tempo gasto.
Continua-se questionando a validade do orçamento em termos de custo-benefício,
pois, efetivamente ele falha em entregar o que ele se propõe. Questões referentes a
ciclo de planejamento, tempo, flexibilidade, acuracidade, alinhamento à estratégia,
medição e controle, são questões tratadas muito tempo, como visto ao longo do
trabalho. O que se verifica, principalmente, é a falta de integração de peças
fundamentais no processo de gestão das organizações, que falham na construção e
comunicação de sua visão, missão e valores, no encadeamento entre a formulação
da estratégia com a integração de todo o sistema de planejamento e, finalmente, na
formação de uma cultura mais determinada em fazer a estratégia acontecer.
O planejamento orçamentário deve ser um processo colaborativo e os
executivos e gerentes devem usá-lo no sentido de ter um diálogo estruturado sobre
a direção futura da organização.
O processo de planejamento orçamentário deve promover a acuracidade,
aumentar a agilidade e a flexibilidade organizacional e, aprofundar o conhecimento
de todos os envolvidos. Principalmente, o processo de planejamento e orçamento
deve buscar melhoria contínua e estar cada vez mais sintonizado em relação ao
ambiente dinâmico dos negócios.
De acordo com a pesquisa, uma grande parte das empresas falha na
utilização desse processo para um gerenciamento de performance mais efetivo. Elas
não utilizam esta ferramenta para promover um melhor e mais adequado processo
141
de comunicação e coordenação entre os vários veis e áreas funcionais da
administração, falham em relação ao seu alinhamento com a estratégia
organizacional, na execução dos planos, na agilidade de promover mudanças
rápidas de curso para refletir a realidade do ambiente, não apresenta o nível de
acuracidade necessário para garantir a confiabilidade no processo e não utiliza
ferramentas adequadas para a gestão da performance organizacional.
142
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AAKER, David A.; KUMAR, V.; DAY, George S. Marketing research. New York: John
Wiley & Sons, 1990.
ACCENTURE. Planning for Value. White Paper, 2001. Disponível em:
http://www.accenture.com.
ACKOFF Russel L. A concept of Corporate Planning. New York: John Wiley & Sons,
1970.
ADAPTATIVE PLANNING. Spreadsheets: An Inadequate Solution for Budgeting,
Forecasting and Reporting. White Paper, 2005. Disponível em
http://www.adaptativeplanning.com
ANDREWS, Kenneth. The Concept of Corporate Strategy. Homewood: Irwin, 1971.
ANSOFF, Igor. Estratégia Competitiva. São Paulo: Makron, 1984.
AXSON, David A. J. Best Practices in Planning and Management Reporting. New
York: John Wiley & Sons, 2003.
BBRT - BEYOND BUDGETING ROUND TABLE. Disponível em: http://www.bbrt.org.
BEAUFRE, André. Introdução à Estratégia. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército,
1998.
BERGAMASCHI, Sidnei. Um estudo sobre Projetos de Implementação de Sistemas
para Gestão Empresarial. Dissertação (Mestrado em Métodos Quantitativos), FEA-
USP, 1999.
143
__________. Modelos de gestão da terceirização de Tecnologia da Informação: um
estudo exploratório. Tese (Doutorado em Administração), FEA-USP, 2004.
BOSSIDY, Lary; CHARAN, Ram. Execução: a disciplina para atingir resultados. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2004.
BREALEY, Richard A.; MYERS, Stewart C. Principles of Corporate Finance. 3ª. ed.
New York: McGraw-Hill, 1988.
CATELLI, Armando (coordenador). Controladoria: uma abordagem da gestão
econômica GECON. São Paulo: Atlas, 1999.
CHANDLER JR., Alfred. Strategy and Structure: Chapters in the History of the
Industrial Enterprise. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1962.
__________. Scale and Scope: The Dynamics of Industrial Capitalism. Cambridge,
Mass.: Belknap Press of Harvard University Press, 1990.
CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento Estratégico. São Paulo: Campus, 2004.
__________. Administração nos Novos Tempos. 2ª.ed. São Paulo: Elsevier, 2005.
DAUM, Jurgen. Beyond Budgeting: A Model for Performance Management and
Controlling in the 21st Century? German newsletter, Controlling & Finance. July,
2002.
DRUCKER, P. The Practice of Management. New York, Harper, 1954.
__________. Introdução à Administração. São Paulo: Pioneira, 1984.
FONSECA, Jairo S.; MARTINS, Gilberto A. Curso de Estatística. 4 ed. São Paulo:
Atlas, 1993.
144
GHEMAWAT, Pankaj. Strategy and The Business Landscape. New Jersey: Prentice
Hall, 2006.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harper,
1984.
__________. Principles of Managerial Finance. New York: Harper, 1994.
HAIR, Joseph; BABIN, Barry; MONEY, Arthur; SAMOUEL, Phillip. Fundamentos de
Métodos de Pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman, 2005.
HANDELSBANKEN. Disponível em: http://www.handelsbanken.se.
HAMMER, Michael; CHAMPY, James. Reengenharia: revolucionando a empresa em
função dos clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência. Rio de
Janeiro: Campus, 1994.
HAMPTON, David R. Administração Contemporânea. São Paulo: McGraw-Hill, 1983.
HERRERO, Emílio. Balanced Scorecard e a Gestão Estratégica: uma abordagem
prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
HOPE, Jeremy; FRASER, Robin. Beyond Budgeting: Breaking through the barrier to
the third wave in Management Accounting. December, 1997.
__________; __________. Measuring performance in the new organizational model
in Management Accounting. June, 1998.
__________; __________. Tool of repression and a barrier to change in Financial
Times. May, 1999.
145
__________; __________. Beyond Budgeting: How managers can break free from
the annual performance trap. Massachusetts: Harvard Business School Publishing
Corporation, 2003.
HORNGREN, Charles T.; FOSTER, George; DATAR, Srikant M. Cost Accounting: a
managerial emphasis. New Jersey: Prentice Hall, 1994.
HREBINIAK, Lawrence G. Fazendo a Estratégia Funcionar. São Paulo: Bookman,
2005.
JENSEN, Michael. O orçamento não funciona. Vamos consertá-lo. In: REVISTA
EXAME. nº 764. São Paulo, 2002.
JENSEN, Michael. Corporate Budgeting is Broken Lets Fix It.. In: HARVARD
BUSINESS REVIEW. Novembro, 2001.
HORNGREN, Charles T.; FOSTER, George; DATAR, Srikant M. Cost Accounting: a
managerial emphasis. New Jersey, Prentice Hall, 1994.
HYMAN, Herbert. Design and Analysis. Illinois: The Free Press, 1957.
KAPLAN, Robert S.; NORTON David P. The Balanced Scorecard: translating
strategy into action. Boston: Harvard Business School Press, 1996.
KAPLAN, Robert S.; NORTON David P. Strategy Maps: converting intangible assets
into tangible outcomes. Boston: Harvard Business School Press, 2004.
KINNEAR, Thomas C.; TAYLOR, James R. Marketing Research: An applied
Approach. 4 ed. New York: Mcgraw-Hill, 1991.
146
KLUYVER, Cornelis A.; PEARCE II, John A. Strategy A View From The Top: An
Executive Perspective. New Jersey: Prentice Hall, 2006.
KNIGHT, Charles F.; DYER, Davis. Performance Without Compromise.
Massachusetts: Harvard Business School Press, 2007.
KOONTZ, Harold; ODONNELL, Cyril. Principles of Management and Analysis of
Managerial Functions. 4ª. ed. New York: McGraw-Hill, 1968.
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. Rio de Janeiro: Prentice-
Hall, 1993.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. São
Paulo: Atlas, 1991.
LYNCH, Richard. Corporate Strategy. London: Pitman Publishing, 1997.
MARTINS, Eliseu; ASSAF, Alexandre. Administração Financeira: as finanças das
empresas sob condições inflacionárias. São Paulo: Atlas, 1986.
MINTZBERG, Henry et al. Safári de estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2000.
MOTTA, F. C. P. Teoria Geral da Administração: Uma Introdução. São Paulo:
Pioneira, 1994.
PADOVEZE, Clóvis L. Planejamento Orçamentário. São Paulo: Thomson, 2005.
PARASURAIVIAN, A. Marketing research, 21 ed. Reading: Addison-Wesley, 1991.
PORTER, Michael E. Competitive Strategy techniques for analyzing industries and
competitors. New York: Free Press, 1980.
147
__________. Competitive advantage creating and sustaining superior
performance. New York: Free Press, 1986.
RASMUSSEN, Nils H.; EICHORN, Christopher J. Budgeting Technology, Trends,
Software selection and Implementation. New York: John Wiley and Sons, 2000.
ROSS, Spephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração
Financeira Corporate Finance. São Paulo: Atlas, 2002.
SCOTT, Cynthia D. Visão, valores e missão organizacional: construindo a
organização do futuro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.
SHIM Jae K.; SIEGEL Joel G. Budgeting Basics & Beyond. New York: John Wiley &
Sons, 2005.
SLOAN, Alfred P. My Years with General Motors. New York: Doubleday, 1963.
STONER, J. A. F. Administração. Rio de Janeiro: Prentice-Hall, 1985.
TIFFANY, P.; PETERSON, S. D. Planejamento Estratégico. Rio de Janeiro: Campus,
1998.
TREGOE, B.; ZIMMERMAN, John; SMITH, Ronald. Vision in Action. New York:
Simon and Schuster, 1989.
TRUELL, Allen D. Use of internet tools for survey research. Information Technology,
Learning, and Performance Journal, Morehead State University, Morehead, KY, v.
21, n. 1, p. 31, Spring 2003.
TULL, Donald S.; HAWKJNGS, Del I. Market research: meaning, measurement and
method: a text with cases. New York: MacMillan, 1976.
148
TUNG, Nguyen H. Orçamento Empresarial e Custo-Padrão. São Paulo: Edições
Universidade-Empresa, 1994.
VENTANA Research. Improving Finance Organization Effectiveness. Belmont, CA,
2004. Diponível em http://www.ventanaresearch.com
WELSCH, Glenn. Orçamento Empresarial. São Paulo: Atlas, 1983.
WELCH, Jack. Winning. New York: HarperCollins, 2005.
WILLSON, James D.; ROEHL-ANDERSON, Janice M.; BRAGG, Steven M.
Controllership: The work of the Managerial Accountant. New York: John Wiley &
Sons, 1995.
YUN, Gi Woong; TRUMBO Craig W. Comparative response to a survey executed by
post, email, & web form. Journal of Computer-Mediated Communication, University
Southern California, Los Angeles, CA, v. 6, n. 1, Sept. 2000.
149
6 APÊNDICES
APÊNDICE 1 Modelo do e-mail convite para participação na Survey
Prezado Sr.,
Com o objetivo de realizar um estudo acadêmico sobre o atual estágio do
planejamento Orçamentário nas organizações, venho através deste convida-lo a
participar de uma pesquisa via internet.
Clicando no link abaixo você será direcionado a um website onde lhe será solicitado
o preenchimento de um cadastro, que têm somente o objetivo de garantir a
qualidade da pesquisa e suas informações (nome e empresa), por questões éticas,
não serão divulgados. Sua senha, por motivo de segurança, será criptografada e
somente você terá acesso ao seu questionário.
Desde já agradeço a sua participação e me coloco à disposição para esclarecer
qualquer dúvida durante o processo.
Atenciosamente,
Claudio Peternella de Souza
Por favor clique no link abaixo:
http://www.redeglobal.com/questionario
150
APÊNDICE 2 QUESTIONÁRIO
151
152
153
154
155
156
157
158
159
160
161
162
163
164
165
166
167
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo