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Taylor e a Educação na Sociedade Moderna
Taylor and the Education in Modern Society.
São Paulo
Nov/2007
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RESUMO
Este trabalho propõe uma reflexão sobre o papel da escola na sociedade moderna, a partir
da análise de alguns conceitos desenvolvidos pelo filósofo canadense Charles Taylor, sob
o olhar de Araujo em sua obra: “Charles Taylor: para uma ética do reconhecimento.
Procurou-se relacionar as idéias de Taylor e Araujo com as possibilidades da escola na
atualidade, buscando uma educação menos excludente e mais humana, indispensável para
a formação integral dos indivíduos.
Palavras – Chave: Educação, Filosofia, Escola.
ABSTRACT
This paper proposes a reflection on the role of schools in modern society, from the
analysis of some concepts developed by the Canadian philosopher Charles Taylor, under
the gaze of Araujo in his work: "Charles Taylor: For an ethic of recognition." Sought to
link the ideas of Taylor and Araujo with the possibilities of the school in actuality, seeking
an education less exclusionary and more humane, indispensable for the education of
individuals.
Key Words: Education, Philosophy, School.
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Taylor e a Educação na Sociedade Moderna.
A educação, mais do que qualquer outro instrumento de origem
humana, é a grande igualadora das condições entre os homens. Dá a
cada homem a independência e os meios de resistir ao egoísmo dos
outros homens.
Faz mais do que desarmar os pobres de sua hostilidade para com os
ricos: impede-os de ser pobres. (MANN 1848 apud MARCÍLIO,
2005).
Cada indivíduo traz consigo uma história que começa antes de seu nascimento, em
um espaço-temporal pré-existente impregnado por signos e significados culturais que
influenciam e determinam a construção de seu self. Portanto, não podemos refletir as
relações humanas isoladamente, pois a pluralidade ou a singularidade dos indivíduos só se
estabelecem nas relações construídas dentro do contexto sócio-cultural lingüístico em que
habitam.
Ao buscar uma educação menos excludente e mais humana, considerando-a
indispensável para a formação integral dos indivíduos, propomos uma reflexão sobre o
papel da escola na sociedade moderna, a partir da análise de alguns conceitos
desenvolvidos pelo filósofo canadense Charles Taylor, sob o olhar de Araujo em sua obra:
“Charles Taylor: para uma ética do reconhecimento”.
Pensar a escola como parte de um ambiente já estabelecido possibilita por meio de
uma determinada configuração cultural levantar algumas questões: Que escola é essa?
Quais são os conteúdos significativos e indispensáveis para uma educação que busca a
construção da identidade moral dos sujeitos? Quem o estes sujeitos e à que contexto
(grupo humano) eles pertencem? Essa escola pode ser universal?
Responder estas indagações é um dos desafios da Educação Hoje, que deve ter em
sua base o reconhecimento dos direitos coletivos de todos os povos do planeta.
Para interpretar os grupos humanos das sociedades contemporâneas, Taylor tenta
superar a visão cientifica kantiana, na qual o agente humano realiza suas ações fundadas
simplesmente na racionalidade das ciências modernas. A partir da expressividade
desenvolvida no romantismo alemão, Taylor elabora conceitos relativos à problemática
das ações humanas, compreendendo-as como formas de identidades morais que se
posicionam no espaço público. Com isso, ele constrói um pensamento filosófico ético-
político-cultural que compreende as questões humanas a partir dessa expressividade.
A expressão é considerada pelo filósofo canadense um dos elementos
fundamentais para compreendermos a estruturação da sociedade moderna; para ele,
expressar-se é antes de tudo uma reação humana associada ao modo de sentir ou
experimentar o mundo - é a interpretação do mundo feita pelo agente humano que o faz
interpretar a si próprio.
Tal expressão ocorre por meio da linguagem. A partir da linguagem o indivíduo é
capaz de dialogar, expressando o que está sentindo em sua interioridade, para Araujo
(2004) é na/pela linguagem que o homem ganha a capacidade de expressar a si mesmo e
de reconhecer significativamente a expressão do outro.
Ao considerar que todo indivíduo pertence a um “grupo” (pré-existente), com o
qual interage e se constrói, Araujo afirma que a expressão do agente está ligada à
comunidade sócio-cultural de sua origem (fontes do self - isto é, das suas fontes culturais
que estruturam o seu self), e suas experiências mesmo sendo particulares estão vinculadas
às suas bases ontológicas, ou seja: a identidade do indivíduo é resultado do intercâmbio
com o outro, a construção dessa identidade se dá de maneira dialógica, na dependência da
relação com o outro e dentro de um contexto. Deste modo: “O intercâmbio gerado pela
linguagem entre os indivíduos leva-os a compreender que a construção das suas
identidades passa pela contribuição significativa de terceiros” (ARAUJO, 2004, p.176).
As ações e os pensamentos do agente (sua identidade) estão carregados de
significados próprios, resultados de suas relações com o contexto em que vive. Daí a
crítica de Taylor à ciência, pois esta desconsidera as particularidades da vivência do
agente, universalizando as ações humanas e ignorando as experiências da identidade
(self).
Taylor define identidade como “a compreensão daquilo que tem importância
crucial para nós”, é a posição que escolhemos tomar diante do mundo. Fará parte da
minha identidade, além das minhas características físicas, origem, educação, etc, uma
linhagem, o grupo de pessoas no contexto do qual participo e me orgulho, com quem me
identifico e com determinadas qualidades as quais valorizo e possuo. As ações realizadas
por nós (agentes humanos) revelam nossa identidade, que compreendemos a partir da
reflexão.
Para interpretar-se e construir sua identidade, o agente humano faz avaliações de
seus desejos e de seu modo de agir, Araujo tendo em Taylor sua fundamentação, analisa a
avaliação dos indivíduos de duas maneiras: avaliação fraca e avaliação forte.
Para ele, a avaliação fraca tem tendências utilitaristas e está simplesmente ligada
ao desejo individual quantitativo do agente, limitando-se a preferências sentimentais e
desconsiderando questões relacionadas ao sentido valorativo da ação. Como declara:
Na avaliação fraca, para algo ser julgado como bom (good) é necessário
somente que seja desejado. Não há, assim, o comprometimento com as
formas valorativas que podem constituir o próprio desejo. (ARAUJO 2004,
p.87).
Já a avaliação forte está pautada no valor qualitativo dos desejos, o agente
percebe que o que está em jogo com o seu modo de agir é a construção de sua identidade
humana. Sendo assim, Araujo caracteriza a avaliação forte como: “modo reflexivo dos
desejos” fazendo uma relação entre desejos e valor, qualificando os desejos como
expressões valorativas da identidade do sujeito humano. “Ser um avaliador forte é, então,
ser capaz de uma reflexão que é mais articulada. Mas tal reflexão está também num
sentido de profunda importância” (ARAUJO, 2004, p. 92).
Sob estas considerações retomaremos uma questão: Como a educação escolar
pode contribuir para a formação moral do agente humano, como avaliador forte, na
Sociedade Moderna?
Os desafios da atualidade estão marcados por crises e incertezas que denunciam a
fragilidade e a insuficiência dos ideais da modernidade, provocando interrogações e
sugerindo novas reflexões e buscas.
Neste contexto, a escola compreendida como instituição sócio-cultural lingüística,
encontra-se em um momento de auto-avaliação, que acabará redirecionando suas atitudes
frente ao novo. Se pensarmos a Educação como um projeto que estabelece relações entre
passado/presente/futuro, podendo ser revisto e construído de maneira aberta e flexível,
encontramos sua justificativa em transcender o presente na busca de sociedades mais
justas.
A modernidade caracteriza-se pela insatisfação que nos move a
aperfeiçoar o existente, a criar, a perceber, a distribuir e a satisfazer
necessidades. Se todos estamos satisfeitos, não há movimento.
(HELLER 1998 apud SACRISTÁN, 2000)
Hoje, o que caracteriza o universo escolar é a pluralidade cultural, no plano
pedagógico a escola vem sendo “convidada” a reconhecer os diferentes sujeitos
socioculturais presentes em seu ambiente, precisando buscar elementos que facilitem o
desenvolvimento das habilidades necessárias para compreensão dessa diversidade
cultural.
Repetir o erro do passado e continuar buscando uma escola única, obrigatória e
inclusiva, só faz aumentar o número de excluídos; necessitamos de espaços de produção
de informação e conhecimento de identidades, práticas culturais e sociais; ambientes que
promovam uma educação verdadeiramente intercultural e possibilitem o reconhecimento
da diversidade e realidade do outro. Para Imbernón (2000, p.82): “[...] assumir a
diversidade supõe reconhecer o direito à diferença como um enriquecimento educativo e
social”.
Parece necessário considerar e possibilitar que a escola seja um lugar para busca,
construção, desafio, prazer, diálogo, descoberta de possibilidades de expressão e
linguagens. Este novo olhar para a escola, permite a inclusão de novas perspectivas
educacionais, podendo ir além da visão de escola somente transmissora de conhecimentos
conceituais, pois também são conteúdos escolares os valores estéticos, as atitudes morais
e sociais, etc. Daí a escola promover situações de aprendizagem que realmente
contribuam para o desenvolvimento integral do indivíduo, propiciando um ambiente de
diálogo entre diferentes linguagens e saberes (científico, social, escolar), possibilitando
que o agente (aluno) reflita sobre suas ações e pondere seus desejos a partir das avaliações
fortes, que como vimos anteriormente, colaboram para a construção de sua identidade.
O reducionismo das ações humanas, seja por sentimentos
preferenciais, seja por formas racionais limitadas ao cálculo, leva a
cultura moderna a ocultar a questão das configurações morais que
fazem o homem, como agente, avaliar o que é uma ação moralmente
superior à outra. (ARAUJO, 2004, p.98).
A escola não é uma instituição neutra, ela é um fator para a inclusão ou exclusão
dos indivíduos, é principalmente a partir da educação que recebemos que nos tornamos
cônscios e capazes de refletirmos sobre nossas ações. É por isso que esperamos para o
futuro (próximo) uma educação mais aberta, democrática, consciente e menos excludente;
e este será nosso desafio para a educação do séc. XXI.
Para o amanhã – referenciais mais humanos - abandono de utopias fechadas/
verdades incontestáveis – pois no passado, estas não alcançaram suas promessas...
Bibliografia:
Livros:
ARAUJO, Paulo Roberto M. de. Charles Taylor: para uma ética do reconhecimento. São Paulo: Loyola,
2004.
FORQUIN, Jean Claude. Escola e Cultura: As bases epistemológicas do conhecimento escolar. Porto
Alegre: Artmed, 1993.
IMBERNÓN, Francisco (Org). Educação no Séc. XXI. Porto Alegre: Artmed, 2000.
MARCÍLIO, Maria Luiza. História da Escola em São Paulo e no Brasil. São Paulo: Imprensa oficial do
Estado de São Paulo, 2005.
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Mestranda em Educação, Arte e História da Cultura Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
Autor: Marina Salles Leite Lombardi Marques
CPF: 218367748-18
Tel: 15 32718231 ou 15 97074129
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