
A SAÚDE NO BRASIL. Representação da OPS/OMS no Brasil, 1998.
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percebidos por pretos e pardos, contingente que representa 45% da população do país e cujo salário médio
correspondeu, em 1990, a 68% dos recebidos pelos brancos.
A análise das disparidades regionais de renda, realizada para o início da década de 1990
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, mostra certa
hierarquia da pobreza, uma pirâmide em cuja base se situam os estados mais pobres - todos pertencentes à
região Nordeste - e no ápice o estado de São Paulo, acompanhado pelos do extremo sul do país (Rio Grande do
Sul e Santa Catarina). Os estados do Nordeste, por sua vez, distribuem-se em três subestratos de renda: o
inferior é constituído pelos estados mais pobres do meio-norte (Piauí e Maranhão), seguindo-se os do nordeste
central (Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas) e, em melhor situação, os estados de
Sergipe e Bahia. Na média brasileira, os pobres (indivíduos cuja renda familiar per capita situa-se abaixo da
linha de pobreza) constituíam 30,2% da população, 45,1% dos quais estavam situados na região Nordeste.
Nas médias regionais, a região Nordeste apresenta-se com 45,8% de pobres na composição de sua população
total, seguindo-se as regiões Norte, com 43,2%; a Centro-Oeste, com 24,8%; a Sudeste, com 23,0%; e a Sul,
com 20,1%.
A pobreza assume múltiplos aspectos no Brasil, resultantes de diversidades de ordem física, econômica e
social. É possível identificar dois pólos críticos de pobreza, diametralmente opostos nas suas características: a
região Nordeste (particularmente o nordeste rural) e as metrópoles do Sudeste (em especial as periferias
urbanas de São Paulo e Rio de Janeiro). A pobreza nordestina é típica de sociedades tradicionais à margem do
crescimento urbano-industrial. Em contrapartida, a pobreza nas metrópoles do Sudeste está associada, social e
economicamente, à participação dessa região como centro dinâmico da economia nacional. No Nordeste, o
tamanho das famílias pobres é maior, a maioria dos chefes de família é analfabeta e a condição de ocupação é
“por conta própria”. Nas metrópoles, o tamanho das famílias pobres é menor, a chefia feminina é de 29%, os
chefes analfabetos são 19% e a condição de ocupação é no comércio e serviços.
O perfil da educação apresentou melhoria significativa nas últimas décadas, com redução do analfabetismo,
aumento do número de matriculados e crescimento da escolaridade média da população. Em 1991, a taxa de
escolarização era de 73,2% no grupo etário de 5-17 anos, variando de 81% nas famílias com mais de dois
salários mínimos de renda mensal per capita, para apenas 37% na população pobre. Na idade entre 7 e 14
anos, as variações para as mesmas faixas de renda apresentavam-se entre 75% e 97%, com desigualdades
evidentes também quanto à situação do domicílio (90% de escolaridade nos domicílios urbanos e 72% nos
rurais). Entre 1991 e 1995
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, a proporção de crianças de 7 a 14 anos que não freqüentavam a escola decresceu
de 16% para 10% em termos médios nacionais, continuando a ser mais elevada na região Nordeste (15%). A
taxa de analfabetismo no grupo etário de 10-14 anos reduziu-se, na média nacional, de 14% em 1991 para
10% em 1995, inclusive na região Nordeste, onde baixou de 33,0% para 23,9%, embora ainda se mantenha em
forte contraste com a taxa de 1,9% verificada na região Sul. Estima-se que, em 1995, 23,3% do total de
analfabetos nessa faixa etária concentravam-se na população rural do país, proporção que atingia 36% no
Nordeste. Nesse mesmo ano, 15,6% da população com 15 ou mais anos de idade eram analfabetas, com
equivalente distribuição por sexos
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. Em 1995, a proporção de mulheres com pelo menos o segundo grau
concluído foi dois pontos percentuais superior à de homens, o que se reflete na força de trabalho, em que 25%
da população feminina ocupada tinha concluído pelo menos o segundo grau, contra apenas 17,3% da
masculina
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.
O trabalho de menores de idade também interfere no perfil educacional. Em 1991, nos grupos de renda mais
baixa (inferior a meio salário mínimo per capita), 15% das crianças na faixa de 10 a 14 anos trabalhavam
além de estudar, e 12,3% apenas trabalhavam. Entre adolescentes de 15 a 17 anos, esses percentuais eram de
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FUNDAÇÃO IBGE. Diretoria de Pesquisas. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD. Síntese de
indicadores 1995. 135 páginas. Rio de Janeiro, 1996.
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FUNDAÇÃO IBGE. Diretoria de Pesquisas. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD. Rio de Janeiro,
1996 (percentual calculado a partir de dados brutos, disponíveis na homepage do IBGE).