
atender ao aumento dos salários em dinheiro. Com este processo poderia ser mobilizado o milhão
adicional exigido por um aumento de 50 por cento nos salários, sem que se acrescentasse um único
soberano ao meio circulante. E o mesmo resultado seria obtido sem que fosse preciso emitir uma só nota
de banco adicional, com o simples aumento de circulação de letras de câmbio, conforme ocorreu no
Lancashire, durante rnuito tempo.
Se uma elevação geral da taxa de salários, vamos dizer, de uns 100 por cento, como supõe o cidadão
Weston relativamente aos salários agrícolas, provocasse urna grande alta nos preços dos artigos de
primeira necessidade e exigisse, segundo os seus conceitos, uma soma adicional de meios de pagamento,
que não se poderia conseguir logo, uma redução geral de salários deveria provocar o mesmo resultado em
idêntica proporção, se bem que em sentido contrário. Pois bem, sabeis todos que os anos de 1858 a 1860
foram os mais favoráveis para a indústria algodoeira e que, sobretudo, o ano de 1860 ocupa a este respeito
um lugar único nos anais do comércio; foi também um ano de grande prosperidade para os outros ramos
industriais. Em 1860, os salários dos operários do algodão e dos demais trabalhadores relacionados com
esta indústria chegaram ao seu ponto mais elevado até então. Veio, porém, a crise norte-americana e todos
estes salários viram-se de pronto reduzidos aproximadamente à quarta parte do seu montante anterior. Em
sentida inverso isto teria significado um aumento de 300 por cento. Quando os salários sobem de 5 para
20 xelins dizemos que sobem 300 por cento; se baixam de 20 para 5, dizemos que caem 75 por cento, mas
a quantia do ascenso, num caso, e da baixa, no outro, é a mesma, a saber: 15 xelins. Sobreveio, assim,
uma repentina mudança nas taxas dos salários, como jamais se conhecera anteriormente, e essa mudança
afetou um número de operários que, – não incluindo apenas aqueles que trabalham diretamente na
indústria algodoeira, mas também os que indiretamente dependiam desta indústria –, excedia em cerca de
metade o número de trabalhadores agrícolas. Acaso baixou o preço do trigo? Ao contrário, subiu de
47xelins e 8 pence, [4] por quarter, preço médio no triênio de 1858-1860, para 55 xelins e 10 pence o
quarter, segundo a média anual referente ao triênio de 1861-1863. Pelo que diz respeito aos meios de
pagamento, durante o ano de 1861, cunharam-se na Casa da Moeda 8 673 232 libras contra 3 378 102
cunhadas em 1860. Vale dizer oue em 1861 cunhararn-se mais 5 295 130 libras que em 1860. É certo que
o volume da circulação de papel-moeda, em 1861, foi inferior em 1 319 000 libras ao de 1860. Mas
mesmo deduzindo esta soma, ainda persiste para o ano de 1861,comparado com o ano anterior de
prosperidade, 1860, um excesso de moeda no valor de 3 976 130 libras, ou quase 4 milhões; em troca, a
reserva de ouro do Banco da Inglaterra neste período de tempo diminuiu; não exatamente na mesma
proporção, mas aproximadamente.
Comparai agora o ano de 1862 com o de 1842. Sem contar o formidável aumento do valor e do volume de
mercadorias em circulação, o capital desembolsado apenas para cobrir as transações regulares de ações,
empréstimos, etc., de valores das ferrovias, ascendeu, na Inglaterra e Gales, em 1862, à soma de 320
milhões de libras esterlinas, cifra que em 1842 parecia fabulosa. E no entanto as somas globais de moeda
foram aproximadamente as mesmas nos anos de 1862 e 1842; e, em termos gerais, haveis de verificar,
ante um aumento enorme de valor não só das mercadorias como em geral das operações em dinheiro, uma
tendência à diminuição progressiva dos meios de pagamento. Do ponto de vista do nosso amigo Weston,
isto é um enigma indecifrável.
Se se aprofundasse um pouco mais no assunto, contudo, ele teria visto que, independentemente dos
salários e supondo que estes permaneçam invariáveis, o valor e o volume das mercadorias postas em
circulação e, em geral, o montante das transações concertadas em dinheiro, variam diariamente; que o
montante das notas de banco emitidas varia diariamente; que o montante dos pagamentos efetuados sem
ajuda de dinheiro, por meio de letras de câmbio, cheques, créditos escriturais, clearing house, [5] etc.,
varia diariamente; que, na medida em que se necessita efetivamente de moeda metálica, a proporção entre
as moedas que circulam e as moedas e lingotes guardados de reserva, ou entesourados nos subterrâneos
bancários, varia diariamente; que a soma do ouro absorvido pela circulação nacional e a soma enviada ao
estrangeiro para fins de circulação internacional, variam diariamente. Teria percebido que o seu dogrna de