
inconsciente, mas bem organizada, da revolução chinesa. E isso se realizou de forma tanto mais segura
quanto a Internacional Comunista cobriu, de 1924 a 1927, toda a sua política menchevique de direita, com
a autoridade do bolchevismo, enquanto o poder soviético, por meio do seu poderoso mecanismo de
represália, a defendia contra as críticas da Oposição de Esquerda.
Temos, afinal de contas, diante de nós, uma perfeita experiência da estratégia de Stalin, desenvolvida, do
princípio ao fim, sob o signo da luta contra a teoria da revolução permanente. É muito natural, portanto,
que o principal teórico de Stalin, encarregado de defender a submissão do Partido Comunista chinês ao
Cuomintang nacional-burguês, tenha sido Martinov, que foi também o principal crítico menchevique da
teoria da revolução permanente, durante o período de 1905 a 1923: a partir desse último ano, continuou
ele a cumprir sua missão histórica, mas, já então, nas fileiras bolcheviques!
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Sobre a origem desta obra, encontra-se o essencial no primeiro capítulo.
Em Alma-Ata, começara eu a preparar um livro teórico e polêmico contra os epígonos. Grande parte
desse livro devia ser consagrada à teoria da revolução permanente. No curso do meu trabalho, recebi de
Rádek, sobre o mesmo assunto, um manuscrito onde ele opunha a "revolução permanente" à linha
estratégica de Lênin. Rádek precisava dessa saída, à primeira vista surpreendente, pela simples razão de
que também se achava completamente atolado na política chinesa de Stalin: não só antes, como depois do
golpe de Estado de Chang-Cai-Chec, Rádek, do mesmo modo que Zinoviev, invocava a necessidade da
submissão do Partido Comunista chinês ao Cuomintang. Para justificar essa sujeição do proletariado à
burguesia, apelava Rádek - nem era preciso dizer - pai-a a necessidade de união com os camponeses, e me
censurava por ter "subestimado" essa necessidade. Seguindo o exemplo de Stalin, servia-se ele da
terminologia bolchevique para defender uma política menchevique, procurando ocultar, com a fórmula da
ditadura do proletariado e dos camponeses, o fato de que o proletariado chinês estava sendo desviado da
luta pelo poder, luta que devia travar à frente das massas camponesas. Quando eu desmascarei toda essa
mistificação de idéias, Rádek
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experimentou a violenta necessidade de demonstrar que a minha luta
contra o oportunismo disfarçado com citações de Lênin resultava, muito simplesmente, da contradição
existente entre a teoria da revolução permanente e o leninismo. E transformou a defesa dos seus próprios
pecados num libelo de promotor público contra a revolução permanente. Essa intervenção serviu-lhe para
preparar o caminho da própria capitulação. Desconfiei disso tanto mais que nos anos precedentes, ele
mesmo se propusera escrever uma brochura para defender a teoria da revolução permanente. No entanto,
abstive-me ainda de considerar Rádek um homem perdido. Procurei, então, responder ao seu artigo de
uma maneira nítida e categórica, mas deixando-lhe o caminho livre para a retirada. Publico, mais adiante,
minha resposta a Rádek, tal como foi redigida na época, acrescentando apenas algumas notas explicativas
e correções de estilo.
O artigo de Rádek não foi publicado e duvido muito que ainda o seja um dia, porque, sob a sua forma de
1928, não poderia passar pela peneira da censura de Stalin. Tal publicação seria, hoje, aliás, mortal para
Rádek, pois daria um quadro muito expressivo de sua evolução ideológica, que lembra muito a
"evolução" de um homem que se precipita de um sexto andar ao chão.
O ponto de partida deste livro explica por que Rádek ocupa aí um lugar mais importante do que o que
teria direito a pretender. Rádek não pôde inventar um só argumento novo contra a teoria da revolução
permanente. Sua atitude é a de um epígono dos epígonos. Recomendamos, pois, que o leitor veja em
Rádek, não apenas Rádek, mas o representante de uma espécie de firma coletiva, à qual ele se associou,
com direitos limitados, ao preço de sua renúncia ao marxismo. Se Rádek achar, todavia, que é muito
elevada a quantidade de cascudos com que o mimoseio, poderá distribuí-los, à vontade, entre os que mais
os merecem. 12 um negócio interno da firma. Quanto a mim, não vejo inconveniente nisso.