
VISÃO DA SOCIEDADE CIVIL
Segundo entrevista com o Sr. Joal Teitelbaum, presidente do Conselho Diretor do Programa
Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP), publicada em 15 de fevereiro de 2007
1
, o
quantitativo de cargos de confiança da administração pública federal é exagerado, sendo que
“em países como Nova Zelândia e Reino Unido, com sistemas parlamentaristas, existem cerca
de menos de 100 cargos de confiança. Nos Estados Unidos, o presidente tem cerca de 3 mil
cargos de confiança. E, quando trabalhei com o presidente Clinton e o vice Al Gore, eles
sugeriram que os cargos de confiança fossem reduzidos para o número de mil.”
O coordenador da ONG Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, em depoimento à Sub-
relatoria de Normas de Combate à Corrupção do Senado Federal
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, condenou o alto número de
cargos de confiança da estrutura governamental brasileira afirmando que “a existência de
mais de 22 mil cargos de confiança no governo permite a instalação de grupos de interesse
dentro do aparelho do Estado para troca de favores”. Ele também afirmou que “a liberdade de
nomeação, no caso dos Correios, é o que mostra mais evidentemente a gênese da corrupção.”
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, também tem se
manifestado publicamente
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contra o nepotismo e a proliferação dos cargos de confiança por
contrariar os princípios da impessoalidade no serviço público. Para Cezar Britto, secretário-
geral da OAB, “o uso de cargos de confiança em substituição a servidores efetivos pode ser
considerado claramente ilegal e destituído da moralidade pública”.
Conforme matéria divulgada no jornal Folha de São Paulo, de 27 de fevereiro de 2007, no
atual mandato de governantes dos poderes executivos estaduais, pelo menos oito
governadores nomearam parentes para cargos de confiança em suas administrações
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(Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná e Tocantins).
BREVE HISTÓRICO
No Brasil, a maioria dos cargos de confiança e de direção na Administração Pública são de
livre nomeação. Tal sistemática possui fundamentos históricos e culturais calcados no legado
colonial de organização e funcionamento do Estado, que impôs fortes traços cartoriais,
patrimonialistas e clientelistas ao serviço público nacional.
Até poucos anos, o acesso ao serviço público era, majoritariamente, feito por intermédio de
arranjos políticos ou administrativos que, posteriormente, eram transformados em cargos
definitivos, sem haver uma preocupação maior com a profissionalização, a produtividade e a
eficiência do setor público.
Ainda hoje, o sistema de cargos de confiança no Brasil é utilizado como forma de
1 Disponível no endereço eletrônico
<http://intelog3.tempsite.ws/site/default.asp?TroncoID=907492&SecaoID=508074&SubsecaoID=627271&T
emplate=../artigosnoticias/user_exibir.asp&ID=905447&Titulo=Joal%20Teitelbaum%2C%20presidente%20
do%20Conselho%20Diretor%20do%20Programa%20Ga%FAcho%20da%20Qualidade%20e%20Produtivid
ade%20%28PGQP%29>, em 05 de abril de 2007.
2 Disponível no endereço eletrônico
http://www.senado.gov.br/agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=53435&codAplicativo=2, em 05 de abril de
2007.
3 Disponível no endereço eletrônico http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=301813, em
05 de abril de 2007.
4 Disponível no endereço eletrônico http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=339504, em
05 de abril de 2007.