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Uma criança com deficiência mental geralmente apresenta dificuldades para
operar no nível abstrato. Isso, entretanto, não pode ser justificativa para que
se limite a trabalhar com ela conteúdos básicos, do tipo ensino da dis-
criminação de cores, por anos e anos a fio, mantendo-os como objetivos
praticamente permanentes no plano de ensino para o aluno.
Sabemos que há, em cada linguagem científica (matemática, ciências,
geografia, história, etc.) conteúdos que serão importantes para esse aluno no
seu processo de desenvolvimento do maior nível possível de autonomia na
administração de sua própria vida.
Assim, um aluno com deficiência mental, com 10 anos de idade, deveria
estar freqüentando a 4
a
série do Ensino Fundamental, juntamente com as demais
crianças dessa faixa etária.
No plano de ensino para esse nível de escolaridade, encontra-se, por exem-
plo, como um dos objetivos, que o aluno aprenda a fazer operações com frações.
Para se trabalhar este conteúdo em uma sala do ensino regular, entretanto,
o aluno já deverá ter construído conhecimento sobre quantidade, representa-
ção gráfica de quantidade, operações matemáticas básicas, noções básicas
da teoria de conjuntos (conhecimento do todo e das partes que o constituem,
operações de adição, de subtração, de divisão e de multiplicação de partes e
de todos).
Ora, constata-se que o conteúdo correspondente ao objetivo em questão
encaminhará para a necessidade de se operar, em algum momento, no nível
da abstração...
Haverá, dentre alunos com deficiência mental, os que conseguirão dominar
muitos dos itens envolvidos nessas operações. Outros encontrarão maior difi-
culdade desde os itens iniciais. Cada um, enfim, apreenderá maior ou menor
nível de conhecimento, dentro do continuum pretendido, dependendo de suas
características pessoais, de sua história de aprendizagem, e dos procedimen-