
INTRODUÇÃO
"É o outro que me dá referência de que
nem sou o anão dos meus pesadelos
nem o
i
ante dos meus sonhos."
(Autor desconhecido)
A construção do pensamento científico na sociedade moderna, em especial na
medicina, provocou um distanciamento do profissional de saúde em relação ao seu
cliente, um "doente vivo" e com capacidade de fala, visto que a interlocução passou a
ter um caráter secundário. Os aparatos tecnológicos passaram a ter prioridade, em
detrimento da relação interpessoal, provocando um distanciamento do sofrimento
humano (origem histórica das práticas curativas), a desqualificação da pessoa doente e
a valorização da doença.
Se a vida humana implica relações intersubjetivas em seu cotidiano, tratando-se de
DST e HIV/aids é preciso estar atento para situações conflituosas, nem sempre
explícitas, que podem dificultar a ação preventiva.
Quando as pessoas vivenciam situações de ameaça à sua integridade física ou
emocional, costumam ficar fragilizadas e, às vezes, não se sentem capazes de resolver
solitariamente seus conflitos.
As temáticas implícitas nas questões relativas às DST e ao HIV/aids, tais como
exercício das sexualidades, transgressões, perda e morte, podem causar conflitos e
constituir ameaça às crenças e aos valores do indivíduo.
Tais situações dificultam a prevenção de DST e HIV/aids, na medida em que podem
bloquear a percepção e a expressão dos riscos, assim como a reflexão para a adoção
de medidas preventivas.
o contexto dos serviços de saúde onde costumam se apresentar tais situações, tanto
os profissionais quanto os clientes são sujeitos suscetíveis a vivências conflituosas.
O aconselhamento
, por ser uma prática que oferece as condições necessárias para a
interação entre as subjetividades, isto é, a disponibilidade mútua de trocar
conhecimentos e sentimentos, permite a superação da situação de conflito.
O resgate da integralidade do cliente, percebido como sujeito participante nas ações
de saúde, implica o reconhecimento de sua subjetividade em interação com o
rofissional que o atende. Acolher o saber e o sentir do cliente, por meio de uma
escuta ativa,
é condição básica para um atendimento de qualidade.
A prática do
aconselhamento
dá oportunidade para a retomada da integralidade da
essoa que busca os serviços de saúde, associando complementarmente o
ver e tocar
com o
ouvir e sentir
. Desta forma, facilita a superação de bloqueios subjetivos,
ermitindo ao cliente avaliar suas reais possibilidades de risco de infecção por DST e
HIV/aids, refletir e decidir por medidas preventivas viáveis e buscar melhor qualidade
de vida, inde
endentemente de sua condição soroló
ica.