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Janeiro 2001 ONUSIDA Actualização Técnica: Aconselhamento e Testes Voluntários e Confidenciais (ATVC)
dades especiais em matéria de
aconselhamento, como seja compreen-
der e assumir a sua doença, enfrentar
a discriminação por parte de outras
crianças ou adultos, assim como a
doença e a morte de familiares
infectados pelo HIV. As crianças
seronegativas afectadas pelo HIV por
via da doença de um dos progenitores
ou de um irmão ou irmã, também têm
necessidades específicas de
aconselhamento, como seja enfrentar o
traumatismo psicológico de ver os seus
entes queridos doentes ou moribundos
e a estigmatização social associada ao
HIV. As crianças mais velhas podem
precisar de um aconselhamento
relacionado com questões respeitantes
ao seu desenvolvimento (como asexua–
lidade e a necessidade de se evitar os
comportamentos de risco) ou de ajuda
para enfrentarem e ultrapassarem o
traumatismo de um abuso sexual que
tenham sofrido na infância e que os
tenha colocado em risco de infecção
pelo HIV.
ATVC para os jovens
Os adolescentes são muitas vezes
particularmente vulneráveis à infecção
pelo HIV. Para que os serviços de
aconselhamento sejam eficazes para os
jovens, devem tomar em consideração
o contexto emocional e social em que
eles vivem, como seja a profunda
influência que a pressão dos seus pares
exerce (para que consumam drogas ou
álcool, p.ex.) bem como o desenvolvi-
mento da sua identidade sexual e
social. Devem igualmente ser acolhedo-
res e oferecidos num contexto que
inspire confiança, segurança e que seja
facilmente acessível. O aconselhamento
deve coadunar-se à idade, basear-se
em exemplos tirados de situações
familiares e de relevância para os
jovens, e ser feito numa linguagem
compreensível e sem termos técnicos.
Para certos jovens, pode ser preferível
que os serviços de ATVC sejam
anónimos. No entanto, é possível que,
de acordo com cada país e cultura,
haja requisitos legais ou expectativas
sociais que impeçam que os jovens
acedam a serviços de ATVC sem
autorização dos pais ou sem que estes
sejam informados. Embora os serviços
de ATVC devam ter sempre em conta
qualquer lei respeitante aos direitos e
autonomia dos menores, e às responsa-
bilidades dos pais para com os seus
filhos, não devem esquecer nunca que
o sigilo deve ser protegido e a dignida-
de dos jovens respeitada.
ATVC para utilizadores de
drogas injectáveis
Os serviços dirigidos aos utilizadores
de drogas injectáveis (UDI) devem ter
em conta diversos factores. O consumo
de drogas injectáveis é uma prática
ilegal e socialmente estigmatizada em
numerosas culturas. Dado que muitos
UDI foram sujeitos à estigmatização
social e já tiveram que enfrentar a lei, é
possível que desconfiem ou tenham
medo de serviços sociais baseados em
hospitais ou em estruturas governamen-
tais. É, pois, improvável que os serviços
de ATVC que fazem parte dessas insti–
tuições consigam atrair os utilizadores
de drogas. Neste capítulo, os progra-
mas mais eficazes de ATVC para os
utiliza–dores de drogas são os que
funcionam em coordenação com
programas já existentes de serviços
sociais e de prevenção do HIV, que se
deslocam aos locais frequentados
habitualmente pelos utilizadores de
drogas. Muitas vezes, os activistas
destes programas são ex-utilizadores
de drogas que, por isso, compreendem
as particularidades das normas sociais
e dos valores da cultura da droga.
Além disso, dado que estes activistas
têm relações de confiança com a
comunidade dos utilizadores de
drogas, as suas mensagens sobre o
aconselhamento e a prevenção gozam
geralmente de maior credibilidade.
Quando recebem formação sobre
aconselhamento em matéria de HIV,
estes activistas podem explicar o que
são os testes do HIV, e qual a importân-
cia de se conhecer o próprio estado em
relação ao HIV, em termos que são
familiares aos utilizadores de drogas e
aceitáveis para eles.
Ainda que o papel dos conselheiros
seja a promoção da redução do risco,
tanto antes como depois do teste do
utente, têm de compreender também
que os UDI talvez não estejam dispos-
tos ou não sejam capazes de modificar
certos comportamentos, como a
dependência da droga ou as relações
sexuais sem protecção. Nestes casos,
os conselheiros devem propor e discutir
maneiras mais seguras de exercer esses
comportamentos - como seja, não
partilhar agulhas ou esterilizar agulhas
e seringas antes de partilhá-las - de
modo a evitar-se que os utentes fiquem
infectados ou transmitam a infecção a
outras pessoas.
Aconselhamento para pro-
fissionais do sexo
O ATVC para os profissionais do sexo
deve ser sensível aos problemas de
estigmatização e ilegalidade que estão
associados às relações sexuais remune-
radas, em numerosas sociedades. O
comércio do sexo é geralmente a fonte
de subsistência do utente do ATVC, de
modo que interromper parcial ou
totalmente os comportamentos de risco,
pode reduzir a capacidade da pessoa
de ganhar a vida. Além disso, os
profissionais do sexo podem estar
submetidos a pressões consideráveis
para se dedicar a actividades
particularmente perigosas (por ex., o
coito sem preservativo), quer por
motivos financeiros, quer pela coacção
exercida por um proxeneta ou cliente.
Os conselheiros devemcompreender
estas questões e ajudar os profissionais
do sexo a encontrar formas de contor-
nar ou diminuir os obstáculos com os
quais se deparam, quando tentam
reduzir os comportamentos de risco.
Em certos casos, pode ser conveniente
que os conselheiros colaborem estreita-
mente com as organizações comunitári-
as, cujo objectivo seja a capacitação e
o apoio aos profissionais do sexo que
desejam manter-se de boa saúde e não
correr riscos.