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5.2.3 Escola é, sobretudo, gente...
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A educação é uma das práticas mais antigas da humanidade. Nas
sociedades primitivas, o processo educacional já acontecia e tinha o objetivo de
adequar as crianças ao seu ambiente e fazer com que adquirissem, através da
imitação e das cerimônias de iniciação, as crenças e costumes das gerações
passadas. (Luzuriaga, 1990; Cotrin, 1991 e Gadotti, 1995).
A transição dessas sociedades, para as primeiras civilizações, trouxe
inúmeras mudanças. A educação, antes responsabilidade de toda a comunidade,
passa a ser sistematizada e, assim, conforme Gadotti (1995: p: 23) “a escola, como
instituição formal, surgiu como resposta à divisão social do trabalho e ao nascimento
do Estado, da família e da propriedade privada”.
Desse modo, as instituições destinadas à instrução e ao recolhimento da
infância surgem a partir do século XVI e têm a finalidade de ordenar, regular e
disciplinar (Varela e Alvarez-Uria, 1992). Assim, a escola, como uma dessas
instituições formais, busca, desde sua proveniência, a socialização dos indivíduos, a
transmissão dos saberes e ideologias e a reprodução da cultura
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de um povo.
É importante relembrar, neste momento, que escola têm uma cultura própria
cujos elementos são reflexos da sociedade, do tempo e espaço da qual faz parte.
Logo, a “cultura escolar”
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é revelada pelas práticas, valores e crenças que são
compartilhadas pelas pessoas – estudantes, professores, pais, funcionários - que
integram a escola. Ou seja, trata-se do “conjunto de práticas, normas, idéias e
procedimentos que se expressam em modos de fazer e de pensar o quotidiano da
escola” (Viñao Frago, 2001 apud por CARVALHO 2006, p: 6).
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Subtítulo inspirado no Poema “Escola” de Paulo Freire, disponível no site www.paulofreire.org
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A cultura pode ser definida como “um padrão de pressupostos básicos, inventados, descobertos ou
desenvolvidos por um grupo, à medida que aprendeu a lidar com seus problemas de adaptação
externa e de integração interna, que funcionou bem o suficiente para ser considerado válido”
(Carvalho, 2006, p: 01).
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Ainda, Barroso (2004 apud Carvalho, 2006, p: 3-4) apresenta três perspectivas quanto à cultura
escolar: Perspectiva Funcionalista: a instituição escolar é uma simples transmissora de uma dada
cultura produzida exteriormente e que se traduz nos princípios e normas que o Poder Político –
legislação – determina como substrato do processo educativo e da aculturação de crianças e jovens.
Perspectiva Estruturalista: a cultura escolar é produzida pela modelização das formas e estruturas –
planos de aula, disciplinas, organizações pedagógicas, meios e métodos de ensino, etc – presentes
na escola. Perspectiva Interacionista: a cultura escolar é a cultura organizacional, ou seja, em cada
escola há um conjunto de fatores próprios e processos sócios específicos que a fazem uma
instituição única.