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A tuberculose e o SIDA: Ponto de vista da ONUSIDA Outubro de 1997
Uma estratégia dupla para uma epidemia
O progresso real no controle da TB e
do HIV só se pode realizar com uma
estratégia dupla visando ambas as
epidemias. Isto vai requerer que se
ultrapassem os mitos e as concepções
erradas, bem como a mobilização dos
recursos necessários para a acção. A
ONUSIDA e os seus parceiros estão
comprometidos com a advocacia,
captação de fundos e apoio técnico
para implementar esta estratégia dual.
“A epidemia do SIDA e a epide-
mia de TB estão fechadas num
ciclo vicioso de mútuo reforço.
Podemos quebrar o ciclo com
uma estratégia dual de controle
da TB e prevenção do HIV.”
Peter Piot, Director Executivo da
ONUSIDA
O controle da TB
Uma vertente da estratégia dual é o
controle da tuberculose através da
detecção de casos e da garantia de
que a pessoa passa pelo tratamento
com antibióticos.
A descoberta de drogas antibióticas
que matam bactérias foi um ponto de
viragem no controle da TB. Nos
países mais ricos, conhecida antiga-
mente como doença devastadora, era
“tratada” através de uma dieta
especial e um repouso, geralmente
num sanatório. Nos finais dos anos
50, estabeleceu-se que nenhum dos
dois era necessário. A TB podia ser
curada com um tratamento antibiótico
bem supervisado em casa.
Um combinação adequada de drogas
anti-tuberculose tanto consegue curar
como prevenir:
• Um tratamento efectivo rapida-
mente torna o indivíduo não
contagioso. Isto previne o posteri-
or alastramento do germe da TB.
• Para conseguir a cura são necessá-
rios seis meses de tratamento
diário com uma combinação de
antibióticos. Para assegurar um
tratamento completo, é importante
que o indivíduo tome os seus
comprimidos na presença de
alguém que possa supervisar a
terapia. Esta abordagem – chama-
da DOTS (directly observed
treatment, short course – tratamen-
to directamente observado de
curta duração) – cura a doença em
95% dos casos.
É importante tratar a tuberculose nas
pessoas com HIV. Com o DOTS, elas
podem ser aliviadas do sofrimento,
curadas da sua tuberculose activa,
bem como evitar a transmissão aos
outros.
Mesmo em contextos onde as drogas
antiretrovirais, como a zidovudina
(AZT) não estão disponíveis ou são
inacessíveis, é vital que os sistemas de
saúde tenham a capacidade de
oferecer aos indivíduos infectados
com HIV os simples antibióticos que
são necessários para o DOTS.
O tratamento pode ser dado essenci-
almente a doentes em casa, mais
adequadamente em conjunto com
outros cuidados necessários para as
pessoas com HIV ou SIDA. (Vide a
caixa, p.7)
Em complemento ao tratamento da TB
quando ela ocorre, os trabalhadores
da saúde deviam considerar a oferta
de uma terapia preventiva com
isoniacida para os pacientes com HIV
conhecidos que estejam em alto risco
de desenvolver TB, tais como os
portadores de TB ou os que vivem em
comunidades com uma alta incidên-
cia de TB. Isto pode reduzir o risco de
desenvolver uma tuberculose activa e
aumentar a sua esperança de vida.
No entanto, apesar de que o trata-
mento e a prevenção da TB nos
doentes infectados com HIV aumenta
a sua sobrevivência, isso não pode
evitar que eles morram de outras
infecções. Assim, o controle da TB
não é a única resposta à epidemia da
TB e do HIV. Uma acção vigorosa de
prevenção do HIV/SIDA é a outra
vertente da dupla estratégia.
A prevenção do HIV/SIDA
Existem actualmente mais de 20
milhões de pessoas vivas com a
infecção do HIV, e a epidemia do HIV
está a crescer num índice de mais de
7500 infecções por dia. Uma vez que
o HIV é principalmente transmitido
por via das relações sexuais, a maior
parte desses infectados são jovens
adultos ou pessoas à entrada da meia
idade: os pais, os trabalhadores e os
dirigentes da sociedade. Para piorar o
cenário, 9 em cada 10 das pessoas
com HIV vivem em países em
desenvolvimento. Como resultado, a
epidemia está a ameaçar o próprio
processo de desenvolvimento.