
e o interesse comum, ou seja, quando a atividade já não é dividida
voluntariamente mas sim de forma natural, a ação do homem transforma-se
para ele num poder estranho que se lhe opõe e o subjuga, em vez de ser ele a
dominá-la. Com efeito, desde o momento em que o trabalho começa a ser
repartido, cada indivíduo tem uma esfera de atividade exclusiva que lhe é
imposta e da qual não pode sair; é caçador, pescador, pastor ou crítico (41) e
não pode deixar de o ser se não quiser perder os seus meios de subsistência.
Na sociedade comunista, porém, onde cada indivíduo pode aperfeiçoar-se no
campo que lhe aprouver, não tendo por isso uma esfera de atividade
exclusiva, é a sociedade que regula a produção geral e me possibilita fazer
hoje uma coisa, amanhã outra, caçar da manhã, pescar à tarde, pastorear à
noite, fazer crítica depois da refeição, e tudo isto a meu bel-prazer, sem por
isso me tornar exclusivamente caçador, pescador ou crítico. Esta fixação da
atividade social, esta petrificação do nosso próprio trabalho num poder
objetivo que nos domina e escapa ao nosso controlo contrariando a nossa
expectativa e destruindo os nossos cálculos, é um dos momentos capitais' do
desenvolvimento histórico até aos nossos dias (42)
. O poder social, quer dizer, a força produtiva multiplicada que é devida à
cooperação dos diversos indivíduos, a qual é condicionada pela divisão do
trabalho, não se lhes apresenta como o seu próprio poder conjugado, pois
essa colaboração não é voluntária e sim natural, antes lhes surgindo como
um poder estranho, situado fora deles e do qual não conhecem nem a origem
nem o fim que se propõe, que não podem dominar e que de tal forma
atravessa uma série particular de fases e estádios de desenvolvimento tão
independente da vontade e da marcha da humanidade que é na verdade ela
quem dirige essa vontade e essa marcha da humanidade.
Esta «alienação» - para que a nossa posição seja compreensível para os
filósofos - só pode ser abolida mediante duas condições práticas. Para que
ela se transforme num poder «insuportável», quer dizer, num poder contra o
qual se faça uma revolução, é necessário que tenha dado origem a uma
massa de homens totalmente «privada de propriedade», que se encontre
simultaneamente em contradição com um mundo de riqueza e de cultura
com existência real; ambas as coisas pressupõem um grande aumento da
força produtiva, isto é, um estádio elevado de desenvolvimento. Por outro
lado, este desenvolvimento das forças produtivas (que implica já que a
existência empírica atual dos homens decorra no âmbito da história mundial
e não no da vida loca]) é uma condição prática prévia absolutamente
indispensável, pois, sem ele, apenas se generalizará a penúria e, com a
pobreza, recomeçará paralelamente a luta pelo indispensável e cair-se-á