
trabalho de Jeffrey Sammons e Friedrich Amrine, a crítica vem se
ocupando da revisão historiográfica da própria tradição alemã,
dando continuidade a uma "dissidência crítica" iniciada já por
Friedrich Schlegel no seu Uebermeister.
No caso brasileiro, é possível identificar, na primeira metade
da década de 1990, um crescente interesse pelo gênero, manifes-
tado por uma dinâmica que ao mesmo tempo em que assimila, já
se apropria, de maneira peculiar, do termo Bildungsroman, "adap-
tando-o" a contextos particulares da literatura brasileira e de ou-
tros países em desenvolvimento.
A trajetória do termo Bildungsroman no Brasil é ainda recen-
te. O termo integra o Dicionário de termos literários de Massaud
Moisés (1978, p.64), representado por um verbete que se repro-
duz a seguir:
Bildungsroman - Alemão Bildung, formação, Roman, roman-
ce. Francês: roman de formation. Português: romance de forma-
ção. Também se pode empregar, como sinônimo, o termo alemão
Erziehungsroman (Erziehung, educação, Roman, romance).
Modalidade de romance tipicamente alemã, gira em torno
das experiências que sofrem as personagens durante os anos de
formação ou educação, rumo da maturidade. Considera-se o pio-
neiro nessa matéria o Agathon (1766), de Wieland, e o ponto mais
alto o Wilhelm Meister (1795-1796), de Goethe. No fio da tradi-
ção germânica, outros ficcionistas cultivaram o tema: Tieck,
Novalis, Jean Paul, Eichendorf, Keller, Stifter, Raabe, Hermann
Hesse. Em língua inglesa, citam-se: Charlotte Brontë, Charles
Dickens, Samuel Butler, Somerset Maugham. Em francês: Romain
Rolland.
Em vernáculo, podem-se considerar romances de formação,
até certo ponto, os seguintes: O Ateneu (1888), de Raul Pompéia,
Amar, verbo intransitivo (1927), de Mário de Andrade, os roman-
ces do "ciclo do açúcar" (1933-1937), de José Lins do Rego, Mun-
dos Mortos (1937), de Otávio de Faria, Fanga (1942), de Alves
Redol, Manhã submersa, de Vergílio Ferreira, o ciclo A velha casa
(1945-1966), de José Régio.
A definição de Bildungsroman por Moisés opta, portanto,
por uma conceituação bastante generalizante e temática, na linha
das enciclopédias literárias alemãs. Em comum ainda com as de-
finições alemãs, o verbete do Dicionário salienta que o Bildungs-