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3.3. O diretor: Eduardo Escorel
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Seja montando, dirigindo, sonorizando, produzindo, e/ou escrevendo filmes que
marcaram a história recente do Cinema Brasileiro, o multi-talentoso EDUARDO
ESCOREL tem o seu nome associado, desde o início dos tumultuados anos 60, a
filmes que marcaram a história recente do Cinema Brasileiro. Curtas como Chico
Antonio, o Herói Com Caráter (1983), Século XVIII: Colônia Dourada (1994) ou Longas
como O Bravo Guerreiro (1968), Os Inconfidentes (1972), Os Condenados (1973),
Guerra Conjugal (1974), O cavalinho azul (1984) são apenas alguns dos títulos em que
trabalhou. O seu primeiro trabalho para o cinema foi em O Desafio (clássico de Paulo C.
Saraceni) como Técnico de Som. Por volta de 1960, quando começou, havia uma certa
efervescência em torno, não só do Cinema em si, mas de um Cinema feito por jovens,
com a influência da Nouvelle Vague
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assim como havia também uma ligação entre a
arte de fazer Cinema e ser militante. Era o movimento Cinema Novo em plena
ascensão, brevemente explicado no próximo item.
Neste contexto, Eduardo fez um curso com o Arne Sucksdorff (1917-2001)
Cineasta natural de Estocolmo, Diretor de Gryning, Mitt Hem Är Copacabana, Mr.
Forbush & The Penguins em 1962. Na ocasião, aprendeu a usar o gravador e gravou o
som para a finalização de Garrincha, Alegria do Povo (1963).
Seu trabalho como Técnico de Som, no entanto, foi bastante curto. Logo
começou a fazer Assistência de Direção de filmes como O Padre e a Moça, O Poeta do
Castelo, Mestre de Apicucos, O Homem do Pau-Brasil, entre outros.
Em 1966 dirigiu (Co-Direção com Julio Bressane), o documentário Betânia Bem
de Perto, com meia hora de duração.
Montar Terra em Transe (1966), certamente um dos filmes mais lembrados da
carreira de Glauber Rocha, foi uma grande oportunidade na carreira cinematográfica de
Eduardo Escorel, que teve a chance de vivenciar mais especificamente os novos ideais
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Texto extraído de uma entrevista concedida ao site www.sitedecinema.com.br
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Nouvelle vague (nova onda) Movimento de origem francesa que teve como características: montagem
que enfatiza a liberdade narrativa; fábulas construídas fora dos grandes gêneros narrativos do cinema
comercial (preferência por temas existenciais e relações humanas); câmera móvel, movimentos ágeis;
interpretação dos atores espontânea e despojada. Manifestava-se de forma contrária aos filmes de
estúdio, de esquema industrial, buscava um cinema autoral, de raízes literárias, líricas e artesanais. In:
NAPOLITANO, M. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003. p. 77