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Falaremos em democratização da informação devido à existência das novas tecnologias. Mas em um
país como o Brasil, com um nível de exclusão digital tão grande, quem realmente tem acesso a essas
informações hoje disponíveis? A democratização da informação é extremamente importante, é fato.
Porém, ela faz parte de um processo que levará ainda mais longe: é preciso ter em vista a
democratização do conhecimento, que é a informação transformada e capaz de efetivar mudanças na
realidade das pessoas, em especial dos excluídos sociais. E este trabalho necessita da participação de
todos os segmentos da sociedade, cada um dando a sua parcela e contribuição.
Não basta colocar a informação à disposição dos internautas. Isso é fundamental, porém o passo
adiante será oferecer a análise dessa informação, possibilitar que as universidades, os centros
acadêmicos e os centros de pesquisa possam trabalhar esta informação, extrair tudo o que pode oferecer
ao cidadão, torná-las inteligíveis e compreensíveis para a população em geral, de forma que todos
tenham a opção do acesso aos serviços públicos prestados por meio das novas tecnologias.
O fenômeno é muito sério, porém difícil de ser quantificado. O Centro de Políticas Sociais da
Fundação Getúlio Vargas fez um exercício e, usando dados do Censo Demográfico de 2000 do IBGE
editou, em abril de 2003, o Mapa da Exclusão Digital. A idéia foi estabelecer uma plataforma para
análises de ações de inclusão digital, com a possibilidade de contínuas atualizações, e assim direcionar
ações estratégicas tanto por parte de instituições da sociedade civil quanto dos diversos níveis do
governo. Assim, temos disponíveis mais instrumentos para a construção de uma atuação integrada com
outras ações que objetivam combater a miséria e a desigualdade, proporcionando um bem-estar social
sustentável.
Segundo dados do Mapa da Exclusão Digital, a quantidade de pessoas que têm acesso a
computadores no Brasil é de pouco mais de 16 milhões, sendo que o total da população brasileira é de
quase 170 milhões. Ou seja, o total de excluídos hoje no País é de cerca de 154 milhões de pessoas.
O centro de poder político do País registrou a maior taxa de acesso à Internet: no Distrito
Federal 19,22% da população fazem uso desta tecnologia. Não podemos deixar de considerar que
também no Distrito Federal estão concentrados os maiores níveis de renda per capita do País.
Obviamente que, em seguida, está o estado de São Paulo, com 15,12%, e depois Rio de Janeiro, com
12,81%.
A perversidade da situação mostra que dois estados da região nordeste estão entre as menores
taxas de acesso à Internet, ainda segundo o estudo da FGV: o estado do Maranhão ficou com o menor
índice, 1,44%, seguido de Tocantins, com 1,79%, e depois Piauí, com 2,02%.
O trabalho da FGV inclui o conceito de “capital digital” como sendo uma espécie de valor
agregado dos impactos das novas tecnologias sobre o nível de bem-estar da população. O trabalho
enfatiza, em todo o País, o acesso doméstico à tecnologia digital e, em uma certa medida, o acesso via
as escolas. É constituído de duas partes: um banco de dados, com uma base de dados primários e
secundários visando identificar o público-alvo de ações destinadas à inclusão digital, e uma segunda
parte que é a de possibilitar a transformação da informação em conhecimento da parte do usuário,
visando a construção de um mapa das oportunidades políticas de inclusão digital por meio de um
diagnóstico crítico das causas e conseqüências da exclusão digital.
Na verdade já existem inúmeras iniciativas do governo no sentido de diminuir a exclusão
digital. Alguns exemplos bem-sucedidos mostram isso, como veremos a seguir. No âmbito federal -
reforço, existem muitos outros projetos - uma boa experiência de inclusão digital é o Programa
Nacional de Informática na Educação, uma iniciativa do Ministério da Educação por meio da Secretaria