Download PDF
ads:
VIII ENANCIB – Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação
28 a 31 de outubro de 2007 Salvador Bahia Brasil
Debates em Museologia e Patrimônio
Comunicação oral
A PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACERCA DO PATRIMÔNIO
GEOLÓGICO: análise das referências bibliográficas brasileiras e
portuguesas
THE SCIENTIFIC PRODUCTION OF GEOLOGICAL HERITAGE: the
brazilian and portuguese bibliographical references survey and analysis
Aline Rocha de Souza (PPG-PMus– UNIRIO/MAST, [email protected])
Marcos Luiz Cavalcanti de Miranda (PPG-PMus– UNIRIO/MAST, [email protected])
Resumo: Analisa as produções científicas brasileira e portuguesa, através de um estudo comparativo visando
conhecer e mapear a produção do conhecimento científico sobre patrimônio geológico com base num
levantamento bibliográfico em língua portuguesa, em fontes de informação oriundas do Brasil e de Portugal,
selecionando aqueles que possuíam no seu título as palavras-chave patrimônio e valorização associadas a
fossilífero, paleontológico, geológico ou mineiro; geoturismo e seus derivativos; geoconservação; monumento,
associadas a geológico, paleontológico ou natural; museu e seus derivativos; museologia ou musealização e sítio
geológico ou paleontológico, extraídas e organizadas utilizando a metodologia KWIT e inseridas numa base de
dados construída sob a interface do Microsoft Access 2003®. Conclui que no Brasil um dos efeitos do
movimento da preservação do patrimônio geológico foi o lançamento do livro Sítios Geológicos e
Paleobiológicos do Brasil (2002) e que são poucas as publicações que lidam com a valorização e preservação do
patrimônio geológico. Enquanto que em Portugal foram realizados muitos estudos com este enfoque, inclusive
em eventos científicos e programas de pós-graduações específicos.
Palavras-chave: Patrimônio geológico. KWIT. Produção científica. Brasil. Portugal.
Abstract: This work has objectives to analyse the scientific production from Brazil and Portugal, throught of the
comparative study to know and to mapp the scientifc knowledge about geologic heritage. Afterwards to carry a
bibliographical survey in portuguese language, in brazilian and portuguese information sources, afterwards se-
lected the bibliographical references owned in title the words heritage and valorization associated to fossilifery,
paleontologic, geologic or mining; geoturism and its derivatives; geoconservation; monument, associated to geo-
logical, paleontological or natural; museum and its derivatives; Museology or musealization and sites geological
or paleontological. The keywords selected was extracteds and organizaded to used the KWIT metodology and to
put the date base constructed under a the Microsoft Access 2003® interface. Concludes than from Brazil one of
the effects this moviment was the book Brazilian Geological and Paleobiological Sites (2002). In Brazil is a little
publications about the geological heritage preservation and valorization. In Portugal was a lot of studies with its
approaches in the scientific congresses and specifics posgraduations programmes.
Keywords: Geological heritage. KWIT. Scientific production. Brazil. Portugal.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1 Introdução
No final da década 80 e início da década de 90 do século 20 havia uma grande
expectativa econômica, e ao mesmo tempo, a preocupação, dos países desenvolvidos em
relação aos países em desenvolvimento, com o esgotamento dos recursos naturais, que
provocou diversas iniciativas em prol de conciliar o desenvolvimento econômico com a
sustentabilidade do planeta. Em outras palavras, evidencia-se a preocupação com a
degradação da natureza e algumas medidas são tomadas a favor do desenvolvimento
sustentável (LÉVÊQUE, 1999; FERNANDEZ, 2005).
Em meio a esses acontecimentos, onde se destaca o Relatório Brundtland (1987) e a
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - Eco92 (1992),
é publicado, em 1991, a Declaração Internacional dos Direitos à Memória da Terra, nos
fazendo notar que a preservação da natureza envolve também a preservação da
geodiversidade, e não apenas a biodiversidade, indo ao encontro da idéia de patrimônio total.
Nesse contexto, os geocientistas percebem que também têm responsabilidade pela
salvaguarda deste patrimônio da terra e que a necessidade de que a sociedade o conheça e
reconheça. Nesse sentido, começam-se vários estudos e iniciativas, principalmente no âmbito
da Unesco, que se espalham pelo mundo, mas concentram-se, especialmente, na Europa. No
Brasil pode-se dizer que um dos efeitos deste movimento são as iniciativas da Comissão
Brasileira dos Sítios Geológicos e Paleobiológicos SIGEP, que lançou o livro Sítios
Geológicos e Paleobiológicos do Brasil (2002) e reúne outros trabalhos em sua página
eletrônica visando a sua posterior publicação (SIGEP, 2007).
Contudo, mesmo com o inegável valor dessa iniciativa, percebe-se que no Brasil ainda
existem poucas publicações que lidam com a valorização e preservação do patrimônio
geológico. Em Portugal, talvez por localizar-se na Europa, existem muitos estudos com este
enfoque, inclusive congressos e pós-graduações específicas sobre o tema, além de, também,
relacioná-lo com a Museologia.
Sabendo que em ambos os paises o interesse sobre a preservação do patrimônio
geológico, mesmo que em condições distintas, neste trabalho procurar-se-á analisar as suas
produções científicas, com o intuito de conhecer e mapear a produção do conhecimento
científico sobre patrimônio geológico. Para isso, se fará o levantamento das referências
bibliográficas em língua portuguesa, oriundas do Brasil e Portugal, para posteriormente se
verificar quais são os meios de comunicação científica utilizados, em quais anos mais se
publicou e qual é a situação atual, além de quantificar e relacionar a ocorrência dos termos
escolhidos.
Por questão de tempo e facilidade de acesso, nesta pesquisa, trabalhou-se apenas com
Brasil e Portugal. Mas, na ampliação da pesquisa, se existirem trabalhos sobre o patrimônio
geológico, outros países de língua portuguesa tais como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, podem ser contemplados.
2 Metodologia
O início do levantamento bibliográfico se deu a partir dos anais do XLII e XLIII
Congresso Brasileiro de Geologia (2004 e 2006), do XVIII e XIX Congresso Brasileiro de
Paleontologia (2003 e 2005), além do acervo bibliográfico de quatro pesquisadores da
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO – Rio de Janeiro – RJ, Brasil; da
Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Belo Horizonte MG, Brasil; da
Universidade Federal de do Rio Grande do Norte UFRN Natal RN, Brasil, selecionados
pelo Currículo Lattes e um dos pesquisadores portugueses mais citados e consultados pelos
três pesquisadores brasileiros da Universidade do Minho Lisboa, Portugal. Para
ads:
complementar o levantamento, a pesquisa foi realizada também via internet, através da página
eletrônica da Associação Européia para a Conservação do Patrimônio Geológico ProGEO
(2007), que disponibiliza diversas referências portuguesas na área de patrimônio geológico e
geoconservação.
Como em alguns casos ainda não era possível o acesso ao trabalho completo, optou-se
por realizar a análise de acordo com as palavras-chave no título (KWIT Key word in title).
A escolha das palavras-chave foi realizada, considerando aquelas que abrangessem a
importância e a necessidade de preservação da geodiversidade. Percebeu-se que seria
necessário, em alguns casos, utilizar descritores compostos para uma maior eficácia do
levantamento. Desse modo, os descritores escolhidos foram patrimônio e valorização,
associadas a fossilífero, paleontológico, geológico ou mineiro; geoturismo e seus derivativos;
geoconservação; monumento, associado a geológico, paleontológico ou natural; museu e seus
derivativos; museologia ou musealização; e sítio geológico ou paleontológico.
As referências foram identificadas e organizadas de acordo com a tipologia documetal
e inseridas numa base de dados, construída sob a interface do Microsoft Access 2003®,
escolhido por possuir algumas ferramentas úteis em atender as necessidades do trabalho,
como chave primária, filtro, relatórios, etc. Essa base de dados possui quatro tabelas
numeradas. A tabela 1 contempla os anais de eventos científicos, na tabela 2 encontram-se os
capítulos de livro, livros, monografias, dissertações e teses, relatórios e suplementos, etc. Na
tabela 3 estão os artigos de periódicos científicos e na tabela 4 todas as referências foram
reunidas. Todas as tabelas contêm os campos: autor, ano, título, publicação (nome da revista,
programa de pós-graduação, congressos, etc.) e país. O recurso “chave primária” foi utilizado
no campo título, assegurando a não duplicação de referências.
Para análise gráfica e de porcentagens utilizou-se o Microsoft Excel 2003®. As tabelas
foram construídas de acordo com as informações do banco de dados e os gráficos “pizza” e
“barra”, que melhor ilustraram os resultados, foram os escolhidos.
3 Resultados
A partir da organização do banco de dados foi possível obter algumas informações
sobre como o campo do conhecimento, através do recorte proposto e nesses países, está
configurado. É importante ressaltar que os resultados apontados a seguir são oriundos de
amostras, mas que representam, no mínimo, o material de consulta e acervo particular de 4
pesquisadores respeitados e que trabalham com o tema, ou seja, são acervos que abarcam um
grande número de referências relevantes. Por isso, através do levantamento realizado é
possível realizar algumas aferições e levantar algumas questões sobre como Brasil e Portugal
entendem e preservam o patrimônio geológico.
Como está demonstrado na tabela 1, foram levantadas 118 referências bibliográficas,
sendo que, desse total, 80 são de trabalhos publicados em anais de eventos (68%), 18 livros
ou teses (15%) e 20 artigos de periódicos (17%) (Gráfico 1). De todas as referências
encontradas, 30 foram do Brasil e 88 de Portugal, o que significa uma diferença de 26% para
74%, respectivamente (Gráfico 2). Por essa análise fica evidente o maior número de
publicações de Portugal, diferença essa, que é justificada pelos muitos simpósios e grupos de
trabalhos em congressos e até mesmo congressos e pós-graduações especializados em
patrimônio geológico e sua conservação que existem em Portugal. No Brasil, existem
iniciativas e projetos que visam a preservação do patrimônio geológico, mas que ainda
trabalham isoladas, resultando em publicações esparsas. Também não se pode deixar de
mencionar que um levantamento bibliográfico maior, principalmente antes de 2003, no Brasil,
ainda pode ser realizado, mas, sem modificar muito esta diferença.
Gráfico 1: Porcentagem de publicações por tipo. Gráfico 2: Totais de publicações por países.
Fonte: Os autores (2007). Fonte: Os autores (2007).
Analisando os tipos de publicação em cada país, observou-se que no Brasil, a grande
maioria das publicações sobre patrimônio geológico (93%) é composta por comunicações em
anais de eventos, 7% são teses e livros e não foi encontrado nenhum artigo de periódico
científico (Gráfico 3). Em Portugal, a maior parte das publicações também está concentrada
em anais de eventos, com 59% das referências encontradas para este país. Os periódicos
científicos aparecem em segundo lugar, com 23% e teses e livros com 18% (Gráfico 4).
Acredita-se que o grande número de teses é referente ao Mestrado em Patrimônio Geológico e
Geoconservação, existente na Universidade do Minho, Portugal. Além disso, são muitos os
eventos específicos ou que têm sessões sobre patrimônio geológico. Alguns desses eventos,
em vez de publicar anais, publicam suas comunicações em periódicos científicos, como foi o
caso do Workshop "Fósseis de Penha Garcia - Que classificação", em Penha Garcia, 2003,
cujas comunicações foram publicadas na revista Geonovas nº.18, 2004 (Progeo, 2007).
De acordo com Mueller (2000. p.28) o fluxo da informação científica é geralmente
representado através de um modelo. O mais famoso dele foi desenvolvido na década de 70
por dois autores americanos, Garvey & Griffith”. Nesse modelo uma sucessão de etapas
com início e fim, que vai do início ao final da pesquisa, apresentação em eventos, submissão à
uma pesquisa, até que o conteúdo do trabalho seja incorporado à área. Esse processo denota
um outro processo que requer amadurecimento do pesquisador e avanço na produção dos
textos.
No Brasil, embora o interesse tenha crescido nos últimos anos, a produção do
conhecimento na área das Geociências que trabalha com patrimônio geológico, de acordo com
os dados encontrados, ainda está na parte inicial do modelo de comunicação científica
apresentado por Garvey & Griffith (apud Mueller, 2000, p. 29) (Figura 1), sendo a sua maior
parte, ainda, os anais de eventos, mas em muito pouca quantidade. Em Portugal, esse processo
já foi ultrapassado, podendo ter chegado à etapa de citação na literatura.
Gráfico 3: Tipos de publicações no Brasil. Gráfico 4: Tipos de publicações Portugal.
Fonte: Os autores (2007). Fonte: Os autores (2007).
Tipos de publicações no Brasil
93%
7%
0%
Anais Livros Periódicos
Tipos de publicações em
Portugal
59%
18%
23%
Totais de publicação por países
26%
74%
Bras il Portugal
Porcentagem por tipo de
publicação
68%
15%
17%
Anais Livros Periódicos
Tempo
Figura 1 - Modelos de comunicação científica - Garvey & Griffith.
Fonte: MUELLER (2000. p. 29).
5
Inclusão do artigo no
Current Contents
Publicação em
periódico
Indexação do
artigo em índices
e resumos
Citação em
artigos de
revisão
Citações na
literatura
Relatórios
preliminares
Seminários,
Colóquios, etc.
Início da
Pesquisa
Término da
Pesquisa
Submissão dos
originais à revisão
dos pares
Distribuição
de pré-prints
Publicação em listas
de originais aceitos
para publicação
Relatórios apresentados em
conferência
Publicação
em Anais
Indexação de trabalhos
apresentados em
congressos
Textos didático
manuais e
enciclopédias
0
2
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
6
0
11
0
7
0
6
0
20
2
13
3
6
1
8
23
2
1
0
0
5
10
15
20
25
1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
Relação anual de publicação Brasil - Portugal
Brasil Portugal
Relação: patrimônio, conservação, museologia,
monumento, valorização e tio
58%
14%
3%
7%
7%
4%
7%
Patrimônio Conservação Museologia Monumento
Valorização tio Geoturismo
Após a análise dos títulos pelo ano em que os trabalhos foram publicados, observou-se que,
as duas publicações do final da década de 1980 são oriundas de dois eventos que ocorreram em
Portugal, o e Congresso Nacional de Áreas Protegidas (1987 e 1989, respectivamente).
Essas comunicações podem ser consideradas um marco para a proteção do patrimônio geológico no
país, pois demonstram um cunho inovador para época, quase 20 anos atrás, onde ainda a
preocupação com a geoconservação ainda estava se desenvolvendo. Posteriormente, há um hiato até
1997 onde voltam a aparecer publicações, mantendo uma média de 6 publicações por ano, até que,
em 2002, percebe-se um considerável aumento quantitativo de publicações, resultado do Congresso
Internacional sobre Patrimônio Geológico e Mineiro (Gráfico 5).
No Brasil, as primeiras referências encontradas datam de 2003, mas ainda com um baixo
número de publicações. O marco brasileiro se deu em 2006, com 22 oriundas do Simpósio 17 -
Geoconservação e geoturismo: uma nova perspectiva para o patrimônio natural, que ocorreu
no XLIII Congresso Brasileiro de Geologia (Gráfico 5).
Gráfico 5: Relação anual de publicação Brasil – Portugal
Fonte: Os autores (2007).
De acordo com as palavras-chave utilizadas, o termo “patrimônio” foi o mais encontrado,
com 58% das ocorrências. O segundo termo mais aplicado foi “conservação”, com 14% das
ocorrências. Com 7% ficaram os termos “geoturismo”, “valorização” e “monumento” e com 3% e
4%, “museologia” e “sítio”, respectivamente (Gráfico 6).
Gráfico 6: Relação: patrimônio, conservação museologia, monumento, valorização e sítio.
Fonte: Os autores (2007).
6
Relação: patrimônio geológico, natural, mineiro e
paleontológico
71%
11%
8%
10%
geogico natural mineiro paleontológico
Como se verificou que a ocorrência do termo patrimônio superou 50% optou-se por analisá-
lo como um descritor composto, a fim de verificar quais os termos que aparecem associados ao
patrimônio. Desta forma, através do gráfico 7, pode-se observar que a maior ocorrência foi
“patrimônio geológico”, com 71%. Em relação aos outros termos, verificou-se uma relação de
equilíbrio, onde “patrimônio natural” teve 11%, o “patrimônio paleontológico” 10% e o
“patrimônio mineiro” 8% das ocorrências.
Gráfico 7: Relação: patrimônio geológico, natural, mineiro e paleontológico.
Fonte: Os autores (2007).
A partir dessa análise realizada, pode-se inferir que o conceito “patrimônio geológico”
está bastante difundido, devido a sua utilização em massa. Mas, mesmo assim, ainda aparecem
alguns conceitos mais gerais ou específicos. Como conceito geral, se adequa o termo “patrimônio
natural”, ‘que sistematicamente, abrange o termo “patrimônio geológico”. De forma específica, se
enquadram os termos “patrimônio paleontológico” e “patrimônio mineiro”, que, quando
sistematizados, são subdivisões do patrimônio geológico. Constata-se, portanto, a relação
hierárquica dos termos (Gráfico 7).
Quando essa relação foi analisada de acordo com as publicações encontradas em cada país,
tanto no Brasil, quanto em Portugal, o termo “patrimônio geológico” foi o mais ocorrente, com 86%
e 69%, respectivamente. Como na análise geral, as porcentagens dos termos restantes também se
nivelaram, sendo que no Brasil, não houve ocorrência do termo “patrimônio mineiro” e ambos os
termos “patrimônio natural” e “patrimônio paleontológico” obtiveram 7%. Em Portugal, a
ocorrência foi de 12% para “patrimônio natural”, 10% para “patrimônio paleontológico” e 9% para
“patrimônio mineiro”, ressaltando que este último termo foi localizado nas referências
portuguesas (Gráficos 8 e 9).
Gráfico 8: Relação: patrimônio geológico, natural, Gráfico 9: Relação: patrimônio geológico, natural, minei-
mineiro e paleontológico no Brasil. ro e paleontológico em Portugal.
Fonte: Os autores (2007). Fonte: Os autores (2007).
7
Relação: patrimônio geológico, natural,
mineiro e paleontológico no Brasil
86%
7%
0%
7%
geológico natural m ineiro paleontológico
Relação: patrimônio geológico, natural,
mineiro e paleontológico em Portugal
69%
12%
9%
10%
geogico natural m ineiro paleontológico
Relação: patrimônio, conservão, museologia,
monumento, valorização e tio no Brasil
29%
23%
0%
15%
0%
10%
23%
Patrimônio Conservação Museologia Monumento
Valorização tio Geoturismo
Relão: patrimônio, conservação, museologia,
monumento, valorização e tio em Portugal
67%
10%
4%
5%
10%
2%
2%
Patrimônio Conservação Museologia Monumento
Valorização tio Geoturismo
Como no gráfico 6, também foram analisadas as relações entre as palavras-chave em cada
país separadamente. No Brasil, com mais ocorrências está o termo “patrimônio”, com 29% e
empatados em segundo lugar estão os termos “conservação” e “geoturismo”, com 23% cada.
“Monumento”, com 15% e “sítio”, com 10%, completaram as ocorrências, pois não foram
encontrados os termos “museologia” e “valorização”. Desta forma, no Brasil, os termos podem ser
divididos em dois grupos de acordo com a sua utilização. O primeiro, mais corrente, com as
palavras-chave “patrimônio”, “(geo) conservação” e “geoturismo”, e o segundo, pouco encontrado,
“monumento” e “sítio” (Gráficos 10 e 12).
Gráfico 10: Relação: patrimônio, conservação, museologia, monumento, valorização e sítio no Brasil.
Fonte: Os autores (2007).
Em Portugal todas as palavras-chave utilizadas como critério de seleção foram encontradas e
o termo “patrimônio” foi empregado em 67% das referências, maioria absoluta. Os termos que
vieram em seguida foram “conservação” e “valorização”, com 10%, “monumento”, com 5%,
“museologia”, com 4% e “sítio” e “geoturismo”, com 2% (Gráficos 11 e 12).
Gráfico 11: Relação: patrimônio, conservação, museologia, monumento, valorização e sítio em Portugal.
Fonte: Os autores (2007).
8
12
73
12
59
1
10
0
8
1
9
9
11
0
4
6
5
0
11
4
2
9
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Patrim ônio geológico natural m ineiro
paleontológico
ConservaçãoMus eologiaMonum entoValorização Sítio Geoturis m o
Relação das palavras-chave entre Brasil e
Portugal
Brasil Portugal
Desta forma, também se podem tirar algumas conclusões a respeito das publicações de
Portugal. A maciça ocorrência do termo “patrimônio” pode demonstrar um avanço nas pesquisas
portuguesas, pois, através da aplicação deste termo, se percebe implícito a idéia de valorização e
importância dos elementos da geodiversidade. A mesma reflexão pode ser feita com os termos que
apareceram em segundo lugar, “valorização” e “conservação”, que o primeiro representa a
atribuição de valores e importância, o que é, na verdade, o caráter de excepcionalidade, e o
segundo, “conservação”, se referem à etapa posterior, onde, reconhecida à importância do
elemento da geodiversidade como patrimônio, há o empenho e a necessidade de protegê-lo.
Dois pontos merecem destaque. O primeiro, é a ocorrência do termo “museologia” nos
trabalhos, revelando que a Museologia tem muito a colaborar com as pesquisas acerca do
patrimônio geológico. O segundo ponto refere-se à baixa ocorrência do termo “geoturismo” em
Portugal, quando comparado ao Brasil. É importante ressaltar que isso pode revelar que os trabalhos
de geoconservação no Brasil estão realizando o processo de modo inverso. As atividades
geoturísticas são importantes, mas são apenas uma pequena parte de todo o processo de
geoconservação. Nunca é demais ressaltar que, conforme Brilha (2006a, b), primeiro se conhece a
geodiversidade (inventário) e, caso reconhecido (ou atribuído) a sua importância como patrimônio,
a necessidade de preservação. Apenas posteriormente é que se aplicam as estratégias de
divulgação (geoturismo), com a total certeza de que foram tomadas todas as medidas cabíveis para
evitar a degradação do patrimônio geológico.
Gráfico 12: Relação das palavras-chave entre Brasil e Portugal.
Fonte: Os autores (2007).
9
4 Considerações finais
De acordo com as análises realizadas, evidenciou-se o maior número de publicações de
Portugal, incluindo os periódicos científicos e teses (ou livros), que, além das comunicações em
anais de eventos, também aparecem de forma representativa. Isso é reflexo de uma maior, embora
recente, estruturação científica, ilustrada pelos grupos de trabalhos em eventos e, até mesmo,
congressos e pós-graduações especializados em patrimônio geológico e sua conservação que
existem neste país e ainda não existem no Brasil.
Além disso, a maior parte das comunicações científicas levantadas é procedente dos anais de
eventos, refletindo por um lado, que a produção científica encontra-se ainda nas primeiras etapas,
principalmente no Brasil. Mas, por outro, demonstra a importância dos encontros científicos para o
incentivo e a divulgação de trabalhos sobre patrimônio geológico. Por isso, enfatiza-se a
necessidade de mais grupos de pesquisa e, até mesmo, que encontros científicos específicos sejam
realizados, pois, de acordo com que os últimos eventos demonstram, a produção de trabalhos e o
número de publicações são sempre elevados quando ocorrem os encontros científicos.
Nos dois países houve eventos que marcaram a produção científica sobre patrimônio
geológico, como Congresso Internacional sobre Patrimônio Geológico e Mineiro em Portugal e o
Simpósio 17 - Geoconservação e geoturismo: uma nova perspectiva para o patrimônio natural, que
ocorreu no XLIII Congresso Brasileiro de Geologia, no Brasil.
Conforme a ocorrência dos termos, pode-se aferir uma clara distinção entre os enfoques dos
dois países. A extrema ocorrência do termo patrimônio, em conjunto com as palavras museologia e
valorização, não encontradas no Brasil, podem refletir o avançado grau de conscientização
patrimonial que está implícito nas pesquisas portuguesas. No Brasil, pela análise realizada, os
trabalhos mencionam no título, embora ainda pouco, palavras como “patrimônio”, “(geo)
conservação” e “geoturismo”, mas de forma equilibrada e, muitas vezes, associadas à divulgação de
um sítio.
Ainda são raros no Brasil os trabalhos que discutem teoricamente o que é o patrimônio
geológico, principalmente, sobre a perspectiva do patrimônio integral, dando ênfase à valorização e
preservação da geodiversidade com o seu contexto associado, ou que debatem as estratégias de
geoconservação, sua aplicação e integração com a legislação brasileira. Em suma, essa é uma área
de pesquisa em expansão e através das conclusões obtidas com este trabalho, percebem-se diversas
frentes de pesquisas que ainda podem ser iniciadas sob o interessante cunho transdisciplinar, onde
profissionais de diferentes áreas podem trabalhar em conjunto em prol da preservação do
patrimônio geológico brasileiro.
Referências
BRILHA, J. Proposta metodológica para uma estratégia de geoconservação. In: CONGRESSO
NACIONAL DE GEOLOGIA, 7. Universidade de Évora/Sociedade Geológica de Portugal. Anais...
2006a. Disponível em: http://hdl.handle.net/ 1822/5264. Acesso em 23 jan. 2007
BRILHA, J. Bases para uma estratégia de geoconservação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
GEOLOGIA, 43, Aracaju/SE. Anais... Aracajú: SBG/Núcleo BA-SE, 2006b, 91-91.
FERNANDEZ, F. Aprendendo a lição de Chaco Canyon: do desenvolvimento sustentável a uma
vida sustentável. Reflexão, Ano 6, n.15, 1-19,. ago, 2005.
LÉVÊQUE, C. A biodiversidade. Tradução de Valdo Mermelstein. Bauru, São Paulo: EDUSC,
1999. 246 p.
1
MUELLER, S. P. M. A. A ciência, o sistema de comunicação científica e a literatura científica. In:
CAMPELO, B. S.; CENDÓN, B. V.; KREMER, J. M. (Org.). Fontes de informação para
pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. p. 21-34.
PROGEO/Portugal. Associação Européia para a Conservação do Patrimônio Geológico.
Disponível em: http://www.progeo.pt/progeo_pt.htm. Acesso em: jul. de 2007.
SIGEP. Comissão brasileira de sítios geológicos e paleobiológicos. Disponível em:
http://www.unb.br/ig/sigep/. Acesso em jun. de 2007.
1
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo