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O problema da ocupação econômica do nosso território é um postulado da própria
criação do Estado Nacional. Estamos fazendo a estruturação dos núcleos básicos do
nosso crescimento, não apenas ao longo da faixa marítima, mas abrangendo a
totalidade do País. E essa obra, que há de ser o maior título de glória da geração,
porque significa unir e entrelaçar as forças vivas da Nação, retomou o sentido dos
paralelos e renovou o lema bandeirante da marcha para o Oeste.
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O quarto e último livro retratando de um modo panorâmico a história econômica
do Brasil de que vamos tratar foi escrito por Roberto Simonsen
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. História econômica do
Brasil começou a ser idealizada e esboçada em meados da década de 1930, quando Simonsen
assumiu a recém-criada cadeira de História da Economia Nacional na Escola Livre de
Sociologia e Política
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. Organizada em São Paulo por parte da elite industrial e intelectual do
Estado, a princípio, a ELSP tinha como objetivo formar uma nova elite nacional, imbuída de
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VARGAS, As diretrizes da nova política do Brasil, p. 138-139. Adensando o sentido político da obra da
integração econômica do território brasileiro, assim dizia Vargas em entrevistas concedidas à imprensa entre
fevereiro e abril de 1938: “O sertão, o isolamento, a falta de contato são os únicos inimigos temíveis para a
integridade do país. Os localismos, as tendências centrífugas, são o resultado da formação estanque de
economias regionais fechadas. Desde que o mercado nacional tenha a sua unidade assegurada, acrescendo-se a
sua capacidade de absorção, estará solidificada a federação política. [...] Se a produção de riquezas com o
incremento das explorações existentes e a utilização dos potenciais constitui um programa imediato,
seguramente, a sua circulação é a parte dinâmica de qualquer renovação nacional. Rodovias, ferrovias,
navegação fluvial, são os escalões imprescindíveis para a perfeita e completa integração do país”. (VARGAS,
As diretrizes da nova política do Brasil, p. 126).
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Roberto Cochrane Simonsen nasceu na cidade Santos, em 18 de fevereiro de 1889. Formou-se em Engenharia
pela Escola Politécnica de São Paulo, em 1909. Pouco depois, assumiu a Diretoria Geral da Prefeitura de Santos.
Ao deixar este cargo, fundou a Companhia Construtora de Santos, empresa que se tornou destacou quando
Simonsen foi contratado pelo governo federal para construção de quartéis para o exército em diversos Estados.
Além de ter sido um empresário de sucesso, Simonsen foi ardoroso defensor dos interesses do comércio e, muito
especialmente, da indústria brasileira. Em 1919, integrou a Missão Comercial Brasileira enviada à Inglaterra,
também participando, como representante brasileiro, do Congresso Internacional dos Industriais de Algodão em
Paris e da Conferência Internacional do Trabalho em Washington. Em 1928, ocupou a diretoria do recém-criado
Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Posteriormente, quando esta entidade se transformou na
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Simonsen foi seu presidente. Também foi presidente da
Confederação Industrial do Brasil, mais tarde, Confederação Nacional da Indústria. Em 1932, participou
intensamente do Movimento Constitucionalista de São Paulo, chegando a ficar exilado em Buenos Aires por um
mês. No inicio da década de 1930, inaugurou o Instituto de Organização Racional do Trabalho, presidiu o
Instituto de Engenharia de São Paulo e participou da fundação da Escola Livre de Sociologia e Política, também
no Estado. A atuação política de Simonsen em prol da indústria também foi marcante. Foi deputado classista na
Assembléia Nacional Constituinte, em 1933. Logo depois, foi eleito deputado federal por São Paulo. Durante o
Estado Novo, apoiou o regime ditatorial e integrou diversas comissões, conselhos e órgãos técnicos
governamentais. Em 1945, foi eleito senador pelo Estado de São Paulo. Neste mesmo ano, ingressou para a
Academia Brasileira de Letras. Simonsen morreu em 1948, durante uma solenidade na ABL. (Essas informações
foram retiradas do site da ABL, disponível em: <http://www.academia.org.br>. E também do site do Centro de
Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas, disponível em: <www.cpdoc.fgv.br>).
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Comentando a criação desta cadeira que acabou dando origem à obra em apreço, Afrânio Peixoto assim se
expressa no prefácio do livro: “uma matéria, porém, era inédita, virgem, original: era a História Econômica do
Brasil... Quem a versaria? Como todos se escusassem, e ele [Roberto Simonsen], grande industrial e perito
financeiro, houvesse o mais – conhecimentos econômicos indispensáveis – lançou-se ao menos, que devia ser a
história “econômica” do Brasil. Mas não havia nada. Só havia história política e administrativa do Brasil.
Ainda não tiveram tempo os nossos historiadores”. (SIMONSEN, História econômica do Brasil, p. 11. Fizemos
uso da 7ª desta obra, publicada, em formato grande, em 1977).