
tema ou grupos de ecossistemas que se
pretendam conser v a r, das particularidades
socio-culturais, políticas, e das práticas
produtivas que se realizam ou que influem nas
áreas de conservação. Em princípio, a presença
de populações dentro de áreas de conservação
ou em zonas de influência não é incompatível
com os esforços e as necessidades de
conservação. Mais ainda, em muitos casos são
aliados naturais porque do aproveitamento
sustentável de recursos depende suas possibi-
lidades de sobrevivência, reprodução e melhora-
mento da qualidade de vida, e esta circunstância
faz que em muitas ocasiões se constituam em
guardiões naturais frente a tentativas de
invasão de grupos colonizadores ou de grupos
de interesse vinculados a práticas extrativistas
indiscriminadas ou de plantações extensivas que
requerem a destruição de bosques naturais.
No caso do Equador, muitos dos conflitos
sociais em áreas protegidas tem relação com
suas declaratórias sem que se considere a
população preexistente e, portanto, seus direitos
sobre o uso dos recursos. No entanto, esta é uma
situação inevitável dado o tamanho do país e a
presença de população indígena ou rural em
todo seu território. Para o Equador, é pratica-
mente impossível ter unidades de conservação
que não guardem relação com gru p o s
populacionais no seu interior ou em áreas de
amortecimento, o que vem obrigando a flexibili-
zação das práticas de conservação no sentido de
buscar alianças com estes grupos humanos, de
modo a promover a valorização das áreas
protegidas como uma oportunidade para o
desenvolvimento destas populações e não
somente como uma limitação a suas práticas
extrativistas e produtivas.
No caso brasileiro, a experiência da Vitória
Amazônica nos mostra que, apesar da extensão
do território, também subsistem estes
problemas. Frente a eles, parece que o mais
adequado é reconhecer esta realidade e
promover a articulação das populações locais à
c o n s e rvação e bom manejo dos recursos
naturais antes que a busca de sua expulsão.
Nesta direção deram resultados positivos
uma série de iniciativas como a incorporação
dos critérios da população local na formulação
de planos de manejo, na promoção de educação
ambiental, na geração de atividades para
melhorar os níveis de saúde e educação, assim
como na execução de ações coordenadas entre
as prefeituras municipais para melhorar as
condições de vida da população.
Linhas de trabalho como as propostas abrem
o caminho para níveis de acordo e conciliação
para incorporar as populações locais ao manejo
de recursos naturais conservados, sem violentar
seus direitos e são coerentes com o necessário
vínculo entre conservação e o melhoria da
qualidade de vida das populações locais.
Adicionalmente, estas são experiências que
contribuem para o diálogo sobre as políticas
públicas e, eventualmente, à modificação de
normas jurídicas, particularmente no que se
refere aos povos indígenas ou a assentamentos
bem mais antiguos que as decisões públicas de
declarar unidades de conservação.
A Prefeitura Municipal de Manaus:
Participação comunitária na
conservação do Lago do Tupé
O Lago do Tupé é um lugar de excepcional
beleza. Está localizado a aproximadamente uma
hora de viagem fluvial de Manaus, separado do
Rio Negro por uns duzentos metros de fina areia
branca. Nas margens do lago e do rio que o
alimenta, vivem há mais de cinquenta anos cerca
de vinte famílias rurais de maneira perm a n e n t e
e outras cinquenta de forma intermitente; todas
elas sendo sumamente pobres.
A Prefeitura desenvolveu com a Comunidade
de São João do Tupé um conjunto de atividades
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