Universidade tive uma surpresa: tinha me acostumado a ser direcionada,
pediam-me e eu fazia, cumpria ordens.
Nesta faculdade os professores tinham como formação o “marxismo
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”,
achavam que o sistema capitalista era opressor, dominador, injusto e que
precisávamos nos despir de toda ideologia consumista, tínhamos de lutar pela
nossa classe e fazer uma revolução.
Fiquei apavorada, tudo era novo, sentia-me roubada, achei que havia
sido vítima de uma lavagem cerebral, deixei de mascar chiclete e tomar coca-
cola, que na minha concepção eram símbolos do imperialismo, os professores
falavam de autores de esquerda, davam a bibliografia e diziam: “Agora é com
vocês”.
Explicação e discussão eram poucas, diziam que deveríamos ser
autônomos e buscar o conhecimento, senti vontade de desistir, me sentia
incapaz. Parecia uma criança freqüentando a escola pela primeira vez, com frio
na barriga e tudo.
Quando me formei, tomei uma decisão, resolvi que meus alunos não
seriam como eu fui, queria ser uma professora diferente, queria que meus
alunos participassem, tivessem voz, mas como?
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De acordo com o dicionário Oxford de filosofia de Simon Blackburn, em termos teóricos, o marxismo é
a adesão a pelo menos algumas idéias centrais de Marx. Entre elas conta-se, tipicamente a percepção do
mundo social pela categoria de classe, definida pelas relações com os processos econômicos e produtivos;
a crença no desenvolvimento da sociedade além da fase capitalista através de uma revolução do
proletariado; na economia, teoria do valor-trabalho; e, acima de tudo, a rejeição da exploração que é
inerente ao controle privado do processo produtivo. Na prática, o marxismo é um comprometimento com
as classes exploradas e oprimidas, e com a revolução que deverá melhorar sua condição (1997:238).
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