Jorge: A idéia disso aqui, era pra ser, mais não deu pra ser, é como se
fosse um castelo, tá, aqui antes tem um poço, em volta uma ponte pra
você atravessar.
Jorge: Aí tem várias casas, mais pessoas, como é um castelo tem
uma carruagem, é claro que não ficou bem um castelo ficou só uma
muralha (risos), a gente tenta mas, na prática não funciona.
Jorge: Bom, isso aqui é um poço, pra proteger, com uns animais aqui
pra proteger, crocodilo, jacaré, como todo poço tem um sapo,
tartarugas, bom isso aqui é eventualmente alguém que caiu e aqui é o
esqueleto, vou pôr o crocodilo aqui,e um portão.
Paula: Fechado?
Jorge: Não, é um castelo, aqui tem um feudo protegido, aqui tem a
ponte pra você, pra atravessar, é preciso ver como a gente estaria aí.
(Colocando o casal de formados).
Paula: O que é, é nós dois?
Jorge: É, eu tava imaginando a gente na ponte.
Paula: Chegando é lindo, né?
Depois de concluir o cenário Paula faz o seguinte comentário:
Paula: Me lembrei de um filme, eu não consigo pensar em outra
coisa, (risos) que eu assisti, chama “Dogville”, é um filme que era
assim, era uma comunidade que eles tinham certos valores, certos
costumes que eles não queriam deixar, a dinâmica do lugar era
aquele, então qualquer pessoa que chegasse eles tinham medo, por
isso que era Dogville, tinha um cachorro que ficava assim na porta
pra não deixar ninguém entrar pra não mudar aquilo, era rígido,
aquela rigidez, se alguma coisa mudasse naquela vila, as pessoas iam,
alguns iam perder alguns direitos adquiridos, algumas coisas assim
entendeu ...... Era uma proteção, isso só me faz lembrar desse filme,
porque é bem isso mesmo, bem isolado e alguém chegando.
Jorge: Ah, lembrei de um outro filme que a gente assistiu, algumas
pessoas por problemas na vida real, no dia-a-dia, né, um que perdeu o
filho, outro perdeu o marido, o que eles fizeram? eles pegaram,
parece que eles tinham muito dinheiro, eles compraram uma área
grande cercaram toda, inventaram uma...
Paula: Um monstro, “A Vila” ele se chama.
Jorge: Um monstro, ‘A Vila’, inventaram um monstro que atacava,
então, eles não podiam sair daquilo lá, porque tem aquele monstro
que tava proibindo eles de sair dali, então eles ficavam naquele meio
ali, só que tinha uma pessoa que tinha um problema, um transtorno,
não sei o que ela tinha lá, e tinha uma moça que era cega no filme, e
esse moço tinha que fugir [....].
Percebemos que Paula continuou tendo pouco envolvimento na construção dos
cenários, ela não se impôs, não expressou suas preferências, embora tenha escolhido e
colocado miniaturas, ela o fez para complementar o trabalho feito por Jorge e não para
expressar seus próprios desejos. O cenário feito por eles os fez lembrar dos filmes
Dogville e A Vila onde as pessoas temem ameaças de fora e se fecham a qualquer