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APRESENTAÇÃO
Quando tomamos a decisão de trabalhar para melhorar o nosso país, não foi por acaso que
escolhemos a criança como tema de nossa missão. Conhecemos as mazelas de nossa
sociedade: muita pobreza, analfabetismo e baixa instrução, violência, desrespeito ao meio
ambiente, violação aos direitos humanos, corrupção, desamparo dos idosos e aposentados,
péssima distribuição de renda, moradia escassa, saúde precária e democracia jovem e ainda
frágil. Olhando os indicadores relativos à nossa infância, como mortalidade infantil, nutrição, taxa
de matrícula e evasão escolar, trabalho e prostituição infantil, percebemos que a esperança de
um futuro melhor é pura ilusão se não cuidarmos das nossas crianças. Nada seria mais
importante do que tentar melhorar as condições de vida de nossa infância, condição
absolutamente necessária para alcançar uma sociedade mais próspera, justa, digna e
democrática.
O País tem imensos recursos: financeiros, materiais, conhecimentos, competência, boa vontade
e sensibilidade de muitas pessoas, organizações da sociedade civil comprometidas com direitos
humanos e empresas imbuídas de sua responsabilidade social. O que nos propusemos a fazer
foi canalizar esses recursos para onde há carências e articular redes e parcerias de apoio às
nossas causas. Para isto tivemos que conquistar a confiança e combater preconceitos. Isto só
foi possível agindo com transparência, competência e genuíno compromisso com a causa. Foi o
que tentamos fazer.
Erramos e acertamos. Se tivéssemos melhorado a vida de uma só criança, já teria valido a
pena. Foi muito mais. Ficou a certeza que dá para resolver e a gratificação de poder fazer
alguma coisa pela comunidade. Gostaríamos que no futuro a nossa missão continue orientando
nossas ações e que a nossa organização seja vista sempre como meio e não um fim em si
mesma. Que o nosso trabalho resulte em avaliar os efeitos dos problemas mas, sobretudo, em
agir sobre suas causas. E que os indicadores sociais da qualidade de vida de nossas crianças
estejam entre os melhores do mundo.
Oded Grajew
Diretor-Presidente
Sérgio E. Mindlin
Presidente do Conselho de Administração
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Parte I
ORIGENS E CARACTERÍSTICAS
1. RAÍZES DA FUNDAÇÃO ABRINQ
No fim dos anos 80
inúmeros episódios de violência contra crianças e
adolescentes, de fugas de instituições para jovens infratores e de violações
extremas de direitos, como prostituição e assassinato, chamam a atenção
mundial para a dramática situação da infância no Brasil.
A imprensa, no Brasil e no exterior, dá ampla repercussão às denúncias. A
opinião pública é sacudida. Entre as informações que emergem, destaca-
se que:
z
25 milhões de crianças
estão sem lazer, educação, alimentação regular, moradia,
higiene adequada e
submetidas a vários tipos de violência
(a)
;
z
350 mil óbitos
por ano ocorrem entre crianças com até 5 anos de idade
(a)
;
z
3 milhões e meio
de crianças e jovens entre 7 e 17 anos são
analfabetos
(b)
;
z
4 milhões
de brasileiros com menos de 14 anos (idade mínima constitucional)
estão
trabalhando
(b)
.
Fontes: (a) UNICEF 1989, (b) IBGE 1991.
Os dados divulgados sensibilizam também empresários do setor de manufatura de
brinquedos, já que incidem sobre indivíduos na mesma faixa etária de seus
consumidores, mas excluídos até mesmo dos consumos básicos de sobrevivência!
Na verdade, a importância desse problema mobiliza muitos setores ao redor de um
ponto comum: mudar a situação da infância brasileira.
Nesse contexto, a
Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos
— a
Abrinq
— cria, em 1989, dentro de sua estrutura, uma
Diretoria de Defesa dos
Direitos da Criança
, núcleo da futura
Fundação Abrinq pelos Direitos da
Criança.
O que leva estes segmentos à ação é a crença de que
NÃO É MAIS POSSÍVEL ESPERAR DE BRAÇOS CRUZADOS QUE O
PODER PÚBLICO RESOLVA A QUESTÃO! É PRECISO FAZER ALGUMA COISA, E AGORA!
Para a Fundação, a chave para o trabalho conseqüente em favor das crianças e jovens em
situação de risco no Brasil não é a ação individual ou isolada, mesmo se meritória, mas sim o
esforço coletivo da sociedade
, pondo meios e recursos a serviço da
causa comum:
a criança
brasileira.
Coerentes com essas convicções, as primeiras ações da Diretoria de Defesa, ainda em 1989,
Essa postura nasce da convicção de que a
responsabilidade pela infância não é só dos
Governos, mas de todos,
de toda a sociedade!
Os instituidores da Fundação Abrinq pelos Direitos da
Criança acreditam que são muitos os que querem
fazer algo pelas crianças, e essa constatação fornece
base para
uma mobilização social em prol da
infância.
Se fica-se a pensar — "ah, não, não vamos fazer
porque pode dar errado" — então não se faz
nada. Nós preferimos correr o risco e fazer. E
nisto temos sido muito apoiados pelos parceiros
— empresas e indivíduos — que acreditam nesta
postura e estão conosco.
Julio Jorge Lobo Pimentel, Secretário do Conselho
de Administração (1992-96) e Diretor Vice-
Presidente (1996-98) da Fundação Abrinq
caracterizam-se pelo envolvimento de parceiros das mais diversas esferas sociais (em particular,
do empresariado).
Assim, grandes companhias comerciais, como as
Lojas Americanas
e a rede
Fotóptica,
associam-se à Diretoria para, respectivamente, divulgar e realizar o primeiro concurso fotográfico
sobre Direitos da Criança. Da mesma forma, os engajamentos da
Abigraph
– Associação
Brasileira da Indústria Gráfica, e das indústrias de papel
Suzano, Ripasa e Simão
viabilizam
gratuitamente a impressão de 15 mil cópias do livro
"A criança e o adolescente na Constituição
do Brasil".
A Diretoria de Defesa concentra suas ações na divulgação dos
Direitos
da Criança,
através de todo tipo de campanha. Os parceiros neste
trabalho de informação social vão da
Caixa Econômica do Estado de
São Paulo
(posters, concursos internos sobre o tema) à rede de
restaurantes
fast-food
América
(frases sobre os Direitos nas toalhas de
mesa das lojas), da
Tilibra
(impressão da Declaração Universal dos
Direitos da Criança nas contracapas de seus cadernos) à gráfica
C.
Sarcinelli
(doação de material), diversos fabricantes de brinquedos (frases sobre os Direitos nas
embalagens de brinquedos), além de inúmeras escolas (campanhas internas).
Particularmente marcante é a associação com o
Ministério da Educação e Cultura
e o
UNICEF
. A proposta é realizar em parceria uma campanha para conscientizar os alunos da rede
pública oficial, em todo o país, que, enquanto crianças, têm direitos, informando-os também
sobre quais são eles. A importância da iniciativa decorre do fato de que a maioria dessas
crianças vem de famílias pobres, as mais sujeitas às violações. É imaginado então um concurso
sobre os Direitos das Crianças, destinado a todo o país, do qual participam
27 milhões de alunos
.
Outra ação de divulgação maciça de Direitos ocorre em parceria com a
Editora Abril
, líder
brasileira do mercado de publicações infanto-juvenis, que aceita abordar os Direitos da Criança
em 10 milhões de revistas e também cria um concurso sobre o tema.
Decorrente das ações em parceria, outra das futuras características da
entidade está presente desde seu início: o foco na
mobilização e
participação
da sociedade, mais que no atendimento direto de crianças
(em creches ou escolas, por exemplo).
Dessa forma, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança manifesta
desde o berço sua vocação de
entidade articuladora
, capaz de
intermediar
positivamente
a
relação entre quem precisa de recursos, meios e conhecimento e quem dispõe deles.
Este modelo
"articulador"
é originalmente uma sugestão do
UNICEF
, que percebe que os
instituidores da Fundação estão capacitados a envolver outros empresários e segmentos sociais
na causa da infância.
2. GÊNESE HISTÓRICA DAS CARACTERÍSTICAS DA FUNDAÇÃO
z a Constituição Brasileira de 1988;
z a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, da ONU, de
1989; e
z Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990.
2. 1. Implicações da Defesa dos Direitos
Em função da situação brasileira na época, a primeira preocupação da entidade é a defesa do
direito mais básico, o
Direito à Vida
.
Tanto assim que a apresentação pública da Fundação, em
15 de Março de 1990
, é o
lançamento do primeiro livro que ela apóia:
"A Guerra dos Meninos"
, do jornalista Gilberto
Dimenstein, que denuncia o extermínio de crianças e jovens.
Ao assumir esta e muitas outras ações de
advocacy
em favor dos Direitos Elementares da
Infância, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança vai caracterizar seu trabalho como
Ação
Política.
Esta característica mantém-se, do início das atividades até hoje.
Isso não quer dizer que a Fundação Abrinq deixa de assumir posições públicas em defesa das
crianças ou de se fazer ouvir, quando necessário, nas esferas políticas. Mas o entendimento da
"política pró-infância" cresce.
A entidade ganha, assim, clareza sobre as implicações de sua postura de advogada social dos
direitos da infância e passa a considerar
AÇÃO POLÍTICA COMO SUA PRIMEIRA LINHA ESTRATÉGICA DE AÇÃO.
2. 2. A necessidade de um eco social
O rápido crescimento
do trabalho em defesa dos
Direitos da Infância leva à instituição, em
13 de
Fevereiro de 1990
, de uma Fundação de direito
privado, chamada
Fundação Abrinq pelos Direitos
da Criança
, com a principal finalidade estatutária de
defender os direitos da criança
conforme normas
nacionais e internacionais, notadamente três textos
legais:
A Fundação Abrinq é uma das mais importantes
entre as organizações não-governamentais que
atuam na área de defesa dos direitos da criança.
É uma instituição dinâmica, corajosa,
respeitada, que tem credibilidade em todos os
setores e que serve de espelho a muitas
entidades.
Suzanne Schonberger, primeira Diretora-Presidente
(1990-92) da Fundação Abrinq
Veremos porém como o entendimento dessa característica
passa, com o tempo, de uma atividade delimitada
claramente — composta por ações realizadas em instâncias
políticas (câmaras legislativas, órgãos de governo, etc.) —
para: um conteúdo geral dos projetos que, ao
proporcionarem alimentação, educação, assistência
adequada e dignidade às crianças,
traduzem a Defesa dos
Direitos da Infância em realidades sociais.
No começo não havia ainda uma
perspectiva clara. Acreditávamos que
aprenderíamos com o tempo. Tínhamos
um verso:
caminante no hay caminos, se
hace camino al andar
. Hoje, olhando para
trás, podemos ver que estávamos no
rumo certo.
Ana Maria Wilheim, Superintendente da
Fundação Abrinq
Ou seja, a entidade chama de
Ação Política
a mobilização
e articulação das forças sociais — em especial do
empresariado — em projetos que atuem em profundidade
nas
causas
dos problemas da infância. Com isso, ela
procura distinguir seu trabalho da mera solicitação, capaz
apenas de sanar efeitos superficiais das desigualdades,
que é o modelo da filantropia caritativa do século XIX.
O nosso negócio é articulação para
engajamento empresarial nas causas da
criança brasileira. O que nós, da
Fundação Abrinq, temos a mostrar são
alguns projetos exemplares para a
sociedade.
Synésio Batista da Costa, Diretor-Tesoureiro
(1992 a 98) da Fundação Abrinq
Estreitamente ligada à primeira Estratégia de Ação
está a atividade de Comunicação desenvolvida pela
Fundação Abrinq desde sua instituição.
Evidentemente, para que a ação de
advocacy
pelas
As ações da Fundação Abrinq tiveram um papel
primordial na mobilização da sociedade civil em
torno dos problemas atuais da infância e
juventude brasileiras.
Regina Weinberg, Diretora-Executiva da
Isso quer dizer que só um trabalho de
Comunicação
eficaz permite:
z repercutir na sociedade denúncias de violação dos direitos;
z angariar o apoio da opinião pública para a causa;
z pressionar mais objetiva e eficientemente legisladores e governantes;
z divulgar experiências bem-sucedidas, mostrando que "dá para resolver"; e
z propor a toda a sociedade as novas soluções, indo além da denúncia.
Assim, esse trabalho é essencial, tanto do ponto de vista institucional-político, quanto para a
atividade técnico-operacional, responsável pelos projetos em prol das crianças.
Por isso, para a Fundação Abrinq,
COMUNICAÇÃO É SUA SEGUNDA LINHA ESTRATÉGICA DE
AÇÃO.
2. 3. Aplicações práticas
A Fundação Abrinq também compreende que apenas defender direitos das crianças e informar a
sociedade é insuficiente. Muitos dos parceiros querem
ver
ações concretas, crianças fora das
ruas, alimentadas, educadas e dignamente assistidas.
A Fundação Abrinq começa então a propor ações pró-ativas em áreas que, a princípio, são
reunidas no campo chamado
"Apoio à Comunidade"
.
Em 1990 isso engloba ações em Educação e Cultura (a partir de 91 fundidas numa só
área); em Saúde; e em Violação de Direitos (mais tarde chamadas de ações na área da
Violência). A partir de 1992, o campo de Apoio à Comunidade inclui a área de Trabalho
Infanto-Juvenil.
São as chamadas
áreas temáticas
da Fundação Abrinq (existentes até hoje, renomeadas como
Saúde e Nutrição, Educação e Cultura, Trabalho Infantil, Família e Comunidade e Defesa
dos Direitos).
Entretanto, depois da criação e sucesso do Projeto Nossas Crianças (ver adiante), que age
simultaneamente em todas as áreas temáticas, a Fundação é levada a adotar um conceito mais
amplo: o de
Gerência de Projetos.
A Gerência de Projetos — que abarca as antigas áreas de Apoio à Comunidade — faz o que o
Trabalho Político e o de Comunicação, por si sós, não podem fazer, ou seja, implementa no
cotidiano, através dos projetos e programas, os Direitos da Criança.
Isso não quer dizer que a Fundação administre ações diretas, mas
sim que sua vocação articuladora traduz-se, no dia-a-dia, pela tarefa
de criar, montar e gerir
projetos exemplares em prol da infância.
Para isso, isto é, para mostrar como "
dá para resolver
", na Fundação
Abrinq a
GERÊNCIA DE PROJETOS É A TERCEIRA LINHA DE
AÇÃO ESTRATÉGICA.
2. 4. Necessidades materiais
Naturalmente, para que todo este mecanismo trabalhe eficientemente pelas crianças, é preciso
dispor de fundos suficientes, não só para as necessidades administrativas de manutenção da
entidade, mas prioritária e principalmente para captar recursos na sociedade e repassá-los aos
operadores e beneficiários dos projetos.
crianças tenha resultados, é preciso que a voz em
defesa de seus direitos seja ouvida.
organização Vitae – Apoio à Cultura, Educação e
Promoção Social
Assim, também na área de
Captação de Recursos
a Fundação faz o papel de articuladora das
capacidades sociais latentes, é uma
ponte
que une o potencial da sociedade com as
necessidades da infância brasileira.
O desenvolvimento de fontes financiadoras recebe grande atenção dentro da entidade, que está
consciente de sua importância já que, sem os fundos necessários, os projetos ficariam só nas
boas intenções.
Por isso a Fundação Abrinq identifica sua
QUARTA LINHA DE AÇÃO ESTRATÉGICA NA CAPTAÇÃO DE RECURSOS.
2. 5. O perfil estrutural e seus reflexos na cultura da entidade
Vimos acima as diretrizes estratégicas da Fundação Abrinq. Sua estrutura é a forma concreta
para ágil aplicação dessas diretrizes.
A direção da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança está a cargo de um
Conselho de
Administração
, composto basicamente por empresários engajados na causa dos Direitos das
Crianças, com mandato de dois anos. Sua função é discutir e estabelecer as estratégias gerais
de ação da entidade, supervisionando sua execução.
O Conselho elege, entre seus membros, a
Diretoria Executiva
(com três cargos: o de
Presidente, de Vice-Presidente e de Diretor-Tesoureiro) e um
Conselho Fiscal
, com o mesmo
tempo de mandato.
A Diretoria Executiva cuida de implementar as determinações do Conselho de Administração,
dirigindo o funcionamento, as finanças e as ações de sustentação da entidade, bem como
supervisionando a regularidade de todas as operações. O Conselho Fiscal é um órgão de
assessoria e fiscalização financeira e contábil da Fundação.
Na Diretoria e nos Conselhos de Administração e Fiscal concentram-se empresários de diversos
segmentos da economia, já que a composição da Fundação diversifica-se com o correr dos anos,
dotando-a de um perfil empresarial suprasetorial. Esses Conselheiros e Diretores assumem,
além de suas atividades diárias, os encargos executivos cada vez mais complexos de uma
instituição em crescimento. O trabalho é feito em regime de total voluntariado. Além disso, o
papel dos empresários é essencial na orquestração e garantia da rede de apoios que viabiliza a
Fundação.
Essa cultura empresarial da direção da entidade valoriza conceitos como
eficiência, rentabilidade
de ações, custo-benefício e outros instrumentos da administração privada
no trabalho de
filantropia social. É estimulada a mescla de talentos. Na Fundação, profissionais das áreas
tradicionais de intervenção social trabalham com economistas, publicitários e outros recursos
humanos utilizados em administração de empresas.
A visão empresarial valoriza também o saber de especialistas, cuja assessoria é necessária para
a correta orientação da Fundação Abrinq. Vindos de vários movimentos em Defesa dos Direitos
da Criança, são convidados a compor o
Conselho Consultivo
, que tem três anos de mandato.
Como portadores da expertise necessária à entidade, seu número é propositadamente deixado
em aberto. Seu trabalho também é voluntário.
Os resultados qualitativos e numéricos, e sua
transparência, endossada por auditores
independentes da
Coopers & Lybrand
(que fornece
estes serviços gratuitamente como parceria),
asseguram credibilidade e
confiabilidade
à
Fundação, e, com isto, prestígio social,
reconhecimento oficial como entidade de utilidade
pública e a possibilidade de um fluxo de recursos.
A Fundação Abrinq colocou definitivamente na
agenda do dia a questão da criança. Apropriou-se
de experiências sérias e exitosas, como o UNICEF,
e deu tempero brasileiro. Ela é hoje um paradigma,
e seus aspectos mais importantes são a
transparência, a descentralização e um otimismo
contagiante.
Horácio Lafer Piva, membro do Conselho de
Administração da Klabin Papel & Celulose S.A.
Os participantes do Conselho Consultivo formam um conjunto
heterogêneo de pesquisadores, médicos, artistas e
A Fundação Abrinq é feita de
pessoas interessadas. Os
Conselhos são compostos por
representantes de movimentos sociais com um ponto em
comum: o foco nos interesses da criança.
Esse perfil garante
riqueza e diversidade de idéias.
Além disso, o voluntariado dos Conselheiros é essencial para a
entidade em seus primeiros anos, pois nesse momento o corpo
técnico é muito diminuto.
Sob estas instância situa-se por fim a chamada
Secretaria
Executiva
, a área operacional da Fundação, onde trabalham os
técnicos na execução dos programas, coordenados por uma
Superintendência
.
voluntários. Ou seja, você tem uma
direção voluntária para um corpo
técnico profissional, mas que
também tem envolvimento. São
pessoas que já estavam todas
engajadas, com história e
interesses próprios. Essa escolha
das pessoas, e essas pessoas
escolhendo a Fundação, é que deu
uma mistura legal.
Silvia Gomara Daffre, Vice-Presidente
(1990-93) e Presidente (1993-96) do
Conselho Consultivo da Fundação
Abrinq
Parte II
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
NOTA:
A evolução cronológica da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança compõe-se de três
momentos:
z 1990 a 93/94, fase de implantação institucional, de tentativa e
esforços em muitas direções, na busca do caminho mais
adequado;
z 1993 a 95, momento da potencialização, de confirmação das
vivências anteriores, de aproveitamento das lições do Projeto
Nossas Crianças (PNC) e de criação do Projeto de
Fortalecimento Institucional (PFI);
z de 1995 em diante, aprimoramento gerencial com as novas diretrizes.
Coerentemente com este quadro, relatamos abaixo a evolução histórica da Fundação Abrinq em
três blocos. O primeiro reporta-se às atividades iniciais nas áreas temáticas; o segundo
apresenta o PNC e o PFI; o último retoma a descrição geral depois da redefinição estratégica
propiciada pelas experiências de 93 a 95 e vem até os dias de hoje.
3. PERÍODO INICIAL: OS ANOS DO APRENDIZADO
3. 1. As primeiras atividades políticas
Apresentar publicamente a Fundação Abrinq, em março de 90, justamente com o lançamento de
um livro sobre extermínio de crianças, deixa claro desde o início o
compromisso
que se busca e
mostra — pelas implicações do tema — que não se trata de
marketing
algum do setor de
brinquedos.
Outras ações de Defesa de Direitos são a articulação de indústrias para
imprimirem, nas embalagens de brinquedos, mensagens sobre os Direitos
da Criança e a impressão da Declaração Universal dos Direitos da Criança.
Esse trabalho político inicial leva a uma série de encontros, reuniões e
mobilizações. O objetivo é:
tecer uma rede de apoio político para assegurar status jurídico
prioritário aos Direitos de Cidadania das crianças brasileiras
.
Assim, a convite do
UNICEF
, já em 1990 a Fundação participa, em Nova
Iorque, do
IV Fórum Mundial de ONGs
. No Brasil, engaja-se no abaixo-assinado pela ratificação
da
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança
e leva ao presidente Fernando
Collor de Melo a tese "
Um FMI para as Crianças
" como subsídio ao
Encontro Mundial de
Cúpula pela Criança.
Participa também da campanha
Não Matem Nossas Crianças.
Em dezembro de 1990, como forma de pressionar os líderes mundiais reunidos em Nova Iorque
para a Cúpula pela Criança, a Fundação coordena, para o Brasil, a
Vigília Mundial "Candle
Light"
pelos Direitos da Criança, nos parques do Ibirapuera e do Carmo, com a presença de
conselheiros e alunos das escolas de São Paulo, numa ação simultânea à de outros 71 países.
Mas o principal esforço político da entidade no ano de sua instituição (e de todas as
organizações ligadas à causa da infância brasileira) visa à aprovação do
Estatuto da Criança e
do Adolescente
(considerado mundialmente um dos mais avançados textos legais sobre o tema).
A Fundação Abrinq não se limita porém apenas às questões mundiais e nacionais. Participa do
Fórum Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente
, que reúne forças sociais em prol
da infância e que sugere à Prefeitura de São Paulo a criação do
Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente.
Quando, ainda em 1990, o
E.C.A.
é aprovado, a Fundação, como membro
do Fórum, co-organiza a
"Passeata das Crianças"
em São Paulo,
comemorando aquela vitória.
Em 1991 esboçam-se e começam a funcionar os primeiros projetos operacionais, mas as metas
principais da Fundação, definidas no "Plano de Atividades" para o ano, estão nos campos da
advocacy
e da comunicação: divulgar, ajudar a implantar e fiscalizar o cumprimento do
Estatuto
da Criança e do Adolescente.
Em parceria com o
UNICEF
, a entidade colabora no livro
"O Estatuto da Criança e do
Adolescente Comentado"
; e realiza com o
Fórum Regional Oeste da Cidade de São Paulo
um
seminário sobre
"Educação e Estatuto da Criança e do Adolescente".
Além disso, nesse ano a Fundação participa de mobilizações como o
"Ato em Defesa da Vida"
,
contra o extermínio de crianças; de movimentos como
Opção Brasil
e
Pacto pela Infância
(que
reúnem defensores da democracia, de forma geral, ou buscam engajar o poder público na defesa
das crianças); e de
Fóruns e Grupos de Defesa dos Direitos da Infância,
em todos os níveis.
Em junho, por recomendação do Conselho Consultivo, Sócios e Conselheiros da Fundação
Abrinq encontram-se com líderes parlamentares e civis para debater a criação dos Conselhos de
Direitos da Criança e do Adolescente.
Em conseqüência, Deputados Estaduais e Federais são pressionados a criar, em lei, o
Conselho Estadual de São Paulo e o Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança
(o CONANDA).
A Fundação participa também do
1º Encontro Estadual dos Direitos da Criança de São Paulo
(que propõe, em ato público, a instalação do Conselho Estadual e leva a proposta ao Governador
do Estado). O
Conselho Municipal
da Capital do Estado é criado neste ano. O
CONANDA
é
aprovado na véspera do Dia das Crianças.
Do encontro de junho sai também o apoio à chamada
CPI da Violência
, a instalação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa de São Paulo para investigar
casos de violência, inclusive os que vitimam a infância.
Outra iniciativa neste campo é a decisão de financiar reproduções em vídeo do
filme-denúncia
"A Guerra dos Meninos"
, feito pela cineasta Sandra Werneck a
partir do livro de Gilberto Dimenstein. (Esta operação, por implicar no uso somado
de tecnologias de vídeo e de
know-how
publicitário, é detalhada adiante, no item
sobre Comunicação.)
A partir de 1992 novas prioridades surgem nos projetos da Fundação. As lutas
pela instalação dos Conselhos de Direitos, pelo cumprimento das leis de proteção
(a começar da esfera pública), pelo estabelecimento de redes nacionais e locais
de vigilância prosseguem, mas
num contexto mais
amplo.
As implantações de
Projetos de Educação
ou de
Campanhas de Saúde
somam-
se aos planos de denúncia da violência exterminadora ou de transformação do
Estatuto da
Criança e do Adolescente
em matéria curricular das escolas de segundo grau.
Em seu primeiro ano a entidade também implanta um projeto
que mescla atividades de Ação Política, de Comunicação e de
Educação e Cultura: a
"Praça da Criança"
, espaço público
cedido pela Prefeitura de São Paulo que é equipado com
brinquedos doados pelas indústrias do setor e com uma
escultura que exibe o texto da
Declaração Universal dos
Direitos da Criança.
A Fundação Abrinq pelos Direitos da
Criança demonstrou ao Brasil como
um setor da sociedade consegue
mobilizar sociedade e governo em
favor da criança e do adolescente e
provou que, com compromisso, o
Brasil pode.
Agop Kayayan, Representante do
UNICEF no Brasil
Nesse ano a Fundação Abrinq apóia o
Encontro de
Governadores em Prol da Infância
, com abaixo-assinados e
mobilizações no âmbito do Pacto pela Infância e do Movimento
Opção Brasil e estabelece relações com os Poderes Executivo e
Legislativo em todos os níveis de jurisdição.
A Fundação Abrinq abriu um
caminho da maior importância no
Brasil, no sentido de dar
visibilidade ao Terceiro Setor como
agente de desenvolvimento social.
Programas tecnicamente
competentes foram disseminados,
A entidade recebe delegações da ONU e da Comunidade Européia que vêm conhecer os
movimentos de Defesa dos Direitos da Infância, comparece ao
Congresso Internacional de
Defesa da Criança
, na Espanha, e participa de encontros a convite da
Fundação Arias
da
Costa Rica, dos
Partners of America
, do
Synergos Institute
e da
Civicus
(World Alliance for
Citizen Participation).
3. 2. O surgimento de táticas de Comunicação interligadas
As atividades de
Comunicação
são sempre inseparáveis das ações da Fundação Abrinq. Os
projetos sempre fundem o elemento de comunicação na mecânica da operação. O primeiro
exemplo dessa tática vem de 1989, ainda da antiga Diretoria de Defesa. É o
Prêmio Criança
,
depois incorporado como atividade permanente da Fundação.
A idéia do Prêmio é simples: é um evento anual que
premia quatro
iniciativas exemplares
em favor das crianças numa cerimônia pública
(que ocorre normalmente no mês de novembro, quando é
comemorado o aniversário da Declaração dos Direitos da Criança),
amplamente divulgada
através de releases, entrevistas, matérias em
jornais e rádios e TVs.
O objetivo é dar visibilidade a exemplos que provem a
existência de soluções
para a situação
das crianças e que estimulem a sociedade a também fazer algo concreto em favor da infância.
O
Prêmio Criança
é uma atividade de
difusão de iniciativas e boas práticas pelas crianças
, ou
seja, de
Comunicação
, com um forte compromisso social (vide a escolha dos premiados, como
em 92, quando o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua é contemplado num
momento de graves denúncias de extermínio de crianças, ou em 93, quando o líder da
Campanha contra a Fome, Herbert de Souza, o Betinho, é escolhido*).
* ver anexa relação completa dos contemplados com o Prêmio Criança
A Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança ingressa também
no
GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas —
,
órgão destinado a aperfeiçoar e difundir conceitos e práticas do
uso de recursos privados para fins públicos e desenvolvimento
social.
o que certamente ampliou a
percepção que a sociedade tem de
suas próprias potencialidades para
uma prática solidária e
responsável.
Evelyn Berg Ioschpe, Presidente do
GIFE – Grupo de Institutos,
Fundações e Empresas
O
Prêmio Criança
sempre é um momento marcante na história da Fundação Abrinq, seja por reunir algumas das
experiências mais importantes de Defesa dos Direitos da infância e adolescência, seja pela emoção que muitas vezes marca
o ato. Sua relação de contemplados é a que se segue:
z
1989:
UNICEF, Pastoral do Menor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Secretaria do Menor do
Governo do Estado de São Paulo
e
Sociedade Brasileira de Pediatria
, por suas ações institucionais pela
infância;
z
1990:
Ana Vasconcelos
, da Casa de Passagem de Pernambuco, pelo trabalho com meninas prostitutas;
Benedito
Rodrigues dos Santos
, pela liderança do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua;
Associação Santa
Theresinha
(SP), por seu projeto pedagógico; e programa
Rá-Tim-Bum
da TV Cultura (SP), pelo projeto cultural;
z 1991:
Federação Nacional dos Jornalistas
, pelo destaque às questões da infância na mídia;
Escola do Quero-
Quero
(SP) pelo atendimento a crianças excepcionais;
Maternidade-escola Vila Nova Cachoeirinha
(SP) pela
prioridade dada ao acompanhamento das gestações de risco e os autores de literatura e teatro infantis
Júlio
Gouveia
(in memoriam); e
Tatiana Belinky
, pelo conjunto da obra;
z
1992: Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua
, por sua exemplaridade na Defesa dos Direitos da
Criança;
Projeto Casa Vida
(SP) pelo atendimento a crianças aidéticas;
Fundação Clube de Diretores Lojistas de
Amparo ao Menor
(MG), pela articulação de comerciantes em prol de entidades de atendimento às crianças; e
escritora Maria Clara Machado, pela sua criação em literatura e teatro infantil;
z
1993:
Herbert de Souza (o Betinho)
, pela Campanha de Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida;
Projeto
Axé
(BA) pela originalidade no atendimento a crianças de rua;
Instituto C&A de Desenvolvimento Social
, pelo
apoio a atividades comunitárias em prol de crianças pobres em todo o Brasil; e
Hélio de Oliveira Santos
, pela
organização de Centros Regionais de Atendimento a Crianças Vítimas de Violência Doméstica em todo o Estado de
São Paulo;
z
1994:
Projeto Pescar
(Empresa Linck S.A.), pela ação sócio-pedagógica com jovens pobres gaúchos, preparando-
Além do Prêmio, uma das mais antigas ações de Comunicação da Fundação Abrinq é o
"Jornal
Criança"
, criado em 1990, como publicação bimestral de distribuição institucional, inteiramente
voltada à discussão não só dos problemas, mas principalmente das soluções para a infância
brasileira.
Nesse período inicial as chamadas
campanhas de
sensibilização ou de informação
representavam fatia
expressiva dos esforços.
Um exemplo é o já citado plano de 1991 de transformar em
vídeo o filme que Sandra Werneck fizera a partir do livro
"A
Guerra dos Meninos"
. A intenção é reproduzir a obra em
cópias suficientes para levar suas denúncias ao mais amplo
conhecimento possível. Duas grandes empresas paulistanas,
sensibilizadas, aceitam financiar as reproduções
videográficas. Os lançamentos ocorrem sucessivamente em
São Paulo, Goiânia, Fortaleza e Recife, numa das primeiras
operações nacionais da entidade. Trechos do vídeo, mostrados nos telejornais, amplificam o eco
das denúncias.
No ano seguinte (1992), a Fundação age como distribuidora de mais de 500 cópias do
vídeo "A Guerra dos Meninos" a entidades de defesa de direitos, autoridades, órgãos de
governos e de imprensa, além de instituições internacionais, dando ampla repercussão às
denúncias do extermínio de meninos em situação de rua no Brasil.
Outro exemplo é a campanha (de 1992/93)
"Pré-Natal é Vida: não empurre essa
responsabilidade com a barriga"
, cujo objetivo central é difundir e estimular a necessidade do
acompanhamento médico das gestações. É uma ação na linha da chamada
"pedagogia para a
cidadania"
, realizada com os mais modernos instrumentos de comunicação (comerciais nas
principais redes de TV, anúncios em revistas e jornais, impressos,
spots
em 200 estações de
os para o mercado de trabalho;
Projeto Brincar
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelos cuidados para
crianças com parentes internados por doenças psiquiátricas;
irmã Angela Mary
(SP), por sua atuação junto às
crianças pobres do bairro de Cidade Dutra; e o
Dr. Lúcio José Siqueira
(Fundação Laura de Andrade, de MG) por
sua defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente;
z
1995: Laramara
– Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual (SP), pela excelência no atendimento a
crianças com deficiências visuais;
Programa Carretel de Invenções
(MG), pela difusão radiofônica dos Direitos da
Criança;
Fundação Projeto Sorria
(MG), pelo atendimento odontológico a crianças pobres; e
Sebastião Rocha
,
por projetos de educação popular para crianças e jovens em Curvelo (MG), São Francisco (MG) e Vitória (ES);
z
1996:
Associação de Assistência à Criança Defeituosa
(SP), por seus 46 anos de ação em prol de mais de 40
mil crianças portadoras de deficiências;
Agência de Notícias dos Direitos da Infância
(DF), pela divulgação de
experiências sociais bem-sucedidas em prol da cidadania das crianças;
Pacto de Minas pela Educação
(MG), por
seu trabalho para que nenhuma criança mineira fique sem escola; e Instituto de
Prevenção à Desnutrição e à
Excepcionalidade
(CE), pela ação de dez anos em favor de 70 mil crianças cearenses desnutridas;
z
1997:
Escola de Dança e Integração Social para Crianças e Adolescentes
(CE), pelo uso da dança como
ferramenta de resgate da cidadania de meninas pobres da periferia de Fortaleza;
Projeto Doutores da Alegria
(SP), pelo trabalho terapêutico-artístico com crianças hospitalizadas;
Programa "Ouvidor Mirim"
(PR), pela difusão
dos Direitos de Cidadania entre as crianças paranaenses; e
Sr. Renè Schärer
(CE), pela promoção da educação e
reversão da mortalidade infantil entre as crianças das comunidades costeiras de pescadores do Ceará.
É importante notar que também na montagem dessas ações a
Fundação Abrinq permanece fiel a seu caráter de entidade
articuladora. Um exemplo é a articulação que a Fundação Abrinq
realiza em favor da
Campanha de Vacinação do Ministério da
Saúde
(apoiada pela
OMS, UNICEF
e Igreja), obtendo o
engajamento:
z da agência publicitária
W/Brasil
;
z do ator
Carlos Moreno
;
z da produtora
ABA
; e
z produzindo sem custo o comercial de TV que divulga a
caderneta de vacinação.
A notoriedade da Fundação
reside na modernidade de seu
tratamento do trabalho social,
ao se colocar como um meio.
Este papel beneficia
grandemente a criança. Do
ponto de vista dos
contribuintes os benefícios
não são menores, já que
freqüentemente o que mais
faz falta é segurança para
decidir o destino de uma
doação.
Attilio Fontana Neto, membro do
Conselho Superior de
Administração da Sadia S.A.
rádio, etc.), em parceria com a agência de publicidade
CBBA
(na produção dos materiais) e com
os órgãos da mídia (na sua veiculação)*.
Em 1992 também começa a ser publicada a
Coluna Criança
, através de uma
parceria entre a Fundação e o jornal
Folha de S.Paulo
. Uma vez por mês a
entidade envia ao jornal sugestões de matérias (ora denúncias de violações de
direitos, ora amostras de boas práticas). A redação realiza a reportagem, que é
publicada no jornal.
Resultado: mais de 70 Colunas (desde 92) num dos diários
mais lidos do país.
Nesse mesmo ano (1992), quando ficou claro que divulgar propostas é tão
importante quanto denunciar violações, o
"Jornal Criança"
transforma-se no
"Dá para Resolver"
, com 6 edições anuais de 8 mil exemplares cada,
distribuídos gratuitamente, e trazendo
boas notícias, idéias e exemplos de
iniciativas empresariais de atendimento a crianças em situação de risco.
3. 3. Iniciativas no campo da Saúde
Embora as ações iniciais da Fundação Abrinq priorizem a
Defesa Política dos Direitos
através da
Comunicação,
sempre existe a clareza que tal defesa inclui agir para que as crianças tenham
Saúde, Educação, Alimentação e demais Direitos de fato.
Isso significa ter
propostas concretas para melhorar os atendimentos médico e odontológico, a
alimentação, e a educação
.
Devem ser
idéias
criativas e práticas
, capazes de unir:
z facilidade de realização;
z custos assimiláveis; e
z eficácia das ações.
3. 3. 1. Primeiro desafio
O primeiro exemplo disso — no campo da
Saúde
— é a luta contra a desidratação infantil. Essa
doença que, sem tratamento, pode levar até à morte, é facilmente controlada com o uso do
chamado "soro caseiro", solução de açúcar e sal em água que garante a reidratação. A
proporção do açúcar e do sal, porém, precisa ser a correta.
Ainda em 1989, a Diretoria de Defesa dos Direitos da Criança, em parceria com o
Ministério da
Saúde
e as empresas aéreas
VASP e VARIG
, distribui um adesivo com a receita do soro caseiro
nas áreas rurais com os maiores números de vítimas da desidratação infantil.
Entre 1990 e 1993, são produzidas e distribuídas
gratuitamente
cerca de
1 milhão
de
colheres-medidas
para creches, instituições, comunidades e órgãos públicos
de todo o Brasil, num trabalho de combate à desidratação, no qual também são
engajadas empresas transportadoras (para atingir regiões distantes e carentes,
* Nota:
o trabalho pela erradicação da mão-de-obra infantil, hoje um programa que abrange Educação, Cultura, Saúde,
Política, etc., também começa dentro da Fundação, como veremos, como projeto de Comunicação, isto é, como campanha
de informação e sensibilização.
Em 1990 o projeto se aprimora. A recém-criada
Fundação Abrinq, dispondo de um molde para prensar a
chamada
"colher-medida"
— peça plástica simples que
mede a quantia exata de açúcar e sal para o soro contra
a desidratação —
articula o engajamento empresarial
para reunir3 indústrias de brinquedos e de plásticos
numa
corrente de produção
aonde o molde circula, de
prensa em prensa, produzindo as colheres.
Como toda iniciativa apoiada na verdade e
nas boas intenções, o trabalho realizado
pela Fundação Abrinq foi ao encontro da
população em progressão geométrica. Mais
do que cuidar de crianças que precisavam
de ajuda, a Fundação estimulou outras
pessoas e empresas a olharem para as
crianças de uma forma menos caridosa e
mais estimulante.
Fernando Piccinini Jr., Vice-Presidente de
Criação, Rino Publicidade
como o Sertão do Nordeste, etc.).
3. 3. 2. Mobilizações pela Saúde
A Fundação considera também a importância de difundir idéias e informações relativas à Saúde
das crianças, e assim engaja-se na distribuição a empresários, entidades, associações e escolas
(através das revistas especializadas
"Sala de Aula"
e
"Nova Escola"
, da
Fundação Victor Civita
)
do livro "Medidas Vitais", do
UNICEF, Organização Mundial da Saúde e UNESCO
.
Em 1991 o Conselho Consultivo chama a atenção da Fundação para a importância dos
exames
pré-natais
, o que leva, no ano seguinte, ao lançamento da Campanha Pré-Natal é Vida, já
descrita.
Além dessas atividades, a Fundação participa de movimentos sociais, como o
Grupo de Defesa
da Saúde
, realiza estudos e debates, como o
Seminário sobre Saúde Mental dos Meninos de
Rua
, e, de forma geral, encaminha ações específicas de Saúde, até que, em 1993, o
aprimoramento do conceito de Ação Estratégica insere as iniciativas deste campo como parte de
projetos e programas mais amplos.
3. 4. Iniciativas em Cultura e Educação: a Brinquedoteca
Em fins de 1990 nasce o
Projeto Brinquedoteca
, fruto das preocupações de
Conselheiros da Fundação quanto ao direito que as crianças têm de... ser
crianças!
A idéia é fornecer a creches e entidades de assistência à infância
material que possibilite a montagem de espaços lúdicos destinados ao
público infantil.
Em 1992 o projeto, apresentado à organização
Vitae – Apoio à Cultura, Educação
e
Promoção Social
, obtém financiamento para implantar 40 Brinquedotecas no país e publicar 5
mil cópias do livro
"O Direito de Brincar – a Brinquedoteca"
(distribuídas gratuitamente em 1993 e
94).
Outras 20 Brinquedotecas são instaladas no ano seguinte.
As Brinquedotecas beneficiam, no
total, 12 mil crianças no país
.
O Projeto Brinquedoteca, como atividade específica da Fundação Abrinq no campo da
Educação e Cultura
, termina em 1994, quando as atividades temáticas são reordenadas dentro
de uma nova visão de projetos estratégicos multitemáticos. Em 1995 a experiência do projeto é
apresentada no
Congresso Internacional sobre Brinquedotecas
, em Salzburg, na Áustria.
Os primeiros debates sobre o assunto ocorrem em março de
1991 no Seminário
"A Criança e o Brincar"
, realizado com o
Centro de Lazer Sesc Fábrica da Pompéia
; e na mesa-redonda
"Crianças e Atividades Socioculturais"
. A viabilidade do
projeto é garantida pela
doação de 3 mil brinquedos
das
indústrias do setor, parceiras da Fundação. A prática começa
com a inauguração da
Brinquedoteca da Associação Santa
Theresinha
, em 1991.
As Brinquedotecas são espaços
culturais para crianças, onde
ocorre todo tipo de atividade em
que a criança possa ter prazer.
Raquel Zumbano Altman, Presidente
do Conselho Consultivo (1990-93) e
membro do Conselho de
Administração (1990-96) da
Fundação Abrinq
Em 1993 são implantadas as 20 primeiras
Brinquedotecas, o que inclui a seleção das entidades
candidatas e a capacitação das equipes para administrar
os espaços lúdicos (com o curso
Tornando a
Brinquedoteca uma Realidade)
. Neste ano o projeto é
apresentado na
Conferência Internacional para o
Futuro
, no
Terceiro Encontro Nacional de Recreação
e Lazer
e no
Primeiro Encontro Sul Brasileiro sobre
Brinquedotecas
, realizado pela Universidade de Santa
Maria, no Rio Grande do Sul.
A Fundação Abrinq, por intermédio do
importante trabalho que desenvolve desde
sua criação, tem proporcionado a
convocação e a mobilização da sociedade
na implementação de programas de sucesso
em defesa dos direitos da criança.
Principalmente naqueles direitos que dizem
respeito à Educação Básica, condição
primeira para a criação de um forte conceito
de cidadania.
Antônio Jacinto Matias, Diretor-Executivo do
Banco Itaú S. A.
3. 5. Iniciativas no campo do Trabalho Infantil
A partir de 1992, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança passa a acentuar seu interesse
por um dos mais arraigados problemas da cidadania das crianças brasileiras: o trabalho infantil.
Os textos da Constituição e do Estatuto da Criança e do Adolescente que proíbem o trabalho
abaixo dos 14 anos de idade e protegem a mão-de-obra dos jovens são violados de Norte a Sul
do país.
A imposição do trabalho infantil quase sempre equivale a impedir o acesso à educação
(exemplo da conexão inevitável de áreas de Defesa dos Direitos).
Os primeiros planos, coerentes com as práticas iniciais da entidade,
são essencialmente de comunicação: pensa-se na
denúncia
, na
sensibilização
, na
conscientização
.
No fim de 1992, a Fundação Abrinq estabelece uma das parcerias
mais importantes de sua história, recebendo um financiamento da
Organização Internacional
do Trabalho
, através do
IPEC
(International Program for the Elimination of Childlabor), para...
z fazer reportagens sobre o trabalho infantil no país;
z publicar seriadamente as reportagens na mídia;
z montar uma exposição fotográfica itinerante; e
z fazer um filme-denúncia.
PROJETO BRINQUEDOTECA
Ano
Crianças
atendidas
Entidades
beneficiadas
Cidades Estados do país
1993 6.000 20 13 7
1994 12.000 40 22 14
Nota sobre iniciativas no campo da Violência e o Projeto da Guarda:
Outra "área temática" da Fundação Abrinq entre 1990 e 94 é a da
Violação de Direitos
(nome
de 1990), trabalho que, a partir de 91, é descrito simplesmente sob a rubrica
Violência
. Na
verdade, estas atividades são indistinguíveis das demais ações políticas da Fundação,
principalmente as que marcam seus primeiros anos de atuação. Incluem-se aí as edições em
livro e vídeo de "
A Guerra dos Meninos"
, a participação na campanha
"Não Matem Nossas
Crianças"
, etc.
Merece descrição à parte, porém — por ser uma tentativa original de
responder à questão da violência contra as crianças —, o chamado
"Projeto da Guarda"
, que adota como
slogan
de campanha a frase-
conceito:
"Seja um Anjo da Guarda: acolha uma criança e ganhe uma
sociedade melhor"
. A idéia é proposta pelo Conselho Consultivo como
forma de favorecer a
guarda de crianças em situações de risco em
famílias substitutas (
seguindo o preceito
"uma família para cada criança"
).
A implantação experimental ocorre em outubro de 1993, nas cidades de Lorena e São José
dos Campos, no Estado de São Paulo. Em 1994, depois de uma avaliação dos primeiros
resultados, o projeto é implantado no município de Santos.
O Projeto da Guarda enfrenta dificuldades em sua trajetória pois, apesar de causar impacto, a
campanha também depende, em grande parte, da mobilização do Ministério Público e do
Executivo de cada município. As guardas só ocorrem, de fato, onde o Poder Público dá apoio
concreto à iniciativa. O projeto dura até o final de 1994.
O aspecto específico da Fundação que
Apesar do plano prever a publicação seriada das reportagens, isto é
alterado porque as pesquisadoras ainda encontram-se em campo e
sujeitas a represálias. Assim, opta-se, no início de 1994, pela edição
unificada de
"Crianças de Fibra", livro de foto-denúncia do trabalho infantil
no país
, trabalho da Fundação Abrinq apoiado pelo
IPEC
e publicado pela
Editora Paz e Terra.
O livro denuncia a realidade da exploração da
infância em todas as regiões do país.
No lançamento, em junho de 1994, no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, em julho, na
Bienal do Livro, e em agosto, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é inaugurada a
exposição
fotográfica itinerante
, prevista no projeto, e são realizados
debates sobre a situação
das crianças trabalhadoras
. O trabalho causa grande impacto.
Ao mesmo tempo, com os mesmos apoios institucionais e na mesma linha da denúncia, a
Fundação financia, a partir de 1993, a produção do vídeo
"Profissão: Criança"
, de
Sandra
Werneck
, que narra a história de quatro crianças trabalhadoras no Rio de Janeiro. No ano
seguinte,
349 cópias
do vídeo são distribuídas a sindicatos, instituições, parlamentares e órgãos
oficiais.
E as atividades da Fundação Abrinq pela erradicação do trabalho de crianças
também se intensificam com...
z a apresentação de propostas para a
Conferência Nacional do
Trabalho
, em Brasília;
z os contatos com representantes da
Fundação De Waal
, da Holanda;
z debate com sindicalistas sobre
"Desemprego e Exploração da Mão-de-
Obra Infantil";
z a participação no evento do jornal
Folha de S.Paulo
sobre formas de erradicar o trabalho
infantil;
z a ida à cidade de Franca, centro da indústria calçadista brasileira, para posicionar-se
contra o trabalho de crianças numa das regiões mais afetadas por esse problema; e
z a divulgação dos dados em outros países.
Assim, durante todo o ano de 1993, são subsidiadas
viagens de reportagem sobre as atividades econômicas e
regiões brasileiras onde é mais aguda a exploração da
mão-de-obra infantil
(cana-de-açúcar em todo o país,
extração de carvão no Mato Grosso do Sul, fabricação de
sapatos em São Paulo e no Sul do país, colheita de
laranja em São Paulo, de tabaco no Rio Grande do Sul,
de sisal na Bahia, etc.). A jornalista
Jô Azevedo
e a
fotógrafa
Iolanda Huzak
encarregam-se de coletar e
documentar os dados.
quero destacar é a sua preocupação de
vincular as experiências de atenção direta às
crianças ao plano das políticas públicas.
V
ejo a campanha contra o trabalho infantil e
o Projeto Prefeito Criança como dois dos
melhores exemplos dessa preocupação de
ampliar o impacto do trabalho da Fundação
incidindo sobre a formulação de políticas de
defesa de diretos.
Silvio Caccia Bava, Presidente da ABONG –
Associação Brasileira de Organizações Não-
Governamentais
Num dos debates, um participante sugere a adoção de
algum
"selo de garantia"
,
exclusivo para produtos de
empresas que não explorem a mão-de-obra infantil
.
Assim, a própria mobilização contra o trabalho infantil
traz à tona a idéia-chave do futuro
Programa Empresa
Amiga da Criança.
Conheço a Fundação Abrinq principalmente
pela campanha contra o trabalho infantil, da
qual minha agência, a Talent, teve ocasião de
participar. Considero-a a campanha de
conscientização social mais importante que se
fez na última década no país.
Júlio Ribeiro, Diretor-Presidente da Talent
Comunicação S.A.
4. A POTENCIALIZAÇÃO A PARTIR DOS PROJETOS NOSSAS CRIANÇAS E DE
FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL
4. 1. A estrutura do Projeto Nossas Crianças
No final de 1992 é criado um projeto cujo sucesso muda a dimensão da Fundação Abrinq e sua
auto-compreensão. É o
"Projeto de Levantamento de Recursos Privados para a Infância –
Projeto Nossas Crianças"
.
A idéia ainda é emergencial (criar um sistema capilar de captação de
recursos sociais privados para atender crianças em situação de risco).
A operação pede um parceiro financiador (é montada uma pequena
estrutura de recursos humanos e materiais encarregada da operação).
Os fundos captados devem ser repassados na íntegra
(o principal
objetivo é aumentar o número de crianças atendidas com padrões de
qualidade).
A Fundação Abrinq está pondo na balança 4 anos de experiência (89 a
92) em duas práticas:
a parceria e a articulação das várias forças
sociais
. E as características da Fundação já estão presentes, já que o
projeto...
z mobiliza e engaja em prol da infância através
da
articulação da sociedade
;
z depende de
comunicar
convincentemente ao público sua mecânica;
z visa a um aumento da
captação de recursos
; e
z precisa ser de
operação eficaz
.
A
mecânica
é basicamente simples: depois da identificação e seleção de entidades de
atendimento direto à infância (creches, centros de juventude e abrigos), uma campanha de mídia
sensibiliza empresas e/ou indivíduos a aderirem. Cada contribuição mensal — feita através de
boleto bancário enviado por correio — financia um novo atendimento de criança nas entidades.
A eficiência do modelo reside na dupla constatação da:
z
existência de pessoas, empresas e organizações que querem ajudar as crianças e
têm recursos, mas não sabem bem como ou o que fazer; e
z
existência de entidades de atendimento à infância com conhecimento e experiência,
que necessitam de fundos mas não sabem bem como captá-los.
O projeto responde a
ambas as questões
, conectando contribuintes e beneficiários potenciais,
através da maior divulgação possível desta forma de engajamento social. Ou seja,
A
FUNDAÇÃO AGE COMO CANAL, OU PONTE, ENTRE QUEM QUER E PODE AJUDAR E
QUEM PRECISA DE AJUDA.
O sistema é chamado de
"adoção financeira"
:
z papel de cada contribuição (de pessoa física ou jurídica) é custear, mensalmente, o
atendimento de uma criança, permitindo sua
"adoção"
;
z dever da Fundação é montar o sistema de comunicação e captação e
selecionar
entidades idôneas
para receber estes fundos, garantindo:
a.
aplicação
integral
dos recursos em prol das crianças e
b.
aumento
do número de atendimentos e
melhoria
de sua qualidade.
Por isso o projeto funciona apenas na área metropolitana da Grande São Paulo, onde a
Fundação pode exercer supervisão direta da aplicação das verbas. Para outras regiões há
perspectivas de
multiplicação
deste projeto, adiante detalhadas.
Dois parceiros iniciais são conquistados para esse plano: a
Fundação W. K. Kellogg
, que
aprova o financiamento da operação (equipe, materiais, etc.) do projeto; e a agência de
publicidade
Lew
,
Lara, Propeg
, que é bastante feliz na solução proposta (uma peça na qual um
empresário pede esmolas na rua no lugar das crianças), que tem a seu favor um
produto
consistente, claro, simples, e operacionalmente eficaz
.
Assim nasce a campanha do
Projeto Nossas Crianças
, como se torna conhecido.
Posteriormente, órgãos da mídia viabilizam a veiculação das peças.
4. 2. O lançamento e as lições do Nossas Crianças
Em abril de 1993 começa a campanha de arrecadação, ainda tímida. Em maio, as entidades
começam a ser selecionadas. Em junho chegam os primeiros recursos (US$ 6.400*, o suficiente
para atender as primeiras 146 crianças, em julho).
*Nota: todos os valores foram convertidos em dólares em função das várias mudanças de
moeda ocorridas no Brasil.
A
campanha
de mídia
estréia em setembro de 1993 com anúncios em jornais e revistas,
spots
de
rádio e comerciais para a televisão e atinge:
a.
alto impacto no público e repercussão na mídia;
b.
grande número de adesões privadas e empresariais;
c.
rápido acúmulo de recursos; e
d.
popularização do nome institucional da Fundação Abrinq.
Além da campanha de mídia, o projeto conta com a parceria da
Credicard
, que coloca ao dispor
da Fundação um cadastro de 100 mil nomes de clientes, aos quais é enviada uma mala-direta
propondo a adesão ao projeto, com ótimo retorno.
A mecânica e a forma de divulgação do Projeto Nossas Crianças formam
um modelo de
articulação
em prol de causas sociais que recebe...
z
58 menções na mídia nacional em 1994;
z
dois prêmios para o filme da campanha, um dos quais internacional (Festival
Internacional Cinema Publicitário/NY e XI Prêmio Colunistas/SP);
z
Prêmio ECO da Câmara Americana de Comércio, entre outros títulos.
Recursos de Comunicação são também usados, no projeto, como
instrumento de manutenção
do engajamento
. Assim, desde o começo são editados, a cada 30 dias, os
Informativos
do
projeto e, duas vezes ao ano, os
Relatórios Semestrais
, destinados basicamente aos
contribuintes.
Consolida-se assim uma prática de prestação de contas que evidencia a transparência da
aplicação dos recursos e a integralidade dos repasses em benefício das crianças, e, com isso, a
Com o desenho geral do projeto em mãos, a Fundação
monta, no início de 1993, um
Conselho Consultivo
do
projeto, formado por especialistas do
UNICEF
, da
Pastoral do Menor
e de entidades privadas, como o
Instituto C&A
, entre outros, que ajudam a definir os
critérios de seleção das entidades beneficiadas e as
metas técnicas dos atendimentos.
Atraído pelo Projeto Nossas Crianças acabei
conhecendo melhor o trabalho da Fundação
A
brinq e engajando nossa empresa e
nossos funcionários. Embora reconheça
excepcional valor aos demais projetos,
continuo fã incondicional do Nossas
Crianças.
Flávio Sehn, Diretor-Presidente da Hewlett
Packard Brasil
O resultado final, imprevisto, é a chegada do número
de atendimentos de crianças, em
dez meses
, ao
dobro da meta para o segundo ano, ou seja, a quase
2000
atendimentos
. Essa performance dá idéia do
êxito alcançado.
Poucos dias depois do lançamento do Projeto
Nossas Crianças a Fundação teve de colocar um
sistema de atendimento telefônico automático,
porque tinha se tornado impossível atender
pessoalmente todas as ligações.
Sandra M. Mansueti Ribeiro, Secretária da Diretoria
seriedade e credibilidade da entidade à qual tais recursos estão confiados.
O "Nossas Crianças" é um fato transformador, que obriga a adequação a novos ritmos e novas
demandas, porque com ele a Fundação...
z passa a receber centenas de telefonemas diários de pessoas, organizações e empresas
que desejam engajar-se (a partir de setembro de 93);
z estabelece uma relação freqüente e permanente com as entidades de atendimento às
crianças;
z adota uma nova metodologia de trabalho técnico;
z é obrigada a automatizar a emissão dos boletos de cobrança (antes enviados pela
Secretaria da entidade), devido ao súbito aumento;
z precisa absorver, além das adoções financeiras, inúmeras ofertas de doações, parcerias e
trabalhos voluntários; e
z passa a ser uma organização conhecida e respeitada pelo grande público.
Além disso, é fundamental a percepção de que um projeto como o Nossas Crianças atravessa
todas as antigas áreas temáticas de uma vez só (é expressão da política pró-infância, usa
comunicação, capta fundos e as crianças são alimentadas, protegidas, têm aulas e consultas,
etc.).
Os números do Projeto Nossas Crianças, que entra em 1994 ainda em curva ascendente, só se
estabilizam no final de 95, num patamar próximo a
2.500
crianças
adotadas financeiramente por
pouco mais de
2.000 contribuintes
. As parcerias com entidades de atendimento chegam a 48
convênios na Região da Grande São Paulo.
4. 3. A evolução do Nossas Crianças
Já em fins de 1994 o projeto, que nasce como
resposta emergencial
às situações de risco vividas
por crianças, procura ir além, realizando
estudos
para conhecer melhor a situação das
instituições conveniadas.
Surge a idéia de investir na
melhoria da qualidade
e na
capacitação das equipes técnicas das
entidades
. Em 1995 o acompanhamento do trabalho nas entidades é reforçado, o que evidencia
ainda mais a necessidade de capacitar os profissionais.
Assim, a partir de 1996, tem início um trabalho de dois anos através de uma parceria com o
Serviço Nacional do Comércio de São Paulo
, a
Fundação W. K. Kellogg
e a organização
Vitae – Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social
: o
Programa de Capacitação
Técnico-Gerencial do Projeto Nossas Crianças
.
Sua
Fase I
é uma
Sensibilização
dos profissionais para que, além do aspecto "emergencial",
foquem a qualificação dos atendimentos dados às crianças.
Durante 1997 a
Capacitação
, em sua
Fase II
Melhoria da Gestão e Qualidade dos
Serviços
— começa a dar resultados. As instituições passam a criar programas próprios, com
serviços de qualidade, avançando no levantamento de recursos e superando a velha linguagem
assistencial.
O
Projeto Nossas Crianças
tem também um
importante
valor pedagógico
para sua Fundação
mentora. Com o bem-sucedido "case" de
solidariedade do projeto, a entidade conceitua com
nitidez
como obter o engajamento social de empresas
e indivíduos sensibilizados
. Uma das conseqüências é
que a "fórmula" do Nossas Crianças fornece um
know-how
à Fundação Abrinq, que passa a ser
utilizado em suas campanhas de arrecadação.
No Brasil, existe um espaço muito grande para a
contribuição empresarial quando a causa é bem
colocada, porque — como sabe bem a Fundação
— o empresário ganhou consciência que o papel
dele não se restringe à administração da sua
empresa, que o sucesso não se mede apenas
pelo lucro, mas que hoje a articulação social é
uma realidade e toda empresa está inserida no
contexto social.
Emerson Kapaz, Diretor Vice-Presidente (1990-92),
Presidente do Conselho de Administração (1992-95)
e membro deste Conselho (1996-98) da Fundação
Abrinq
E entre 96 e 97 o projeto elabora o documento
"Passo a Passo: Manual de Orientação"
, que tem
como principal objetivo superar seus limites geográficos e fomentar sua multiplicação no restante
do país.
Outro florescimento do projeto ocorre no campo das
parcerias.
O Nossas Crianças demonstra
ser um instrumento capaz de articular ofertas de serviços e materiais destinadas às instituições
que atendem a infância. Entre elas, as contribuições da
Fundação Getúlio Vargas
, maior centro
brasileiro de expertise em Administração; da
Sociedade Brasileira de Psicanálise
, da
Federação Israelita de São Paulo
; da
Escola de Informática Multidata;
e de dezenas de
outras organizações e empresas.
Uma
rede de parceiros
vem se formando ao longo do tempo possibilitando a melhoria de vida
das mais de 11.000 crianças e jovens beneficiados pelo projeto. Em março de 1997, a
organização desta
rede solidária pela criança
teve seu sucesso assegurado.
A
Hewlett Packard Brasil
possibilitou que as entidades, a Fundação Abrinq e todos os parceiros
pudessem integrar a
Rede Nossas Crianças
via Internet. Além da doação de
hardwares e
softwares a
HP
também mobilizou seus colaboradores e fornecedores para a implantação desta
rede. O acesso tem sido possível, também, graças ao engajamento do provedor
Amcham
da
Câmara Americana de Comércio.
É grande a expectativa de benefício que esta rede trará, não só na comunicação entre as
entidades bem como aproximar a realidade das crianças e jovens às pessoas que querem de
alguma forma participar.
Em julho de 1997 encerra-se a parceria com a
Fundação W. K. Kellogg
, que sustenta
inicialmente a infra-estrutura do Projeto Nossas Crianças. Ela é substituída por dois novos apoios
empresariais, da
Panamco/Spal
e da
Cardsystem Upsi
.
Em números exatos o projeto possibilita, em 1997, a adoção financeira de
2.438
crianças, beneficiando outras 11.504, em 43 instituições
.
Os números de atendimentos, contribuintes e entidades, levemente inferiores aos
de 1995, explicam-se tanto pela brevidade das campanhas iniciais de captação
quanto, principalmente, pelo foco do projeto, que não é o mero crescimento
numérico, mas sim a qualidade de gestão a longo prazo. Uma maior expansão
quantitativa dos benefícios do Nossas Crianças — que tem formato de projeto local — vai ocorrer
na medida de sua reprodução em outras cidades do país.
Centenas de
ofertas de trabalho voluntário e de
doações em espécie
também são recebidas. Tais
ofertas levam a Fundação a atender a uma
solicitação do Programa Federal
Comunidade
Solidária:
a realização de um estudo pioneiro,
com financiamento da
Companhia Brasileira de
Metalurgia e Mineração
, sobre trabalho voluntário
no Brasil.
O Nossas Crianças é um projeto de mobilização
social cuja característica principal está em construir
possibilidades concretas de participação para
pessoas conscientes do direito a uma vida digna que
possuem todas as crianças e adolescentes. Todas as
relações do projeto são estruturadas sobre o
conceito de parceria. Parcerias pela vida.
Luis Alberto Vieira da Rocha, Coordenador do Projeto
Nossas Crianças
PROJETO NOSSAS CRIANÇAS
Número médio de
contribuintes por mês
Número médio de crianças
atendidas por mês
Entidades
conveniadas
Montante repassado
anualmente em US$
1993 189 411 28 120.250,00
1994 1.424 1.986 46 925.579,83
1995 2.077 2.471 48 1.505.207,72
1996 1.497 2.511 44 1.819.333,90
1997 1.289 2.438 43 1.898.531,18
TOTAL
6.268.902,63
Um dos aspectos mais importantes do
Projeto
Nossas Crianças
, aliás, é seu potencial de
mobilização como
berço de novos projetos
. A
Acompanhei de perto o Projeto Nossas Crianças
e vi o compromisso com a criança, a
efetividade, isto é, a eficiência e a eficácia do
atendimento, e a abrangência do projeto, que
teve a sabedoria de não crescer demais, mas de
4. 3. 1. Do "Nossas Crianças" ao Projeto Biblioteca Viva
O primeiro destes "filhos" é o
Projeto Biblioteca Viva
, iniciativa ancorada
na idéia de que o
contato com a leitura
pode ser importante para a
educação e promoção da criatividade das crianças de baixa renda.
Traçam-se, portanto, dois objetivos principais:
z
dotar as entidades conveniadas de acervos literários adequados; e
z
treinar os educadores encarregados de intermediar o contato entre as crianças e a
literatura.
z a partir de setembro 8 entidades de São Paulo e 2 de Brasília são selecionadas, 18
educadores passam por treinamento, selecionam-se 800 títulos e
montam-se os acervos, com a compra e envio de aproximadamente
400 volumes para cada entidade.
z Em dezembro de 95 são inauguradas as 10 primeiras Bibliotecas Vivas,
em benefício direto de 2.500 crianças. Outros 33 acervos são
implantados em 96.
z
projeto encerra 1997 com 93 bibliotecas implantadas, 187 educadores
capacitados e 32.418 crianças beneficiadas, além da conquista do
Prêmio ECO
na categoria Cultura e do Prêmio concedido pelo
Instituto dos Arquitetos
do Brasil
(MG).
4. 3. 2. Do "Nossas Crianças" ao Projeto Bola pra Frente
Em 1995 outro projeto começa a delinear-se dentro do Nossas Crianças, a partir de
uma parceria com a
Adidas do Brasil
. A empresa destina um percentual da venda
de suas bolas ao
financiamento de atividades esportivas e ao treinamento de
educadores especializados
nas entidades conveniadas ao Projeto Nossas Crianças.
O objetivo é
oferecer
oportunidades de ensino e aprendizagem de práticas da
cultura corporal.
Com a adesão de 13 entidades e beneficiando 4 mil crianças, o projeto conquista
sua autonomia em 1996, implantando uma rotina de capacitação e práticas
característica de englobar várias áreas temáticas
torna-o um espaço ideal ao nascimento de sub-
projetos específicos, inicialmente extensões de sua
atividade principal, que depois adquirem vida própria.
ir com cuidado para conservar a qualidade.
Maria Ignês Bierrenbach, Vice-Presidente (1995 e
96) e Presidente (1996-99) do Conselho Consultivo
da Fundação Abrinq
O projeto-piloto é executado em três
entidades, em dezembro de 1994. Em
agosto de 95 a Fundação Abrinq
estabelece parceria com o
Citibank
e
viabiliza o projeto:
Há tempos tenho acompanhado o excelente trabalho da
Fundação Abrinq, não só através dos meios de comunicação,
como também pelo depoimento de inúmeros companheiros.
Desta forma não causou-me surpresa alguma seu magnífico
desempenho nos projetos que temos desenvolvido em
conjunto.
Roberto do Valle, Presidente do Citibank Brasil
PROJETO BIBLIOTECA VIVA
Ano Número de cidades Entidades atendidas Educadores capacitados Crianças beneficiadas
1995 2 10 18 2. 500
1996 7 43 85 20. 757
1997 14 93 187 32. 418
E uma
atividade inovadora
ocorre nesse ano:
o treinamento de 50
j
ovens estudantes do Co
l
égio Equipe, que atuam como leitores para
crianças de 7 entidades sociais
. Além do valor da ação para as
crianças beneficiadas, esses adolescentes, envolvidos em questões
sociais, apontam um dos caminhos possíveis para o
trabalho com
j
ovens:
a idéia da
participação cidadã
, tema importante nos planos
da Fundação para 1998.
Nossa intenção era criar
alguma coisa para incentivar a
leitura, levar algo para a
população de crianças
excluídas. Um projeto que
tivesse a capacidade de se
multiplicar.
Marlene Goldenstein,
Coordenadora do Projeto
Biblioteca Viva
corporais, além da doação de um
kit básico
de material, que culmina, em 1997, no primeiro
Festival Bola
pra Frente
, reunindo
2.500 crianças
participantes do projeto numa grande festa
esportiva no
Centro Campestre do Sesc
, em Interlagos, São Paulo. De seu primeiro para seu
segundo ano o projeto dobra o alcance.
Além disso, no decorrer de 1997, é editado o
Manual do Projeto Bola pra Frente
, destinado à
sistematização, comunicação e multiplicação dessa experiência.
4. 3. 3. Um novo projeto de Saúde a partir do "Nossas Crianças"
Em 1997 nasce também uma nova idéia dentro do Nossas Crianças: o
Projeto Adotei um
Sorriso
, em parceria com a
DOC – Documentação/Radiologia Odontológica
, cujo modelo é o
de
um programa de engajamento voluntário de dentistas em benefício de crianças.
No projeto, cada dentista participante compromete-se a cuidar da saúde bucal de uma criança.
No fim do ano,
281 dentistas estão cadastrados
, com
209 atendimentos efetuados
.
Creche do Centro de Educação Popular Comunitário Nossa Senhora Aparecida
PROJETO BOLA PRA FRENTE
Ano Entidades atendidas Crianças beneficiadas
1996 13 4. 000
1997 26 8. 000
Além desta parceria, o
Projeto Nossas
Crianças conta com
outras colaborações na
área de Saúde: da rede
de lojas
Fotóptica
(doações mensais de
armações para crianças
do projeto com deficiências visuais), do
Instituto de Moléstias Oculares
(consultas grátis), do
Hospital São
Paulo
, etc.
Nos últimos 7 anos a
grife
da Fundação
Abrinq tornou-se cobiçada por quem quer
que tenha consciência social. Quando
compramos um produto ou serviço que
estampa a
etiqueta da grife
identificamos o
estilo
sério, que se preocupa com a
questão da criança.
Costurar, remendar,
tramar, criar soluções, resolver problemas,
colorir o sem cor
são destaques de sua
coleção
de projetos. Nesta
passarela
,
aplaudo de pé o
acabamento
e a
barra
que,
como cidadão brasileiro, conheço e sei
que não é fácil.
Dr. Fábio Bibancos, Coordenador do Projeto
Adotei um Sorriso
Pavimento Térreo
1. ACESSO
2. RECEPÇÃO/ENTREGA DAS CRIANÇAS
3. PÁTIO COBERTO / RECREAÇÃO
4. REFEITÓRIO / RECREAÇÃO
5. SALAS PARA CRIANÇAS DE 1 A 2 ANOS
6. SANITÁRIO
7. BERÇÁRIO
8. ALIMENTAÇÃO DOS BEBÊS
9. TROCA / SANITÁRIOS DOS BEBÊS
10. ADMINISTRAÇÃO
11. COZINHA
12. LACTÁRIO
13. DESPENSA
14. LAVANDERIA
15. SANITÁRIO CRIANÇAS
16. VESTIÁRIO PARA FUNCIONÁRIOS
17. SANITÁRIO / ADMINISTRAÇÃO / MÃES
18. PÁTIO DESCOBERTO / RECREAÇÃO
19. TANQUE DE ÁGUA
20. ARQUIBANCADA
21. TANQUE DE AREIA
Pavimento Superior
4. 3. 4. O Programa de Educação Infantil
Um dos desdobramentos mais interessantes do Projeto Nossas Crianças é o
estreitamento da parceria estabelecida entre a Fundação Abrinq e a
Fundação Safra
para a construção de creches-modelo, capazes — cada uma
— de atender
130 crianças de 0 a 6 anos de idade e de se tornar centros de
referência em educação infantil para as comunidades
.
Nos prédios destes
Núcleos de Atendimento e Formação em Educação Infantil
prevêem-se,
além das áreas de atendimento direto às crianças, locais para cursos, workshops e exposições.
A configuração física e arquitetônica dos Núcleos segue especificações especializadas. As
entidades beneficiadas ampliam os atendimentos, passando a administrar os novos
equipamentos.
Os profissionais destas entidades passam por uma
Capacitação especializada
, de
aproximadamente
22 meses
(mesmo porque cada Núcleo demanda cerca de 10 meses para sua
construção), a cargo do
Centro de Estudos e Informações – Crecheplan
.
A primeira creche beneficiada por esta transformação em Núcleo, ampliando sua capacidade
quantitativa e qualitativa de atendimento, é a da
Casa da Criança da Comunidade Nossa
Senhora Aparecida
— entidade conveniada ao Projeto Nossas Crianças que atua na região de
Ermelino Matarazzo (uma das mais pobres da periferia de São Paulo) — cuja pedra fundamental
é lançada em agosto de 1997.
O programa usa critérios técnicos definidos para a implantação de novos Núcleos. Através deles
é aprovada a candidatura e realizada a seleção das entidades a ser beneficiadas. À Fundação
Abrinq cabe a apresentação dessas candidaturas e a articulação da capacitação.
4. 4. O Projeto de Fortalecimento Institucional
A experiência transformadora do Nossas Crianças em 1993 dá uma
nova visão à
Fundação
Abrinq
. O documento de planejamento que formula pela primeira vez, de forma clara, o objetivo
de
promover os direitos da cidadania das crianças através da mobilização social
e, mais
especificamente, do
engajamento empresarial
, é o de 1994.
Até esse momento a entidade, que já cresceu institucionalmente, ainda depende de facilidades
fornecidas pela Associação dos Fabricantes de Brinquedos, a Abrinq (como espaço físico, apoio
administrativo e materiais de consumo).
Mas o relacionamento com a
Fundação W. K. Kellogg
, estabelecido no Projeto Nossas
Crianças, cria um ambiente propício à idéia de Fortalecimento da Fundação. Para isso uma
Consultoria especializada
inicia, em meados de 1994, um processo de
Diagnóstico
Organizacional
e, a partir dele, elabora o
Projeto de Fortalecimento Institucional
.
O projeto visa, de imediato:
z à formação de um Fundo Patrimonial;
z ao aumento da arrecadação mensal através de ações para ampliar e garantir as
contribuições de manutenção da entidade; e
z à instituição da gestão da qualidade nas ações.
1. CIRCULAÇÃO
2. SALAS PARA CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS
3. ATELIER
4. TREINAMENTO / COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
5. SANITÁRIOS
6. POSTO DE SAÚDE
7. VAZIO
PROJETO DE ARQUITETURA: JOSÉ RICARDO DE
CARVALHO
O projeto prevê a reavaliação estratégica de todos os aspectos do funcionamento
da instituição, dos conceituais ao espaço físico.
O projeto pede o apoio financeiro da
Fundação W. K. Kellogg
para dar à Fundação Abrinq
tempo e meios para consolidar sua auto-sustentação e expandir-se com
equipes maiores, mais
projetos, mais espaço, mais resultados e mais autonomia.
Encaminhada em fins de 1994 à Fundação W. K. Kellogg, a proposta é aprovada. Com ela é
assegurado apoio financeiro por dois anos, tempo necessário para chegar aos objetivos.
A primeira conseqüência visível deste apoio é a mudança — já no início de 1995 — da sede da
Fundação Abrinq para um espaço de sua responsabilidade, em local mais amplo, apto a
comportar seu crescimento.
Nesse ano o Projeto de Fortalecimento Institucional é uma importante atividade da Fundação
Abrinq. Graças à sua nova densidade institucional, a Fundação tem condições de implantar
algumas de suas mais importantes ações, como o
Programa Empresa Amiga da Criança
e as
primeiras propostas para o
Programa Crer Para Ver
. Essa multiplicação é facilitada pela adoção
de uma nova metodologia.
Este novo desenho institucional e a contratação de especialistas em áreas-chave como
Assessoria de Imprensa e Captação de Fundos
obedecem às redefinições do Projeto de
Fortalecimento e dos Seminários. Isso resulta num texto-síntese que define a
missão institucional
da Fundação
, expressando sua tarefa principal e a forma com que a entidade passa a ver a si
mesma e a seu trabalho.
Pelo texto, a missão da Fundação Abrinq é:
Sensibilizar e mobilizar a sociedade sobre as questões da infância, promovendo o
engajamento social e empresarial em propostas para a solução dos problemas das
crianças, através de Ação Política na defesa de seus direitos e através de ações
exemplares que possam ser disseminadas e multiplicadas.
No novo imóvel-sede da Fundação, na Zona Oeste de São Paulo, todas as necessidades
cotidianas de uma instituição (contabilidade, insumos, serviços, tarifas públicas, etc.) passam a
ser administradas pela própria entidade. A informatização avança, conectando com rede interna,
on line, áreas operacionais, contabilidade, cadastro e cobrança.
Isto é feito principalmente com dois
Seminários de Planejamento
Estratégico
, que a Fundação realiza em junho e novembro de 95.
Através deles, as
Funções Estratégicas
da entidade são
evidenciadas e valorizadas. O perfil inicial da Fundação Abrinq
pelos Direitos da Criança, com suas
Áreas Temáticas
(Defesa dos
Direitos, Saúde, Educação e Cultura, Trabalho Infantil e Família e
Comunidade), é redesenhado, com a inclusão das quatro
Áreas
Estratégicas
(Ação Política, Comunicação, Gerência de Projetos e
Captação de Recursos).
Os Seminários de Planejamento
Estratégico foram nosso maior
marco interno. Foram
fundamentais para dar mais
clareza, pois conseguimos
juntar todos os integrantes da
entidade para discutir e pensar o
que é essa Fundação, qual o seu
papel, o que ela deve ser e fazer.
Ely Harasawa, Gerente de Projetos
da Fundação Abrinq
A clara prioridade dada à
participação empresarial
foca o
esforço da Fundação. Fortalecem-se parcerias, daí em
diante, com empresas e instituições como
Unibanco, Sadia,
Yázigi, Natura Cosméticos, Tupperware, Yakult
e muitas
outras.
A Fundação Abrinq é uma entidade
Bem Eficiente, exemplo de organização
profissional na área beneficente do
Brasil
.
Stephen Kanitz, Economista, criador do
Prêmio Bem Eficiente
5. DE 1995 EM DIANTE: O ENFOQUE ESTRATÉGICO
5. 1. Ação política transformada em política das ações
Nos anos seguintes aos Projetos Nossas Crianças e de Fortalecimento Institucional, o
amadurecimento das atividades e intervenções da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança
leva a uma postura política que reforça bastante a promoção dos direitos de cidadania de
crianças e jovens.
A Fundação
aprofunda sua atuação
. Dali em diante sua
definição estratégica reflete-se dentro de
cada projeto operacional
.
5. 1. 1. O trabalho com Políticas Públicas
Agindo especificamente sobre as políticas públicas, em 1996 a Fundação Abrinq cria o
Projeto
Prefeito Criança
visando comprometer os candidatos às eleições majoritárias de outubro
daquele ano com plataformas em favor das crianças, notadamente nas áreas de
Saúde,
Educação e Gestão Democrática
.
Mas além de contatar os candidatos, o projeto, simultaneamente, lança uma
campanha de mídia
para convencer os eleitores a
votar em quem tenha clara postura em prol da infância,
estimulando assim também o interesse dos candidatos em aderir ao projeto
. Depois das eleições
de outubro, os eleitos são procurados para que confirmem (os que já estão comprometidos) ou
assumam a defesa da cidadania das crianças.
Com isso aparecem novos horizontes de ação para o projeto: seu cronograma é redesenhado
para chegar até o ano 2000 com propostas que incluem a montagem de redes de Prefeito
Criança, campanhas conjuntas, Encontros de Prefeitos Crianças e a Premiação de ações
municipais inovadoras e exemplares. Para as ações de mobilização e engajamento de novos
Prefeitos o projeto passa a contar, em 1997, também com o apoio financeiro da
Brazil Realty
. E
para financiar a operação técnica do projeto, a Fundação Abrinq associa-se à Fundação
David
and Lucile Packard
.
5. 1. 2. O eco das ações
A partir de meados dos anos 90 a entidade atua em âmbito nacional de forma mais evidente,
influenciando
Pactos Setoriais
em defesa de crianças e jovens e a elaboração de novos textos
legais (como os que limitam as concorrências públicas a empresas que não usam trabalho
infantil), aperfeiçoando assim as políticas públicas e a legislação de Defesa dos Direitos da
Infância.
Um sinal significativo desta ampliação de influência é o
aparecimento de entidades semelhantes
no país, como:
z a
Fundação Semear
, em Novo Hamburgo (RS);
z
Instituto Pró-Criança
, em Franca (SP); e
Para isso são produzidas, com apoio da
Sadia
,
diversas
peças de informação aos candidatos: um
Guia sobre práticas em favor da infância, um
modelo de Carta-compromisso, um Cartaz e o
Mapa da Criança para o follow-up cronológico de
ações pelas crianças.
O Prefeito pode desencadear um movimento em
favor dos direitos da criança em todo o seu
governo. Com o Prefeito Criança, acreditamos
iniciar o novo século com a cidadania de
crianças e adolescentes de fato garantida.
Maria de Lourdes Rodrigues, Assistente Técnica do
Projeto Prefeito Criança
No momento, o projeto segue em expansão, contando
atualmente com 628 Prefeitos comprometidos com políticas e
serviços que priorizam a infância. Em setembro de 97, no
Primeiro Encontro Estadual de Prefeitos Criança
, no Estado
do Mato Grosso do Sul, 70% dos municípios comprometidos
comparecem.
O Projeto Prefeito Criança desafia
as gestões públicas municipais a
desenhar um novo retrato das
crianças do país até o ano 2000.
Renata Villas-Bôas, Coordenadora do
Projeto Prefeito Criança
z
Fórum de Empresários Paraenses pelos Direitos da Criança e do Adolescente
, que
colocam a possibilidade de multiplicar todo o trabalho.
5. 2. Comunicação: aspectos gerais, projetos específicos e influências
A evolução da Fundação Abrinq evidencia que a Comunicação é elemento constitutivo de cada
atividade. Assim, na Secretaria Executiva da Fundação é montada uma Assessoria de
Comunicação com estrutura material e recursos humanos para manter um fluxo constante de
informações (releases, boletins, publicações, etc.) destinado a órgãos de imprensa,
parlamentares e pesquisadores. Mas os projetos vão além disso.
5. 2. 1. Intervenção nos meios de comunicação
Em 1996, com a meta de montar uma
rede de formadores de opinião comprometidos com a
causa das crianças
, a Fundação, em parceria com a
ANDI
(Agência de Notícias dos Direitos da
Infância) e com apoio do
Banco Itaú
, da
SASSE Seguros
e da
Embratur
, cria o
Projeto
Jornalista Amigo da Criança
.
Em 10 de outubro de 1997, às vésperas do Dia das Crianças, o projeto promove uma
entrevista
exclusiva dos Jornalistas Amigos da Criança com o Presidente da República.
É a primeira vez que um Presidente brasileiro dedica mais de duas horas a discutir publicamente
problemas da infância. O evento dá visibilidade ao projeto, que contabiliza, nesse ano,
65
profissionais
da imprensa comprometidos com o tema.
5. 2. 2. Outras ações
O trabalho de Comunicação a partir de 1995 também inclui:
E nas relações internacionais, a Fundação Abrinq estabelece
colaborações produtivas, como no caso da
Fundação W. K. Kellogg
, e
está presente em eventos mundiais, como no
Fórum das Fundações da
Conferência Habitat II
, em Istambul; no
Comitê Internacional do
Council on Foundations
, no
Encontro Íbero-Americano do 3º Setor
,
no
Seminário de Voluntários da Points of Light Foundation
; além de
trocar informações com entidades como a
International Youth
Foundation
, a
Inter-American Foundation
, a
Fundação De Waal
, a
MacArthur Foundation
, a
Bernard Van Leer Foundation
, a
Ashoka
,
etc
O que mais me
impressiona na historia
da Fundação Abrinq
pelos Direitos da Criança
é sua capacidade de ter
acumulado, em tão pouco
tempo, uma credibilidade
suficiente para torná-la
uma mobilizadora
política
.
Cesare de Florio La Rocca,
Presidente do Projeto Axé
O projeto promove, a cada ano, o reconhecimento
público, através de uma diplomação específica,
dos Jornalistas Amigos da Criança, ou seja, dos
profissionais que se destacam na cobertura de
temas ligados à infância e juventude. Além disso,
a esses jornalistas são oferecidos eventos,
viagens e coberturas exclusivas, para
conhecer,
reportar e retratar iniciativas sociais de cidadania
infantil bem-sucedidas
.
A Fundação Abrinq, além de contribuir seriamente
para a solução dos problemas das crianças, resolve
outro impasse: dá a certeza à empresa e ao cidadão
que sua contribuição será usada da forma mais séria
e relevante. Uma das mais paralisantes dificuladades
para participar da solução de problemas dessa
natureza é não saber como começar a atuação, de
onde partir, a quem confiar seus recursos.
Christina Carvalho Pinto, Presidente da agência de
publicidade Full Jazz
z a produção de vídeos institucionais que apresentam a
Fundação ou alguns de seus resultados ou projetos;
z a versão
radiofônica do jornal "Dá para Resolver"
,
realizada em parceria com a
Rádio Eldorado
(um boletim
semanal);
A importância da Fundação está e
m
sua persistência e seriedade n
a
melhoria da qualidade de vida d
criança no país
.
João Lara Mesquita Diretor-Presidente
da Rádio Eldorado
z os
manuais
, que detalham projetos e métodos da Fundação Abrinq tendo em vista sua
multiplicação;
z a
publicação de livros
para a difusão de práticas em prol da infância, caso do volume "
10
Medidas Básicas para a Infância Brasileira"
;
Mas o uso de ferramentas de Comunicação não favorece apenas a
Ação Política
e a
Gerência
dos Projetos
, como também possibilita melhores resultados na
Captação de Recursos
, como
veremos a seguir.
5. 3. A potencialização da Captação de Recursos
Os frutos da aplicação dos novos conceitos do Projeto de Fortalecimento Institucional e dos
Seminários Estratégicos aparecem rápidos no campo da
Captação de Recursos
.
A Fundação Abrinq passa a utilizar uma
linguagem de mercado
, apresentando suas ações como
"produtos"
que diferem da filantropia tradicional porque têm perfil de
"investimento social"
.
Com isso, entre 1994 e final de 95 mais de 295 mil dólares são captados para o
Fundo
Patrimonial
(uma das metas de Fortalecimento Institucional). Os novos métodos multiplicam por
quatro as contribuições de sócios mantenedores. Somadas às doações, à renda de eventos e à
criação do
Cartão de Crédito de afinidade Fundação Abrinq/Visa International
(uma idéia
eficaz de parceria com o setor financeiro-bancário para captação) estas verbas aumentam e
asseguram a arrecadação mensal para custeio da estrutura (outra meta do PFI).
Mais ainda: nesta ofensiva institucional nascem cinco campanhas de arrecadação, duas delas
com inserções na mídia eletrônica e impressa:
z as 190 escolas de idiomas da
Yázigi International
do Brasil levantam cerca de 51.700
dólares e 180 mil brinquedos;
z a Fundação é escolhida também como beneficiária da
Campanha de Natal do Shopping
Center Butantã;
z na primeira edição da campanha
"Dê uma chance a uma criança"
, 100 mil vendedoras
autônomas dos produtos
Tupperware
arrecadam em quatro semanas pouco mais de 55
mil dólares. A campanha repete-se anualmente.
z a
organização, realização e publicação de Debates Especializados
, como o realizado pelo
Conselho Consultivo, em 1997, sobre os efeitos da globalização na infância, junto com o
jornal
Folha de S.Paulo
; e
z todas as
publicações regulares
da Fundação, como informativos mensais, informativos do
Projeto Nossas Crianças e jornal
"Dá para Resolver"
, cujas metas já foram expostas.
Nessas ações, e nas campanhas, torna-se freqüente também
a participação de parceiros na
área de propaganda
. Para
ampliar o alcance e a dimensão das atividades em prol das
crianças, a Fundação Abrinq associa-se a algumas das
maiores agências de publicidade do país, como
Full Jazz, OZ
Design, McCann-Erickson, DPZ, Guimarães e Associados,
Rino Publicidade, CBBA, Talent, Propaganda Registrada,
Idéia e Imagem e Lew, Lara, Propeg
.
Destaca-se também o peso da
Coluna Criança
, realizada em
parceria com o jornal
Folha de S.Paulo
(e cuja mecânica já
foi apresentada), por representar uma presença institucional,
constante e periódica num diário de grande influência.
A importância da Fundação Abrinq
está no foco conquistado e
reconhecido. Está na reputação
construída, não na imagem idealizada.
Vai uma grande distância entre as
duas, reputação e imagem. Imagem é
aquilo que queremos que as pessoas
achem
de nós. Reputação é aquilo
que, de fato, as pessoas
sabem
de
nós, por merecimento. É a imagem
tornada real, porque construída com
ações concretas. A distância está
entre a teoria e a prática, entre a
intenção e a obra. Hoje, quando se fala
em direitos e cidadania da criança no
Brasil, automática e obrigatoriamente
se fala da Fundação Abrinq. Isto é
foco. É foco com autoridade.
Percival Caropreso, Vice-Presidente
Executivo da McCann-Erickson SP
Leilões, concursos, shows e festas beneficentes também
levantam recursos. As melhores propostas são parcerias
sugeridas pelas próprias empresas, em função do êxito
da Fundação e do trabalho de Comunicação:
z a
Yakult S. A
. oferece voluntariamente a
colaboração de 5 mil de seus representantes
autônomos numa campanha que conta com
O maior feito da Fundação é educar e
organizar os adultos para uma atitude pró-
ativa de participação e busca de soluções
concretas para os problemas da criança. A
Fundação ajuda a viabilizar processos
curativos dentro da comunidade nos
capacitando para a autogestão de nossa
saúde social. Um dos melhores exemplos
que posso citar é o Programa Crer Para Ver,
desenvolvido junto com nosso cliente
Natura e com o qual estamos muito
Os demais números da Fundação entre 95 e 96 também são crescentes:
z
aumento de 26% no número de sócios;
z arrecadação mensal indo de 29 mil a mais de 46 mil dólares (70% a mais);
z mais
de 40 eventos realizados;
z
crescimento de 30% no número de funcionários;
z
ampliação da capacidade de processamento de dados
de 7 para 18 estações de trabalho,
12 das quais on-line e 6 dotadas com modems que viabilizam o acesso da entidade na
Internet; e
z
aumento de parcerias
do Projeto Nossas Crianças de 7 para 17.
5. 4. A nova dinâmica na Gerência de Projetos
5. 4. 1. Nova dinâmica na Erradicação do Trabalho Infantil
Em 1995 a Fundação Abrinq lança sua mais forte iniciativa no campo da luta contra o trabalho
infantil: o
Programa Empresa Amiga da Criança
(PEAC), com recursos da campanha da
Yakult
e, a partir de 97, com apoio financeiro do
Banco Safra, OIT
e
UNICEF
, que dão aval
institucional ao projeto.
É a evolução do trabalho de denúncia das violações da
Constituição
(que proíbe o trabalho de
menores de 14 anos) que a Fundação faz desde 92.
A mecânica do programa é simples:
fornecer às empresas que...
z se comprometam a não usar mão-de-obra infantil;
z divulguem, junto aos fornecedores, a legislação que veta essa prática; e
z apóiem ou sustentem ações em prol da infância (creches, escolas, atividades esportivas
ou de saúde, etc.)
...um Selo,
utilizável em embalagens de produtos, publicidade e merchandising,
garantindo aos consumidores que aquela companhia não usa o trabalho
infantil e contribui para a melhoria da qualidade de vida das crianças.
A ação é complementada por campanhas de mídia nas principais revistas,
jornais, TVs e rádios do país, pedindo aos consumidores que
dêem preferência
aos produtos que têm o selo.
O objetivo é criar um "ambiente de mercado" que acabe por inibir completamente
o uso da mão-de-obra infantil.
comerciais de TV, anúncios em jornais e milhares
de folhetos e que obtém mais de
217 mil dólares
em doações de 100 mil pessoas
; e
envolvidos.
Ricardo Guimarães, Presidente da Guimarães
Profissionais de Comunicação e Marketing
z uma das maiores fabricantes brasileiras de produtos de beleza, a Natura Cosméticos,
resolve envolver suas então
90 mil consultoras
(hoje já são 160 mil) para viabilizar, em
parceria com a Fundação, o financiamento de projetos educacionais em todo o Brasil. É o
começo do Programa
Crer Para Ver
, descrito adiante.
A evolução da Captação de Recursos, só no biênio 96/97, sai
de pouco mais de 3 milhões e 740 mil dólares e chega a uma
quantia que é cerca de 40% superior: 5 milhões e 248 mil
dólares. No final de 1997 a sede da entidade é transferida para
um edifício ainda maior, melhorando as condições da
administração dos projetos existentes e futuros.
O sucesso da captação de recursos
na Fundação deve-se ao fato de seus
instituidores serem empresários que
não têm a postura de "mendigar"
contribuições.
Lygia Fontanella, Coordenadora de
Captação de Recursos da Fundação
Abrinq
As empresas são credenciadas a utilizar o selo do Programa Empresa Amiga da Criança depois
de passarem pelo
crivo técnico
do programa, ou seja, pela verificação do real cumprimento dos
preceitos que vedam o trabalho infantil e das ações em favor da infância.
As diplomações de "Empresas Amigas das Crianças" também são usadas como
eventos de
divulgação
do programa e de expansão de sua rede.
Com esse formato, o Programa Empresa Amiga da Criança leva a Fundação Abrinq a tomar
assento — ainda em 95 — no
Fórum Nacional para a Prevenção e Erradicação do Trabalho
Infantil
, órgão misto da sociedade civil e do governo, de onde sai a
primeira ação de combate
articulado ao trabalho infantil:
subsidiar as famílias que tirarem os filhos das carvoarias do Mato
Grosso do Sul para mandá-los à escola.
No ano seguinte (1996) o Programa Empresa Amiga da Criança espalha-se, em
seis
lançamentos regionais,
diplomando empresas que aceitam combater a exploração das crianças e
sustentar ações pró-infância. Em 1997
os números do credenciamento somam 902 Empresas
Amigas das Crianças, beneficiando cerca de 360 mil crianças.
Mas o trabalho do Programa Empresa Amiga da Criança cresce também em outra direção: os
Pactos
.
5. 4. 2. A conquista de compromissos empresariais e públicos
De fato os dados sobre a situação das crianças trabalhadoras, coletados pela
Fundação Abrinq desde 1992, confirmam que os
produtos que mais usam
mão-de-obra infantil, como carvão e álcool, são adquiridos por grandes
empresas brasileiras e multinacionais
, como as montadoras de automóveis e
a
Petrobrás
, fazendo parte de sua "cadeia produtiva".
z Um
ato público
reúne sindicatos, entidades de direitos e parlamentares;
z A Petrobrás é denunciada por comprar álcool produzido com mão-de-obra infantil;
z governo é forçado a reconhecer o problema;
z Entidades de expressão nacional, como as associações das indústrias de veículos e de
produtores de suco de laranja pedem reuniões à Fundação Abrinq.
Usando taticamente um momento de negociação entre o Legislativo e usineiros,
com vistas a reativar o Programa Nacional do Alcóol – Pró-Álcool – a Fundação
Abrinq realiza uma campanha-relâmpago com um slogan:
Vergonha Nacional.
Pró-Álcool financia Trabalho Infantil.
O objetivo é pressionar o Congresso a só conceder os benefícios fiscais a quem
se comprometer a eliminar o trabalho infantil. Parlamentares e órgãos da
sociedade civil são rapidamente engajados e, no dia 20 de março de 1996, uma
PROGRAMA EMPRESA AMIGA DA CRIANÇA
Ano Empresas Crianças beneficiadas
1995 59 14. 630
1996 264 193. 537
1997 902 361. 986
A Fundação então, em parceria com a revista
"Atenção"
, subsidia
em 1995 uma reportagem de denúncia que visa e consegue
repercussão mundial.
Os correspondentes estrangeiros e os representantes diplomáticos
dos países-sedes de empresas como Ford, Fiat, Mercedes-Benz,
General Motors e Volkswagen são mobilizados, criando pressões
internacionais para que as companhias assinem cartas
comprometendo-se a
não comprar os produtos de quem explora
crianças.
Fundação Abrinq pelos Direitos
da Criança abriu decisivo canal
de comunicação dos
empresários com a sociedade
em geral e lançou as bases para
a adoção de enfoques das
cadeias produtivas dentro da
estratégia de combate ao
trabalho infantil.
João Carlos Alexim, Diretor da
Organização Internacional do
Trabalho no Brasil
manifestação pública tem lugar no prédio do Congresso e na porta do Palácio do Planalto, sede
do Executivo brasileiro.
Logo a seguir, em abril de 1996, em São Paulo, é firmado o
Pacto do Bandeirantes
, assim
chamado por ser assinado na sede do governo do Estado, o Palácio dos Bandeirantes. Diante do
Governador do Estado, os representantes oficiais dos produtores de álcool comprometem-se a
não mais comprar dos produtores de cana-de-açúcar que contratam crianças.
Pouco depois, em junho de 1996, é assinado o
Pacto de Araraquara
, quando os Conselhos
Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente de 18 municípios da área citrícola do Estado
de São Paulo comprometem-se — inclusive tendo apoio oficial das entidades de representação
dos citricultores — com a luta pela erradicação do trabalho infantil.
Com essas mobilizações, a
General Motors
, a
Volkswagen
e o
setor de calçados de Franca
também aderem, assinando compromissos contra a exploração do trabalho infantil. É o começo
de uma série de assinaturas de pactos pela erradicação desta prática. Estas ações do Programa
Empresa Amiga da Criança são sempre amplificadas pelos mais importantes órgãos de imprensa
e telejornais do país.
Estas ações do programa Empresa Amiga da Crinça sào sempre ampliadas pelos mais
importantes órgãos de imprensa e telejornais do país
Uma das conquistas mais expressivas é a adesão da Associação Brasileira dos Produtores de
Sucos Cítricos,
ABECITRUS
, que reúne os maiores exportadores nacionais de suco de laranja,
que também
assina um pacto de boicotar produtores da fruta que empreguem menores de 14
anos
. Pouco depois é a vez da
Ford
, da
Mercedes-Benz
e da metalúrgica
Mannesmann
aceitarem o veto à compra de insumos vendidos por exploradores de crianças.
z
Protocolo Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil no Brasil
, firmado pelo Presidente,
Ministros, 12 Governadores, parlamentares, organizações empresariais e sindicais e pela
Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança;
z
Termo de Acordo
dos Ministérios da Justiça, Trabalho, Educação, Previdência Social e
Indústria e Comércio para ações integradas de eliminação do trabalho infantil no setor
sucroalcooleiro;
z
Portaria do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo
determinando que as verbas do
Plano de Assistência Social do setor sucroalcooleiro tenham como segunda aplicação
prioritária (superada apenas pela assistência médica aos trabalhadores) ações pela
eliminação do trabalho infantil.
Em 1997 as assinaturas de Pactos Setoriais — como em Goiás, por exemplo — a diplomação de
Empresas Amigas das Crianças e a adesão às cláusulas de veto ao trabalho infantil continuam
por todo o país, comprometendo segmentos inteiros da economia com o fim da exploração das
crianças.
5. 4. 3. Resultados políticos da luta contra o trabalho infantil
Como em outras atividades, na luta contra o trabalho infantil a Fundação também
tece uma rede de apoios internacionais. Um exemplo é a visita ao Brasil do fundador
do movimento internacional
Free the Children
, o adolescente canadense
Craig
Kielburger
, recebido e acompanhado por técnicos do programa, que apóiam a
gravação de reportagem da TV americana sobre a visita. E em 1997 o UNICEF
publica, em inglês e português, o estudo
"Mobilização empresarial pela erradicação do trabalho
A mobilização que a Fundação Abrinq lidera leva
também o Governo Federal a negociações. Estas
resultam, em setembro de 1996, numa solenidade na
Capital Federal com a presença do Presidente da
República, Ministros, parlamentares e Governadores,
na assinatura de três importantes compromissos:
No Programa Empresa Amiga da Criança nota-
se a mudança de passar do campo da
denúncia — só da denúncia, de expor à
sociedade suas feridas, principalmente na
questão do trabalho infantil — para a
manutenção de uma vigilância e uma proposta
de ação.
Caio Magri, Coordenador do Programa Empresa
Amiga da Criança
infantil"
, apresentando as estratégias da Fundação Abrinq.
O
Selo
, em 97, cresce em número de empresas e, principalmente, em alcance, ao ser
traduzido
para o inglês e espanhol
, visando os produtos de exportação. O Selo passa a ser, portanto, um
facilitador de vendas para os países com avançada legislação social, importadores de produtos
brasileiros.
Destaca-se também a
pressão política dos Conselheiros da Fundação Abrinq
sobre o Ministério
das Relações Exteriores para que o país mude de posição e assine as chamadas cláusulas
sociais, comprometendo-se em nível mundial com o fim do trabalho infantil.
Outra ação do programa é subsidiar a proposta da
Lei promulgada
pela Assembléia Estadual de São Paulo e em tramitação no
Congresso Nacional que barra, nas licitações públicas estaduais,
empresas que usam mão-de-obra infantil.
E uma
Base de Dados
em
CD-ROM
, acessível via Internet, é criada na sede da Fundação, com
informações atuais sobre o trabalho infantil no Brasil.
5. 4. 4. Nova dinâmica em Educação e Cultura
Os projetos, na maioria, não limitam sua ação a uma escola, mas a redes
de ensino, favorecendo grande quantidade de alunos. Suas características
respeitam diferenças regionais e sua variedade abarca desde
o uso do
aprendizado do xadrez nas escolas de Londrina para facilitar a
compreensão das leis matemáticas ao emprego de música, bonecos e
vivências na Natureza
em salas de aula situadas no interior do Ceará.
Esse aprofundamento da articulação internacional do
programa leva a Fundação Abrinq à
coordenação
geral, para a América do Sul
, da
Marcha Global
contra o Trabalho Infantil,
realizada em 1998. A
entidade também vai à
Reunião da Organização
Internacional do Trabalho
, em Genebra, na Suíça, e
à
Conferência Internacional sobre Trabalho
Infantil,
convocada pela OIT e o UNICEF, em Oslo,
na Noruega.
Nesses sete anos, a Fundação Abrinq pode se
orgulhar de ter ajudado o país a reduzir um de
seus grandes problemas, a utilização de
crianças como mão-de-obra em fábricas,
carvoarias ou na agricultura. Além de ilegal,
essa atividade deixava crianças mutiladas e
longe das escolas. Um grande exemplo foi a
erradicação do trabalho infantil em Franca
(interior de São Paulo), cuja indústria calçadista
empregava muitas crianças.
Otávio Frias Filho, Diretor de Redação da Folha de
S.Paulo
Desenhado e aprovado para financiamento em 1995, o
Programa
Crer Para Ver
tem como meta
apoiar projetos para o sucesso da
criança na escola.
Pelo Crer Para Ver são financiados :
z projetos de instituições não-governamentais e/ou comunitárias
(como Associações de Pais e Mestres, de bairros, etc.);
z que beneficiam alunos de pré-escola e/ou de 1º grau de escolas
da rede pública;
z em três linhas de ação: acesso aos conteúdos fundamentais,
melhoria das práticas educativas e gestão democrática das
escolas.
O Comitê Técnico do
Programa Crer Para Ver
partiu das recomendações
da Conferência Mundial da
Criança de 1990: acredita
que a educação das
crianças tem necessidade
de integrar as áreas de
conhecimento, tendo como
critérios a imaginação, a
criatividade, a estética e o
prazer
.
Cristina Meirelles,
Coordenadora do Programa
Crer Para Ver
Os recursos vêm da parceria com a
Natura Cosméticos
,
que mobiliza o voluntariado de suas hoje
160 mil consultoras
as quais, desde 1995, vendem no fim do ano Cartões de
Boas-Festas que arrecadam fundos para o projeto.
Em 1996 foram financiados
16 projetos
, de Norte a Sul do
país, através da constituição dos
Comitês Técnico e Diretor
para avaliar as propostas recebidas e selecionar as que iriam
A Fundação Abrinq vem demonstrando,
nestes sete anos de existência, o quão
poderosa é a junção de um trabalho
sério, competente, profissional,
transparente, capaz de construir um
significativo capital de credibilidade,
com uma excelente capacidade de
articulação social.
Guilherme Leal, Presidente do Conselho
de Administração (1995-96) e membro
deste Conselho (1992-98) da Fundação
Abrinq
Já no segundo ano de operação, o Programa Crer Para Ver
mais que
dobra sua arrecadação
vendendo, através das consultoras da Natura, não
só as bem-sucedidas coleções de Cartões de Boas-Festas, como também
embalagens para presentes. A arrecadação é de
1 milhão e 400mil
dólares
, ou 112% a mais que em 95. Esse nível de arrecadação é mantido
no fim do ano de 1997 com a venda de produtos durante o ano e
introduzindo uma linha nova de camisetas no final do ano.
Esses recursos financiam, até 1997,
45 projetos educacionais
criados por instituições
comunitárias, que beneficiam diretamente
884 escolas
de 17 estados do país, onde estudam
mais de
135 mil crianças
.
Em 97 o programa também realiza seu primeiro
Seminário do Programa Crer Para Ver
,
examinando os resultados do primeiro ano de atividades, e lança um
kit
, contendo o
caderno e
vídeo Crer Para Ver, sobre os primeiros 16 projetos apoiados
.
Entre as iniciativas no campo da Educação e Cultura merece menção também o
Projeto "O
Livro Vai à Escola"
, de 1996, que consiste na distribuição de
8.500 livros infantis
para
850
escolas
de
27 grandes cidades em 17 estados brasileiros. Quinhentas mil crianças
são
diretamente beneficiadas. O financiamento vem de uma parceria com a
Companhia Brasileira
de Metalurgia e Mineração – CBMM
.
receber as verbas.
PROGRAMA CRER PARA VER
Ano Arrecadação (US$) Projetos financiados Estados Escolas Crianças
1996 655. 000 16 8 454 90. 911
1997 1. 391. 000 45 17 884 135. 446
1998 1. 477. 000
(em 12/97)
6. UM FLASH
Em todos os anos
de atividades desde sua instituição a Fundação Abrinq tem
perseguido uma única meta: a melhoria das condições de vida das crianças e
jovens do Brasil, ou seja, a efetivação de seus direitos de cidadania.
Os números dos indicadores sociais que medem esta efetivação, porém, só
progridem lentamente: dos três milhões e meio de crianças e adolescentes
analfabetos de 1991, menos de 500 mil saíram da estatística de 1997.
Entretanto, este lento progresso apenas reforça, na Fundação, a convicção de
que o resgate da dignidade, da saúde, da educação e dos demais direitos dos
meninos e meninas do Brasil não é tarefa de ninguém, isoladamente, mas de
toda a sociedade. Por isso, longe de desanimar, a entidade permanece firme
em seu trabalho de articular as forças sociais em prol da infância.
Entre as atividade recém implantadas pela Fundação Abrinq estão os
translados de eventos
ocorridos durante todo o ano de 1997 e que apresentam, simultaneamente, os
Programas
Empresa Amiga da Criança
e
Crer Para Ver e o Projeto Prefeito Criança
. Estes eventos já
ocorreram no Amapá, Pará, Acre, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do
Sul, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
Nessas oportunidades os
Pactos
do
Programa Empresa Amiga da Criança
são levados a todo
o país, o
Projeto Prefeito Criança
é apresentado aos municípios, e comunidades são
informadas sobre como financiar projetos educacionais com o
Programa Crer Para Ver
. Para
viabilizar estas operações a Fundação Abrinq conta com o trabalho voluntário de Conselheiros e
Diretores. Esta atividade "multidisciplinar" entra em 98 com perspectivas de grande crescimento.
A entidade investe também na área estratégica chamada
Potencialização
das Redes
, estabelecendo sistemas de apoio e repercussão mútua com
segmentos decisivos da sociedade: prefeitos, jornalistas, educadores, empresários, profissionais
liberais, voluntários e entidades de atendimento. A construção desta estrutura de defesa das
crianças também prossegue.
E um novo campo — o
Trabalho com a Juventude
— começa a ser pesquisado pela Fundação
Abrinq, visando (A) aumentar na prática a consciência e o envolvimento cidadão dos jovens;
assim (B) educando os adolescentes na solidariedade e na responsabilidade; e (C) ainda
encaminhando um fluxo de voluntariado para causas e entidades necessitadas de apoio.
São metas ambiciosas para 1998: visam aumentar a força da mensagem da Fundação Abrinq
pelos Direitos da Criança. A perspectiva é, porém, de sucesso, já que a entidade vive um
momento de consolidação institucional.
Na verdade, todos estes planos e atividades, muitos com efeitos de longo prazo, são o dia-a-dia
imposto por um compromisso. O compromisso que a Fundação Abrinq assumiu. O compromisso
de se engajar no esforço social que visa
À DIGNIDADE E À FELICIDADE DAS CRIANÇAS E
JOVENS DO NOSSO PAÍS.
ANEXO I
N
ÚMEROS GERAIS
TOTAL DE CRIANÇAS BENEFICIADAS PELA FUNDAÇÃO ABRINQ ENTRE 1993 E 1997
Ano
Número de crianças
1993
6. 747
1994
14. 467
1995
17. 115
1996
196. 028
1997
364. 424
Obs.: Nos primeiros anos de trabalho da Funda
ç
ão Abrinq estes dados não foram re
g
istrados.
NÚMEROS POR PROJETOS E PROGRAMAS EM 31/12/1997
Projeto Nossas Crianças
43 entidades 1289 contribuintes
2. 438 crianças
Projeto Biblioteca Viva
93 bibliotecas
187 educadores
capacitados
32. 418 crianças
Projeto Bola pra Frente
26 entidades
8 000 crianças
Projeto Adotei um Sorriso
281 dentistas cadastrados
209 crianças
atendidas
Programa Empresa Amiga da Criança
902 empresas 361. 986 crianças
Programa Crer Para Ver
45 projetos financiados 884 escolas beneficiadas
135. 446 crianças
Projeto Jornalista Amigo da Criança
65 jornalistas envolvidos
Projeto Prefeito Criança
628 prefeitos comprometidos
SÓCIOS MANTENEDORES ENTRE 1994 E 1997
Ano
Pessoas físicas Pessoas jurídicas
TOTAL
1990 a 1993
- - 60
1994(*)
44 66 110
1995
142 171 313
1996
182 185 367
1997
267 251 518
(*) Com a criação da área de Captação de Recursos, os dados passaram a
ser mais discriminados.
Evolução Orçamentaria
Ano
US$
1990 88. 692
1991 98. 131
1992 132. 168
1993 156. 675
1994 1. 222. 137
1995 2. 308. 260
1996 3. 745. 255
1997 5. 248. 181
Composição do Fundo Patrimonial (US$)
1994
Outubro
Novembro
11. 280
130. 178
1995
Fevereiro
Março
Maio
Junho
99.882
22.321
11.038
21.692
1996
Maio
Dezembro
49. 464
10. 000
O Saldo do Fundo Patrimonial
em 31/12/97, é
US$ 623. 405, 08*
*incluído receita financeira de aplicação
Composição de Orçamento Anual de 1997
Fonte de Recursos:
Empresa - 75%
Indivíduos - 19%
Fundações - 6%
ANEXO II
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, CONSELHO FISCAL,
DIRETORIA EXECUTIVA
Gestão 1990-1992
Conselho de Administração
Presidente:
Oded Grajew
Secretário:
Ricardo Ávila
Membros:
Isaias Steiner Rejtman, Hélio Belinfanti, Yassuo Yamagushi, Fredy Vitalis, Celso
Luís Magalhães, Raquel Zumbano Altman, Maria Cecília Aflalo, Ivany Maluf, Pedro Henrique
Pucci, Katia Lavin Gamboa
Conselho Fiscal
Membros efetivos:
Mauro Antônio Ré, Valter Nilo Kuae e Valter G. Pena
Membros suplentes:
Nelson Kappaz, Marcelo Mansur Levy e Dirceu Pagotto
Diretoria Executiva
Presidente:
Suzanne Schonberger
Vice-Presidente:
Emerson Kapaz
Tesoureiro:
Josué Douglas Rodrigues
Gestão 1992-1994
Conselho de Administração
Presidente:
Emerson Kapaz
Secretário:
Julio Jorge Lobo Pimentel
Membros:
Alfredo Sette, Arab Chafic, Graziela Magalhães Dias, Guilherme Leal, Hélio Pereira
de Souza, Maria Ignês Bierrenbach, Raquel Zumbano Altman, Ricardo Ávila, Sérgio E. Mindlin,
Stefano Arnhold
Conselho Fiscal
Membros efetivos:
Mauro Antônio Ré, Ciro de Souza Nogueira Jr. e Sérgio Epstein
Membros suplentes:
Kosei Matsuda, José Luis Abdo e Charles Kapaz
Diretoria Executiva
Presidente:
Oded Grajew
Vice-Presidente:
Isaias Steiner Rejtman
Tesoureiro:
Synésio Batista da Costa
Gestão 1994-1996
Conselho de Administração
Presidente:
Emerson Kapaz (1994-95) / Guilherme Leal (1995-96)
Secretário:
Julio Jorge Lobo Pimentel
Membros:
Almir Augusto Laranja, Alfredo Sette, Guilherme Leal, Hans Becker, Ismar Lissner,
José Alberto Camargo, Maria Ignês Bierrenbach, Mario Arthur Adler, Raquel Zumbano Altman,
Roberto Klabin, Sérgio Miletto, Stefano Arnhold
Conselho Fiscal
Membros efetivos:
Mauro Antônio Ré, Ciro de Souza Nogueira Jr. e Kosei Matsuda
Membros suplentes:
Almir Augusto Laranja, José Luis Abdo e Charles Kapaz
Diretoria Executiva
Presidente:
Oded Grajew
Vice-Presidente:
Sérgio E. Mindlin
Tesoureiro:
Synésio Batista da Costa
Gestão 1996-1998
Conselho de Administração
Presidente:
Sérgio E. Mindlin
Secretário:
Ismar Lissner
Membros efetivos:
Adelino Pimentel, Alfredo Sette, Antoninho Trevisan, Carlos A. Tilkian,
Celso Conti Dedivitis, Émerson Kapaz, Fernando Moreira Salles, Guilherme Leal, Hans Becker,
Hélio Mattar, José Eduardo Pañella, Mário Arthur Adler, Maria Alice Setúbal, Roberto Giannetti
da Fonseca, Sérgio Miletto, Valdir Rovai.
Membros suplentes:
Edison Ferreira, Eduardo Capobianco, Gilberto E. Vasconcelos, Sérgio
Figueiredo Junior
Conselho Fiscal
Membros efetivos:
Charles Kapaz, Kátia Lavin Gamboa e Rubens Naves
Membros suplentes:
Hélio Pereira de Souza, Márcio Ponzini e Ricardo Vaccaro
Diretoria Executiva
Presidente:
Oded Grajew
Vice-Presidente:
Julio Jorge Lobo Pimentel
Tesoureiro: Synésio Batista da Costa
Gestão 1998-2000
Conselho de Administração:
Presidente:
Oded Grajew
Secretário:
Hélio Mattar
Membros Efetivos:
Alfredo Sette, Audir Queixa Giovanni, Carlos Antonio Tilkian, Celso Conti
Dedivitis, Emerson Kapaz, Fernando Moreira Salles, Flavio Sehn, Guilherme Leal, Hans
Becker, José Eduardo P. Pañella,Marco Antônio Pucci, Percival Caropreso, Ricardo Vacaro,
Roberto Giannetti da Fonseca, Sergio Miletto, Valdir Rovai.
Membros Suplentes:
Edison Ferreira, Gilberto E. Vasconcelos, Maria Alice Setúbal, Sérgio
Figueiredo Júnior.
Conselho Fiscal:
Membros Efetivos:
Charles Kapaz, Kátia Lavin Gamboa, Rubens Naves.
Membros Suplentes:
Hélio Pereira de Souza, Ismar Lissner, Márcio Ponzini.
Diretoria Executiva:
Presidente:
Sérgio E. Mindlin.
Vice-presidente:
Antoninho Marmo Trevisan.
Tesoureiro:
Synésio Batista da Costa.
ANEXO III
COMPOSIÇÕES HISTÓRICAS DOS CONSELHOS CONSULTIVOS
Gestão 1990-1993
Presidente:
Raquel Zumbano Altman
Vice Presidente:
Silvia Gomara Daffre
Membros:
Ademir Benedito, Afrânio de Matos Ferreira, Alberto L. Martin, Alfredo Sette, Aloísio
Mercadante, Ana Maria Sècches, Angélica M. Mello de Almeida, Anna Maria S. Pimentel,
Antonio Carlos Gomes da Costa, Antonio Márcio Lisboa, Antonio Tomás Bentivoglio, Betty
Roiter, Carlos Augusto de O. Camargo, Chake Ekizian, Cícero Paulo Gonçalves Dias, Cláudio
Barbosa, Conceição A. M. Segres, Dalka Chaves de A. Ferrari, Dalmo de Abreu Dallari, David
Diesendruck, Edda Bomtempo, Edina dos Santos Rosa, Efraim Kapulski, Elifas Andreato, Elvira
C. de A. Souza Lima, Fanny Abramovich, Felícia Madeira, Fernando Teixeira Mendes Filho,
Fúlvia Rosemberg, Gilda Castanho F. Montoro, Gisela Pires Castanho, Heitor Fecarotta,
Helena M. O. Yazbek, Hélio Bicudo, Hiram Castello Branco, Ilo Krugli, Iolanda Huzak, Janete
Frochtengarten, Joelmir Betting, José Salomão Schwartzman, Joya Eliezer, Juca Kfouri, Julio
Jorge Lobo Pimentel, Leda Orosco, Leonardo M. Posternak, Luís Eduardo Vaz Miranda, Maria
Amélia Azevedo, Maria Cecília Aflalo, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto,
Maria Cristina Carneiro, Maria Cristina de Carvalho Broide, Maria Cristina S. Moura
Capobianco, Maria Eugênia Lafer Galvão, Maria Ignês S. M. Bierrenbach, Maria Luiza Roxo,
Maria Machado Malta Campos, Mariangela P. da Fonseca, Maria Stella S. Graciani, Marilena
de Souza Chauí, Mariluci A. Barreira Lourenço, Mario Grosbaum, Mario Santoro Jr., Marta Silva
Campos, Marta W. Grosbaum, Mary Livingston, Mayumi Watanabe de Souza Lima, Monique
Deheinzelin, Nilson Sècches, Norma Kyriakos, Otávio Roth, Paulo Afonso G. de Paula, Paulo
Chacon, Rachel Alvin, Rebecca Raposo, Ronald Kapaz, Ruth Rocha, Sandra Sinicco, Suzana
M. Maia, Tatiana Belinky, Therezinha Fram, Tizuko Morchida Kishimoto, Vera M. Tude de
Souza, Vital Didonet, Zilma de M. R. de Oliveira
Gestão 1993-1996
Presidente:
Silvia Gomara Daffre
Vice Presidente:
Mayumi Watanabe de Souza Lima (†), Maria Ignês Bierrenbach
(1995)
Membros:
Adriana Friedmann, Afrânio de Matos Ferreira, Aloísio Mercadante, Ambar de
Barros, Ana Maria Sècches, Antonio Carlos Gomas da Costa, Antonio Marcio Lisboa, Benedito
Rodrigues dos Santos, Benjamin Kopelman, Cesare de Florio la Rocca, Cyrce Junqueira de
Andrade, Dalmo de Abreu Dallari, Edda Bomtempo, Efraim Kapulski, Fanny Abramovich, Fúlvia
Rosemberg, Helena M. O. Yazbek, Hélio Bicudo, Ilo Krugli, Iolanda Huzak, Jô Azevedo, Joanna
Wilheim, Joelmir Betting, Jorge Broide, Joya Eliezer, Mara Cardeal, Marcia Lopes, Maria Cecília
Aflalo, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto, Maria Cristina de Carvalho Broide,
Maria Cristina S. Moura Capobianco, Maria do Carmo Kozma, Maria Machado Malta Campos,
Marilena de Souza Chauí, Marize Hegger, Marta Silva Campos, Monique Deheinzelin, Nilson
Sècches, Norma Kyriakos, Paulo Afonso Garrido de Paula, Pedro Dallari, Rachel Gevertz,
Ronald Kapaz, Rosalina Santa Cruz Leite, Ruth Rocha, Sandra Sinicco, Silvia Carvalho,
Tatiana Belinky, Therezinha Fram, Tizuko Morchida Kishimoto, Valdemar de Oliveira Neto, Vital
Didonet.
Gestão 1996-1999
Presidente:
Maria Ignês Bierrenbach
Vice Presidente:
Rachel Gevertz
Membros efetivos:
Aldaísa Sposatti, Aloisio Mercadante, Ambar de Barros, Antonio Carlos
Gomes da Costa, Araceli Martins Elman, Benedito Rodrigues dos Santos, Dalmo de Abreu
Dallari, Edda Bontempo, Fanny Abramovich, Helena M. O. Yazbek, Hélio Bicudo, Ilo Krugli, Isa
Maria Guará, Jette Bonaventure, João B. de Azevedo Marques, Joelmir Betting, Jorge Broide,
Lélio Bentes Correa, Lídia Izeckson de Carvalho, Magnólia G. Bastos, Mara Cardeal, Marcelo
Goulart, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto, Maria Cristina de Carvalho Broide,
Maria Cristina S. Moura Capobianco, Maria de Lourdes Trassi Teixeira, Maria Filomena
Gregori, Maria Machado Malta Campos, Marlova Jovchelovitch, Marta Silva Campos, Melanie
Farkas, Munir Cury, Newton A. Paciulli Bryan, Norma Kyriakos, Oris de Oliveira, Oswaldo
Tanaka, Pedro Dallari, Raquel Zumbano Altman, Ronald Kapaz, Rosa A. Moysés, Ruth Rocha,
Sandra Sinicco, Silvia Gomara Daffre, Tatiana Belinky, Therezinha Fram, Valdemar de Oliveira
Neto, Vital Didonetf
ANEXO IV
APOIOS INSTITUCIONAIS E FINANCEIROS
z Abihpec/Sipatesp
z Adidas do Brasil
z Associação Brasileira A
Hebraica
z Associação Brasileira
Fabricantes de
Brinquedos
z Banco Bradesco
z Banco Citibank
z Banco Itaú
z Banco Real
z BASF
z Brazil Realty
z CardSystem Upsi
z CBBA
z Cia. Brasileira de
Metalurgia e Mineração
z Coopers & Lybrand
Biedermann, Bordasch
z Documentação
Radiologia Odontológica
z DPZ
z Elma Chips
z Embratur
z Estrela
z Faber Castell
z Full Jazz Comunicação
e Propaganda
z Fundação David and
Lucile Packard
z Fundação De Waal
z Fundação Safra
z Fundação W.K. Kellogg
z Graber
z Grupo Pão de Açúcar
z Guimarães Profissionais
de Comunicação e
Marketing
z Hewlett Packard Brasil
z Incentive House
z Indústrias Klabin de
Papel e Celulose
z Lew, Lara, Propeg
z McCann-Erickson
Publicidade
z Memorial da América
Latina
z Museu da Imagem e do
Som
z Natura Cosméticos
z Olisan Previato
Advocacia
z Organização
Internacional do
Trabalho
z Oz Design
z Panamco/Spal
z Rubens Naves
Advogados
z Sadia
z Sasse Seguros
z Serviço Nacional do
Comércio
z Talent Comunicação
z TAM
z Tom Brasil
z Transbrasil
z Trevisan Auditores
Independentes
z Tupperware
z Unibanco
z UNICEF
z VARIG
z VASP
z Vitae – Apoio à Cultura,
Educação e Promoção
Social
z Yakult
z Yázigi International
PARCEIROS DA MÍDIA
Agência de Notícias
dos Direitos da Infância
A Tarde
Central de Outdoor
Correio Brasiliense
Diário de Pernambuco
Diário do Nordeste
Espaço Unibanco de
Cinema
Exinemídia
Propaganda
Folha de S.Paulo
Gazeta do Povo
Gazeta Mercantil
Globo Cabo
Jornal do Brasil
NET Brasil
O Estado de São Paulo
Rádio América
Rádio Ativa
Rádio Boa Nova
Rádio Capital
Rádio Cidade
Rádio Cultura
Rádio Dragão do Mar
Rádio Eldorado
Rádio Gazeta
Rádio Globo/CBN
Rádio Jovem Pan
Rádio Nativa
Rádio USP
Rede Mulher
Rede UNICEF de
Rádio
Revista Bravo
Revista Capricho
Revista Caras
Revista CardNews
Revista Ciência Hoje
Revista Claudia
Revista Crescer
Revista dos Bancários
Revista do Unibanco
Revista Exame
Revista Isto É
Revista Japão Aqui
Revista Marie Claire
Revista Motor Show
Revista Nova Escola
Revista Outdoor
Revista Principal
Revista Problemas
Brasileiros
Revista República
Revista Veja
Revista Viaje Bem
Revista VIP
Revista Zá
Sistema Brasileiro de
Televisão
TVA Sistema de
Televisão
TV Bandeirantes
TV Cultura
TV Gazeta
TV Globo
TV Manchete
TV Record
TV SENAC
ANEXO V
LISTA DE SÓCIOS
SÓCIOS PATRONOS
SÓCIOS HONOR
Á
V
EIS
Banco Bradesco
Banco Itaú
Natura Cosméticos
SÓCIOS BENEMÉRITOS
Associados do Banco Garantia
Banco Sul América
Indosuez Capital
Metal Leve
Oxiteno do Nordeste
Porto Seguro Cia. Seguros Gerais
Sr. Roger Wright
Unibanco
Adidas do Brasil
Antônio Carlos Freitas
Banco Fiat
Berlitz Centro de Idiomas
Bovespa
Chase Manhattan
Christina de Carvalho Pinto
Edda Multedo Pareto
Fotóptica
George Arnhold (
)
Indosuez Capital
Ind. Quim. Farm. Schering Plough
Itaú Bankers Trust
J. P. Morgan
Kraft Suchard do Brasil
Maria Terezinha Fontana Reis
Natura Cosméticos
Shopping Save
SmithKline Beecham
Tupperware
VASP
Volkswagen
Yakult
Yázigi
Esta publicação foi realizada por iniciativa da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, sob
coordenação e supervisão de Ana Maria Wilheim, redação de Fábio Malavoglia, edição e
projeto gráfico de Waldemar Zaidler, arte-final e produção gráfica de Planeta Terra/Mac
Mouse Serviços e revisão de Leila Midlej e Sônia Eun Joo Yeo
Agradecemos a todos aqueles que colaboraram para a realização desta publicação.
Livros Grátis
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