Poemas de Albino Costa em periódicos e antologias
Notas originais do autor para o livro As epopéias da raça
i
João Vaz Corte Real, 1464, ap. Antonio Cordeiro. Read em 1919 realizou pelo ar a mesma travessia em
sentido inverso, ambos via Açores.
ii
Diogo Cão lançou o primeiro padrão do domínio português no hemisfério Austral. Foi na foz do Zaire, a
oito graus latitude Sul. Antes dele, os pilotos Santarém e Esteves haviam passado o Equador alcançando
até 1 ½ graus latitude Sul.
iii
Era uma zona de fogo contornando a Terra no Equador, que os filósofos e geógrafos da Antiguidade
diziam que separava os dois hemisférios. Pedro d’Aily, 1410, foi o último dessa opinião, iludindo Colombo,
que o copiou.
iv
Almanaque Celeste ou Astronômico, 1473, Lisboa. Ampliou a dimensão da Terra que Ptolomeu, no
Almagesto, e d’Aily, no Imagus Mundus, fazem muito menor. Antes de Zacuto e de Martin da Bohemia
porem-se a serviço de D. João II, 1482, não há menção da aplicação do astrolábio à marinha. Estas
descobertas conservam-se em segredo de Estado. A aplicação do astrolábio à navegação deve ser tão
importante quanto à aplicação do sextante do almirante Gago Coutinho à navegação aérea.
v
Vide a nota X, adiante.
vi
O Esmeraldo de Site Orbis, dois séculos antes de Newton, diz sobre a redondeza da Terra: “Se se
pudesse fazer na terra um buraco muito grande e muito fundo, tão grande e tão fundo que este buraco
saísse do outro lado da esfera, e se se deitasse uma pedra neste buraco, esta não sairia do outro lado da
esfera, ficava no meio!”
A periodicidade das marés antárticas aparece pela primeira vez no Esmeraldo, com as suas horas de
cheias e vazantes, quinze anos antes da Geografia de Ensiso.
vii
Só depois da medida geodésica tomada pelas naus de Magalhães circunavegando a Terra, foi que Nicolau
Copérnico pôde descrever a órbita dos planetas em redor do Sol.
viii
Os franceses confundem o nosso nônio, de Pedro Nunes, 1492-1577, com uma régua graduada usada ou
inventada por Le Vernier, astrônomo francês, que veio três séculos depois, 1811-1876. São peças
diferentes.
ix
Talvez estes rochedos sejam restos da Atlântida, que segundo Platão existiu a Oeste do Atlas.
x
1/9 do arco terrestre são 40 graus: dos cimos do Jacutu [Yakoutou, na edição-fonte] aos seis graus de
latitude norte à foz do Chuí, pelo 33 graus 45 sul vão 39 graus e 3/4.
A atuação de Portugal quanto ao Brasil desde o descobrimento foi toda secreta, clandestina; assim
convinha às razões de Estado.
Portugal, com as mentiras sublimes da sua diplomacia, foi talhando nas demarcaciones de Espanha, além
da linha de Tordesilhas, o colosso imenso do solo da pátria brasileira. Cerca de sete milhões de
quilômetros quadrados foram conquistados fora da linha de Alexandre VI, a qual, segundo Humboldt e
Varnhagem, que dão a medida portuguesa, vinha de Belém do Pará à boca da Laguna, deixando ao Brasil
português apenas o litoral marítimo oriental, que pouco excedia a 1,5 milhão de quilômetros! Ficaríamos
com metade da extensão da Argentina!
Na medida dos geômetras espanhóis, as 370 léguas a oeste de Cabo Verde, recuavam a divisória do
Maranhão à Cananéa. Tinham estes razão, porque D. Manuel não deixou mapa nenhum do seu reinado
traçar a divisória ao sul da Cananéa.
Assim, essa epopéia do sertão é, a meu ver, maior, mais arrojada que a do mar... Nela havia fome, a
sede, as feras, os homens antropofágicos, as setas ervadas, os rios imensos, a peste...
Tudo isto foi afrontado, vencido, pelos bandeirantes, que não eram multas de aventureiros, caçadores
de escravos e de esmeraldas, como a mentira da diplomacia fez constar nas cortes espanhola e alhures, e
se repete deploravelmente nas histórias escolares: nas verdadeiras expedições militares, protegidas pela
bandeira real, que é o símbolo da pátria, para a conquista e demarcação do solo da futura nacionalidade.
Esta epopéia não foi escrita. Apenas Olavo Bilac nos deixou um lindo trecho no “Caçador de
esmeraldas”. Virá mais tarde um Camões que a cante, numa segunda Lusíadas, que há de vir reconstituir
esse terceiro capítulo das Epopéias da Raça!
xi
Homero, influenciado pelas vivas descrições dos fenícios, navegantes que vinham da Lusitânia, colocou o
paraíso terrestre no último Por do Sol, isto é, no extremo poente da Terra então conhecida, que era a foz
do Tejo e Promontório Sacro.
Santo Isidoro de Sevilha, não obstante no teu tempo já Strabão, Plínio e Plutarco terem feito recuar
para as Granadas, hoje Canárias, o Paraíso, reinvindicou para Andaluzia a descrição de Homero, como se,
mais ao ocidente da Hispalis, não houvesse a velha Lusitânia, onde o herói da Odisséia fundou Lisboa.