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nesta pesquisa a observação participante nas entidades, nos valendo somente do
discurso dos dirigentes, ficou difícil “constatar”.
No discurso dos dirigentes das entidades há uma prática de respeito às
religiões e não imposição ao assistido da participação nos rituais religiosos da
instituição, como pode ser observado nas falas abaixo:
Na ação social, que é aquela coisa de necessidade mesmo, quem
chega, é porque tá precisando...então, é, a direção dessa área de
ação social, sempre dá o apoio, “oh! eu tô te dando uma cesta
básica mas eu quero te dizer que, você, que esse alimento te ajude
muito, a suprir a sua necessidade material. Nós aqui da igreja, essa
igreja tá aqui pra ajudar a suprir a sua necessidade espiritual. Caso
você precise, nós estamos aqui, se você quiser nós podemos ir na
sua casa te visitar, conhecer a tua realidade, nós podemos ir com o
pastor. Você quer uma ajuda? Ah! eu quero, meu marido tá
desempregado, vamos lá, ora por nós”. Então, a gente, na ação
social é onde acontece mais esse contato de apoio religioso,
espiritual. Mas lembrando: nada de imposição! A gente não impõe,
não cobra nada
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.
Nós não, até que a Pastoral é, ela é mais do que ecumênica, ela é
interdialogal, ela não está com o fundo da questão religiosa, a não
ser se a criança é católica e pede que se reze um Padre Nosso,
você reza com ela. Mas nós não batemos na questão religiosa
específica da católica porque nós recebemos toda e qualquer
criança de qualquer credo. E a família também. Então ela é
interdialogal. Não pode ser uma, uma Pastoral que diz: eu sou só
católica, não. Porque a gente vê o sujeito. Você não vê a questão de
religião. Você pode ver a questão religiosa porque todo mundo pode
adorar a um Deus não é? Mas você dizer que tem que adorar o
Deus católico, ou o Deus protestante, ou o Deus budista, sei lá, não
sei, não é por aí, não é isso a finalidade da Pastoral do Menor.
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A gente não impõe a questão bíblica a questão ah! você tem que ser
crente, você tem que ser cristão, não, tem nada disso, a religião da
pessoa é a religião dela. A gente vai passar pra ela aquilo que a
gente sabe né, e cabe a Deus trabalhar na vida dela né. Se é da
vontade dela ser, se é da vontade de Deus ou não, aí é, mas nós
passamos a nossa semente né, nós plantamos e aí o resultado é
com Deus que vai dá. Mas no momento, ah! ce quer participar tem
que ser, não, nem na igreja, como também na associação. Se a
gente vai fazer algum trabalho é, comunitário, não tem religião,
entendeu?
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Sidney Carvalho de Oliveira, Administrador, Presidente da Associação Metodista de Ação Social –
Monte Castelo. Entrevista concedida no dia 12 de dezembro de 2006.
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Élia de Oliveira Melo, Pedagoga, Filósofa e Teóloga, Coordenadora Diocesana da Pastoral do
Menor. Entrevista concedida no dia 15 de dezembro de 2006.
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Ademir da Silva Gomes, Pastor, Presidente da Associação Beneficente Água Viva. Entrevista
concedida no dia 19 de janeiro de 2007.