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7
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................ 10
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... 12
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS.................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................18
1.1 Motivação....................................................................................................................18
1.2 A Identificação de Helicópteros ..................................................................................18
1.3 O Presente Trabalho ....................................................................................................20
1.4 Contribuições...............................................................................................................21
2 FUNCIONAMENTO DO RADAR DE DEFESA ANTIAÉREA.......................... 22
2.1 Funcionamento de um Radar Pulsado .........................................................................22
2.1.1 Ambigüidade em Distância .........................................................................................24
2.2 Radar de Compressão de Pulso ...................................................................................25
2.3 Processamento .............................................................................................................27
2.3.1 Dados Brutos ...............................................................................................................28
2.3.2 Compressão de Pulso...................................................................................................29
2.3.3 Deteção ......................................................................................................................31
2.3.4 Reamostragem e Concatenação dos Blocos ................................................................31
2.4 Medição de Velocidade ...............................................................................................33
2.4.1 Ambigüidade em Velocidade ......................................................................................33
3 MODELAGEM DO SINAL .....................................................................................35
3.1 Modelagem Clássica....................................................................................................35
3.1.1 Seção Reta Radar (RCS)..............................................................................................35
3.1.2 Componentes do Eco do Helicóptero..........................................................................36
3.1.3 Eco do Rotor Principal ................................................................................................ 37
3.2 Modelo Modificado..................................................................................................... 40
3.2.1 Eco do Rotor Principal ................................................................................................ 41
3.2.2 Eco da Fuselagem........................................................................................................41
8
3.2.3 Efeito do Lóbulo da Antena.........................................................................................42
3.2.4 Modelo Propriamente Dito.......................................................................................... 42
4 MÉTODOS UTILIZADOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE HELICÓPTEROS.44
4.1 Método Clássico .......................................................................................................... 44
4.2 Análise utilizando Espectrograma STFT.....................................................................47
5 ANÁLISE DOS MODELOS.....................................................................................50
5.1 Modelo Clássico .......................................................................................................... 50
5.2 Modelo Modificado..................................................................................................... 54
5.3 Efeito da Subamostragem............................................................................................56
5.4 Efeito do Baixo Tempo de Iluminação do Alvo..........................................................58
5.5 Efeito do Ruído............................................................................................................59
6 EXTRAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS................................................................62
6.1 Transformada de Fourier a Tempo Curto (STFT).......................................................62
6.2 Transformada S ...........................................................................................................62
6.3 Transformada Wavelet contínua (CWT).....................................................................64
6.3.1 CWT no Domínio da Freqüência.................................................................................67
6.3.2 Limitação Quanto a Sinais Complexos ....................................................................... 68
6.4 Uso da Diferenciação Finita para Filtrar o Eco da Fuselagem....................................71
6.5 Energia de Teager-Kaiser............................................................................................73
6.6 Módulos Máximos da Transformada Wavelet (WTMM) ...........................................74
6.7 Aplicação da Metodologia Proposta............................................................................76
7 CONCLUSÕES..........................................................................................................82
7.1 Conclusões Acerca deste Trabalho..............................................................................82
7.2 Proposta para Pesquisas Futuras..................................................................................83
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................85
9
9 APÊNDICE ................................................................................................................ 87
9.1 Apêndice 1: Dados de Helicópteros ............................................................................88
10 ANEXO....................................................................................................................... 90
10.1 Anexo 1 .......................................................................................................................91
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 2.1 Célula de resolução em distância........................................................................22
FIG. 2.2 Movimentação de um alvo no tempo .................................................................23
FIG. 2.3 Movimentação de um alvo no tempo (gráfico waterfall)...................................23
FIG. 2.4 Equivalência em energia entre pulsos ................................................................25
FIG. 2.5 Exemplo de chirp ...............................................................................................26
FIG. 2.6 Transmissão do chirp .........................................................................................26
FIG. 2.7 Processamento radar...........................................................................................27
FIG. 2.8 Compressão de Pulso..........................................................................................30
FIG. 2.9 Caminho dos dados no processamento radar......................................................32
FIG. 2.10 Medição de velocidade .......................................................................................33
FIG. 3.1 Principais contribuições para o eco radar do helicóptero...................................36
FIG. 3.2 Rotor Principal (1 – pá, 2 – cabeça, 3 – base) ....................................................37
FIG. 3.3 Incidência de onda plana sobre a pá...................................................................38
FIG. 3.4 Análise do sinal refletido por uma pá.................................................................39
FIG. 4.1 Cálculo de v
max
através da análise do sinal no domínio da freqüência............... 46
FIG. 4.2 Medição de τ através da análise do sinal no domínio do tempo.........................45
FIG. 4.3 Método do Espectrograma STFT (Número par de pás) .....................................47
FIG. 4.4 Método do Espectrograma STFT (Número ímpar de pás) .................................48
FIG. 5.1 Diferença entre o modelo clássico e o sinal medido ..........................................40
FIG. 6.1 Sinal no domínio do tempo gerado através do modelo clássico.........................50
FIG. 6.2 Resposta em freqüência do sinal simulado.........................................................51
FIG. 6.3 STFT do sinal gerado pelo modelo clássico (número par de pás)......................52
FIG. 6.4 STFT do sinal gerado pelo modelo clássico (número ímpar de pás) .................52
FIG. 6.5 Sinal no domínio do tempo gerado através do modelo modificado ...................54
FIG. 6.6 Resposta em freqüência do sinal (normal à esquerda e ampliado à direita).......55
FIG. 6.7 STFT do sinal gerado pelo modelo modificado (número par de pás) ................55
FIG. 6.8 STFT do sinal subamostrado.............................................................................. 56
FIG. 6.9 STFT de um sinal com baixo tempo de iluminação do alvo ..............................58
FIG. 6.10 STFT do sinal gerado pelo modelo modificado (número par de pás) ................60
11
FIG. 6.11 STFT do sinal medido de helicóptero real .........................................................61
FIG. 7.1 Transformada S do eco de helicóptero ...............................................................63
FIG. 7.2 Wavelet de Shannon com f
b
= 1 e f
c
= 1,5..........................................................65
FIG. 7.3 Wavelet de Shannon no domínio da freqüência.................................................66
FIG. 7.4 CWT do eco de helicóptero utilizando-se a wavelet de Shannon.. ....................67
FIG. 7.5 Wavelet Real de Morlet nos domínios do tempo e da freqüência......................68
FIG. 7.6 Wavelet de Complexa de Morlet nos domínios do tempo e da freqüência........69
FIG. 7.7 CWT adaptada do sinal complexo......................................................................70
FIG. 7.8 Processo de aplicação da derivada à CWT.........................................................71
FIG. 7.9 Derivada das Transformadas ..............................................................................72
FIG. 7.10 Efeito da energia de Teager-Kaiser. .................................................................73
FIG. 7.11 Módulos Máximos da Transformada Wavelet....................................................75
FIG. 7.12 Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Esquilo....................................77
FIG. 7.13 Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Apache.. ..................................78
FIG. 7.14 Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Cougar.. ..................................79
FIG. 7.15 Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Pantera.. ..................................80
FIG. 7.16 Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Pantera.. ..................................81
FIG. 8.1 Eco de helicóptero com sete células de distância (domínio do tempo)..............83
FIG. 8.2 Eco de helicóptero com sete células de distância (domínio da freqüência) .......84
FIG. 10.1 Processo de medição do tempo entre picos consecutivos...................................75
12
LISTA DE TABELAS
TAB. 2.1 Dados brutos recebidos pelo processamento......................................................28
TAB. 6.1 Valores utilizados para a simulação ...................................................................51
TAB. 6.2 Valores utilizados para a simulação ...................................................................53
TAB. 6.3 Valores utilizados para a simulação ...................................................................57
TAB. 6.4 Valores utilizados para a simulação ...................................................................59
TAB. 6.5 Valores utilizados para a simulação ...................................................................60
TAB. 7.1 Dados utilizados para a simulação .....................................................................77
TAB. 7.2 Dados utilizados para a simulação .....................................................................78
TAB. 7.3 Dados utilizados para a simulação .....................................................................79
TAB. 7.4 Dados utilizados para a simulação .....................................................................80
TAB. 9.1 Banco de dados de helicópteros..........................................................................88
13
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ABREVIATURAS
AWGN
Additive White Gaussian Noise
Az
– Azimute
cm
– Centímetro
CTEx
– Centro Tecnológico do Exército
CWT
Continuous Wavelet Transform
dB
– Decibel
DFT
Discrete Fourier Transform
EB
– Exército Brasileiro
FAB
– Força Aérea Brasileira
FFT
Fast Fourier Transform
FRP
– Freqüência de repetição de pulsos
GHz
– Gigahertz
IFFT
Inverse Fast Fourier Transform
Im
– Parte imaginária
IME
– Instituto Militar de Engenharia
kHz
– Quilohertz
m
– Metro
m/s
– Metro por segundo
MB
– Marinha do Brasil
IRP – Intervalo de repetição de pulsos
RCS
Radar Cross Section
Re
– Parte real
rpm
– Rotações por minuto
STFT
Short-Time Fourier Transform
WTMM
Wavelet Transform Modulus Maxima
WTMML
Wavelet Transform Modulus Maxima Lines
14
SÍMBOLOS
R
– Distância do radar ao alvo
c
– Velocidade da luz
t
– Tempo
R
u
– Alcance máximo em distância sem ambigüidade
E – Energia do pulso
P
p
– Potência de pico de transmissão
T
– Largura do pulso transmitido
corr
– Correlação cruzada
chirp
– Pulso transmitido com freqüência modulada
s(t)
– Sinal simulado correspondente ao eco do helicóptero
p
– Número de partes refletoras do helicóptero
s
k
(t)
– Amplitude do eco de cada parte refletora do helicóptero
ψ
k
– Fase do eco de cada parte refletora do helicóptero
j
– Unidade imaginária ( 1=j )
λ
– Comprimento de onda
u
p
– Onda plana enviada pelo radar
ω
– Freqüência angular da onda transmitida
e
– Base do logaritmo neperiano
exp
– Exponencial de base e
v
– Velocidade radial do helicóptero
θ
– Ângulo entre a frente de onda e a pá do helicóptero
ω
rot
– Freqüência angular de rotação das pás do helicóptero
β
– Ângulo de elevação do helicóptero em relação ao radar
L
– Comprimento das pás do helicóptero
N
– Número de pás do helicóptero
v
max
– Velocidade máxima da ponta da pá do helicóptero
τ
– Tempo entre picos consecutivos no domínio do tempo
f
d max
– Largura do pulso no domínio da freqüência
A
fus
– Amplitude do eco da fuselagem do radar
15
f
dop
– Freqüência Doppler do eco do helicóptero
f
0
– Freqüência central da portadora do sinal emitido pelo radar
n(t)
– Ruído
φ(t)
– Ângulo de azimute da antena do radar
φ
0
– Ângulo de azimute do alvo
f
max
– Freqüência Doppler máxima das partes de um helicóptero
v
som
– Velocidade do som
g(t)
– Função wavelet mãe
a
– Escala
t’
– Tempo contínuo
f
c
– Freqüência central da wavelet mãe
f
c
– Banda da wavelet mãe
f
b
– Parâmetro de banda para a wavelet de Shannon
16
RESUMO
A capacidade de identificar helicópteros é uma característica bastante desejável em
radares de defesa antiaérea, como uma forma alternativa de determinar se um alvo é amigo
ou inimigo. Entretanto, essa ainda é uma tarefa desafiadora para qualquer sistema de radar.
O método clássico para identificação de helicópteros utiliza o quociente entre o
comprimento das pás e o número de pás do rotor principal, onde duas características do
sinal são medidas: o tempo entre picos consecutivos no domínio do tempo e a velocidade
da ponta da pá, no domínio da freqüência. Infelizmente, essas características são difíceis de
serem medidas em ecos de alvos reais com altos níveis de ruído. Este trabalho mostra as
dificuldades para realizar estas medidas, determina a freqüência de repetição de pulso
necessária para a obtenção do eco do helicóptero sem falseamento, apresenta uma nova
forma de modelagem do eco de helicóptero, propõe uma nova forma de análise de sinal
complexo utilizando Transformada Wavelet Contínua e um novo método para a medição do
tempo entre picos.
17
ABSTRACT
Helicopter identification capability is a desirable feature on air defense radars, as an
alternative way of distinguishing friends of foes. However, it is still a challenging task for
any radar system. The classical method for helicopter classification uses the quotient
between blade length and number of blades in the main rotor, where two signal features are
measured: time between flashes and blade tip velocity. Unfortunately, these features are
difficult to measure on actual target echoes with high noise levels. This work shows the
difficulties for accomplishing these measures, determines the pulse repetition frequency
needed for obtaining the helicopter echo without aliasing, presents a new helicopter echo
modeling and proposes a new way for analyzing complex signal using Continuous Wavelet
Transform, and a new method for measuring time between flashes.
18
1 INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO
Na defesa antiaérea com radar, é muito importante a capacidade de diferenciar os alvos
amigos dos inimigos, a fim de evitar fratricídio. A classificação de alvos como aviões e
helicópteros e a identificação do tipo de helicóptero representam uma grande ferramenta de
avaliação do perigo que determinado alvo pode representar. O presente trabalho visa
estudar as principais técnicas de identificação de helicópteros e apresentar um método que
gere uma melhor extração de características para este tipo de identificação.
1.2 A IDENTIFICAÇÃO DE HELICÓPTEROS
Para realizar a identificação de um helicóptero, um sistema radar deve, primeiramente
realizar duas etapas anteriores: a deteção do alvo e sua classificação como helicóptero.
A deteção é o propósito básico de qualquer radar, consistindo em descobrir que existe
um objeto, agora chamado de alvo, dentro do alcance de operação do radar.
Classificação de alvos é a determinação por parte do sistema radar de que tipo de objeto
se trata o alvo detetado: veículo terrestre, embarcação, avião, helicóptero, pessoas, animais,
etc. No caso do radar de defesa antiaérea, essa classificação ocorre principalmente entre:
- aeronave de asa fixa (avião ou similar); e
- aeronave de asa móvel (helicóptero).
Após um alvo ter sido classificado pelo radar como sendo um helicóptero, identificar a
qual classe ou modelo de helicóptero o alvo pertence é uma tarefa bastante desejável em
sistemas radar modernos (Gini, Farina e Greco, 2004).
A identificação de helicópteros é um problema de reconhecimento de padrões, onde
cada classe representa um tipo de helicóptero. Como em todo problema de reconhecimento
de padrões, uma boa extração de características é essencial à solução do problema.
Como não é fácil, muito menos barata, a aquisição de diversos ecos de helicópteros com
radar, a modelagem desses ecos é essencial à realização de qualquer trabalho nessa área. O
19
modelo clássico de eco de helicóptero foi primeiramente apresentado por Misiurewicz et
al., 1997, e é ainda largamente utilizado na grande maioria dos trabalhos da área. Uma nova
forma de modelagem, mais completa e realista, foi apresentada por Ding et al., 2005.
Entretanto, este modelo foi apresentado de forma genérica, sem detalhamento, dificultando
sua implementação.
Toda a teoria desenvolvida até hoje sobre identificação de helicópteros se baseia no fato
de que a rotação das pás produz uma modulação periódica que pode gerar uma assinatura
radar potencialmente útil para identificação (Chen, 2000).
Contemporaneamente ao modelo clássico de eco de helicóptero, surgiu o primeiro
método de identificação de helicópteros, baseado no quociente entre o comprimento das pás
do rotor principal do helicóptero e o número de pás do mesmo (Rotander e von Sydow,
1997). Esse quociente pode ser encontrado através da medição do intervalo entre picos
consecutivos da representação do valor absoluto do sinal no domínio do tempo e a largura
do pulso que surge na representação do mesmo no domínio da freqüência.
Desde então, poucos trabalhos foram publicados nesta área, sendo a grande maioria
sobre métodos de reconhecimento de padrões que melhor se adaptem às características
citadas. Esses trabalhos se baseiam em características extraídas de sinais gerados a partir do
modelo clássico de eco de helicóptero, não tendo o mesmo desempenho quando aplicados a
sinais obtidos por radares em situação real, sinais esses que possuem características bem
distintas do modelo clássico, como será mostrado neste trabalho.
Uma das últimas publicações sobre este assunto, apresenta um método um pouco mais
apurado para a extração destas características, propondo a medição da largura de pulso no
domínio da freqüência em um sinal coerentemente integrado e a medição do tempo entre
picos no domínio do tempo em sinal com integração não coerente (Tikkinen et al., 2005).
Esta última publicação representa um grande avanço no estudo das formas de extração
de características em sinais mais próximos daqueles oriundos de helicópteros reais.
Entretanto, o método nele apresentado não apresenta bons resultados em sinais ruidosos.
20
1.3 O PRESENTE TRABALHO
No presente trabalho, será inicialmente apresentada uma explanação sobre o
funcionamento do radar de defesa antiaérea. Em seguida, serão apresentados o fenômeno
físico em questão e o modelo clássico apresentado na literatura (Misiurewicz et al., 1997)
para a síntese de sinais a serem utilizados na identificação de helicópteros. Serão também
apresentadas as principais técnicas utilizadas atualmente na solução deste tipo de problema
(Rotander e von Sydow, 1997).
Depois, será apresentado um modelo modificado, construído com base no modelo
apresentado em Ding et al., 2005, e serealizada uma breve análise tanto da modelagem
clássica quanto do modelo modificado, juntamente com uma apresentação dos principais
efeitos que dificultam a aplicação dos métodos clássicos de identificação de helicópteros.
Finalmente, será proposto um método de extração de características que possibilite a
melhoria de desempenho dos classificadores utilizados atualmente na tarefa de
identificação de helicópteros.
Dadas as dificuldades encontradas pelos métodos utilizados atualmente para trabalhar
isoladamente no domínio do tempo ou no domínio da freqüência, propõe-se a obtenção de
um método que extraia características para os algoritmos de reconhecimento de padrões
através de uma análise conjunta tempo-freqüência.
Esta idéia foi apresentada em (Yoon et al., 2000), onde o sinal medido foi submetido
a uma análise com base em espectrograma STFT (Short-Time Fourier Transform), através
do qual os autores conseguiam extrair duas características: o comprimento da pá e o
número de pás do helicóptero. Entretanto, este método apresenta uma forma de melhor
visualizar características do sinal mas não mostra como extrair esses atributos. Além disso,
ele se baseia no modelo clássico de eco de helicóptero, não tendo o mesmo resultado para
sinais de helicópteros reais.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi procurar superar as limitações desse método
através de técnicas mais apuradas de análise tempo-freqüência existentes atualmente,
através das quais pode ser verificada a possibilidade de se realizar uma extração de
características de forma mais robusta e menos vulnerável ao efeito de ruído, ecos de alvos
estáticos e outras interferências.
21
1.4 CONTRIBUIÇÕES
As principais contribuições deste trabalho para comunidade científica serão brevemente
listadas nesta seção.
A primeira contribuição do trabalho é a criação da modelagem alternativa que é criada
para superar as limitações do modelo clássico que é apresentado no Capítulo 3. Esta é uma
modificação que se mostra necessária para o prosseguimento do trabalho, não é encontrada
nas principais publicações sobre o assunto e pode servir de base para outros trabalhos nesta
área.
A segunda contribuição aparece a partir da análise do efeito da subamostragem sobre o
sinal. Para evitar os efeitos analisados, desenvolve-se na Seção 5.3 uma expressão
matemática para a determinação da menor freqüência de repetição de pulsos necessária para
evitar os efeitos negativos da subamostragem. Essa expressão também não foi encontrada
nos trabalhos publicados sobre identificação de helicópteros.
Outra contribuição deste trabalho surge ao utilizar a transformada wavelet contínua
(CWT) para análise de um sinal complexo que é o sinal radar. Ao se verificar que não
nas principais publicações sobre transformada wavelet contínua, um método eficiente para
analisar sinais complexos, resolve-se propor neste trabalho um método que possibilite a
análise das componentes positivas e negativas de freqüência de um sinal complexo
utilizando a CWT, método este que aparece na Subseção 6.3.2.
A contribuição final é o próprio método para extração de características, que é o
objetivo do trabalho e é apresentado no Capítulo 6.
22
2 FUNCIONAMENTO DO RADAR DE DEFESA ANTIAÉREA
2.1 FUNCIONAMENTO DE UM RADAR PULSADO
Atualmente, a quase totalidade dos radares de defesa antiaérea são radares pulso-
Doppler, que consistem de radares pulsados capazes de obter a velocidade radial do alvo
através de análise Doppler. Desta forma, para entender como funciona um radar de defesa
antiaérea típico, é necessário primeiramente entender o funcionamento de um radar
pulsado.
O radar pulsado emite pulsos de curta duração que, ao encontrarem alvos, geram ecos
que são recebidos de volta no radar. O tempo transcorrido entre a emissão de um pulso e a
recepção do eco gerado por esse pulso em um alvo determina a distância desse alvo ao
radar.
Na grande maioria dos radares pulsados, incluindo os pulso-Doppler, essa informação
de distância é digitalizada, de maneira que a resolução da digitalização determina a
resolução do radar, conforme ilustrado na FIG. 2.1. Vale ressaltar que o sinal digitalizado é
complexo e que as análises gráficas que serão realizadas a seguir têm base no valor
absoluto do sinal.
FIG. 2.1 - Célula de resolução em distância
A movimentação em distância de um alvo pode ser determinada, conforme o
representado na FIG. 2.2, através da observação dos ecos gerados a partir de uma seqüência
de pulsos, onde IRP é o intervalo de repetição de pulsos do radar, definido em conjunto
com a FRP, de acordo com a EQ. (2.1).
23
1
IRP
FRP
= (2.1)
FIG. 2.2 - Movimentação de um alvo no tempo
Neste tipo de representação, o estudo do comportamento do sinal na horizontal é
normalmente chamado de análise em distância, visto que a distância entre o eco e o pulso
retangular à esquerda representa a distância entre o alvo e o radar.
Já o estudo do comportamento do sinal na vertical é freqüentemente chamado de análise
em azimute, uma vez que, na maior parte dos radares de defesa antiaérea, a antena gira
constantemente na horizontal, gerando uma movimentação do alvo em azimute em relação
ao radar. Como essa movimentação é, quase sempre, lenta (menor que 30 rpm), a
amostragem do sinal pulso a pulso permite uma melhor representação do comportamento
do sinal em azimute do que a amostragem entre dois pulsos consecutivos.
FIG. 2.3 - Movimentação de um alvo no tempo (gráfico waterfall)
A FIG. 2.3 mostra um gráfico do tipo waterfall, o qual facilita a observação da
movimentação de um alvo no tempo (em azimute e distância).
24
Em geral, nos radares pulso-Doppler, a resolução em distância é superior à maior
dimensão de qualquer helicóptero, visto que a resolução típica deste tipo de radar é da
ordem de dezenas de metros para radares com compressão de pulso e de, no mínimo,
centenas de metros para radares sem esse recurso.
Desta forma, teoricamente todo o eco do helicóptero está contido em apenas uma
unidade, ou no máximo duas unidades, de resolução em distância e, portanto, para cada
pulso emitido apenas uma medida do alvo, podendo-se assim considerar a freqüência de
repetição de pulsos como a freqüência de amostragem do sinal proveniente do alvo.
2.1.1 AMBIGÜIDADE EM DISTÂNCIA
Após um radar emitir um pulso, todos os alvos cujos ecos retornam ao radar antes que
este emita um novo pulso podem ter sua distância determinada sem ambigüidade, isto é,
sem erros teóricos, através da relação (Skolnik, 2001)
ct
R
2
=
(2.2)
onde R é a distância entre o alvo e o radar, t é o tempo entre transmissão do pulso e a
chegada do eco ao radar e c é a velocidade da luz.
Por outro lado, se o alvo estiver tão distante do radar que seu eco retorne ao radar após
este ter emitido um ou mais pulsos, o radar pode considerar que o eco é devido ao último
pulso transmitido, de forma que a distância será calculada com erro. Este fenômeno é
denominado ambigüidade em distância.
A distância máxima em que um alvo poderá estar para que o radar consiga medir sua
distância sem ambigüidades é dada pela EQ. (2.3) (Mahafza, 2000). Verifica-se através da
EQ. (2.3), que para aumentar o alcance sem ambigüidade do radar, deve-se reduzir a FRP:
u
c
R
2FRP
= (2.3)
onde R
u
é o alcance máximo sem ambigüidade do radar e c é a velocidade da luz.
25
2.2 RADAR DE COMPRESSÃO DE PULSO
A compressão de pulso é uma cnica utilizada para melhorar a resolução em distância
sem a necessidade de utilizar pulsos muito estreitos.
Para que um radar tenha bom alcance, é interessante que ele seja capaz de emitir pulsos
de grande energia. A energia do pulso é dada pela fórmula
p
E = P T
(2.4)
onde P
p
é a potência do transmissor e
Τ
é a largura do pulso emitido.
Portanto, para que um radar tenha um bom alcance em distância, é interessante que a
potência do transmissor seja alta ou que o radar trabalhe com uma grande largura de pulso.
Para que a potência seja alta, é necessário um transmissor maior, mais caro e que necessita
de uma fonte de alimentação também maior e mais cara, o que não é desejável. Além disso,
uma potência mais alta implica em um maior risco de deteção pelo inimigo.
Resta, então, aumentar a largura de pulso. Entretanto, uma grande largura de pulso
implica em uma baixa resolução em distância.
FIG. 2.4 - Equivalência em energia entre pulsos
Uma das técnicas mais utilizadas atualmente para realizar a compressão de pulso
consiste em modular o pulso de transmissão em freqüência, de forma que o radar transmita
um pulso largo, o que é bom para o alcance do radar, e que, após a demodulação, tanto a
26
energia transmitida quanto a resolução em distância conseguida sejam similares ao que é
obtido através de um pulso estreito de alta potência, conforme o ilustrado na FIG. 2.4.
A compressão é possível devido à transmissão de um chirp, que é um pulso com
freqüência modulada, conforme o ilustrado na FIG. 2.5, ao invés de um pulso senoidal com
freqüência constante como seria o normal.
FIG. 2.5 - Exemplo de chirp
FIG. 2.6 - Transmissão do chirp
A FIG. 2.6 ilustra a geração e transmissão do chirp. O bloco “Chirp” gera uma
oscilação com variação em freqüência e o bloco “Amp” amplifica essa oscilação que é
transmitida através da antena.
Na recepção, a compressão de pulso propriamente dita é realizada. Ela consiste da
demodulação do sinal que retorna ao radar através de sua correlação cruzada com uma
réplica do chirp transmitido.
Amp
Chirp
Antena
27
2.3 PROCESSAMENTO
Normalmente, o processamento de sinal de radares com compressão de pulso por
modulação linear de freqüência seguem as seguintes etapas:
- chegada dos dados brutos ao sistema;
- compressão de pulso;
- deteção;
- reamostragem e concatenação dos blocos detetados;
FIG. 2.7 - Processamento radar
A FIG. 2.7 ilustra as etapas do processamento radar, que serão brevemente discutidas a
seguir.
Vale ressaltar que toda a explanação sobre o processamento de dados do radar,
apresentada neste capítulo, visa apenas um melhor entendimento do problema. O sinal que
será utilizado para a identificação é o histórico de reflexão do alvo que é obtido ao final
deste processamento.
28
2.3.1 DADOS BRUTOS
O sistema de processamento do radar analisado nesta dissertação recebe blocos que
consistem em matrizes de D linhas por C colunas de dados brutos. Cada coluna representa a
resposta em azimute obtida pelo radar para uma determinada distância, e cada linha
representa a resposta em distância para um determinado azimute, sendo cada linha
precedida por dados de cabeçalho. Vale ressaltar que os dados de radar são complexos e,
portanto, se cada dado possui 2N bits, os primeiros N bits são a parte real e os outros N são
a parte imaginária.
O valor de C, isto é, o número de colunas dessa matriz de dados limita a resolução em
distância do radar. Já a resolução em azimute é limitada também pela velocidade de rotação
da antena e pela freqüência de repetição de pulsos utilizada pelo radar.
A TAB. 2.1 ilustra o formato dos dados brutos recebidos pelo sistema de
processamento:
TAB. 2.1 - Dados brutos recebidos pelo processamento
Distância
1 2 3 C
Cabeçalho
Re Im Re Im Re Im
Re Im
Az 1
Cab1 2N bits 2N bits 2N bits
2N bits
Az 2
Cab2 2N bits 2N bits 2N bits
2N bits
Az 3
Cab3 2N bits 2N bits 2N bits
. . .
2N bits
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Az D
CabD 2N bits 2N bits 2N bits
2N bits
Os dados organizados desta forma são então submetidos ao processamento do radar,
com o intuito de encontrar possíveis ecos em seu interior.
29
Imediatamente após a passagem da matriz por cada fase do processamento, a matriz
formada pelos próximos D azimutes é então submetido àquela fase do processamento, de
forma que possíveis alvos encontrados em matrizes subseqüentes são comparados no fim
do processamento para que seja verificado se eles correspondem à continuidade do eco do
mesmo alvo, conforme será descrito na Subseção 2.3.4.
A primeira etapa do processamento dessa matriz de dados brutos é a compressão de
pulso, que será descrita a seguir.
2.3.2 COMPRESSÃO DE PULSO
Na primeira etapa do processamento, os dados brutos passam pela compressão de pulso
em distância. Conforme mencionado na Seção 2.2, para que o radar obtenha uma boa
resolução em distância mesmo trabalhando com pulsos largos, é realizada a compressão de
pulso, que consiste da demodulação do sinal recebido pelo radar como resposta à
transmissão de chirp, através de sua correlação cruzada com uma réplica do chirp.
T
2
T
-
2
corr(x) = sinal(t).chirp*(t - x)dt
(2.5)
onde corr é o sinal após a compressão, sinal é o sinal que chega ao receptor, chirp é a cópia
do chirp que foi transmitido e * indica o complexo conjugado. Seja
chirp(t) chirp(-t)
= (2.6)
ou seja, uma cópia do chirp transmitido invertida no tempo, o sinal demodulado pode ser
escrito como
T
2
T
-
2
corr(x) = sinal(t).chirp*(x - t)dt sinal(t) ch
irp(t)
=
(2.7)
onde representa convolução linear.
30
Portanto, a demodulação é realizada através da convolução entre o sinal recebido e uma
cópia do chirp transmitido invertida no tempo. Para a realização dessa convolução, é
aproveitada a propriedade de que a convolução no domínio do tempo equivale a uma
multiplicação no domínio da freqüência. Desta forma, a compressão de pulso é
implementada conforme ilustrado na FIG. 2.8.
FIG. 2.8 - Compressão de Pulso
Assim, é realizada a convolução linear de cada linha dos dados brutos com a réplica
invertida do chirp. Para tanto, a linha é acrescida de zeros para atingir um comprimento M
igual ao comprimento da réplica do chirp no domínio da freqüência, comprimento este que
deve equivaler à soma do comprimento da linha de dados com o comprimento do chirp no
domínio do tempo para a mesma taxa de amostragem menos 1, para garantir que a
convolução circular realizada no domínio da freqüência seja equivalente à convolução
linear entre os dois sinais (Oppenheim et al., 1999).
Então, é realizada a Transformada Rápida de Fourier (FFT) deste sinal que, em seguida,
é multiplicado ponto a ponto pela réplica do chirp no domínio da freqüência. Após a
multiplicação do sinal pela réplica do chirp no domínio da freqüência, é realizada a
Transformada Inversa Rápida de Fourier (IFFT), e o sinal retorna ao domínio do tempo.
Desta forma, o resultado desta etapa é um novo bloco, que consiste em uma matriz em
que cada linha sofreu a compressão de pulso, possui comprimento M e se encontra no
domínio do tempo.
31
2.3.3 DETEÇÃO
O sinal, que sofreu a compressão de pulso em distância, é agora trabalhado em azimute.
A deteção é realizada no domínio da freqüência. Para tanto, cada coluna dos dados passa
por uma FFT, gerando pequenos blocos que consistem em vetores de D pontos no domínio
da freqüência.
Esses pontos são, então, comparados com um valor teste, o limiar (threshold), de forma
que se qualquer um dos pontos for superior ao limiar, o vetor é detetado como um possível
alvo e passado a frente, caso contrário, o vetor é descartado. O limiar pode ser um valor
fixo ou variar de acordo com a distância em que o vetor analisado está localizado.
Para que não sejam detetados alvos estáticos (clutter), as raias correspondentes às
freqüências mais baixas, não são comparadas ao limiar, visto que esses pontos representam
as reflexões de menor velocidade detetadas pelo radar naquela distância. Após a deteção, é
realizada a IFFT e os blocos detetados são novamente colocados no domínio do tempo.
2.3.4 REAMOSTRAGEM E CONCATENAÇÃO DOS BLOCOS
Os blocos, ou vetores, de D pontos detetados são armazenados e aguardam a análise da
próxima matriz de dados brutos (com D azimutes por C distâncias). Quando essa análise
termina e novos vetores de D pontos são detetados, os dados que estavam armazenados e
não tiveram continuidade são descartados, ou seja, um vetor armazenado é descartado se o
bloco correspondente à sua mesma distância na análise seguinte não for detetado.
Os blocos que tiverem continuidade são mantidos armazenados até que essa
continuidade termine. Quando isso ocorre, todos os blocos detetados em seqüência naquela
distância são concatenados para formar o histórico do alvo.
Em radares de defesa antiaérea, é comum a utilização de diversas freqüências de
repetição de pulso. Neste caso, considerando que o radar possui F diferentes FRP’s,
utilizando diferente FRP a cada D pulsos emitidos, ocorre que, como a taxa de amostragem
do sinal obtido é igual à freqüência de repetição de pulsos, a freqüência de amostragem de
cada bloco detetado é diferente.
32
Portanto, antes de serem concatenados, os blocos são, primeiramente, reamostrados
para uma mesma taxa de amostragem. Em geral,os blocos são interpolados para uma
freqüência de amostragem igual à maior FRP utilizada pelo radar, para que o sinal
resultante tenha o máximo de pontos, o que é interessante para o processamento do sinal.
Após reamostrados e concatenados os blocos são denominados histórico de
refletividade do alvo. Esse sinal é então transmitido a estágios de processamento de nível
mais elevado do radar. Esse é o sinal que será utilizado para a realização da identificação de
helicópteros.
A FIG. 2.9 ilustra um resumo do sistema de processamento radar, mostrando o caminho
percorrido pelos dados desde sua chegada como dados brutos a sua saída como um
histórico de refletividade do alvo.
FIG. 2.9 - Caminho dos dados no processamento radar
33
2.4 MEDIÇÃO DE VELOCIDADE
Uma das principais diferenças entre os radares pulsados simples e os radares pulso-
Doppler é a capacidade destes últimos de medir a velocidade do alvo. Essa medição é
realizada através da análise do histórico de deteção do alvo no domínio da freqüência,
conseguido através da FFT do histórico no domínio do tempo. O valor máximo do histórico
de deteção no domínio da freqüência indica a freqüência Doppler referente à velocidade do
alvo.
FIG. 2.10 - Medição de velocidade
Portanto, se o máximo valor do histórico no domínio da freqüência ocorre para uma
freqüência Doppler f
d
, a velocidade do alvo é dada pela EQ. (2.8) (Mahafza, 2000).
dop
0
f c
v
2f
= (2.8)
onde v é a velocidade do alvo, c é a velocidade da luz e f
0
é a freqüência central de
transmissão do radar.
2.4.1 AMBIGÜIDADE EM VELOCIDADE
Na Subseção 2.1.1, é mencionado o fenômeno da ambigüidade em distância. Fenômeno
semelhante ocorre com a medição de velocidade.
Histórico
de deteção
do alvo
Histórico de
deteção
(freqüência)
Velocidade
do alvo
FFT
Detetor
de pico
34
Ao aplicar a FFT no histórico de deteção do alvo, a máxima freqüência Doppler
mapeada equivale à metade da freqüência de amostragem, portanto, se o módulo da
velocidade do alvo corresponde a uma freqüência Doppler menor ou igual à metade da
freqüência de amostragem, a velocidade do alvo é corretamente medida. Se, por outro lado,
o módulo da velocidade do alvo produz uma freqüência Doppler maior que a metade da
freqüência de amostragem, a velocidade é medida com erro.
Esse fenômeno é denominado ambigüidade em velocidade. Para que um radar não sofra
com essa ambigüidade, ele deve ser projetado para que a freqüência de amostragem do
sinal seja sempre maior que o dobro da freqüência Doppler correspondente à máxima
velocidade dos alvos a que o radar se destina.
Conforme o descrito na Subseção 2.1.1, quanto maior a FRP, pior é o alcance sem
ambigüidade do radar. Desta forma, nos radares pulso-Doppler um compromisso entre
ambigüidade em distância e ambigüidade em velocidade, onde o aumento da FRP aumenta
a robustez do radar contra a ambigüidade em velocidade e diminui a robustez contra
ambigüidade em distância.
Encontrar a FRP adequada é, portanto, um desafio aos projetistas de radares pulso-
Doppler, e o valor adotado depende bastante da aplicação desejada para o equipamento.
Pode-se, entretanto, afirmar que na maior parte destes radares, a FRP utilizada não é alta o
suficiente para permitir a realização de boas análises utilizando-se apenas o domínio da
freqüência.
35
3 MODELAGEM DO SINAL
3.1 MODELAGEM CLÁSSICA
A forma clássica de análise e modelagem do sinal proveniente do helicóptero a ser
utilizada para classificação pode ser encontrada em (Misiurewicz et al., 1997), sendo
completada em (Ding et al., 2005). Esta modelagem se baseia no conceito descrito a seguir.
3.1.1 SEÇÃO RETA RADAR (RCS)
A Seção Reta Radar (RCS - “Radar Cross Section”) é uma medida das características de
reflexão de um alvo, que pode ser analisada como uma área fictícia que produziria, no
radar, um eco igual ao do alvo em questão (Skolnik, 2001). Portanto, quanto maior o RCS
do alvo, mais visível ele é para o radar.
As características de reflexão de um alvo, assim como as propriedades de formação de
seu eco, variam com o comprimento de onda de transmissão do radar, e essas características
são classificadas em três regiões:
- região de Raylegh: nesta região, o comprimento de onda é muito maior que as dimensões
do alvo;
- região de ressonância: nesta região, o comprimento de onda é da mesma ordem de
grandeza das dimensões do alvo; e
- região ótica: nesta região, o comprimento de onda é muito menor que as dimensões do
alvo.
Como a maior parte dos radares de defesa antiaérea possuem freqüência de transmissão
maior que 1 GHz (comprimento de onda menor que 30 cm), a reflexão de um helicóptero se
encontra na região ótica. Nesta região, a interação entre as reflexões de cada parte do alvo
são muito pequenas, de forma que o eco do alvo pode ser considerado a soma das reflexões
de cada uma de suas partes, segundo a equação:
36
( )
p
k k
k 1
s(t) s exp j (t)
=
= ψ
(3.1)
onde p é o número de partes refletidas do alvo e s
k
e
ψ
k
são, respectivamente, a amplitude e
fase de cada parte refletida do alvo.
3.1.2 COMPONENTES DO ECO DO HELICÓPTERO
O eco de um helicóptero é formado pelas reflexões de suas diversas partes, dentre as
quais, as componentes mais significativas são as apresentadas na FIG. 3.1, onde S0
representa a fuselagem, S1 o rotor principal e S2 o rotor secundário.
FIG. 3.1 - Principais componentes do eco radar do helicóptero.
- Fuselagem: normalmente gera um eco de grande amplitude, devido às suas grandes
dimensões. Entretanto, o eco da fuselagem é, em geral, muito similar entre os diversos
tipos de alvos, não sendo, portanto, adequado à tarefa de identificação. Na modelagem
clássica, este eco é ignorado.
- Rotor principal: a rotação periódica das pás do rotor principal resulta em uma modulação
em amplitude e fase do sinal que retorna ao radar. Os parâmetros dessa modulação são
determinados por características intrínsecas ao helicóptero detetado, o que torna o eco do
seu rotor principal uma boa base para a sua identificação.
- Rotor secundário (cauda do helicóptero): de forma semelhante ao que ocorre com o rotor
principal, gera uma modulação em amplitude e fase em seu eco. Entretanto, este eco é
37
mais difícil de ser trabalhado, pois possui menor amplitude, visto que as dimensões das
pás são bem menores que as do rotor principal. Adicionalmente, o rotor secundário é
freqüentemente encoberto pela fuselagem e, além disso, a freqüência de rotação do rotor
secundário é, normalmente, muito maior do que a do principal, exigindo assim uma maior
FRP do radar para ser apropriadamente analisado, o que nem sempre é possível. Na
modelagem clássica, e para este trabalho, o eco do rotor secundário foi desprezado, por
ser de muito baixa amplitude e depender fortemente da posição do helicóptero.
Como a freqüência de transmissão do radar se encontra na região ótica, podemos
considerar cada componente do eco do helicóptero separadamente, e a modelagem se
utiliza desta propriedade para analisar apenas o eco do rotor principal.
3.1.3 ECO DO ROTOR PRINCIPAL
O rotor principal é composto por três componentes principais:
- as pás;
- a cabeça; e
- a base (ou mastro).
FIG. 3.2 - Rotor Principal (1 – pá, 2 – cabeça, 3 – base)
O eco do conjunto base e cabeça do rotor principal é estudado em (Misiurewicz et al.,
1998), onde se demonstra que para analisar corretamente o eco da base do rotor, é
necessário um radar extremamente sensível e, de preferência, com pequeno comprimento
de onda (λ 3 cm banda X), o que normalmente não ocorre em radares de busca
antiaérea.
38
Analisaremos, então, apenas o eco das pás do rotor principal. Uma pode ser
modelada como uma barra rígida de comprimento L. Consideremos, então, uma pá disposta
a um ângulo
θ
em relação ao lóbulo principal do radar e iluminada pela onda plana do radar
da forma:
j t
p
u e
ω
= (3.2)
onde
ω
é a freqüência angular da onda e t é o tempo.
FIG. 3.3 - Incidência de onda plana sobre a pá
A FIG. 3.3 ilustra a pá iluminada pela onda plana proveniente do radar.
O sinal que chega a esta pá, que se encontra a uma distância R do radar e o helicóptero
se aproxima do radar com uma velocidade radial v, será, portanto:
( )
p
2
u (t) exp j t R vt
c
= ω
(3.3)
O sinal refletido será então
( )
L
i
0
2 x.sen
s (t) exp j t R vt 2 dx
c c
θ
= ω
(3.4)
39
( )
i
2 L L
s (t) exp j t R vt sen sinc sen
c c c
ω
= ω + θ θ
(3.5)
onde
rot i
t
θ = ω + θ
(3.6)
onde ω
rot
é a velocidade angular de rotação do rotor principal, θ
i
é a posição inicial da i,
c é a velocidade da luz e x é a distância entre o ponto de incidência de cada elemento da
onda plana e a extremidade da pá, conforme o ilustrado pela FIG. 3.4.
FIG. 3.4 - Análise do sinal refletido por uma pá
Generalizando o resultado para N pás e acrescentando um ângulo de elevação
β
e uma
velocidade radial v para o helicóptero, teremos o seguinte modelo para o eco do helicóptero
(Ding et al., 2005):
( )
( )
( )
rot i
2 L
N 1
j t R vt sen t cos
c c
pas rot i
i 0
L
s (t) e sinc sen t cos
c
ω + ω β
=
ω
= ω + θ β
(3.7)
onde
i 0
(i -1)
2
N
θ = θ + π (3.8)
40
Vale ressaltar que este modelo simula dados processados da recepção do radar, onde
apenas os dados do alvo desejado são gerados, o sendo, portanto, útil para realização de
análise em distância.
3.2 MODELO MODIFICADO
O modelo clássico é de grande importância para que se entendam as particularidades do
eco proveniente de um helicóptero. Entretanto, o sinal a ser analisado em um radar real é,
conforme o ilustrado na FIG. 3.5 (b), bastante diferente do que é gerado pelo modelo
clássico, conforme a FIG. 3.5 (a).
FIG. 3.5 - Diferença entre o modelo clássico e o sinal medido
Para que o sinal simulado seja mais fiel ao sinal que se mede em situações reais,
decidiu-se, neste trabalho, criar e implementar modificações ao modelo clássico.
Estas modificações são uma contribuição deste trabalho, utilizando como base o modelo
descrito em Ding et al., 2005, que coloca como modelo geral para ecos de aeronaves com
partes rotativas a EQ. (3.9):
s s s j j n n
s(t) a (t) c s (t) c s (t) c s (t)
= + +
(3.9)
41
onde a
s
é a influência das características do radar sobre o sinal, s
s
é o eco das partes fixas, s
j
é o eco das partes rotativas da aeronave, s
n
é ruído branco e c
s
, c
j
e c
n
são os coeficientes do
eco das partes físicas, do eco das partes móveis e do ruído, respectivamente, utilizados para
normalização, caso seja necessário.
3.2.1 ECO DO ROTOR PRINCIPAL
Neste trabalho, para o eco das partes móveis levou-se em conta apenas o rotor principal,
notadamente as pás do rotor principal, visto que, conforme mencionado na Subseção
3.1.23.1, o rotor secundário tem dimensões pequenas e pode estar escondido pela
fuselagem. Esse eco das pás do rotor principal é simulado através da modelagem clássica,
conforme o descrito na Subseção 3.1.3, ou seja, é modelado através da EQ. (3.7).
Portanto teremos:
j j pas
c s (t) s (t)
= (3.10)
Desta forma, o modelo clássico dado por s
pas
, definido na EQ. (3.7), é apenas parte
integrante do modelo que será criado.
3.2.2 ECO DA FUSELAGEM
O eco das partes fixas do helicóptero foi considerado, para este trabalho, o eco da
fuselagem do helicóptero.
Para acrescentar a componente da fuselagem do helicóptero, esta foi modelada como
um alvo pontual, com uma velocidade v fixa. Desta forma, temos:
(
)
fus fus dop
s (t) A exp j 2 f t
= π
(3.11)
onde A
fus
é amplitude do eco da fuselagem do helicóptero e onde
42
0
dop
2vf
f
c
= (3.12)
onde f
0
é a freqüência central da portadora do sinal de transmissão do radar.
Desta forma teremos:
s s fus
c s (t) s (t)
= (3.13)
Esta componente representa a forte influência que a fuselagem gera no eco de um
helicóptero real.
3.2.3 EFEITO DO LÓBULO DA ANTENA
Para a influência das características do radar levou-se em conta o efeito do lóbulo da
antena, visto que este é o efeito mais visível no eco de um helicóptero real e levando em
conta a dificuldade para modelar outras características que variam bastante para radares
diferentes.
Para incluir o efeito do lóbulo da antena em azimute, este foi modelado por uma função
sinc. Assim, temos o seguinte modelo para o efeito do lóbulo da antena:
[
]
s 0
a (t) sinc (t)
= φ φ
(3.14)
3.2.4 MODELO PROPRIAMENTE DITO
A modelagem final do sinal foi então realizada em três etapas:
- modelagem do eco do rotor principal;
- modelagem do eco da fuselagem; e
- modelagem do efeito da diretividade da antena.
Substituindo a EQ. (3.7) e a EQ. (3.11) na EQ. (3.9), temos que o modelo modificado é
dado por:
43
[
]
pas fus 0
s(t) s (t) s (t) sinc (t) n(t)
= + φ φ +
(3.15)
onde
φ
(t) é o ângulo de azimute da antena no tempo t,
φ
0
é o azimute do alvo, s
pas
é dado
pela EQ. (3.7), s
fus
pela EQ. (3.11) e n(t) é um ruído aditivo branco gaussiano (AWGN).
Esse modelo modificado consiste então na primeira contribuição deste trabalho, uma
vez que sua implementação era essencial para a continuidade do trabalho e que não foi
encontrado modelo similar na literatura nesse nível de detalhamento. Vale ressaltar que a
implementação deste modelo, assim como a do modelo clássico, é feita diretamente a partir
de sua formulação matemática, apresentada na EQ. (3.15) para o modelo modificado e na
EQ. (3.7) para o modelo clássico.
44
4 MÉTODOS UTILIZADOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE HELICÓPTEROS
4.1 MÉTODO CLÁSSICO
Nas duas últimas décadas, diversos métodos foram publicados na tentativa de
solucionar o problema da identificação de helicópteros. Uma das publicações mais citadas
nesta área propõe a identificação através do quociente L/N (Rotander e Sydow, 1997), onde
L é o comprimento das pás e N é o número de pás do rotor principal. Este quociente é
encontrado através da combinação da EQ. (4.1) com a EQ. (4.2).
A velocidade das pontas das pás do rotor principal de um helicóptero é proporcional ao
produto entre o comprimento dessas pás e sua freqüência de rotação
max
rot max
0
f c
2 f L v
2f
π = = (4.1)
onde f
rot
é a freqüência de rotação do rotor principal, v
max
é a velocidade das pontas das pás,
f
max
é a freqüência Doppler determinada por v
max
.
A reflexão do sinal transmitido pelo radar nas pás em rotação gera pulsos que podem
ser observados no valor absoluto do sinal no domínio do tempo, conforme a FIG. 4.1. O
período de repetição desses pulsos é função da freqüência de rotação do rotor e do número
de pás, conforme a EQ. (4.2)
rot
rot
1
f N , se N é par
1
2f N , se N é ímpar
=
τ
=
τ
(4.2)
onde τ é o período de repetição dos picos que aparecem no domínio do tempo.
45
FIG. 4.1 - Medição de τ
ττ
τ através da análise do sinal no domínio do tempo
A FIG. 4.1 ilustra o valor absoluto de um sinal gerado pelo modelo clássico apresentado
no Capítulo 3 no domínio do tempo, onde podem ser observados os picos periódicos.
A combinação da EQ. (4.1) com a EQ. (4.2) resulta na EQ. (4.3), que é a expressão
final para o quociente L/N.
max
max
d
max
0
d
max
0
f
v
L
, se N é par
f
N 2
4
c
f
v
L
, se N é ímpar
f
N
2
c
τ
τ
= =
π
π
τ
τ
= =
π
π
(4.3)
onde
max
max 0
d max
4v f
f 2f
c
= = (4.4)
é a largura do pulso no domínio da freqüência, conforme ilustrado na FIG. 4.2.
46
FIG. 4.2 - Cálculo de v
max
através da análise do sinal no domínio da freqüência
Vale ressaltar que, na resposta Doppler, aparece um pulso que se estende da freqüência
Doppler mínima até a máxima produzida pelo helicóptero. Este pulso se forma pois cada
elemento da hélice do helicóptero produz uma resposta Doppler distinta, desde a ponta da
que se afasta do radar perpendicularmente à direção de propagação do sinal, produzindo
a menor freqüência Doppler, até a ponta da pá que se aproxima do mesmo na mesma
direção, que produz Doppler máximo, passando pelo centro do rotor, cuja resposta Doppler
se encontra no centro do pulso.
Pode-se ainda observar que o pulso não é simétrico em relação à freqüência Doppler
nula. Isto ocorre porque a velocidade de cada elemento da hélice do rotor principal é igual à
sua velocidade linear devido à rotação somada à velocidade de movimento do helicóptero
como um todo. Desta forma, essa velocidade do helicóptero produz a freqüência Doppler
que aparece no centro do pulso.
Outro método utilizado atualmente é a exploração de duas características para os
algoritmos de reconhecimento de padrões, o período de repetição dos picos e a largura dos
picos, ambas retiradas da análise do sinal no domínio do tempo.
47
Ambos os métodos são extremamente prejudicados pela pouca quantidade de pontos
disponíveis na maior parte dos radares de defesa antiaérea, o que dificulta a análise no
domínio do tempo, e é dificultado também pelas baixas freqüências de repetição de pulso, o
que possibilita um mapeamento pobre no domínio da freqüência.
Estes métodos conseguem bons resultados na identificação de helicópteros,
principalmente na distinção de helicópteros cujas características se destaquem da maioria
dos demais. Entretanto, devido a esta dificuldade na obtenção de características através de
análises isoladas no domínio do tempo ou da freqüência, há dificuldade para distinguir
helicópteros com características semelhantes.
4.2 ANÁLISE UTILIZANDO ESPECTROGRAMA STFT
Uma primeira análise de sinais de helicópteros utilizando análise conjunta tempo-
freqüência é o método do espectrograma STFT, apresentado em (Yoon et al., 2000), onde
τ
e
max
d
f
são encontrados conforme o ilustrado na FIG. 4.3, que mostra o espectrograma
STFT para a situação em que o helicóptero possui um número par de pás, e a FIG. 4.4, que
mostra o espectrograma STFT para a situação em que o helicóptero possui um número
ímpar de pás. Por este método, pode-se, também, observar claramente a diferença entre
helicópteros com número par de pás e helicópteros com número ímpar de pás.
FIG. 4.3 - Método do Espectrograma STFT (Número par de pás)
48
FIG. 4.4 - Método do Espectrograma STFT (Número ímpar de pás)
Pode-se observar na FIG. 4.3 e na FIG. 4.4 que a análise de um sinal modelado através
do modelo clássico utilizando espectrograma STFT gera uma visualização em que se pode
observar
τ
e
max
d
f
simultaneamente e permite também uma clara observação da diferença
entre o eco de helicópteros com número par de pás e com número ímpar de pás.
Em helicópteros com número par de pás, quando uma se encontra formando um
ângulo reto com a direção de incidência do sinal radar se aproximando deste, a
diametralmente oposta também estará perpendicular à direção de incidência da onda
transmitida pelo radar, se movimentando no sentido oposto. Isso faz com que haja respostas
com Doppler positivo e negativo no mesmo instante de tempo.
Já em helicópteros com número ímpar de pás, as que se aproximam do radar e as que se
afastam do mesmo ficam perpendiculares à direção de transmissão do sinal radar em
instantes alternados, gerando na STFT respostas Doppler positiva e negativa alternadas no
tempo.
O método apresentado neste artigo (Yoon et al., 2000) apresenta dois problemas. O
primeiro consiste na falta de métodos pra extrair as informações da STFT, pois o trabalho
mostra claramente apenas como a visualização das características do sinal é melhorada com
o espectrograma STFT, mas não mostra como extrair essas características.
49
Outro problema consiste na diferença entre o modelo utilizado para aplicar este método
e o sinal de helicópteros reais. Quando este método é aplicado a ecos de helicópteros reais,
as características do sinal mostradas nesta seção não aparecem claramente, tornando-se
difícil extrair informações úteis para a identificação de helicópteros.
Um dos principais fatores para essa dificuldade é a presença da componente devida à
fuselagem do helicóptero no eco de um alvo real. Esta componente é bastante forte, sendo
ressaltada no espectrograma STFT, o que dificulta a observação e a extração de
características devidas às pás do rotor principal do helicóptero.
Neste trabalho, tentou-se realizar a filtragem dessa componente, a fim de obter um sinal
onde as características apontadas nesta seção aparecessem claramente. Entretanto,
verificou-se que esta tarefa não é simples, de forma que o sinal filtrado obtido continha
sempre características deformadas em relação ao esperado, de forma a não ser viável uma
boa observação das características úteis para identificação.
50
5 ANÁLISE DOS MODELOS
Os modelos, clássico e modificado, descritos nas Seções 3.1 e 3.2, respectivamente,
foram implementados no computador a fim de permitir a realização de uma análise dos
mesmos.
5.1 MODELO CLÁSSICO
A FIG. 5.1 ilustra um sinal no domínio do tempo simulado através do modelo clássico,
onde se observam picos periódicos provenientes dos instantes em que alguma das pás
encontra-se perpendicular à direção de propagação do sinal do radar.
FIG. 5.1 - Sinal no domínio do tempo gerado através do modelo clássico
O sinal modelado representado na FIG. 5.1 foi construído a partir dos dados contidos na
TAB. 5.1:
51
TAB. 5.1 - Valores utilizados para a simulação
Radar
Freqüência da portadora 1,32 GHz
Freqüência de amostragem (FRP) 5 kHz
Velocidade de rotação da antena 7,5 rpm
Relação sinal-ruído 45 dB
Helicóptero
Freqüência do rotor principal 349 rpm
Comprimento das pás 5,97 m
Número de pás 4
Elevação 10°
Velocidade 29,511 m/s
A FIG. 5.2 ilustra o mesmo sinal modelado, no domínio da freqüência, e pode-se
observar, conforme o descrito em (Rotander e Sydow, 1997), um grande pulso centrado em
uma freqüência proporcional à velocidade radial do helicóptero (f
dop
260 Hz neste
exemplo) e com largura proporcional ao comprimento da pá do helicóptero.
FIG. 5.2 - Resposta em freqüência do sinal simulado
52
Utilizando espectrograma STFT, podemos realizar uma breve análise conjunta tempo-
freqüência, conforme o ilustrado na FIG. 5.3, cujo sinal foi simulado através do modelo
clássico com base nos dados contidos na TAB. 5.1.
Frequencia
Espectrograma
0 0.05 0.1 0.15
-2000
-1000
0
1000
2000
0 10 20
-2000
-1000
0
1000
2000
0 0.05 0.1 0.15
0.5
1
1.5
Tempo (s)
FIG. 5.3 - STFT do sinal gerado pelo modelo clássico (número par de pás)
Frequencia (Hz)
Espectrograma
0 0.05 0.1 0.15
-2000
-1000
0
1000
2000
0 10 20
-2000
-1000
0
1000
2000
0 0.05 0.1 0.15
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Tempo (s)
FIG. 5.4 - STFT do sinal gerado pelo modelo clássico (número ímpar de pás)
53
A FIG. 5.4 ilustra o sinal de um helicóptero com número ímpar de pás, modelado a
partir dos dados contidos na TAB. 5.2:
TAB. 5.2 - Valores utilizados para a simulação
Radar
Freqüência da portadora 1,32 GHz
Freqüência de amostragem (FRP) 5 kHz
Velocidade de rotação da antena 7,5 rpm
Relação sinal-ruído 45 dB
Helicóptero
Freqüência do rotor principal 394 rpm
Comprimento das pás 5,345 m
Número de pás 3
Elevação 10°
Velocidade 29,511 m/s
Ao comparar a FIG. 5.3 com a FIG. 5.4, pode-se observar facilmente a diferença entre o
sinal oriundo de um helicóptero com número par de pás e o resultante de um helicóptero
com número ímpar de pás, quando o sinal é gerado a partir do modelo clássico com taxa de
amostragem adequada.
No sinal oriundo de helicóptero com número par de pás, as componentes de freqüência
doppler positiva, geradas por pás que se aproximam do radar, e freqüência doppler
negativa, geradas por pás que se afastam do radar, aparecem simultaneamente. Já no sinal
gerado por um helicóptero com número ímpar de pás, estas componentes aparecem
alternadamente no tempo.
Vale ainda ressaltar a diferença de nível entre os sinais no domínio do tempo.
Comparando-se a FIG. 5.3 com a FIG. 5.4, verifica-se uma diferença na amplitude dos
picos que aparecem no domínio do tempo para ambos os sinais. Essa diferença ocorre
porque os picos que aparecem para os helicópteros com número par de pás são devidos aos
ecos de duas pás simultaneamente: da que se aproxima e da que se afasta do radar
quando estas se encontram simultaneamente perpendiculares à direção de incidência do
sinal radar.
54
No caso de helicópteros com número ímpar de pás, apenas uma fica perpendicular à
direção de incidência do sinal de cada vez. Portanto, o retorno gerado será menor do que no
caso do helicóptero com número par de pás.
5.2 MODELO MODIFICADO
Utilizando o modelo modificado, obtemos para as mesmas características do exemplo
anterior (contidas na TAB. 5.1) o sinal ilustrado pelas figuras FIG. 5.5, FIG. 5.6 e FIG. 5.7.
A FIG. 5.5 ilustra este sinal no domínio do tempo, a FIG. 5.6 mostra o mesmo sinal no
domínio da freqüência e a FIG. 5.7 apresenta a STFT do sinal.
FIG. 5.5 - Sinal no domínio do tempo gerado através do modelo modificado
55
FIG. 5.6 - Resposta em freqüência do sinal (normal à esquerda e ampliado à direita)
Frequencia
Espectrograma
0 0.05 0.1 0.15
-2000
-1000
0
1000
2000
0 10 20
-2000
-1000
0
1000
2000
0 0.05 0.1 0.15
1
2
3
Tempo (s)
FIG. 5.7 - STFT do sinal gerado pelo modelo modificado (número par de pás)
Pode-se verificar na FIG. 5.6 que, no domínio da freqüência, surge um pulso grande e
estreito no centro do pulso largo e baixo que aparecia anteriormente no modelo clássico.
Esse pulso estreito é a componente devida à fuselagem do helicóptero.
No domínio do tempo verifica-se que, no centro, o sinal possui maior nível médio que
nas extremidades, o que sugere a presença de uma oscilação de baixa freqüência. Esse
resultado é devido ao efeito conjunto do eco da fuselagem e da influência do lóbulo da
antena.
56
5.3 EFEITO DA SUBAMOSTRAGEM
A maior parte dos radares de defesa antiaérea precisam trabalhar com baixa FRP, uma
vez que necessitam ter bom alcance sem ambigüidade em distância, dado pela EQ. (2.3).
Ao reduzir a freqüência de amostragem (FRP), o sinal medido pelo radar pode ser
degradado pelo fenômeno da subamostragem, o que faz com que a análise do sinal seja
prejudicada pelo surgimento de falseamento do sinal (aliasing).
Com isso, torna-se inviável a medição de
f
d
através da medição da largura de pulso no
domínio da freqüência, o que impossibilita a identificação do helicóptero através do método
do quociente L/N (Rotander e Sydow, 1997).
Frequencia
Espectrograma
0 0.05 0.1 0.15
-1000
-500
0
500
1000
0 10 20
-1000
-500
0
500
1000
0 0.05 0.1 0.15
1
2
3
Tempo (s)
FIG. 5.8 - STFT do sinal subamostrado
O efeito da subamostragem pode ser observado através da FIG. 5.8 que apresenta um
sinal modelado a partir dos dados contidos na TAB. 5.3:
57
TAB. 5.3 - Valores utilizados para a simulação
Radar
Freqüência da portadora 1,32 GHz
Freqüência de amostragem (FRP) 2,15 kHz
Velocidade de rotação da antena 7,5 rpm
Relação sinal-ruído 45 dB
Helicóptero
Freqüência do rotor principal 349 rpm
Comprimento das pás 5,97 m
Número de pás 4
Elevação 10°
Velocidade 29,511 m/s
Para garantir que o eco de nenhum helicóptero seja subamostrado, a freqüência de
amostragem deverá ser maior que o dobro da maior freqüência possível gerada por eco de
helicóptero. Vale lembrar que, em geral, a freqüência de repetição de pulsos é a freqüência
de amostragem.
Os helicópteros são projetados para que a maior velocidade linear de nenhuma de suas
partes ultrapasse a velocidade do som. Se a velocidade linear de qualquer parte do
helicóptero ultrapassasse a velocidade do som, o ruído gerado seria insuportável para a
tripulação.
Notadamente, essa máxima velocidade ocorre com a ponta da que se desloca em
direção à dianteira do helicóptero quando o helicóptero trafega para frente em sua
velocidade máxima.
De posse destas informações, decidiu-se, neste trabalho, obter uma expressão que
determine um valor de FRP que garanta a não ocorrência do falseamento. Foi assim
verificado que, para garantir que o eco de nenhum helicóptero seja subamostrado, a FRP
deverá ser maior que o dobro da velocidade do som. Desta forma, a FRP necessária para
evitar subamostragem deve ser
som 0
max
4v f
FRP 2f
c
= (5.1)
onde f
max
é a freqüência Doppler máxima e v
som
é a velocidade do som.
58
Esse resultado deve ser analisado em conjunto com o valor mínimo de FRP para que
seja possível medir os picos no domínio do tempo (Ziyue et al., 2001), dado pela EQ. (5.2).
rot
2 L
FRP
0,443
ω
λ
(5.2)
Assim, torna-se extremamente desejável, para um sistema de radar que tenha como um
de seus objetivos realizar a identificação de helicópteros, trabalhar com uma FRP que
obedeça à EQ. (5.1) e à EQ. (5.2). Assim é possível evitar a ocorrência de falseamento, que
é extremamente prejudicial à realização da identificação.
5.4 EFEITO DO BAIXO TEMPO DE ILUMINAÇÃO DO ALVO
Outro efeito que pode dificultar a tarefa da identificação de helicópteros é o baixo
tempo de iluminação do alvo, o que faz com que poucos picos gerados pelas pás do
helicóptero apareçam em cada histórico de refletividade do alvo.
Frequencia
Espectrograma
0 0.02 0.04 0.06
-1000
-500
0
500
1000
0 10 20
-1000
-500
0
500
1000
0 0.02 0.04 0.06
1.5
2
2.5
3
3.5
Tempo (s)
FIG. 5.9 - STFT de um sinal com baixo tempo de iluminação do alvo
59
O sinal modelado representado na FIG. 5.9 foi construído a partir dos dados contidos na
TAB. 5.4:
TAB. 5.4 - Valores utilizados para a simulação
Radar
Freqüência da portadora 1,32 GHz
Freqüência de amostragem (FRP) 2,15 kHz
Velocidade de rotação da antena 15 rpm
Relação sinal-ruído 45 dB
Helicóptero
Freqüência do rotor principal 349 rpm
Comprimento das pás 5,97 m
Número de pás 4
Elevação 10°
Velocidade 29,511 m/s
Pode-se observar na FIG. 5.9 que poucos picos aparecem no domínio do tempo. Além
disso, o baixo tempo de iluminação do alvo faz com que se tenham poucos pontos
disponíveis no histórico de deteção do alvo, o que dificulta a aplicação de qualquer método
de processamento de sinais.
Desta forma, é interessante para qualquer sistema de radar trabalhar com alto tempo de
iluminação do alvo. Entretanto, isto implica em uma baixa velocidade de rotação da antena,
o que faz com que a atualização da informação dos alvos presentes no espaço aéreo seja
mais demorada, o que não é interessante para radares de defesa antiaérea. Torna-se,
portanto, um desafio aos projetistas de radar encontrar o maior tempo de iluminação do
alvo com que o radar pode trabalhar sem prejudicar suas demais funções.
5.5 EFEITO DO RUÍDO
Finalmente, com o aumento do ruído podemos simular um histórico de refletividade do
alvo de forma similar o de um radar real e observar a dificuldade em aplicar os métodos
clássicos de identificação de helicópteros.
60
Frequencia
Espectrograma
0 0.02 0.04 0.06
-1000
-500
0
500
1000
0 10 20
-1000
-500
0
500
1000
0 0.02 0.04 0.06
1.5
2
2.5
3
3.5
Tempo (s)
FIG. 5.10 - STFT do sinal ruidoso gerado pelo modelo modificado
O efeito do ruído pode ser observado no sinal modelado representado pela FIG. 5.10,
que foi construído a partir dos dados contidos na TAB. 5.5:
TAB. 5.5 - Valores utilizados para a simulação
Radar
Freqüência da portadora 1,32 GHz
Freqüência de amostragem (FRP) 2,15 kHz
Velocidade de rotação da antena 15 rpm
Relação sinal-ruído 17,5 dB
Helicóptero
Freqüência do rotor principal 349 rpm
Comprimento das pás 5,97 m
Número de pás 4
Elevação 10°
Velocidade 29,511 m/s
Verifica-se, através da FIG. 5.10 que um sinal que sofre com a subamostragem, o baixo
tempo de iluminação e com ruído é bastante diferente do ideal mostrado no modelo
clássico.
61
Num sinal deste tipo, a componente da fuselagem se sobressai sobre quaisquer outras
características do sinal e é difícil identificar a localização dos pulsos gerados pelo eco das
pás do helicóptero.
Frequencia
Espectrograma
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07
-1000
-500
0
500
1000
0 1 2
x 10
6
-1000
-500
0
500
1000
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07
1
2
x 10
5
Tempo (s)
FIG. 5.11 - STFT do sinal medido de helicóptero real
A FIG. 5.11 ilustra o sinal medido a partir de um helicóptero real. Comparando a FIG.
5.10 com a FIG. 5.11 pode-se observar as semelhanças e diferenças entre o sinal simulado
com o modelo modificado e o sinal real, ambos com base nas mesmas características de
radar e helicóptero (dadas pela TAB. 5.5).
62
6 EXTRAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS
Uma fase essencial para a resolução de um problema de reconhecimento de padrões é a
extração de características ou atributos. Para este problema, alguns métodos de extração de
características foram testados.
6.1 TRANSFORMADA DE FOURIER A TEMPO CURTO (STFT)
A Transformada de Fourier a Tempo Curto ou STFT (Short-Time Fourier Transform) é
um método de análise tempo-freqüência em que, a cada intervalo de tempo, é realizada a
transformada discreta de Fourier (DFT), gerando uma matriz de coeficientes que permitem
uma análise das características do sinal em tempo e freqüência simultaneamente.
A STFT é dada pela expressão (Oppenheim et al., 1999)
j m
m
X(n, ) x(n m)w(m)e
+∞
ω
=−∞
ω = +
(6.1)
onde w é uma função janela, n representa o tempo discreto e
ω
a freqüência angular digital.
Este método é largamente utilizado por ser o mais conhecido dentre os meios de análise
conjunta tempo-freqüência. Sua utilidade para a identificação de helicópteros é apresentada
em (Yoon et al., 2000).
A principal desvantagem da STFT é sua baixa resolução, de forma que, para melhorar a
resolução no tempo, é necessário degradar bastante a resolução em freqüência, e vice-versa.
6.2 TRANSFORMADA S
É um método mais atual de análise tempo-freqüência, onde a resolução no tempo é
melhor para freqüências mais altas. Foi publicada na cada de 90 por Stockwell e é dada
pela EQ. (7.2) (Stockwell et al., 1996).
63
( )
( )
2
2
t' t f
j2 ft
2
t
f
S t ',f h(t) e e dt
2
+∞
π
=−∞
=
π
(6.2)
onde t’ é o tempo contínuo, f a freência e h(t) é o sinal a ser analisado.
A Transformada S compara o sinal com gaussianas cujos desvios padrões são
proporcionais ao inverso do valor absoluto da freqüência. Isso faz com que seja produzida
uma análise com alta resolução em freqüência e baixa resolução no tempo para baixas
freqüências e com baixa resolução em freqüência e alta resolução no tempo para altas
freqüências.
Frequencia (Hz)
Transformada S
0 0.02 0.04 0.06 0.08
-2000
-1000
0
1000
2000
0 10 20
-2000
-1000
0
1000
2000
0 0.02 0.04 0.06 0.08
1
2
3
Tempo (s)
FIG. 6.1 – Transformada S do eco de helicóptero
Para o eco de helicóptero, a transformada S o apresentou bom resultado. A boa
resolução em freqüência e baixa resolução no tempo para baixas freqüências fez com que a
Transformada S ressaltasse a componente devida ao corpo do helicóptero, o que ocultou as
demais características do sinal, conforme o ilustrado na FIG. 6.1.
64
6.3 TRANSFORMADA WAVELET CONTÍNUA (CWT)
A Transformada Wavelet Contínua ou CWT (Continuous Wavelet Transform) é uma
análise realizada em relação a uma função base chamada wavelet mãe, que é comparada
com o sinal em diversas escalas. Ela é calculada pela correlação entre o sinal a ser
analisado e uma família de formas de onda (wavelets) geradas a partir da wavelet mãe.
A CWT é definida através da expressão
( )
a,b a,b
t
W(b,a) s,g s(t)g t dt
+∞
=−∞
= =
(6.3)
onde b é o tempo contínuo, a é a escala, s é o sinal a ser analisado, g é a wavelet mãe e
onde
a,b
1 t b
g (t) g
a
a
=
(6.4)
é a família de formas de onda geradas a partir da wavelet mãe.
Portanto, a CWT pode ser escrita como (Schneider, 1988)
t
1 t b
W(b,a) s(t) g dt
a
a
+∞
=−∞
=
(6.5)
Desta forma, se a wavelet mãe é limitada em banda, com freqüência central f
c
e banda
f
c
, a freqüência central de cada uma das wavelets filha
t b
g
a
será
c
f
a
, e a banda
relativa será igual para todas as formas de onda da família.
c
c
c
c
f
f
f
a
= = constante
f
f f
a
=
(6.6)
65
Diferentemente da STFT e da transformada S, a CWT não produz uma representação
tempo-freqüência do sinal, mas uma representação tempo-escala. Essa escala determina a
dilatação aplicada à wavelet mãe antes de ser comparada ao sinal em análise.
A qualidade da análise realizada com a utilização da CWT depende bastante da wavelet
mãe escolhida. Para o caso do eco de helicóptero, diversas wavelets mãe foram testadas. As
características do sinal foram melhor observadas quando utilizada a CWT com a wavelet de
Shannon, dada por
c
j2 f x
b b
g(x) f sinc(f x)e
π
= (6.7)
onde f
c
é a freqüência central da wavelet e f
b
é um parâmetro de banda (f
c
~ f
b
).
A FIG. 6.2 ilustra o comportamento da wavelet de Shannon no domínio do tempo.
50 100 150 200 250
0
0.5
1
Parte Real
50 100 150 200 250
-0.5
0
0.5
Parte Imaginaria
50 100 150 200 250
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Magnitude
50 100 150 200 250
0
20
40
60
Fase
FIG. 6.2 - Wavelet de Shannon com f
b
= 1 e f
c
= 1,5
66
No domínio da freqüência, a wavelet de Shannon, G(
ω
) na EQ. (6.8), é representada por
um pulso retangular centrado em f
c
e de largura proporcional a f
b
, o que pode ser observado
na FIG. 6.3.
c c
b b
b
a aπ aπ
, se - f
ω f
f f
f
G(ω)=
0, em caso contrário
+ +
(6.8)
-1 -0.5 0 0.5
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
Fase da Wavelet de Shannon no dominio da frequencia
Frequencia (
ω
/
π
)
Valor Absoluto
-1 -0.5 0 0.5
-180
-160
-140
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
Frequencia (
ω
/
π
)
Fase
Valor Absoluto da Wavelet de Shannon no dominio da frequencia
FIG. 6.3 - Wavelet de Shannon no domínio da freqüência
A formulação para a CWT no domínio do tempo também, pode ser analisada como a
correlação entre a família de formas de onda e o sinal a ser analisado. Isto é normalmente
implementado como a convolução entre o sinal e o complexo conjugado de uma cópia da
forma de onda (wavelet) invertida no tempo, conforme a equação.
a,b
t
1 b t
W(b,a) s(t) g dt s g
a
a
+∞
=−∞
= =
(6.9)
onde
a,b a,b
g (t) g ( t)
=
(6.10)
67
Este tipo de formulação facilita a previsão e o entendimento do resultado da CWT de
um sinal real com uma wavelet real. Entretanto, é difícil analisar o resultado da convolução
quando um dos sinais é complexo, como ocorre com sinais de radar. Portanto, torna-se
bastante interessante desenvolver uma formulação para a CWT no domínio da freqüência.
6.3.1 CWT NO DOMÍNIO DA FREQÜÊNCIA
Partindo da equação (6.4), pode-se aplicar a Tansformada de Fourier, obtendo-se
(
)
j b
a,b
G ( ) aG a e
ω
ω = ω (6.11)
Utilizando-se o Teorema de Parseval, pode-se obter uma formulação no domínio da
freqüência para a CWT (Sadowsky, 1996):
( )
j b
W(b,a) a S( )G a e d
+∞
ω
ω=−∞
= ω ω ω
(6.12)
0.2
0.4
0.6
0.8
Tempo (s)
Escala
CWT do eco de helicoptero
0 0.02 0.04 0.06 0.08
5
10
15
0.05
0.1
0.15
0.2
Tempo (s)
Escala
CWT do valor absoluto do eco de helicoptero
0 0.02 0.04 0.06 0.08
5
10
15
FIG. 6.4 - CWT do eco de helicóptero utilizando-se a wavelet de Shannon. (a) CWT do eco do
helicóptero. (b) CWT do valor absoluto do eco do helicóptero.
68
A FIG. 6.4 a) ilustra a CWT do eco de um helicóptero, a partir da wavelet de Shannon,
onde verifica-se que a CWT produz uma visível demarcação dos instantes em que ocorrem
picos de reflexão devido à posição das pás do helicóptero. Essa demarcação corresponde às
manchas verticais estreitas que aparecem sobre a grande mancha horizontal, que
corresponde ao eco da fuselagem.
Pode-se verificar na FIG. 6.4 b) que o eco da fuselagem é bastante atenuado e a
demarcação dos instantes de pico é reforçada quando a CWT é tomada sobre o valor
absoluto do sinal.
Esta é uma boa saída para melhorar a qualidade da medição do intervalo entre picos.
Entretanto, este artifício pode mascarar características espectrais do sinal.
Este bom resultado conseguido especificamente com a wavelet de Shannon era
esperado, uma vez que, assim como o eco do helicóptero, a wavelet de Shannon é complexa
e baseada em uma função sinc.
6.3.2 LIMITAÇÃO QUANTO A SINAIS COMPLEXOS
Existe uma limitação para a análise de sinais complexos utilizando a CWT. Esta
limitação consiste no fato de que as wavelets reais são redundantes em freqüência, ou seja,
possuem o mesmo espectro tanto para freqüências positivas quanto negativas. Desta forma,
ao serem correlacionadas com um sinal complexo, não permitem analisar o comportamento
do sinal para freqüências positivas e negativas.
Este comportamento pode ser observado na FIG. 6.5, que ilustra uma wavelet real.
-2 0 2
5
10
15
Wavelet de Morlet no dominio da frequencia
Frequencia
Magnitude
10 20 30 40
-0.5
0
0.5
Tempo
Magnitude
Wavelet de Morlet no domínio do tempo
FIG. 6.5 - Wavelet Real de Morlet nos domínios do tempo e da freqüência
69
As wavelets complexas, por sua vez, possuem apenas componentes espectrais de
freqüência positiva, conforme o apresentado na FIG. 6.6. Desta forma, ao serem
correlacionadas com o sinal, permitem analisar apenas as componentes de freqüência
positiva do sinal.
-1 -0.5 0 0.5
2
4
6
8
10
12
14
Wavelet Complexa de Morlet no dominio da frequencia
Frequencia (
ω
/
π
)
Valor Absoluto
20 40 60 80 100 120
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
Tempo (s)
Amplitude
Parte Real da Wavelet Complexa de Morlet no dominio do tempo
FIG. 6.6 - Wavelet de Complexa de Morlet nos domínios do tempo e da freqüência
Propõe-se neste trabalho, como uma boa solução para contornar este problema, uma
adaptação da CWT com wavelets complexas para analisar tanto as freqüências positivas
quanto negativas. Esta adaptação consiste em calcular CWT do sinal com a wavelet
complexa normalmente e, então, recalcular CWT, desta vez com a wavelet complexa
invertida em freqüência, e concatenar os resultados.
70
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
Tempo (s)
Escala
CWT do sinal complexo
0 0.02 0.04 0.06 0.08
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
FIG. 6.7 - CWT adaptada do sinal complexo
Esta adaptação da CWT é representada pela FIG. 6.7, onde a metade superior da figura,
com escala positiva, é a CWT do sinal com uma wavelet complexa, que analisa as
componentes de freqüência positiva do sinal. A metade inferior, aqui representada com
escala negativa, é a CWT do mesmo sinal, desta vez com a mesma wavelet invertida em
freqüência.
Atualmente, a CWT é muito utilizada para análise de sinais reais mas pouco utilizada
para a análise de sinais complexos. Essa pouca utilização tem como um de seus principais
motivos a dificuldade em interpretar seu resultado e a relação entre as escalas utilizadas e
as freqüências positivas e negativas.
Com a utilização desta adaptação, fica mas clara a análise do sinal através da
observação da relação entre a wavelet mãe e as componentes de freqüências positivas e
negativas do sinal.
71
6.4 USO DA DIFERENCIAÇÃO FINITA PARA FILTRAR O ECO DA FUSELAGEM
Uma solução para eliminar a forte componente devida ao eco do corpo do helicóptero,
que mascara as demais características do sinal, é a tomada da derivada, ou diferenciação
finita, na direção do tempo, de forma a eliminar da análise componentes constantes no
tempo e ressaltar transições nesta direção, conforme o ilustrado na FIG. 6.8. A
diferenciação finita é tomada de acordo com a EQ. (6.13)
dif
W (b,a) W(b,a) W(b 1,a)
= (6.13)
FIG. 6.8 - Processo de aplicação da derivada à CWT
Este método foi utilizado em conjunto com a STFT, a Transformada S e a CWT,
conforme o ilustrado na FIG. 6.9. Pode-se observar que, em todos os casos, a derivada
conseguiu eliminar a componente do corpo do helicóptero, ressaltando a componente
relativa às pás.
72
Tempo (s)
Frequencia (Hz)
(a) Espectrograma STFT
0 0.02 0.04 0.06 0.08
-2000
0
2000
Tempo (s)
Frequencia (Hz)
(b) Derivada da STFT
0 0.02 0.04 0.06 0.08
-2000
0
2000
Tempo (s)
Frequencia (Hz)
(c) Transformada S
0 0.02 0.04 0.06 0.08
-2000
0
2000
Tempo (s)
Frequencia (Hz)
(d) Derivada da transformada S
0 0.02 0.04 0.06 0.08
-2000
0
2000
Tempo (s)
Escala
(e) CWT
0 0.02 0.04 0.06 0.08
5
10
15
Tempo (s)
Escala
(f) Derivada da CWT
0 0.02 0.04 0.06 0.08
5
10
15
FIG. 6.9 - Derivada das Transformadas
A diferenciação finita ao longo do tempo, ou seja, na direção horizontal, destaca
transições nessa direção e atenua patamares constantes nessa direção. Essa característica
provoca a atenuação do eco da fuselagem do helicóptero, que se espalha como uma mancha
horizontal.
Essa propriedade torna esse método bastante útil, uma vez que esse eco da fuselagem
dificulta a observação dos picos gerados pelas pás, picos esses que aparecem como
manchas verticais.
Comparando o resultado da diferenciação finita quando utilizada em conjunto com a
STFT, a transformada S e a CWT, verifica-se que, apesar de a diferenciação ter melhorado
todas as análises, sua utilização com a CWT gera um resultado que permite uma melhor
determinação da localização dos picos verticais no tempo.
73
6.5 ENERGIA DE TEAGER-KAISER
Normalmente, a energia de um sinal é calculada através do quadrado das amplitudes
instantâneas. Esse método, entretanto, não leva em conta a variação do sinal com o tempo.
Uma forma alternativa de cálculo da energia instantânea de um sinal discreto no tempo
pode ser estimada utilizando-se as mostras instantâneas de amplitude e seus vizinhos no
tempo, conforme a EQ. (6.14)(Kaiser, 1990).
E x[n]x *[n] x[n 1]x *[n 1]
+
(6.14)
A energia de Teager-Kaiser quando expressa pela EQ. (6.14) não representa uma boa
estimativa quando aplicada a sinais com múltiplos componentes de freqüência. Desta
forma, a energia de Teager-Kaiser pode ser aplicada ao longo de cada escala após o cálculo
da CWT (Matos e Johann, 2007).
Quando a energia de Teager-Kaiser foi aplicada à diferenciação finita da CWT,
verificou-se uma boa eficácia na redução do ruído, uma vez que esta energia realçou
características do sinal sobre o fundo ruidoso, conforme pode ser observado na FIG. 6.10.
0.5
1
1.5
escalas
(a)
1
4
8
12
16
0.05
0.1
0.15
0.2
escalas
(b)
1
4
8
12
16
0
0.02
0.04
escalas
(c)
tempo (s)
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
1
4
8
12
16
FIG. 6.10 – Efeito da energia de Teager-Kaiser. (a) CWT do sinal; (b) CWT do sinal após
diferenciação finita; (c) energia de Teager-Kaiser da CWT após diferenciação finita
74
A FIG. 6.10 mostra a aplicação dos métodos estudados até o momento para a melhorar
a observação do sinal. A FIG. 6.10(a) apresenta a CWT do sinal, que é o primeiro passo em
sua análise. Pode-se observar a forte componente da fuselagem do helicóptero, que dificulta
a observação dos picos gerados pelas pás.
A seguir, o resultado da CWT é submetido à diferenciação finita no tempo, o que
atenua o eco da fuselagem, permitindo uma melhor observação dos picos gerados pelas pás,
conforme a FIG. 6.10(b). Essa observação é apenas um pouco dificultada por estar sobre
um fundo bastante ruidoso.
Esse ruído de fundo é então atenuado através da utilização da energia de Teager-Kaiser,
que valoriza os picos verticais em detrimento do ruído de fundo, conforme a FIG. 6.10(c).
A partir desta última visualização, já é possível determinar a localização dos picos verticais
no tempo e, assim, calcular o tempo entre picos.
6.6 MÓDULOS MÁXIMOS DA TRANSFORMADA WAVELET (WTMM)
Pode ser visto na FIG. 6.10 que os picos devidos às pás do helicóptero são realçados
após a CWT, diferenciação finita e a energia de Teager-Kaiser. O próximo passo é,
portanto, encontrar uma forma de determinar a posição no tempo desses picos, de forma a
tornar possível o cálculo do tempo entre picos consecutivos.
Um método eficiente para medir a posição dos picos na CWT é chamado de Módulos
Máximos da Transformada Wavelet (WTMM) e tem como princípio básico que transições e
singularidades podem ser encontradas através da primeira derivada da CWT (Matos et al.,
2007).
Este método consiste em encontrar os máximos locais da CWT e ligá-los a fim de
produzir linhas chamadas Linhas dos Módulos Máximos da Transformada Wavelet
(WTMML). Estas linhas estão ilustradas na FIG. 6.11. De posse da localização dessas
linhas no tempo, é possível calcular o tempo entre picos consecutivos.
75
0.4
0.6
0.8
1
1.2
amplitude
(a)
0
0.05
0.1
escalas
(b)
1
4
8
12
16
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
1
4
8
12
16
tempo (s)
escalas
(c)
FIG. 6.11 - Módulos Máximos da Transformada Wavelet. (a) Sinal no domínio do tempo; (b) Energia de
Teager-Kaiser da diferenciação finita da CWT; (c) WTMML.
Assim, podemos agora completar o esquemático da FIG. 6.8, de forma que o processo
sugerido é o descrito na FIG. 6.12.
FIG. 6.12 - Processo de medição do tempo entre picos consecutivos
Distância
entre picos
76
Finalmente é, assim, obtido um bom método para a medição do tempo entre as pás do
helicóptero. Esse método traz duas boas possibilidades: permite obter o tempo entre picos
com uma única passagem da antena pelo alvo; e possibilita a medição do tempo entre picos
mesmo em sinais bastante degradados pelo falseamento.
O método proposto foi também descrito em Costa e Matos, 2008, artigo que foi aceito
para publicação pela 2008 IEEE Radar Conference. Este texto encontra-se no Anexo 1
desta dissertação.
6.7 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA
Nesta seção, serão aplicados os métodos apresentados neste capítulo em alguns sinais
simulados e em um sinal medido em radar real. A todos os sinais é aplicada a CWT, que
passa pela diferenciação finita.
A energia de Teager-Kaiser é aplicada ao resultado da diferenciação e, finalmente, o
intervalo entre picos é medido através da determinação dos módulos máximos da
Transformada Wavelet.
A FIG. 6.13 ilustra o sinal simulado de um helicóptero Esquilo, cujos dados estão
contidos na TAB. 6.1.
O Esquilo é um helicóptero com número ímpar de pás, o que faz com que os picos
gerados por suas pás tenham menor intensidade do que os gerados por helicópteros com
número par de pás. Ainda assim, o método obteve uma boa localização dos picos no tempo
para o eco do Esquilo.
77
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
amplitude
(a)
0
0.01
0.02
escalas
(b)
1
4
8
12
16
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
1
4
8
12
16
tempo (s)
escalas
(c)
FIG. 6.13 - Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Esquilo. (a) Sinal simulado no domínio do
tempo; (b) Energia de Teager-Kaiser da diferenciação finita da CWT; (c) WTMML.
TAB. 6.1 - Dados utilizados para a simulação
Radar
Freqüência de amostragem (FRP) 5 kHz
Velocidade de rotação da antena 10 rpm
Relação sinal-ruído 17,5 dB
Helicóptero
Freqüência do rotor principal 394 rpm
Comprimento das pás 5,345 m
Número de pás 3
Elevação 10°
Velocidade 29,511 m/s
78
A FIG. 6.14 apresenta o eco de um helicóptero Apache, que foi simulado com os dados
contidos na TAB. 6.2.
0.2
0.3
0.4
0.5
amplitude
(a)
0.01
0.02
0.03
escalas
(b)
1
4
8
12
16
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
1
4
8
12
16
tempo (s)
escalas
(c)
FIG. 6.14 - Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Apache. (a) Sinal simulado no domínio do
tempo; (b) Energia de Teager-Kaiser da diferenciação finita da CWT; (c) WTMML.
TAB. 6.2- Dados utilizados para a simulação
Radar
Freqüência de amostragem (FRP) 5 kHz
Velocidade de rotação da antena 10 rpm
Relação sinal-ruído 17,5 dB
Helicóptero
Freqüência do rotor principal 289 rpm
Comprimento das pás 7,315 m
Número de pás 4
Elevação 10°
Velocidade 29,511 m/s
79
Os dados contidos na TAB. 6.3 foram utilizados para simular o sinal proveniente de
um helicóptero Cougar. Este sinal está apresentado na FIG. 6.15.
0.4
0.6
0.8
1
amplitude
(a)
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
escalas
(b)
1
4
8
12
16
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
1
4
8
12
16
tempo (s)
escalas
(c)
FIG. 6.15 - Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Cougar. (a) Sinal simulado no domínio do
tempo; (b) Energia de Teager-Kaiser da diferenciação finita da CWT; (c) WTMML.
TAB. 6.3 - Dados utilizados para a simulação
Radar
Freqüência de amostragem (FRP) 5 kHz
Velocidade de rotação da antena 10 rpm
Relação sinal-ruído 17,5 dB
Helicóptero
Freqüência do rotor principal 265 rpm
Comprimento das pás 7,8 m
Número de pás 4
Elevação 10°
Velocidade 29,511 m/s
Os helicópteros Apache e Cougar, possuem uma freqüência menor de rotação das pás, o
que gera menos pulsos para serem analisados. O método proposto obteve uma boa
localização dos pulsos no tempo para esse tipo de helicóptero.
80
A FIG. 6.16 mostra o eco simulado de um helicóptero Pantera. A TAB. 6.4 apresenta os
valores utilizados nesta simulação.
0.2
0.4
0.6
0.8
1
amplitude
(a)
0
0.02
0.04
0.06
escalas
(b)
1
4
8
12
16
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
1
4
8
12
16
tempo (s)
escalas
(c)
FIG. 6.16 - Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Pantera. (a) Sinal simulado no domínio do
tempo; (b) Energia de Teager-Kaiser da diferenciação finita da CWT; (c) WTMML.
TAB. 6.4 - Dados utilizados para a simulação
Radar
Freqüência de amostragem (FRP) 5 kHz
Velocidade de rotação da antena 10 rpm
Relação sinal-ruído 17,5 dB
Helicóptero
Freqüência do rotor principal 349 rpm
Comprimento das pás 5,97 m
Número de pás 4
Elevação 10°
Velocidade 29,511 m/s
81
Pode-se, então, comparar este resultado com o obtido de um helicóptero Pantera em
situação real e similar à que foi simulada. Este sinal, medido em situação real, está ilustrado
na FIG. 6.17.
0.2
0.4
0.6
0.8
amplitude
(a)
0.02
0.04
0.06
escalas
(b)
1
4
8
12
16
0 0.02 0.04 0.06 0.08
1
4
8
12
16
tempo (s)
escalas
(c)
FIG. 6.17 - Módulos Máximos da CWT de um helicóptero Pantera. (a) Sinal medido no domínio do
tempo; (b) Energia de Teager-Kaiser da diferenciação finita da CWT; (c) WTMML.
O sinal medido de helicóptero real apresentado na FIG. 6.17 está subamostrado e com
baixo tempo de iluminação do alvo, o que representa, portanto, as piores condições para a
análise do sinal. Mesmo assim, o método consegue uma boa determinação da posição dos
picos no tempo. Entretanto, é clara a diferença entre a qualidade dessa determinação em
relação ao caso em que esses efeitos negativos não ocorrem, como o caso do sinal mostrado
na FIG. 6.16, que contém uma simulação do mesmo helicóptero (Pantera) sem os efeitos da
subamostragem ou do baixo tempo de iluminação do alvo.
O método proposto foi testado em diversos sinais medidos de helicóptero real,
apresentando satisfatória localização dos picos verticais mesmo para sinais subamostrados.
Entretanto, sinais amostrados corretamente ainda apresentaram um ganho de qualidade em
suas respostas, não apenas para este método, mas em qualquer tipo de análise do sinal.
82
7 CONCLUSÕES
7.1 CONCLUSÕES ACERCA DESTE TRABALHO
A extração de características para identificação de helicópteros é uma tarefa
extremamente difícil para qualquer sistema de radar. Para vencer esta dificuldade, foram
realizados diversos passos, onde foram fundamentais a pesquisa bibliográfica e algumas
contribuições deste trabalho.
Primeiramente foi implementado o modelo clássico de representação do eco de
helicóptero, apresentado em (Misiurewicz et al., 1997), onde apenas o eco das pás do
helicóptero é modelado. Em seguida é apresentado um modelo modificado, que consiste em
uma contribuição deste trabalho que tem por base a estrutura de modelo apresentada em
(Ding et al., 2005).
Nesse modelo modificado, são levados em conta também o eco da fuselagem do
helicóptero e o efeito da passagem do lóbulo da antena do radar. Essa contribuição é
importante, pois não é uma tarefa fácil filtrar o eco de um helicóptero real para obter um
sinal similar ao obtido através do modelo clássico de helicóptero, ao contrário do que possa
parecer em uma primeira análise.
Foi apresentado o método clássico de identificação de helicópteros, que consiste na
determinação do quociente entre comprimento das pás e o número de pás do helicóptero,
quociente este que pode ser obtido através da medição do intervalo entre picos consecutivos
no domínio do tempo e da largura do pulso obtido no domínio da freqüência (Rotander e
von Sydow, 1997).
Em seguida, foram analisadas as influências da Freqüência de Repetição de Pulsos no
sinal obtido, o que resultou na determinação de um valor mínimo para a FRP para que seja
possível identificar o eco sem falseamento (aliasing). Vale ressaltar que, quando a FRP está
abaixo desse valor, o sinal fica fortemente degradado, o que torna inviável a medição da
largura de pulso no domínio da freqüência, restando apenas a medição do intervalo entre
picos no domínio do tempo, tarefa esta também bastante dificultada pelo falseamento. Tudo
isso torna bastante difícil a tarefa de classificar helicópteros nessa situação.
83
Finalmente, o trabalho foi desenvolvido como a utilização de diversos métodos de
análise tempo-freqüência na tentativa de obter uma melhora na medição e obtenção de
características para a identificação de helicópteros.
Como resultado final, obteve-se um método para obtenção do tempo entre picos
consecutivos, utilizando-se a Transformada Wavelet Contínua (CWT). Esse método
consiste basicamente em passar o histórico de deteção do alvo pela CWT com a wavelet de
Shannon e, em seguida, aplicar a diferenciação finita a cada linha do resultado da CWT. A
energia de Teager-Kaiser do resultado permite visualizar mais claramente os picos.
Finalmente, com a utilização dos Módulos Máximos desta energia, obtém-se a posição dos
picos e, conseqüentemente, o tempo entre eles.
7.2 PROPOSTA PARA PESQUISAS FUTURAS
Apesar de, teoricamente, o eco de um helicóptero estar inteiramente contido em apenas
uma célula de resolução em distância, dados de radares reais mostram que o eco de um alvo
em uma célula de distância pode gerar reflexos em outras células, o que faz com que
informações de um alvo apareçam não apenas em uma célula de resolução em distância,
mas também em sua vizinhança.
Tempo (s)
Celula de Distancia
Varias Celulas de Resolucao em Distancia (dominio do tempo)
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14
-3
-2
-1
0
1
2
3
FIG. 7.1 - Eco de helicóptero com sete células de distância (domínio do tempo)
84
Frequencia (Hz)
Celula de Distancia
Varias Celulas de Resolucao em Distancia (dominio da frequencia)
-1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400 600 800 1000
-3
-2
-1
0
1
2
3
FIG. 7.2 - Eco de helicóptero com sete células de distância (domínio da freqüência)
A FIG. 7.1 e a FIG. 7.2 ilustram o eco de um helicóptero recebido por um radar real no
domínio do tempo e no domínio da freqüência, respectivamente. Em ambas os dados são
exibidos em sete células de resolução em distância, onde a distância indicada por zero teria
sido detetada e as demais correspondem às três células anteriores (indicadas com a
numeração negativa) e as três posteriores (indicadas com a numeração positiva).
A análise utilizando várias células de distância é uma possibilidade ainda não
explorada, principalmente devido à dificuldade de modelar esse efeito apropriadamente,
mas pode vir a ser de grande auxílio na tarefa de identificação de helicópteros.
85
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Proceedings of the Tenth IEEE Workshop on Statistical Signal and Array Processing,
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87
9 APÊNDICE
88
9.1 APÊNDICE 1: DADOS DE HELICÓPTEROS
Durante a realização do trabalho, foram coletados dados sobre os principais modelos de
helicópteros utilizados atualmente. Esses dados foram coletados com o objetivo de fornecer
dados para uma futura implementação de algoritmo de reconhecimento de padrões para
realizar a classificação de helicópteros, e foram também utilizados para a geração de sinais
simulados que foram empregados em testes com os métodos apresentados neste trabalho. A
TAB. 9.1 apresenta os dados de helicópteros que foram coletados (Wurts, 2007).
TAB. 9.1 - Banco de dados de helicópteros
MODELO HELICÓPTERO
Velocidade da
ponta da pá
(m/s)
Raio
(m)
Nr de
pás
Intervalo
entre picos
(ms)
Freqüência
do rotor
(rpm)
Hughes 269A / A-1/B / C / D 201,731 4,090 3 21,2 471,000
Colibri EC 120 B 212,581 5,000 3 24,6 406,000
Esquilo HB-355 (H-55) 220,530 5,345 3 25,4 394,000
Esquilo AS 350L-1 (EB) 220,530 5,345 3 25,4 394,000
Esquilo AS-350B2 (MB) 220,532 5,345 3 25,4 394,000
Esquilo AS 550 A2 (EB) 218,294 5,345 3 25,6 390,000
Esquilo AS 355 (FAB) 216,055 5,345 3 25,9 386,000
Esquilo AS 350B 213,000 5,345 3 26,3 380,736
Sea King S-61D-3 (MB) 200,890 9,450 5 29,6 203,000
Hughes 500 MD / 530 MD 214,668 4,165 4 30,5 492,180
Bell 407 230,735 5,335 4 36,3 413,000
Agusta A109 Hirundo 221,759 5,500 4 39,0 385,025
BK 117 C1 221,000 5,500 4 39,1 383,903
Pantera AS 365K (EB) 218,812 5,970 4 42,9 350,000
Pantera AS 365N 218,000 5,965 4 43,0 349,171
Super Lynx Mk21A (MB) 218,487 6,400 4 46,0 326,000
Sikorsky S 76 - Spirit 221,878 6,705 4 47,5 316,000
Apache AH 64 221,391 7,315 4 51,9 289,013
89
MODELO HELICÓPTERO
Velocidade da
ponta da pá
(m/s)
Raio
(m)
Nr de
pás
Intervalo
entre picos
(ms)
Freqüência
do rotor
(rpm)
Puma AS 332 L1 217,000 7,790 4 56,4 266,142
Sikorsky CH 53 204,044 11,005
6 56,5 177,054
Robinson R22 Beta II 213,198 3,835 2 56,5 530,870
Cougar AS 532 Mk1 (MB) 216,456 7,800 4 56,6 265,000
Super Puma AS-332F1 (MB) 216,456 7,800 4 56,6 265,000
Cougar AS 532 UE (EB) 216,456 7,800 4 56,6 265,000
Super Puma AS-332M1 (FAB)
216,456 7,800 4 56,6 265,000
H-34 216,460 7,800 4 56,6 265,000
Black Hawk S70 A (EB) 221,005 8,180 4 58,1 258,000
Super Five BO 105/EC 109,052 4,920 4 70,9 211,660
Robinson R44 Raven 219,231 5,300 2 75,9 395,000
Bell 206L-3 232,730 5,640 2 76,1 394,044
Bell 206B-3 (MB) 239,306 5,800 2 76,1 394,000
Bell 222B 256,587 7,040 2 86,2 348,044
UH-1H (Bell 205A-1) (FAB) 248,192 7,315 2 92,6 324,000
AH-1S 227,306 6,700 2 92,6 323,972
90
10 ANEXO
91
10.1 ANEXO 1
92
MEASURING TIME BETWEEN PEAKS IN HELICOPTER CLASSIFICATION USING
CONTINUOUS WAVELET TRANSFORM
Heraldo C. A. Costa and Marcílio C. de Matos
Electronic Engineering Department, Military Institute of Engineering
Praça General Tibúrcio, 80, 22290-270, Rio de Janeiro, Brazil
fax: + (55) 21-2546-7019, email: alves@ctex.eb.br or marcilio@.matos.eng.br
web: www.ime.eb.br/~marcilio
Keywords: Signal processing, radar, helicopter classifica-
tion.
ABSTRACT
Helicopter classification capability is a desirable feature on
air defense radars, as a way of distinguishing friends of
foes. However, it is still a challenging task for any radar
system. The classical method for helicopter classification is
the L/N-quotient method, where two signal features are
measured: time between peaks and blade tip velocity. Un-
fortunately, these features are difficult to measure on actual
target echoes with high noise levels. This paper shows the
difficulties for measuring these features and presents a way
of measuring time between peaks using Continuous Wavelet
Transform (CWT).
1. INTRODUCTION
Distinguishing targets as friends or foes is a very important
capability in any radar based air defense system, in order to
avoid friendly fire. Helicopter classification is a great tool to
evaluate if a target represents any kind of danger.
Radar based helicopter classification is essentially a pattern
recognition problem and, as so, is strongly dependent on
signal features extraction. The most important features used
nowadays in order to perform helicopter classification are
presented in [1]. They are given by measuring the time be-
tween successive peaks in time domain and the blade tip
velocity in frequency domain.
A better way to measure both features is presented in [2],
where the blade tip is measured by a moving windows detec-
tion algorithm and the time between peaks is measured by a
peak detector procedure after incoherent integration of sam-
ples obtained from several successive dwells. However, these
features are still very difficult to measure in signals with low
signal-to-noise conditions.
An alternative to measure these features is the use of time-
frequency analysis techniques. This kind of analysis was first
shown in [3], where spectrogram STFT is used to aid in fea-
ture extraction. In that work, however, the helicopter fuselage
echo is ignored and, due to the STFT’s poor resolution in
time, the time between peaks is measured in time domain and
the STFT is only used to find the number of blades in the
helicopter main rotor, which limits the time-frequency analy-
sis tool.
This work presents a way of measuring the time between
successive blade flashes using CWT.
2. SIGNAL MODELING
A classical signal modeling for representing helicopter ech-
oes is presented in [4]. This model is based on the concept
that the helicopter echo is formed by the backscatter of the
followings components:
Helicopter fuselage echo: similar to a fixed-wing air-
craft echo, with high radar cross section, when com-
pared to other helicopter parts, and poor Doppler sig-
nature.
Helicopter main rotor blades echo: consists of a few
blades rotating on angular velocities dependent on
the helicopter model. Those blades have high RCS
when placed on a perpendicular position relative to
the radar line-of-sight, and low RCS in other posi-
tions. This produces peaks in time domain, due to the
passage of the blades by the position of high RCS.
Helicopter tail rotor: it has a composition similar to
that of the main rotor, but with much smaller RCS,
faster rotation rate and with a position relative to the
radar much more instable, being hidden by the fuse-
lage in several situations.
Taking those considerations into account, we notice that the
most important component to perform helicopter classifica-
tion is the main rotor blades echo. Then, only this component
is modeled.
This model is given by
( )
[ ]
N 1
j i
i 0
0
0
i
2
j t R vt
c
s (t) e sinc
=
ω
ω +Ψ
= Ψ
(2)
with
0
rot
0
i
L
i 1
(t) sen t 2 cos
c N
ω
Ψ = ω + θ + π β
(3)
93
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
Frequency (Hz)
(c)
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
-2000
-1000
0
1000
2000
0 5 10
-2000
-1000
0
1000
2000
(b)
20
40
60
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
0.5
1
1.5
2
Time (s)
(a)
Figure 1 – Classic model for helicopter echo: (a) signal in time do-
main; (b) FFT spectrum of the signal; (c) STFT spectrogram
where N is the number of blades, L is the blade length, R is
the distance between helicopter and radar, v is the helicopter
radial velocity,
ω
rot
is the blade rotation angular frequency,
θ
0
is the blade initial angular position and
β
is the helicopter
elevation angle relative to radar position.
ω
0
is the radar
transmission angular frequency and c is the velocity of light.
The result is the signal presented in Figure1. However, the
echo of a real helicopter has the strong influence of the fuse-
lage echo. Besides, other influences are strongly present in a
real helicopter echo and they have to be taken into account,
such as antenna lobe influence.
A more complete model for the signal produced by radar
echo of an helicopter is presented in [5]. That model can be
described as:
(
)
s s s j j n n
s(t) a (t) c s (t) c s (t) c s (t)
= + + (1)
where:
s
s
is a model of the helicopter fuselage echo, s
n
is a
narrowband white noise, and s
j
is the model of the
main rotor presented in [4] and given by equations
(2) and (3).
c
s
, c
j
and c
n
are the normalized coefficients of the fu-
selage echo, main rotor echo and noise, respectively.
a
s
is the integrated influence of the air defense radar
system on the target echoes, and can be given by
s T A R
a (t) a (t)a (t)a (t)
=
(4)
where a
T
is a model of the transmitted radar signal, a
A
is a model of antenna scanning, and a
R
is a model of
radar linear receiver.
The result is the signal shown in Figure 2, where it can
be seen the helicopter echo and its features in time and
frequency domains, in a low noise condition.
5
10
15
20
25
30
Frequency (Hz)
(c)
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
-2000
-1000
0
1000
2000
0 5 10
-2000
-1000
0
1000
2000
(b)
20
40
60
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
1
2
3
Time (s)
(a)
Figure 2 – Helicopter echo with fuselage component: (a) signal in
time domain; (b) FFT spectrum of the signal; (c) STFT spectrogram
3. UNDERSAMPLING
To accurately accomplish measuring time between peaks
and, specially, blade tip velocity it is necessary for a radar to
perform a suitable sampling of the signal, in order to avoid
undersampling and aliasing. That is achieved when the sam-
pling rate obeys Nyquist Sampling Theorem [6]. In this
case, the sampling frequency must be greater than twice the
maximum Doppler frequency possible for an helicopter
echo.
Helicopters are designed for having no parts with linear ve-
locity greater than sound velocity, otherwise the noise would
be unsupportable for anyone inside or near the helicopter.
With this information, we can assure that a radar can avoid
undersampling of any helicopter echo if the sampling rate is
greater than twice the Doppler frequency due to sound veloc-
ity.
In ordinary air defense radars, and in any other ordinary
pulse or pulse-Doppler radar, the sampling rate is equal to the
pulse repetition frequency (PRF), since each pulse echo gen-
erates a sample.
Therefore, the necessary PRF for a radar to avoid undersam-
pling is
s 0
max
4v f
PRF 2f
c
= (5)
where f
max
is the maximum possible Doppler frequency in the
helicopter echo, v
s
is the sound velocity and f
0
is radar trans-
mission frequency.
The undesired effects of undersampling are represented in
Figure 3, where it can be seen, just comparing with Figure 2,
that the frequency spectrum is not completely represented,
clearly suffering from aliasing. It can also be noticed that, in
this case, it is not possible to perform efficient measures in
time domain.
94
5
10
15
20
25
30
Frequency (Hz)
(c)
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
-1000
-500
0
500
1000
0 5 10
-1000
-500
0
500
1000
(b)
20
40
60
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
1
2
3
Time (s)
(a)
Figure 3 – Undersampled helicopter echo: (a) signal in time domain;
(b) FFT spectrum of the signal; (c) STFT spectrogram
4. CLASSICAL TECHNIQUE
The classic and largely used technique for radar based heli-
copter classification is the L/N quotient technique, presented
in [1]. This technique consists in calculating the L/N-
quotient, where L is the helicopter blade length and N is the
number of blades in the main rotor. This quotient can be
calculated by the following relations ([2]):
tip
rot tip
f c
2 f L v
2f
π = =
(6)
and
rot
rot
1
f N , if N is even
1
2f N , if N is odd
=
τ
=
τ
(7)
where f
rot
is the blade rotation frequency, v
tip
is the blade tip
velocity, f
tip
is the Doppler frequency due to v
tip
and τ is time
between successive peaks.
Those relations can be combined to allow calculating the
L/N-quotient
tip tip
tip tip
v f
L
, if N is even
f
N 2
4
c
v f
L
, if N is odd
f
N
2
c
τ τ
= =
π
π
τ τ
= =
π
π
(8)
Therefore, the quotient can be obtained by measuring time
between peaks and blade tip Doppler frequency, as shown in
Figure 4. Performing these measures can become a difficult
task when the signal presents high noise levels or undersam-
pling.
Figure 4 – Obtaining the L/N quotient in the classical model:
(a) time between peaks; (b) blade tip velocity
Nowadays, τ and f
tip
can be directly used as features for a
pattern recognition algorithm after a suitable preprocessing.
A more efficient method to measure those features is pre-
sented in [2], where the time between peaks is measured by
a peak detector over a incoherently integrated signal, while
the blade tip Doppler frequency is measured by a sliding
windows procedure over a coherently integrated signal.
5. THE CONTINUOUS WAVELET TRANSFORM
(CWT)
The Continuous Wavelet Transform of a signal s(t) with
respect to a wavelet g(t) is defined as a matrix of scalar
products in L
2
( ) ([7]), where which term is given by
( )
a,b a,b
t
W(b,a) s,g s(t)g t dt
+∞
=−∞
= =
(9)
where
a,b
1 t b
g (t) g
a
a
=
(10)
is a family of wavelets based on the wavelet g(t), called
mother wavelet, and generated through a dilation by a factor
a
*
+
and a translation by b . Then, the signal can be
represented and analyzed in terms of time and scale.
Therefore, the CWT can be written as
t
1 t b
W(b,a) s(t) g dt
a
a
+∞
=−∞
=
(11)
Then, if the mother wavelet is band limited, with central
frequency f
c
and bandwidth
f
c
, the central frequency of
each one of the daughter wavelets
t
g
a
τ
will be
c
f
a
,
and the relative bandwidth will be the same for every wave-
let in the family.
c
c
c
c
f
f
f
a
= = constant
f
f f
a
= (12)
95
-500 0 500
5
10
15
(b)
Frequency (Hz)
Magnitude
0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
-0.5
0
0.5
Time (s)
Amplitude
(a)
-500 0 500
2
4
6
8
10
12
14
(d)
Frequency (Hz)
Magnitude
0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
Time (s)
Amplitude
(c)
Figure 5 – Morlet Wavelet: (a) real part of the Real Morlet Wavelet
in time domain; (b) absolute value of the Real Morlet Wavelet in
frequency domain; (c) real part of the Complex Morlet Wavelet in
time domain; (d) absolute value of the Complex Morlet Wavelet in
frequency domain;
The time domain formulation for CWT can also be analyzed
as a correlation between the wavelets family and the signal
to be analyzed. This is usually implemented as a convolution
between the signal and the complex conjugate of a wavelet
copy inverted in time, such as
a,b
t
1 b t
W(b,a) s(t) g dt s g
a
a
+∞
=−∞
= =
(13)
where
a,b a ,b
g (t) g ( t)
=
(14)
This kind of formulation facilitates foreseeing the result of
the CWT of a real signal and a real wavelet. However, it is
difficult to analyze the convolution results when there is a
complex signal involved. Therefore, it is very interesting to
look for a formulation of the CWT in frequency domain.
5.1. CWT in Frequency Domain
Starting from equation (10), one can apply the Fourier trans-
form, obtaining
(
)
j b
a,b
G ( ) aG a e
ω
ω = ω (15)
Using Parseval’s Theorem, it can be derived a frequency
domain formulation for CWT ([8])
( )
j b
W(b,a) a S( )G a e d
+∞
ω
ω= −∞
= ω ω ω
(16)
5.2. Complex Signals Analysis
Using CWT to analyze complex signals, some details have to
be taken into account. When analyzing a complex signal us-
ing CWT with a real wavelet, the positive and negative parts
of the frequency spectrum are overlapped, since the real
wavelet has redundant spectrum for both positive and nega-
tive frequencies.
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
Time (s)
Scales
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
-100
-50
0
50
100
Figure 6 – Adapted Continuous Wavelet Transform
Otherwise, when using a complex wavelet, that has only
positive frequency components, to analyze a complex signal,
only positive frequency components of the signal are ana-
lyzed, while negative frequency components are ignored.
Figure 5 illustrates the behaviour of real and complex wave-
lets, where it can be noticed the spectral redundancy of the
real wavelet and the positive only spectrum of the complex
wavelet.
A solution to completely analyze complex signals is to per-
form an adapted wavelet transform, consisting in calculating
two CWT’s, being one with the standard wavelet and other
with a copy of the first wavelet inverted in frequency, and
concatenating the results to have the same kind of analysis
for both negative and positive frequencies.
Figure 6 shows an adapted CWT, where the upper half of the
figure, indicated by positive scales, represents the regular
CWT of the signal, which analyzes positive spectrum com-
ponents. The lower half of the figure, indicated by negative
scales, is the CWT of the signal relative to the frequency
inverted copy of the wavelet, analyzing negative components
of the signal.
The signal used in this example is an echo from a helicopter
with negative Doppler frequency; therefore, it would not be
suitably analyzed by a regular CWT with complex wavelet.
6. PROPOSED TECHNIQUE
6.1. Using CWT to Measure Time Between Peaks
A good feature of the CWT is its capability of detecting dis-
continuities. This feature is used here to find the peaks due to
the helicopter main rotor blades.
Several wavelets were tested with the helicopter echo and the
best result was achieved for the complex Shannon wavelet
c
j2 f x
b b
g(x) f sinc(f x)e
π
= (17)
96
Figure 7 – Finite differentiation of the CWT
where f
c
is the central frequency and f
b
is a bandwidth pa-
rameter (
f
c
~ f
b
).
In frequency domain, the complex Shannon wavelet is a rec-
tangular pulse centered in f
c
and with width proportional to
the parameter f
b
.
c c
b b
b
a aπ aπ
, se - f
ω f
f f
f
G(ω)=
0, otherwise
+ +
(18)
6.2. Using Finite Differences to Eliminate Fuselage
Component
When using CWT over a helicopter echo signal, it appears a
strong component due to the fuselage echo, masking the
blades echo and turning it hard to measure the time between
successive peaks. This phenomenon occurs not only for
CWT, but with any kind of joint time-frequency analysis.
The strong component can be eliminated by differentiating
the CWT of the helicopter echo in time direction. It makes
transitions in time to stand out, while transitions in scale
(frequency) are ignored.
W
diff
(b, a) = W(b, a)W( b – 1, a) (19)
Figure 7 illustrates the process workflow, from the original
helicopter echo through the final visualization after the
differentiation of the CWT. This technique of applying a
finite differentiation to eliminate fuselage echoes can also be
used with other joint time-frequency techniques.
As illustrated in Figure 8, this method was also tested with
STFT spectrogram. It can be noticed that it is possible to use
finite differentiation along with STFT spectrogram to make it
easier to measure blade tip Doppler frequency in signals with
higher noise levels.
However, the best results were achieved using CWT, and the
time between peaks have been measured with the samples of
a single dwell even when the signal is undersampled.
Figure 8 – Effect of finite differentiation in STFT and CWT:
(a) STFT spectrogram of the signal; (b) finite differentiation of the
STFT; (c) CWT of the signal; (d) finite differentiation of the CWT
6.3. Teager-Kaiser energy
Usually, the energy of a signal is calculated by taking the
square of the instantaneous amplitudes. However this method
does not take into account the signal variation in time.
It is shown in [9] that instantaneous energy of a discrete time
signal can be estimated using the amplitude samples and their
neighbors in time.
E x[n]x*[n] – x[n + 1]x*[n 1] (20)
The original Teager-Kaiser energy when it is expressed by
Equation (20) is not effective when applied to signals which
have multi frequency components. Then, as suggested by
[10], the Teager-Kaiser energy can be applied along each
scale after calculating the CWT.
When the Teager-Kaiser energy had been applied to the CWT
finite differentiation, it turned out to be very useful in noise
reduction, since this energy makes the signal features to stand
out against the noisy background, as shown by Figure 9.
6.4. Wavelet transform modulus maxima (WTMM)
In Figure 9 it can be seen that blade peaks stand out after
CWT and finite differentiation in time. The next step is,
therefore, to find a way of measuring the position in time of
these peaks, in order to make it possible to calculate time
between successive peaks.
An efficient method to measure peaks positions in CWT can
be found in [11], where it is said that signal transitions and
singularities can be found by the first derivative of the CWT.
This method is called Wavelet Transform Modulus Maxima
(WTMM). It consists in finding the local maxima of the
CWT and linking them to produce lines called Wavelet
Transform Modulus Maxima Lines (WTMML). The
WTMML are illustrated in Figure 10.
With the localization of these lines in time direction, it is
possible to calculate the time between successive helicopter
echo peaks.
97
0.2
0.4
0.6
0.8
1
scales
(a)
1
4
8
12
16
0
0.05
0.1
scales
(b)
1
4
8
12
16
0
0.005
0.01
0.015
scales
(c)
time (s)
100 200 300 400 500 600
1
4
8
12
16
Figure 9 – (a) CWT of the signal; (b) CWT of the signal after finite
differentiation; (c) Teager-Kaiser energy of the CWT after finite
differentiation
7. CONCLUSIONS
Radar based helicopter classification is not an easy task spe-
cially under noisy environment, and this paper shows that
Continuous Wavelet Transform can be a very useful tool
when trying to determine one of the most important features
for classifying helicopters, the time between successive
peaks.
In [2], a way of finding the blade tip velocity from a coher-
ently integrated radar signal is presented. This paper presents
a way of measuring time between peaks also using a coher-
ently integrated radar signal.
A conclusion achieved from this work is the expression for
the minimum radar pulse repetition frequency (PRF) neces-
sary for avoiding aliasing in the helicopter echo presented in
equation (5).
It is important to mention that in the case where the radar
PRF does not obey the equation (5) and the aliasing occurs, it
is almost impossible to measure blade tip velocity and, there-
fore, in this case the time between peaks can be the only fea-
ture available when trying to perform helicopter classifica-
tion. In these cases, the method presented in this paper for
measuring time between peaks also achieved good results.
Finally, the use of other techniques, as the Wavelet transform
modulus maxima and the Teager-Kaiser energy, shows that
many other tools already existent in signal processing can
turn out to be very useful in the determination of features for
this task.
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
scales
(b)
1
4
8
12
16
100 200 300 400 500 600
1
4
8
12
16
time (s)
scales
(c)
0.2
0.4
0.6
0.8
1
amplitude
(a)
Figure 10 – (a) Signal in time domain; (b) Teager-Kaiser energy of
the CWT after finite differentiation; (c) Wavelet transform modulus
maxima lines (WTMML).
REFERENCES
[1] C. E. Rotander and H. von Sydow, “Classification of Helicopters
by the L/N-quotient”, in Proc. IEE Radar 97 (Conf. Publ. No. 449),
Oct. 1997, pp. 629-633.
[2] J. M. Tikkinen, E. E. Helander and A. Visa (2005), “Joint Utili-
zation of Incoherently and Coherently Integrated Radar Signal in
Helicopter Categorization”, in Proc. IEEE International Radar
Conference, May 2005, pp. 540-545.
[3] S. Yoon, B. Kim and Y. Kim, “Helicopter Classification Using
Time-Frequency Analysis”, IEE Electronics Letters Online, vol. 36,
pp. 1871-1872, Oct. 2000.
[4] J. Misiurewicz, K. Kulpa and Z. Czekala, “Analysis of Recorded
Helicopter Echo”, in Proc. IEE Radar 97 (Conf. Publ. No. 449),
Oct. 1997, pp. 449-453.
[5] J. Ding, Z. Yu, D. Yan and C. Ruan, Modeling and Validation
of Modulated Characteristics for Aircraft Rotating Structure”, in
Proc. IEEE International Radar Conference, May 2005, pp. xiii-
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using continuous wavelet transforms”, Geophysics, vol. 71, pp.
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[8] J. Sadowsky, Investigation of Signal Characteristics Using the
Continuous Wavelet Transform”, Johns Hopkins APL Technical
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[10] M. C. de Matos and P. R. S. Johann, Revealing geological
features through seismic attributes extracted from the wavelet trans-
form Teager-Kaiser energy”, 77th Annual International Meeting,
SEG, Expanded Abstracts, pp. P1442-P1446.
[11] M. C. de Matos, P. L. M. Osorio and P. R. S. Johann, “Unsu-
pervised seismic facies analysis using wavelet transform and self-
organizing maps”, Geophysics, vol. 72, pp. P9-P21, Jan.-Feb. 2007.
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