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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA
ESTUDOS FLORÍSTICOS, ECOLÓGICOS E DO
DESENVOLVIMENTO EM CYATHEACEAE (PTERIDOPHYTA)
NO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
JAIRO LIZANDRO SCHMITT
Orientador: Prof. Dr. Paulo Günter Windisch
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Botânica da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como um dos
requisitos para obtenção do tulo de Doutor
em Ciências: Botânica.
Porto Alegre, novembro de 2005.
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II
Homenagem especial
À minha amada esposa Cristina pela
companhia nos trabalhos de campo,
pela sua paciência, dedicação e
incentivo.
Ao meu filho amado Matheus pelo
seu sorriso lindo e palavras
motivadoras.
Ao meu pai Arui C. Schmitt e à minha
mãe Marina H. M. Schmitt por tudo.
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III
AGRADECIMENTOS
A gratidão tem três formas: um sentimento no coração, uma expressão em
palavras e uma dádiva em retorno (George Herbert). Nesse momento especial desejo
expressá-la:
Ao Dr. Paulo Günter Windisch pela valiosa orientação durante a realização
desta pesquisa, por acreditar no meu potencial e investir na minha formação.
Ao Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – UFRGS, pela oportunidade de realização deste estudo.
Ao Centro Universitário FEEVALE, pela concessão de bolsa auxílio-
doutorado.
À secretaria municipal do meio ambiente de Novo Hamburgo, pela autorização
para a realização da pesquisa, no Parque Henrique Luiz Roessler.
À Irene Silveira de Souza por disponibilizar as dependências da sede do Parque
Henrique Luiz Roessler.
À Sra. Zalir Emília de Lima e à Sra. Janete Teresinha da Conceição por
autorizarem o trabalho de campo no Turiscampo.
Ao Dr. Jorge Luiz Waechter pelos seus ensinamentos em aula, pelo
esclarecimento de dúvidas, pelo auxílio para localizar populações de plantas e
companhia no campo.
À Dra. Lana Sylvestre pelo auxílio na identificação das espécies de Asplenium.
Ao meu amigo e aluno Ismael Franz pelo seu incansável auxílio nos trabalhos
de campo, na solução de vários problemas de informática e na formatação das figuras,
tabelas e textos aqui apresentados.
Ao Eduardo Luiz Burmeister, Paulo Henrique Schneider e Rodrigo Fleck pelo
auxílio nos trabalhos de campo.
À Maria Salete Marchioretto pela sua amizade, por abrir as portas do Herbário
Achietano (PACA) e ajudar na busca de bibliografias e localização de populações de
plantas.
IV
À Maria Angélica Kielling Rubio pelo auxílio prestado no laboratório de
taxonomia e no campo e por contribuir para localizar populações de plantas.
À Danielle Bauer pela companhia na ida à Porto Alegre, pelo coleguismo nas
disciplinas e empréstimo de bibliografias.
Ao Jean Carlos Budke pelo seu coleguismo, pelo esclarecimento de dúvidas na
utilização de programas estatísticos, e pelo auxílio prestado no campo.
Ao colega Francisco Athayde-Filho pelo auxílio na identificação das espécies
de Pecluma.
À Denise Angela Wunder pelo auxílio para localizar populações de plantas,
companhia no campo e hospedagem.
À Michele Nervo pela amizade e auxílio na elaboração dos mapas.
À Kelli Kerbem pela amizade e auxílio no laboratório de taxonomia.
À Ana Cláudia Pereira, Camila Delanhese Inácio, Claudia Giongo, Júlio
Agápio, Juscelita Noetzold, Marcos Antônio Jacobs, Reny Carlos Confortin e Tâmara
Ramos pelo auxílio prestado na localização de populações de plantas e nos trabalhos de
campo.
À Sra. Elfride Lao, Sra. Gema Rorato Costa Beber, Sr. Tarcísio Costa Beber e
Dra. Tais Canto Dorow, por autorizarem trabalhos de campo em suas propriedades.
Ao Cristiano Antunes Souza, Dr. Geraldo Ceni Coelho, Sr. Giovani
Nonnenmacher e Julian Mauhs pelo auxílio para localizar populações de plantas.
Ao Sr. Nilson Wolff pelo fornecimento dos dados climatológicos do município
de Campo Bom.
Ao meu irmão Lucas Schmitt pelo auxílio nos trabalhos de campo e resolução
dos problemas de informática.
A todos meus amigos (as) e familiares que ficaram no anonimato, mas que me
incentivaram para realizar o presente estudo e me confortaram nos momentos de
cansaço.
A Deus, pela vida, pelos dons que me deu, pela paz e proteção.
V
Pedi e será dado; buscai e achareis;
batei e será aberto. Pois todo aquele
que pede, recebe; quem procura,
acha; e a quem bate, se abre.
MATEUS 7: 7-8
VI
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS..................................................................................................III
SUMÁRIO..................................................................................................................... VI
INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................... 8
Referências bibliográficas........................................................................................... 13
Capítulo I. Composição florística e aspectos ecológicos de pteridófitas epifíticas em
Cyatheaceae no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil .............................................. 22
RESUMO .................................................................................................................... 22
ABSTRACT................................................................................................................ 23
Introdução.................................................................................................................... 24
Material e métodos...................................................................................................... 25
Resultados ................................................................................................................... 28
Discussão..................................................................................................................... 33
Agradecimentos........................................................................................................... 38
Referências bibliográficas........................................................................................... 39
Capítulo II. Aspectos fitogeográficos de Cyatheaceae e pteridófitas epifíticas
associadas ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil............................... 44
RESUMO .................................................................................................................... 44
ABSTRACT................................................................................................................ 45
Introdução.................................................................................................................... 46
Material e Métodos...................................................................................................... 47
Resultados ................................................................................................................... 48
Discussão..................................................................................................................... 58
Agradecimentos........................................................................................................... 63
Referências bibliográficas........................................................................................... 63
Capítulo III. Distribuição vertical das pteridófitas epifíticas em cáudices de
Cyatheaceae no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil .............................................. 68
RESUMO .................................................................................................................... 68
ABSTRACT................................................................................................................ 69
Introdução.................................................................................................................... 70
Material e métodos...................................................................................................... 71
Resultados ................................................................................................................... 72
Discussão..................................................................................................................... 76
Agradecimentos........................................................................................................... 78
Referências bibliográficas........................................................................................... 78
Capítulo IV. Estrutura populacional e desenvolvimento da fase esporofítica de
Cyathea delgadii Sternb. (Cyatheaceae, Pteridophyta) no sul do Brasil.................. 82
RESUMO .................................................................................................................... 82
ABSTRACT................................................................................................................ 83
Introdução.................................................................................................................... 84
Material e métodos...................................................................................................... 85
Resultados ................................................................................................................... 88
Discussão..................................................................................................................... 96
VII
Agradecimentos......................................................................................................... 103
Referências bibliográficas......................................................................................... 103
Capítulo V. Estrutura populacional e desenvolvimento da fase esporofítica de
Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin (Cyatheaceae, Pteridophyta) no sul
do Brasil....................................................................................................................... 109
RESUMO .................................................................................................................. 109
ABSTRACT.............................................................................................................. 110
Introdução.................................................................................................................. 111
Material e métodos.................................................................................................... 112
Resultados ................................................................................................................. 115
Discussão................................................................................................................... 123
Agradecimentos......................................................................................................... 130
Referências bibliográficas......................................................................................... 131
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 135
ANEXOS ..................................................................................................................... 138
NORMAS GERAIS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS.................................. 163
8
INTRODUÇÃO GERAL
As pteridófitas constituem um grupo de plantas com cerca de 9.000 a 12.000
espécies vivas distribuídas em todo o mundo. (Tryon & Tryon 1982; Windisch 1992),
sendo que estimativas que apontam para um total de 15.000 espécies. (Roos 1995).
Cerca de 3.250 das espécies registradas ocorrem nas Américas, das quais em torno de
30% podem ser encontradas no Brasil (Tryon & Tryon 1982; Windisch 1992). Sehnem
(1977) citou 493 espécies para a região sul do Brasil. Dutra (1938) listou 270 espécies
para o Estado do Rio Grande do Sul. Recentemente, Falavigna (2002) apresentou uma
lista com um total de 322 espécies ocorrentes nesse Estado.
As pteridófitas apresentam um amplo espectro de ocupação de habitats, sendo
que estão distribuídas desde o nível do mar até quase o limite da vegetação altimontana,
nas regiões tropicais (Page 1979; Windisch 1992). Para ocupar esta diversidade de
habitats, as pteridófitas apresentam adaptações morfológicas, incluindo plantas de
poucos milímetros de comprimento até espécies arborescentes, que podem atingir cerca
de 20 metros de altura.
Os primeiros registros geológicos do hábito arborescente em pteridófitas são
muito antigos e datam do período Jurássico da era Mesozóica (Holttum 1964; Sporne
1970; Tryon & Tryon 1982; Meyen 1987). A família Cyatheaceae engloba a grande
maioria das pteridófitas com porte arborescente, sendo que existem entre 600 e 650
espécies (Tryon & Tryon 1982; Kramer 1990) distribuídas nas regiões paleotropicais e
neotropicais do mundo. No Rio Grande do Sul, ocorrem cinco espécies: Alsophila
capensis (L.f.) J.Sm., A. setosa Kaulf., Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin,
C. corcovadensis (Raddi) Domin, e C. delgadii Sternb..
As pteridófitas arborescentes, geralmente conhecidas por “xaxins” ou
“samambaiaçus”, representam um alvo de exploração extrativista, em áreas de sua
maior ocorrência, especialmente no sul do Brasil. Dentre as espécies de Cyatheaceae
exploradas localmente está Cyathea atrovirens, cujos cáudices envolvidos por bainha de
raízes adventícias são utilizados para a fabricação de vasos (Fernandes 2000) ou plantas
inteiras são retiradas da vegetação e empregadas na ornamentação de jardins. Os
cáudices de C. delgadii são empregados como mourões de cerca devido ao seu fuste
reto, relativamente liso e de madeira dura (Sylvestre & Kurtz 1994) ou servem de
substrato para o comércio de orquídeas ou outras plantas ornamentais. Alsophila setosa
9
é empregada para ornamentar igrejas em dias de casamento (Windisch 2002). Além
disso, A. capensis provavelmente está em uma situação mais crítica sob o ponto de vista
de preservação da espécie, por ser rara no Estado e ocupar formações vegetais restritas
ou não valorizadas sob o ponto de vista florístico (Fernandes 1997).
A maioria dos trabalhos de Cyatheaceae é de cunho taxonômico descritivo.
Dentre os trabalhos que discutem especificamente aspectos ecológicos e/ou do
desenvolvimento da geração esporofítica, podemos destacar os realizados por
Stephenson (1907), Tryon & Tryon (1959), Riba (1963), Voeller (1966), Lee et al.
(1986), Conant (1976), Seiler (1981; 1984; 1995), Pérez-Garcia & Riba (1982), Tanner
(1983), Ortega (1984), Ash (1986; 1987), Young & León (1989), Walker & Aplet
(1994), Poulsen & Nielsen (1995), Bittner & Breckle (1995), Nicholson (1997),
Bernabe et al. (1999), Arens & Sánchez Baracaldo (1998; 2000), Arens (2001) e
Durand & Goldstein (2001).
Trabalhos florístico-taxonômicos sobre pteridófitas brasileiras, que incluem
espécies arborescentes, apresentam dados em geral sucintos sobre a ecologia e habitats
das espécies. Entre estes trabalhos estão os realizados por Rosenstock (1907),
Luederwaldt (1923), Hoehne (1930), Decker (1936), Veloso & Klein (1959), Klein
(1979), Diesel & Siqueira (1991), Sylvestre & Kurtz (1994), Sylvestre (1997),
Fernandes (1997; 2000) e Lorscheitter et al. (1999).
Até o presente momento, trabalhos que abordam especificamente o
desenvolvimento e a ecologia de esporófitos de Cyatheaceae no Rio Grande do Sul,
foram desenvolvidos por Schmitt (2001) e Schmitt & Windisch (2001; 2003; 2005).
Schmitt & Windisch (2001) discutiram a ação de geadas sobre o desenvolvimento das
frondes; Schmitt & Windisch (2003) analisaram as relações entre altura do cáudice e
comprimento do estípite e produção anual de frondes; Schmitt & Windisch (2005)
caracterizaram a estrutura populacional, a arquitetura das partes subterrâneas e
registraram a ação de herbívoros nas frondes e epífitos em Alsophila setosa.
Os cáudices dos esporófitos de Cyatheaceae oferecem um suporte para a
existência de várias plantas. Algumas espécies de musgos, pteridófitas e de orquídeas
que crescem exclusivamente ou preferencialmente sobre estes forófitos foram citados
por Brownsey & Smith-Dodsworth (1989) na Australásia, Moran & Riba (1995) e
Moran et al. (2003) na Mesoamérica, Richards & Argent (1968) e Beever (1984) na
10
África e Nova Zelândia, Sehnem (1977), Waechter (1992), Cortez (2001) e Windisch
(2002) na América do Sul.
O epifitismo vascular esbaseado nas interações entre duas espécies, onde o
epífito utiliza-se apenas do substrato fornecido pelo forófito para o seu
desenvolvimento. Os epífitos são freqüentemente confundidos com espécies parasitas,
porém são independentes do forófito na obtenção e aproveitamento de água e nutrientes
(Madison 1977; Benzing 1987; 1990).
Existem várias citações de pteridófitas epifíticas em estudos florísticos
realizados em diversas partes do mundo, inclusive no Rio Grande do Sul (Aguiar et al.
1981; Waechter 1986; 1992; 1998; Gonçalves & Waechter 2002; 2003; Rogalski &
Zanin 2003; Giongo & Waechter 2004). Porém, existem poucos estudos que tratam
especificamente de pteridófitas epifíticas (Sota 1971; 1972; Müller et al. 1981; Labiak
& Prado 1998), de epifitismo sobre samambaias arborescentes (Beever 1984; Rothwell
1991; Heatwole 1993; Medeiros et al. 1993; Cortez 2001; Ahmed & Frahm 2002;
Schmitt & Windisch 2005; Schmitt et al. 2005) ou de pteridófitas epifíticas em
samambaias arborescentes e angiospermas (Moran et al. 2003).
A diversidade e a abundância dos epífitos são influenciadas pela mudança de
condições ecológicas ao longo de diferentes regiões fisiográficas, tipos vegetacionais,
gradientes latitudinais e longitudinais. Numa grande amplitude espacial, Tryon (1972;
1986), Sota (1973) e Tryon & Gastony (1975) discutiram endemismos, especiação e
biogeografia de pteridófitas, em geral. em menor escala espacial, Sehnem (1977)
apresentou a distribuição geográfica, ecologia e rotas de migração das filicíneas do sul
do Brasil. Posteriormente, Sehnem (1979) referiu semelhanças e diferenças das
formações florestais sul-brasileiras, analisando as filicíneas dessas formações quanto a
sua composição e dispersão. Senna & Waechter (1997) realizaram um estudo sobre a
composição da pteridoflora em uma floresta com araucária, apresentando padrão de
distribuição geográfica das espécies. Fernandes (1997; 2000) estudou a taxonomia e
fitogeografia dos representantes de Cyatheaceae e Dicksoniaceae no sudeste e sul do
Brasil.
As plantas epifíticas também apresentam um padrão de distribuição vertical
específico, que provavelmente reflete tolerâncias ecológicas diferenciadas para umidade
e luminosidade (Johansson 1974). Vários pesquisadores analisaram a distribuição
vertical dos epífitos vasculares no interior das florestas, dentre os quais podemos
11
destacar os estudos de Zimmerman & Olmsted (1992) e de Hietz & Hietz-Seifert
(1995a, b), no México, Hazen (1966), Ingran & Nadkarni (1993) e Kernan & Fowler
(1995), na Costa Rica, Nieder et al. (2000), na Venezuela, Bøgh (1992), no Equador,
Brown (1990), na Argentina, Tryon & Conant (1975), Fontoura (1995; 2001), Fisher &
Araújo (1995) Kersten & Silva (2001; 2002), Waechter (1992; 1998), Rogalski & Zanin
(2003), Gonçalves & Waechter (2002) e Giongo & Waechter (2004), no Brasil. Dentre
os trabalhos sobre distribuição vertical em cáudice de pteridófitas arbóreas, destacam-se
os de Heatwole (1993) sobre distribuição de epífitos em Blechnum palmiforme
(Thouars) C.Char., na ilha Gough do Atlântico Sul, bem como o de Schmitt et al.
(2005) sobre estratificação vertical da pteridoflora epifítica, em cáudices de Dicksonia
sellowiana Hook., na floresta ombrófila mista, São Francisco de Paula, Rio Grande do
Sul, Brasil.
Embora haja um esforço de vários pesquisadores no estudo do epifitismo, não
existem trabalhos que analisam, exclusivamente, a composição da pteridoflora epifítica,
bem como seus aspectos ecológicos, fitogeográficos e sua distribuição vertical em
cáudices de Cyatheaceae, no Rio Grande do Sul e no Brasil. Além disso, com os
problemas referentes à exploração extrativista de diversas espécies de pteridófitas
arbóreas, é de especial importância à realização de estudos quanto ao desenvolvimento e
à ecologia dessas plantas, para subsidiar planos de manejo, a fim de garantir a sua
preservação. No entanto, esses estudos são escassos no mundo, inclusive no Brasil,
sendo que as informações sobre o desenvolvimento e a ecologia dos esporófitos de
Cyathea atrovirens e C. delgadii são praticamente inexistentes.
Diante desse contexto, foi proposto o presente trabalho envolvendo um estudo
de Cyatheaeceae, no Rio Grande do Sul, sob dois enfoques: um deles quanto à relação
direta entre as ciateáceas e outras pteridófitas que ocorrem sobre seus cáudices; e um
segundo enfoque relativo ao desenvolvimento dos esporófitos e sua estrutura
populacional, com especial atenção à Cyathea atrovirens e C. delgadii. Os objetivos do
estudo do epifitismo foram contribuir para o conhecimento da pteridoflora epifítica em
cáudices de Cyatheaceae; reconhecer as espécies específicas desse tipo de forófito;
comparar a distribuição das espécies forofíticas e epifíticas em relação à longitude,
diferentes regiões fisiográficas e tipos vegetacionais; além de discutir a distribuição
vertical das espécies epifíticas. Os objetivos do estudo da fase esporofítica foram
determinar as dimensões e taxas de crescimento dos cáudices; as dimensões, taxas de
12
produção, expansão e senescência de frondes, relacionando-as com fatores climáticos; a
fenologia da produção de esporos; e a estrutura populacional das plantas.
O conjunto de informações obtidas a partir desse estudo poderá subsidiar
planos de manejo para utilização de recursos e conservação das florestas; fornece
informações para a análise do estado atual de conservação dos representantes de
Cyatheaceae ocorrentes no Rio Grande do Sul e, finalmente, contribui para a avaliação
das conseqüências do extrativismo sobre a disponibilidade de habitats específicos de
outras espécies, fato que merece especial atenção quanto à conservação de plantas.
A tese está organizada na forma de artigos, e disposta em cinco capítulos:
I. Composição florística e aspectos ecológicos de pteridófitas epifíticas em
Cyatheaceae no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
II. Aspectos fitogeográficos de Cyatheaceae e das pteridófitas epifíticas
associadas ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
III. Distribuição vertical das pteridófitas epifíticas em cáudices de
Cyatheaceae no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
IV. Estrutura populacional e desenvolvimento da fase esporofítica de
Cyathea delgadii Sternb. (Cyatheaceae, Pteridophyta) no sul do Brasil.
V. Estrutura populacional e desenvolvimento da fase esporofítica de
Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin (Cyatheaceae,
Pteridophyta) no sul do Brasil.
Além do texto dos artigos, elaborados segundo as normas da Acta Botanica
Brasilica, são apresentadas considerações finais e anexos com imagens e dados
suplementares, que por razões editoriais não fazem parte dos textos a serem submetidos
para publicação. As figuras e tabelas de cada artigo foram indexadas ao texto para
facilitar a leitura dos mesmos.
13
Referências bibliogfráficas
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21
Capítulo I
22
Composição florística e aspectos ecológicos de pteridófitas epifíticas em
Cyatheaceae no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil
RESUMO (Composição florística e aspectos ecológicos de pteridófitas epifíticas em
Cyatheaceae no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil). Um estudo florístico das
pteridófitas epifíticas associadas aos cáudices de Cyatheaceae, nas diferentes formações
florestais do Rio Grande do Sul, Brasil, indicou a ocorrência de 34 espécies, distribuídas
em 16 gêneros e sete famílias. A maior diversidade de espécies ocorreu em
Polypodiaceae (13) e no gênero Asplenium L. (8). A categoria ecológica mais abundante
foi a dos holoepífitos habituais, incluindo 56% das espécies. Alsophila setosa Kaulf.
apresentou o maior número de espécies (31), seguida de Cyathea delgadii Sternb. (10),
C. atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin (10) e C. corcovadensis (Raddi) Domin (7). A
concentração da riqueza específica em forófitos de A. setosa está relacionada com o
tamanho, idade e textura do cáudice, bem como à diversidade ambiental em que
ocorrem populações dessa espécie. Considerando que a maioria dos epífitos são
habituais e que alguns deles ocorrem exclusivamente ou preferencialmente em
samambaias arborescentes, a conservação dessas plantas é essencial para a conservação
de espécies epifíticas.
Palavras-chave: diversidade, ecologia, epifitismo, conservação, sul do Brasil
23
ABSTRACT - (Floristic composition and ecological aspects of epiphytic pteridophytes
on Cyatheaceae in the State of Rio Grande do Sul, Brazil). A floristic survey of the
epiphytic pteridophytes associated with the caudexes of the Cyatheaceae in different
forest formations in the State of Rio Grande do Sul, indicated the occurrence of 34
species representing 16 genera and seven families. The largest species diversity occurs
in Polypodiaceae (13) and in the genus Asplenium L. (8). The most abundant ecological
category was of habitual holoepiphytes, representing 56% of the species. Alsophila
setosa Kaulf. presented the highest number of species (31) followed by Cyathea
delgadii Sternb. (10), C. atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin (10) and C.
corcovadensis (Raddi) Domin (7). The concentration of the species richness on A.
setosa phorophytes is related to the size, age and texture of the caudexes, as well as to
the environment in which populations of this species occur. Considering that the
majority of the epiphytes are habitual and the some of them occur exclusively or
preferentially on tree ferns, the conservation of these plants is essential for the
conservation of the epiphytic species.
Key words: diversity, ecology, epiphytism, conservation, southern Brazil
24
Introdução
Os epífitos são organismos que vivem todo seu ciclo de vida ou parte dele
sobre outras plantas, sendo que utilizam apenas o suporte mecânico de seus hospedeiros
(forófitos), sem retirar dos mesmos nutrientes necessários a sua sobrevivência (Madison
1977; Benzing 1987; 1990). As samambaias arborescentes, geralmente conhecidas por
“xaxins” ou “samambaiaçus” apresentam cáudices que constituem microhabitats para a
existência de várias plantas epifíticas. Vários estudos citam espécies de musgos,
pteridófitas ou orquídeas que crescem exclusivamente ou preferencialmente sobre o
cáudice dessas plantas, tal como aqueles realizados por Brownsey & Smith-Dodsworth
(1989) na Australásia, Moran et al (2003) na Mesoamérica, Richard & Argent (1968) e
Beever (1984) na África e Nova Zelândia, Sehnem (1977), Waechter (1992), Cortez
(2001) e Windisch (2002) na América do Sul.
A família Cyatheaceae engloba cinco espécies de pteridófitas arborescentes do
Estado do Rio Grande do Sul: Alsophila capensis (L.f.) J.Sm., A. setosa Kaulf., Cyathea
atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin, C. corcovadensis (Raddi) Domin, e C. delgadii
Sternb. Entretanto, as Cyatheaceae, ao lado de Dicksoniaceae, são alvo de exploração
extrativista, sendo utilizadas para fabricação de vasos (Fernandes 2000), em
ornamentação e paisagismo (Windisch 2002), como mourões de cerca (Sylvestre &
Kurtz 1994), bem como substrato para cultivo de orquídeas ou outras plantas
ornamentais.
Existem várias citações de pteridófitas epifíticas em estudos florísticos
realizados em diversas partes do mundo, inclusive no Rio Grande do Sul (Aguiar et al.
1981; Waechter 1986; 1992; 1998; Gonçalves & Waechter 2002; 2003; Rogalski &
Zanin 2003; Giongo & Waechter 2004). Porém, existem poucos estudos que tratam
especificamente de pteridófitas epifíticas (Sota 1971; 1972; Müller et al. 1981; Labiak
& Prado 1998), de epifitismo sobre samambaias arborescentes (Beever 1984; Rothwell
1991; Heatwole 1993; Medeiros et al. 1993; Cortez 2001; Ahmed & Frahm 2002;
Schmitt & Windisch 2005; Schmitt et al. 2005) ou de pteridófitas epifíticas em
samambaias arborescentes e angiospermas (Moran et al. 2003). Nenhum desses estudos
abordou, especificamente, a pteridoflora epifítica associada aos cáudices de
Cyatheaceae no Rio Grande do Sul.
Considerando os problemas referentes à exploração extrativista de diversas
espécies de pteridófitas arbóreas e que elas oferecem um excelente substrato para
25
epífitos, é de especial importância a realização de estudos sobre aspectos florísticos e
ecológicos do epifitismo, em seus cáudices. Além disso, determinadas espécies de
pteridófitas epifíticas são pioneiras na conquista do ambiente epifítico e formam um
ambiente próprio para a ocupação de muitas comunidades de epífitos (Johansson 1989).
O presente estudo aborda a pteridoflora epifítica em cáudices de Cyatheaceae no Rio
Grande do Sul, enfatizando sua composição florística, bem como a distribuição
forofítica e a categoria ecológica das espécies encontradas.
Material e métodos
Área de estudo - o levantamento das pteridófitas epifíticas foi realizado nos
municípios de Alegrete (29º42'S e 55º31'W)
1
, Augusto Pestana (28º33'S e 54º00'W)
1
,
Bozano (28º22'S e 53º41'W)
1
, Camaquã (30º41'S e 51º53'W)
1
, Capão da Canoa (29º46'S
e 50º08'W)
1
, Caraá (29º47'S e 50º26'W)
2
, Derrubadas (27º14'S e 53º58'W)
1
,
Encruzilhada do Sul (30º30'S e 52º41'W)
1
, Marau (28º24'S e 52º13'W)
1
, Morrinhos do
Sul (29º21'S e 49º56'W)
2
, Novo Hamburgo (29º44'S e 51º04'W)
1
, Pelotas (31º46'S e
52º20'W)
2
, Riozinho (29º38'S e 50º27'W)
2
, Salvador do Sul (29º26'S e 51º30'W)
2
, Santa
Maria (29º41'S e 53º48'W)
2
, São Francisco de Paula (29º27'S e 50º33'W)
1
, Sapiranga
(29º38'S e 51º00'W)
1
, Tabaí (29º38'S e 51º40'W)
2
, Torres (29º20'S e 49º43'W)
2
, Três
cachoeiras (29º24'S e 49º54'W)
1
e Veranópolis (28º55'S e 51º33'S)
1
, incluindo as
diferentes formações florestais do Rio Grande do Sul (Fig. 1). O clima do Estado é
majoritariamente enquadrado no tipo Cfa de Koeppen, com uma pequena área de tipo
Cfb nas altitudes maiores do planalto nordeste. As temperaturas médias anuais variam
entre 14 a 20 ºC, com temperaturas médias do mês mais frio entre 10 a 15 ºC, quando
geadas podem ocorrer com freqüência, especialmente, nas maiores altitudes. No Rio
Grande do Sul, podemos distinguir os seguintes tipos gerais de vegetação: floresta
ombrófila densa, floresta ombrófila mista, floresta estacional decidual, floresta
estacional semidecidual, formações pioneiras e campos (Quadros & Pillar 2002).
1
Indica a medida tomada no local de coleta com GPS.
2
Refere-se à sede do município.
26
Figura 1. Localização geográfica do Rio Grande do Sul com a indicação das estações de
coleta. 1 - Torres, 2 - Morrinhos do Sul, 3 - Três Cachoeiras, 4 - Capão da Canoa, 5 -
São Francisco de Paula, 6 - Riozinho, 7 - Caraá, 8 - Veranópolis, 9 - Sapiranga, 10 -
Novo Hamburgo, 11 - Salvador do Sul, 12 - Tabaí, 13 - Camaquã, 14 - Encruzilhada do
Sul, 15 - Pelotas, 16 - Santa Maria, 17 - Alegrete, 18 - Augusto Pestana, 19 - Bozano,
20 - Marau, 21 - Derrubadas.
Forófitos - Foram estudadas quatro espécies de ciateáceaeas: Alsophila setosa,
Cyathea atrovirens, C. corcovadensis e C. delgadii, todas apresentando hábito
arborescente com cáudices eretos.
Alsophila setosa apresenta cáudice de até 10 m de altura, com espinhos sobre as
bases de estípites remanescentes das frondes caídas. Os estípites são ascendentes, com
espinhos nigrescentes e curvos na porção inferior e apresentam 2-4 pares de aflébias, na
porção basal. As frondes apresentam lâmina de até cerca de 3 m de comprimento,
tripinada, ao menos na parte basal.
Cyathea atrovirens apresenta cáudice de até aproximadamente 6 m de altura,
com as partes basais dos estípites persistentes formando ângulo agudo com o caule, ou
apenas com restos de estípites, podendo estar engrossado por uma bainha de raízes
adventícias. Os estípites são ascendentes, longos, até 1,10 m de comprimento, com
espinhos. As frondes apresentam até cerca de 3 m de comprimento, bipinado-pinatífidas
a pinatilobadas.
27
Cytahea corcovadensis apresenta cáudice de até aproximadamente 6 m de altura,
com as partes basais dos estípites persistentes ao longo de toda a sua extensão ou
envolvido por uma capa constituída por um emaranhado de raízes adventícias. Os
estípites são ascendentes longos, até 80 cm de comprimento com tubérculos e espinhos
fortes. As frondes apresentam até cerca de 2,70 m de comprimento, bipinadas com
pínulas inteiras, denteadas ou serreadas.
Cyathea delgadii apresenta cáudice arborescente de até aproximadamente 8 m de
altura, com cicatrizes foliares planas ao longo de toda a sua extensão. Os estípites
geralmente apresentam a porção basal achatada dorsi-ventralmente e adpressa ao caule,
longos, até 1,10 m de comprimento. As frondes apresentam até cerca de 3,40 m de
comprimento, bipinados-pinatífidas, ovadas, com ápice agudo ou acuminado.
Não foram analisados forófitos de Alsophila capensis porque não foi encontrada
nenhuma população da espécie. Fernandes (1997) destacou que essa espécie se encontra
em situação crítica sob o ponto de vista da preservação, sendo que também não foi
encontrada, na natureza, pela autora em seu estudo das espécies arborescentes
ocorrentes no sul e sudeste brasileiro.
Procedimento amostral - Durante o período de janeiro/2004 a maio/2005, foram
realizadas excursões em áreas florestais para localização de populações de ciateáceas.
As pteridófitas epifíticas foram registradas na forma de listas florísticas. Espécimens
representativos, férteis, foram coletados e herborizados conforme procedimentos
propostos por Windisch (1992) e incorporados ao Herbário Anchieta (PACA), na
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, como espécimes testemunho das identificações.
Para a identificação das espécies epifíticas foi utilizado como base o sistema de
classificação de Tryon & Tryon (1982), acrescentando modificações feitas por Price
(1983) para o gênero Pecluma M.G.Price. Para a família Cyatheaceae foi adotado o
sistema de classificação de Lellinger (1987), discutido por Fernandes (1997). Os autores
dos nomes científicos foram abreviados de acordo com Pichi-Sermolli (1996).
Curva de rarefação - A riqueza esperada de espécies (S) foi obtida através de
uma curva de rarefação (Hurlbert 1971; Gotelli & Cowell 2001), na qual os indivíduos
são aleatoriamente amostrados. O processo é repetido um grande número de vezes
(1.000 interações), gerando uma média e respectiva variância de riqueza de espécies
esperada. A vantagem da curva de rarefação sobre a curva de espécie-área é a utilização
da abundância dos indivíduos amostrados ao invés de uma unidade amostral. Além
disso, não ocorre interferência do tamanho ou do formato das unidades amostrais
28
(Gotelli & Entsminger 2004). Para os cálculos de rarefação, foi utilizado o programa
EcoSim 700 (Gotelli & Entsminger 2004), sendo que a abundância das espécies
epifíticas utilizada correspondeu à sua freqüência absoluta em todos os forófitos
amostrados no Estado.
Categorias ecológicas - Os epífitos foram classificados quanto ao tipo de relação
com o forófito em categorias ecológicas, propostas por Benzing (1990): holoepífitos
habituais ou característicos (presentes principalmente no ambiente epifítico),
facultativos (ocorrem em ambiente epifítico como terrestre), acidentais
(preferencialmente terrestres), hemiepífitos secundários (germinam no solo e, após
estabelecimento do contato com o forófito, a porção basal do sistema radicular/caulinar
sofre degeneração). Não foram consideradas como pteridófitas epifíticas plantas que
não apresentam todo o seu ciclo de vida sobre o forófito e lianas rizo-escandentes, que
mantém forte conexão com o solo. O registro das espécies epifíticas na natureza foi
completado com a observação da espécie forofítica em que as mesmas foram
encontradas.
Resultados
No levantamento florístico foram registradas 34 espécies de pteridófitas
epifíticas (Tab. 1), distribuídas em 16 gêneros e sete famílias (Fig. 2). Em termos de
riqueza específica, destacaram-se Polypodiaceae (13 espécies ou 38%), Aspleniaceae (8
espécies ou 23%), Hymenophyllaceae e Dryopteridaceae (4 espécies ou 12% cada). As
famílias Blechnaceae e Pteridaceae foram representadas por duas espécies cada (6%) e
Vittariaceae por apenas uma espécie (3%). Os gêneros com maior número de espécies
foram Asplenium L. (8 espécies ou 23%), Trichomanes L. e Pecluma (4 espécies ou
12% cada).
A riqueza de espécies esperada está representada na figura 3. A curva de
rarefação indicou uma estabilização a partir de 550 indivíduos amostrados, com a
inclusão posterior de uma espécie (600 indivíduos) e a partir deste ponto, estabilizou-se
(variância ~ zero).
29
0
2
4
6
8
10
12
14
POL ASP DRY HYM PTE BLE VIT
Famílias
Número de espécies
Figura 2. Número de pteridófitas epifíticas por famílias em cáudices de
Cyatheaceae no Rio Grande do Sul. POL = Polypodiaceae, ASP =
Aspleniaceae, DRY = Dryopteridaceae, HYM = Hymenophyllaceae, PTE =
Pteridaceae, BLEC = Blechnaceae, VIT = Vittariaceae.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 624
Freqüência acumulada de indiduos epiticos
Riqueza esperada de espécies
Figura 3. Curva de rarefação da riqueza de pteridófitas epifíticas em cáudices de
Cyatheaceae no Rio Grande do Sul. As barras indicam a variância.
A distribuição das espécies epifíticas registradas, de acordo com as categorias
ecológicas de relação com o forófito (Tab. 1), evidenciou o predomínio de holoepífitos
30
habituais com 19 espécies (56%), seguida pela categoria de holoepífitos acidentais com
10 espécies (29%), holoepífitos facultativos com quatro espécies (12%) e hemiepífitos
secundários com uma espécie (3%). As famílias que apresentaram apenas holoepífitos
habituais foram Hymenophyllaceae (4) e Vittariaceae (1). Por outro lado, a família
Polypodiaceae apresentou o maior número de holoepífitos habituais (10).
Na categoria de holoepífitos acidentais foram excluídas as espécies que embora
capazes de se estabelecer sobre os forófitos, não conseguem atingir a idade adulta e
formar frondes férteis, tal como plântulas de Didymochlaena trunculata (Sw.) J.Sm.
encontradas sobre cáudices de Alsophila setosa.
A única espécie da categoria dos hemiepífitos secundários foi Blechnum
binervatum (Poir.) C.V.Morton & Lellinger, observada germinando no solo e
conquistando o ambiente epifítico em decorrência do crescimento vegetativo. Por vezes,
a espécie foi encontrada germinando diretamente sobre o cáudice dos forófitos. As
espécies de lianas rizo-escandentes Lomagramma guianensis (Aubl.) Ching, encontrada
sobre cáudices de Alsophila setosa, Olfersia cervina (L.) Kunze, sobre os cáudices de
Cyathea delgadii e Polybotrya cylindrica Kaulf. encontrada sobre cáudices de C.
atrovirens, C. corcovadensis e A. setosa, que costumam manter a conexão com o solo
foram excluídas dessa categoria.
Os cáudices de Alsophila setosa apresentaram o maior número de espécies
epifíticas (31), distribuídas em sete famílias. Cyathea delgadii e C. atrovirens
apresentaram um contingente intermediário, totalizando 10 espécies, distribuídas em
seis famílias, em ambos forófitos. C. corcovadensis apresentou o menor número de
espécies (7), distribuídas em cinco famílias. Em todos os forófitos Polypodiaceae
apresentou o maior número de espécies (Fig. 4). Nos cáudices de A. setosa foram
encontradas 20 espécies exclusivas; em C. atrovirens três espécies exclusivas; e em C.
delgadii e C. corcovadensis nenhuma espécie foi exclusiva. Blechnum binervatum,
Rumohra adiantiformis (G.Forst.) Ching, Microgramma vacciniifolia (Langsd. &
Fisch.) Copel., Polypodium catharine Langsd. & Fisch. e Vittaria lineata (L.) Sm.
foram encontradas em todas as espécies forofíticas; Trichomanes angustatum Carmich.,
Campyloneurum nitidum C.Presl e M. squamulosa (Kaulf.) de la Sota em três espécies
forofíticas; Asplenium claussenii Hieron., Trichomanes polypodioides L. e Pecluma
pectinatiformis (Lindm.) M.G.Price em duas espécies forofíticas e as demais
pteridófitas epifíticas (23) foram registradas em apenas uma espécie de forófito (Tab. 1).
31
Tabela 1. Relação de espécies de pteridófitas epifíticas associadas aos cáudices de
Cyatheaceae no Rio Grande do Sul, com respectivas categorias ecológicas e espécies
forofíticas.
Família/Espécie Cat. Ecol. Espécies forofíticas
ATR
COR
DEL
ASPLENIACEAE
Asplenium claussenii Hieron. ACI X X
Asplenium gastonis Fée FAC X
Asplenium harpeodes Kunze HAB X
Asplenium inaequilaterale Willd. ACI X
Asplenium incurvatum Fée HAB X
Asplenium mucronatum C.Presl HAB X
Asplenium scandicinum Kaulf. HAB X
Asplenium serra Langsd. & Fisch. ACI X
BLECHNACEAE
Blechnum binervatum (Poir.) C.V.Morton & Lellinger HMS X X X X
Blechnum confluens Schltdl. & Cham. ACI X
DRYOPTERIDACEAE
Ctenitis sp.* ACI X
Lastreopsis amplissima (C.Presl) Tindale ACI X
Polystichum sp.* ACI X
Rumohra adiantiformis (G.Forst.) Ching FAC X X X X
HYMENOPHYLLACEAE
Trichomanes anadromum Rosenst. HAB X
Trichomanes angustatum Carmich. HAB X X X
Trichomanes polypodioides L. HAB X X
Trichomanes radicans Sw. HAB X
PTERIDACEAE
Adiantum raddianum C.Presl ACI X
Doryopteris pedata (L.) Fée ACI X
POLYPODIACEAE
Campyloneurum austrobrasilianum (Alston) de la Sota HAB X
Campyloneurum nitidum C.Presl FAC X X X
Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota HAB X X X
Microgramma tecta (Kaulf.) Alston HAB X
Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. HAB X X X X
Niphidium rufosquamatum Lellinger FAC X
Pecluma paradiseae (Langsd. & Fisch.) M.G.Price ACI X
Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M.G.Price HAB X X
Pecluma recurvata (Kaulf.) M.G.Price HAB X
Pecluma truncorum (Lindm.) M.G.Price HAB X
Pleopeltis angusta Humb. & Bonpl. ex Willd. HAB X
Polypodium catharine Langsd. & Fisch. HAB X X X X
Polypodium hirsutissimum Raddi HAB X
VITTARIACEAE
Vittaria lineata (L.) Sm. HAB X X X X
TOTAL
31 10 7 10
Cat. Ecol. = Categoria Ecológica; SET = Alsophila setosa; ATR = Cyathea atrovirens; COR = C.
corcovadensis; DEL = C. delgadii; ACI = holoepífito acidental; FAC = holoepífito facultativo; HAB =
holoepífito habitual; HMS = hemiepífito secundário. * plantas estéreis.
32
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
Alsophila setosa Cyathea atrovirens C. corcovadensis C. delgadii
Fofitos
Número de espécies
POL ASP DRY HYM PTE BLE VIT
Figura 4. Número de espécies epifíticas por famílias em cada espécie forofítica. POL =
Polypodiaceae, ASP = Aspleniaceae, DRY = Dryopteridaceae, HYM =
Hymenophyllaceae, PTE = Pteridaceae, BLEC = Blechnaceae, VIT = Vittariaceae.
A tendência geral de distribuição da riqueza específica por espécies forofíticas
também foi observada pontualmente em localidades onde ocorrem juntas populações de
diferentes espécies de Cyatheaceae. Por exemplo, em floresta estacional semidecidual,
no município de Novo Hamburgo, foram encontradas três espécies epifíticas em
Cyathea delgadii e duas em C. atrovirens, embora a população da primeira espécie
forofítica fosse muito reduzida, com apenas cinco plantas e da segunda espécie muito
numerosa, ultrapassando uma centena de indivíduos. Em Caraá, foram encontradas 11
espécies sobre cáudices de Alsophila setosa e cinco sobre os cáudices de C. atrovirens,
embora novamente a segunda espécie apresentasse uma população muito mais
numerosa, porém com cáudices, na sua grande maioria, de menor altura. Em floresta
ombrófila densa, no município de Três Cachoeiras, foram encontradas sete espécies
epifíticas sobre os cáudices de A. setosa e de C. corcovadensis, porém nenhuma sobre
os cáudices de C. atrovirens (Fig. 5).
33
11
7
7
2
5
3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
PIO FOD FES
Tipos Vegetacionais
Número de espécies
Alsophila setosa C. corcovadensis
Cyathea atrovirens C. delgadii
Figura 5. Distribuição da riqueza específica de pteridófitas epifíticas por forófitos, em
formações florestais onde foram encontradas populações de diferentes espécies de
Cyatheaceae. PIO = formações pioneiras, FOD = floresta ombrófila densa, FES =
floresta estacional semidecidual.
Discussão
Na comparação com outros levantamentos de epífitos em samambaias
arborescentes, o número de espécies de pteridófitas epifíticas do presente estudo (34) foi
maior que o registrado por Cortez (2001) na Venezuela. A riqueza específica também
foi maior daquela encontrada em levantamentos pontuais realizados no Rio Grande do
Sul (Schmitt & Windisch 2005; Schmitt et al. 2005). Por outro lado, foi menor que a
encontrada na Costa Rica (Tab. 2).
As famílias com maior número de espécies (Polypodiaceae, Aspleniaceae,
Hymenophyllaceae e Dryopteridaceae) do presente estudo, foram consideradas as de
maior riqueza entre as famílias epifíticas mundialmente mais ricas (Madison 1977;
Kress 1986; Benzing 1990), assim como para região neotropical (Gentry & Dodson
1997). Em outros levantamentos de pteridófitas epifíticas realizados por Sota (1971) e
Moran et al. (2003), na Costa Rica, Sota (1972), na Colômbia, Labiak & Prado (1998),
em Santa Catarina, Brasil e Cortez (2001), na Venezuela, Polypodiaceae e
Hymenophyllaceae estavam entre as famílias com maior riqueza específica.
Aspleniaceae estava entre as famílias mais ricas apenas no levantamento realizado por
Sota (1971) e Dryopteridaceae naqueles realizados por Sota (1972) e Labiak & Prado
(1998).
34
Tabela 2. Número de espécies de pteridófitas epifíticas, de espécies forofíticas e
famílias das espécies forofíticas do presente estudo e de outros levantamentos.
Local
Nº. de spp. de
pteridófitas epifíticas
Nº. de spp.
forofíticas
Famílias das
spp. forofíticas
Referência
Costa Rica 100 9
Cyatheaceae
Dicksoniaceae
Moran et al. (2003)
Rio Grande do
Sul (RS)
34 4 Cyatheaceae Presente estudo
Venezuela 14 13
Cyatheaceae
Dicksoniaceae
Cortez (2001)
Sapiranga/Morro
Reuter (RS)
14 1 Cyatheaceae Schmitt & Windisch (2005)
São Francisco de
Paula (RS)
11 1 Dicksoniaceae Schmitt et al. (2005)
A concentração de espécies de epífitos vasculares em poucas famílias citada por
Madison (1977), Kress (1986) e Gentry & Dodson (1987) também foi observada para as
pteridófitas, no presente estudo. Essa tendência da distribuição das espécies também foi
encontrada em outros levantamentos de pteridófitas epifíticas realizados na região
neotropical (Sota 1971; 1972; Labiak & Prado 1998; Cortez 2001; Moran et al. 2003).
Os gêneros Asplenium e Trichomanes com maior número de espécies no
presente estudo, foram considerados mundialmente mais ricos (com mais de 100
espécies epifíticas) por Madison (1977) e Kress (1986). No levantamento pontual
realizado por Moran et al. (2003) o nero Asplenium apresentou maior riqueza
específica, tal como no presente estudo.
A concentração da riqueza da pteridoflora epifítica em Alsophila setosa está
relacionada a fatores intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos são altura, idade e
textura do cáudice dos forófitos. Os fatores extrínsecos correspondem à diversidade
ambiental em que ocorrem populações de A. setosa no Rio Grande do Sul.
Alsophila setosa foi a espécie que apresentou populações com indivíduos mais
altos (>10 m) em relação às outras Cyatheaceae, provavelmente, de maior idade,
oferecendo condições mais diferenciadas de temperatura e de suprimento drico
favorecendo a distribuição espacial e temporal dos epífitos. Nieder et al. (1999)
destacaram que forófitos velhos, estruturalmente mais diversos, com muitos
microhabitats diferenciados apresentam maior diversidade de epífitos. As populações de
A. setosa incluídas no levantamento ocupam diferentes formações florestais do Estado:
35
floresta ombrófila densa, formações pioneiras, floresta ombrófila mista, estacional
semidecidual e estacional decidual. Portanto, a grande diversidade ambiental em que
foram encontrados forófitos dessa espécie, contribuíram para que um maior número de
espécies com exigências e tolerâncias ecológicas diferentes pudessem colonizar seus
cáudices. Além disso, como as plantas dessa espécie apresentam em geral cáudices de
maior altura, a mesma tende a ocorrer em formações florestais mais antigas ou em
estágios de sucessão mais avançados. Segundo Yeaton & Galdstone (1982), o tempo de
disponibilidade do substrato é um fator determinante para a colonização dos forófitos
pelas plantas epifíticas.
Cyathea atrovirens e C. delgadii apresentaram riqueza específica intermediária.
As populações de C. atrovirens incluídas no levantamento apresentavam plantas,
geralmente, com menos de 2 m de altura. O cáudice de menor tamanho, além do fato da
espécie crescer preferencialmente em lugares expostos ao sol pleno ou moderado, entre
vegetação herbácea ou herbáceo-arbustiva ou no interior de matinhas baixas (Fernandes
1997), contribuem para explicar o número reduzido de espécies epifíticas encontrado. Já
C. delgadii, embora apresente maior porte (~ 8 m de altura), possui seu cáudice
relativamente liso, duro, sem bases de estípites das frondes caídas, aparentemente
retendo menos água e assim dificultando, provavelmente, a germinação de esporos e o
estabelecimento de esporófitos a partir dos gametófitos. Kernan & Fowler (1995)
destacaram que um dos fatores que afetam a capacidade de um epífito se aderir ao seu
substrato é a textura. Além disso, C. delgadii foi encontrada apenas em áreas de floresta
estacional decidual e semidecidual, em habitats mais sujeitos à exposição na época em
que ocorre a queda das folhas da sinúsia arbórea. Além disso, as populações somente
foram encontradas ao longo de linhas de drenagem, cobertas de solo raso arenoso, ou
seja, em condições ambientais menos diversas, quando comparada com A. setosa.
Cyathea corcovadensis, espécie forofítica com o menor número de espécies de
epífitos, apresentou populações com indivíduos mais baixos (até 5 m de altura) em
relação à A. setosa e C. delgadii. No Rio Grande do Sul, a espécie ocorre apenas no
litoral norte, na fronteira com Santa Catarina (Fernandes 1997). Foi encontrada uma
população muito reduzida (com três indivíduos), em floresta ombrófila densa, no
município de Torres, e outra com, aproximadamente, 18 indivíduos adultos, em
formação pioneira, no município de Três Cachoeiras. Além disso, nas áreas de
ocorrência dessa espécie forofítica, havia sinais de devastação causada pelo
extrativismo de palmito e de pastoreio do gado, que se alimentava das frondes de
36
plantas jovens, bem como das de outras plantas do estrato herbáceo e das próprias
espécies epifíticas. Portanto, o cáudice de menor porte, as populações com pequeno
número de indivíduos, associada à ação antrópica e de pastoreio, contribuíram para
minimizar a riqueza específica de epífitos.
Medeiros et al. (1993) encontraram um maior número de epífitos em Cibotium
spp. (Dicksoniaceae) que em Cyathea cooperi (F.Muell.) Domin e apontaram como
possíveis razões a diferença de idade e do tipo de substrato oferecido pelas espécies,
sendo que os esporófitos da primeira espécie seriam, provavelmente mais velhos (por
apresentarem maior tamanho), enquanto que a segunda apresentaria algum mecanismo
químico ou mecânico resistente ao estabelecimento de epífitos, no cáudice (substrato).
A maior participação de holoepífitos habituais ocorrentes entre as espécies
registradas também foi encontrada em outros levantamentos de pteridófitas epifíticas
realizados por Sota (1971; 1972), Labiak & Prado (1998) e Schmitt et al. (2005). A
predominância de holoepífitos habituais também ocorreu em levantamentos de epífitos
vasculares em geral realizados no Rio Grande do Sul, por Aguiar et al. (1981),
Waechter (1986; 1992; 1998), Rogalski & Zanin (2003), Gonçalves & Waechter (2003)
e Schmitt & Windisch (2005).
Os holoepífitos habituais apresentam as adaptações vegetativas mais
especializadas e diversificadas permitindo uma ocorrência mais generalizada. Nesse
sentido, a poiquiloidria constitui uma das principais estratégias das pteridófitas
(Benzing 1987; 1990), observada nos períodos de estresse hídrico em espécies de
Polypodium L., Pleopeltis Willd. e Pecluma. Waechter (1992) destacou que rizoma
suculento em Microgramma C.Presl e o hábito nidular em Niphidium J.Sm. e
Campyloneurum C.Presl, que favorece a captação e retenção de material orgânico,
respectivamente, pela arquitetura das frondes e o emaranhamento das raízes, também
são possíveis mecanismos de regulação hídrica. Müller et al. (1981) destacaram que
tricomas nas frondes de várias espécies de Polypodiaceae podem completar a função de
absorção realizada pelas raízes.
Embora os holoepífitos acidentais tenham constituído o segundo maior
contingente, totalizando 10 espécies, eles foram encontrados em apenas uma espécie
forofítica, com exceção de Asplenium claussenii, que ocorreu em Alsophila setosa e
Cyathea delgadii. A ocorrência restrita desta categoria ecológica deve estar relacionada
com ausência de adaptações especiais dessas espécies para o epifitismo.
37
Lastreopsis amplissima (C.Presl) Tindale foi considerada como holoepífito
acidental porque foi encontrada preferencialmente como terrícola, em áreas de maior
ocorrência no Estado, tal como observado por Schmitt et al. (2005), em floresta
ombrófila mista de São Francisco de Paula. A preferência por esse tipo de substrato
pode explicar o fato da sua ocorrência em cáudices de pequeno porte de Cyathea
atrovirens, espessados por uma capa fibrosa de raízes adventícias.
Rumohra adiantiformis foi considerada facultativa porque esta espécie ocorre
tanto no ambiente epifítico como no solo da área estudada, tal como citado por
Waechter (1992) e por Gonçalves & Waechter (2003), na planície costeira; Schmitt et
al. (2005), em floresta ombrófila mista de São Francisco de Paula; e por Schmitt &
Windisch (2005) em floresta estacional semidecidual de Sapiranga e de Morro Reuter,
no Rio Grande do Sul. Por outro lado, foi considerada holoepífita acidental, em floresta
ombrófila mista, no Paraná, por Kersten & Silva (2002).
Asplenium serra Langsd. & Fisch. foi considerada como holoepífita acidental
porque foi encontrada preferencialmente crescendo sobre o solo, em área de restinga, no
litoral do Rio Grande do Sul, embora Labiak & Prado (1998) tenham considerado a
espécie como facultativa, em floresta atlântica, no litoral norte de Santa Catarina.
Asplenium claussenii foi considerada como holoepífita facultativa por Kersten &
Silva (2002) e Borgo e Silva (2003), em floresta ombrófila mista, Paraná. Porém, neste
estudo esta espécie foi considerada como acidental. Sylvestre (2001) destaca que
raramente A. claussenii ocorre como epífito.
Na prática, a delimitação entre holoepífitos acidentais e facultativos não é fácil e
a classificação das espécies em determinada categoria pode variar segundo a região ou o
tipo de formação florestal considerado. A classificação em categorias ecológicas, no
presente estudo, está baseada em observações mais freqüentes de ocorrência no
ambiente epifítico ou terrestre, porém que não foram quantificadas.
O grande predomínio de holoepífitos habituais, ou seja, de plantas que
completam todo o seu ciclo de vida habitualmente no ambiente epifítico, destaca a
importância do suporte físico oferecido pelos cáudices das samambaias arborescentes,
nos remanescentes florestais do Rio Grande do Sul. Além disso, algumas plantas
epifíticas, encontradas no presente estudo, são específicas ou ocorrem preferencialmente
sobre os cáudices de samambaias arborescentes, tal como Asplenium mucronatum
C.Presl, A. scandicinum Kaulf., Pecluma truncorum (Lindm.) M.G.Price, Trichomanes
anadromum Rosenst., T. angustatum e T. polypodioides (Sehnem 1977; Waechter 1992;
38
Cortez 2001). O substrato oferecido pelos cáudices das samambaias arborescentes
apresenta, aparentemente, condições ótimas de disponibilidade hídrica e porosidade
para as espécies epifíticas (Cortez 2001), oferecendo microhabitats mais favoráveis para
o estabelecimento de gametófitos e um substrato para a fixação de esporófitos de
pteridófitas epifíticas (Moran et al. 2003).
O fato da especificidade epífito-forófito envolver espécies pteridofíticas pode
significar uma interação relativamente antiga sob o ponto de vista evolutivo,
condicionada por um substrato peculiar (Waechter 1992). Características químicas do
substrato, tal como presença de inibidores para algas e fungos, que competem por luz
nutrientes e espaço, pH, presença de taninos e capacidade de retenção de água devem
ser investigados experimentalmente em relação ao estabelecimento de gametófitos, para
buscar explicar esta especificidade epífito-forófito (Moran et al. 2003). Até o presente
momento, não existem estudos sobre a influência das propriedades físicas e químicas do
substrato oferecido pelas samambaias arborescentes na germinação, desenvolvimento
do gametófito e estabelecimento do esporófito de pteridófitas epifíticas. Por outro lado,
em forófitos arbóreos, Ranal (1995) destacou que as pteridófitas epifíticas estão
submetidas a um grande número de fatores que podem dificultar o estabelecimento de
novas plantas, tais como oscilações térmicas, condições severas de ressecamento, pouca
disponibilidade de substrato e forte fluxo de água.
O extrativismo, com o conseqüente desaparecimento das plantas adultas de
samambaias arborescentes, associado à destruição da vegetação para a realização de
práticas agrícolas e à pressão de pastagem do gado, que se alimenta das frondes de
plantas jovens, aumentando, conseqüentemente, a mortalidade das mesmas,
compromete a disponibilidade de microhabitats específicos para espécies epifíticas,
sendo que este fato merece especial atenção no que tange à conservação de espécies.
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul UFRGS, pela oportunidade de realização deste estudo. Ao Centro
Universitário FEEVALE, pela concessão de bolsa auxílio-doutorado. À Dra. Lana
Sylvestre pelo auxílio na identificação de Aspleniaceae. À Maria A. K. Rúbio pelo
39
auxílio nos trabalhos de campo e de laboratório. Ao Ismael Franz pela formatação das
figuras. Aos professores, colegas do pós-graduação, alunos, familiares e amigos que
auxiliaram na localização de populações de plantas e ou no campo, durante o
levantamento florístico.
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43
Capítulo II
44
Aspectos fitogeográficos de Cyatheaceae e pteridófitas epifíticas associadas
ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil
RESUMO (Aspectos fitogeográficos de Cyatheaceae e pteridófitas epifiticas
associadas ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil). É analisada a
distribuição de espécies de Cyatheaceae e das pteridófitas epifíticas associadas, em
diferentes regiões fisiográficas, tipos de vegetação e em relação à longitude no Estado
do Rio Grande do Sul, Brasil. Alsophila setosa Kaulf. e Cyathea atrovirens (Langsd. &
Fisch.) Domin são as pteridófitas arborescentes mais amplamente distribuídas,
ocorrendo em um maior número de regiões fisiográficas e formações florestais. As
pteridófitas arborescentes na floresta ombrófila densa, formações pioneiras, floresta
ombrófila mista (com Araucaria) e estacional semidecidual foram mais ricas em
epífitos de que a floresta estacional decidual. A. setosa apresentou grande
heterogeneidade de pteridófitas epifíticas associadas em relação às Cyathea spp.,
indicando uma forte influência do cáudice de A. setosa como causa de diferenciação
florística. A Encosta Inferior do Nordeste apresentou o maior número de espécies
epifíticas (23), sendo que geralmente as regiões fisiográficas com maior número de
pteridófitas epifíticas coincidiram com aquelas que apresentaram também os tipos
vegetacionais mais ricos em epífitos e espécies forofíticas. A riqueza de espécies
epifíticas bem como de Cyatheaceae diminui gradativamente com o aumento da
continentalidade, em direção às regiões mais secas e interiores no extremo oeste do
Estado.
Palavras-chave: distribuição, epífitos, fitogeografia, pteridófita arborescente, sul do
Brasil
45
ABSTRACT(Phytogeographic aspects of Cyatheaceae and associated epiphytic ferns
in the State of Rio Grande do Sul, Brazil). The distribution of the Cyatheaceae species
and associated epiphytic ferns in the different physiographic regions, types of vegetation
and geographic (longitude) within the State of Rio Grande do Sul, Brazil, is analyzed.
Alsophila setosa Kaulf. and Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch) are the most widely
distributed tree ferns, occurring in a larger number of physiographic regions and
floristic formations. Tree ferns growing in the dense humid broadleaved forest, pioneer
formations, mixed (with Araucaria) humid forest, and semi-deciduous forest were
richer in epiphytes than the seasonal deciduous forest. A setosa presents greater
heterogeneity as to the associated epiphytic ferns, than Cyathea spp., indicating a
stronger influence of the caudex of A. setosa as cause of floristic differentiation. The
lower slope of the northeastern highlands presented a larger number of epiphytic species
(23), and generally the physiographic regions with a larger number of epiphytic ferns
coincided with those also richer vegetation types in epiphytic and phorophytic species
The epiphytic species richness as well as that of Cyatheaceae diminishes gradually
inland (continentality) in direction to the dryer regions in the western part of the State.
Key words: distribution, epiphytes, phytogeography, tree-ferns, southen Brazil
46
Introdução
A família Cyatheaceae engloba a grande maioria das pteridófitas com porte
arborescente, sendo que existem entre 600 e 650 espécies distribuídas nas regiões
paleotropicais e neotropicais, atingindo ao sul, os subtrópicos (Tryon & Tryon 1982;
Kramer 1990). No sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, ocorrem cinco
espécies de Cyatheaceae: Alsophila capensis (L.f.) J.Sm., A. setosa Kaulf., Cyathea
atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin, C. corcovadensis (Raddi) Domin, e C. delgadii
Sternb.
As Cyatheaceae são, geralmente, de médio a grande porte, podendo alcançar
cerca de 20 m de altura. O cáudice normalmente é ereto e massivo, por vezes coberto
por uma capa de raízes adventícias, encimado por uma coroa de frondes. As frondes
podem atingir alguns metros de comprimento e apresentar lâmina bipinada a mais
decomposta. Essas plantas podem ocupar uma diversidade de habitats, tais como
encostas de morros, beira de cursos d’água, borda de florestas, restingas e margens de
estradas, sendo que a maioria delas ocorre, preferencialmente, no interior das florestas.
No sub-bosque florestal, os cáudices das Cyatheaceae desempenham uma função
ecológica importante, servindo de suporte mecânico para a ocorrência de vários epífitos.
As plantas epifíticas são típicas de florestas tropicais e subtropicais (Madison 1977;
Gentry & Dodson 1987), sendo que a diversidade e abundância são influenciadas pela
mudança de condições ecológicas ao longo de diferentes regiões fisiográficas, tipos
vegetacionais, gradientes latitudinais e longitudinais.
Dentre os principais estudos taxonômicos envolvendo as espécies de
Cyatheaeceae destacam-se os realizados por Riba (1967; 1969), Tryon (1971; 1976),
Gastony (1973), Stolze (1974), Windisch (1977; 1978), Barrington (1978), Conant
(1983) e Lellinger (1987). Contemporaneamente, no Brasil, Fernandes (1997; 2000)
desenvolveu um estudo taxonômico das pteridófitas arborescentes do sul e sudeste,
discutindo alguns aspectos da fitogeografia das espécies. Existem poucos trabalhos que
discutem especificamente a fitogeografia de pteridófitas do Rio Grande do Sul (Sehnem
1977; 1979; Senna & Waechter 1997), sendo que nenhum deles aborda aspectos
fitogeográficos da pteridoflora epifítica em cáudices de Cyatheaceae. Considerando que
as plantas epifíticas representam uma categoria ecológica dependente dos forófitos, este
47
estudo tem por objetivo discutir aspectos fitogeográficos das espécies de Cyatheaceae e
das pteridófitas epifíticas encontradas em seus cáudices, no Rio Grande do Sul, Brasil.
Material e Métodos
Área de estudo – O Estado do Rio Grande do Sul situa-se entre os paralelos 27º e
34ºS e os meridianos 49º e 58ºW, ou seja, em uma zona subtropical. O clima é do tipo
Cfa de acordo com a classificação climática de Köppen, com exceção de uma pequena
área mais elevada do planalto nordeste que é enquadrada no tipo Cfb. As temperaturas
médias anuais oscilam de 14 a 20
º
C, sendo que as temperaturas médias do mês mais frio
oscilam de 10 a 15
º
C, principalmente em altitudes mais elevadas. No verão, podem
ocorrer déficits hídricos consideráveis em áreas ao sudoeste e leste, sendo que a região
nordeste do Estado é menos afetada (Quadros & Pillar 2002). De norte em direção à
latitude sul, ocorre um decréscimo gradual das médias de precipitação e de temperatura
e um aumento da média do número de dias com geadas (Moreno 1961; Nimer 1990).
Aspectos fitogeográficos - Os dados de distribuição dos representantes de
Cyatheaceae foram obtidos através de revisão bibliográfica, de análise de coleções de
herbários e, principalmente, de excursões de coleta a campo. A nomenclatura
taxonômica da família baseou-se no tratamento taxonômico proposto por Lellinger
(1987) e discutido por Fernandes (1997). O estudo dos aspectos fitogeográficos das
espécies de pteridófitas epifíticas, em cáudice de Cyatheaceae, baseou-se no
levantamento florístico realizado por Schmitt (2005, vide capítulo I) em diferentes
regiões fisiográficas do Rio Grande do Sul.
A distribuição vegetacional baseou-se na classificação do Projeto
RADAMBRASIL (Teixeira et al. 1986), que reconhece floresta estacional decidual,
estacional semidecidual, ombrófila densa, ombrófila mista e formações pioneiras. A
ocorrência de epífitos em vegetação campestre, na região da estepe, considerou a
existência de uma formação florestal restrita dentro de uma ravina, denominada no
presente estudo de floresta de ravina. Também, na região da savana uma área florestada
foi considerada como floresta estacional semidecidual, em decorrência da composição
florística similar com este tipo vegetacional.
As espécies epifíticas foram separadas em grupos, combinando o tipo
vegetacional e a espécie forofítica em que foram encontradas. Para comparação
florística entre esses grupos empregou-se distância euclidiana, seguida de uma análise
48
de grupamento pelo método de Ward no programa estatístico Palaeontological Statistics
– PAST (Hammer et al. 2003). Nessa análise, foi excluída uma estação de coleta
(floresta de ravina) onde foi encontrado apenas um epífito acidental que não havia sido
registrado em nenhuma outra localidade.
A distribuição geográfica seguiu as regiões fisiográficas propostas por Fortes
(1959), que incluem Litoral, Depressão Central, Campanha, Serra do Sudeste, Encosta
do Sudeste, Alto Uruguai, Campos de Cima da Serra, Planalto Médio, Encosta Inferior
do Nordeste e Encosta Superior do Nordeste. A única região excluída foi a das Missões
pelo fato de não serem encontrados registros de ocorrência de Cyatheaceae nessa área.
A análise da continentalidade no Estado baseou-se na distribuição em quatro
intervalos delimitados pelos meridianos de longitude oeste: entre 49 e 51º W; 51 e 53º
W; 53 e 55º W; e 55 e 57º W. Em cada uma das análises de distribuição foi considerada
a presença (1) e a ausência (0) das espécies, a fim de constituir uma matriz qualitativa
de dados binários.
Resultados
Considerando a amplitude de distribuição vegetacional, Cyathea atrovirens e
Alsophila setosa foram as Cyatheaceae comuns a todos os tipos vegetacionais, com
exceção da segunda espécie que não ocorreu em floresta de ravina. A. capensis
apresentou registros de ocorrência em áreas de floresta ombrófila mista, C.
corcovadensis ocorreu em formações pioneiras e de floresta ombrófila densa e C.
delgadii, nas florestas estacionais (Tab. 1). Uma única espécie de Cyatheaceae foi
registrada em floresta de ravina. Nos demais tipos vegetacionais foram registradas três
espécies (Fig. 1).
49
Tabela 1. Distribuição vegetacional das espécies de Cyatheaceae e de pteridófitas
epifíticas em seus cáudices no Rio Grande do Sul.
Família/Espécie Formações
FES
FOD
FOM
PIO
FED
FRA
CYATHEACEAE
Alsophila capensis (L.f.) J.Sm. 0 0 1 0 0 0
Alsophila setosa Kaulf. 1 1 1 1 1 0
Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin 1 1 1 1 1 1
Cyathea corcovadensis (Raddi) Domin 0 1 0 1 0 0
Cyathea delgadii Sternb. 1 0 0 0 1 0
ASPLENIACEAE
Asplenium claussenii Hieron. 1 0 1 1 1 0
Asplenium gastonis Fée 1 0 1 0 1 0
Asplenium harpeodes Kunze 1 0 0 0 0 0
Asplenium inaequilaterale Willd. 0 0 1 0 1 0
Asplenium incurvatum Fée 1 0 0 0 0 0
Asplenium mucronatum C.Presl 0 1 0 1 0 0
Asplenium scandicinum Kaulf. 1 1 1 0 1 0
Asplenium serra Langsd. & Fisch. 0 0 0 1 0 0
BLECHNACEAE
Blechnum binervatum (Poir.) C.V.Morton & Lellinger 1 1 1 1 1 0
Blechnum confluens Schltdl. & Cham. 0 0 0 0 0 1
DRYOPTERIDACEAE
Ctenitis sp. 0 0 0 0 0 0
Lastreopsis amplissima (C.Presl) Tindale 1 0 0 0 0 0
Polystichum sp. 0 0 1 0 0 0
Rumohra adiantiformis (G.Forst.) Ching 1 1 1 1 0 0
HYMENOPHYLLACEAE
Trichomanes anadromum Rosenst. 0 1 0 0 0 0
Trichomanes angustatum Carmich. 1 1 1 1 1 0
Trichomanes polypodioides L. 0 1 0 1 0 0
Trichomanes radicans Sw. 1 0 0 0 0 0
PTERIDACEAE
Adiantum raddianum C.Presl 0 0 1 0 0 0
Doryopteris pedata (L.) Fée 0 0 0 0 1 0
POLYPODIACEAE
Campyloneurum austrobrasilianum (Alston) de la Sota 1 1 1 0 0 0
Campyloneurum nitidum C.Presl 1 1 1 1 1 0
Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota 1 1 1 1 1 0
Microgramma tecta (Kaulf.) Alston 0 1 0 0 0 0
Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. 1 1 0 1 0 0
Niphidium rufosquamatum Lellinger 1 0 1 0 1 0
Pecluma paradiseae (Langsd. & Fisch.) M.G.Price 0 0 0 1 0 0
Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M.G.Price 1 1 1 1 1 0
Pecluma recurvata (Kaulf.) M.G.Price 0 1 1 0 0 0
Pecluma truncorum (Lindm.) M.G.Price 1 1 0 1 0 0
Pleopeltis angusta Humb. & Bonpl. ex Willd. 1 0 0 1 0 0
Polypodium catharine Langsd. & Fisch. 1 1 0 1 0 0
Polypodium hirsutissimum Raddi 1 0 1 0 0 0
VITTARIACEAE
Vittaria lineata (L.) Sm. 1 1 1 1 1 0
Floresta Estacional Semidecidual (FES); Floresta Ombrófila Densa (FOD); Floresta Ombrófila Mista
(FOM); Formação Pioneira (PIO); Floresta Estacional Decidual (FED); Floresta de Ravina (FRA).
50
21
17 17
16
12
1
0
5
10
15
20
25
FES FOD FOM PIO FED FRA
Espécies epifíticas
0
1
2
3
4
5
FES FOD FOM PIO FED FRA
Tipos de vegetação
Espécies de Cyatheaceae
As famílias com representantes epifíticos formaram três grupos principais: um
grupo comum a todos os tipos vegetacionais formado apenas por Blechnaceae; um
segundo grupo comum a todos os tipos vegetacionais, com exceção da floresta de
ravina, formado pelas famílias Aspleniaceae, Dryopteridaceae, Hymenophyllaceae,
Polypodiaceae e Vittariaceae; e um terceiro grupo restrito à floresta ombrófila mista e
estacional decidual formado pela família Pteridaceae (Tab.1). A floresta estacional
semidecidual apresentou o maior número de espécies (21), ao contrário da floresta de
ravina, onde foi registrada apenas uma espécie (Fig. 1).
Figura 1. Riqueza específica de Cyatheaceae e de pteridófitas epifíticas em seus
cáudices por tipo vegetacional, no Rio Grande do Sul. Floresta Estacional Semidecidual
(FES); Floresta Ombrófila Densa (FOD); Floresta Ombrófila Mista (FOM); Formações
Pioneiras (PIO); Floresta Estacional Decidual (FED); Floresta de Ravina (FRA).
O resultado mais importante na análise de similaridade florística, evidenciado no
dendograma, foi a separação dos epífitos de Alsophila setosa de todos os epífitos de
Cyathea spp. Dentro dos dois grupos formados, foi verificada uma afinidade entre os
51
epífitos de floresta ombrófila densa e formações pioneiras, tanto para A. setosa como
para Cyathea spp., com exceção dos epífitos de C. atrovirens, em floresta ombrófila
densa com os de C. delgadii, em floresta estacional semidecidual. Os epífitos em
floresta estacional decidual de C. delgadii e em floresta estacional semidecidual de C.
atrovirens demonstraram afinidade entre si (Fig. 2).
Figura 2. Dendograma de similaridade florística entre grupos de pteridófitas epifíticas,
em diferentes tipos vegetacionais e espécies forofíticas do Rio Grande do Sul. Floresta
ombrófila densa (FOD); Formações pioneiras (PIO); Floresta ombrófila mista (FOM);
Floresta estacional semidecidual (FES); Floresta estacional decidual (FED); Alsophila
setosa (AS); Cyathea atrovirens (CA); C. corcovadensis (CC) e C. delgadii (CD).
Considerando a distribuição em regiões fisiográficas (Tab. 2, Figs. 3 e 4), as
espécies de Cyatheaceae mais amplamente distribuídas foram Alsophila setosa e
Cyathea atrovirens. C. corvadensis apresentou distribuição restrita ao Litoral, Alsophila
52
Tabela 2. Distribuição por regiões fisiográficas das espécies de Cyatheaceae e de
pteridófitas epifíticas em seus cáudices no Rio Grande do Sul.
Família/Espécie Regiões fisiográficas
EIN
Lit
CCS
EnS
PlM
ESN
AlU
DeC
SeS
Cam
CYATHEACEAE
Alsophila capensis 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Alsophila setosa 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0
Cyathea atrovirens 1 1 1 1 1 0 0 1 0 1
Cyathea corcovadensis 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Cyathea delgadii 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0
ASPLENIACEAE
Asplenium claussenii 1 0 1 1 1 1 1 0 1 0
Asplenium gastonis 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0
Asplenium harpeodes 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Asplenium inaequilaterale 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0
Asplenium incurvatum 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Asplenium mucronatum 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Asplenium scandicinum 1 1 1 1 1 0 1 0 0 0
Asplenium serra 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
BLECHNACEAE
Blechnum binervatum 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0
Blechnum confluens 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
DRYOPTERIDACEAE
Ctenitis sp. 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
Lastreopsis amplissima 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Polystichum sp. 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
Rumohra adiantiformis 1 1 1 1 0 1 0 0 0 0
HYMENOPHYLLACEAE
Trichomanes anadromum 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Trichomanes angustatum 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0
Trichomanes polypodioides 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Trichomanes radicans 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
PTERIDACEAE
Adiantum raddianum 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Doryopteris pedata 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
POLYPODIACEAE
Campyloneurum austrobrasilianum 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0
Campyloneurum nitidum 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0
Microgramma squamulosa 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0
Microgramma tecta 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Microgramma vacciniifolia 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0
Niphidium rufosquamatum 1 0 1 1 0 0 1 0 0 0
Pecluma paradiseae 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Pecluma pectinatiformis 1 0 1 1 1 0 1 1 0 0
Pecluma recurvata 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Pecluma truncorum 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Pleopeltis angusta 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0
Polypodium catharine 1 1 0 1 0 0 0 0 1 0
Polypodium hirsutissimum 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0
VITTARIACEAE
Vittaria lineata 1 1 1 1 1 1 0 0 1 0
Encosta Inferior do Nordeste (EIN); Litoral (Lit); Campos de Cima da Serra (CCS); Encosta do Sudeste
(EnS); Planalto Médio (PlM); Encosta Superior do Nordeste (ESN); Alto Uruguai (AlU); Depressão
Central (DeC); Serra do Sudeste (SeS); Campanha (Cam).
53
Figura 3. Título.
Figura 3. Mapa da distribuição das espécies do gênero Alsophila por regiões fisiográficas no Rio Grande do Sul.
Gênero Alsophila
A. capensis
A. setosa
A
54
B
Gênero Cyathea
C. atrovirens
C. corcovadensis
C. delgadii
Figura 4. Mapa da distribuição das espécies do gênero Cyathea por regiões fisiográficas no Rio Grande do Sul.
55
1
6
7
88
9
14
16
17
23
0
5
10
15
20
25
Espécies epifíticas
0
1
2
3
4
5
EIN Lit CCS EnS PlM ESN AlU DeC SeS Cam
Regiões fisiográficas
Espécies de Cyatheaceae
capensis à Encosta Inferior do Nordeste e aos Campos de Cima da Serra e C. delgadii à
Depressão Central e Encosta Inferior do Nordeste.
As famílias com representantes epifíticos formaram três grupos principais: um
comum em nove ou 10 regiões, formado por Blechnaceae (10), Aspleniaceae,
Hymenophyllaceae e Polypodiaceae (9); um segundo grupo intermediário em seis ou
sete regiões, formado por Vittariaceae (7) e Dryopteridaceae (6); e um terceiro grupo
restrito a duas regiões, formado por Pteridaceae. Um maior número de epífitos foi
registrado na Encosta Inferior do Nordeste (23), enquanto que o menor número foi
registrado na Campanha (1). De uma maneira geral, regiões fisiográficas com maior
riqueza de Cyatheaceae apresentaram maior riqueza de pteridoflora epifítica (Tab. 2 e
Fig. 5).
Figura 5. Riqueza específica de Cyatheaceae e de pteridófitas epifíticas em seus
cáudices por região fisiográfica, no Rio Grande do Sul. Encosta Inferior do Nordeste
(EIN); Litoral (Lit); Campos de Cima da Serra (CCS); Encosta do Sudeste (EnS);
Planalto Médio (PlM); Encosta Superior do Nordeste (ESN); Alto Uruguai (AlU);
Depressão Central (DeC); Serra do Sudeste (SeS); Campanha (Cam).
56
Considerando a continentalidade no Estado, Cyathea atrovirens e Alsophila
setosa foram as espécies de Cyatheaceae mais interioranas, ocorrendo em todos os
intervalos longitudinais, com exceção da segunda espécie que não foi registrada
depois de 55º de longitude oeste. A. capensis e C. delgadii ocorreram apenas na
metade oriental do Estado, ou seja, até 53º de longitude oeste. C. corcovadensis foi a
espécie que menos avançou em direção oeste, ficando restrita a formações florestais
bem próximas do oceano (Tab. 3).
As famílias com representantes epifíticos formaram três grupos principais:
um grupo comum ao longo de todos os intervalos formado pela família Blechnaceae;
um segundo grupo intermediário distribuído em três intervalos, que incluiu
Aspleniaceae, Dryopteridaceae, Hymenophyllaceae, Polypodiaceae e Vittariaceae; e
um terceiro grupo restrito a dois intervalos, formado pela família Pteridaceae (Tab.
3). A distribuição restrita de Pteridaceae em formações florestais, regiões
fisiográficas e em intervalos longitudinais deveu-se ao fato da família incluir apenas
duas espécies que alcançaram, acidentalmente, a condição de epifitismo. O número
de espécies de Cyatheaceae, bem como de pteridófitas epifíticas registradas em
relação à longitude constituiu uma seqüência decrescente em direção ao oeste (Fig.
5).
0
5
10
15
20
25
30
49º 51º 53º 55º 57º
Longitude (ºW GR)
Espécies epifíticas
0
1
2
3
4
5
6
Espécies de Cyatheaceae
Pteridófitas epifíticas Cyatheaceae
Figura 5. Riqueza específica de Cyatheaceae e de pteridófitas epifíticas em seus
cáudices em relação à continentalidade (longitude), no Rio Grande do Sul.
57
Tabela 3. Distribuição em relação à continentalidade (longitude) das espécies de
Cyatheaceae e de pteridófitas epifíticas em seus cáudices no Rio Grande do Sul.
Família/Espécie Intervalos longitudinais (ºW GR)
49
-
51
51
-
53
53
-
55
55
-
57
CYATHEACEAE
Alsophila capensis 1 1 0 0
Alsophila setosa 1 1 1 0
Cyathea atrovirens 1 1 1 1
Cyathea corcovadensis 1 0 0 0
Cyathea delgadii 1 1 0 0
ASPLENIACEAE
Asplenium claussenii 1 1 1 0
Asplenium gastonis 1 0 1 0
Asplenium harpeodes 1 0 0 0
Asplenium inaequilaterale 1 0 1 0
Asplenium incurvatum 1 0 0 0
Asplenium mucronatum 1 0 0 0
Asplenium scandicinum 1 1 1 0
Asplenium serra 1 0 0 0
BLECHNACEAE
Blechnum binervatum 1 1 1 0
Blechnum confluens 0 0 0 1
DRYOPTERIDACEAE
Ctenitis sp. 0 0 1 0
Lastreopsis amplissima 0 1 0 0
Polystichum sp. 0 1 0 0
Rumohra adiantiformis 1 1 0 0
HYMENOPHYLLACEAE
Trichomanes anadromum 1 0 0 0
Trichomanes angustatum 1 1 1 0
Trichomanes polypodioides 1 0 0 0
Trichomanes radicans 0 1 0 0
PTERIDACEAE
Adiantum raddianum 1 0 0 0
Doryopteris pedata 0 0 1 0
POLYPODIACEAE
Campyloneurum austrobrasilianum 1 1 0 0
Campyloneurum nitidum 1 1 1 0
Microgramma squamulosa 1 1 1 0
Microgramma tecta 1 0 0 0
Microgramma vacciniifolia 1 1 0 0
Niphidium rufosquamatum 1 1 1 0
Pecluma paradiseae 1 0 0 0
Pecluma pectinatiformis 1 1 1 0
Pecluma recurvata 1 0 0 0
Pecluma truncorum 1 1 0 0
Pleopeltis angusta 0 1 0 0
Polypodium catharine 1 1 0 0
Polypodium hirsutissimum 1 1 0 0
VITTARIACEAE
Vittaria lineata 1 1 1 0
58
Discussão
A riqueza de Cyatheaceae foi igual em diferentes tipos vegetacionais, com
exceção da floresta de ravina onde foi registrada apenas Cyathea atrovirens. Contudo, é
necessário salientar que foram incluídas na floresta ombrófila mista Alsophila capensis,
não mais encontrada in situ no presente estudo, bem como um registro excepcional de
C. atrovirens, citado por Fernandes (1997).
A floresta ombrófila densa é considerada como a formação vegetacional mais
rica em epífitos das florestas sul-brasileiras, seguida da floresta ombrófila mista e das
florestas estacionais (Rambo 1954; Klein 1975; Roderjan et al. 2002), sendo que o
mesmo é observado para a riqueza de filicíneas (Sehnen 1977; 1979). Porém, no
presente estudo foi observada uma riqueza específica de epífitos um pouco maior em
floresta estacional semidecidual, similar entre floresta ombrófila densa, formações
pioneiras e ombrófila mista e menor nas florestas deciduais e formações de ravina (no
extremo oeste do Estado). As diferenças observadas na riqueza do epifitismo em relação
ao encontrado por outros autores, nos diferentes tipos vegetacionais, podem estar
relacionadas com o grau de conservação das formações florestais, a exclusão de outros
grupos de plantas com epífitos vasculares, bem como com a especificidade,
verticalidade e localização do forófito no sub-bosque. Segundo Johansson (1989), em
poucos anos, a alteração das condições ambientais das florestas, decorrentes de sua
fragmentação e a redução de substrato ocasionada pela retirada de plantas que oferecem
suporte mecânico para os epífitos, resulta no empobrecimento da flora epifítica. A
riqueza de pteridófitas epifíticas diminui proporcionalmente ao grau de destruição das
florestas (Johansson 1989), sendo que florestas secundárias iniciais e tardias apresentam
pouca riqueza e abundância de epífitos (Budowski 1965). Os cáudices recebem pouca
luminosidade, em relação às copas das árvores, especialmente porque se desenvolvem
no sub-bosque e a sua verticalidade impede a deposição de grande quantidade de
substrato, dificultando o epifitismo.
Diante das observações de Christ (1910) e de Sehnem (1977) de que florestas de
encostas são ricas em filicíneas; e de Dislich & Mantovani (1998) e Nieder et al. (1999)
de que a riqueza de epífitos em áreas mais próximas a cursos d’água é maior, pode-se
supor que esses fatores contribuíram para explicar o número um pouco superior de
pteridófitas epifíticas na floresta estacional semidecidual. As estações de coleta nessa
59
formação florestal, sempre incluíram populações de ciateáceas ao longo de cursos
d’água e ou em encostas de morros, o que proporcionou uma umidade local maior,
favorecendo o epifitismo. Schmitt & Windisch (2005) registraram num levantamento de
epífitos vasculares em cáudices de Alsophila setosa, na floresta estacional semidecidual
de Morro Reuter e de Sapiranga (RS), um total de 16 espécies, das quais 14 eram
pteridófitas, ou seja, 67% do total de espécies encontrado no presente estudo, para esse
tipo vegetacional.
Embora as formações pioneiras sejam florestas de planície, que apresentam
elementos xeromórficos, sua riqueza específica foi praticamente igual à da floresta
ombrófila densa, possivelmente por encontrar-se em regiões onde ocorre maior
precipitação de chuvas e temperaturas elevadas (litoral norte do Estado), pelo contato de
seus limites com floresta ombrófila densa e pela ocorrência de várias espécies em
comum. A afinidade florística entre formações pioneiras e floresta ombrófila densa pode
ser evidenciada na figura 2.
Senna e Waechter (1997) realizaram um levantamento geral de pteridófitas em
floresta ombrófila mista, no município de São Francisco de Paula (RS) e encontraram
23 espécies epifíticas, incluindo forófitos de angiospermas e gimnospermas, ou seja,
seis espécies a mais daquelas inventariadas no presente estudo, restrito às ciateáceas. Os
autores comentaram que o predomínio de epífitos em relação às formas biológicas
terrestres, encontrado na área estudada, demonstra uma certa tropicalidade no ambiente
florestal. Em outra área de floresta ombrófila mista do mesmo município, Schmitt et al.
(2005) registraram 11 espécies de pteridófitas epifíticas tendo como forófito Dicksonia
sellowiana, ampliando para um total de 19 espécies quando foram incluídas espécies
epifíticas sobre forófitos arbóreos da mesma área. Tal fato demonstrou que a restrição
do forófito implica numa tendência de diminuição da riqueza epifítica.
A pobreza de epífitos na floresta estacional decidual está de acordo com as
observações de Sehnem (1977; 1979) para as diferentes formas biológicas de filicíneas.
Segundo esse autor, a baixa riqueza específica decorre da falta de ligações entre floresta
estacional decidual e ombrófila densa, ou no caso da existência delas é porque não
houve tempo suficiente para ocorrer a migração das espécies, em grande número, por
essa via. Em um levantamento pontual de epífitos vasculares realizado por Rogalski &
Zanin (2003), na floresta estacional decidual do Rio Uruguai, desfalcada de espécies
arbóreas de interesse econômico, foram encontradas sete espécies de pteridófitas, que
60
corresponderam a 10% do total de espécies epifíticas registradas. Esse número de
espécies pteridofíticas é mais baixo do que encontrado no presente estudo. Em floresta
de ravina (no extremo oeste do Estado), a ocorrência de uma espécie epifítica apenas
deve-se principalmente ao fato de que na estação de coleta havia uma população
reduzida de ciateáceas e de baixo porte. Além disso, especialmente no verão, podem
ocorrer déficits hídricos consideráveis nessa área (Quadros & Pillar 2002), dificultando
o epifitismo.
A partir da análise de similaridade florística, foi comprovada a heterogeneidade
de pteridófitas epifíticas associadas aos cáudices de Alsophila setosa em relação às de
Cyathea spp., bem como a forte influência dessa espécie forofítica como causa de
diferenciação florística. Além disso, demonstra que o tipo vegetacional é um fator com
influência menor nessa diferenciação. A afinidade entre os epífitos encontrados entre
floresta ombrófila densa e estacional semidecidual e entre essa última com a floresta
estacional decidual confirma a continuidade das florestas atlânticas e estacionais citadas
por Rambo (1961), Sehnem (1977) e Marchiori (2004). Também a similaridade entre
epífitos encontrados na floresta estacional decidual e ombrófila mista confirma o
contato de seus limites descrito por Teixeira et al. (1986) e a ocorrência de algumas
espécies da pteridoflora em comum como já citado por Sehnem (1977; 1979).
De um modo geral as regiões fisiográficas com maior número de epífitos
coincidiram com aquelas que apresentaram os tipos vegetacionais com o maior número
de pteridófitas epifíticas, bem como maior riqueza específica de Cyatheaceae. A
Encosta Inferior do Nordeste, região fisiográfica com maior número de pteridófitas
epifíticas, abriga áreas de floresta estacional semidecidual ao longo de encostas de
morros ou de cursos d’água, com populações de Cyatheaceae, favorecendo o epifitismo,
tal como discutido anteriormente. Para essa região, registros de ocorrência de
Alsophila capensis, A. setosa, Cyathea atrovirens e C. delgadii, sendo que foram
registrados epífitos em forófitos das três últimas espécies. O Litoral, região fisiográfica
com o segundo maior número de epífitos, abriga áreas de floresta ombrófila densa e de
formações pioneiras, que também apresentaram uma alta diversidade de epífitos. Além
disso, também foram encontradas populações de três espécies de Cyatheaceae (A.
setosa, C. atrovirens e C. corcovadensis). A diversidade epifítica dos Campos de Cima
da Serra, região fisiográfica com o terceiro maior número de epífitos, equivale àquela
61
encontrada em floresta ombrófila mista na escarpa da serra, apenas sobre forófitos de A.
setosa, embora existam registros de ocorrência de A. capensis e de C. atrovirens.
De um modo geral, as regiões fisiográficas com menor número de epífitos
coincidiram com aquelas que apresentaram os tipos vegetacionais com menor número
de pteridófitas epifíticas, bem como menor riqueza específica de Cyatheaceae. Na
região da Campanha, foi encontrada apenas uma espécie epifítica (acidental) em
Cyathea atrovirens, numa floresta de ravina, que em decorrência da continentalidade de
sua posição não favorece o epifitismo, tal como discutido anteriormente. Regiões
fisiográficas com floresta estacional decidual, tal como Depressão Central e Alto
Uruguai, também não apresentaram um número alto de pteridófitas epifíticas.
Na Serra do Sudeste, os epífitos foram coletados em floresta estacional
semidecidual, sendo que essa região apresentou o segundo menor número de epífitos,
também sobre apenas uma espécie forofítica (Alsophila setosa). A Serra do Sudeste
localiza-se depois do paralelo 30º, onde um predomínio da vegetação campestre, que
por sua vez não é um hábitat favorável para um grande número de pteridófitas, sendo
que o número de espécies vai se diluindo cada vez mais, em direção às latitudes mais
austrais (Sehnem 1977). Além disso, a deficiência hídrica nos meses de verão, a
diminuição gradual das temperaturas médias e o aumento do número de geadas anuais
estão fortemente relacionados com a riqueza decrescente de epífitos vasculares em
direção ao sul (Waechter 1992; 1998).
Foi encontrado um gradiente decrescente de diversidade epifítica no sentido
leste-oeste, ao longo de todo o Estado. A riqueza específica dos epifítos e dos forófitos
diminui gradativamente com o aumento da continentalidade, em direção às regiões mais
secas e interiores, até o extremo oeste. Vieder et al. (1997) destacaram que a
diversidade da vegetação epifítica é maior em áreas com maiores precipitações, tal
como observado no presente estudo. Sehnem (1977; 1979) observou que as pteridófitas,
bem como os epífitos em geral são pouco abundantes nas florestas do oeste, sendo que
as espécies que lá ocorrem são as mais vastamente dispersas no Estado. De fato, todas
as espécies encontradas na metade oeste (a partir de 53
º
W) não foram exclusivas,
ocorrendo em dois ou mais intervalos (Tab. 3), com exceção de três epífitos acidentais
(Blechum confluens, Ctenitis sp e Doryopteris pedata (L.) Fée) registrados apenas em
um intervalo de longitude. De uma maneira geral, o aumento gradual das médias de
temperatura, da deficiência hídrica, da existência de formações campestres, bem como a
62
redução da riqueza e abundância de Cyatheaceae são concomitantes à diminuição da
riqueza de pteridófitas epifíticas, à medida que aumenta a distância relativa do oceano,
em direção ao oeste do Rio Grande do Sul.
Pela análise da distribuição vegetacional, geográfica e longitudinal percebeu-se
que as espécies de Cyatheaceae amplamente distribuídas no Rio Grande do Sul foram
Alsophila setosa e Cyathea atrovirens. O presente estudo ampliou o limite de
distribuição oeste de C. atrovirens, até a região da Campanha, visto que até então não
havia registro dessa espécie, em área tão interiorana e afastada do oceano Atlântico.
Além disso, essa espécie foi a que apresentou registros mais austrais. A. capensis e C.
delgadii apresentaram seu limite de distribuição até 53º de longitude. Considerando que
C. delgadii foi encontrada nas formações florestais da Depressão Central, juntamente
com Euterpe edulis Mart., fica evidenciado o seu vínculo com a floresta ombrófila
densa (Atlântica) e sua interiorização no Rio Grande do Sul. Por outro lado, C.
corcovadensis foi encontrada apenas no litoral norte, sendo que se trata também de uma
espécie atlântica que poderá avançar para o interior no Estado, com o decorrer do
tempo. Contudo, C. corcovadensis é uma espécie bastante vulnerável à extinção no
Estado, em decorrência de sua distribuição restrita e de seu tamanho populacional local
reduzido. Nas formações florestais onde a espécie foi encontrada foi registrada intensa
ação antrópica e de pastoreio do gado, que inclusive se alimentava das frondes jovens
das plantas, contribuindo para a redução do número de indivíduos da população. Além
disso, C. corcovadensis apresenta uma germinação relativamente baixa, o que contribui
para explicar sua distribuição reduzida no Estado (A. M. Randi, comunicação pessoal).
A. capensis provavelmente desapareceu totalmente da vegetação, visto que não foram
encontrados registros atuais de ocorrência de populações da espécie, indicando um
problema sério de conservação da mesma no Rio Grande do Sul. Para proteger as
ciateáceas do Estado é necessário conservar os remanescentes florestais em que as
espécies ainda são atualmente encontradas.
A composição da pteridoflora epifítica em cáudices de Cyatheaceae também
sugere que as espécies seguiram a rota leste como principal caminho de migração,
proposta por Sehnem (1977; 1979) para as filicíneas, por Rambo (1951; 1961) e Klein
(1975) para as florestas do sul do Brasil. Segundo Rambo (1961) e Sehnem (1977;
1979), essa rota migratória, mais nova de que a oeste, entrou no Estado por uma
passagem muito estreita, localizada entre os “Aparados da Serra” e o oceano, chamada
63
de “Porta de Torres”. As espécies mais típicas dessa rota encontradas no presente estudo
e citadas por Sehnem (1977; 1979) foram: Asplenium serra Langsd. & Fisch., A.
claussenii Hieron., Campyloneurum nitidum C.Presl, Microgramma tecta (Kaulf.)
Alston, M. vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel., Pecluma paradiseae (Langsd. &
Fisch.) M.G.Price, P. pectinatiformis (Lindm.) M.G.Price, P. recurvata (Kaulf.)
M.G.Price, Polypodium catharine Langsd & Fisch., Rumohra adiantiformis (G.Forst.)
Ching, Trichomanes angustatum Carmich. e T. polypodioides L. Dentre essas espécies
as mais austrais foram A. claussenii, C. nitidum, M. vacciniifolia, P. pectinatiformis, R.
adiantiformis, T. angustatum, além de Blechnum binervatum (Poir.) C.V. Morton &
Lellinger e M. squamulosa (Kaulf.) de la Sota.
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul UFRGS, pela oportunidade de realização deste estudo. Ao Centro
Universitário FEEVALE, pela concessão de bolsa auxílio-doutorado. Ao Ismael Franz
pela formatação das figuras. À Michele Nervo pela elaboração dos mapas. Aos
professores, colegas do pós-graduação, alunos, familiares e amigos que auxiliaram na
localização de populações de plantas e ou no campo.
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67
Capítulo III
68
Distribuição vertical das pteridófitas epifíticas em cáudices de Cyatheaceae no
Estado do Rio Grande do Sul, Brasil
RESUMO (Distribuição vertical das pteridófitas epifíticas em cáudices de
Cyatheaceae no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil). A estrutura da pteridoflora
epifítica em cáudices de Cyatheaceae, no Rio Grande do Sul, Brasil, foi analisada em
relação à distribuição vertical das espécies. O número mínimo, máximo e a média de
espécies por cáudice foi, respectivamente, um, sete e 2,34. A correlação fraca entre
altura do forófito e número de espécies indica uma pequena tendência de aumentar a
riqueza em plantas mais altas. As famílias com menor amplitude vertical são aquelas
que preferem ou toleram muita umidade e pouca luz (Hymenophyllaceae),
hemiepifíticas (Blechnaceae) ou de epífitas acidentais (Pteridaceae). O contrário foi
observado para Aspleniaceae e Polypodiaceae, cujas espécies são predominantemente
holoepífitas habituais e que possuem adaptações para tolerar menos umidade e mais
exposição à luz.
Palavras-chave: samambaias arborescentes, estratificação vertical, epifitismo,
pteridoflora, sul do Brasil.
69
ABSTRACT (Vertical distribution of epiphytic pteridophytes on caudexes of
Cyatheaceae in the State of Rio Grande do Sul, Brazil). The structure of the epiphytic
pteridoflora on caudexes of Cyatheaceae in the State of Rio Grande do Sul, Brazil, has
been analyzed as to the vertical distribution of the species. The maximal, minimal and
average numbers of species by caudex were one, seven, and 2.34. The weak correlation
between the phorophytes height and the number of species indicates a small tendency of
increase the richess in taller plants. The families with smaller vertical amplitude are
those that prefer or tolerate high humidity and low light levels (Hymenophyllaceae),
hemiepiphytes (Blechnaceae) or the accidental epiphytes (Pteridaceae). The contrary
was observed for Aspleniaceae and Polypodiaceae, where the species predominantly
habitual holoepiphytes and present adaptations tolerating less humid and more light-
exposed conditions.
Key words: tree-ferns, vertical stratification, epiphytism, pteridoflora, southern Brasil
70
Introdução
As pteridófitas constituem um importante grupo de plantas com cerca de 9.000
a 12.000 espécies vivas distribuídas em todo o mundo (Tryon & Tryon 1982; Windisch
1992), sendo que há estimativas que apontam para um total de 15.000 espécies (Roos
1995). Dessas, cerca de 2600 são epifíticas (Kress 1986). Apesar do epifitismo destacar-
se dentro desse grupo de plantas, ele ainda é pouco estudado.
Define-se como epífito a planta que utiliza apenas o suporte mecânico
oferecido pela espécie hospedeira, durante todo o seu ciclo de vida ou parte dele
(Madison 1977; Benzing 1987; 1989). Os cáudices das samambaias arborescentes
servem como suporte para a existência de várias plantas epifíticas. No Brasil,
especialmente no Estado do Rio Grande do Sul, ocorrem cinco espécies arborescentes
de Cyatheaceae (Alsophila capensis (L.f.) J.Sm., A. setosa Kaulf., Cyathea atrovirens
(Langsd. & Fisch.) Domin, C. corcovadensis (Raddi) Domin, e C. delgadii Sternb.) e
uma de Dicksoniaceae (Dicksonia sellowiana Hook.).
As plantas epifíticas apresentam um padrão de distribuição vertical específico,
que provavelmente reflete tolerâncias ecológicas diferenciadas para umidade e
luminosidade (Johansson 1974). No mundo, vários pesquisadores analisaram a
distribuição vertical dos epífitos vasculares no interior das florestas, dentre os quais
podemos destacar Hazen (1966), Johansson (1974), Benzing (1989; 1990), Brown
(1990), Bøgh (1992), Zimmerman & Olmsted (1992), Ingran & Nadkarni (1993), Hietz
& Hietz-Seifert (1995a, b), Kernan & Fowler (1995) e Nieder et al. (1999; 2000). No
Brasil, Tryon & Conant (1975) apresentaram a distribuição vertical de Elaphoglossum
glabellum J.Sm. e Polypodium nanum Fée em árvores da Amazônia. Fontoura (1995)
estudou a distribuição vertical de Bromeliaceae em Macaé de Cima, Rio de Janeiro.
Posteriormente, no mesmo Estado, Fontoura (2001) estudou a estratificação e a
contribuição na disponibilização de recursos para a fauna de epífitos vasculares, na
Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá. Ainda na região sudeste, Fisher & Araújo
(1995) investigaram a organização espacial de uma comunidade de bromélias da
floresta atlântica. No Paraná, Kersten & Silva (2001) analisaram a estrutura vertical do
componente epifítico vascular em floresta da planície litorânea, na Ilha do Mel. Ainda
no mesmo estado, Kersten & Silva (2002) investigaram a distribuição vertical de
epífitos vasculares, na floresta ombrófila mista. Waechter (1992; 1998) apresentou
71
aspectos interessantes da distribuição vertical de epífitos vasculares no litoral do Rio
Grande do Sul. Rogalski & Zanin (2003) realizaram um estudo da estratificação vertical
de epífitos vasculares na floresta estacional do rio Uruguai. Gonçalves & Waechter
(2002) apresentaram padrões de distribuição e abundância de plantas epifíticas em
figueiras isoladas, no litoral do Estado. Giongo e Waechter (2004) analisaram a
estrutura comunitária de epífitos vasculares em floresta de galeria, no município de
Eldorado do Sul. Embora haja um esforço de vários pesquisadores no estudo da
distribuição vertical da flora epifítica, trabalhos analisando exclusivamente a
distribuição de epífitos em geral ou de pteridófitas epifíticas em samambaias
arborescentes são praticamente inexistentes. Nesse contexto, destacam-se os trabalhos
de Heatwole (1993) sobre distribuição de epífitos em Blechnum palmiforme (Thouars)
C.Char., na ilha Gough do Atlântico Sul, bem como o de Schmitt et al. (2005) sobre
estratificação vertical da pteridoflora epifítica, em cáudices de Dicksonia sellowiana
Hook., na floresta ombrófila mista, São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul, Brasil.
O presente estudo tem como objetivo analisar a distribuição vertical das
pteridófitas epifíticas em cáudices de Cyatheaceae, em diferentes formações florestais,
no Estado do Rio Grande do Sul.
Material e métodos
Área de estudo O Estado do Rio Grande do Sul está situado entre os paralelos
27º e 34ºS e os meridianos 49º e 58ºW, ou seja, em uma zona subtropical. O clima é
essencialmente do tipo Cfa de acordo com a classificação climática de Köppen, com
exceção de uma área mais elevada do planalto nordeste que é enquadrada no tipo Cfb.
Distribuição vertical O estudo da distribuição vertical considerou as espécies
de pteridófitas epifíticas registradas durante o levantamento florístico realizado por
Schmitt (2005, vide capítulo I), em diferentes formações florestais do Rio Grande do
Sul. Foi registrada a espécie e a altura total do forófito, bem como o seu número de
espécies de pteridófitas epifíticas. Para se avaliar se correlação entre altura total e
número de espécies foi realizado teste de correlação de Pearson (r) ou produto-momento
(Zar 1999). Para cada espécie epifítica foi registrada a altura mínima e máxima de
localização no forófito, sendo que quando ocorria apenas um espécime foi atribuído o
mesmo valor para ambas alturas. Posteriormente, foram calculadas as médias de altura
mínima e máxima das espécies. As médias das espécies com freqüência maior ou igual
72
a sete foram comparadas entre si pelo teste de Kruskal-Wallis, a um nível de
significância de 5%.
Resultados
Distribuição vertical Foram amostrados um total de 281 forófitos, medindo em
média 4,03 m (±1,90) de altura. Foram registrados epífitos em forófitos com, no
mínimo, 30 cm e, no máximo, 9 m de altura. O número total de pteridófitas epifíticas foi
34. O número mínimo e máximo de espécies por cáudice foi, respectivamente, um e
sete. O número máximo observado foi em um forófito de Alsophila setosa, medindo
5,50 m de altura. As samambaias arborescentes sem epífitos foram excluídas da
amostra, visto que em muitas estações de coleta haviam populações com muitos
indivíduos sem essa categoria ecológica associada. Em média, foram encontradas 2,34
(±1,33) espécies por forófito. O coeficiente de correlação de Pearson (r) encontrado
entre a altura do forófito e número de espécies foi de 0,326 (p<0,001, n = 281). Embora
o resultado encontrado seja significativo, estatisticamente, altura e número de espécies
estão fracamente correlacionados (Fig. 1).
De acordo com a distribuição vertical nos forófitos as famílias pteridofíticas com
representantes epifíticos no Rio Grande do Sul formaram três grupos principais: um
grupo de menor amplitude vertical, formado por Pteridaceae, Hymenophyllaceae e
Blechnaceae; um segundo grupo de amplitude vertical intermediária, formado por
Vittariaceae e Dryopteridaceae; e um terceiro grupo de maior amplitude vertical,
formado por Polypodiaceae e Aspleniaceae (Fig. 2).
73
y = 0,0023x + 1,4197
R
2
= 0,1061
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 200 400 600 800 1000
Altura do forófito (cm)
Número de espécies
Figura 1. Correlação entre altura dos forófitos e número de espécies de pteridófitas
epifíticas em cáudices de Cyatheaceae no Rio Grande do Sul.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
PTE HYM BLE VIT DRY POL ASP
Famílias
Amplitude (m)
Figura 2. Amplitude vertical das famílias de pteridófitas epifíticas associadas aos
cáudices de Cyatheaceae no Rio Grande do Sul. ASP = Aspleniaceae, BLEC =
Blechnaceae, DRY = Dryopteridaceae, HYM = Hymenophyllaceae, POL =
Polypodiaceae PTE = Pteridaceae, VIT = Vittariaceae.
74
De acordo com a análise estatística, as médias mínimas das alturas de
localização das espécies de Polypodiaceae nos cáudices de Cyatheaceae não foram
significativamente diferentes entre si, com exceção de Polypodium catharine Langsd. &
Fisch. que apresentou uma média menor de que Microgramma squamulosa (Kaulf.) de
la Sota. O mesmo fato foi constatado para a família Aspleniaceae, com exceção de
Asplenium claussenii Hieron. que apresentou média menor de que A. scandicinum
Kaulf. Da mesma forma, para as espécies de Polypodiaceae, a análise estatística
mostrou que as médias máximas das alturas de localização das plantas nos cáudices de
Cyatheaceae não foram significativamente diferentes entre si, com exceção de P.
catharine que apresentou uma média menor que Pecluma truncorum (Lindm.)
M.G.Price. O mesmo fato foi constatado para a família Aspleniaceae, com exceção de
A. claussenii que apresentou média menor de que de A. scandicinum e A. gastonis Fée.
As médias das alturas mínimas e máximas das espécies de Hymenophyllaceae foram
estatisticamente iguais entre si. Além disso, as médias das mínimas tanto de
Trichomanes polypodioides L. como de T. angustatum Carmich. foram estatisticamente
iguais a de Blechnum binervatum (Poir.) C.V.Morton & Lellinger e A. claussenii (Tab.
1).
Analisando-se a distribuição vertical das espécies desconsideradas na análise
estatística (Tab. 1), observou-se a tendência de holoepífitos acidentais (Asplenium
inaequilaterale Wild., Asplenium serra Langsd. & Fisch., Blechnum confluens Schltdl.
& Cham., Ctenitis sp., Lastreopsis amplissima (C.Presl) Tindale, Poslysticum sp.,
Adiantum raddianum C.Presl e Pecluma paradiseae (Langsd. & Fisch.) M.G.Price) ou
de espécies de Hymenophyllaceae (Trichomanes anadromum Rosenst. e T. radicans
Sw.) apresentarem as menores médias mínimas e máximas de altura de estabelecimento
nos cáudices de Cyatheaceae. O contrário foi observado para holoepífitos habituais das
famílias Polypodiaceae (Microgramma tecta (Kaulf.) Alston, Niphidium
rufosquamatum Lellinger, Pleopeltis angusta Humb. & Bonpl. ex Willd., Polypodium
hirsutissimum Raddi) e Aspleniaceae (Asplenium incurvatum Fée).
75
Tabela 1. Médias das alturas mínimas e máximas de localização nos cáudices de
Cyatheaceae, e freqüência sobre indivíduos forofíticos das espécies de pteridófitas
epifíticas.
Família/Espécie X h mín ± DP (cm) X h máx ± DP (cm) FAi
ASPLENIACEAE
Asplenium claussenii 55,79 ± 57,48 (a,b)* 78,04 ± 70,39 (a) 24
Asplenium gastonis 175,85 ± 79,07 (b,c,d) 349,57 ± 121,78 (b,c) 7
Asplenium harpeodes 131,66 ± 59,65 147,66 ± 55,19 3
Asplenium inaequilaterale 62 ± 48,08 91 ± 59,25 4
Asplenium incurvatum 390 390 1
Asplenium mucronatum 99,25 ± 47,58 (b,c) 168,12 ± 67,22 (a,b) 8
Asplenium scandicinum 195,25 ± 127,39 (c,d) 249,88 ± 148,99 (b,c) 51
Asplenium serra 22,2 ± 28,54 22,2 ± 28,54 5
BLECHNACEAE
Blechnum binervatum 40,13 ± 45,63 (a,b) 88,73 ± 64,90 (a) 106
Blechnum confluens 10 10 1
DRYOPTERIDACEAE
Ctenitis sp. 45 45 1
Lastreopsis amplissima 62 62 1
Polystichum sp. 4 4 1
Rumohra adiantiformis 187,17 ± 115,96 (c,d) 242,52 ± 117,03 (b,c) 40
HYMENOPHYLLACEAE
Trichomanes anadromum 15,33 ± 12,22 29,66 ± 20,55 3
Trichomanes angustatum 21,11 ± 43,82 (a,b) 81,80 ± 57,22 (a) 62
Trichomanes polypodioides 15,41 ± 11,97 (a) 105,88 ± 72,79 (a,b) 17
Trichomanes radicans 9 125 1
PTERIDACEAE
Adiantum raddianum 101 101 1
Doryopteris pedata 210 260 1
POLYPODIACEAE
Campyloneurum austrobrasilianum 175,42 ± 62,36 (b,c,d) 211,14 ± 89,78 (a,b,c) 7
Campyloneurum nitidum 153,95 ± 105,63 (b,c,d) 247,95 ± 158,83 (b,c) 87
Microgramma squamulosa 226,81 ± 118,52 (d) 334,90 ± 155,47 (b,c) 22
Microgramma tecta 380 400 1
Microgramma vacciniifolia 147,32 ± 97,66 (b,c,d) 283,7 ± 159,13 (b,c) 40
Niphidium rufosquamatum 315,66 ± 102,07 337,33 ± 96,43 6
Pecluma paradiseae 18,33 ± 7,63 18,33 ± 7,63 3
Pecluma pectinatiformis 195,64 ± 112,87 (c,d) 311,28 ± 146,87 (b,c) 39
Pecluma recurvata 113,66 ± 33,43 113,66 ± 33,43 6
Pecluma truncorum 208,78 ± 115,55 (c,d) 383,95 ± 162,38 (c) 23
Pleopeltis angusta 248,25 ± 42,67 258,5 ± 53,25 4
Polypodium catharine 95,65 ± 111,63 (b,c) 119,06 ± 122,95 (a,b) 32
Polypodium hirsutissimum 295,5 ± 155,87 300,25 ± 157,27 4
VITTARIACEAE
Vittaria lineata 174,90 ± 116,89 (b,c,d) 196,22 ± 108,78 (a,b) 22
X = média; DP = desvio-padrão; FAi = freqüência sobre indivíduos forofíticos; * médias com pelo menos
uma letra em comum não diferem entre si (p < 0,05) e as seguidas de letras diferentes diferem
significativamente pelo teste de Kruscal Wallis; médias que não apresentam letras em seguida foram
excluídas do teste porque FAi < 7.
76
Discussão
O número mínimo de espécies de pteridófitas sobre o forófitos de Cyatheaceae
foi igual e o número máximo foi inferior ao encontrado por Heatwole (1993) em
Blechnum palmiforme (5), e por Schmitt et al. (2005) em Dicksonia sellowiana (6). A
média de espécies epifíticas foi menor daquela encontrada por Heatwole (1993) em B.
palmiforme (3,1 espécies de pteridófitas/cáudice) e por Gonçalves e Waechter (2002)
em figueiras isoladas (3,35 espécies de epífitos vasculares/fuste). Por outro lado,
Rogalski & Zanin (2003) e Giongo & Waechter (2004) encontraram, respectivamente,
um total de quatro e nove espécies de pteridófitas nos fustes das árvores. O número total
(34) de espécies pteridofíticas do presente estudo expressivamente maior daquele
registrado em fustes de forófitos arbóreos, ressalta a importância da conservação das
Cyatheaceae para a preservação de uma parte da flora epifítica do Rio Grande do Sul.
Embora fustes e cáudices sejam semelhantes quanto à verticalidade, possivelmente
esses últimos devem ter condições mais favoráveis para a pteridoflora epifítica.
Heatwole (1993) e Schmitt et al. (2005) encontraram correlação entre riqueza da
pteridoflora epifítica e altura de samambaia arborescente, tal como no presente estudo.
A fraca correlação encontrada entre riqueza e altura no presente estudo, deve-se ao fato
de que a maioria dos forófitos (172) apresentou, independentemente da altura, apenas
uma ou duas espécies epifíticas. Foram observados cáudices com grandes áreas
disponíveis para colonização de epífitos e outros com extensas áreas cobertas por um
número reduzido de espécies extremamente abundantes. Apesar de não ser objetivo do
presente trabalho, percebeu-se que Campyloneurum nitidum C.Presl, Microgramma
squamulosa, M. vacciniifolia (Kaulf.) de la Sota, Pecluma pectinatiformis (Lindm.)
M.G.Price e P. truncorum, todas espécies de crescimento reptante da família
Polypodiaceae, cobriam grandes áreas nos forófitos. Ao contrário do presente estudo,
Waechter (1998) e Kersten & Silva (2002) não encontraram correlação entre altura e
riqueza específica de epífitos vasculares em forófitos arbóreos.
As famílias com menor amplitude vertical são aquelas que predominantemente
preferem ou toleram muita umidade e pouca luminosidade (Hymenophyllaceae),
hemiepifíticas (Blechnaceae) ou que apresentaram epifitismo acidental. Benzing (1987)
destacou que as espécies de Hymenophyllaceae possuem frondes com ponto de
saturação luminosa baixo, permitindo que as espécies possam ocupar os estratos
inferiores. Nos estudos realizados por Hietz & Hietz-Seifert (1995b), Nieder et al.
77
(1999) e Schmitt et al. (2005) as frondes de Hymenophyllaceae encontravam-se restritas
aos menores intervalos de altura. As menores médias de altura de estabelecimento de
espécies de Blechnaceae nos cáudices de Cyatheaceae deveram-se ao fato de que
Blechnum binervatum (hemiepífito) germina no solo e, posteriormente, estabelece
ligação com o forófito, ocupando, conseqüentemente, estratos inferiores e de que B.
confluens apresenta epifitismo acidental. As espécies de Dryopteridaceae (com exceção
de Rumohra adiantiformis) e Pteridaceae são epífitos acidentais ocorreram nos estratos
inferiores, em decorrência das condições semelhantes de umidade e luminosidade entre
solo e base dos forófitos.
O padrão intermediário de amplitude vertical em Vittariaceae resultou da
participação de apenas uma espécie (Vittaria lineata (L.) Sm.). Em Dryopteridaceae
resultou da ocorrência de Rumohra adiantiformis (epífito facultativo), em estratos de
maior altura, uma vez que as demais espécies da família apresentaram médias de altura
inferiores.
As famílias de maior amplitude vertical (Aspleniaceae e Polypodiaceae) são
também as que apresentaram maior riqueza específica, sendo que as espécies que
ocupam as porções mais apicais dos cáudices são predominantemente holoepífitas
habituais e apresentam estratégias e adaptações para tolerar maior luminosidade e
menor umidade. Dentre essas estratégias e adaptações, destacam-se a poiquiloidria,
rizomas suculentos, hábito nidular e tricomas (Müller et al. 1981; Benzing 1987; 1990;
Waechter 1992). O número reduzido de espécies com baixas médias de altura de
estabelecimento nos cáudices, observado em espécies de Aspleniaceae e Polypodiaceae
coincidiu com o número reduzido de espécies preferencialmente terrestres, a saber:
Asplenium claussenii, A. inaequilaterale Willd., A. serra e Pecluma paradiseae.
De modo geral, considerando os requerimentos de umidade e luminosidade das
espécies pode-se separá-las em dois grandes grupos: um formado por aquelas que
necessitam ou toleram mais umidade e menos luz (com médias mínimas e máximas
<150 cm); e outro formado por aquelas que necessitam ou toleram menos umidade e
mais luz (com médias mínimas e máximas >150 cm). Os cáudices das samambaias
arborescentes representam um habitat vertical no interior das florestas, com condições
microclimáticas diferenciadas para os epífitos. A luz aumenta e a umidade diminui do
solo ao dossel da floresta (Parker 1995), formando gradientes ambientais ao longo dos
forófitos que são explorados por grupos específicos de plantas epifíticas (Rogalski &
Zanin 2003). A ocorrência de muitas espécies, inclusive de famílias diferentes, com
78
médias de altura mínimas e máximas semelhantes, encontradas no presente estudo,
reflete a similaridade de suas exigências e tolerâncias ecológicas na conquista do
ambiente epifítico.
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul UFRGS, pela oportunidade de realização deste estudo. Ao Centro
Universitário FEEVALE, pela concessão de bolsa auxílio-doutorado. Ao Ismael Franz
pela formatação das figuras e tabelas.
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Zimmerman, J.K. & Olmsted, I.C. 1992. Host tree utilization by vascular epiphytes in a
seasonally inundated forest (Tintal) in Mexico. Biotropica 24: 402-407.
81
Capítulo IV
82
Estrutura populacional e desenvolvimento da fase esporofítica de Cyathea delgadii
Sternb. (Cyatheaceae, Pteridophyta) no sul do Brasil
RESUMO – (Estrutura populacional e desenvolvimento da fase esporofítica de Cyathea
delgadii Sternb. (Cyatheaceae, Pteridophyta) no sul do Brasil). Cyathea delgadii Sternb.
é uma pteridófita arborescente que ocorre em florestas primárias e secundárias da região
nordeste até o sul do Brasil. O presente estudo discute a estrutura populacional e o
desenvolvimento da fase esporofítica (crescimento do cáudice, produção de frondes,
fenologia da produção de esporos) de C. delgadii, em floresta secundária, no Estado do
Rio Grande do Sul, Brasil, baseado na observação de 41 plantas, durante 13 meses. A
espécie apresentou padrão espacial agregado e uma freqüência expressivamente alta de
indivíduos de menor altura, indicando um grande potencial de regeneração da
população. O crescimento do cáudice foi de 4,65 cm.ano
-1
, sendo que plantas mais altas
apresentaram uma variação maior na sua altura. As taxas de produção de frondes novas
(5,75 frondes.ano
-1
) e de senescência (4,92 frondes.ano
-1
) similares evidenciaram uma
capacidade de manter um número de frondes estável. Poucas plantas formaram frondes
férteis, sendo que a produção e liberação dos esporos ocorreram assincronicamente.
Palavras-chave: samambaias arborescentes, ecologia, distribuição espacial, fenologia,
taxas de crescimento
83
ABSTRACT - (Populational structure and development of the sporophytic phase of
Cyathea delgadii Sternb. (Cyatheaceae, Pteridophyta) in Southern Brazil). Cyathea
delgadii Sternb. is a tree-fern which grows in primary and secondary forests from
Norhteastern to Southern Brazil. The present study discusses the population structure
and the development of the sporophytic phase (caudex growth, frond production,
phenology of spore production) of C. delgadii, in a secondary forest in the State of Rio
Grande do Sul, Brazil, based on the observation of 41 plants, during a 13 month period.
The species presented an aggregated spatial distribution pattern and an expressive
higher frequency of smaller individuals, indicating a great potential for the regeneration
of the population. The caudex growth was of 4.65 cm.year
-1
, while the taller plants
presented a larger variation of their height. The similar frond production rate (5.75
fronds.year
-1
) and senescence (4.92 fronds.year
-1
) rate, reflect the capacity of
maintaining a stable number of fronds. Only a few plants formed fertile fronds, while
the production and liberation of the spores occurs in a asynchronous pattern.
Key words: tree-ferns, ecology, spatial distribution, phenology, growth rates
84
Introdução
Existem relativamente poucos estudos sobre a ecologia e desenvolvimento de
pteridófitas arborescentes (Gomez 1983; Walker & Aplet 1994; Bittner & Breckle 1995;
Schmitt & Windisch 2005), sendo que essas plantas são um componente importante das
florestas tropicais e subtropicais do mundo (Tryon & Tryon 1982; Ash 1987; Arens &
Smith 1998).
Cyathea delgadii Sternb. é uma ciateácea de porte arborescente, que ocorre na
Costa Rica, Panamá, ao redor da bacia Amazônica e nas regiões Nordeste, Centro-
Oeste, Sudeste e Sul do Brasil (Holttum & Edwards 1983; Tryon 1986). No Rio Grande
do Sul, C. delgadii cresce em baixas altitudes (30 a 290m), nas florestas dos taludes dos
morros da depressão central (Fernandes 1997) e na encosta inferior do nordeste, ao
longo de linhas de drenagem ou em vertentes rochosas úmidas, com cobertura rasa de
solo arenoso. A espécie está desaparecendo em decorrência da fragmentação e
destruição dos habitats florestais, sendo que atualmente, no Rio Grande do Sul, suas
populações são reduzidas e muitas vezes desfalcadas de indivíduos jovens. Além disso,
C. delgadii representa um alvo de exploração extrativista, sendo que seus cáudices são
utilizados como substrato para cultivo de orquídeas, bem como mourãos de cerca, por
apresentarem um fuste reto, relativamente liso e de alta dureza (Sylvestre & Kurtz
1994).
O manejo das florestas tropicais para utilização de seus recursos ou conservação
depende da compreensão da dinâmica populacional (Van Groenendael et al. 1996),
mediante a realização de estudos sobre a caracterização da estrutura populacional
(Caldato et al. 1999; Nascimento et al. 2001; 2002) e o desenvolvimento das plantas.
Estudos sobre a caracterização de populações de pteridófitas arborescentes, de diversas
regiões do mundo, foram realizados por Tanner (1983), Young & León (1989; 1991),
Poulsen & Nielsen (1995), Nicholson (1997) e Arens e Sánchez Baracaldo (1998). Por
outro lado, trabalhos que apresentam informações sobre o desenvolvimento da fase
esporofítica das samambaias arborescentes foram realizados por Wick & Hashimoto
(1971), Conant (1976), Seiler (1981; 1984; 1995), Tanner (1983), Ortega (1984), Ash
(1986; 1987), Walker & Aplet (1994), Bittner & Breckle (1995), Arens & Smith (1998),
Bernabe et al. (1999), Arens & Sánchez Baracaldo (2000), Arens (2001) e Durand &
Goldstein (2001). Dentre esses trabalhos, apenas o realizado por Bittner & Breckle
85
(1995), na Costa Rica, apresentou informações sobre Cyathea delgadii, relacionando
habitat, crescimento do cáudice e idade das plantas.
No trópico e subtrópico úmido brasileiro, são escassos os trabalhos que discutem
a caracterização populacional (Schmitt & Windisch 2005) ou o desenvolvimento
(Schmitt & Windisch 2001; Schmitt & Windisch 2003) das ciateáceas, sendo que
apenas Marcondes-Ferreira & Felippe (1984), Randi & Crozier (1991) e Randi &
Felippe (1988a,b,c,d,e,f) apresentaram informações sobre Cyathea delgadii, com
especial atenção à germinação de esporos. Trabalhos de taxonomia (Holttum &
Edwards 1983), de estrutura e dinâmica (Mantovani 1993), de florística (Klein 1979;
Sylvestre & Kurtz 1994) ou de plantas ornamentais (Hoehne 1930) contém dados
sucintos sobre C. delgadii. No entanto, conhecimentos sobre a estrutura populacional,
taxas de crescimento do cáudice, das frondes e a fenologia da produção de esporos
dessa espécie são praticamente inexistentes.
Diante desse contexto, o presente estudo tem como objetivos: (1) caracterizar a
estrutura populacional, indicando o padrão de distribuição espacial e em classes de
altura; (2) descrever o desenvolvimento de esporófitos, apresentando diferentes
parâmetros de crescimento e da fenologia da produção de esporos; (3) contribuir para a
compreensão da dinâmica populacional de Cyathea delgadii, crescendo em floresta
secundária, no sul do Brasil.
Material e métodos
Área de estudo - O trabalho de campo foi conduzido em uma formação vegetal
secundária, localizada na zona rural do município de Novo Hamburgo (29º43’S e
50º58’W; alt. 47m), no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (Fig. 1). A área de estudo é
um remanescente florestal classificado como floresta estacional semidecidual (Teixeira
et al. 1986), que ainda preserva algumas árvores originais, localizado ao longo de uma
linha de drenagem, que atravessa transversalmente o local. O estrato arbóreo forma um
dossel contínuo e no sub-bosque, encontra-se uma população de Cyathea delgadii. O
solo é raso e arenoso, com pequenos afloramentos de arenito. As áreas adjacentes,
atualmente, são utilizadas para fins agrícolas e turismo rural.
86
0
5
10
15
20
25
30
J F M A M J J A S O N D
Mês
Temperatura (ºC)
0
50
100
150
200
250
Precipitão (mm)
Precipitação T emperatura
Figura 1. Área de estudo.
Nessa área, de acordo com a classificação climática de Köppen, o clima é do tipo
Cfa (Moreno 1961). Durante o ano de 2004, a temperatura média do mês mais frio
(julho) foi de 12,9 °C e do mês mais quente (janeiro) foi de 25,1 °C. A menor média das
temperaturas mínimas foi de 7,8 ºC (julho) e a maior média das temperaturas máximas
foi de 33,3 ºC (janeiro). As precipitações mínima, máxima e anual foram,
respectivamente, de 43,6 mm (dezembro), 232,2 mm (novembro) e 1423,3 mm (Fig. 2).
Esses dados climatológicos foram coletados na estação meteorológica mais próxima,
localizada no município de Campo Bom (29º41’S e 51º03’W; alt. 25,8 m).
Figura 2. Temperatura média mensal e precipitação mensal acumulada durante o ano de
2004. Dados da estação meteorológica de Campo Bom, RS.
87
Material testemunho e terminologia O material testemunho encontra-se
depositado no Herbário Anchieta (PACA), na Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Os termos pteridológicos cáudice, estípite e fronde, utilizados neste estudo e definidos
por Lellinger (2002), correspondem, respectivamente, a caule, pecíolo e folha, das
angiospermas. No presente estudo, o sistema de classificação adotado para Cyatheaceae
foi o proposto por Lellinger (1987).
Caracterização populacional Foram demarcadas 38 parcelas de 10 m
2
(2X5
m), arranjadas em duas transecções, com 20 e 18 parcelas cada, paralelas ao longo da
linha de drenagem. Em janeiro de 2005, foi realizada a contagem de indivíduos e
registrada a altura dos cáudices vivos de Cyathea delgadii, presentes nas parcelas. As
plantas não-férteis foram consideradas jovens e as plantas férteis adultas. O número
total de indivíduos amostrados foi distribuído em classes de tamanho, empregando
intervalos de altura adotados por Tanner (1983) e Schmitt & Windisch (2005): 0 a 0,8 m
(Classe 1), >0,8 a 1,6 m (Classe 2), >1,6 a 2,4 m (Classe 3), >2,4 a 3,2 m (Classe 4),
>3,2 a 4,0 m (Classe 5), >4,0 a 4,8 m (Classe 6), >4,8 a 5,6 m (Classe 7) e >5,6 a 6,4 m
(Classe 8). A densidade da população correspondeu ao número médio de indivíduos por
10 m
2
.
O índice de Morisita (IM) e a razão (R) variância/média (Krebs 1989) foram
utilizados para determinar o padrão de distribuição espacial da espécie. A significância
estatística foi constatada através do teste de Qui-Quadrado (χ
2
) para um nível de
significância de 5%. Os valores de IM e R menores que 1,0 indicam distribuição
aleatória, iguais a 1 distribuição uniforme e maiores que 1 distribuição agrupada.
Desenvolvimento da fase esporofítica Em janeiro de 2004, foi iniciado o
período de acompanhamento mensal do desenvolvimento de 41 espécimes de Cyathea
delgadii, que se estendeu até janeiro de 2005. As plantas foram marcadas utilizando-se
estacas de madeira, com placas de alumínio numeradas, afixadas no substrato próximo
ao seu cáudice. Por questões de segurança e de difícil acesso, não foi possível analisar
plantas com mais de 4 m de altura.
A altura das plantas foi mensurada do ápice do cáudice até o nível do solo, em
janeiro de 2004, e posteriormente, a um intervalo de 12 meses, para determinar a taxa de
crescimento do cáudice. Além disso, os diâmetros da base, à altura do peito (1,3 m
acima do solo) e na região apical dos cáudices foram registrados.
88
O número de báculos, frondes maduras (totalmente expandida com pinas
verdes) e senescentes (com todas pinas secas ou somente bases de estípites) foram
contados mensalmente, a fim de se determinar taxas de produção e de senescência de
frondes. Báculos jovens foram marcados utilizando-se argolas de plástico e o seu
desenvolvimento foi acompanhado para se determinar taxas de expansão de frondes. Foi
registrado o comprimento do estípite, da lâmina e total dessas frondes recém
expandidas. As frondes completamente senescidas foram removidas das plantas a cada
mês. Foi registrado o número de frondes férteis, o período em que havia esporângios em
formação, completamente cerrados, liberando esporos ou com a maioria dos esporos já
liberados.
Os dados coletados foram analisados utilizando-se teste de correlação de
Pearson e teste de t para amostras dependentes, descritas por Vieira (1980) e Zar (1999).
Resultados
Caracterização populacional - Na população estudada foram amostrados 44
indivíduos em 380 m
2
de área, distribuídos em oito classes de altura. O maior cáudice
registrado foi de 6 m. A classe de menor altura (classe 1) incluiu a grande maioria dos
indivíduos. Nenhum indivíduo foi incluído na classe 7. As demais classes apresentaram
no máximo quatro espécimes (Fig. 3). Foram encontrados 36 indivíduos não-férteis
(jovens) e apenas oito férteis (adultos). As alturas mínima, máxima e média das plantas
férteis foram, respectivamente, de 1,7 m, 6 m e 3,65 (±1,24) m. A densidade da
população de Cyathea delgadii foi de 1,15 (±2,18) indivíduos por 10 m
2
, sendo
encontrados no máximo 10 indivíduos por parcela. Não foram encontrados indivíduos
em 22 parcelas. A espécie apresentou padrão de distribuição espacial agregado, tanto
pelo índice de Morisita (IM = 3,69) quanto pela razão (R) variância/média (R = 4,15). A
significância estatística foi constatada através do valor de Qui-Quadrado calculado (χ
2
=
152,90) maior que o tabelado, para ambos os índices.
89
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5 6 7 8
Classes (m)
mero de indivíduos
0 0,8 2,4 3,2 4,0 4,8 5,6 6,41,6
Figura 3. Distribuição de indivíduos de Cyathea delgadii em classes de altura.
Desenvolvimento do cáudice Considerando as plantas marcadas, os cáudices
de Cyathea delgadii apresentaram até 354 cm de altura, 13,2 cm de diâmetro da base,
10,4 cm de diâmetro à altura do peito e 11,7 cm de diâmetro no ápice (Tab. 1).
Tabela 1. Dimensões dos cáudices de Cyathea delgadii.
Dimensões (cm) n Mínimo Máximo Média DP
Altura 41 7 354 83,12 93,65
DB 34 2 13,2 5,61 3,04
DAP 10 5,3 10,4 7,84 1,8
DA 35 2,5 11,7 5,5 2,56
DB = diâmetro da base; DAP = diâmetro à altura do peito; DA = diâmetro do ápice; n = número de
cáudices.
O cáudice das plantas apresentou uma taxa média de crescimento absoluto em
altura igual a 4,65 (±8,1) cm.ano
-1
, sendo que 40 cm.ano
-1
foi o valor máximo
registrado. A taxa média de crescimento relativo em altura foi de 5,16% (±6,44), sendo
que 28,57% foi o valor máximo registrado. Durante o período estudado, 16 plantas não
apresentaram incremento em sua altura. O crescimento absoluto do cáudice
correlacionou-se fortemente com a altura (r = 0,742, p < 0,001, n = 41), ou seja, plantas
mais altas apresentaram uma variação de altura maior do que aquelas de menor altura
(Fig. 4). Contudo, não houve correlação entre crescimento relativo do cáudice e altura (r
= 0,062, p = 0,700, n = 41) das plantas.
90
y = 0,0642x - 0,6754
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Altura (cm)
Taxa de crescimento (cm.ano
-1
)
Figura 4. Taxa de crescimento absoluto por altura do cáudice de Cyathea delgadii (r =
0,742, p < 0,001, n = 41).
Desenvolvimento da fronde - O comprimento total máximo de fronde
registrado foi de 345 cm. A maior lâmina e o maior estípite apresentaram,
respectivamente, 232 cm e 113 cm de comprimento (Tab. 2).
Tabela 2. Dimensões das frondes de Cyathea delgadii.
Comprimento (cm) n Mínimo Máximo Média DP
Estípite 36 12 113 59,58 30,04
Lâmina 36 19 232 104,77 56,65
Total 36 31 345 164,36 85,34
n = número de frondes.
A altura do cáudice apresentou correlação regular (r = 0,547, p = 0,001, n = 36)
com comprimento do estípite, forte com comprimento da lâmina (r = 0,706, p < 0,001, n
= 36) e com o comprimento total da fronde (r = 0,661, p < 0,001, n = 36), tal como
mostra a figura 5.
91
A
y = 0,1914x + 44,549
10
30
50
70
90
110
130
5 40 75 110 145 180 215 250 285 320
Altura (cm)
Comprimento do estípete (cm)
B
y = 0,4658x + 68,187
0
30
60
90
120
150
180
210
240
5 40 75 110 145 180 215 250 285 320 355
Altura (cm)
Comprimento da lâmina (cm)
C
y = 0,6572x + 112,74
30
70
110
150
190
230
270
310
350
5 40 75 110 145 180 215 250 285 320
Altura (cm)
Comprimento da fronde (cm)
Figura 5. A - Comprimento do estípite por altura do cáudice (r = 0,547, p = 0,001); B -
Comprimento da lâmina por altura do cáudice (r = 0,706, p < 0,001); C - Comprimento
total da fronde por altura do cáudice (r = 0,661, p < 0,001); n = 36.
92
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
J F M A M J J A S O N D
Meses
Produção de frondes
0
40
80
120
160
200
Precipitão (mm)
Novas Senescentes Precipitação
Portanto, de uma maneira geral, plantas mais altas apresentaram frondes com estípites,
lâmina e comprimento total maior de que as plantas menores.
As plantas, em média, produziram 5,75 (±5,28) frondes novas por ano, sendo
que nos meses de janeiro, junho, setembro e outubro foram registradas as maiores
médias mensais. A menor média de produção foliar foi registrada em novembro 0,12
(±0,39) frondes.planta
-1
. Durante todos os meses do ano foram observadas plantas que
produziram frondes novas (Fig. 6). No máximo, foram produzidas 23 frondes novas por
planta. Apenas uma planta não apresentou produção foliar. A altura das plantas
apresentou forte correlação (r = 0,865, p < 0,001, n = 41) com produção anual de
frondes novas (Fig. 7).
Figura 6. Taxas de produção mensal de frondes novas e de senescência foliar de
Cyathea delgadii comparada com a precipitação mensal total, no ano de 2004.
As plantas, em média, apresentaram 4,92 (±4,84) frondes senescentes por ano,
sendo que no mês de outubro foi registrada a média máxima de 0,58 (±0,92) e em junho
a média mínima de 0,21 (±0,47). Durante todos os meses do ano foram observadas
plantas com senescência foliar, sendo que a média mensal oscilou fracamente no
decorrer do período estudado (Fig. 9). Durante um ano, foram registradas no mínimo
uma e no máximo 20 frondes senescentes por planta.
A altura apresentou forte
93
y = 0,0454x + 1,1528
0
5
10
15
20
25
5 40 75 110 145 180 215 250 285 320 355
Altura (cm)
Frondes senescentes.ano
-1
y = 0,0488x + 1,696
0
5
10
15
20
25
5 40 75 110 145 180 215 250 285 320 355
Altura (cm)
Produção anual de frondes
correlação (r = 0,877, p < 0,001, n = 41) com a senescência anual de frondes por planta
(Fig. 8).
Figura 7. Produção anual de frondes novas por altura do cáudice de Cyathea delgadii (r
= 0,865, p < 0,001, n = 41).
Figura 8. Senescência anual de frondes por altura do cáudice de Cyathea delgadii (r =
0,877, p < 0,001, n = 41).
94
0
1
2
3
4
5
J F M A M J J A S O N D
Meses
Produção de frondes
5
10
15
20
25
30
Temperatura (ºC)
Maduras Férteis Temperatura
Analisando-se a figura 6 verificou-se que aumentos na produção de frondes
novas não coincidem com meses de altas precipitações. Aumentos de produção foliar,
geralmente, foram posteriores aos meses mais chuvosos. As médias de frondes
senescentes oscilaram menos em relação à de frondes novas e não demonstraram
correlação com a pluviosidade, que apresentou fortes oscilações no decorrer do ano.
Testes de correlação de Pearson indicaram que a média mensal de frondes novas (r = -
0,356, p = 0,257) e de senescentes (r = 0,146, p = 0,650) não estão correlacionadas,
respectivamente, com precipitação mensal.
Durante o ano, as médias de frondes maduras e férteis por planta praticamente
não oscilaram, indicando não estarem correlacionadas com as médias mensais de
temperatura (Fig. 9). De fato, testes de correlação de Pearson confirmaram que a média
mensal de frondes maduras (r = 0,197, p = 0,540) e de frondes férteis (r = 0,309, p =
0,329) não estão correlacionadas com a temperatura. O número mínimo e máximo de
frondes maduras por esporófito foi zero e 20, respectivamente. No máximo foram
registradas 19 frondes férteis por planta.
Figura 9. Média mensal de frondes férteis e maduras de Cyathea delgadii comparada
com a média mensal de temperatura, durante o ano de 2004.
95
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Jan./04 Jan./05 Novas Senescentes
Maduras Taxa anual
Média de frondes
Comparando-se a média de frondes maduras de janeiro/2004 com a de
janeiro/2005, foi constatado, estatisticamente, que são iguais (p = 0,421, n = 41),
indicando a manutenção do número de frondes maduras da coroa dos esporófitos, no
ano de estudo (Fig. 10).
Figura 10. Média de frondes maduras, em janeiro de 2004 e 2005, e média de produção
e senescência anual de frondes. As barras indicam o desvio-padrão.
Os 20 báculos marcados de Cyathea delgadii se expandiram em média 3,13
(±1,39) cm.dia
-1
no primeiro mês e 1,14 (±1,05) cm.dia
-1
,
no segundo mês. No terceiro
mês, oito frondes continuaram a aumentar 0,14 (±0,42) cm.dia
-1
, em média, seu
comprimento. No quarto mês, apenas duas frondes aumentaram, em média, 0,005
(±0,016) cm.dia
-1
. No primeiro mês, foi registrada a taxa máxima de expansão (6,71
cm.dia
-1
). Portanto, os báculos expandiram-se, rapidamente, em 60 dias, sendo que
posteriormente poucas frondes continuaram a se expandir, muito mais lentamente (Fig.
11). Considerando o total de báculos das plantas monitoradas, apenas seis se
apresentaram necrosados, nos meses de abril (2), maio (1), novembro (1) e dezembro
(2).
96
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 30 60 90 120
Dias
Média de comprimento (cm)
Figura 11. Média de comprimento do báculo/fronde de Cyathea delgadii em intervalos
de 30 dias.
Fenologia da produção de esporos Apenas 9,75% das plantas marcadas
produziram frondes férteis, sendo que as mesmas no mínimo apresentavam 165 cm de
altura. Foram encontradas frondes com esporângios imaturos durante todo o ano, com
exceção de janeiro, abril e maio; com esporângios cerrados de janeiro a abril e de
setembro a dezembro; liberando esporos de janeiro a julho e de outubro a dezembro. A
maioria dos esporos foi produzida do final do inverno até o início do verão, sendo que
mais de 50% das plantas férteis apresentaram esporângios imaturos. A grande maioria
dos esporos foi liberada a partir do verão até o início do inverno, período em que 100%
das plantas férteis apresentaram frondes com esporângios abertos. Foi assincrônica a
liberação de esporos em uma mesma planta, sendo que parte dos esporângios liberou
seus esporos, enquanto a outra permaneceu imatura ou cerrada. De uma maneira geral, o
período de maturação dos esporos foi de 60 dias, sendo que os esporângios maduros
permaneceram cerrados até aproximadamente 120 dias, antes de iniciar a liberação dos
esporos.
Discussão
A população de Cyathea delgadii apresentou um padrão de distribuição de
indivíduos nas classes de altura, seguindo, aproximadamente, o modelo do J-invertido.
97
Esse modelo caracterizado por uma freqüência expressivamente superior nas classes de
menor altura e uma freqüência menor nas classes de maior altura, indica um grande
potencial de recomposição da população, no local estudado, através da regeneração
natural da vegetação. Resultados similares de distribuição em classes de altura de
pteridófitas arborescentes neotropicais foram obtidos por Tanner (1983) para Cyathea
pubescens Mett. ex Kuhn, na Jamaica; Ortega (1984) para uma população de
Sphaeropteris senilis (Klotzsch) R.M. Tryon, na Venezuela; Seiler (1984) para
Alsophila tryoniana (Gastony) D.S. Conant (= Nephelea tryoniana Gastony), em El
Salvador; Young & León (1989; 1991) e Poulsen & Nielsen (1995) para C. lasiosora
(Mett. ex Kuhn) Domin (= Trichipteris nigra (Mart.) R.M. Tryon), no Peru e Equador,
respectivamente; Nicholson (1997) para A. cuspidata (Kunze) D.S. Conant (= N.
cuspidata (Kunze) R.M. Tryon) e Trichipteris sp associada a Cyathea sp., no Peru. No
sul do Brasil, Schmitt & Windisch (2005) encontraram o mesmo modelo de distribuição
para A. setosa Kaulf. e Athayde Filho (2002) para C. atrovirens (Langsd. & Fisch.)
Domin.
O grande número de indivíduos jovens pode estar relacionado com a presença de
sítios com condições adequadas para o estabelecimento de novas plantas de Cyathea
delgadii. Ash (1986) comentou que uma população de pteridófitas arborescentes com
poucas plantas jovens pode ser decorrente da escassez de sítios favoráveis para o
estabelecimento de novos esporófitos a partir de gametófitos. Em populações de C.
lasiosora, o grande número de espécimes jovens pode ser devido às condições edáficas
e topográficas favoráveis (Poulsen & Nielsen 1995) ou representa uma estratégia para
compensar a alta mortalidade ou supressão no crescimento das plantas, evidenciada pelo
número reduzido de plantas que conseguem alcançar a maturidade (Young & León
1989). De fato, no presente estudo, 16 espécimes apresentaram uma supressão no
crescimento, além de um número reduzido de plantas adultas, embora não tenha sido
observada morte de indivíduos, na população.
A variação da densidade de Cyathea delgadii foi consideravelmente alta dentro
das parcelas (zero a 10) e resultou numa alta agregação da população. Quando uma
espécie apresenta muitos indivíduos em pequenos grupos, formando manchas na
vegetação é verificada a distribuição agregada (Nascimento et al. 2001). O grande
número de parcelas sem plantas de C. delgadii, na área estudada demonstrou a
tendência da espécie de formar agrupamentos, em nichos com condições adequadas e
espaçados dentro da formação florestal. Nas áreas mais maduras e sombrias da
98
formação florestal foi encontrada a maioria dos indivíduos adultos de C. delgadii,
enquanto que a maioria dos indivíduos jovens ocorreu em manchas mais imaturas. Tal
observação pode estar relacionada com o fato de que os esporos de C. delgadii não
germinam no escuro (Randi & Felippe 1988e), uma vez que as manchas imaturas são
mais abertas e iluminadas. Outras espécies de pteridófitas arborescentes do Estado do
Rio Grande do Sul, tal como C. atrovirens (Athayde-Filho 2002) e Alsophila setosa
(Schmitt & Windisch 2005) apresentaram também padrão de distribuição espacial
agregado.
Embora a taxa média de crescimento do cáudice de Cyathea delgadii tenha
sido expressivamente menor daquelas indicadas por Bittner & Breckle (1995) para a
mesma espécie em formações florestais primárias e secundárias, na Costa Rica, os
valores encontrados estão dentro do padrão indicado por outros autores, para outras
espécies do gênero (Tab. 3). O crescimento lento dessa espécie foi observado, porém
não quantificado, por Fernandes (1997), no Estado de São Paulo. Ao contrário, Hoehne
(1930) destacou que C. delgadii crescia com rapidez, podendo atingir de 10 a 15 m de
altura, num período de 15 a 20 anos. Por outro lado, a taxa de crescimento máxima (40
cm.ano
-1
) registrada para C. delgadii, no presente estudo, está dentro da faixa média de
crescimento encontrada para a espécie por Bittner & Breckle (1995), foi igual a
registrada por Ash (1987) para C. hornei (Baker) Copel., no Fiji, e se aproximou do
valor registrado por Arens (2001) para C. caracasana (Klotzsch) Domin (~30 cm.ano
-1
),
na Colômbia. As diferenças nas taxas de crescimento de C. delgadii em diferentes sítios,
obtidas a partir da comparação do presente estudo com o de Bittner & Breckle (1995),
sugerem que diferenças no dossel e nos estágios de sucessão das formações florestais,
bem como incidência de luz e competição influenciam o crescimento da espécie. Nesse
sentido, Arens (2001) apresentou dados sobre diferenças no crescimento do cáudice de
C. caracasana, em locais com diferentes estágios de sucessão, indicando que em
formações florestais secundárias mais antigas as plantas crescem menos em altura.
Além disso, a estrutura em classes de altura das plantas monitoradas influenciou a taxa
de crescimento do cáudice de C. delgadii, visto que esta se correlaciona fortemente com
a altura das plantas. Possivelmente as discrepâncias entre as taxas de crescimento de C.
delgadii, em diferentes localidades, também estejam relacionadas com diferenças na
estrutura das populações monitoradas por outros autores.
99
Tabela 3. Comparação de taxas de crescimento do udice de Cyathea delgadii com
outras espécies do gênero.
Espécie TC (cm.ano
-1
) Habitat (tipo de floresta) Autor
Cyathea atrovirens 2,48 secundária Presente estudo**
Cyathea delgadii 4,65 secundária Presente estudo
Cyathea caracasana 4,8* secundária alta Arens (2001)
Cyathea pubescens 6,66 ? Tanner (1983)
Cyathea delgadii 21,3 primária
Bittner & Breckle
(1995)
Cyathea arborea 28,6 secundária Conant (1976)
Cyathea delgadii 81,9 secundária
Bittner & Breckle
(1995)
Cyathea trichiata 89,7 secundária
Bittner & Breckle
(1995)
TC = taxa de crescimento; * valor calculado a partir da média mensal; **Capítulo V da tese.
O fato de espécimes de Cyathea delgadii mais altos apresentarem taxas de
crescimento absoluto do cáudice maiores, não significa que os mesmos cresceram mais,
proporcionalmente, de que espécimes menores. A partir da ausência de correlação entre
crescimento relativo e altura das plantas ficou evidenciado que, de maneira geral,
plantas de diferentes alturas apresentam crescimento, proporcionalmente, semelhantes.
As dimensões dos cáudices e das frondes registrados para Cyathea delgadii
por Fernandes (1997) se aproximam daqueles registrados no presente estudo. Os
esporófitos de C. delgadii de maior altura apresentaram frondes com estípite de maior
comprimento, contrariando a tendência geral das pteridófitas arborescentes
apresentarem estípites de menor comprimento (Tryon & Tryon 1959). Estípites mais
curtos em plantas mais altas também foram registrados por Seiler (1984) para Alsophila
tryoniana e por Schmitt & Windisch (2003) para A. setosa. Porém, Arens & Sánchez
Baracaldo (2000) não encontraram correlações significativas entre altura do cáudice e
comprimento do estípite para C. caracasana. Além de plantas mais altas de C. delgadii
apresentarem estípites mais longos, a lâmina e o comprimento total da fronde também
correlacionaram fortemente com a altura dos indivíduos. Seiler (1984) verificou uma
correlação regular entre altura do cáudice e comprimento da lâmina para A. tryoniana,
bem como Arens & Sánchez Baracaldo (2000) para C. caracasana. A ocorrência de
boas correlações entre as dimensões das frondes com a altura das plantas de C. delgadii,
sugerem que as diferenças no tamanho foliar estão relacionadas com classes de
tamanho-idade dos cáudices. Por razões mecânicas, as frondes podem ser maiores, em
plantas mais altas, porque os cáudices, mais desenvolvidos, especialmente de maior
diâmetro, podem suportar maior massa foliar. Estudos adicionais são necessários para
100
determinar quais fatores ambientais e de desenvolvimento interno são preponderantes
para explicar as correlações encontradas entre altura e dimensões das frondes. A idade
do meristema apical (Seiler 1984) e, principalmente, a intensidade e a qualidade de luz
(Seiler 1984; Arens & Sánchez Baracaldo 2000) influenciam o desenvolvimento das
frondes em pteridófitas arborescentes.
Cyathea delgadii apresentou produção anual de frondes novas e número de
frondes maduras por planta similar àquelas registradas para outras espécies do mesmo
gênero (Tab. 4). As médias de frondes maduras por mês foram menores daquelas
encontradas para a mesma espécie por Bittner & Breckle (1995) em floresta secundária
(11-13) e primária (6-8).
Tabela 4. Comparação de número de frondes maduras e de produção foliar de Cyathea
delgadii com outras espécies do gênero.
Espécie
Frondes maduras
n
o
.ano
-1
Frondes novas
n
o
.ano
-1
Autor
Cyathea caracasana nd 7,7- 14 Arens (2001)
Cyathea delgadii 0-20 5,75 Presente estudo
Cyathea hornei 3-11 3-9 Ash (1987)
Cyathea pubescens 6-8 8 Tanner (1983)
Nd = não determinado.
A produção de novas frondes de Cyathea delgadii foi assincrônica e similar ao
observado em C. pubescens (Tanner 1983), C. hornei (Ash 1987) e C. caracasana
(Arens 2001). A assincronia na produção de frondes não é típica de todas as pteridófitas
arborescentes neotropicais, sendo as frondes de Dicksonia sellowiana Hook. (Hoehne
1930) e Alsophila setosa (Schmitt & Windisch 2001) desenrolam-se, sincronicamente,
na primavera. Similarmente ao observado em C. caracasana (Arens 2001) e Cibotium
spp. (Wick & Hashimoto 1971; Durand & Goldstein 2001), a produção de frondes em
C. delgadii não apresentou correlação com precipitação.
Os resultados mostraram que há um aumento de produção de frondes em
indivíduos de C. delgadii de maior altura, sendo que essa tendência também foi obtida
por Tanner (1983) para esporófitos de C. pubescens, na Jamaica e por Schmitt &
Windisch (2003) para Alsophila setosa, no sul do Brasil. Contrariamente, a produção de
frondes foi constante para a altura de A. salvinii Hook. (Seiler 1981), em El Salvador.
A senescência foliar de Cyathea delgadii foi assincrônica e praticamente
constante ao longo de todo o ano, não demonstrando estar correlacionada com fatores
101
climáticos. A assincronia na senescência foliar também foi observada em C. pubescens
(Tanner 1983), C. hornei (Ash 1987), Cibotium glaucum (Sm.) Hook. & Arn. (Walker
& Aplet 1994) e Alsophila salvinii (Seiler 1981). Similarmente ao registrado para C.
delgadii, a senescência das frondes também foi menos sazonal para C. hornei (Ash
1987). Ao contrário, A. salvinii (Seiler 1981) e A. setosa (Schmitt 2001) apresentaram
sazonalidade na senescência foliar. As plantas mais altas de C. delgadii apresentaram
uma forte tendência de apresentar maior mero de frondes senescentes. Esta
observação está relacionada ao fato de que indivíduos mais altos apresentam um maior
número de frondes (em decorrência de maiores taxas de produção foliar) expostas às
condições de ressecamento (frio, geadas e luz) de que as plantas menores, mais
protegidas no sub-bosque da formação florestal.
O número de frondes maduras e férteis de Cyathea delgadii praticamente não
oscilou durante o ano, e não foi influenciado significativamente pelas mudanças de
temperatura. Bittner & Breckle (1995) também registraram uma estabilidade nas médias
de frondes maduras, durante um ano inteiro, em C. delgadii e C. trichiata (Maxon)
Domin, crescendo em floresta secundária. Taxas anuais de produção foliar e de
senescência praticamente iguais resultaram em um número médio de frondes maduras
de janeiro/2005, estatisticamente, igual à de janeiro/2004 e evidenciaram uma
capacidade de manutenção de frondes da espécie, a cada ano. Da mesma forma C.
hornei (Ash 1987), A. setosa (Schmitt & Windisch 2001), Sphaeropteris senilis (Ortega
1984) apresentam capacidade de recuperar praticamente todas as frondes perdidas,
mantendo o número de frondes maduras relativamente estável, a cada ciclo.
A assincronia, bem como as fracas oscilações observadas na produção foliar e
senescência, associadas às médias de frondes maduras e férteis praticamente constantes
de Cyathea delgadii indicaram que o desenvolvimento das frondes não está
correlacionado significativamente com variações de precipitação e de temperatura.
Possivelmente, o dossel contínuo, serviu de proteção contra o frio, geadas e incidência
da radiação excessiva, bem como o córrego manteve a umidade local, resultando em
condições ambientais mais uniformes, no sub-bosque, onde foi realizado o presente
estudo, contribuindo para a manutenção da coroa de frondes das plantas, no decorrer do
ano inteiro.
A expansão das frondes muito rápida durante a maturação e, posteriormente,
muito mais lenta observada para Cyathea delgadii também foi registrada para C.
102
pubescens (Shreve 1914) e Alsophila setosa (Schmitt 2001). No presente estudo, o valor
máximo de expansão foi superior ao encontrado por Shreve (1914) para C. pubescens
(4,94 cm.dia
-1
). Por outro lado, C. delgadii apresentou valor máximo inferior ao de A.
setosa (7,48 cm.dia
-1
), indicado por Schmitt (2001). Os báculos de C. delgadii são
resistentes às variações de temperatura e de precipitação, bem como à incidência de
geadas, visto que o número de báculos necrosados foi extremamente reduzido, durante o
ano inteiro. Dentre os fatores que exercem proteção dos báculos pode-se destacar: o
efeito tamponante do dossel no sub-bosque, amenizando as variações climáticas e
protegendo quanto à ação de geadas; a cobertura de escamas castanho-claras ou
ferrugíneas sobre o meristema apical; e, em plantas mais altas, com coroa de frondes
maior, a matéria orgânica depositada na porção apical do cáudice, constituída
basicamente de restos vegetais. As escamas protegem o meristema apical e podem
absorver água da umidade atmosférica ou da chuva, hidratando as frondes já expandidas
(Barrington 1978; Tryon & Tryon 1982).
Poucos indivíduos produziram esporos na população de Cyathea delgadii,
sendo que um dos fatores limitantes da produção de frondes férteis foi a freqüência de
indivíduos que chegaram na idade reprodutiva, uma vez que as classes de menor altura
foram as mais numerosas. O mesmo fato foi observado para C. lasiosora (Young &
León 1989) e Alsophila setosa (Rosenstock 1907; Schmitt & Windisch 2005), porém
não é regra geral para todas as ciateáceas, uma vez que espécimes de C. atrovirens, com
10 cm de altura, podem começar a sua produção de esporos (Schmitt 2005, vide capítulo
V). O número de frondes rteis por plantas praticamente não oscilou o ano inteiro,
sendo que não foi evidenciada boa correlação com temperatura, sugerindo que fatores
climáticos não exercem uma forte influência sobre sua ocorrência. Corroborando com
essa observação em C. delgadii, Ortega (1984) observou que aparentemente a presença
de frondes férteis em Sphaeropteris senilis não tem nenhuma relação com mudanças
climáticas. Randii & Felippe (1988a) comentaram que a produção de esporos de C.
delgadii ocorre o ano inteiro, similarmente ao registrado no presente estudo. A
assincronia na produção e liberação de esporos evita que toda a produção seja perdida,
em um período desfavorável, permite o aproveitamento de mais microhabitats recém
expostos (Ranal 1995) e pode compensar o baixo número de indivíduos rteis, na
população de C. delgadii.
103
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul UFRGS, pela oportunidade de realização deste estudo. Ao Centro
Universitário FEEVALE, pela concessão de bolsa auxílio-doutorado. À Sra. Zalir
Emília de Lima e à Sra. Janete Teresinha da Conceição por autorizarem o trabalho de
campo no Turiscampo. Ao Nilson Wolff, pelo fornecimento dos dados climatológicos.
À Cristina L. J. Schmitt, demais familiares e alunos do curso de Ciências Biológicas da
FEEVALE pelo auxílio prestado e estímulos para a realização do presente trabalho.
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Zar, J.H. 1999. Bioestatistical analysis. 4.ed. Upper Saddle River: Prentice-Hall.
108
Capítulo V
109
Estrutura populacional e desenvolvimento da fase esporofítica de Cyathea
atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin (Cyatheaceae, Pteridophyta) no sul do Brasil
RESUMO(Estrutura populacional e desenvolvimento da fase esporofítica de Cyathea
atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin (Cyatheaceae, Pteridophyta) no sul do Brasil).
Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin é uma pteridófita arborescente que ocorre
em florestas primárias e secundárias, bem como em clareiras, barrancos, beiras de
estradas e campos abandonados, no sudeste e sul do Brasil. A estrutura populacional e o
desenvolvimento da fase esporofítica (crescimento do cáudice, produção de frondes,
fenologia da produção de esporos) de C. atrovirens, crescendo em floresta secundária,
no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, foi analisada a partir da observação de 50
plantas, durante 13 meses. A espécie apresentou padrão espacial agregado e uma
distribuição das classes de altura tendendo ao modelo de J-invertido, indicando um
grande potencial de regeneração. O crescimento em altura do cáudice foi de 2,48
cm.ano
-1
e pode estar relacionado com a plasticidade morfológica da espécie, que
geralmente apresenta no máximo 2 m de altura, em formações florestais secundárias.
Foi observada uma assincronia na produção de frondes sendo que a maioria das frondes
novas foi produzida em setembro e outubro, enquanto que altas taxas de senescência de
frondes foram verificadas no final do inverno e início da primavera (agosto, setembro e
outubro). A produção de frondes novas (8,6 frondes.ano
-1
) e a taxa de senescência (8,76
frondes.ano
-1
) foram equivalentes e evidenciaram uma capacidade da espécie de
recuperar a perda foliar, em curto espaço de tempo, mantendo, conseqüentemente, o seu
número de frondes estável. Todas as plantas estavam férteis, sendo que a produção de
esporângios e liberação de esporos foi assincrônica numa mesma planta, bem como na
população.
Palavras-chave: samambaias arborescentes, distribuição espacial, fenologia, produção
de frondes, taxas de crescimento
110
ABSTRACT - (Populational structure and development of the sporophytic phase of
Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin (Cyatheaceae, Pteridophyta) in Southern
Brazil). Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin is a tree-fern that occurs in
primary and secondary forests, as well as in clearings, road sides, embankments and
abandoned fields in southeastern and south Brazil. The structure of a population and the
development of the sporophytic phase (caudex growth, frond production, phenology of
spore production) of C. atrovirens, growing in a secondary forest in the State of Rio
Grande do Sul, Brazil, was analyzed based on the observation of 50 plants during a 13
month period. The species presented an aggregated spatial distributional pattern and a J-
inverted distribution of the height classes, indicating a great potential for the
regeneration. The height growth of the caudex was of 2.48 cm.year
-1
and this may be
related to the morphological plasticity of the species, which plants usually present a
maximum height of 2 m in secondary forests. An asynchrony in the frond production
was observed, with most of the new fronds produced in September and October, while
the highest senescence rate was observed at the end of winter and beginning of Spring
(August, September and October). The production of new fronds (8.6 fronds.year
-1
) and
the senescence rate (8.76 fronds.year
-1
) were equivalent and indicated the capacity of
this species to recover the loss of fronds in a short period of time, and so keeping a
stable number of fronds. All the plants were fertile, while the production of sporangia
and liberation of spores was asynchronous in single plants as well as in the population.
Key words: tree-ferns, spatial distribution, phenology, frond production, growth rates
111
Introdução
As samambaias arborescentes representam um componente importante das
florestas tropicais e subtropicais (Page 1979; Tryon & Tryon 1982; Ash 1987),
formando, muitas vezes, um sub-bosque nas formações florestais. Além disso,
colonizam clareiras dentro das florestas (Holtum 1938; Seiler 1981; Tanner 1983),
campos de pastagem abandonados (Arens & Sánchez Baracaldo 2000), beiras de
estradas, ravinas e pântanos (Conant & Cooper-Driver 1980; Tryon & Tryon 1982;
Kramer 1990).
A família Cyatheaceae engloba a grande maioria das pteridófitas com porte
arborescente, distribuídas nas regiões paleotropicais e neotropicais do mundo. No
Brasil, principalmente na região sul, essas plantas, conhecidas por “xaxins ou
“samambaiaçus”, representam um alvo de exploração extrativista. Dentre as espécies de
samambaias exploradas está Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin, cujos
cáudices envolvidos por bainha de raízes adventícias são utilizados para a fabricação de
artefatos em fibras (Fernandes 2000), cujas frondes são cortadas para fins comerciais ou
decorativos (Tryon & Tryon 1982) ou plantas inteiras são removidas da vegetação e
empregadas na jardinagem. No Rio Grande do Sul, Cyathea atrovirens é comum na
região da planície costeira, ocupada por vegetação de restinga, na floresta ombrófila
densa (Sehnem 1978), na Depressão Central e Encosta Inferior do Nordeste, que
constituem áreas de contato entre vários tipos de formações florestais. Raramente é
encontrada na Campanha (observação pessoal) e nos Campos de Cima da Serra
(Fernandes 1997). Além disso, a espécie cresce em áreas úmidas ao longo de beira de
estradas, barrancos úmidos desprovidos ou não de vegetação, campos abandonados,
bastante expostos à luz.
Dentre os trabalhos que abordam a caracterização populacional de samambaias
arborescentes destacam-se os realizados por Tanner (1983), Young & León (1989;
1991), Poulsen & Nielsen (1995), Nicholson (1997), Arens & Sánchez Baracaldo
(1998) e Schmitt & Windisch (2005). Por outro lado, estudos que apresentam
informações sobre diferentes aspectos do desenvolvimento da fase esporofítica de várias
espécies de pteridófitas de porte arborescente foram realizados por Wick & Hashimoto
(1971), Conant (1976), Seiler (1981; 1984; 1995), Tanner (1983), Ortega (1984), Ash
(1986; 1987), Walker & Aplet (1994), Bittner & Breckle (1995), Arens & Smith (1998),
Bernabe et al. (1999), Arens & Sánchez Baracaldo (2000), Arens (2001), Durand &
112
Goldstein (2001), Schmitt (2001) e Schmitt & Windisch (2001; 2003; 2005). Nenhum
desses estudos, inclusive aqueles realizados no sul do Brasil, incluiu Cyathea
atrovirens. Portanto, informações sobre essa espécie são sucintas e se encontram
espalhadas em trabalhos de taxonomia (Tryon & Tryon 1982; Fernandes 2000), de
florística (Rosenstock 1907; Luederwaldt 1923), de plantas ornamentais (Hoehne 1930)
ou de fitossociologia (Athayde-Filho 2002).
Considerando a lacuna de informações sobre a ecologia e o desenvolvimento
da fase esporofítica de Cyathea atrovirens, seu potencial ornamental, sua importância
florística, bem como a redução das populações da espécie em decorrência da destruição
e fragmentação dos habitats, além da exploração humana, é urgente a realização de
estudos abordando aspectos ecológicos e do crescimento das plantas. Nesse contexto, o
presente trabalho tem por objetivos caracterizar a estrutura populacional, bem como o
desenvolvimento do cáudice, das frondes e a fenologia da produção de esporos de C.
atrovirens, crescendo em condições naturais, no Estado do Rio Grande do Sul.
Material e métodos
Área de estudo - O trabalho de campo foi desenvolvido no parque municipal
Henrique Luiz Roessler (29º41’S e 51º06’W; alt. 16,4 m), que se constitui na maior área
verde (51,2 ha) inserida no perímetro urbano de Novo Hamburgo, no Estado do Rio
Grande do Sul (Fig. 1). Antigamente, a área do parque foi utilizada para fins agrícolas,
industriais e urbanos e, atualmente, apresenta raros agrupamentos florestais originais
(Weisheimer et al. 1996), desfalcada de espécies arbóreas de maior interesse econômico
sendo classificada como floresta estacional semidecidual de terras baixas (Teixeira et al.
1986). A área de estudo é um trecho de formação secundária, com estrato arbóreo de
cerca de 6-8 m de altura, formando um dossel descontínuo, localizada junto ao arroio
que atravessa longitudinalmente o parque. O sub-bosque é diversificado e em pontos
mais úmidos são freqüentemente encontradas populações de Cyathea atrovirens.
113
Figura 1. Área de estudo.
O clima da região é do tipo Cfa de acordo com a classificação climática de
Köppen (Moreno 1961). Dados provenientes da estação meteorológica mais próxima,
localizada no município de Campo Bom (29º41’S e 51º03’W; alt. 25,8 m), indicaram,
no período de 2004, que a temperatura média do mês mais frio (julho) foi de 12,9 °C e
do mês mais quente (janeiro) de 25,1 °C (Fig. 2).
0
5
10
15
20
25
30
J F M A M J J A S O N D
Mês
Temperatura (ºC)
0
50
100
150
200
250
Precipitão (mm)
Precipitação Temperatura
Figura 2. Temperatura média mensal e precipitação mensal acumulada durante o
ano de 2004. Dados da estação meteorológica de Campo Bom, RS.
114
A menor média das temperaturas mínimas foi de 7,8 ºC, em julho, e a maior
média das temperaturas máximas foi de 33,3 ºC, em janeiro. A pluviosidade anual foi de
1423,3 mm, sendo que as precipitações mínimas e máximas foram, respectivamente, de
43,6 mm (dezembro) e de 232,2 mm (novembro), conforme mostra a figura 2.
Material testemunho e terminologia O material testemunho encontra-se
depositado no Herbário Anchieta (PACA), na Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Os termos cáudice, estípite e fronde, utilizados neste estudo e definidos por Lellinger
(2002) para pteridófitas, correspondem, respectivamente, a caule, pecíolo e folha, das
angiospermas. O sistema de classificação adotado para Cyatheaceae foi proposto por
Lellinger (1987) e discutido por Fernandes (1997), no trabalho sobre pteridófitas
arborescentes do sul e sudeste do Brasil.
Caracterização populacional Foram demarcadas 32 parcelas de 10 m
2
(2X5
m), arranjadas em duas transecções, com 18 e 14 parcelas cada, paralelas ao curso do
arroio. Em janeiro de 2005, foi realizada a contagem de indivíduos e registrada a altura
dos cáudices vivos de Cyathea atrovirens, presentes nas parcelas. Posteriormente, o
número total de indivíduos amostrados foi distribuído nas seguintes classes de altura: 0
a 0,4 m (Classe 1), >0,4 a 0,8 m (Classe 2), >0,8 a 1,2 m (Classe 3), >1,2 a 1,6 m
(Classe 4). As plantas não-férteis foram consideradas jovens e as plantas férteis adultas.
A densidade da população foi calculada a partir do número médio de indivíduos por 10
m
2
.
O padrão de distribuição espacial foi determinado através do índice de Morisita
(IM) e da razão (R) variância/média (Krebs 1989), com significância estatística
constatada, através do teste de Qui-Quadrado (χ
2
) para um nível de significância de 5%.
Os valores de IM e R menores que 1,0 indicam distribuição aleatória, iguais a 1
distribuição uniforme e maiores que 1 distribuição agrupada.
Desenvolvimento da fase esporofítica Em janeiro de 2004, foram marcadas
50 espécimes de Cyathea atrovirens, utilizando-se estacas de madeira, com placas de
alumínio numeradas, afixadas no substrato próximo à planta. No início do estudo, as
plantas apresentavam no máximo 185 cm de altura. O acompanhamento das plantas
estendeu-se até janeiro de 2005, sendo que mensalmente foram registrados dados sobre
o desenvolvimento de sua fase esporofítica.
O diâmetro da base, à altura do peito (1,3 m acima do solo) e do ápice dos
cáudices foram registrados. Para calcular a taxa de crescimento, a altura das plantas foi
115
mensurada do ápice do cáudice até o nível do solo, em janeiro de 2004, e
posteriormente, a um intervalo de 12 meses.
Báculos, frondes maduras (totalmente expandidas e com pinas verdes) e
senescentes (com todas pinas secas ou somente bases de estípites) foram contadas
mensalmente, a fim de se determinar taxas de produção e de senescência de frondes.
Báculos jovens foram marcados utilizando-se argolas de plástico e o seu
desenvolvimento foi acompanhado para se determinar taxas de expansão de frondes. Foi
registrado o comprimento do estípite, da lâmina e total dessas frondes recém
expandidas. As frondes senescentes foram removidas das plantas a cada mês. Foi
registrado o número de frondes férteis, o período em que havia esporângios em
formação, completamente cerrados, liberando esporos ou ainda com a maioria dos
esporos já liberados.
Os dados coletados foram analisados utilizando-se teste de correlação de
Pearson e teste de t para amostras dependentes, descritas por Vieira (1980) e Zar (1999).
Resultados
Caracterização populacional - Na população estudada foram amostrados 47
indivíduos em 320 m
2
de área, distribuídos em quatro classes de altura. O maior cáudice
registrado foi de 1,48 m. Nas classes de menor altura (classes 1 e 2) ocorreu um número
maior de indivíduos e nas classes de maior altura (classes 3 e 4) ocorreu um número
menor de indivíduos (Fig. 3). Todos os indivíduos na população foram encontrados
férteis.
A densidade da população de Cyathea atrovirens foi de 1,46 (±1,52)
indivíduos por 10 m
2
, sendo encontrados no máximo cinco indivíduos por parcela. Em
13 parcelas, não foram encontrados indivíduos. A espécie apresentou padrão de
distribuição espacial agregado, tanto pelo índice de Morisita (IM = 1,39) quanto pela
razão (R) variância/média (R = 1,58). A significância estatística foi constatada através
do valor de Qui-Quadrado calculado (χ
2
= 48,98) maior que o tabelado, para ambos os
índices.
116
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
1 2 3 4
Classes (m)
Número de indivíduos
0 0,4 0,8 1,2 1,6
Figura 3. Distribuição de indivíduos de Cyathea atrovirens em classes de altura.
Desenvolvimento do udice - Entre as plantas marcadas, os cáudices de
Cyathea atrovirens apresentaram até 185 cm de altura, 24,7 cm de diâmetro da base,
14,6 cm de diâmetro à altura do peito e 15,4 cm de diâmetro do ápice (Tab. 1).
Tabela 1. Dimensões dos cáudices de Cyathea atrovirens.
Dimensões (cm) n Mínimo Máximo dia DP
Altura 50 10 185 71,9 44,81
DB 47 5,5 24,7 11,77 3,20
DAP 5 11,8 14,6 13,72 1,10
DA 45 5,6 15,4 11,47 1,99
DB = diâmetro da base; DAP = diâmetro à altura do peito; DA = diâmetro do ápice; n = número de
cáudices.
A taxa média de crescimento absoluto em altura das plantas foi de 2,48 (±2,0)
cm.ano
-1
, sendo que 10 cm.ano
-1
foi o valor máximo registrado. A taxa média de
crescimento relativo em altura foi de 5,13% (±6,63), sendo que 37,03% foi o valor
máximo registrado. No período de acompanhamento, nove espécimes não apresentaram
um incremento em sua altura. Houve uma correlação regular inversa entre crescimento
relativo do cáudice e altura (r = -0,417, p = 0,003, n = 50) para as plantas da população
estudada (Fig. 3). A correlação evidenciou que algumas plantas de menor altura
cresceram mais, proporcionalmente, do que aquelas mais altas. Ao contrário,
117
y = -0,0618x + 9,5815
0
5
10
15
20
25
30
35
40
10 30 50 70 90 110 130 150 170 190
Altura (cm)
TCR (%)
crescimento absoluto do cáudice e altura não se correlacionaram significativamente (r =
-0,1, p = 0,487, n = 50).
Figura 3. Taxa de crescimento relativo (TCR) por altura do cáudice de Cyathea
atrovirens (r = -0,417, p = 0,003, n = 50).
Desenvolvimento da fronde - O comprimento total máximo de fronde
registrado foi de 272 cm. A maior lâmina e o maior estípite apresentaram,
respectivamente, 163 cm e 126 cm de comprimento (Tab. 2).
Tabela 2. Dimensões das frondes de Cyathea atrovirens.
Comprimento (cm) n Mínimo Máximo Média DP
Estípite 50 22 126 48,22 18,66
Lâmina 50 49 163 109,14 24,83
Total 50 71 272 157,36 39,31
n = número de frondes.
Não foram encontradas correlações significativas entre altura do cáudice e
comprimento do estípite (r = 0,097, p = 0,504, n = 50), bem como entre altura do
cáudice e comprimento total da fronde (r = 0,246, p = 0,085, n = 50). Por outro lado, a
altura do cáudice apresentou correlação regular (r = 0,317, p = 0,025, n = 50) com o
comprimento da lâmina (Fig. 4).
118
y = 0,1756x + 96,512
50
70
90
110
130
150
170
10 30 50 70 90 110 130 150 170 190
Altura (cm)
Comprimento da lâmina
Figura 4. Comprimento da lâmina por altura do cáudice de Cyathea atrovirens
(r = 0,317, p = 0,025, n = 50).
As plantas, em média, produziram 8,6 (±3,46) frondes novas por ano, sendo
que no mês de setembro foi registrada a média máxima de 2,16 (±1,21). As menores
médias de produção de frondes foram registradas de janeiro a junho e as maiores de
julho a dezembro. No mês de maio nenhuma planta produziu frondes (Fig. 5). Durante
um ano, no mínimo e no máximo, foram produzidas, respectivamente, 3 e 19 frondes
novas por planta. Não foi encontrada correlação significativa entre altura das plantas e
produção anual de frondes novas (r = 0,269, p = 0,059, n = 50).
As plantas, em média, apresentaram 8,76 (±4,25) frondes senescentes por ano,
sendo que no mês de setembro foi registrada a média máxima de 2,02 (±1,44) e em
março a média mínima de 0,2 (±0,53). De um modo geral, as médias menores e maiores
de frondes senescentes foram registradas, concomitantemente, com as médias menores e
maiores de produção de frondes novas (Fig. 5). Durante um ano, no mínimo e no
máximo, foram registradas, respectivamente, 3 e 27 frondes senescentes por planta. A
altura das plantas correlacionou-se regularmente (r = 0,420, p = 0,002, n = 50) com a
senescência anual de frondes (Fig. 6).
119
0
0,5
1
1,5
2
2,5
J F M A M J J A S O N D
Meses
Produção de frondes
0
50
100
150
200
250
Precipitação (mm)
Novas Senescentes Precipitação
y = 0,0399x + 5,8921
R
2
= 0,1761
0
5
10
15
20
25
30
10 30 50 70 90 110 130 150 170 190
Altura (cm)
Frondes senescentes.ano
-1
Figura 5. Taxas de produção mensal de frondes novas e de senescência foliar de
Cyathea atrovirens comparada com a precipitação mensal total, no ano de 2004.
Figura 6. Senescência anual de frondes por altura do cáudice de Cyathea atrovirens (r =
0,420, p = 0,002, n = 50).
120
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Jan./04 Jan./05 Novas Senescentes
Maduras Taxa anual
Média de frondes
Analisando-se a figura 5 percebeu-se que no mês de setembro ocorreu alta
precipitação, pico de produção de frondes novas e de senescência, sugerindo uma
correlação entre médias mensais de produção foliar com precipitação mensal. Contudo,
o teste de correlação de Pearson indicou que a média mensal de produção de frondes
novas (r = 0,479, p = 0,115) e de senescentes (r = 0,413, p = 0,182) não estão
correlacionadas, respectivamente, com precipitação mensal.
O número mínimo e máximo de frondes maduras por esporófito foi de um e 17,
respectivamente. A média do número de frondes maduras por planta não oscilou
fortemente durante o ano. Comparando-se a média de frondes maduras de janeiro/2004
com a de janeiro/2005, constatou-se, estatisticamente, que são iguais (p = 0,414, n =
50). Portanto, o número de frondes maduras da coroa dos esporófitos foi mantido
durante o período do estudo (Fig. 7).
Figura 7. Média de frondes maduras de Cyathea atrovirens, em janeiro de 2004 e 2005,
e média de produção e senescência anual de frondes. As barras indicam o desvio-
padrão.
Analisando-se a figura 8 percebeu-se que de uma maneira geral a diminuição e
o aumento da temperatura coincidiu, respectivamente, com a diminuição e o aumento de
frondes maduras e férteis, sugerindo uma correlação entre médias mensais de frondes
com temperatura. O teste de correlação de Pearson indicou que a média mensal de
121
5
5,5
6
6,5
7
7,5
8
J F M A M J J A S O N D
Meses
Média mensal de frondes
0
5
10
15
20
25
30
Temperatura (ºC)
Férteis Maduras Temperatura
frondes maduras está fortemente correlacionada com a temperatura (r = 0,630, p =
0,028). Não foi encontrada uma correlação significativa entre média mensal de frondes
férteis com temperatura (r = 0,534, p = 0,074).
Figura 8. Média mensal de frondes férteis e maduras de Cyathea atrovirens comparada
com a média mensal de temperatura, durante o ano de 2004.
Os 29 báculos marcados de Cyathea atrovirens se expandiram em média 2,53
(±0,93) cm.dia
-1
no primeiro mês, 1,50 (±0,91) cm.dia
-1
,
no segundo mês. No terceiro
mês, 15 frondes continuaram a aumentar seu comprimento, porém a uma média muito
menor e igual a 0,14 (±0,42) cm.dia
-1
. A taxa máxima registrada foi de 5,18 cm.dia
-1
, no
primeiro mês de expansão dos báculos. Portanto, os báculos desenrolaram-se, mais
rapidamente, nos primeiros 60 dias e, com lenta expansão, no mês subseqüente.
Posteriormente, as frondes cessaram sua expansão (Fig. 9). No inverno (agosto) foi
registrada a morte de um báculo e no verão (janeiro/2005), três báculos morreram por
ressecamento.
122
0
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40
60
80
100
120
140
160
180
0 30 60 90 120
Dias
Média de comprimento (cm)
Figura 9. Média de comprimento do báculo/fronde de Cyathea atrovirens em intervalos
de 30 dias.
Fenologia da produção de esporos - Todos os espécimes marcados estavam
férteis e apresentavam um cáudice com no mínimo 10 cm de altura. Não houve
sincronia quanto à liberação de esporos em uma mesma planta, sendo que parte dos
esporângios liberou seus esporos, enquanto a outra permaneceu imatura ou cerrada. Nos
meses de outubro a janeiro, mais de 50% das plantas apresentaram esporângios
imaturos; em dezembro, janeiro, fevereiro e março os esporângios estavam
completamente cerrados; em fevereiro, março e abril ocorreu a liberação da maioria dos
esporos (Fig. 10).
Nos meses de junho, julho e agosto praticamente não ocorreu produção de
esporos e, conseqüentemente, de agosto a outubro praticamente não havia esporângios
cerrados. A maioria das plantas não liberou esporos de setembro a dezembro. Nenhuma
planta apresentou frondes com esporângios imaturos em julho, cerrados em setembro e
liberando esporos em novembro (Fig. 10). De uma maneira geral, o período de
maturação dos esporos foi de 60 dias, sendo que os esporângios maduros permaneceram
cerrados por mais dois meses, até iniciar a liberação dos esporos.
123
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
J F M A M J J A S O N D J
Mês
FR (%)
Imaturos Cerrados Liberando esporos
Figura 10. Freqüência relativa (FR) de indivíduos de Cyathea atrovirens com
esporângios imaturos, cerrados e liberando esporos por mês, durante o período
compreendido entre janeiro de 2004 e de 2005.
Discussão
A população de Cyathea atrovirens apresentou distribuição das classes de altura
tendendo ao modelo de J-invertido, indicando um grande potencial de auto-regeneração
das plantas na floresta secundária, onde foi realizado o presente estudo. Este modelo de
distribuição caracterizado por um grande número de indivíduos nas classes de menor
altura e um número menor nas classes de maior altura, também foi observado para a
espécie em floresta de restinga, às margens da Lagoa das Malvas, no município de
Capão da Canoa, no Estado do Rio Grande do Sul (Athayde Filho 2002). Resultados
similares de distribuição em classes de altura foram obtidos para outras espécies do
gênero, nos estudos desenvolvidos por Tanner (1983) com Cyathea pubescens Mett. ex
Kuhn, na Jamaica; Young & Leon (1989; 1991) e Poulsen & Nielsen (1995) com
Cyathea lasiosora (Mett. ex Kuhn) Domin (=Trichipteris nigra (Mart.) R.M.Tryon), no
Peru e Equador, respectivamente; Nicholson (1997) com o complexo
Cyathea/Trichipteris, também no Peru; e Schmitt (2005, vide capítulo IV) com Cyathea
delgadii Sternb., no sul do Brasil. Embora não tenham distribuído os indivíduos em
classes de altura, Arens & Sánchez Baracaldo (1998) encontraram uma população de
124
Cyathea caracasana (Klotzsch) Domin com a maioria dos indivíduos medindo,
aproximadamente, um metro de altura, em floresta secundária, na Colômbia. O grande
número de indivíduos em classes de menor altura pode estar relacionado com a
abundância de sítios com condições adequadas para o estabelecimento de indivíduos
jovens de C. atrovirens. A grande umidade do local é um dos fatores que pode favorecer
o estabelecimento de esporófitos jovens a partir de gametófitos, aumentando o número
de indivíduos na população. O estudo realizado por Ranal (1999) sobre germinação de
esporos, em floresta estacional semidecidual, indicou que a água é o fator limitante mais
importante para o estabelecimento de pteridófitas. A exigência de grande umidade do
solo para o estabelecimento de esporófitos jovens de samambaias arborescentes, a partir
de gametófitos, foi citada por Gomez (1983), Poulsen & Nielsen (1995) e Nicholson
(1997).
A densidade de Cyathea atrovirens variou dentro das parcelas (de zero a cinco) e
está relacionada com a agregação encontrada para a espécie. Athayde Filho (2002)
encontrou índices mais altos de agregação para C. atrovirens, em floresta de restinga e
Schmitt (2005, vide capítulo IV) para C. delgadii, no Rio Grande do Sul. Segundo
Nascimento et al. (2001), quando uma espécie apresenta muitos indivíduos em
pequenos grupos pode ocorrer o padrão de distribuição agregado. Além disso, espécies
que pertencem aos estágios iniciais de sucessão, que habitam locais alterados
apresentam adaptações às variadas condições ecológicas e tendem a apresentar um
padrão de distribuição espacial agregado (Nasi 1993). Tryon & Tryon (1982)
comentaram que agrupamentos de C. atrovirens (= Trichipteris atrovirens (Langsd. &
Fisch.) Tryon), próximos ao topo da Serra do Mar, em São Paulo, sobreviveram
inclusive à ação do fogo, que deixa o solo praticamente descoberto de vegetação. O
mesmo fato foi observado durante o desenvolvimento do presente trabalho, em
barrancos junto à beira de estradas, em locais próximos ao das plantas monitoradas.
Considerando o adensamento de indivíduos de Cyathea atrovirens no sub-bosque
úmido da floresta secundária, bem como em outras áreas úmidas desprovidas de
cobertura florestal (observação pessoal), associada à grande fertilidade das plantas, fica
evidenciada a importância da espécie no ciclo natural de regeneração da vegetação.
A taxa média de crescimento do cáudice de Cyathea atrovirens é menor
daquelas indicadas por outros autores para outras espécies do nero (Tab. 3), com
exceção do valor mínimo registrado para Cyathea hornei (Baker) Copel., no Fiji (Ash
1987). Os resultados aqui apresentados estão de acordo com Fernandes (1997) que
125
observou, durante seis anos, um crescimento muito lento de C. atrovirens, na cidade de
São Paulo, embora a autora não tenha apresentado dados quantitativos sobre o
desenvolvimento das plantas. Percebe-se que o crescimento de C. atrovirens se
aproxima mais daqueles registrados para outras espécies do gênero que crescem em
florestas primárias, embora o estudo tenha sido realizado em floresta secundária,
contrariando a tendência das samambaias arborescentes crescerem rapidamente em
florestas secundárias (Bittner & Breckle 1995; Arens 2001). Tal fato pode estar
relacionado com a plasticidade da espécie que geralmente apresenta cáudices pouco
desenvolvidos (até ~ 80 cm) quando cresce em alagados ao longo de estradas e
barrancos úmidos com luminosidade plena, de médio porte (até ~ 2 m) em florestas
secundárias e maiores (até ~ 6 m) em florestas primárias ou em estágio avançado de
sucessão. Essa hipótese poderia ser testada transplantando-se plantas de um ambiente
para outro, a fim de verificar as mudanças na taxa de crescimento, num experimento que
foge a proposta deste trabalho.
Tabela 3. Comparação de taxas de crescimento do cáudice de Cyathea atrovirens com
outras espécies do gênero.
Espécie TC (cm.yr
-1
) Habitat (tipo de floresta) Autor
Cyathea hornei 1,5-40 primária Ash (1987)
Cyathea atrovirens 2,48 secundária Presente estudo
Cyathea aracasana 4,8* secundária alta Arens (2001)
Cyathea pubescens 6,66 ? Tanner (1983)
Cyathea pinnula 10,4 primária
Bittner & Breckle
(1995)
Cyathea caracasana 16,8* secundária baixa Arens (2001)
Cyathea nigripes 17,1 primária
Bittner & Breckle
(1995)
Cyathea delgadii 21,3 primária
Bittner & Breckle
(1995)
Cyathea arborea 28,6 secundária Conant (1976)
Cyathea delgadii 81,9 secundária
Bittner & Breckle
(1995)
Cyathea trichata 89,7 secundária
Bittner & Breckle
(1995)
TC = taxa de crescimento; * valor calculado a partir da média mensal.
O crescimento lento não exclui a possibilidade de cultivo da espécie visto que
apresenta grande potencial ornamental, sendo utilizada em projetos paisagísticos,
especialmente, nos municípios em que ocorre naturalmente. Além disso, a espécie pode
apresentar caracteres heliomórficos, tal como lâmina coriácea, brilhante e reduzida
(Fernandes 1997), adaptando-se bem a diferentes condições de luminosidade. Hoehne
126
(1930) destacou que Cyathea atrovirens é uma espécie rústica, com frondes decorativas,
fácil de cultivar, que pode ser plantada em terrenos, mesmo descobertos, uma vez que
suporta a luz do sol sem sofrer dano. Apesar disso, não foram obtidas informações sobre
o cultivo da espécie para fins comerciais e paisagísticos.
Contudo, o cálculo da taxa de crescimento relativo é mais adequado para se
avaliar o crescimento real das plantas. Duas plantas podem ter o mesmo valor de
crescimento absoluto, porém, como o aumento baseia-se na altura inicial de cada
espécime, o valor relativo mostra qual das duas cresceu mais proporcionalmente. A
partir dessa análise, percebeu-se que, proporcionalmente, plantas de menor altura
cresceram mais de que as plantas de maior altura. O fato de plantas menores crescerem
mais aumenta a possibilidade das mesmas interceptarem a luz no sub-bosque,
permitindo uma atividade fotossintetizante maior, favorecendo o crescimento.
O comprimento máximo do estípite e total da fronde encontrados para as
plantas estudadas são próximos àqueles citados por Fernandes (1997), cujos valores
foram 110 e 300 cm, respectivamente. Os esporófitos de Cyathea atrovirens de menor
altura não apresentaram frondes com estípite de maior comprimento, ao contrário do
registrado para Alsophila tryoniana (Gastony) D.S.Conant (= Nephelea tryoniana
Gastony), A. setosa Kaulf. (Seiler 1984; Schmitt & Windisch 2003) e comentado para
pteridófitas arborescentes, em geral, por Tryon & Tryon (1959). Segundo Arens &
Sánchez Baracaldo (2000), C. caracasana também não apresentou correlações
significativas entre altura do cáudice e comprimento do estípite, largura da lâmina ou
distância entre as pinas das frondes. A única exceção registrada pelos autores foi uma
correlação regular entre altura do cáudice e comprimento da lâmina, tal como registrado
para C. atrovirens. A ausência de boas correlações entre as dimensões das frondes com
a altura das plantas de C. atrovirens, indica que as diferenças no tamanho foliar não
estão relacionadas com classes de tamanho-idade dos cáudices. Os resultados dos
estudos de Arens & Sánchez Baracaldo (2000) observaram que a qualidade da luz
recebida pelo meristema apical das frondes de C. caracasana influencia o alongamento
dos estípites das plantas. Fica evidenciado pelas observações de campo que não é regra
geral para todas as espécies de Cyatheaceae, que plantas de menor altura apresentem
frondes com estípites de maior comprimento.
127
A taxa de produção anual de frondes novas Cyathea atrovirens, bem como o
número de frondes maduras por planta é similar àquelas registradas para outras espécies
do mesmo gênero (Tab. 4).
Tabela 4. Comparação de número de frondes maduras e de produção foliar de Cyathea
atrovirens com outras espécies do gênero.
Espécie
Frondes maduras
n
o
.ano
-1
Frondes novas
n
o
.ano
-1
Autor
Cyathea atrovirens 1-17 8,6 Presente estudo
Cyathea caracasana nd 7,7- 14 Arens (2001)
Cyathea delgadii 0-20 5,75 Presente estudo*
Cyathea hornei 3-11 3-9 Ash (1987)
Cyathea pubescens 6-8 8 Tanner (1983)
Nd = não determinado. *Capítulo IV.
Foi observada uma assincronia na produção de frondes novas de Cyathea
atrovirens, tal como registrado para C. pubescens (Tanner 1983), C. hornei (Ash 1987)
C. caracasana (Arens 2001) e C. delgadii (Schmitt 2005, vide capítulo IV). Além disso,
a produção foliar demonstrou uma variação sazonal, sendo que a maioria das frondes foi
produzida na primavera (setembro e outubro). A sazonalidade na produção de frondes
também foi registrada para outras espécies de Cyathea (Tanner 1983; Ash 1987), bem
como para outros gêneros de samambaias arborescentes (Hoehne 1930; Wick &
Hashimoto 1971; Seiler 1981; Ortega 1984; Walker & Aplet 1994; Durand & Goldstein
2001; Schmitt 2001; Schmitt & Windisch 2001). Tal como observado no presente
estudo, embora ocorram picos de produção foliar com valores de precipitação elevados,
altas taxas de produção de frondes não estão correlacionadas, significativamente, com
pluviosidade para C. caracasana (Arens 2001). Da mesma forma, para Cibotium spp. a
produção de frondes não parece corresponder com a precipitação (Wick & Hashimoto
1971; Durand & Goldstein 2001).
Apesar do espécime de Cyathea atrovirens mais alto (185 cm) registrado neste
trabalho, ter apresentado a maior taxa anual de produção de frondes (19), altas taxas de
produção foliar não estão, significativamente, correlacionadas com plantas mais altas.
Tanner (1983) também verificou que a produção de frondes de C. pubescens é maior em
plantas altas e menor em plantas baixas, embora altas taxas de produção foliar não
apresentarem boa correlação com altura. Schmitt & Windisch (2003) evidenciaram uma
correlação regular entre produção anual de frondes e altura do cáudice de Alsophila
setosa, em floresta secundária, no Rio Grande do Sul. Por outro lado, Schmitt (2005,
128
vide capítulo IV) verificou uma forte correlação entre produção anual de frondes e
altura das plantas de C. delgadii.
A senescência de frondes de Cyathea atrovirens também foi assincrônica, tal
como registrado para C. pubescens (Tanner 1983), C. hornei (Ash 1987), C. delgadii
(Schmitt 2005, vide capítulo VI), Cibotium glaucum (Sm.) Hook. & Arn. (Walker &
Aplet 1994) e Alsophila salvinii Hook. (Seiler 1981). A senescência das frondes não
demonstrou estar correlacionada, estatisticamente, com a precipitação. Porém,
demonstrou uma variação sazonal, sendo que a maioria das frondes senescentes foi
observada no final do inverno e início da primavera (agosto, setembro e outubro). A
sazonalidade na senescência de frondes também foi registrada para A. salvinii (Seiler
1981) e A. setosa (Schmitt 2001).
As plantas mais altas de Cyathea atrovirens apresentaram uma tendência
regular para apresentarem mais frondes senescentes. Tal fato pode estar relacionado
com a estrutura da vegetação onde plantas mais altas expõem mais sua coroa de frondes
às condições de ressecamento (frio, geadas e luz) de que as plantas menores, uma vez
que o dossel da floresta não é fechado, que as árvores são de média altura (6-8 m) e que
há muita vegetação herbácea-arbustiva.
Ao se analisar a influência da temperatura sobre a média do número de frondes
maduras por planta, verificou-se que nos meses mais quentes a média de frondes é um
pouco maior e vice-versa. Em agosto, posteriormente, ao mês mais frio do ano (julho)
foi registrada a menor média de frondes maduras por planta, sugerindo que as
temperaturas baixas e a incidência de geadas, no inverno, contribuíram para o
secamento foliar e, conseqüentemente, para a redução da média de frondes. Apesar
disso, o número médio de frondes maduras de Cyathea atrovirens variou fracamente,
durante o ano de observações, porque a produção de frondes novas e a senescência
ocorreram, paralelamente, durante todo o ano, além de que os valores máximos de
ambas foram registrados no mesmo mês (setembro). Também, considerando que a
média de frondes maduras em janeiro/2004 foi, estatisticamente, igual à de janeiro/2005
ficou evidenciada a capacidade da espécie de recuperar a perda de frondes, em curto
espaço de tempo, mantendo, conseqüentemente, o seu número de frondes estável, a cada
ano. Schmitt & Windisch (2001) registraram em duas localidades próximas a do
presente estudo, porém em altitudes mais elevadas (500 e 700 m), abscisão foliar total e
necrose de báculos de Alsophila setosa, causada pelo frio e ação de geadas. Porém, os
129
autores registraram que A. setosa apresenta uma capacidade de recuperar praticamente
todas as frondes perdidas, na primavera, mantendo o número de frondes maduras
relativamente estável, a cada ciclo. A manutenção anual de frondes também foi
registrada por Ortega (1984) para Sphaeropteris senilis (Klotzsch) R.M.Tryon, na
Venezuela, Schmitt (2005, vide capítulo IV) para C. delgadii, no sul do Brasil.
Dentro de aproximadamente 60 dias os báculos de Cyathea atrovirens
apresentaram todas as suas pinas expandidas. Posteriormente, algumas frondes recém
expandidas continuaram aumentando seu comprimento, lentamente. A expansão foliar
muito rápida durante a maturação e, posteriormente, muito mais lenta foi também
observada por Schmitt (2001) para Alsophila setosa; por Shreve (1914) para C.
pubescens e outras samambaias arborescentes; e por Schmitt (2005, vide capítulo IV)
para C. delgadii. A expansão mais rápida, registrada por Shreve (1914), foi de 4,94
cm.dia
-1
para báculos de C. pubescens. Esse valor se aproxima muito da expansão
máxima encontrada para C. atrovirens (5,18 cm.dia
-1
). Seiler (1981) comentou que
frondes de A. salvinii levaram de 60 a 120 dias para maturar. Os báculos de C.
atrovirens são resistentes ao frio do inverno e às altas temperaturas do verão, visto que o
número de báculos necrosados foi extremamente reduzido (4), durante todos os meses
de observação.
Todos indivíduos da população de Cyathea atrovirens estudados produziram
frondes férteis, mesmo aqueles com cáudices de menor altura. Ash (1986) registrou que
Leptopteris wilkesiana (Brack.) H.Christ (Osmundaceae), samambaia arborescente do
Fiji, começa a produção de esporos com 30 45 cm de altura e que a mesma se
intensifica com o aumento da altura e número de frondes. Ao contrário do registrado
para C. atrovirens, um número reduzido de indivíduos férteis, devido ao baixo número
de plantas altas foi encontrado em populações de C. lasiosora (Young & León 1989), C.
delgadii (Schmitt 2005, vide capítulo IV) e Alsophila setosa (Schmitt & Windisch
2005). Page (1979) destacou que a produção de esporos pode ser alta quando a planta
está sob condições ecológicas mais severas, competindo com outras, e talvez, quando o
grupo atinge maturidade.
De uma maneira geral, a produção e liberação de esporos foi assincrônica
numa mesma planta, bem como na população, ao longo de todo o período estudado.
Porém, a partir de outubro, na primavera, foi iniciada a produção de grande parte dos
esporos, estendendo-se até o mês de janeiro. Posteriormente, de fevereiro a abril, grande
130
parte do lote produzido foi liberada. O início e parte da época da nova produção,
coincidiram com meses de precipitação máxima. O período de liberação da maior parte
dos esporos foi anterior a um mês de precipitação mais elevada (maio). A produção de
grande parte dos esporos em períodos de alta pluviosidade foi registrada por Ranal
(1995) para espécies de Polypodiaceae e Pteridaceae, em floresta estacional
semidecidual, do Estado de São Paulo. Tal fato também foi observado por Schmitt
(2001) para Alsophila setosa, no mesmo tipo de formação florestal, porém no Estado do
Rio Grande do Sul. A assincronia na liberação de esporos pode ser um aspecto positivo
para manutenção da espécie, pois evita que toda a produção seja perdida, em caso de
haver seca prolongada, permitindo o aproveitamento de um maior número de
microhabitats recém expostos (Ranal 1995).
Nos meses de inverno (junho, julho e agosto), com menores temperaturas,
praticamente não ocorreu nova produção de esporos. Contudo, não foi encontrada boa
correlação entre médias de temperatura e número de frondes férteis por plantas de
Cyathea atrovirens. Sato (1982) sugeriu que o clima frio tem efeito restritivo na
expansão das frondes das pteridófitas, bem como no período de produção de esporos.
Por outro lado, Ortega (1984) observou que não uma constância de frondes férteis de
Sphaeropteris senilis por planta e aparentemente sua existência o tem nenhuma
relação com mudanças climáticas, porém nesse caso os estudos foram realizados em
sítios de clima tropical.
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul UFRGS, pela oportunidade de realização deste estudo. Ao Centro
Universitário FEEVALE, pela concessão de bolsa auxílio-doutorado. À secretaria
municipal do meio ambiente de Novo Hamburgo, pela autorização para a realização da
pesquisa, no parque Henrique Luiz Roessler. Ao Nilson Wolff, pelo fornecimento dos
dados climatológicos. À Cristina L. J. Schmitt, demais familiares e alunos do curso de
Ciências Biológicas pelo auxílio prestado e estímulos para realização do presente
trabalho.
131
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cinco espécies: Alsophila capensis (L.f.) J.Sm., A. setosa Kaulf., Cyathea atrovirens
(Langsd. & Fisch.) Domin, C. corcovadensis (Raddi) Domin e C. delgadii Sternb.. As
espécies amplamente distribuídas são A. setosa Kaulf. e C. atrovirens. No caso de C.
corvadensis foram encontradas duas populações e sua distribuição foi restrita ao litoral
norte. Em relação à A. capensis foram encontrados registros da espécie na Encosta
Inferior do Nordeste e nos Campos de Cima da Serra. Contudo, nos levantamentos
florísticos, A. capensis não foi encontrada in situ, evidenciando que a espécie encontra-
se criticamente em perigo ou provavelmente extinta no Estado. C. delgadii ocorre na
Depressão Central e Encosta Inferior do Nordeste.
O presente estudo ampliou o conhecimento do limite de distribuição oeste de C.
atrovirens, até a região da Campanha, visto que até então não havia registro dessa
espécie, em área tão interiorana e afastada do oceano Atlântico.
O extrativismo, o tamanho populacional local pequeno, a destruição e a
fragmentação dos habitats para a realização de práticas agrícolas, bem como o pastoreio
do gado que se alimenta das frondes das plantas jovens são os principais fatores
relacionados com a redução das populações de Cyatheaceae. Para proteger as ciateáceas
do Estado é necessário conservar os remanescentes florestais em que as espécies ainda
são atualmente encontradas.
Sobre os cáudices dos representantes de Cyatheaceae foram registradas 34
espécies de pteridófitas epifíticas, distribuídas em 16 gêneros e sete famílias.
Apresentaram o maior número de espécies a família Polypodiaceae (13) e o gênero
Asplenium L. (8). A categoria ecológica mais abundante foi a dos holoepífitos habituais,
incluindo 56% das espécies. Alsophila setosa apresentou o maior número de espécies
(31), seguida de Cyathea delgadii (10), C. atrovirens e C. corcovadensis (7). A
concentração da riqueza específica em forófitos de A. setosa pode estar relacionada com
a distribuição geográfica, tamanho, idade e textura do cáudice da espécie.
A floresta ombrófila densa, formações pioneiras, floresta ombrófila mista e
estacional semidecidual foram mais ricas em epífitos de que a floresta estacional
decidual. Foi comprovada a heterogeneidade de pteridófitas epifíticas associadas aos
cáudices de Alsophila setosa em relação às de Cyathea spp., bem como a forte
136
influência dessa espécie forofítica como causa de diferenciação florística. A Encosta
Inferior do Nordeste apresentou o maior número de espécies epifíticas (23), sendo que
de modo geral as regiões fisiográficas com maior riqueza coincidiram com aquelas que
apresentam os tipos vegetacionais mais ricos em epífitos e espécies forofíticas. A
riqueza epifítica e de Cyatheaceae em relação à longitude, constituiu uma seqüência
decrescente em direção às regiões mais secas e interiores, no extremo oeste do Estado.
O número máximo de espécies epifíticas ocorrentes em um dado cáudice foi
sete. A correlação fraca entre altura do forófito e número de epífitos indicou uma
pequena tendência de aumentar a riqueza em plantas mais altas. As famílias com menor
amplitude vertical foram aquelas que predominantemente preferem ou toleram muita
umidade e pouca luz (Hymenophyllaceae), hemiepifíticas (Blechnaceae) ou que
apresentaram epifitismo acidental (Pteridaceae). O contrário foi observado para as
famílias (Aspleniaceae e Polypodiaceae), cujas espécies são predominantemente
holoepífitas habituais e que possuem adaptações para tolerar menos umidade e mais luz.
Considerando que a maioria dos epífitos registrados são habituais e que alguns
destes crescem, exclusivamente ou preferencialmente, sobre os cáudices de samambaias
arborescentes (Asplenium mucronatum C.Presl, A. scandicinum Kaulf., Pecluma
truncorum (Lindm.) M.G.Price, Trichomanes anadromum Rosenst., T. angustatum
Carmich. e T. polypodioides L.), o desaparecimento de plantas adultas de pteridófitas
arbóreas, nas formações florestais do Estado, compromete a disponibilidade de
microhabitats específicos para espécies epifíticas, sendo que este fato merece especial
atenção no que tange à conservação de espécie.
As populações de Cyathea atrovirens e de C. delgadii apresentaram distribuição
das classes de altura tendendo ao modelo de J-invertido, indicando um grande potencial
de auto-regeneração das plantas, nas áreas estudadas. A heterogeneidade dos
microhabitats favorece o adensamento dos espécimes de C. atrovirens e de C. delgadii,
que formam manchas no sub-bosque florestal, resultando numa distribuição espacial
agregada. O crescimento lento do cáudice de ambas as espécies pode ser influenciado
pelas condições ambientais, tais como diferenças no dossel e nos estágios de sucessão
das formações florestais, incidência de luz e competição.
Cyathea atrovirens e de C. delgadii apresentaram produção anual de frondes e
número de frondes maduras por planta similar àquelas registradas para outras espécies
do mesmo gênero. Além disso, a produção foliar e senescência de frondes foi
137
assincrônica, sendo que as duas espécies evidenciaram capacidade de manutenção do
número de frondes na coroa, a cada ano.
Foi observada uma assincronia na produção e liberação de esporos em
esporófitos de Cyathea atrovirens e de C. delgadii, que pode contribuir para o
aproveitamento de um maior número de microhabitats recém expostos e evitar a perda
total da produção, num período desfavorável. Poucos indivíduos rteis foram
encontrados na população de C. delgadii, em decorrência da baixa freqüência de plantas
que atingiram a idade reprodutiva, uma vez que as classes de maior altura foram
expressivamente menos numerosas. O contrário foi registrado para C. atrovirens, sendo
que todos os indivíduos foram encontrados férteis, independentemente de sua altura.
Portanto, não é regra geral para todas as ciateáceas a tendência de apenas os indivíduos
mais altos da população produzirem frondes férteis.
Cyathea atrovirens apresenta grande potencial ornamental, podendo ser utilizada
em jardinagem, em decorrência de suas frondes decorativas, que apresentam capacidade
de suportar luminosidade plena, evidenciada pelo fato de crescer em ambientes
totalmente desprovidos de vegetação, beiras de estradas e barrancos. Por outro lado, C.
delgadii desaparece da vegetação com a ação antrópica intensa e cresce,
preferencialmente, no sub-bosque, ao longo de linhas de drenagem, em solo raso e
arenoso, dificultando a sua utilização no paisagismo, em decorrência de suas exigências
e tolerância ecológicas.
Como o desenvolvimento de Alsophila setosa foi objeto de investigação em
outro projeto de pesquisa , o presente estudo ampliou o conhecimento do crescimento da
geração esporofítica de outras espécies da família, com a análise do desenvolvimento de
Cyathea atrovirens e Cyathea delgadii. Infelizmente como foi citado, no caso de C.
corcovadensis apenas algumas plantas puderam ser observadas, em ambiente altamente
antropizado, e no caso de A. capensis não registro recente da ocorrência de
população no Rio Grande do Sul.
138
Anexos
139
Anexo 1. Pteridoflora associada aos cáudices de Cyatheaceae no Rio Grande do Sul
1
.
1. Asplenium claussenii Hieron.
2. Asplenium inaequilaterale Willd.
3. Asplenium mucronatum C.Presl
4. Asplenium scandicinum Kaulf.
1
Anexos de 1 a 3 são referentes ao capítulo I.
140
Anexo 1. Continuação.
5. Asplenium serra Langsd. & Fisch.
6. Blechnum binervatum (Poir.) C.V.Morton &
Lellinger
7. Lastreopsis amplissima (C.Presl) Tindale
8. Rumohra adiantiformis (G.Forst.) Ching
141
Anexo 1. Continuação.
9. Trichomanes angustatum Carmich.
10. Trichomanes polypodioides L.
11. Campyloneurum nitidum C.Presl
12. Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota
142
Anexo 1. Continuação.
13. Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.)
Copel.
14. Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M.G.Price
15. Niphidium rufosquamatum Lellinger
16. Didymochlaena trunculata (Sw.) J.Sm.
143
Anexo 1. Continuação.
17. Pecluma recurvata (Kaulf.) M.G.Price
18. Pecluma truncorum (Lindm.) M.G.Price
19. Polypodium catharine Langsd & Fisch.
20. Vittaria lineata (L.) Sm.
144
Anexo 2. Espécies de Cyatheaceae do Rio Grande do Sul.
1. Alsophila setosa Kaulf.
2. Cyathea corcovadensis (Raddi) Domin
3. Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin
4. Cyathea delgadii Sternb.
145
Anexo 3. Espécies de pteridófitas epifíticas associadas aos cáudices de Cyatheaceae no Rio Grande do Sul encontradas nas estações de coleta
do levantamento florístico.
Família/Espécie Estações de coleta
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
ASPLENIACEAE
Asplenium claussenii 0 1 0 1 0 0 1 1 1 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1
Asplenium gastonis 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0
Asplenium harpeodes 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Asplenium inaequilaterale 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0
Asplenium incurvatum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Asplenium mucronatum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
Asplenium scandicinum 0 1 1 1 0 1 1 0 1 1 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0
Asplenium serra 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
BLECHNACEAE
Blechnum binervatum 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1
Blechnum confluens 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
DRYOPTERIDACEAE
Ctenitis sp. 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Lastreopsis amplissima 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Polystichum sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Rumohra adiantiformis 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1
HYMENOPHYLLACEAE
Trichomanes anadromum 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Trichomanes angustatum 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1
Trichomanes polypodioides 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
Trichomanes radicans 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
PTERIDACEAE
Adiantum raddianum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
Doryopteris pedata 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
POLYPODIACEAE
Campyloneurum 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0
Campyloneurum nitidum 0 1 1 1 0 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1
Microgramma squamulosa 0 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 1 1 1 0 1 1
continua
146
Tabela 4 (continuação)
Microgramma tecta 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Microgramma vacciniifolia 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0
Niphidium rufosquamatum 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0
Pecluma paradiseae 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Pecluma pectinatiformis 0 1 1 1 0 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
Pecluma recurvata 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
Pecluma truncorum 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0
Pleopeltis angusta 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0
Polypodium catharine 0 0 0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0
Polypodium hirsutissimum 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0
VITTARIACEAE
Vittaria lineata 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 0 1 1 1
TOTAL 1 8 6 13 4 11 8 6 6 14 10 10 10 5 7 16 14 2 3 11 8
Legenda. Estações de coleta: 1 - Alegrete, 2 - Augusto Pestana, 3 - Bozano, 4 - Camaquã, 5 - Capão da Canoa, 6 - Caraá, 7 - Derrubadas, 8 - Encruzilhada do Sul, 9 -
Marau, 10 - Morrinhos do Sul, 11 - Novo Hamburgo, 12 - Pelotas, 13 - Riozinho, 14 - Salvador do Sul, 15 - Santa Maria, 16 - São Francisco de Paula, 17 - Sapiranga, 18 -
Tabaí, 19 - Torres, 20 - Três cachoeiras, 21 - Veranópolis.
147
Anexo 4. Matriz de presença e ausência utilizada para construção do dendograma de similaridade florística entre grupos de pteridófitas epifíticas,
em diferentes tipos vegetacionais e espécies forofíticas do Rio Grande do Sul.
2
Família/Espécie Formações/Forófitos
FOD
CC
FOD
AS
FOD
CA
PIO
AS
PIO
CC
PIO
CA
FED
AS
FED
CD
FES
AS
FES
CD
FES
CA
FOM
AS
ASPLENIACEAE
Asplenium claussenii 0 0 0 1 0 0 1 0 1 1 0 1
Asplenium gastonis 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1
Asplenium harpeodes 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
Asplenium inaequilaterale 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
Asplenium incurvatum 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
Asplenium mucronatum 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Asplenium scandicinum 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1
Asplenium serra 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
BLECHNACEAE
Blechnum binervatum 0 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1
Blechnum confluens 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
DRYOPTERIDACEAE
Ctenitis sp. 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
Lastreopsis amplissima 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
Polystichum sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Rumohra adiantiformis 0 1 1 1 1 0 0 0 1 1 0 1
HYMENOPHYLLACEAE
Trichomanes anadromum 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Trichomanes angustatum 0 1 1 1 0 0 1 0 1 1 0 1
Trichomanes polypodioides 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0
Trichomanes radicans 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
PTERIDACEAE
Adiantum raddianum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Doryopteris pedata 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
continua
2
Anexo 4 é referente ao capítulo II.
148
Tabela 4 (continuação)
POLYPODIACEAE
Campyloneurum austrobrasilianum 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Campyloneurum nitidum 0 1 1 1 0 0 1 0 1 1 0 1
Microgramma squamulosa 0 1 0 1 1 0 1 1 1 0 0 1
Microgramma tecta 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Microgramma vacciniifolia 1 1 0 1 1 1 0 0 1 1 0 0
Niphidium rufosquamatum 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1
Pecluma paradiseae 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
Pecluma pectinatiformis 0 1 0 1 0 0 1 0 1 1 0 1
Pecluma recurvata 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Pecluma truncorum 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0
Pleopeltis angusta 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0
Polypodium catharine 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0
Polypodium hirsutissimum 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
VITTARIACEAE
Vittaria lineata 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 0 1
TOTAL 3 17 5 13 7 4 13 2 20 9 2 17
Legenda. Presença (1), ausência (0), Floresta ombrófila densa (FOD), Formações pioneiras (PIO), Floresta ombrófila mista (FOM), Floresta estacional semidecidual (FES),
Floresta estacional decidual (FED), Alsophila setosa (AS), Cyathea atrovirens (CA), C. corcovadensis (CC) e C. delgadii (CD).
149
Anexo 5. Dimensões dos cáudices de Cyathea delgadii
3
.
Planta
DB
(cm)
DAP
(cm)
DA
(cm)
Alt 1
(cm)
Alt 2
(cm)
TCA
(cm.ano
-1
)
TCR
(%)
1 10,6 10,4 11 261 301 40 15,32
2 4,6 - 5,3 62 62 0 0
3 10,2 8 9 187 197 10 5,34
4 6,1 - 5,1 50 51 1 2
5 7,2 - 8,7 140 150 10 7,14
6 13,2 10,1 11,7 354 372 16 4,51
7 5,4 - 6,1 110 110 0 0
8 x - - 7 9 2 28,57
9 2,3 - 2,5 13 13 0 0
10 4 - 6,6 68 73 5 7,35
11 - - - 7 7 0 0
12 2,6 - 2,8 18 19 1 5,55
13 8,5 8,6 9,1 200 206 6 3
14 - - - 10 10 0 0
15 3,4 - 3,8 18 19 1 5,55
16 2 - 2,5 10 12 2 20
17 4,7 - 5,3 34 36 2 5,88
18 5,2 - 5,1 53 55 2 3,77
19 4,5 - 5,8 68 70 2 2,94
20 3,2 - 4,3 34 38 4 11,76
21 2,5 - 3 15 15 0 0
22 - - 2,7 8 8 0 0
23 5,8 - 6,2 75 80 5 6,66
24 2,7 - 2,6 15 15 0 0
25 4 - 4,2 32 32 0 0
26 3,5 - 4,4 32 35 3 9,37
27 6,4 - 5,6 53 60 7 13,2
28 4 - 4,1 28 30 2 7,14
29 - - - 10 10 0 0
30 - - - 7 7 0 0
31 11,5 9,7 11,7 267 283 16 5,99
32 9 5,9 8,1 165 170 5 3,03
33 5,6 6,6 4,5 167 167 0 0
34 3,8 - 3,8 32 32 0 0
35 - - 5 23 27 4 17,39
36 4,5 - 3,8 46 46 0 0
37 11,6 5,3 4 280 286 6 2,14
38 6,5 7 7 140 150 10 7,14
39 8,5 6,8 6 267 296 29 10,86
40 3,6 - 3,6 18 18 0 0
41 2 - 3 24 24 0 0
Médias
(DP)
5,68
(3,04)
7,84
(1,80)
5,5
(2,56)
83,12
(93,65)
87,82
(99,95)
4,65
(8,10)
5,16
(6,44)
Diâmetro da base (DB); diâmetro à altura do peito (DAP); diâmetro do ápice (DA); altura em jan/2004
(Alt 1); altura em jan/2005 (Alt 2); taxa de crescimento absoluto (TCA); taxa de crescimento relativo
(TCR).
3
Anexos de 5 a 11 são referentes ao capítulo IV.
150
Anexo 6. Produção de frondes novas por esporófito de Cyathea delgadii.
Planta J F M A M J J A S O N D J
1 1 0 4 1 0 0 5 0 0 5 0 0 2
2 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0
3 2 2 2 0 1 1 1 1 2 0 3 1 1
4 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0
5 1 0 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0
6 0 4 1 0 5 0 4 2 0 5 0 0 2
7 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0 0
8 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0
9 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0
10 0 1 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 1
11 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
12 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
13 2 0 0 2 3 0 0 0 5 1 0 0 4
14 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0
15 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
16 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 1 0 0
17 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0
18 1 1 1 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0
19 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 1
20 1 0 1 1 0 0 1 0 1 0 1 0 0
21 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0
22 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0
23 0 1 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0
24 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
25 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0
26 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0
27 0 2 1 0 1 0 0 2 0 0 1 0 1
28 1 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0
29 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
30 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0
31 5 0 0 5 0 0 5 0 0 4 0 0 2
32 0 4 0 0 3 0 0 0 4 0 1 2 0
33 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1
34 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 1 0 0
35 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0
36 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0
37 0 1 1 0 0 1 0 0 1 0 1 1 0
38 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0
39 0 3 3 0 0 0 5 0 0 0 5 0 0
40 1 1 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0
41 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
Médias
(DP)
0,46
(0,92)
0,75
(1,01)
0,53
(0,86)
0,31
(0,87)
0,46
(1,02)
0,21
(0,41)
0,70
(1,41)
0,29
(0,55)
0,58
(1,04)
0,68
(1,25)
0,70
(0,92)
0,12
(0,39)
0,36
(0,82)
Desvio padrão (DP).
151
Anexo 7. Frondes maduras por esporófito de Cyathea delgadii.
Planta J F M A M J J A S O N D J
1 17 15 14 15 15 15 15 15 18 18 15 20 18
2 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 3 3
3 8 9 11 12 12 11 12 13 13 13 12 13 13
4 2 2 2 3 2 2 2 2 2 2 3 2 2
5 9 8 6 7 7 7 6 7 7 8 9 8 8
6 18 14 18 15 14 19 18 18 23 19 19 19 19
7 2 2 2 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2
8 1 1 2 2 2 1 1 2 2 1 1 2 2
9 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1
10 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5
11 1 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0
12 2 2 2 3 2 2 2 2 2 2 2 1 1
13 12 10 11 11 11 14 13 13 12 12 13 13 12
14 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 1 1 1
15 2 2 2 2 2 2 2 1 1 2 2 1 1
16 2 2 2 1 1 1 1 1 2 2 2 3 1
17 2 3 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3
18 2 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 3 3
19 5 5 5 4 3 3 4 3 3 3 4 4 2
20 2 3 3 2 3 3 3 4 3 3 3 3 4
21 2 2 3 3 2 2 2 2 2 2 2 3 2
22 2 2 1 0 0 1 1 1 1 0 0 1 1
23 5 4 5 4 3 3 4 4 5 4 4 4 4
24 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 0
25 2 2 2 2 3 2 3 2 1 1 1 2 2
26 3 2 2 2 2 2 2 2 2 3 2 2 3
27 5 4 4 4 4 4 5 5 5 6 6 5 5
28 2 3 2 2 2 2 2 2 3 3 3 2 3
29 1 1 1 2 2 2 2 1 1 2 1 1 1
30 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 2 2 2
31 15 17 15 15 15 20 19 17 20 18 15 19 16
32 11 10 12 12 12 14 15 14 12 16 14 14 15
33 3 3 3 3 3 3 3 4 3 3 4 2 2
34 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 5 4
35 4 4 4 3 2 2 2 3 3 4 4 5 5
36 2 2 2 2 3 2 2 1 1 2 2 3 2
37 6 6 6 4 5 5 5 6 6 5 4 5 3
38 6 7 8 9 9 8 7 7 7 8 8 8 9
39 10 10 12 10 9 9 9 8 11 10 7 10 9
40 3 3 3 4 3 3 3 3 3 3 4 3 3
41 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1
Médias
(DP)
4,51
(4,47)
4,39
(4,06)
4,6
(4,36)
4,48
(4,22)
4,31
(4,19)
4,56
(5,06)
4,58
(4,92)
4,48
(4,82)
4,78
(5,54)
4,82
(5,23)
4,63
(4,72)
5
(5,31)
4,7
(5,06)
Desvio padrão (DP).
152
Anexo 8. Frondes férteis por esporófito de Cyathea delgadii.
Planta J F M A M J J A S O N D J
1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
6 18 14 16 13 13 13 13 13 19 19 19 19 19
7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
11 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
15 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
21 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
22 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
23 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
24 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
25 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
26 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
27 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
28 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
29 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
31 8 10 10 10 10 15 14 12 14 14 14 18 16
32 9 9 11 11 11 11 12 12 12 13 13 14 15
33 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
34 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
35 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
36 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
37 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
38 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
39 9 9 10 6 5 5 5 5 7 6 5 10 9
40 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
41 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Médias
(DP)
1,07
(3,54)
1,02
(3,22)
1,14
(3,61)
0,97
(3,11)
0,95
(3,07)
1,07
(3,5)
1,07
(3,48)
1,02
(3,31)
1,26
(4,13)
1,26
(4,17)
1,24
(4,14)
1,48
(4,71)
1,43
(4,57)
Desvio padrão (DP).
153
Anexo 9. Taxa mensal de senescência foliar por esporófito de Cyathea delgadii.
Planta J F M A M J J A S O N D
1 3 1 3 0 1 0 0 2 0 3 0 2
2 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0
3 1 0 1 0 0 0 0 1 2 1 1 2
4 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0
5 0 3 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0
6 4 0 4 1 0 1 0 1 4 2 3 0
7 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0
8 0 0 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0
9 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0
10 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1
11 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0
12 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0
13 4 0 0 0 1 2 0 0 2 2 0 1
14 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
15 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0
16 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
17 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0
18 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0
19 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 2
20 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0
21 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
22 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
23 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0
24 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
25 0 1 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0
26 1 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0
27 1 1 0 1 0 0 0 1 0 0 1 1
28 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0
29 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0
30 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
31 3 2 0 0 0 1 2 2 2 3 0 2
32 1 2 0 0 1 0 1 2 0 2 4 1
33 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2 0
34 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
35 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
36 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1
37 0 1 2 0 0 0 0 0 0 1 0 2
38 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0 0 0
39 0 0 4 1 1 0 3 0 1 3 2 1
40 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1 0
41 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
Médias
(DP)
0,46
(1,07)
0,41
(0,70)
0,51
(1,02)
0,29
(0,46)
0,29
(0,46)
0,21
(0,47)
0,34
(0,65)
0,39
(0,62)
0,46
(0,83)
0,58
(0,92)
0,48
(0,89)
0,46
(0,71)
Desvio padrão (DP).
154
Anexo 10. Fenologia da produção de esporos de Cyathea delgadii.
Estado J F M A M J J A S O N D J
FA 0 1 1 0 0 1 2 3 2 3 2 4 4
IMA
FR 0 2,43 2,43 0 0 2,43 4,87 7,31 4,87 7,31 4,87 9,75 9,75
FA 3 2 1 1 0 0 0 0 3 2 4 4 4
CER
FR 7,31 4,87 2,43 2,43 0 0 0 0 7,31 4,87 9,75 9,75 9,75
FA 4 4 4 4 4 4 3 0 0 1 2 1 4
LIB
FR 9,75 9,75 9,75 9,75 9,75 9,75 7,31 0 0 2,43 4,87 2,43 9,75
FA 0 0 0 0 0 0 1 4 1 1 1 0 0
MAL
FR 0 0 0 0 0 0 2,43 9,75 2,43 2,43 2,43 0 0
FA 37 37 37 37 37 37 37 37 37 37 37 37 37
VEG
FR 90,24 90,2 90,2 90,2 90,2 90,2 90,2 90,2 90,2 90,24 90,2 90,2 90,2
Esporângios imaturos (IMA); cerrados (CER); liberando esporos (LIB); com a maioria dos esporos
liberados (MAL); vegetativo (VEG); freqüência absoluta (FA); freqüência relativa (FR).
155
Anexo 11. Comprimento e velocidade de expansão de báculos/frondes de Cyathea
delgadii, por intervalos de 30 dias
Comprimento báculo/fronde (cm) Velocidade de expansão (cm.mês
-1
)
Fronde
1ª med. med. med. 4ª med. 5ª med. 1º mês mês mês 4º mês
1 8 102 227 243 246 3,48 3,47 0,57 0,07
2 11 76 79 79 79 1,96 0,1 0 0
3 13 119 127 127 127 3,21 0,28 0 0
4 35 122 139 140 140 3,1 0,62 0,02 0
5 14 102 175 182 182 3,14 2,7 0,19 0
6 20 69 70 70 70 1,19 0,03 0 0
7 17 160 220 224 224 3,97 2,14 0,09 0
8 30 73 101 105 105 1,53 1,03 0,11 0
9 13 117 122 122 122 4,38 0,27 0 0
10 15 103 154 160 160 2,44 1,82 0,14 0
11 53 109 186 209 210 2 2,85 0,63 0,03
12 34 191 233 233 233 5,06 1,27 0 0
13 9 140 166 166 166 4,22 0,78 0 0
14 10 152 210 221 221 3,94 2,07 0,26 0
15 17,5 115 117 117 117 3,75 0,11 0 0
16 10 121 145 146 146 2,7 0,77 0,03 0
17 28 87 92 92 92 2,18 0,13 0 0
18 7 31 78 87 87 0,85 1,74 0,25 0
19 23 211 228 230 230 6,71 0,62 0,05 0
20 30 112 114 118 118 2,92 0,07 0,11 0
Médias
(DP)
19,87
(11,85)
115,6
(41,59)
149,15
(54,19)
153,55
(56,84)
153,75
(57,15)
3,13
(1,39)
1,14
(1,05)
0,12
(0,18)
0,005
(0,01)
Desvio padrão (DP); medição (med.).
156
Anexo 12. Fenologia da produção de esporos de Cyathea atrovirens
4
.
Estado J F M A M J J A S O N D J
FA
35 21 17 11 6 1 0 2 21 42 47 42 43
IMA
FR
70 42 34 22 12 2 0 4 42 84 94 84 86
FA
45 40 28 15 11 15 6 1 0 2 21 41 39
CER
FR
90 80 56 30 22 30 12 2 0 4 42 82 78
FA
23 38 45 26 13 4 10 14 4 1 0 4 25
LIB
FR
46 76 90 52 26 8 20 28 8 2 0 8 50
FA
0 1 18 37 43 45 46 47 29 9 1 0 0
MAL
FR
0 2 36 74 86 90 92 94 58 18 2 0 0
FA
2 2 2 1 1 1 1 2 1 1 2 2 1
VEG
FR
4 4 4 2 2 2 2 4 2 2 4 4 2
Esporângios imaturos (IMA); cerrados (CER); liberando esporos (LIB); com a maioria dos esporos
liberados (MAL); vegetativo (VEG); freqüência absoluta (FA); freqüência relativa (FR).
4
Anexos de 12 a 18 são referentes ao capítulo V.
157
Anexo 13. Dimensões dos cáudices de Cyathea atrovirens.
Planta
DB
(cm)
DAP
(cm)
DA
(cm)
Alt 1
(cm)
Alt 2
(cm)
TCA
(cm.ano
-1
)
TCR
(%)
1 10 - 12 27 37 10 37,03
2 12 - 12,5 25 30 5 20
3 - - - 21 25 4 19,04
4 10 - 11,4 55 60 5 9,09
5 15 - 13,5 56 58 2 3,57
6 12,2 - 10,8 67 69 2 2,98
7 10,6 - 8,5 52 54 2 3,84
8 5,5 - 5,6 13 13 0 0
9 9,1 - - 16 17 1 6,25
10 10,4 - 11,3 31 37 6 19,35
11 12 - 13 48 48 0 0
12 12,5 - 14 36 38 2 5,55
13 15 14.2 14 147 148 1 0,68
14 17 - 12 128 131 3 2,34
15 11 - 10,5 69 70 1 1,44
16 8,1 - 9,3 84 86 2 2,38
17 7,6 - 8 39 40 1 2,56
18 10 - 11 51 54 3 5,88
19 10,3 - 10,5 73 75 2 2,73
20 13,2 - 11 72 76 4 5,55
21 10,4 - 11 38 43 5 13,15
22 11 - 12,5 58 62 4 6,89
23 14 - 12 79 82 3 3,79
24 10,5 - 10 59 59 0 0
25 9,7 - 9 40 43 3 7,5
26 17 - 14,5 59 62 3 5,08
27 12,5 - 12 98 102 4 4,08
28 11,4 - 11 100 102 2 2
29 11 - 11 92 93 1 1,08
30 12 - 14 53 56 3 5,66
31 12 - 11 86 89 3 3,48
32 24,7 - 15,4 110 113 3 2,72
33 12,1 - 13 75 80 5 6,66
34 14 - 10,5 97 99 2 2,06
35 - - 10 116 116 0 0
36 8,5 - 10,3 91 93 2 2,19
37 15,5 - 12,1 116 120 4 3,44
38 10,2 11,8 11 174 174 0 0
39 12 14,6 14,5 177 178 1 0,56
40 12,5 14 13,5 173 173 0 0
41 9 - 9,3 50 50 0 0
42 14 - 11,3 71 74 3 4,22
43 7,7 - 13 47 50 3 6,38
44 12,5 - 10,5 87 92 5 5,74
45 9,6 - 11,5 89 91 2 2,24
46 9,2 - - 10 11 1 10
47 11,1 - - 18 18 0 0
48 9,6 - - 20 21 1 5
49 - - 8,5 17 17 0 0
50 18,1 14 15 185 190 5 2,7
Médias
(DP)
11,77
(3,20)
13,72
(1,10)
11,47
(1,99)
71,9
(44,81)
74,38
(44,66)
2,48
(2,00)
5,13
(6,63)
Diâmetro da base (DB); diâmetro à altura do peito (DAP); diâmetro do ápice (DA); altura em jan/2004
(Alt 1) e jan/2005 (Alt 2); taxa de crescimento absoluto (TCA); taxa de crescimento relativo (TCR).
158
Anexo 14. Produção de frondes novas por esporófito de Cyathea atrovirens.
Planta J F M A M J J A S O N D J
1 2 2 1 0 0 2 3 2 2 3 0 0 0
2 1 0 0 0 0 2 3 2 0 0 3 0 0
3 1 3 1 0 0 0 3 1 2 2 1 1 2
4 0 0 0 0 0 0 2 2 1 1 1 0 0
5 3 2 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0
6 0 0 0 0 0 0 0 3 1 3 0 0 0
7 0 2 0 0 0 0 0 0 3 1 1 0 2
8 2 1 0 0 0 0 2 1 1 1 0 1 0
9 0 2 0 0 0 0 0 3 2 0 1 0 0
10 0 0 0 0 0 0 2 0 2 1 0 1 1
11 0 0 0 0 0 0 0 1 1 2 0 2 0
12 0 1 0 0 0 0 0 1 2 1 1 2 0
13 0 0 0 0 0 0 0 3 3 3 0 2 0
14 0 1 0 0 0 0 1 1 3 2 0 2 1
15 0 1 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0
16 0 0 0 0 0 0 1 1 2 1 1 1 0
17 0 0 1 0 0 0 0 1 2 0 1 0 1
18 0 0 0 0 0 0 0 3 3 2 1 2 0
19 0 1 0 0 0 0 0 2 1 1 2 1 0
20 0 0 0 0 0 0 4 3 2 3 1 2 0
21 2 0 0 0 0 0 0 2 1 2 1 0 0
22 1 2 0 0 0 0 0 1 2 1 2 1 0
23 0 1 0 0 0 0 0 0 3 1 1 1 0
24 0 2 0 0 0 0 0 0 3 2 0 2 0
25 0 0 0 0 0 0 0 0 3 1 2 0 0
26 2 0 0 0 0 0 1 1 3 3 2 0 0
27 0 0 0 0 0 0 1 1 1 2 0 0 0
28 0 0 0 0 0 0 0 0 3 1 1 0 0
29 0 1 0 0 0 0 2 0 2 0 2 1 0
30 0 0 0 0 0 0 0 1 3 1 2 1 0
31 2 1 0 0 0 0 0 0 2 3 2 1 0
32 0 0 0 0 0 0 2 1 1 3 0 2 0
33 1 0 0 0 0 2 2 1 0 2 1 0 0
34 0 1 0 0 0 0 0 0 2 3 1 1 0
35 0 0 0 0 0 0 0 0 5 2 1 0 0
36 0 0 0 0 0 0 0 0 3 1 2 0 0
37 2 0 0 0 0 0 5 0 4 4 2 0 0
38 1 0 0 0 0 0 0 0 3 1 1 0 1
39 0 0 0 0 0 0 2 1 0 2 1 1 0
40 0 0 0 3 0 0 3 0 3 2 3 0 0
41 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1 0
42 1 0 0 0 0 0 0 2 3 2 0 1 0
43 1 0 0 0 0 0 0 1 2 1 0 0 0
44 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 1 0
45 1 0 0 0 0 1 1 3 0 1 1 0 0
46 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 1 1
47 0 1 0 0 0 0 0 0 3 1 0 0 0
48 0 0 0 0 0 0 0 2 3 1 1 0 0
49 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0
50 1 1 0 0 0 0 3 1 5 4 2 2 0
Médias
(DP)
0,5
(0,78)
0,52
(0,78)
0,06
(0,23)
0,06
(0,42)
0
0,14
(0,49)
0,92
(1,27)
1,04
(1,00)
2,16
(1,21)
1,52
(1,07)
0,98
(0,84)
0,7
(0,76)
0,18
(0,48)
Desvio padrão (DP).
159
Anexo 15. Frondes maduras por esporófito de Cyathea atrovirens.
Planta J F M A M J J A S O N D J
1 9 10 10 11 11 11 11 12 12 12 16 12 11
2 8 9 9 9 9 9 8 8 11 10 9 8 10
3 11 12 12 13 13 13 13 12 15 13 13 13 12
4 7 7 7 7 7 7 7 7 9 8 8 7 7
5 14 12 13 13 13 13 13 13 12 17 16 9 8
6 7 5 5 5 5 5 5 5 8 9 8 7 7
7 7 7 9 9 9 9 9 9 9 10 8 9 8
8 5 7 8 8 8 8 8 7 8 7 6 5 6
9 8 8 10 8 8 8 8 8 10 12 9 9 9
10 6 6 6 6 5 5 5 5 5 6 5 5 6
11 6 6 5 5 5 5 5 5 4 5 5 4 6
12 4 3 4 4 4 4 4 4 4 3 4 5 7
13 11 9 9 8 5 3 3 3 3 6 6 7 9
14 9 7 8 8 8 8 7 6 6 9 7 7 9
15 4 4 5 5 5 5 5 4 3 4 4 5 6
16 6 6 5 5 5 5 5 5 7 6 5 5 7
17 3 3 3 4 3 2 2 2 2 4 3 4 4
18 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 9 9 11
19 7 6 6 6 6 6 6 4 3 5 5 6 7
20 15 14 14 13 13 11 10 8 13 9 11 13 14
21 7 8 8 8 8 7 6 4 5 6 7 5 6
22 7 8 9 10 10 9 8 8 8 8 7 7 7
23 6 4 5 5 5 5 5 5 5 4 4 4 6
24 7 6 8 8 8 8 8 8 7 6 7 6 7
25 7 7 7 7 7 7 6 6 2 3 4 6 6
26 10 12 11 11 10 10 10 7 7 8 8 10 10
27 5 4 4 4 4 4 4 4 4 3 5 5 5
28 4 4 4 4 4 4 4 4 1 4 4 5 5
29 6 6 7 7 7 7 7 7 8 7 5 7 7
30 7 7 7 7 7 7 7 7 4 4 4 6 7
31 6 8 9 9 7 7 7 6 4 5 6 7 8
32 10 10 10 10 10 10 10 9 12 10 10 7 9
33 6 6 6 6 6 5 5 4 7 5 7 8 9
34 6 4 5 5 4 4 4 2 2 4 5 5 7
35 8 7 6 6 6 6 6 5 5 10 7 7 7
36 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 4 5 6
37 13 14 12 11 10 10 8 7 7 10 13 14 14
38 8 9 9 9 9 9 9 9 8 11 8 7 5
39 9 7 5 5 3 3 3 2 4 3 5 5 6
40 13 13 10 8 8 8 5 4 4 5 7 7 0
41 5 5 5 5 5 5 4 4 5 4 3 3 4
42 13 13 13 12 12 7 7 7 6 8 8 8 8
43 6 6 6 6 6 6 5 5 5 7 4 4 4
44 5 6 6 6 6 6 6 6 6 5 3 4 4
45 8 8 8 8 8 8 8 9 9 6 6 6 6
46 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 4
47 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4
48 9 8 7 7 7 7 7 6 6 5 6 7 7
49 3 3 3 3 3 3 3 4 4 3 4 5 5
50
13 14 15 13 13 12 12 12 14 16 14 13 16
Médias
(DP)
7,56
(2,99)
7,44
(3,10)
7,56
(2,97)
7,44
(2,77)
7,2
(2,84)
6,92
(2,70)
6,66
(2,65)
6,26
(2,69)
6,54
(3,38)
7
(3,37)
6,8
(3,22)
6,8
(2,64)
7,26
(2,87)
Desvio padrão (DP).
160
Anexo 16. Frondes férteis por esporófito de Cyathea atrovirens.
Planta J F M A M J J A S O N D J
1 9 10 10 11 11 11 11 12 12 11 15 11 10
2 8 9 9 9 9 9 8 7 10 9 8 7 9
3 9 10 11 12 12 12 12 12 15 11 12 12 11
4 3 3 3 3 3 3 3 3 7 7 7 6 6
5 12 11 13 13 13 13 13 13 12 17 16 9 8
6 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
7 5 5 7 7 7 7 7 7 7 9 8 9 8
8 0 0 0 0 0 0 0 0 2 4 4 4 4
9 7 7 8 7 7 7 7 7 9 11 8 8 8
10 2 2 2 2 2 2 2 2 4 6 5 5 6
11 4 4 4 4 4 4 4 4 4 3 1 0 2
12 2 2 3 3 3 3 3 3 4 3 4 5 7
13 11 8 8 7 5 3 3 3 2 5 6 7 9
14 9 7 8 8 8 8 7 6 6 8 7 7 9
15 2 3 4 4 4 4 4 3 2 3 1 1 2
16 6 6 5 5 5 5 5 5 6 6 5 5 7
17 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1
18 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 9 9 11
19 7 6 6 6 6 6 6 4 3 5 5 6 7
20 13 13 13 13 13 11 10 8 12 9 11 13 14
21 7 8 8 8 8 7 6 4 5 6 7 5 6
22 7 7 8 9 9 8 8 8 8 8 7 7 7
23 6 4 5 5 5 5 5 5 5 4 4 4 6
24 7 6 8 8 8 8 8 8 7 6 7 6 7
25 4 4 4 4 4 4 4 4 2 2 3 5 5
26 9 11 10 10 10 10 10 7 7 8 8 10 10
27 5 4 4 4 4 4 4 4 4 3 5 5 5
28 4 4 4 4 4 4 4 4 1 4 4 5 5
29 4 4 5 5 5 5 5 5 6 6 5 7 7
30 6 6 6 6 6 6 6 6 3 4 4 6 7
31 5 7 8 8 6 6 6 5 4 5 6 7 8
32 10 10 10 10 10 10 10 9 12 10 10 7 9
33 6 6 6 6 6 5 5 4 7 5 7 8 9
34 4 2 3 3 4 4 4 2 2 2 3 3 4
35 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0
36 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 4 5
37 10 12 10 9 8 8 6 6 3 1 1 1 2
38 8 9 9 9 9 9 9 9 8 11 8 7 5
39 9 7 5 5 3 3 3 2 4 3 5 5 6
40 13 13 10 8 8 8 5 4 4 5 7 7 0
41 3 3 3 3 3 3 3 3 5 2 1 1 1
42 8 8 8 7 7 6 6 6 6 5 5 5 5
43 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 4 4
44 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 3 4 4
45 8 8 8 8 8 8 8 8 9 6 6 6 6
46 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 2
47 3 3 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 4
48 7 7 7 7 7 7 7 6 6 5 6 7 7
49 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 2 2
50 12 14 15 13 13 12 12 12 14 16 14 13 16
Médias
(DP)
6,08
(3,42)
6,06
(3,59)
6,24
(3,51)
6,16
(3,38)
6,04
(3,36)
5,86
(3,25)
5,68
(3,15)
5,28
(3,16)
5,64
(3,66)
5,72
(3,74)
5,72
(3,64)
5,74
(3,09)
6,16
(3,32)
Desvio padrão (DP).
161
Anexo 17. Taxa mensal de senescência foliar por esporófito de Cyathea atrovirens.
Planta J F M A M J J A S O N D
1 1 2 0 0 0 2 2 2 2 0 4 1
2 0 0 0 0 0 1 1 1 2 1 2 0
3 0 3 0 0 0 0 1 0 4 1 2 3
4 0 0 0 0 0 0 0 2 2 1 2 0
5 3 1 0 0 0 0 0 1 0 2 6 1
6 2 0 0 0 0 0 0 0 0 3 1 1
7 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 1 1
8 0 0 0 0 0 0 1 1 3 2 1 0
9 0 0 2 0 0 0 0 0 1 3 1 0
10 0 0 0 1 0 0 0 2 1 2 0 0
11 0 1 0 0 0 0 0 1 1 2 1 0
12 1 0 0 0 0 0 0 1 3 0 0 0
13 2 0 1 3 2 0 0 2 1 0 0 0
14 2 0 0 0 0 1 1 1 1 4 0 0
15 0 0 0 0 0 0 1 2 1 1 0 0
16 0 1 0 0 0 0 0 0 2 3 0 0
17 0 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0 0
18 0 0 0 0 0 0 0 0 6 4 1 0
19 1 1 0 0 0 0 2 1 1 1 1 0
20 1 0 1 0 2 1 2 2 6 0 0 0
21 1 0 0 0 1 1 2 0 1 1 2 0
22 0 0 0 0 1 1 0 1 1 3 1 1
23 2 0 0 0 0 0 0 0 3 2 0 0
24 1 0 0 0 0 0 0 1 4 1 1 1
25 0 0 0 0 0 1 0 4 2 0 0 0
26 0 1 0 1 0 0 3 2 2 3 0 0
27 1 0 0 0 0 0 0 2 1 1 0 0
28 0 0 0 0 0 0 0 3 0 1 0 0
29 0 0 0 0 0 0 0 1 3 2 0 1
30 0 0 0 0 0 0 0 3 4 1 0 0
31 0 0 0 2 0 0 1 2 1 2 1 0
32 0 0 0 0 0 0 1 0 3 3 3 0
33 1 0 0 0 1 0 3 2 2 0 0 0
34 2 0 0 1 0 0 2 0 0 2 0 0
35 1 1 0 0 0 0 1 0 0 5 1 0
36 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 0 0
37 1 2 1 1 0 2 1 4 2 1 0 1
38 0 0 0 0 0 0 0 1 0 4 2 2
39 2 2 0 2 0 0 1 0 2 0 0 0
40 0 3 2 2 0 3 1 3 3 0 0 10
41 0 0 0 0 0 1 0 0 2 1 0 0
42 1 0 1 0 5 0 0 1 2 3 0 1
43 1 0 0 0 0 1 0 0 1 3 1 0
44 0 0 0 0 0 0 0 0 3 2 1 0
45 1 0 0 0 0 0 1 3 3 1 0 0
46 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0
47 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 1 1
48 1 1 0 0 0 0 1 0 5 0 0 0
49 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0 0 0
50 0 0 2 0 1 0 0 2 3 6 1 1
Médias
(DP)
0,58
(0,78)
0,38
(0,77)
0,2
(0,53)
0,28
(0,67)
0,28
(0,83)
0,3
(0,64)
0,58
(0,83)
1,16
(1,13)
2,02
(1,44)
1,7
(1,43)
0,76
(1,17)
0,52
(1,50)
Desvio padrão (DP).
162
Anexo 18. Comprimento e velocidade de expansão de báculos/frondes de Cyathea
atrovirens, por intervalos de 30 dias
Comprimento báculo/fronde (cm) Velocidade de expansão (cm.mês
-1
)
Fronde
1ª medição
2ª medição
3ª medição
4ª medição
1º mês 2º mês 3º mês
1 39 119 173 175 2,35 1,54 0,06
2 19 77 144 145 1,7 1,91 0,03
3 8 60,5 161 179 1,54 2,87 0,54
4 21 95 157 159 2,17 1,77 0,06
5 9,5 80 102 102 2,01 0,66 0
6 6 87 137 137 2,31 1,51 0
7 8,5 89 164 169 2,3 2,27 0,17
8 6,5 89 120 121 2,35 0,93 0,03
9 4,5 97 111 111 2,64 0,42 0
10 6,5 119 160,5 160,5 3,21 1,25 0
11 5 47,5 125 129 1,25 2,21 0,12
12 11 49 115 115 1,11 1,88 0
13 10 112 148 149 2,91 1,09 0,03
14 9 57 142 152 1,41 2,42 0,3
15 15 186 253 256 5,18 2,39 0,13
16 16 121 157 157 3,18 1,28 0
17 34 140 148 148 3,21 0,28 0
18 41 111 112 112 2,12 0,03 0
19 23 130 143 143 3,24 0,46 0
20 22,5 153 198 198 3,72 1,36 0
21 19 162 212 215 4,08 1,51 0
22 10 65 192 266 1,61 3,62 2,24
23 18 146 186 186 3,65 1,21 0
24 11,5 118 218 230 3,04 3,03 0,42
25 9 111 151 151 2,91 1,21 0
26 11 105 144 144 2,68 1,18 0
27 6 60 69 71 1,54 0,27 0,07
28 17 70 82 83 1,55 0,34 0,03
29 10 95 188 191 2,5 2,65 0,09
Médias
(DP)
14,70
(9,71)
101,75
(35,03)
152,15
(40,69)
157,05
(46,29)
2,53
(0,93)
1,5
(0,91)
0,14
(0,42)
Desvio padrão (DP).
163
Normas gerais para publicação de artigos
ACTA BOTANICA BRASILICA
1. A Acta Botanica Brasilica (Acta bot. bras.) publica artigos originais em
Português, Espanhol e Inglês.
2. Os artigos devem ser concisos, em quatro vias, com até 25 laudas,
seqüencialmente numeradas, incluindo ilustrações e tabelas (usar fonte Times New
Roman, tamanho 12, espaço entre linhas 1,5; imprimir em papel tamanho A4, margens
ajustadas em 1,5 cm). A critério da Comissão Editorial, mediante entendimentos
prévios, artigos mais extensos poderão ser aceitos, sendo o excedente custeado pelo(s)
autor(es).
3. Palavras em latim no título ou no texto, como por exemplo: in vivo, in vitro, in
loco, et al. devem estar em itálico.
4. O título deve ser escrito em caixa alta e baixa, centralizado, e deve ser citado
da mesma maneira no Resumo e Abstract da mesma maneira que o título do trabalho. Se
no título houver nome específico, este deve vir acompanhado dos nomes dos autores do
táxon, assim como do grupo taxonômico do material tratado (ex.: Gesneriaceae,
Hepaticae, etc.).
5. O(s) nome(s) do(s) autor(es) deve(m) ser escrito(s) em caixa alta e baixa,
todos em seguida, com números sobrescritos que indicarão, em rodapé, a filiação
Institucional e/ou fonte financiadora do trabalho (bolsas, auxílios etc.). Créditos de
financiamentos devem vir em Agradecimentos, assim como vinculações do artigo a
programas de pesquisa mais amplos, e não no rodapé. Autores devem fornecer os
endereços completos, evitando abreviações, elegendo apenas um deles como Autor para
correspondência. Se desejarem, todos os autores poderão fornecer e-mail.
6. A estrutura do trabalho deve, sempre que possível, obedecer à seguinte
seqüência:
- RESUMO e ABSTRACT (em caixa alta e negrito) - texto corrido, sem
referências bibliográficas, em um único parágrafo e com cerca de 200 palavras. Deve
ser precedido pelo título do artigo em Português, entre parênteses. Ao final do resumo,
164
citar até cinco palavras-chave à escolha do autor, em ordem de importância. A mesma
regra se aplica ao Abstract em Inglês ou Resumen em Espanhol.
- Introdução (em caixa alta e baixa, negrito, deslocado para a esquerda): deve
conter uma visão clara e concisa de: a) conhecimentos atuais no campo específico do
assunto tratado; b) problemas científicos que levou(aram) o(s) autor(es) a desenvolver o
trabalho; c) objetivos.
- Material e métodos (em caixa alta e baixa, negrito, deslocado para a
esquerda): deve conter descrições breves, suficientes à repetição do trabalho; técnicas já
publicadas devem ser apenas citadas e não descritas. Indicar o nome da(s) espécie(s)
completo, inclusive com o autor. Mapas - podem ser incluídos se forem de extrema
relevância e devem apresentar qualidade adequada para impressão. Todo e qualquer
comentário de um procedimento utilizado para a análise de dados em Resultados deve,
obrigatoriamente, estar descrito no item Material e métodos.
- Resultados e discussão (em caixa alta e baixa, negrito, deslocado para a
esquerda): podem conter tabelas e figuras (gráficos, fotografias, desenhos, mapas e
pranchas) estritamente necessárias à compreensão do texto. Dependendo da estrutura do
trabalho, resultados e discussão poderão ser apresentados em um mesmo item ou em
itens separados.
As figuras devem ser todas numeradas seqüencialmente, com algarismos
arábicos, colocados no lado inferior direito; as escalas, sempre que possível, devem se
situar à esquerda da figura. As tabelas devem ser seqüencialmente numeradas, em
arábico com numeração independente das figuras.
Tanto as figuras como as tabelas devem ser apresentadas em folhas separadas
(uma para cada figura e/ou tabela) ao final do texto (originais e 3 cópias). Para garantir
a boa qualidade de impressão, as figuras não devem ultrapassar duas vezes a área útil da
revista que é de 17,5 23,5 cm. Tabelas - Nomes das espécies dos táxons devem ser
mencionados acompanhados dos respectivos autores. Devem constar na legenda
informações da área de estudo ou do grupo taxonômico. Itens da tabela, que estejam
abreviados, devem ter suas explicações na legenda.
As ilustrações devem respeitar a área útil da revista, devendo ser inseridas em
coluna simples ou dupla, sem prejuízo da qualidade gráfica. Devem ser apresentadas em
tinta nanquim, sobre papel vegetal ou cartolina ou em versão eletrônica, gravadas em
165
.TIF, com resolução de pelo menos 300 dpi (ideal em 600 dpi). Para pranchas ou
fotografias - usar números arábicos, do lado direito das figuras ou fotos. Para gráficos -
usar letras maiúsculas do lado direito.
As fotografias devem estar em papel brilhante e em branco e preto. Fotografias
coloridas poderão ser aceitas a critério da Comissão Editorial, que deve ser
previamente consultada, e se o(s) autor(es) arcar(em) com os custos de impressão.
As figuras e as tabelas devem ser referidas no texto em caixa alta e baixa, de
forma abreviada e sem plural (Fig. e Tab.). Todas as figuras e tabelas apresentadas
devem, obrigatoriamente, ter chamada no texto.
Legendas de pranchas necessitam conter nomes dos táxons com respectivos
autores. Todos os nomes dos gêneros precisam estar por extenso nas figuras e tabelas.
Gráficos - enviar os arquivos em Excel. Se não estiverem em Excel, enviar cópia em
papel, com boa qualidade, para reprodução.
As siglas e abreviaturas, quando utilizadas pela primeira vez, devem ser
precedidas do seu significado por extenso. Ex.: Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE); Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).
Usar unidades de medida de modo abreviado (Ex.: 11 cm; 2,4 µm), o número
separado da unidade, com exceção de percentagem (Ex.: 90%).
Escrever por extenso os números de um a dez (não os maiores), a menos que
seja medida. Ex.: quatro árvores; 6,0 mm; 1,0 4,0 mm;125 exsicatas.
Em trabalhos taxonômicos o material botânico examinado deve ser selecionado
de maneira a citarem-se apenas aqueles representativos do táxon em questão e na
seguinte ordem: PAÍS. Estado: Município, data, fenologia, coletor(es) número do(s)
coletor(es) (sigla do Herbário).
Ex.: BRASIL. São Paulo: Santo André, 3/XI/1997, fl. fr., Milanez 435 (SP).
No caso de mais de três coletores, citar o primeiro seguido de et al. Ex.: Silva et
al.
(atentar para o que deve ser grafado em CAIXA ALTA, Caixa Alta e Baixa, caixa
baixa, negrito, itálico).
166
Chaves de identificação devem ser, preferencialmente, indentadas. Nomes de
autores de táxons não devem aparecer. Os táxons da chave, se tratados no texto, devem
ser numerados seguindo a ordem alfabética. Ex.:
1. Plantas terrestres
2. Folhas orbiculares, mais de 10 cm diâm. ..................................................2. S. orbicularis
2. Folhas sagitadas, menos de 8 cm compr. ................................................... 4. S. sagittalis
1. Plantas aquáticas
3. Flores brancas ............................................................................................ 1. S. albicans
3. Flores vermelhas ....................................................................................... 3. S. purpurea
O tratamento taxonômico no texto deve reservar o itálico e o negrito simultâneos
apenas para os nomes de táxons válidos. Basiônimo e sinonímia aparecem apenas em
itálico. Autores de nomes científicos devem ser citados de forma abreviada, de acordo
com índice taxonômico do grupo em pauta (Brummit & Powell 1992 para
Fanerógamas). Ex.:
1. Sepulveda albicans L., Sp. pl. 2: 25. 1753.
Pertencia albicans Sw., Fl. bras. 4: 37, t. 23, f. 5. 1870.
Fig. 1-12.
Subdivisões dentro de Material e métodos ou de Resultados e/ou discussão
devem ser escritas em caixa alta e baixa, seguida de um traço e o texto segue a mesma
linha. Ex.: Área de estudo - localiza se ...
Resultados e discussão devem estar incluídos em conclusões.
- Agradecimentos (em caixa alta e baixa, negrito, deslocado para a esquerda):
devem ser sucintos; nomes de pessoas e Instituições devem ser por extenso,
explicitando o porquê dos agradecimentos.
- Referências bibliográficas
- Ao longo do texto: seguir esquema autor, data. Ex.:
Silva (1997), Silva & Santos (1997), Silva et al. (1997) ou Silva (1993; 1995),
Santos (1995; 1997) ou (Silva 1975; Santos 1996; Oliveira 1997).
- Ao final do artigo: em caixa alta e baixa, deslocado para a esquerda; seguir
ordem alfabética e cronológica de autor(es); nomes dos periódicos e títulos de livros
devem ser grafados por extenso e em negrito. Exemplos:
167
Santos, J. 1995. Estudos anatômicos em Juncaceae. Pp. 5-22. In: Anais do
XXVIII Congresso Nacional de Botânica. Aracaju 1992. São Paulo, HUCITEC Ed.
v.I.
Santos, J.; Silva, A. & Oliveira, B. 1995. Notas palinológicas. Amaranthaceae.
Hoehnea 33(2): 38-45.
Silva, A. & Santos, J. 1997. Rubiaceae. Pp. 27-55. In: F.C. Hoehne (ed.). Flora
Brasilica. São Paulo, Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo.
Para maiores detalhes consulte os últimos fascículos rescentes da Revista,
ou os links da mesma na internet: www.botanica.org.br. ou ainda artigos on line
por intermédio de www.scielo.br/abb.
Não serão aceitas Referências bibliográficas de monografias de conclusão de
curso de graduação, de citações de simples resumos simples de Congressos, Simpósios,
Workshops e assemelhados. Citações de Dissertações e Teses devem ser evitadas ao
máximo; se necessário, citar no corpo do texto. Ex.: J. Santos, dados não publicados
ou J. Santos, comunicação pessoal.
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