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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IEI/UFRJ-IE/UNICAMP-FDC-FUNCEX
EMBRAER. A julgar pelo fato de ter sido ser colocada (sem sucesso) à venda há alguns anos
atrás, não parece ter grande importância para a operação da EMBRAER.
O acordo com a Piper, que teve um importante papel nos anos iniciais de operação da
EMBRAER, não exatamente em termos de capacitação tecnológica, mas na medida em que
possibilitou um aprendizado no que tange à comercialização e assistência técnica, encontra-se
envolvido numa situação bastante difícil. Somados a dificuldades anteriores, que já há vários anos
haviam determinado a opção pela privatização da unidade que operava a linha Piper, existe
atualmente o problema criado com a falência da Piper norte-americana, resultante das tendências
internacionais presentes no setor.
De forma a contornar a dificuldade já apontada, e poder melhor avaliar o desempenho
tecnológico e econômico da empresa, atribui-se a cada tipo de avião produzido um preço médio
de venda, estimado a partir do mercado internacional e interno, e obtido mediante o acesso à
imprensa e a publicações especializadas. Este procedimento padece de uma série de incorreções,
devido ao montante dos valores transacionados, às condições de financiamento, à ocorrência de
acordos paralelos de assistência técnica, fornecimento de peças de reposição, etc. No caso dos
aviões de emprego militar, a situação é ainda mais nebulosa, uma vez que, como se diz, ali "cada
negócio é um negócio". Não apenas os preços de venda internos e externos são distintos; também
o são os cobrados por aviões semelhantes de emprego distinto ou, ainda, os do mesmo tipo para
clientes diferentes. Os dados obtidos utilizando o critério de valor da produção, juntamente com
os apresentados na tabela 4, permitem analisar os aspectos econômicos e tecnológicos
evidenciados nos gráficos que seguem.
2.4.1. A importância relativa das aeronaves de alta tecnologia
O gráfico 9 indica a proporção dos aviões considerados de "alta tecnologia" no total da
produção da empresa tomando os dois critérios. Em primeiro lugar, cabe destacar a flagrante
diferença entre as duas curvas. A consideração da informação fornecida pela EMBRAER,
representada na curva traçada tomando como referência o número de aviões produzidos,
conduziria a um juízo a respeito do nível de sofisticação tecnológica da empresa bastante
contraditório, aliás em relação à imagem divulgada pelos próprios responsáveis pela IAeB. O
valor médio do período é, respectivamente, de 33% e 93%, caso se considere o critério de número
de aviões ou de valor estimado da produção. Este fato evidencia a necessidade de estimar os
valores unitários de produção, apesar da precariedade do procedimento, para poder melhor avaliar
as características e o desempenho do setor.
É flagrante, também, e ao contrário do que indicaria a curva citada, que a EMBRAER
parece vir consolidando, a partir de 1986, seu perfil de produtora de aviões da categoria de "alta