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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE ANÁLISE GEOAMBIENTAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA AMBIENTAL
ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO E MANEJO DO
PARQUE MUNICIPAL ECOLÓGICO DORMITÓRIO DAS
GARÇAS, CABO FRIO, RJ.
JOSÉ HENRIQUE MACEDO DE MOURA
NITERÓI
Julho 2005
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JOSÉ HENRIQUE MACEDO DE MOURA
ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO E MANEJO
DO PARQUE MUNICIPAL ECOLÓGICO DORMITÓRIO DAS
GARÇAS, CABO FRIO, RJ.
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-Graduação em
Ciência Ambiental da Universidade
Federal Fluminense, como requisito
parcial para obtenção do grau de
Mestre.
Orientação: Profª Drª Maria Elaine Araújo de Oliveira
Co-orientação: Profª Drª Janie Garcia da Silva
NITERÓI
Julho 2005
ii
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M929 Moura, José Henrique Macedo de
Estratégias para conservação e manejo do Parque Municipal
Ecológico Dormitório das Garças, Cabo Frio, RJ/José
Henrique Macedo de Moura. – Niterói : s. n., 2005.
108 f.
Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) –
Universidade Federal Fluminense, 2005.
1. Recursos naturais – Conservação. 2.Degradação ambiental.
3. Manguezal. 4. Parque Municipal Ecológico Dormitório das
Garças (Cabo Frio, RJ). I. Título.
CDD 333.72
iii
JOSÉ HENRIQUE MACEDO DE MOURA
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-Graduação em
Ciência Ambiental Da Universidade
Federal Fluminense como requisito
parcial para obtenção do grau de
Mestre.
Aprovado em 20 de julho de 2005.
BANCA EXAMINADORA
Prof
a
. Dra. Maria Elaine de Araújo de Oliveira
Universidade Federal Fluminense
Prof
a
. Dra. Janie Garcia da Silva
Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr. Alphonse Germaine Albert Charles Kelecom
Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr. Flávio da Costa Fernandes
Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira
Niterói
2005
iv
AGRADECIMENTOS
Somente pelas palavras de incentivo e o carinho de cada um, foi possível chegar
até aqui.”
À Professora Dra. Maria Elaine Araújo de Oliveira, pela orientação, apoio,
correções e colocações brilhantes, na hora certa.
Ao Professor Dr. Flávio da Costa Fernandes, grande mestre e incentivador, que
através de suas aulas inesquecíveis brotou meu interesse pelo ecossistema de manguezal.
À minha co-orientadora Professora Dra. Janie Garcia da Silva, pela amizade e pelas
orientações sobre as interações botânicas do mangue.
Ao amigo José da Conceição Neto, a quem devo grande parte deste trabalho, pelo
conhecimento sobre a lagoa, pela ajuda na informática, orientações nas coletas e discussões
intermináveis.
Ao amigo David Barreto, pela valiosa ajuda na análise fitossociológica do mangue,
perdão pelos inevitáveis cortes nos pés.
Ao Dr. Walter Bessa, pela confiança em mim depositada para efetuar as medidas
mitigadoras urgentes na recuperação do manguezal.
A todos os meus mestres que sempre me olharam e trataram, como um ser em
crescimento, em especial aos professores do PGCA/UFF.
Aos meus alunos que sujaram seus pés na lama do mangue, pelo valioso auxílio na
coleta de dados, sem os quais a concretização deste projeto não seria possível.
Aos meus alunos, que não sujaram seus pés no mangue, de certa forma estar com
eles foi uma das razões deste trabalho.
Ao meu filho Diego, estudante de Biologia, pela ajuda nas coletas e na redação
deste trabalho.
Ao Consórcio Lagos São João, pelo auxílio nas análises de metais e equipamentos.
A todas as pessoas de quem roubei tempo para a execução deste trabalho.
v
SUMÁRIO
Lista de figuras............................................................................................................... viii
Lista de tabelas............................................................................................................... xi
Resumo........................................................................................................................... xii
Abstract.......................................................................................................................... xiii
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................
01
2. OBJETIVOS...............................................................................................................
06
2.1 Gerais.................................................................................................................... 06
2.2 Específicos............................................................................................................ 06
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO......................................................
07
4. METODOLOGIA.......................................................................................................
12
4.1. Fase 1.................................................................................................................. 12
4.2. Fase 2.................................................................................................................. 13
4.3. Fase 3.................................................................................................................. 15
4.4. Fase 4.................................................................................................................. 17
4.5. Fase 5.................................................................................................................. 17
4.6. Fase 6.................................................................................................................. 17
4.7. Fase 7.................................................................................................................. 19
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................
20
5.1. Compartimentação do Sistema do Manguezal.................................................... 20
5.1.1 Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 1........... 21
5.1.2 Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 2........... 28
5.1.3 Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 3........... 32
5.1.4 Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 4..........
34
5.1.4.1. Subsistema 1 (SS-1).................................................................... 36
5.1.4.2. Subsistema 2 (SS-2).................................................................... 37
5.1.4.3. Subsistema 3 (SS-3).................................................................... 38
5.1.4.4. Subsistema 4 (SS-4).................................................................... 39
5.1.4.5. Subsistema 5 (SS-5).................................................................... 42
5.1.4.6. Subsistema 6 (SS-6).................................................................... 42
5.1.5. Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 5 ........
43
5.1.6. Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 6.......... 44
5.2. Analise Granulométrica do Sedimento............................................................... 47
vi
5.3. Características Físicas, Químicas e Biológicas da Água.................................... 49
5.4. Diversidade da Vegetação e da Avifauna...................................................... 61
5.4.1. Inventário Botânico......................................................................... 62
5.4.2. Inventário da Avifauna.................................................................... 64
5.5. Levantamento Planialtimétrico.......................................................................... 67
5.6. Análise de Metais no Sedimento e na Vegetação............................................. 67
5.6.1. Análise de Metais no Sedimento..................................................... 67
5.6.2. Análises de Metais nas Folhas......................................................... 70
5.7. Análise Fitossociológica.................................................................................... 72
6. CONCLUSÕES....................................................................................................... 77
7. CENÁRIOS FUTUROS...........................................................................................
82
8. PROPOSTAS E MEDIDAS CORRETIVAS........................................................... 84
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................
87
10. ANEXOS..................................................................................................................
93
10.1. Resultados da Granulometria dos Sedimentos.................................................. 94
10.2. Resultados das Análises de Água...................................................................... 97
10.3. Planta Baixa do Parque Municipal Ecológico do Dormitório das Garças......... 100
10.3.1. Seção 01- Visada da Av. Wilson Mendes em direção à
Laguna de Araruama, atravessando todo Compartimento 5..................
101
10.3.2. Seção 02- Visada da Av. Wilson Mendes em direção à Laguna
de Araruama, atravessando a estrada do gasoduto....................
102
10.3.3. Seção 03- Visada da Av. Wilson Mendes em direção à Laguna
de Araruama, atravessando o Compartimento 4.......................
103
10.3.4. Seção 04- Visada da Av. Wilson Mendes em direção à Laguna
de Araruama, passando pela estrada de acesso à Ilha dos
Ratos.......................................................................................................
104
10.3.5. Seção 05- Visada da Av. Wilson Mendes em direção à Laguna
de Araruama, atravessando o Compartimento 3 e o Compartimento 2
(Ilha dos Ratos).........................................................
105
10.3.6. Seção 06- Visada da Av. Wilson Mendes em direção à Laguna
de Araruama, passando pelo centro da ilhota do Compartimento 1 e pela
extremidade sul do Compartimento 2 (Ilha dos
Ratos)..............................................................................................
106
10.3.7. Seção 07- Visada atravessando todo parque no sentido paralelo
à Av. Wilson Mendes...............................................................
107
10.3.8. Seção 08- Visada atravessando todo parque no sentido paralelo
à Av. Wilson Mendes...............................................................
108
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 –
Croqui de localização da área de estudo, representado na Figura 2........ 10
Detalhamento da área de estudo com base em fotos de satélite e
fotografia aérea da região da Lagoa de Araruama e do
manguezal................................................................................................
11
Figura 02 –
Localização dos pontos de coleta e amostragem de sedimento para
análise granulométrica.............................................................................
Materiais utilizados para a coleta de amostras de água e
sedimento.................................................................................................
15
14
Figura 03 –
Figura 04 –
Figura 05 –
Localização dos pontos de coleta e amostragem de água e
sedimento.................................................................................................
16
Figura 06 –
Mapa de localização dos pontos de coleta de metais no
sedimento.................................................................................................
18
Figura 07 –
Distribuição dos compartimentos identificados no Manguezal do
Dormitório das Garças. Os sinais indicam os pontos de coleta de água
e sedimentos............................................................................................
21
Foto aérea do Compartimento 1 (Dormitório das Garças)......................
Figura 08 –
22
Foto aérea do Compartimento 1 (Dormitório das Garças), em 1965......
Figura 09 A-
22
Foto aérea do Compartimento 1 (Dormitório das Garças), em 1996......
Figura 09 B-
23
Foto aérea do Compartimento 1 (Dormitório das Garças), em 2004......
24 Erosão causada pelo escoamento das águas superficiais.......................
23
Figura 09 C-
Figura 10 A-
Soterramento dos pneumatóforos, pela ação do assoreamento na borda
da Av. Wilson Mendes..........................................................................
25
Figura 10 B-
viii
Figura 10 C-
Soterramento e conseqüente efeito das águas pluviais sobre a
vegetação na borda da Av. Wilson Mendes..........................................
25
Figura 11 A-
Processo erosivo do talude por influência das águas pluviais............... 26
Figura 11 B-
Manilha de captação de águas pluviais. Ao fundo a atual Av. Wilson
Mendes...................................................................................................
26
Figura 12 -
Sedimento terrestre carreado pela chuva, na borda da Av. Wilson
Mendes. Ao fundo a ilhota do Compartimento 1....................................
27
29
Vista geral da Ilha dos Ratos e da área do Dormitório das Garças, na
década de 80............................................................................................
Figura 13 -
Figura 14 -
Vista aérea da Ilha dos Ratos em 1999................................................... 30
Estrada de acesso à Ilha dos Ratos (C-2) após abertura dos canais
para a instalação das pontes e circulação de água...................................
30
Figura 15 -
Figura 16 A-
Instalação da estrutura da ponte de acesso a Ilha dos Ratos.................... 31
Ultima ponte de ligação entre a estrada e a Ilha dos Ratos.....................
Figura 16 B-
31
Corte do aterro, expondo o lixo recoberto por saibro, no C-3...............
Figura 17 -
33
Aspecto do Compartimento 4, no ano de 2003.......................................
Figura 18 -
35
Subsistemas (SS-1 a SS-6) do Compartimento 4. INTERF = interface
entre os subsistemas SS-4 e SS-5............................................................
Figura 19 -
35
Figura 20 -
Aspecto dos pneumatóforos de Avicennia, no Subsistema 2 (SS-2)...... 38
Aspecto do canal de esgoto que impacta o Subsistema 4 (SS-4)............
Figura 21-
39
Aspecto do impacto do “bota-fora” sobre o manguezal do SS-4............
Figura 22 -
41
Detalhe dos pneumatóforos de Avicennia e deposição de sedimentos
finos no SS-4...........................................................................................
Figura 23 -
41
Figura 24 -
Vista geral do Compartimento 5 (C-5). ................................................. 44
Vazadouro da água proveniente dos resíduos, no C-6............................
45
Figura 25 -
ix
Figura 26 -
Área de ingresso do “bota-fora” sobre o valão do esgoto, no
Compartimento 6.....................................................................................
45
Figura 27 -
Areias originárias da dragagem na margem oposta do valão de esgoto,
no Compartimento 6................................................................................
46
Figura 28 -
Análise de Similaridade entre os pontos de análise granulométrica....... 49
Figura 29 -
Variação da salinidade em dependência da maré, nos nove pontos
amostrados (Ponto 9 = controle).............................................................
51
Figura 30 –
Número mais provável de coliformes totais em dependência da
maré, nos nove pontos amostrados (Ponto 9 = Controle).......................
53
Figura 31 -
Número mais provável de coliformes fecais em dependência da maré,
nos nove pontos amostrados (Ponto 9 = Controle).................................
54
Figura 32 -
Variação do teor de resíduos não-filtráveis totais, em dependência da
maré, nos nove pontos amostrados (Ponto 9 = Controle).......................
55
Figura 33 -
Variação do teor de nitrogênio amoniacal, em dependência da maré,
nos nove pontos amostrados (Ponto 9 = Controle)................................
56
Figura 34 -
Variação do teor de nitrogênio-nitrato, em dependência da maré, nos
nove pontos amostrados (Ponto 9 = Controle)......................................
57
Figura 35 -
Variação da temperatura em dependência da maré alta, nos nove
pontos amostrados (Ponto 9 = Controle)...............................................
58
Variação da temperatura em dependência da maré baixa, nos nove
pontos amostrados(Ponto 9 = Controle).................................................
Variação do teor de sólidos totais, em dependência da maré, nos nove
pontos amostrados (Ponto 9 = Controle)...............................................
59
60
Figura 36 -
Figura 37 -
Variação do teor de fósforo total em dependência da maré, nos nove
pontos amostrados (Ponto 9 = Controle) ...............................................
61
71
Pontos de coleta de folhas para análise dos metais no Compartimento 5
Figura 38-
Figura 39-
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 -
Comparação das características da água do Manguezal Dormitório das
Garças e a Resolução CONAMA 20.......................................................
50
Descrição das espécies vegetais do Manguezal Dormitório das
Garças......................................................................................................
63
Tabela 02-
Tabela 03-
Espécies de aves avistadas na região estudada e sua variação
populacional............................................................................................
65
Tabela 04-
.
Análises de metais no sedimento............................................................. 68
Tabela 05-
Análises de metais nas folhas de Avicennia............................................ 71
Tabela 06-
Parâmetros fitossociológicos analisados no Compartimento 3.............. 73
Tabela 07-
Parâmetros fitossociológicos analisados no Compartimento 4..............
73
xi
RESUMO
Este trabalho abrange o estudo dos impactos ambientais e as propostas para a preservação e
recuperação das áreas degradadas do manguezal do Parque Municipal Ecológico
Dormitório das Garças, localizado no bairro do Porto do Carro, na cidade de Cabo Frio-RJ.
O manguezal em questão reveste-se de importância especial por ser único e estar situado
dentro da maior laguna hipersalina em estado permanente do planeta; abriga uma população
de cerca de 1.400 garças brancas e uma população de colhereiros (visitantes sazonais),
perfazendo um total de 41 espécies de aves. É predominantemente um siriubal (mangue
negro), ocupa uma área de 215.000 m², não recebe qualquer aporte sistemático de água
doce e apresenta relevo plano, clima seco, alta insolação, baixa pluviosidade e ventos
constantes. Este ambiente sofre um progressivo e acelerado desfolhamento de seu arvoredo,
o que tem ocasionado uma grande preocupação na comunidade cabofriense. A metodologia
utilizada relaciona causas e efeitos entre os diversos componentes do sistema: água,
sedimento, flora, fauna, topografia e clima, comparando as comunidades vegetais e os
condicionantes abióticos em seus respectivos compartimentos. Foi constatado um elevado
grau de assoreamento das vias de circulação de água, comprometendo a entrada e saída de
água das marés, como conseqüência da grande perturbação provocada pela dragagem do
canal principal da Laguna de Araruama, realizada a partir do ano de 2001, ao dispor de
forma totalmente inadequada o material dragado. A elevação do piso da estrada de acesso à
Ilha dos Ratos promoveu a estagnação da água ao Norte do manguezal, comprometendo
drasticamente a dinâmica no sistema. Os riscos ambientais assumidos com a dragagem do
Canal da Laguna de Araruama, o lançamento indiscriminado de efluentes, e a duplicação da
Estrada dos Passageiros, ultrapassaram a capacidade de equilíbrio natural do sistema. A
implantação do Parque Municipal Ecológico Dormitório das Garças sob gestão da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Pesca de Cabo Frio, baseado em um Plano de
Manejo seria a base da sustentabilidade do manguezal.
Palavras-chave: Gestão ambiental- Degradação ambiental - Manguezal - Parque Municipal
Ecológico Dormitório das Garças.
xii
ABSTRACT
This work intends to study the environmental impacts and to suggest proposals for
preservation and recovery of the degraded areas of a mangrove located in the so called
Parque Ecologico Municipal Dormitório das Garças, located near the Porto do Carro, in the
city of Cabo Frio, RJ. Because the area is inside the largest hypersaline lagoon in the world,
mangrove is of special importance; a population of about 1.400 white herons and seasonal
visitors, in an amount of 41 avian species, use it as shelter area. Predominantly it is a black
mangrove (siriubal) with an area of 215.000 sq.m. No systematic contribution of fresh
water flows throughout the mangrove, the relief is plane, climate is dry, heat is high,
rainfall is low and winds are constants. The progressive and accelerated leaves breakdown
that occurs in the mangrove vegetation leads to a great concern of the citizens.
Methodology applied relates causes to effects among the components of the system: water,
sediment, flora, fauna, topography and climate, by comparing vegetation and nonbiotic
factors in their respective compartments. High soil carriage resulting from the dredging of
the Lagoon of Araruama Channel, which started during 2001, associated to unsuitable
disposal of dredged material, reduces water circulation and disturbs water tides entrance
and exit The elevation of the highway for accessing the Ilha dos Ratos resulted in water
stagnation mainly in the northern portion of the mangrove. This procedure changed
drastically the dynamics of the system. Environmental risks assumed with the dredging of
the Lagoon of Araruama Channel, as well as the indiscriminate release of sewage, and the
duplication of the Estrada dos Passageiros, exceed the natural balance capacity of the
system. The Parque Ecologico Municipal Dormitório das Garças under administration of
the Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Pesca de Cabo Frio, and based on a
Management Plan would be the basis of the mangrove sustainability.
Key- Words: Enviroment management- Enviroment degradation- Mangrove - Parque
Municipal Ecológico do Dormitório das Garças.
xiii
1. INTRODUÇÃO
Os manguezais, nos limites entre ecossistemas marinhos e terrestres, são habitados
por uma fauna e flora adaptadas a uma variação de marés dos oceanos tropicais. Pobres em
espécies, embora em muitos casos, extremamente abundantes em indivíduos (MÜLLER,
1980), são capazes de suportar uma grande variação de salinidade e incorporam um típico
substrato composto por lodo orgânico. A variação ambiental às quais a vegetação de
mangue está sujeita, tanto do oceano quanto do sistema terrestre, promove uma disposição
espacial das espécies de árvores presentes, dando uma estrutura característica ao
manguezal.
É, no entanto, muito difícil descrever o que seria uma floresta “típica” de
manguezal, pois a variedade fisionômica é quase tão grande quanto o número de florestas,
com porções do mesmo sistema diferentes entre si (VANNUCCI, 1999). Isto significa dizer
que cada manguezal é único. Existem poucas informações sobre os atributos estruturais e
funcionais dos manguezais do Estado do Rio de Janeiro, tornando-se difícil a determinação
de um padrão estrutural neste estado (SOARES, 1999). Apesar dessa diversidade, plantas e
animais exibem características morfológicas e fisiológicas com adaptações convergentes de
modo a permitir sobreviver neste tipo particular de ambiente (FEEMA, 1979). São estas
adaptações que dão a este ecossistema seu aspecto peculiar.
A grande densidade da vegetação; o hábito arborescente ou arbustivo e sempre
verde dos seus componentes essenciais; o enorme desenvolvimento superficial dos sistemas
radiculares, que raramente ultrapassam 50 cm de profundidade e a ausência quase total de
um estrato herbáceo, sendo citados por (LAMBERTI, 1966) como aspectos característicos
da vegetação do manguezal
A caracterização de um manguezal depende da conformação geomorfológica do
litoral e, sobretudo, dos padrões hidrodinâmicos que agem sobre cada porção do mesmo.
Alterações nos processos hidrológicos, hidrodinâmicos e sedimentológicos, relacionadas a
períodos de curta e média duração, podem provocar alterações representativas nesses
ecossistemas (KJERFVE, 1996).
Uma de suas características mais conspícuas e freqüentemente divulgadas na
literatura científica, é o sistema radicular acima da superfície do sedimento, com finalidade
1
de fixar a planta ao substrato e permitir aeração dos tecidos, que estão em ambiente muito
pobre em oxigênio. Vannucci (1999), afirma que essas raízes são geralmente envoltas, por
um tecido esponjoso, denominado aerênquima que nas raízes aéreas – denominadas
pneumatóforos – existem poros (pneumatódios) que tem a mesma função das lenticelas
existentes nos troncos, que é permitir as trocas gasosas.
A espécie Avicennia schaueriana Stapf & Leechman, é notadamente a mais comum
das plantas típicas do manguezal do Parque Municipal Ecológico Dormitório das Garças,
apresenta a peculiaridade da viviparidade; as sementes germinam no interior dos frutos,
ainda presos às árvores e, quando caem já como propágulos, possuem meios de flutuação
de até 06 meses (LACERDA,1984). Outra característica é que possui glândulas
epidérmicas no limbo das folhas para realizar a exudação do sal que se cristaliza na
superfície. As outras espécies presentes no parque são Laguncularia racemosa Gaertn e
Conocarpus erecta Linn.
O litoral, do estado do Rio de Janeiro ao Estado de Santa Catarina, possui cerca de
1.250 Km de extensão e inclui somente 5% da área total de mangues no Brasil (Lacerda,
op. cit.), enquanto 95% dos manguezais brasileiros ocorrem ao longo do litoral norte e
nordeste.
A área em estudo, situada no bairro do Porto do Carro, cidade de Cabo Frio, Estado
do Rio de Janeiro, representa apenas 0,05% do total deste município. É o último
remanescente de manguezal hipersalino de Cabo Frio e está localizada na maior laguna
hipersalina do planeta, a Laguna de Araruama.
Áreas alagadas, como os manguezais, mesmo não sendo muito extensas, fornecem
recursos alimentares e abrigo para diversas aves. Constituem-se num dos mais produtivos
ecossistemas do planeta, sendo responsáveis pela manutenção de uma cadeia biológica, que
iniciada na degradação das folhas por microorganismos decompositores, passa por diversos
elos, culminando nos peixes, aves e mamíferos como o homem (AMADOR, 1999).
Segundo relato de pescadores locais, o manguezal do Dormitório das Garças,
abrigava uma população de cerca de 5.000 garças brancas grandes e pequenas, e garças
azuis, em 1999, decaindo para uma população de aproximadamente 2.300 garças entre
2003/2004. Em 2005 os dados apontam para uma média de 1.400 garças (contagem do
autor), além de outras diferentes espécies de aves. Tal decréscimo foi coincidente com o
2
progressivo desfolhamento das plantas de mangue negro (Avicennia schaueriana) na área, a
partir de 2002.
Para Vannucci (1999), Avicennia schaueriana, em geral desenvolve árvores bem
formadas; e sob estresse não cresce além do tamanho de arbusto, pois gasta a maior parte
de sua energia apenas para se manter viva, não restando muito para seu crescimento.
Encontradas em zonas costeiras, com baixa precipitação, pouca inundação, excesso de
elementos tóxicos no solo, ou outras formas de poluição, caracteriza assim um “mangue-
anão”. O manguezal-anão, com árvores de pequeno porte, característico de áreas alteradas,
tem seu desenvolvimento estrutural controlado por diversas forças subsidiárias. Essas
forças podem ser: energia solar, aporte de água doce, nutrientes e energia das marés, as
quais, combinadas em diversas intensidades, vão controlar os citados atributos de cada
manguezal (CINTRÓN & SCHAEFFER-NOVELLI, 1983). O manguezal do Dormitório
das Garças pode ser caracterizado então, como “mangue-anão”.
Para Schaeffer-Novelli & Cintrón (1986), as marés constituem uma das forças
subsidiárias mais importantes que incidem sobre áreas de manguezal. É também ressaltado
por Vannucci (1999) que, para o manejo adequado dos manguezais, é essencial que a
circulação da água não seja confinada; os cursos da água não devem ser retificados nem as
águas devem ficar estagnadas. Os manguezais não toleram linhas retas, pois as suas curvas
alongam os cursos da água, aumentam o tempo de residência das águas e ampliam a
produtividade. A construção de diques e outros artefatos, que restrinjam o livre fluxo das
águas, reduz drasticamente a capacidade de sustentação da vida dos manguezais. Vannucci
(op.cit.) recomenda que, onde houver necessidade de construção de diques e estradas
paralelamente à costa, estas sejam providas de drenos e interrompidas a intervalos definidos
por canais suficientemente grandes, posicionados de forma a assegurar a circulação da água
das marés e o escoamento superficial. Os mangues morrem em águas estagnadas.
A partir do ano de 2002, o manguezal do Dormitório das Garças começou a
apresentar problemas visíveis em sua estrutura: um processo degenerativo teve início com a
desidratação das folhas de mangue negro (Avicennia schaueriana), seguido de
desfolhamento e morte, deixando verdadeiras clareiras de troncos retorcidos onde antes
vicejava uma vegetação totalmente verde. Tais fatos, veiculados na mídia regional,
levantaram uma série de questionamentos sobre as causas desse processo.
3
Os notórios impactos de origem antrópica que o manguezal do Dormitório das
Garças vem sofrendo incluem principalmente: despejos de esgoto in natura, aterros que
dificultam a circulação das marés, e dragagens no fundo do Canal da Laguna de Araruama
(MOURA, 2000). Essas interferências provocam grandes modificações na cobertura
vegetal, sendo um processo característico de áreas com grande desenvolvimento urbano,
resultando na supressão drástica das áreas originalmente ocupadas pelo ecossistema de
manguezal (DIEGUES, 1990).
Field (1997) relata fato similar ocorrido na zona costeira da Flórida (EUA), quando
da construção da ferrovia ligando Miami a Key West. A construção da ferrovia que
obstruiu o padrão natural das correntes superficiais no sudeste da Flórida, teve como
conseqüência uma área estacionalmente árida e hipersalina. Foi estimada uma redução de
44% de áreas perdidas de mangue na região da baía de Tampa, e cerca de 82% na baía de
Biscayne, ao sul de Miami. Como conseqüência, se considera que o total das perdas
resultou em um notável decréscimo na pesca comercial (20%), assim como na população de
aves (FIELD, op.cit.).
A rápida transformação do espaço urbano cabo-friense tem alterado a estrutura,
composição e funcionamento de ecossistemas, particularmente do manguezal. Tais
mudanças podem ser medidas pelas respostas ambientais, particularmente da cobertura
vegetal e densidade da avifauna, em prazo relativamente curto. Essas respostas podem
servir de instrumento para que iniciativas de preservação ambiental sejam colocadas em
prática, visando mitigar os processos que geram desequilíbrios ambientais (CARMO,
1990).
Quanto mais são estudados os problemas ambientais, mais somos levados a
perceber que eles não podem ser entendidos isoladamente. São problemas sistêmicos, o que
significa que estão interligados e são interdependentes (CAPRA, 1996). Essa visão auxilia
a associar a busca de novas estratégias e o processo de criação do futuro com o processo de
pensar e, conseqüentemente, de perceber o ambiente em que vivemos.
O espaço urbano ocupado pelo Parque Municipal Ecológico Dormitório das Garças
é um compartimento da cidade utilizado, atualmente, para entretenimento de uma parcela
da população de baixa renda, no qual poderiam ser incentivadas diferentes formas de
recreação que estimulassem atividades físicas, educativas, culturais e turísticas, objetivando
4
a sublimação do estresse urbano típico das grandes concentrações populacionais. Ao
mesmo tempo, o Parque pode ser utilizado como espaço de educação e reeducação para
crianças, jovens, adultos, nativos e turistas, em suas horas de lazer, visando a preservação
ambiental através do entendimento de sua real significância (CIMA, 1991). Para tanto,
bastaria colocar em prática uma forma de Desenvolvimento Sustentável que, em seu
sentido mais amplo, buscasse estratégias para alcançar a harmonia entre os seres humanos,
e entre a humanidade e a natureza (0NU, 1991).
Embora fortemente protegido pela legislação atual e, apesar dos esforços
conservacionistas, muito pouco tem sido feito para a recuperação de áreas degradadas de
manguezal; a própria sobrevivência das áreas sadias está ameaçada diariamente pela
expansão urbana. Um serviço de ecossistemas para o qual se presta pouca atenção em nosso
país são aqueles providos por áreas alagadiças (PRIMACK ,2001)
Vannucci (1999) afirma que ainda hoje é necessário realizar mais pesquisas
dirigidas a esse tipo particular de ambiente, a fim de assegurar melhores condições de
manejo, com qualidade ambiental e produção sustentável. Pesquisas sobre a dinâmica dos
manguezais precisam se tornar mais conhecidas prioritariamente à tomada de decisões
sobre quais práticas de manejo são mais adequadas em determinadas situações.
O manejo de bosques de mangue é um esforço relativamente novo e, segundo Field
(1997), é necessária a utilização de uma gama de métodos para satisfazer a requisitos
específicos. Nenhum método de manejo pode ignorar a realidade dos impactos sociais e
econômicos sobre as comunidades locais, devendo incluir um conhecimento de todos os
recursos e benefícios que podem ser derivados de sua utilização.
O presente estudo se fundamenta na perspectiva de que um bom manejo depende de
uma visão holística do ambiente em tela, de responsabilidade ambiental e de vontade
política de empregar eficientemente recursos técnicos e econômicos na resolução do
problema. Esta pesquisa poderá então orientar um processo de tomada antecipada de
decisões, relativo a um conjunto de problemas interdependentes resultantes da produção
social do espaço (ALMEIDA, 1999), auxiliando os administradores municipais na tomada
de decisões imediatas acerca de assuntos relacionados ao manguezal do Dormitório das
Garças e seu entorno.
5
2. OBJETIVOS
2.1. Gerais
Subsidiar tomadas de decisão para a elaboração de um futuro Plano de Manejo para
o Parque Municipal Ecológico Dormitório das Garças.
Fornecer dados primários que possibilitem garantir os usos múltiplos desse
manguezal de forma a otimizar os benefícios de sua utilização sem a degradação de
seus recursos e qualidade ambiental, mantendo a complexidade e diversidade como
garantia de sua estabilidade futura.
2.2. Específicos
Interpretar a dinâmica dos processos de degradação do Manguezal Dormitório das
Garças.
Analisar os fatores abióticos que interferem sobre a fisiologia do manguezal.
Estabelecer a qualidade ambiental baseada na composição e estrutura da biota.
Propor medidas mitigadoras e corretivas para reversão dos impactos ambientais.
6
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O Parque Municipal Ecológico Dormitório das Garças possui este nome devido à
grande quantidade de garças brancas grandes (Casmerodius albus) e pequenas (Egretta
thula) que usam o manguezal como ponto de pouso, abrigo, alimentação e nidificação. Por
estar localizado no Bairro Porto do Carro e ser um verdadeiro dormitório é chamado pela
população local de Manguezal do Porto do Carro ou Manguezal do Dormitório das Garças.
A Lei Municipal nº 228, de 20 de março de 1984, transforma o manguezal em
PARQUE ECOLÓGICO DO MUNICÍPIO, tendo sido aprovada na Câmara Municipal de
Cabo Frio por seus representantes legais, e assinada pelo Sr. Alair Francisco Corrêa, então
Prefeito do Município, em 27 de março de 1984. Através do Decreto de Tombamento nº
016, de 1º de dezembro de 1989, o local é tombado pelo Prefeito da época, Sr. Ivo Ferreira
Saldanha. Posteriormente, o Sr. Vereador Amaury Valério Tomaz Júnior propõe a
“criação” do PARQUE MUNICIPAL ECOLÓGICO DORMITÓRIO DAS GARÇAS,
através do Projeto de Lei nº 0072/2001, em 22 de agosto de 2001, que se torna, neste
mesmo ano, a Lei nº 1.596, de 29 de novembro de 2001. Sua unidade gestora responsável é
a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Pesca da Prefeitura Municipal de Cabo Frio.
O manguezal faz parte do bioma de Zona Costeira Marinha, apresentando
microclima semi-árido (BARBIERI,1984). Cabo Frio possui um clima bastante seco em
relação ao resto do estado, em função de estar localizado numa área onde o litoral avança
em direção ao oceano, ter um relevo plano, estar distante da Serra do Mar, e apresentar
precipitação média anual entre 750 e 950 mm (Prefeitura Municipal de Cabo Frio, 2001). A
amplitude das marés na área do Manguezal do Dormitório das Garças, no período janeiro
de 2004 a janeiro de 2005, oscilou em torno de 0,47 m. O local é plano, em média 30 cm
acima do nível do mar. O substrato de fundo é composto por uma grossa camada de lama
macia, intercalada com bancos de depósitos conchíferos.
Os ventos são freqüentes e intensos, predominando o Nordeste, com 31,0% de
ocorrência, seguidos de ventos do quadrante Leste, com 18,8% e ventos do quadrante
Norte, com 15,9% que, somados, formam 2/3 de todas as ocorrências. No verão chegam a
atingir 6m/s, diminuindo sua força e freqüência no outono. O número de calmarias é
bastante reduzido em todo ano (dados da estação 83759 em São Pedro D’Aldeia).
7
O Município de Cabo Frio possui 153.735 habitantes, apresentando uma unidade
territorial total de 401 Km
2
(IBGE, 2004), e uma densidade demográfica de 383,38
hab/Km
2
. O parque apresenta uma superfície de 215.000 m
2
(aproximadamente 21,5 ha) e
um perímetro de 2.266,36 metros (dados do autor); situa-se unicamente dentro de Cabo
Frio, abrangendo um percentual de 0,05% da área total das terras do município (Figuras 1 e
2). Geograficamente, situa-se na parte leste do Estado do Rio de Janeiro, entre as latitudes
22
o
49’ e 22
o
57’S e as longitudes 42
o
00’ e 42
o
23’ W (Prefeitura Municipal de Cabo Frio,
2001). Popularmente pode-se referenciar o manguezal através da Ilha do Anjo, que fica
localizada em frente ao mesmo, ou, ainda, pode-se mencionar a estátua do “Anjo Caído”,
que é um marco histórico da cidade, também referência geográfica. O manguezal situa-se
em paralelo à Avenida Wilson Mendes, outrora Estrada dos Passageiros, a mais antiga do
Município de Cabo Frio.
O Manguezal do Dormitório das Garças sofre influência direta das comunidades que
vivem em seu entorno: os bairros de Porto do Carro, Boca do Mato, Jacaré, Jardim
Esperança e Favela Rainha da Sucata. Parte da população destas localidades, que em sua
maioria é de baixa renda, usa a área do manguezal nos finais de semana para banho e lazer.
O manguezal influencia a Laguna de Araruama como exportador de nutrientes que
são oriundos dos processos microbiológicos próprios dos mangues e como área de abrigo e
berçário de um grande número de organismos dos mais diversos níveis tróficos,
principalmente aquáticos (SCHAEFFER-NOVELLI, 1986).
Não há qualquer tipo de fiscalização na área do mangue. Há apenas na entrada uma
placa indicando, para eventuais denúncias, o telefone da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Pesca de Cabo Frio (SECMAP), que se torna inoperante, uma vez que a maior
atividade no mangue ocorre nos finais de semana, quando a mesma, encontra-se fechada.
Tal falta de fiscalização tem ensejado a prática de vários crimes ambientais, como, por
exemplo, a captura de filhotes e coleta de ovos de garça.
Na região do mangue detecta-se uma série de atividades conflitantes. Entre elas
pode-se citar a presença de um gasoduto interrompendo a circulação de água, uma estrada
de acesso (aterro) comprometendo a circulação de água dentro do mangue, pisoteio de
mudas de mangue pelos banhistas, instalação de barracas para a venda de bebidas e
salgados e churrasco sob as árvores.
8
O canal da Laguna de Araruama sempre foi utilizado como área de banho/lazer
pelos moradores das comunidades do entorno. O Parque é utilizado principalmente nos
finais de semana, no verão e nos dias quentes como área de banho, uma vez que um dos
seus limites é o canal da Laguna de Araruama. Também é utilizada uma área do salgado
(região despida de vegetação situada na porção mais elevada do manguezal; apicum), para
atividades recreativas como: jogos de futebol, vôlei, churrasco, pesca com tarrafa e de
linha, mergulho, banho de sol, pesca de siri e arrasto de camarão.
O Manguezal do Dormitório das Garças fica distante 154 km do Terminal
Rodoviário Menezes Cortes da Cidade do Rio de Janeiro; 2 km do centro de Cabo Frio; a
500 metros do Bairro Boca do Mato; a mesma distância do Bairro Porto do Carro; a 2 km
do Bairro Jardim Esperança; a 1km do Bairro Jacaré e a 1km da favela Rainha da Sucata,
que são as comunidades que freqüentam o local nos finais de semana.
O local é servido por diversas linhas de ônibus, a saber: Cabo Frio-Búzios, Cabo
Frio-Jardim Esperança, Cabo Frio-Baixo Grande, Cabo Frio-Praia do Sudoeste, Cabo Frio-
Retiro, Cabo Frio-Tangará, Guriri e Cabo Frio-Jardim Peró. As vias de acesso são
asfaltadas. Também pode ser acessado por barco, através do canal da Laguna de Araruama.
O tempo de percurso de ônibus do centro da cidade até o manguezal é de aproximadamente
10 minutos e, de carro, aproximadamente 5 minutos.
9
Figura 01– Croqui de localização da área de estudo, representado na Figura 2.
10
Figura 02– Detalhamento da área de estudo com base em fotos de satélite
e fotografia aérea da região da Lagoa de Araruama e do manguezal.
11
4. METODOLOGIA
A metodologia aplicada neste estudo foi baseada em Schaeffer-Novelli & Cintrón
(1986), Field (1997), APHA (1998), Vannucci (1999) e JBRJ (2002), e compreende
levantamento de dados primários, visando possibilitar a análise das interrelações de causa
e efeito. O trabalho de campo foi sistemático, para que se pudesse definir a sensibilidade e a
resistência dos ambientes em função das ações antrópicas.
A estratégia utilizada consistiu em passar por sucessivos níveis de síntese, segundo
as relações de causa e efeito entre os diversos componentes do sistema: água, sedimento,
flora, fauna, topografia, clima, correlacionando em cada área delimitada, as comunidades
vegetais e os condicionantes abióticos em seus respectivos compartimentos.
A pesquisa foi desenvolvida no período de março de 1999 a março de 2005, com a
execução de um Diagnóstico Ambiental, dividido cronologicamente nas seguintes fases:
4.1. Fase 1 – Processamento de Imagens
Obtenção de mapas oficiais, fotografias aéreas, imagens de satélite e fotografias
históricas que pudessem referenciar a situação do Canal do Itajuru (elo de ligação natural
da Laguna de Araruama com o mar) e do próprio manguezal, tanto no passado como no
presente.
Foram confeccionados croquis da área do Parque com base nas fotografias aéreas e
imagens digitalizadas de satélite, sob a forma de mapeamento esquemático com as
seguintes finalidades:
Permitir melhor interpretação da situação existente.
Permitir comparações imediatas entre a situação atual e a anterior.
Deixar registrada a composição de parte da comunidade local como fonte de futuras
pesquisas, de forma a permitir estudos comparativos.
Localizar os pontos críticos e apontar os problemas detectados, tais como processos
ativos de erosão e assoreamento, lançamento de efluentes, desfolhamento das árvores de
12
mangue negro, impedimento da circulação de água e disposição inadequada de resíduos
sólidos.
A análise dos mapas, fotos e imagens de satélite geraram um mapa onde, para melhor
interpretação da situação existente, subdividiu-se a área do parque em seis compartimentos,
doravante denominados: C-1, C-2, C-3, C-4, C-5 e C-6.
4.2. Fase 2 – Granulometria do Sedimento
Esta fase deteve-se na análise dos parâmetros granulométricos dos sedimentos,
resultando na confecção de um mapa demonstrando os pontos de coleta dos sedimentos.
Com a finalidade de avaliar o comportamento deposicional dos sedimentos de fundo, foram
selecionados também 15 pontos de amostragem ao longo de 05 estações, distribuídas nos
seguintes compartimentos da área de estudo:
ESTAÇÃO 1, na entrada do manguezal – pontos: G-1, G-2, G-3;
ESTAÇÃO 2, na ilhota do Compartimento 1 – pontos: G-4, G-5, G-6;
ESTAÇÃO 3, no local de disposição do “bota-fora” da dragagem iniciada
em 2001, situado no Compartimento 2 – pontos: G-7, G-8, G-9;
ESTAÇÃO 4, no interior do Compartimento 5, com mangue em bom estado
– pontos: G-10, G-11, G-12;
ESTAÇÃO 5, no Compartimento 6, local da disposição atual do “bota-fora”
– pontos: G-13, G-14 e G-15.
Cada ponto foi devidamente georeferenciado através de GPS e plotado em mapa (Figura
3).
A coleta de material foi efetuada em 02 de outubro de 2003, no período da manhã.
Em cada estação foram retiradas três amostras, feitas com 10 cm de profundidade, com o
auxílio de uma cavadeira manual, resultando em aproximadamente 1.200g de material. As
amostras foram acondicionadas em plástico tipo zip, identificadas com o número da estação
de coleta, colocadas em caixa de isopor e imediatamente encaminhadas ao laboratório da
Companhia Nacional de Álcalis para análise. A distribuição dos pontos de coleta seguiu o
13
sentido da maré enchente a partir do local de sua entrada no mangue, imediatamente à
frente da estátua do “Anjo Caído”.
L
A
G
O
A
D
E
A
R
A
R
U
A
M
A
S
A
L
INA
S
SA
L
IN
AS
804.000
804.600
804.100
804.200
804.300
804.400
804.500
7.468.600
7.468.700
7.468.800
7.468.900
7.468.500
7.469.000
G-1
G-2
G-3
G-4
G-5
G-6
G-7
G-8
G-9
G-10
G-11
G-12
G-15
G-14
G-13
Figura 03– Localização dos pontos de coleta e amostragem de sedimento
para análise granulométrica.
14
4.3. Fase 3 – Características físicas, químicas e microbiológicas de água e sedimento
Nesta fase foi realizada uma avaliação da qualidade da água e do sedimento baseada
nas propriedades físicas, químicas e biológicas (pH, salinidade, resíduos totais-RNFT,
sólidos totais-ST, oxigênio dissolvido-OD, demanda bioquímica de oxigênio-DBO, N-
Amoniacal, N-nitrito, N-nitrato, P-Total, P-Ortofosfato, Temperatura, Coliformes totais e
fecais), sendo que as coletadas foram efetuadas segundo recomendações e cuidados
previstos em CETESB (1998), SOUZA (1977) e APHA (1998), em oito pontos de
amostragem (Figura 5) e um ponto de controle localizado na entrada do Canal do Itajuru,
ao lado do “Manguezal das Salinas Peroanas”, em perfeito estado de conservação.
Os reagentes e frascos para a coleta e preservação (Figura 4), foram fornecidos pela
Companhia Nacional de Álcalis, empresa responsável pelas análises laboratoriais.
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 04 Materiais utilizados para a coleta de amostras de água e sedimento.
15
L
A
G
O
A
D
E
A
R
A
R
U
A
M
A
S
A
L
INA
S
SA
L
IN
AS
804.000
804.600
804.100
804.200
804.300
804.400
804.500
7.468.600
7.468.700
7.468.800
7.468.900
7.468.500
7.469.000
7.468.775
7.468.728
7.468.632
7.468.647
7.468.607
7.468.532
804.286
804.262
804.181
804.107
804.178
804.219
804.180
804.334
7.468.704
7.468.717
P-1
P-2
P-3
P-4
P-5
P-6
P-7
P-8
Figura 05 – Localização dos pontos de coleta e amostragem de água e sedimento.
16
4.4. Fase 4 – Fauna e Flora
Esta fase consistiu numa prospecção da biodiversidade botânica (inventário)
visando adquirir conhecimentos da variedade de espécies vegetais, segundo (LORENZI,
2000, 2001 e 2002), LAMBERTI (1966) e TOMLISON (1986). O levantamento incluiu
classificação das espécies in situ e coletânea fotográfica dos indivíduos em floração. A
avifauna foi identificada e classificada ao nível de espécie, segundo (FRISCH, 1981 e
ANDRADE, 1985). Esta avaliação foi realizada utilizando como equipamentos de
observação básicos: binóculo com zoom automático (autofocus) da marca OLYMPUS,
máquina fotográfica CANON EOS 500, com teleobjetivas de 100x, 200 e 300x e máquina
digital SONY CYBER SHOT P72, o que forneceu preciosos detalhes quanto à
identificação posterior das aves. Foram efetuadas contagens quinzenais de número de
indivíduos, com a participação de oito auxiliares de campo, durante uma hora e quinze
minutos, diária, no período pré-crepuscular (das 16h30min às 17h45min).
4.5. Fase 5 – Levantamento Planialtimétrico
Visando verificar os níveis de assoreamento atuais e estabelecer um parâmetro para
estudos futuros, assim como verificar a evolução dos processos ativos, nessa etapa foi
realizado um levantamento planialtimétrico. Com base no marco zero, localizado no
piquete inicial do gasoduto, foram determinadas as profundidades específicas de cada ponto
a partir de 08 seções transversais (Anexo 1). Os resultados da topografia tiveram como base
a variação de marés, ou seja, foram efetuadas as medições na preamar e na baixa-mar,
determinando assim os bancos de areia formados e as deformidades causadas pelas
atividades antrópicas.
4.6. Fase 6 – Análises de metais
A fase 6 constou da avaliação de metais presentes no sedimento (Figura 06) e nas
folhas da vegetação de Avicennia schauerianna (Figura 39).
17
Foram recolhidas 04 amostras de sedimento do manguezal para a verificação dos
teores dos seguintes metais: alumínio, cádmio, chumbo, cobre, ferro, mercúrio e níquel. As
amostragens foram realizadas nos pontos M-1, M-5, M-6 e M-7.
Figura 06 - Localização dos pontos de coleta de sedimento para análise de metais.
A análise do teor dos metais Al, Pb, Cu e Fe nas folhas de Avicennia schaueriana
(mangue negro) ao longo de uma transecção entre o valão de esgoto e a estrada do
gasoduto, foi realizada através de Espectometria de Emissão Atômica com Plasma de
Argônio Induzido (ICP-OES) e Espectometria de Absorção Atômica (AAS), segundo
APHA (1998). A metodologia constou de coleta de aproximadamente 300g de folhas de
mangue negro em uma circunferência de 05 metros em torno de cada ponto, que foi
marcado com GPS, para determinação das coordenadas UTM. Em cada ponto foi
mensurada a salinidade, com utilização de um refratômetro de campo.
A amostragem foi realizada às 15h do dia 24/06/04, sendo o material (folhas)
acondicionado em sacos plásticos e colocado imediatamente em uma caixa de isopor, sob
refrigeração e transportado para o Laboratório da Analytical Solutions, no Rio de Janeiro,
no dia imediatamente subseqüente.
18
4.7. Fase 7 – Estudo Fitossociológico
Completou-se o diagnóstico com um estudo fitossociológico em duas áreas
distintas: uma área íntegra (Compartimento 3) e uma área afetada pelo desfolhamento
(Compartimento 4). Procedeu-se a execução de 10 transecções de 50 x 2m (cinqüenta
metros de comprimento, por dois metros de largura), sendo cinco na área integra (C-3) e
cinco na área afetada pelo desfolhamento (C-4), perfazendo um total de 0,1 ha. A área de
cada transect é de 100m
2
O tamanho dos transects foi determinado em função da densidade da vegetação e da
uniformidade do bosque de mangue, sendo que dentro de cada transecção foram incluídos,
no mínimo 30 árvores (SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRÓN, 1986). Os dados foram
coletados durante os períodos de baixa-mar. Em cada transect, houve a identificação quanto
à espécie de todas as plantas com a base do caule no interior do transect e com altura
superior a 1m.
Foram anotadas a altura (com auxílio de duas réguas de alumínio, com três metros
cada uma) e a circunferência (com auxílio de fita métrica) dos troncos a 1,30m de altura do
solo correspondendo ao diâmetro a altura do peito (DAP). Posteriormente, os dados de
circunferência dos troncos vivos e mortos em pé foram transformados em diâmetro à altura
do peito (DAP = CAP/p), onde CAP/p corresponde a circunferência a altura do peito
dividido por π (3,1416). Sendo calculados para cada planta dentro do transect, a altura
média, o DAP médio, a área basal de indivíduos vivos e mortos por espécie, a densidade
total por área de troncos vivos e mortos, a área basal, a freqüência absoluta, o valor de
importância, o valor de cobertura, a dominância relativa por espécie, a dominância por área
e a densidade específica relativa.
Este procedimento seguiu o estabelecido no Manual Metodológico para estudos
botânicos (JBRJ, 2002), que afirma ser esta a metodologia mais adequada no caso de
levantamento em áreas impactadas ou relativamente simples do ponto de vista florístico,
citando os manguezais como exemplo, sobretudo quando a ênfase maior é o estudo de sua
estrutura.
19
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Compartimentação do Sistema do Manguezal
O sistema do manguezal apresenta um nível de complexidade extremamente alto,
uma vez que esta unidade de conservação ambiental foi reduzida a um pequeno fragmento e
sua expansão natural foi interrompida por várias ações antrópicas, tais como a implantação
de um gasoduto, ruas de acesso, valas de drenagem, a manutenção de uma salina desativada
em sua porção mais ao Norte. A Leste tem como fator limitante a Av. Wilson Mendes, a
Oeste o canal do Itajuru e ao Sul o Camping Clube do Brasil. Portanto, dentro de uma área
tão restrita, sujeita a efeitos adversos difusos gerando, em poucos metros de distância,
alterações capazes de provocar a compartimentação dos mesmos, torna-se necessário, para
a compreensão do diagnóstico, dividir a área em seis compartimentos: C-1, C-2, C-3, C-4,
C-5 e C-6 (Figura 7). O critério utilizado para esta subdivisão foi a presença de barreiras
físicas, criadoras de áreas relativamente estanques, como: um valão de esgoto separando o
C-6 do C-5; uma estrada de saibro com um gasoduto enterrado, separando o C-5 do C-4; a
estrada de acesso à Ilha dos Ratos que faz divisa entre o C-4 e o C-3; uma ilha ligada ao
continente por uma estrada formando o C-2; restando a borda continental do mangue e a
ilhota que caracteriza o C-1.
20
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A
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7.468.800
7.468.900
7.468.500
7.469.000
Compartimento 6
Vala de drenagem
Compartimento 5
Estrada do gasoduto
Compartimento 4
Estrada de acesso
Compartimento 3
Compartimento 2
Compartimento 1
Figura 07– Distribuição dos compartimentos identificados no
Manguezal do Dormitório das Garças indicando os pontos de coleta.
5.1.1. Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 1 (C-1)
O compartimento 1 inclui uma ilhota recoberta de vegetação de mangue negro que
fica submersa no período de maré alta (preamar) e totalmente descoberta no período de
baixa-mar. Ainda compõem este compartimento as margens paralelas à Av. Wilson Mendes
e ao Camping Clube do Brasil (Figura 8). Tal área por comportar durante muito tempo o
ninhal de garças brancas, deu origem ao nome popular do manguezal: Dormitório das
Garças. Este compartimento sofreu ao longo do tempo, uma série de transformações a partir
da década de 60 (Figura 9 A, B e C), demonstrando alto dinamismo e influência sobre a
biota.
21
GALIOTTO, E., 2003
Figura 08 – Foto aérea do Compartimento 1 (Dormitório das Garças).
WOLNEY, 1965
Figura 09 A – Foto aérea do Compartimento 1 (Dormitório das Garças).
22
GALIOTTO, E., 1996
Figura 09 B – Foto aérea do Compartimento 1 (Dormitório das Garças).
GALIOTTO, E., 2004
Figura 09 C – Foto aérea do Compartimento 1 (Dormitório das Garças).
Processos ativos – Nota-se que a evolução destes processos (assoreamento e erosão)
são evidentes em toda a extensão da Av. Wilson Mendes (Figura 10 A, B e C). Existem
23
saídas de águas pluviais e esgoto não tratado (Figura 11 A e B) desembocando no
manguezal. A erosão hídrica é, sobre grande parte de nosso planeta, a mais importante
forma de erosão. É causada pela chuva e pelo escoamento superficial, sendo afetada por
grande número de agentes naturais e antropogênicos (SILVA, et al., 2003, 2004) Nos
períodos de maior precipitação, observa-se a ocorrência de um estresse agudo, com o
aporte de grandes volumes de sedimento terrígeno e arenoso (Figura 12). Este estresse seria
natural e com efeito adverso insignificante não fosse a existência de um sistema de
escoamento superficial na Av. Wilson Mendes, que reúne e dirige as águas pluviais para o
interior do manguezal juntamente com partículas minerais e orgânicas, em tal magnitude,
que chega a alterar a morfologia do talude.
Figura 10 A – Erosão causada pelo escoamento das águas superficiais.
MOURA, J. H. M., 2003
24
Figura 10 B – Soterramento dos pneumatóforos, pela ação do assoreamento na
borda da Av. Wilson Mendes.
MOURA, J. H. M., 2002
F
MOURA, J. H. M., 2002
Figura 10 C – Soterramento e conseqüente efeito das águas pluviais sobre a
vegetação na borda da Av. Wilson Mendes.
25
MOURA, J. H. M., 2002
Figura 11 A – Processo erosivo do talude por influência das águas pluviais.
MOURA, J. H. M., 2002
Figura 11 B – Manilha de captação de águas
pluviais, com esgoto. Ao fundo a atual Av.
Wilson Mendes.
26
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 12 – Sedimento terrestre carreado pela chuva, na borda da Av. Wilson
Mendes. Ao fundo a ilhota do Compartimento 1.
Como resultado deste estresse agudo de origem natural, ocorre uma brusca redução
da salinidade e, por influências do carreamento de sedimentos, há redução da lâmina d´água
e comprometimento da circulação das águas de marés. Como conseqüência, o soterramento
da fauna e flora bentônicas, e dos pneumatóforos das avicenias, é fato evidente que causa
mortandade das plantas da margem contígua à avenida.
Após esse impacto o sedimento mais leve é vagarosamente distribuído e dispersado
pelas marés. A lâmina de água é paulatinamente reduzida pela lenta elevação no nível de
profundidade do canal que circunda a ilhota. A cota da parte central da ilhota é elevada
(Figura 8), reduzindo cada vez mais, a entrada de água da maré, até o estágio em que estas
águas alcancem este ponto somente nas marés mais elevadas.
Ainda com relação a este ponto, o esgoto lançado provoca um estresse
antropogênico crônico, ou seja, o lançamento contínuo de efluentes, que além de matéria
orgânica, carrea em seu bojo toda a sorte de resíduos líquidos e uma quantidade
significativa de sólidos em suspensão e lodos, além de um volume bacteriano
extremamente alto.
27
Os problemas existentes neste compartimento são sanáveis desde que sejam implementadas
as seguintes medidas corretivas:
1. Construção de uma linha de gabiões paralela a Av. Wilson Mendes sem avançar
sobre a área do manguezal;
2. Construção de um sistema de drenagem de águas pluviais direcionado a uma caixa
com grade para retenção de materiais grosseiros e uma caixa de areia com a
finalidade de reter materiais sedimentáveis e reduzir a velocidade das águas. Tal
sistema deverá ser construído do lado oposto ao mangue, uma vez que nele não
existe espaço para executar esta obra;
3. Interromper e tratar os efluentes lançados na rede de águas pluviais;
4. Dragar e formar novo canal de circulação de água no entorno da ilhota de mangue,
com profundidade máxima de 2 metros e 3,5 metros de largura, com a finalidade de
restaurar a entrada e circulação de água no sistema do manguezal;
5. Construção de uma mureta de 0,50 m de altura, para contenção do talude e
colocação de alambrado demarcando o limite externo do mangue;
6. Plantio de uma faixa de vegetação nativa, com aroeiras e mangue de botão
formando uma zona de transição para o amortecimento de impactos sonoros e
visuais.
5.1.2. Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 2 (C-2)
O Compartimento 2 compreende o que atualmente se denomina Ilha dos Ratos
(Figura 7). Com a construção da ligação entre a Ilha dos Ratos e o continente na década de
50, foi criada uma área de intensa sedimentação propícia ao aporte dos propágulos
provenientes de manguezais existentes em outros trechos do Canal do Itajuru (como a área
da Moringa e outras pequenas manchas dispersas) e do próprio Dormitório das Garças.
Com isto, o mangue teve uma dispersão acentuada, colonizando áreas de salinas
desativadas na década de 80 (Figura 13). A Ilha dos Ratos apresentava uma área mais
extensa com uma enseada interna, grande extensão de areia, vegetação arbustiva esparsa,
sem ligação com o continente, ou seja, uma fisionomia completamente diferente da atual.
28
GALIOTTO, E.
Figura 13
Vista geral da Ilha dos Ratos e da área do Dormitório das Garças, na
década de 80.
Apesar de haver uma situação de desenvolvimento do manguezal na década de 90, o
aumento de movimentação de veículos no interior da ilha e a visitação pelas comunidades
de baixa renda que se instalaram no seu entorno, passando a utilizá-la de maneira predatória
com pisoteio, corte e fogo, e estacionamento de veículos sobre a vegetação, perseguição e
coleta de animais, desde caranguejos até ovos de garça, causou o início do processo de
degradação no ano de 1999 (Figura 14).
Além desses problemas de ordem antrópica, iniciou-se em 2001, um processo de
deterioração do arvoredo do manguezal devido aos problemas de assoreamento promovido
pela dragagem realizada no Canal da Laguna de Araruama. Áreas que apresentavam
circulação de água começaram a secar, gerando um volume de lama e lodo em
decomposição muito acentuado. Em março de 2003 foram abertas três passagens de água,
na estrada de acesso à Ilha dos Ratos (Figura 15), e construídas três pontes de madeira para
interromper a passagem de veículos à ilha (Figura 16 A e B), melhorar a circulação e
renovar as águas do sistema do manguezal.
29
GALIOTTO, E.
Figura 14 – Vista aérea da Ilha dos Ratos em 1999.
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 15 – Estrada de acesso à Ilha dos Ratos (C-2) após abertura dos
canais para a instalação das pontes e circulação de água.
30
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 16 A – Instalação da estrutura da ponte de acesso a Ilha dos Ratos.
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 16 B – Última ponte de ligação entre a estrada e a Ilha dos Ratos.
31
Com a proibição e o impedimento da entrada de veículos pelas pontes, iniciou-se na
área da Ilha dos Ratos uma franca expansão do arvoredo, com excelente desenvolvimento e
uma regeneração natural num período de apenas 12 meses. Como conseqüência verificou-
se uma alteração na paisagem, privilegiando o crescimento do maciço vegetal,
principalmente aroeiras.
Atualmente a ilha comporta uma gama de plantas invasoras, e outras espécies de
dispersão rápida, evidenciando um processo de alteração antrópica.
Mesmo sendo uma área em franco processo de desenvolvimento existem várias
medidas que deverão ser tomadas para que seja sustentável a sua visitação pública e o seu
uso de forma ordenada. Para isso propõem-se as seguintes medidas corretivas:
1. Identificar os pontos naturais de passagem que servirão para a demarcação das
trilhas;
2. Instalar placas de orientação aos visitantes, definindo os dizeres e sua localização;
3. Demarcar a área de banhistas e lazer;
4. Definir práticas de educação ambiental a serem trabalhadas com a população local e
usuários do mangue;
5. Remoção do material depositado em função da dragagem iniciada em novembro de
2001, deixado na Ilha dos Ratos, uma vez que este está provocando assoreamento
do canal, magnificado pelo aporte de novos sedimentos gerados pela dragagem
atual. O material removido pode ser utilizado como aterro, na construção civil.
6. Realização de capina seletiva para retirada gradativa de plantas invasoras
5.1.3. Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 3 (C-3)
Neste compartimento existe uma lagoa central, dentro de uma área de aterro onde a
água penetra somente na maré mais alta (Figura 7). Esta área foi aterrada com rejeitos de
construção civil (entulhos), lixo e toda a sorte de materiais (Figura 17). A lagoa interna
apresenta uma depressão que permite que ocorra a renovação da água nas marés médias e
altas, mantendo assim uma lagoa permanente com hidrodimâmica reduzida. Essa condição
provoca uma forte sedimentação de matéria orgânica na área, produzindo grande
quantidade de lodo.
32
A comunidade local construiu, neste compartimento, um campinho de futebol,
reduzindo ainda mais a possibilidade de desenvolvimento de vegetação de porte superior.
Ocorre vegetação arbustiva, e o mangue desenvolve-se apenas na borda da lagoa, em uma
faixa de um pouco mais de 1 metro de largura, e em manchas esparsas.
MOURA, J. H. M., 2002
Figura 17 – Corte do aterro, expondo o lixo recoberto por saibro, no C-3.
Em 1999 foi interrompido o acesso de carroceiros que despejavam lixo neste
compartimento, com a abertura de uma vala no limite do manguezal com a Avenida Wilson
Mendes. Em 2002, com a abertura de canais periféricos, com função de irrigar as áreas
secas e restabelecer a circulação de água da lagoa interna, houve uma dispersão de
propágulos e a vegetação passou a colonizar outros compartimentos do mangue. Em 2003.
a recuperação do manguezal passou a tornar-se evidente.
Este compartimento apresenta vegetação em condição satisfatória, mas ainda
contempla uma série de problemas a serem resolvidos a médio e longo prazo, no que diz
respeito ao seu uso e ocupação. Algumas medidas corretivas devem ser implantadas para
evitar danos presentes e mesmo no futuro imediato:
33
1. Ordenar uma área para estacionamento de veículos distante da vegetação;
2. Construção de um pórtico de entrada e de uma mureta de 0,50 m de altura, e
colocação de alambrado demarcando o limite externo do mangue;
3. Plantio de uma faixa de vegetação nativa paralela à Av. Wilson Mendes (formação
de uma zona de transição) para o amortecimento de impactos sonoros e visuais,
utilizando aroeira e mangue de botão (Conocarpus)
4. Implantar vigilância ambiental e estabelecer período de visitação e uso público;
5. Construção de uma torre de observação e um posto de pesquisa, na zona de apicum
do C-3;
6. Dar continuidade ao programa de reabilitação e formação de um novo maciço
vegetal;
7. Construção de um auditório, na área de aterro já consolidado do C-3, para
atividades de Educação Ambiental.
5.1.4. Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 4 (C-4)
Este compartimento é formado pela área existente entre o gasoduto e a estrada de
acesso à Ilha dos Ratos. Esta área era inicialmente uma salina que foi desativada, sendo,
depois, totalmente recoberta por vegetação de mangue. A elevação do piso da estrada de
acesso à ilha provocou a estagnação da água, o que causou o desfolhamento da vegetação
(Figura 18).
Este é um dos mais complexos compartimentos do Manguezal do Dormitório das
Garças e, em função dos estudos realizados, foi necessária a subdivisão desse
compartimento em seis “subsistemas” (Figura 19). Cada subsistema apresenta um diferente
estágio de degradação ambiental, causado por impactos diferenciados e provocando um
determinado efeito sobre a vegetação, indo desde a simples desidratação (SS-3) até a
erradicação completa da vegetação (SS-1)
34
GALIOTTO, E., 2003
Figura 18 – Aspecto do Compartimento 4, em de 2003.
GALIOTTO, E., 2003
Figura 19 – Subsistemas (SS-1 a SS-6) do Compartimento 4. INTERF = interface
entre os subsistemas SS-4 e SS-5.
35
5.1.4.1. Subsistema 1 (SS-1)
Este subsistema apresenta a situação mais adversa, principalmente no que tange à
salinidade elevada, assoreamento, compactação do solo e erosão. Estes processos ativos
continuam em curso e já foram notificados à Secretaria de Meio Ambiente e Pesca. Esta,
em 1999, autorizou a abertura de vários pequenos canais com objetivo de fazer a água da
maré alta atingir uma bacia central e irrigar as áreas secas, possibilitando a redução da
salinidade e a reconstituição da estrutura do sedimento compactado, com a entrada de
novos fluxos de água. Entretanto, devido a não-existência e não-disponibilidade de um
fluxo de maré atravessando a estrada de acesso à Ilha dos Ratos, a tentativa foi frustrada.
As bordas deste subsistema apresentam problemas de assoreamento oriundo do
saibro do acostamento da Av. Wilson Mendes e da estrada do gasoduto, que sempre foi
carreado para dentro do mangue, formando uma estreita lâmina de água com altíssima
salinidade (90‰) e elevada temperatura (39 °C). A água empoça e permanece nestas áreas
de borda até evaporar totalmente. As bordas laterais que margeiam a Av. Wilson Mendes e
a estrada do gasoduto apresentam testemunhos dos efeitos da erosão provocada pelas
chuvas.
A vegetação presente nesta área retrata apenas 23% da original; 77% foi totalmente
erradicada. Mesmo com a abertura dos pequenos canais, não foi possível manter qualquer
forma vegetal de mangue, viva: em 1999, paralelo aos canais, e ao redor da bacia central,
foram plantadas 250 mudas, que morreram em apenas 10 dias.
Como as cotas do piso eram muito elevadas, em relação à lagoa, devido ao
assoreamento ocorrido ao longo dos anos, a única opção viável era a escavação de um canal
periférico que levasse a água até uma série de depressões, que permitiriam a entrada de
água nos locais onde as águas da maré não atingiam. Porém, esta ação chegou com mais de
24 meses de atraso. Com isto, 77% do maciço vegetal deste compartimento, já estava
desfolhado e seco. Somente no arvoredo próximo ao canal de circulação, na borda da Av.
Wilson Mendes, as plantas permaneceram verdes e com folhas, demonstrando a eficácia da
medida tomada.
O processo de recuperação deste subsistema baseia-se na:
36
1) rebaixamento do nível do piso, de modo a ser influenciado pelo regime de
marés;
2) abertura de três canais de circulação sob o gasoduto;
3) formação de um corredor para circulação de água e transporte de
propágulos;
4) abertura de canais radiais ou perpendiculares com profundidade compatível
em cada ponto;
5) revegetação;
6) construção de uma barreira vegetal para amortecer os impactos gerados pela
estrada (sonoros e visuais); e
7) contenção dos processos de erosão e de assoreamento.
5.1.4.2. Subsistema 2 (SS-2)
Trata-se da área onde as cotas da antiga salina permanecem com pouca alteração, ou
seja, as águas das marés altas atingem estes locais mas não escoam totalmente nas marés
baixas, ficando estagnadas. Entretanto, ao longo dos anos, estes locais foram entrando em
processo de salinização cada vez mais intenso a ponto de ultrapassarem o limite de
tolerância da vegetação presente dentro dos antigos quadros (evaporadores). Este processo
promoveu a mortandade das plantas de avicenia, deixando áreas desprovidas de vegetação.
Nesses locais (clareiras) ocorre, na água, uma elevação da temperatura de
aproximadamente 10 °C e um aumento da salinidade para 67. A não renovação diária
das águas pelas marés contribui para a estagnação deste compartimento. Portanto, as
árvores são submetidas a uma situação extremamente estressante (Figura 20), uma vez que
as condições ambientais evoluem para parâmetros extremos, tais como a temperatura que
atingiu patamares acima de 50 º C, constatada no verão de 2003.
A salinidade mensurada em vários pontos desse subsistema, no período de
dezembro 2002 a fevereiro de 2003, apresentou concentrações de até 110 , ou seja, muito
além da salinidade suportada pela vegetação, que seria de 90‰.
37
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 20 – Aspecto dos pneumatóforos de Avicennia, no Subsistema 2 (SS-2).
Como medida corretiva neste subsistema, propõe-se:
1) abertura de passagens nas bordas dos quadros, de forma a impedir a retenção e
estagnação de água; e
2) iniciar um processo de revegetação da área.
5.1.4.3. Subsistema 3 (SS-3)
Margeando parte da estrada de acesso à Ilha dos Ratos e parte da Av. Wilson
Mendes, esta área recebe aporte sistemático de água fresca regida pela variação de marés,
através de uma depressão marginal. Trata-se da única área verde onde a vegetação ainda
resiste. Entretanto, dada à proximidade com as áreas mais críticas, necessita atenção. É um
local de dispersão de propágulos ou mesmo fonte para formar um viveiro de mudas.
Para sustentar e manter a diversidade da flora presente em paralelo à estrada de
acesso à Ilha dos Ratos e à Avenida Wilson Mendes, propõe-se:
38
1) realizar a contenção do talude paralelo a Av. Wilson Mendes;
2) contenção da erosão;
3) revegetação do talude; e
4) manter o canal de circulação favorecendo a circulação hídrica no sistema.
5.1.4.4. Subsistema 4 (SS-4)
Este subsistema sofre uma grande oscilação de salinidade: na preamar, as
concentrações salinas são compatíveis com as do Canal do Itajuru (cerca de 40 ‰); na
baixa-mar, são regidas por um canal que despeja esgoto bruto, misturado com resíduos de
dragagem. Esta situação, reduz a concentração de sal na água para cerca de 28 ‰,
apresentando como resposta ambiental um desfolhamento da vegetação presente na área.
Esse processo está associado a uma grande deposição de sedimentos inconsolidados,
oriundos do “bota-fora” da dragagem, que são carreados através do canal de esgoto (Figura
21).
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 21– Aspecto do canal de esgoto que impacta o Subsistema 4 (SS-4).
39
A dragagem do canal deposita o “bota-fora” na salina desativada existente ao lado
do mangue (C-5), na qual já havia iniciado a colonização natural e induzida com vegetação
de mangue. Parte da areia, lama e materiais finos sofrem um processo de sedimentação
diferenciado: os mais pesados sedimentam no interior do canal de esgoto e os mais finos
são carregados pela somatória de vazões associadas. A água drenada do “bota-fora” que
percola pelo talude em direção ao canal de esgoto, acrescida da vazão do esgoto e força da
maré vazante, cria um incremento de velocidade que impede a sedimentação total das
porções em suspensão.
O canal, desde sua construção original, até 1980, era uma vala de drenagem de
salina, com alinhamento nas duas margens, vegetadas com gramíneas em seus dois taludes
internos, e com profundidade variando de 40 a 60 centímetros. Com o passar do tempo, foi
paulatinamente recebendo contribuições clandestinas de esgoto, das casas do bairro da
Boca do Mato, até transformar-se no que é hoje: um de valão de esgoto a céu aberto. Com
a dragagem isso foi descaracterizado: o talude foi aberto, a seção assoreada e a água que
escoa dos resíduos percola das pilhas de resíduos, invadindo este subsistema tanto nas
marés altas quanto nas marés baixas, sendo que na baixa-mar este efeito é mais evidente.
A vegetação de mangue presente nas margens do “valão”, antes bem adaptada, pois
recebia apenas água das marés e uma pequena carga de água doce proveniente dos esgotos,
passou a receber uma grande quantidade de água com salinidade muito elevada,
proveniente do escoamento do “bota-fora”, além de grande quantidade de sólidos em
suspensão, e agora sofre desidratação e desfolhamento. Na figura 22, em primeiro plano
(lado direito), verifica-se a presença de uma Avicennia seca (morta) e o assoreamento nas
duas margens do “valão”. Nas marés baixas ocorre a consolidação de sedimentos finos
sobre os pneumatóforos (Figura 23).
40
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 22 – Aspecto do impacto do “bota-fora” sobre o manguezal do SS-4.
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 23 – Detalhe dos pneumatóforos de Avicennia e deposição de sedimentos
finos no SS-4.
41
Em síntese, para recuperar este subsistema, uma das áreas menos evidente e mais
crítica de todo o sistema do mangue, as medidas corretivas a serem tomadas são:
1. conter o assoreamento provocado pela dragagem em curso;
2. interromper o fluxo de efluentes brutos para a lagoa e, conseqüentemente, para o
sistema do manguezal;
3. retificar os taludes do canal de esgoto;
4. abrir passagens entre os quadros da antiga salina;
5. revegetar as diversas áreas atingidas;
6. mudar o local de disposição do “bota-fora” para longe do mangue; e
7. retirar o material depositado no Compartimento 6 (C-6).
5.1.4.5. Subsistema 5 (SS-5)
Neste subsistema o impacto principal foi a elevação do piso da estrada de acesso à
Ilha dos Ratos para possibilitar o trânsito de caminhões, com a finalidade de retirar o
“bota-fora” da dragagem, realizada a partir de novembro de 2001 (que estava sendo
disposto na borda da Ilha dos Ratos). A elevação da cota da estrada provocou o
impedimento da passagem de água das marés por cima da estrada, como era típico. O
assoreamento em conseqüência do trânsito dos caminhões, promoveu o espalhamento do
saibro recém-colocado. A precipitação e as marés mais altas, carrearam esse material,
soterrando os pneumatóforos de avicenia com uma camada de saibro, o que originou
desfolhamento e morte de parcela significativa da vegetação.
Como medida corretiva propõe-se a retirada manual do excesso de saibro por
trabalhadores de salinas, para rebaixamento do piso.
5.1.4.6. Subsistema 6 (SS-6)
Este subsistema sofre influência direta das marés. Na vazante, recebe água com
aporte de esgoto bruto, baixa salinidade e alta concentração de sólidos em suspensão; nas
42
marés enchentes, recebe água com salinidade compatível com a vegetação, não gerando
impactos.
Sofreu ainda um impacto significativo com a escolha inadequada para local de
disposição do “bota-fora” da dragagem realizada a partir de novembro de 2001, à montante
da Ilha dos Ratos. Os sedimentos, desta forma, foram carreados para dentro deste
subsistema nas marés enchentes, provocando a situação de assoreamento que hoje se
evidencia.
Como medida corretiva propõe-se:
1) a abertura de canais de passagem de água das marés na borda que dá para o
canal da Laguna de Araruama; e
2) a retirada dos restos do “bota-fora” que foram deixados no local.
5.1.5. Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 5 (C-5)
Neste compartimento (Figura 24), que apresenta uma área total de 19.550 m
2
, o
processo de degradação em curso poderia ser mitigado desde que os processos ativos
presentes como assoreamento e variação excessiva na salinidade fossem eliminados. Na sua
porção contígua a Av. Wilson Mendes o local encontra-se assoreado, compactado, com
baixa capacidade de percolação e altíssima salinidade (140 ‰). No extremo oposto desse
compartimento, na área contígua ao Canal da Laguna de Araruama, ocorre uma situação
inversa: a salinidade é compatível com o metabolismo da avicenia, o sedimento apresenta
grande capacidade de percolação e a vegetação se encontra em bom estado. A porção
interna desse compartimento apresenta gradientes de salinidade e condições estruturais da
vegetação variados em função da influência da entrada das águas da maré e do canal de
esgoto.
43
Valão de Esgoto
GALIOTTO, E., 2003
Figura 24 – Vista geral do Compartimento 5 (C-5).
5.1.6. Análise dos Impactos e Medidas Corretivas do Compartimento 6 (C-6)
Este compartimento compreende uma antiga salina que sofre impacto direto da
dragagem, uma vez que é o local de disposição dos resíduos “bota-fora” da própria
dragagem. Entretanto, a disposição dos materiais dragados não é condizente com a forma
de disposição utilizada, uma vez que este material será removido, por via terrestre, com o
auxilio de caminhões.
Verificando as medidas tomadas para a disposição dos materiais dragados os
mesmos estão sendo empilhados de maneira homogênea, não contemplando uma forma
correta de remoção mas sim de fixação destes materiais. Parte do talude do canal de esgoto
que faz limite com a área do “bota-fora” foi seccionada para escoamento da água
intersticial dos resíduos da dragagem (Figura 25). Juntamente com o escoamento dessas
águas ocorreu o carreamento de sedimentos para o interior do valão de esgoto e para a
margem oposta, já no Compartimento 5 (Figura 26 e 27).
44
MOURA
,
J. H. M.
,
2003
Figura 25– Vazadouro da água proveniente dos resíduos, no C-6.
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 26 – Área de ingresso do “bota-fora” sobre o valão do esgoto, no
Compartimento 6.
45
MOURA, J. H. M., 2003
Figura 27 – Areias originárias da dragagem na margem oposta do valão de
esgoto, no Compartimento 6.
A salina desativada era espelho de água da lagoa e, sendo assim, parte integrante da
mesma. Pela legislação vigente deveria retornar ao status de espelho d´água ou mesmo ser
aproveitada como uma área de expansão do manguezal, onde o efluente doméstico poderia
passar por um tratamento biológico alternativo, desta forma evitando a geração de mal
cheiro ou mesmo problemas graves. Anteriormente a isto, a salina funcionava como um
amortecedor dos impactos gerados sobre o mangue, fato que ocorria naturalmente e que foi
interrompido com a escolha do local como depósito de “bota-fora”.
Como medida corretiva, propõe-se, para este compartimento:
1) paralisação imediata da disposição de resíduos da dragagem no local;
2) retirada completa do material disposto no local;
3) utilização da área como zona de expansão do manguezal; e
4) plantio da área com espécies de mangue.
5.2 Análise Granulométrica do Sedimento
46
Segundo Schaeffer-Novelli & Cintrón (1986), para análise de ambientes
deposicionais costeiros, são utilizadas informações oriundas de análises texturais como o
tamanho dos grãos. Considera-se o material peneirado correspondendo aos seguintes
intervalos de classe, de acordo com o tamanho de suas partículas, ou seja, o tamanho de
seus grãos:
Areia muito grossa, aquela compreendida entre 2,0 a 1,0mm
Areia grossa...................................................... 1,0 a 1/2mm
Areia média....................................................... 1/2 a 1/4mm
Areia fina.......................................................... 1/4 a 1/8mm
Areia muito fina............................................... 1/8 a 1/16mm
Lodo e argilas.................................................. < 1/16mm
Os valores quantitativos fornecidos pelas análises granulométricas dos sedimentos
do Manguezal Dormitório das Garças (Anexo 1) demonstram que:
na estação 1 (localizada na entrada do manguezal; Figura 3), foram
encontradas quantidades expressivas de areia média (35%) e material
grosseiro (32%), indicando que 67% do material sedimentológico superficial
é formado por areia média a grossa, incluindo e conchas;
na estação 2 (localizada na ilhota do Compartimento1; Figura 3), o material
predominante é formado por areia média (47%);
na estação 3 (localizada no Compartimento 2; Figura 3), onde foi deixado o
“bota-fora” da dragagem iniciada em novembro/2001, foi encontrado
predominantemente areia média (46%);
na estação 4 (localizada no Compartimento 5; Figura 3), foram encontrados
39% de areia média.
Na estação 5, utilizada como parâmetro comparativo, foi localizada dentro
do local de armazenagem do “bota-fora” da dragagem em curso. A
composição básica do material oriundo da dragagem e depositado nesta
estação, é formada, em sua maior parte de areia média (65%) e conchas
(10%).
47
Em todas as estações analisadas o material encontrado em maior percentual foi areia
média, indicando que a composição básica do material que está sendo dragado é a mesma
daquela que está sendo depositada sobre o substrato do mangue, que naturalmente é
formado por sedimentos compostos de areia muito fina, lodo e argilas.
O Compartimento 4, compreendido entre a estrada do gasoduto e a estrada que dá
acesso à Ilha dos Ratos (C-2), que sofreu desfolhamento de 77% da vegetação, apresenta
semelhança, em termos da granulometria, com o “bota-fora” da dragagem iniciada em
2001, não retirado da Ilha dos Ratos (C-2), e com o material oriundo do “bota-fora” da
dragagem que ora se realiza no Canal da Laguna de Araruama. Através dessa constatação,
pode-se inferir que o material oriundo da dragagem de 2001, depositado no interior do
mangue, com a maré enchente, provocou uma elevação na cota do terreno, soterrando e
sufocando os pneumatóforos, e obstruindo o livre fluxo das marés a ponto de provocar a
desidratação, o desfolhamento e a morte das plantas.
A Análise de Similaridade realizada através da correlação entre os diferentes
tamanhos de grãos encontrados nas cinco estações definiu três grupos principais (Figura
28):
1. do canal de entrada no mangue (C-1);
2. do ninhal de 2003, quase totalmente desfolhado (C-4);
3. da Ilha dos Ratos, no “bota-fora” da dragagem de 2001 (C-2).
Através da análise de correlação (Pearson) a granulometria dos pontos da estação
localizada no C-4 não demonstra relação significativa com o canal de entrada (C-1).
Entretanto, apresenta uma correlação significativa com o “bota-fora” deixado na Ilha dos
Ratos (C-2), na área do gasoduto (C-5) e na área do “bota-fora” da dragagem atual,
significando que estas áreas não se diferenciam quanto à granulometria.
48
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
similaridade
03
05
11
10
13
07
08
09
04
06
12
14
15
02
01
Figura 28 – Análise de Similaridade entre os pontos de
análise granulométrica.
5.3. Características Físicas, Químicas e Biológicas da Água
Os resultados das análises das condições físicas e químicas da água, realizada em
nove pontos de amostragem (Figura 5), demonstraram existir uma diferença marcante entre
os pontos amostrados nos diferentes compartimentos (Anexo 2), em dependência do
parâmetro considerado.
O pH não é um fator interferente uma vez que pouca alteração apresentou entre os
pontos amostrados, com relação a diferentes influências tanto da maré quanto da situação
de degradação da vegetação.
49
Para melhor caracterizar a situação atual das águas, os resultados obtidos para
materiais flutuantes, coliformes fecais e totais, odor e turbidez, e depósitos objetáveis,
foram comparados com a Resolução CONAMA nº 20, de 18 de junho de 1986, publicada
no D.O.U. em 30/07/1986, que estabelece os padrões das diversas classes de água (Tabela
1). De acordo com a CONAMA 20 as águas existentes na área do mangue são classificadas
como de classe 5, ou seja, águas salinas, embora tenha sido encontrado, na área, valores que
ultrapassam 60 ‰, o que caracterizaria o manguezal como hipersalino.
Tabela 01 – Comparação das características da água do Manguezal Dormitório das Garças
e a Resolução CONAMA 20.
Conama 20 Mangue
Materiais flutuantes Virtualmente ausente Presença de espuma, lixo
e diversos materiais
Coliformes Fecais
Coliformes Totais
< 14 colif em 100 ml
<43 colif em 100 ml
Presente em todas as
amostras indo desde: 23
colif em 100 ml a 24.000
colif em 100 ml
Substâncias que produzem odor e turbidez Virtualmente ausente Presença de esgoto bruto
lançado diretamente
Substâncias que formem depósitos
objetáveis
Virtualmente ausente Erosão e assoreamento
provocado pela dragagem
Os resultados obtidos indicam a existência de uma forma crônica de degradação
originada pela atividade antrópica, onde ficam mais evidentes no Ponto 7 os efeitos dos
efluentes predominantemente domésticos que são despejados continuamente neste local. Os
efluentes associados a fatores como as variações de marés, temperatura e salinidade
provocam um estresse intenso, levando o ambiente a uma situação crítica nos períodos de
baixa-mar e atenuada nos períodos de preamar. Esta ocorrência foi detectada nos Pontos 5,
6, 7 e 8 (Figura 5).
Na maré baixa as águas se retiram do manguezal lentamente e escoam através de
pequenos canais e depressões, e, no Canal do Itajuru, de maneira mais rápida. Nesta
situação, nos quatro pontos assinalados, o nível das águas permanece um pouco mais
elevado durante um período mais longo (verificado visualmente). Com esse desnível
existente, os efluentes oriundos da vala de esgoto adentram o manguezal diretamente pelo
50
Ponto 7 e por depressões do terreno, espraiando-se até os Pontos 5 e 6 e ali se acumulam.
As profundidades nestes pontos na maré baixa variam entre 3 e 10 centímetros.
Nesta situação ocorre um ambiente extremamente agressivo, com variações na
salinidade entre 25,3 ‰ no Ponto 7, e 50 ‰ no Ponto 6 (Figura 29). Os efluentes atingem
estes pontos sem qualquer diluição ou redução de carga, e possivelmente com toda a sorte
de outros possíveis poluentes tais como: restos de óleo queimado, resíduos de oficinas
mecânicas, desinfetantes e detergentes, podendo funcionar como pequenas cargas de
choque.
salinidade (%
o
)
maré alta
maré baixa
123456789
0
10
20
30
40
50
60
70
Figura 29 – Variação da salinidade em dependência da maré,
nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle.
O parâmetro mais usualmente considerado na distribuição das espécies de
manguezal tem sido a salinidade devido à facilidade do método de sua mensuração.
Trabalhos como os de Soto & Jimenez (1982) têm demonstrado uma estreita relação da
51
distribuição das espécies de manguezal com o gradiente salino, salientando uma relação
entre as condições climáticas e edáficas. Em lugares áridos, os períodos de seca prolongada,
temperaturas altas e substrato arenoso favorecem a elevação do gradiente salino.
Todos esses fatores incidem diretamente na área compreendida entre estes quatro
pontos, onde predomina a Avicennia (uma das espécies mais resistentes e a dominante neste
manguezal) que apresenta um limite de tolerância para a salinidade entre 50‰ e 90‰; no
período de maré baixa a salinidade é reduzida nos Pontos 8, 7, 6 e 5 para 45‰, 31‰, 50‰,
45‰ respectivamente, por um período de aproximadamente 6 horas (tempo de duração da
maré baixa), ou seja, a cada período de maré baixa, as plantas são submetidas a uma
condição que fica além de seu limite de tolerância, podendo provocar danos extremos e até
a morte das mesmas.
À luz da Resolução CONAMA 20, os parâmetros de colimetria estão em desacordo
com os estabelecidos como aceitáveis, devido ao lançamento direto de esgoto “in natura”
no canal da Laguna de Araruama. Pode-se considerar que essa situação não se limita apenas
à área do mangue, mas a todo seu entorno, até mesmo no Ponto 9 – Ilha do Japonês,
utilizado como ponto-controle, dada a sua proximidade com o mar (Figura 30 e 31). Desta
maneira, dependendo do fluxo de maré, é encontrado o mesmo tipo de problema verificado
no mangue, porém atenuado pelo grande volume de água que provoca a diluição dos
efluentes. Entretanto, observam-se espumas, grande quantidade de material flutuante e
odores característicos de esgoto, fato confirmado pelas análises físicas, químicas e
biológicas, conferindo características de balneabilidade impróprias para o contato direto.
Os problemas associados à dragagem que está sendo efetuada e que não tem os
resíduos suficientemente contidos, necessitam urgentemente de correção, uma vez que as
águas residuais passaram a ser lançadas numa mesma vala de esgoto, provocando evidente
assoreamento, carreando os sedimentos finos e revolvendo o lodo depositado no fundo da
vala. Este material não filtrável (RNFT) entra no manguezal, principalmente através do
Ponto 7 (Figura 32), durante a maré baixa. A água que atravessa o manguezal e sai pelo
Ponto 7 apresenta 46 mg/l de sólidos e, na maré baixa, entra no manguezal por este mesmo
ponto de amostragem 255 mg/l. Com base nestes dados associados aos resultados de
coliformes e nutrientes podemos afirmar que a origem destes impactos é o valão de esgoto,
uma vez que na maré alta a concentração de coliformes atinge 2.400 NMP/100ml,
52
nitrogênio amoniacal 0,093 mg/l (Figura 33), nitrito 0,004 mg/l, e nitrato 0,01 mg/l (Figura
34), e na maré baixa a concentração de coliforme atinge 24.000 NMP/100ml, nitrogênio
amoniacal 1,935 mg/l, nitrito 0,004 mg/l e nitrato 0,025 mg/l, evidenciando claramente a
origem das cargas e sedimentos que estão entrando no manguezal.
coliformes totais (NMP/100ml)
maré alta
maré baixa
123456789
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
22000
24000
26000
Figura 30 – Número mais provável de coliformes totais em dependência da
maré, nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle.
53
coliformes fecais (NMP/100ml)
maré alta
maré baixa
123456789
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
22000
24000
26000
Figura 31 – Número mais provável de coliformes fecais em dependência da
maré, nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle.
Como qualquer manguezal, esta é uma área onde ocorre uma sedimentação muito
acentuada. Atualmente, materiais completamente diferentes dos que ali sedimentavam nos
últimos anos, e com volumes muito mais significativos, estão sendo depositados no local.
Com o desfolhamento da vegetação, agrava ainda mais o quadro, quando a temperatura das
águas se eleva acima de 35º C em lâminas de pouco mais de 10 centímetros, gerando uma
condição de águas como as encontradas em evaporadores de salinas. A temperatura da água
foi, na maioria dos pontos amostrados, superior à do ar (Figura 35 e 36).
54
resíduos não-filtráveis totais (mg/L)
maré alta
maré baixa
123456789
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
260
280
Figura 32 – Variação do teor de resíduos não-filtráveis totais, em dependência
da maré, nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle.
A elevação da temperatura da água afeta características físicas, químicas e
biológicas do meio aquático, como a densidade da água, a solubilidade dos gases, as taxas
de sedimentação do fitoplâncton, a tensão superficial, as reações químicas e o metabolismo
dos seres aquáticos (BRAGA, et al., 2005), podendo ainda favorecer alguns sinergismos
nocivos ao ambiente.
55
N-amoniacal (mg/L)
maré alta
maré baixa
123456789
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
2.2
Figura 33 – Variação do teor de nitrogênio amoniacal, em dependência
da maré, nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle.
Os sólidos em suspensão (Figura 37) aumentam a turbidez da água, diminuindo sua
transparência. O aumento da turbidez reduz ainda as taxas de fotossíntese e prejudica a
procura de alimento por algumas espécies, gerando desequilíbrios na cadeia trófica.
Os nutrientes que entram no manguezal passaram a provocar um crescimento
vertiginoso em termos de algas bentônicas, destacando-se Chaetomorpha sp, Cladophora
sp, Ulva sp e Enteromorpha sp. Notadamente, os microorganismos presentes estão
utilizando grande parte do nitrogênio e fósforo disponíveis (Figura 38).
56
N-nitrato (mg/L)
maré alta
maré baixa
123456789
0.000
0.005
0.010
0.015
0.020
0.025
0.030
0.035
0.040
Figura 34 – Variação do teor de nitrogênio-nitrato, em dependência
da maré, nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle.
57
temperatura (
o
C) na ma alta
ar
água
0 5 10 15 20 25 30 35 40
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Figura 35 - Variação da temperatura em dependência da maré alta,
nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle.
58
temperatura (
o
C) na maré baixa
água
ar
0 5 10 15 20 25 30 35 40
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Figura 36 - Variação da temperatura em dependência da maré baixa,
nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle
O principal problema que se verifica é que os efluentes que adentram o mangue no
período de maré baixa terminam encontrando um local propício a processos fermentativos.
Como a matéria orgânica biodegradável lançada na água será degradada pelos
decompositores presentes no meio, se houver oxigênio dissolvido na água, a decomposição
será realizada por bactérias aeróbicas, que consumirão o oxigênio dissolvido, produzindo
um ambiente anóxico. Se não houver oxigênio disponível no meio, ocorrerá a
decomposição anaeróbica, com a formação de gás sulfídrico e metano. Se o consumo de
oxigênio for mais intenso que a capacidade do meio para repô-lo, haverá seu esgotamento e
a inviabilização para a sobrevivência de outros seres aeróbicos.
59
lidos totais (mg/L)
maré alta
maré baixa
123456789
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
Figura 37 – Variação do teor de sólidos totais, em dependência da maré,
nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle.
60
fósforo total (mg/L)
maré alta
maré baixa
123456789
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Figura 38 - Variação do teor de fósforo total em dependência da maré,
nos nove pontos amostrados. Ponto 9 = controle
5.4. Diversidade da Vegetação e da Avifauna
Durante todo o período de pesquisas notou-se grande variabilidade nas formas
vegetais não-típicas de áreas de manguezal, o que estimulou a elaboração de um inventário
botânico visando cadastrar todos os tipos de plantas presentes no Parque Municipal
Ecológico Dormitório das Garças, neste período. Concomitantemente, foi realizado um
inventário da avifauna que se utiliza dos benefícios ecológicos deste sistema, seja como
área de alimentação, refúgio, nidificação ou descanso.
61
5.4.1. Inventário Botânico
A distribuição das espécies nos diferentes compartimentos do manguezal, assim
como a presença ou ausência de regeneração natural, pode fornecer dados precisos da
tolerância, comportamento e participação na estruturação do sistema.
Avicennia schaueriana (mangue negro), um dos gêneros mais resistentes à
salinidade, é a vegetação típica predominante no manguezal. Conseguindo sobreviver em
locais onde as águas intersticiais chegam a conter 65 a 90‰ de salinidade e, segundo
Schaeffer-Novelli (1995), qualquer variação abaixo de 50‰ faz com que as plantas percam
espaço na competição com plantas de crescimento mais rápido e melhor adaptadas à
presença de água doce.
Foi verificada a presença de grande quantidade de vegetação invasora, que são
oportunistas e ocupam espaços com grande rapidez. Até o presente momento identificou-se,
para a região, 18 famílias vegetais, sendo apenas três espécies características de mangue. A
Tabela 2 apresenta, em ordem alfabética, a listagem de todas as espécies identificadas no
Parque Municipal Ecológico do Dormitório das Garças.
Outro fator importante é que existem várias fisionomias e níveis de
desenvolvimento em cada área do manguezal: áreas em desenvolvimento e recuperação;
áreas em franca degradação e deterioração; áreas ameaçadas pela evolução da degradação
ambiental que está em curso; e áreas em transição sem uma definição estrutural.
Para o escopo deste trabalho, reserva-se o termo “planta invasora”, para designar o
grupo de plantas silvestres que crescem espontaneamente, em todos os solos e em outras
áreas de interesse do homem, que se comportam como indesejáveis, sendo denominadas
também popularmente, por: mato, ervas daninhas ou inço. Segundo Lorenzi (2000), a
grande habilidade das plantas invasoras em sobreviver nos mais variados hábitats, pode ser
atribuída a mecanismos de seleção natural e ao processo de mutações gênicas, gerando uma
grande capacidade de dispersão de suas sementes. Essas são muito numerosas, apresentam
um tempo de vida longo e grande agressividade e produtividade com relação ao uso dos
elementos necessários a sua sobrevivência, sendo propagadas de forma assexuada e
sexuada e disseminadas por variados mecanismos, dos quais os mais importantes são: o ser
humano, os animais, o vento e a água.
62
Tabela 02 – Descrição das espécies vegetais do Manguezal Dormitório das Garças.
ESPÉCIE FAMÍLIA NOME VULGAR HÁBITO
Acacia seyal Leguminosae Árvore-da-goma-arábica Arbusto
Acalypha communis Euphorbiaceae Algodãozinho Erva
Agave sp Agavaceae Agave Arbusto
Amaranthus viridis Amaranthaceae Caruru-de-mancha Erva
Argemone mexicana Papaveraceae Figo-do-inferno Erva
Asclepias curassavica Asclepiadaceae Mata-rato Arbusto
Avicennia schaueriana Avicenniaceae Mangue-negro Árvore
Borreria stricta Rubiaceae Vassourinha Erva
Brachiaria brizantha Gramineae Braquiarão Erva
Bumelia obtusifolia Sapotaceae Sapotiaba Árvore
Capparis flexuosa Capparaceae Feijão de porco Arbusto
Casuarina equisetifolia Casuarinaceae Casuarina Árvore
Cenchrus echinatus Gramineae Capim-carrapicho Erva
Chloris barbata Gramineae Capim-pé-de-galinha Erva
Clerodendron wallichii Verbenaceae Clerodendro-branco Arbusto
Cordia verbenacea Boraginaceae Erva-baleeira Arbusto
Commelina erecta Commelinaceae Santa-luzia Erva
Conocarpus erectus Combretaceae Conocarpus Arbusto
Coronopus didymus Cruciferae Mastruz Erva
Crotalaria incana L. Papilionoideae Guizo de cascavel Sub-arbusto
Croton compressus Euphorbiaceae Cróton Sub-arbusto
Cynodon dactylon Gramineae Capim-da-cidade Erva
Cyperus difformis Cyperaceae Tiririca Erva
Cyperus rotundus Cyperaceae Tiririca Erva
Digitaria insularis Gramineae Capim-amargoso Erva
Digitaria sanguinalis Gramineae Capim-colchão Erva
Emilia sonchifolia Compositae Bela-emília Erva
Ipomea pés-caprae Convolvulaceae Batata-da-praia Erva
Ipomea quamoclit . Convolvulaceae Flor-de-cardeal Herbácea
Kalachoe gastonis Crassulaceae Planta-da-vida Erva
Laguncularia racemosa Combretaceae Mangue-branco Arbusto
Leonotis nepetifolia Lamiaceae Cordão-de-frade Erva
L
eucaena leucocephala Leguminosae Leucena Árvore
Malvastrum coromandelianum Malvaceae Malvastro Erva
Mandevilla sp Apocynaceae - Trepadeira
Opuntia vulgaris Cactaceae Cactus Arbusto
Pilosocereus arrabidia Cactaceae Cactus Arbusto
Phyllanthus niruri Euphorbiaceae Quebra-pedra Erva
Rhynchelytrum repens Gramineae Capim-rosado Erva
Salicornia bigelovii Caryophyllaceae Salicórnia Erva
Sanservieria trifasciata Liliaceae Espada-de-São-Jorge Herbácea
Schinus terebinthifolius Anacardiaceae Aroeira Arbusto
Senna occidentalis Leguminosae Fedegoso Arbusto
Sonchus oleraceus Compositae Chicória-brava Erva
Solanum capsicoides Solanaceae Arrebenta-cavalo Erva
Sophora tomentosa Leguminosae Feijão da praia Arbusto
Stachytarpheta cayennensis Verbenaceae Gervão-azul Subarbusto
Terminalia cattapa Combretaceae Amendoeira Árvore
Thespesia populneae Malvaceae Algodão da praia Arvore
Thumbergia alata Acanthaceae Bunda-de-negro Trepadeira
Tillandsia stricta Bromeliaceae Gravatá Epífita
Tridax procumbens Compositae Erva-de-touro Erva
Vernonia scorpioides Compositae Erva-preá Erva
Wedelia paludosa Compositae Arnica-do-mato Erva
Yucca elephantipes Liliaceae Iuca-elefante Arbusto
63
A grande diversidade de plantas invasoras neste ambiente (C-2), demonstra forte
indício de área degradada e em processo de sucessão ecológica, encontrando-se
comprometida de várias formas uma vez que a estrutura vegetal de um mangue é a resposta
direta às condições ambientais reinantes no local.
As plantas invasoras interferem na eficiência dos manguezais (Lorenzi, 2000),
podendo causar maiores ou menores transtornos, dependendo das condições gerais dos
mangues em que estão inseridas, como por exemplo: sendo responsáveis por incêndios que
podem gerar sérias conseqüências; servindo de esconderijo para ratos; atuando como
competidoras de plantas jovens típicas do mangue reduzindo-lhes a produtividade; sendo
um potencial hospedeiro intermediário de pragas que habitam temporariamente, mas que
depois de um tempo podem transferir-se para as plantas do mangue.
5.4.2. Inventário da Avifauna
O inventário das aves que habitam e/ou visitam o manguezal objetivou uma
prospecção da biodiversidade, visando adquirir conhecimentos da variedade de espécies,
identificando e classificando a avifauna, levando-se em consideração a importância desses
organismos como agentes dispersores de sementes e como bioindicadores da qualidade
ambiental.
Até o presente momento identificou-se para a região 41 espécies de aves,
distribuídas em 23 (vinte e três) famílias. A listagem das espécies identificadas está
discriminada na Tabela 3.
Destaca-se a família Ardeidae (garças) com 05 (cinco) espécies identificadas,
merecendo destaque as garças brancas, Egreta thula e Casmerodius albus, por
apresentarem população com mais de 1.400 indivíduos e Florida caerulea por ser
encontrada em número muito reduzido.
As aves presentes na área apresentam uma grande diversidade e algumas são
observadas em grande quantidade. As garças, a cada ano, têm mudado o local de formação
de seus ninhos, fato preocupante para a formação do ninhal em 2005, pois as áreas de
cobertura vegetal estão restritas e extremamente próximas da Av. Wilson Mendes e,
conseqüentemente, sujeitas a novos impactos ambientais.
64
Tabela 03 – Espécies de aves avistadas na região estudada e sua variação populacional
ESPÉCIES FAMÍLIA NOME VULGAR OCORRÊNCIA
INICIAL - 2000
OCORRÊNCIA
FINAL - 2005
Accipiter striatus Accipitridae Gavião-caçador Ocasional Ocasional
Agelaius ruficapillus Icteridae Dorémi Ocasional Ocasional
Ajaia ajaja Threskiornithidae Colhereiro Migratória Ocasional
Amazilia fimbriata Trochilidae Beija-flor Freqüente Freqüente
Aramides mangle Rallidae Saracura-do-mangue Ocasional
Rara
Butorides striatus Ardeidae Socozinho Freqüente
Rara
Calidris alba Scolopacidae Batuíra-areia Freqüente Freqüente
Calidris fuscicollis Scolopacidae Batuirinha Freqüente Freqüente
Casmerodius albus Ardeidae Garça-branca Freqüente Freqüente
Ceryle torquata Alcedinidae Martim-pescador-matraca Ocasional
Rara
Charadrius collaris Charadriidae Maçarico-de-coleira Freqüente
Rara
Coereba flaveola Parulidae Sebinho Freqüente Ocasional
Columbina minuta Columbidae Rolinha Freqüente Freqüente
Colaptes campestris Picidae Pica-pau-do-campo Ocasional
Rara
Colonia colunus Tyrannidae Viuvinha Freqüente Ocasional
Coragyps atratus Cathartidae Urubu Ocasional Ocasional
Crotophaga ani Cuculidae Anu-preto Freqüente Ocasional
Egretta thula Ardeidae Garçinha- branca Freqüente Freqüente
Estrilda astrid Estrildidae Bico-de-lacre Freqüente Freqüente
Falco sparverius Falconidae Falcão-quiriquiri Ocasional Ocasional
Florida caerulea Ardeidae Garça-azul Endêmica Endêmica
Fluvicola pica Tyrannidae Lavadeira Freqüente
Rara
Furnarius rufus Furnariidae João-de-barro Freqüente Ocasional
Gallinago gallinago Scolopacidae Narceja Ocasional Rara
Guira guira Cuculidae Anu-branco Freqüente Ocasional
Himantopus himantopus Threskiornithidae Maçaricão-pernas-longas Freqüente
Rara
Larus dominicanus Laridae Gaivotão Ocasional Ocasional
Mimus gilvus Mimidae Sabiá-da-praia Ocasional
Rara
Notiochelidon cyanoleuca Hirundinidae Andorinha-azul-e-branca Freqüente Ocasional
Nyctanassa violacea Ardeidae Socó-caranguejeiro Migratória Ocasional
Passer domesticus Ploceidae Pardal Freqüente Freqüente
Phalacrocorax olivaceus Phalacrocoracidae Biguá Freqüente Freqüente
Pitangus sulphuratus Tyrannidae Bem-te-vi Freqüente Freqüente
Polyburus plancus Falconidae Caracará Ocasional
Rara
Sicalis flaveola Fringillidae Canário da terra Ocasional Ocasional
Thraupis sayaca Thaupidae Sanhaço Freqüente Ocasional
Tyrannus melancholicus Tyrannidae Siriri Ocasional Ocasional
Troglodytes aedon Troglodytidae Cambaxirra Freqüente Ocasional
Vanellus chilensis Charadriidae Quero-quero Freqüente Ocasional
Volatinia jacarina Fringillidae Tiziu Freqüente Rara
Zonotrichia capensis Fringillidae Tico-tico Ocasional Rara
Historicamente, as populações de garças têm sofrido uma grande redução em sua
abundância: no ano de 1999, uma média de 3.000 garças foi observada na área, tendo este
65
número reduzido para 2.300 garças em 2004 sendo, atualmente (2005), o número médio
diário de 1.400 indivíduos.
A maior parte das aves presentes apresenta um grande sinantropismo, aceitando
cada vez mais a presença humana e com um ponto de fuga cada vez menor. Várias espécies
antes observadas desapareceram do mangue, reduzindo a população e a diversidade.
Eventualmente é avistado um exemplar mas, em sua grande maioria, estão deixando de
visitar a área do mangue. Para melhor exemplificar, as aves classificadas como freqüentes
são aquelas que sempre são avistadas em toda e qualquer visita de campo; as espécies de
ocorrência ocasional são avistadas pelo menos uma vez no mês (ao menos um exemplar);
as migratórias são aquelas que somente em períodos pré-determinados do ano são
freqüentes.
Em um espaço de cinco anos, ou seja, um período extremamente pequeno, e
concomitante com o desfolhamento da vegetação, a partir do ano de 2001, observou-se uma
modificação da estrutura da avifauna, principalmente quando são comparadas as colunas de
ocorrência da Tabela 3, onde se compara a situação anterior (2000) com a encontrada cinco
anos após as observações iniciais.
Frente a estas constatações, verifica-se que ocorreu uma redução em termos de
diversidade e, em termos de população, muito significativa, numa comunidade que abriga
um total de quarenta e uma espécies de aves. Verificou-se que, parte das aves que eram
freqüentes passaram a ter ocorrência ocasional e as ocasionais, em sua grande maioria,
tornaram-se raras na área do manguezal.
Com o desfolhamento progressivo da vegetação, ocorreu uma diminuição das áreas
de nidificação e abrigo da avifauna. Concomitante com a redução da biomassa foliar,
houve uma redução na disponibilidade de alimento para outras espécies, não aves, que
utilizavam este mesmo nível trófico e que foram predadas facilmente, tanto pelas aves
quanto pela ação antrópica, como no caso dos guaiamuns e outras espécies de caranguejos.
Os guaiamuns estão praticamente extintos na área do mangue e as demais espécies,
como o siri-azul, apresentam populações extremamente pequenas, quando comparadas há
poucos anos atrás. Portanto, a condição alimento foi muito reduzida, forçando a
movimentação e a mudança das populações de aves para outros locais ou simplesmente
ocorrendo a dispersão das mesmas.
66
5.5. Levantamento Planialtimétrico
A paisagem dos manguezais geralmente sofre grandes alterações em resposta à
variação da topografia e, mesmo sendo estável, as perturbações em larga escala podem
resultar em alterações de toda a paisagem em curtos períodos de tempo. Nessa situação, o
manguezal pode estar em uma fase instável dependendo do regime de perturbação da
paisagem (CINTRÓN-MOLERO & SCHAEFFER-NOVELLI, 1992) induzida pela
atividade antrópica.
A distribuição das cotas nos diferentes compartimentos do manguezal, assim como
a presença ou ausência de assoreamento natural, provocado por chuvas ou ventos; ou
artificial provocado por ações antrópicas pode fornecer dados precisos da condição das
cotas de fundo e o seu comportamento na dinâmica das águas que adentram ao sistema.
O levantamento planialtimétrico, que resultou em oito toposseqüências (Anexo
10.3), foi decisivo para a confirmação das afirmações feitas no presente estudo, indicando
um forte processo de assoreamento com alterações negativas na dinâmica das águas que
circulam no interior do manguezal.
5.6. Análise de Metais no Sedimento e na Vegetação
5.6.1. Análise de Metais no Sedimento
Devido aos processos físicos e químicos, a maior parte dos metais introduzidos em
um sistema aquático é depositada nos sedimentos. Em ambientes marinhos, as
concentrações na água de metais variam em função do elemento (chumbo = 0,03 µg/L;
cobre = 3,0 µg/L; níquel = 2 µg/L; e ferro = 10 µg/L) (NEMEROW, 1991).
67
Enquanto em ambientes marinhos a salinidade (relativamente constante) não
influencia a concentração de metais pesados, em áreas de estuário esta representa um
parâmetro importante, uma vez que, a variação nas concentrações salinas altera o pH e,
conseqüentemente, a solubilidade do metal (PETERSON & GIRLING, 1981). Por outro
lado, o aumento do gradiente de salinidade induz a um incremento na precipitação de
material em suspensão na água (SALOMONS & FÖRSTNER, 1984).
Na análise dos resultados apresentados na Tabela 4, os valores de cádmio (Cd) e de
mercúrio (Hg) estão abaixo dos limites de detecção do aparelho (0,50 mg/Kg), não
implicando, todavia, que os mesmos estejam inexistentes no sedimento.
Tabela 04 – Análises de Metais no Sedimento.
PARÂMETRO Limites de Detecção
mg/kg
M-1
mg/kg
M-5
mg/kg
M-6
mg/kg
M-7
mg/kg
Alumínio 0,50 3.167 2.423 997 2.253
Cádmio 0,20 <0,20 <0,20 <0,20 <0,20
Chumbo 0,50 4,07 4,20 1,59 6,86
Cobre 0,50 20,1 17,1 18,3 36,8
Ferro 0,50 6.479,7 5.227,7 1.821,5 3.522,7
Mercúrio 0,30 <0,30 <0,30 <0,30 <0,30
Níquel 0,40 5,02 4,20 0,964 2,54
O ponto M-1, localizado na entrada do manguezal, sem vegetação de mangue, foi o
ponto de mais alta concentração de alumínio (3.167 mg/Kg), e também o mais alto teor de
ferro, com concentração de 6.479,7mg/Kg.
O ponto M-5, com teor de Al de 2.423 mg/Kg, é cerca de duas vezes e meia mais
concentrado que o ponto M-6; este local de amostragem representa a única área verde
remanescente do C-4. Apresenta também uma elevada concentração de Fe (5.227,7mg/Kg).
No ponto M-6, localizado próximo a uma saída de esgoto, apresentando vegetação
de mangue exuberante, o teor de Al encontrado no sedimento foi cerca de três vezes menor
(997 mg/Kg) que no ponto M-1. Neste ponto também foi encontrado o menor teor de
chumbo (1.59mg/Kg) e a mais baixa concentração de Fe (1.821,5mg/Kg) quando
comparada aos outros três pontos.
68
No ponto M-7, localizado na desembocadura do canal de esgoto, o teor de Al
encontrado foi de 2.253 mg/Kg. Foi obtida neste ponto a maior concentração de chumbo,
com 6,86mg/Kg e de cobre (36,8mg/Kg), cerca de duas vezes superior aos outros três
pontos.
Sendo a cidade de Cabo Frio pertencente à Unidade Geológica da Região dos
Lagos, as rochas ígneas, típicas do litoral desta cidade são ricas em Al, Fe e Mg (Schmitt,
2005, com.pes.), pode-se aventar a possibilidade de ter havido uma erosão geológica que
tenha possibilitado a fixação de metais no sedimento do mangue, nas suas porções sujeitas
a um hidrodinamismo menos acentuado.
O alumínio é o terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre, ocorrendo em
minerais, rochas e argilas. Essa ampla distribuição torna o alumínio presente em todos os
sistemas aquáticos. O alumínio exerce um efeito direto na disponibilidade de fosfato e,
aparentemente, inibe a absorção de ferro (RAVEN, 2001).
No Manguezal Dormitório das Garças, alumínio e ferro apresentaram uma
correlação altamente significativa (r = 0,952; p<0,05 e r=0,997; p<0,002, respectivamente)
com níquel presente no sedimento. Esse dado sugere que a fixação do níquel ao ferro e ao
alumínio o torna indisponível para a vegetação. O ferro constitui elemento importante no
solo para a fixação de cobre e níquel, entre outros, e metais pesados como o chumbo. A
fixação é rápida e esses elementos não podem ser assimilados pelas plantas (PETERSON &
GIRLING, 1981).
Apesar dos dados apresentados na Tabela 4 apontarem para uma relação direta entre
concentração de alumínio e ferro, e o gradiente de salinidade (vide Anexo 10.2) , a
proximidade do canal de esgoto no Ponto 7 pode interferir nestes dados.
Estudos realizados em águas de reduzida salinidade demonstram que a concentração
de chumbo decresce com o aumento do pH, fenômeno associado a efeitos combinados da
precipitação atmosférica e da lixiviação da área da bacia de drenagem e remobilização a
partir dos sedimentos (DICKSON, 1980 apud FÖRSTNER, 1986). Por outro lado, a
toxicidade de metais pesados aumenta com o incremento no valor do pH (em torno de 8,5)
(PETERSON & GIRLING, op.cit.).
Fica evidente, a partir dos dados coletados, que o teor de chumbo é elevado nas
águas que ingressam no sistema a partir do canal de esgoto que espraia no Ponto 7.
69
Entretanto, a fixação desse metal pesado pelo ferro, tornando-o indisponível para a biota,
não pôde ser constatada a partir do número de amostras efetuadas. Detalhamentos futuros
deverão ser incorporados a esses estudos visando estabelecer o grau de fixação de metais
pesados pelo sistema do manguezal que, sabe-se, constitui um filtro biológico natural.
5.6.2. Análise de Metais nas Folhas.
Traços de certos elementos, como metais, exercem influências negativas ou
positivas em plantas, animais e no ser humano. Entretanto, a importância específica desses
elementos é discutível pois baixas concentrações são comuns nos sistemas biológicos
naturais (FÖRSTNER & WITTMANN, 1981). Metais-traço podem tornar-se tóxicos
quando o suprimento nutricional se torna excessivo. O mesmo metal essencial pode tornar-
se tóxico quando as concentrações excedem em um fator variando entre 40 e 200 vezes o
requerimento médio do organismo (VENUGOPAL & LUCKEY, 1975 apud FÖRSTNER
& WITTMANN, 1981).
Entre os vários fatores influenciando a toxicidade dos metais em sistemas aquáticos,
a temperatura, o pH, o oxigênio, a luz e a salinidade são aqueles que afetam a fisiologia dos
organismos. Quanto ao grau de toxicidade e disponibilidade aos sistemas biológicos, o
ferro é classificado como metal não-crítico, enquanto chumbo, cobre e níquel são muito
tóxicos e relativamente acessíveis (VENUGOPAL & LUCKEY, op.cit.).
A análise dos metais fornece pouca indicação da toxicidade ou biodisponibilidade
desses elementos, uma vez que esses são governados principalmente por suas
características químicas, em particular a forma predominante nas condições físicas e
químicas dos sistemas estudados (VENUGOPAL & LUCKEY, op.cit.).
A avaliação das concentrações de metais em ambientes de manguezal tem
demonstrado que os tecidos das folhas das plantas de Avicennia podem concentrar esses
elementos em magnitudes acima do “background” natural do sistema (SNEDAKER, 1989).
A partir da hipótese de que as plantas poderiam estar sofrendo desfolhamento por
um processo de descarte ou exclusão do excesso de alumínio, chumbo, cobre e ferro
que
poderiam estar interferindo no seu metabolismo, foram avaliadas as concentrações desses
70
metais nas folhas de Avicennia (Tabela 5), em uma transecção no Compartimento 5 (Figura
39).
Tabela 05- Análises de Metais nas Folhas de Avicennia.
PARÂMETRO Limite de detecção
(mg/kg)
PONTO 1
(mg/kg)
PONTO 3
(mg/kg)
PONTO 4
(mg/kg)
PONTO 5
(mg/kg)
Alumínio 0,50 43,4 44,4 24,4 23,2
Chumbo 0,50 < 0,50 < 0,50 < 0,50 < 0,50
Cobre 0,50 < 0,50 < 0,50 < 0,50 < 0,50
Ferro 0,50 81,4 72,7 48,5 38,9
Salinidade --- 51‰ 54‰ 44‰ 42‰
Figura 39 - Pontos de coleta de folhas para análise dos metais
no Compartimento 5.
Os metais chumbo e cobre, ou não são assimilados pelas folhas das plantas de
mangue negro, ou o limite de detecção do aparelho (0,50 mg/Kg) está acima do nível médio
71
encontrado neste tipo particular de ambiente, uma vez que são encontrados em
concentrações altas no sedimento e não foram detectados nas folhas.
Os resultados obtidos até o momento indicam que há uma correlação direta entre o
aumento de salinidade e a maior concentração dos metais alumínio e ferro nas folhas de
Avicennia schaueriana (mangue negro). Os teores desses dois metais apresentam um
decréscimo a partir da área marginal à Av. Wilson Mendes em direção ao canal da Laguna
de Araruama, coincidentes com a redução dos valores de salinidade avaliados na mesma
transecção (P 1 = 51‰; P 3 = 54‰; P 4 = 44‰; e P 5 = 42‰).
A correlação obtida entre salinidade e os metais demonstra que o teor de alumínio (r
= 0,978; p < 0,01) relaciona-se diretamente com o gradiente de concentração salina obtida
nas folhas de Avicennia, com um coeficiente de determinação equivalente a 95%. O teor de
ferro (r = 0,921; p < 0,10), embora relacionado ao gradiente salino (85‰), demonstra
depender de outros parâmetros não analisados neste trabalho.
Aventa-se a possibilidade de que, a Avicennia schaueriana, planta dominante no
Manguezal Dormitório das Garças, possa ter desenvolvido um mecanismo de exclusão de
metais (como alumínio e ferro) associada à excreção de sal através de suas folhas,
prevenindo uma concentração danosa no interior de suas células.
5.7. Análise Fitossociológica
O estudo da estrutura da vegetação fornece uma idéia do grau de desenvolvimento
do manguezal, possibilitando realizar comparações entre áreas diferenciadas (Schaeffer-
Novelli & Cintrón, 1986). A avaliação ambiental realizada no Manguezal Dormitório das
Garças é completada com um estudo fitossociológico da vegetação de mangue (Avicennia
schaueriana e Laguncularia racemosa), a partir da comparação do estado da vegetação nas
áreas dos compartimentos 3 (área íntegra) e 4 (área degradada).
Procedendo-se à execução de dez transecções de 50 x 2m (cinqüenta metros de
comprimento, por dois metros de largura), perfazendo em cada compartimento um total de
500 m
2
, e sucedendo a aplicação dos parâmetros fitossociológicos descritos em JBRJ
(2002), foram obtidos os seguintes resultados (Tabela 6 e Tabela 7).
72
Tabela 06 - Parâmetros fitossociológicos analisados no Compartimento 3 (*)
Avicennia N DTA DA DR FA FR AB DoA
s
DoR
s
VI VC
Vivas 513 51,3 50,8 2,49 126,49 86,76 269,06
Mortas 92 9,2 9,11
99,0
100
83,3
3,99 36,35 0,71 183,01
186,4
Laguncularia
6 0,6 5,9 0,98 20 16,6 4,18 24,66 12,52 30,1 13,5
Total 611
Tabela 07 - Parâmetros fitossociológicos analisados no Compartimento 4 (*)
Avicennia N DTA DA DR FA FR AB DoA
s
DoR
s
VI VC
Vivas 58 5,8 1,3 22,5 20 16,6 8,31 10,79 77,8 116,9 100,3
Mortas 199 19,9 15,4 77,4 100 83,3 8,74 134,60 22,2 182,9 99,6
Total 257
(*) N - nº de árvores amostradas; DTA- densidade total por área (n/ha); DA- densidade
específica por área proporcional; DR - densidade específica relativa (%); FA- freqüência
absoluta (%); FR- freqüência relativa (%); AB - área basal média (cm); DoAs - dominância
por área (m); DoRs - dominância relativa por espécie (%); VI - valor de importância; VC -
valor de cobertura.
Dos 611 indivíduos analisados no Compartimento 3, cerca de 84% representam
Avicennia viva, 15% de Avicennia morta em pé e 1% de Laguncularia. Neste local a água
da maré consegue banhar as plantas com a freqüência necessária, resultando na higidez da
maioria das plantas de mangue negro. Dos 257 indivíduos analisados no Compartimento 4,
cerca de 77% representam árvores mortas em pé e 23% árvores vivas, sendo que a
localização destas (vivas) é paralela ao canal de irrigação aberto em novembro de 2002;
este canal teve como objetivo fazer a água da maré chegar até aquele local. Este dado
indica que, nos locais onde a água da maré não chegava com a freqüência necessária, as
plantas sofreram desfolhamento e morreram.
A densidade total por área (DTA), que representa o número total de indivíduos de
Avicennia schaueriana (vivas e mortas) e Laguncularia racemosa presentes no
Compartimento 3, é de 61,1 indivíduos/ha; no Compartimento 4, essa densidade é de 25,7
indivíduos/ha. A DTA é calculada a partir da seguinte fórmula: DTA = N / 1 ha, onde N =
número de indivíduos amostrados.
73
A densidade específica por área proporcional (DA) representa o número médio de
árvores vivas e mortas por unidade de área, sendo obtida a partir de: DA = (n / N) . DTA,
onde n = número de indivíduos amostrados da espécie; N = número total de indivíduos
amostrados e DTA = densidade total por área. No Compartimento 3 (65,8) é quase quatro
vezes maior que no Compartimento 4 (16,7).
A densidade específica relativa (DR) representa o percentual do número de
indivíduos de uma determinada espécie em relação ao número total de indivíduos
amostrados, de todas as espécies presentes. Esse parâmetro, calculado a partir de: DR = (n /
N) . 100, onde n = número de indivíduos amostrados da espécie; N = número total de
indivíduos amostrados, indica que o C-3 estava colonizado predominantemente por
Avicennia schaueriana viva (84%), sendo 15% árvores de Avicennia mortas e 1% de
Laguncularia racemosa, enquanto no C-4 a densidade específica relativa foi de 100% para
Avicennia schaueriana.
A freqüência absoluta (FA) representa o grau de ocorrência da espécie nas parcelas
de amostragem, sendo calculada a partir de: FA
s
= (P
s
/ P
t
) . 100, onde P
s =
número de
transects com ocorrência da espécie; P
t =
número total de transects ou pontos
.
Em todas as
transecções realizadas no C-4, registrou-se a presença de árvores mortas (100%) e, em
apenas duas transecções, registrou-se a presença de árvores vivas (40% da transecção). No
C-3 registrou-se a presença de espécies vivas de Avicennia em todos os pontos de
amostragem.
A freqüência relativa (FR) é obtida da relação entre a freqüência absoluta de cada
espécie (viva e morta) e a soma das freqüências absolutas de todas as espécies
amostradas.Utiliza-se a fórmula: FR
s
= (FA
s
/ FAT) . 100, onde FA
s =
freqüência absoluta
da espécie; FAT = freqüência total (soma das FA
s
de todas as espécies amostradas
.
No C-4,
é elevada a freqüência de árvores de Avicennia mortas (83,3%).
No C-3 as Avicennia vivas apresentaram a área basal média (AB) de 2,49cm de
diâmetro, o que corresponde a 7,8cm de circunferência. Para as Avicennia mortas, a área
basal média correspondeu a 3,99cm de diâmetro, ou 12cm de circunferência. Esse
parâmetro indica as árvores que apresentavam grau de maturidade maior foram aquelas que
sofreram desfolhamento.
74
Nota-se no Compartimento 4 uma quantidade significativa de Avicennia morta em
pé (77,4%). No C-4,
observou-se que árvores mortas e vivas têm uma área basal média
similar indicando que, neste compartimento, o impacto que provocou o desfolhamento
atingiu com igual intensidade árvores de mesma fase de desenvolvimento (adultas). A
circunferência média para estas árvores é de 26.7cm. A área basal de um bosque identifica
o seu grau de desenvolvimento, estando relacionada com o volume de madeira
(SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRON, 1986).
A dominância por área (DoAs) baseia-se no espaço ocupado pelos troncos das
árvores de cada espécie, utilizando, portanto, os valores da área basal. É calculada através
da fórmula DoA
s
= Da
s
. Ab
s
, onde: DA = densidade por área da espécie s; AB
s
= área
basal média da espécie s. O espaço ocupado pelos troncos das avicenias mortas no C-4
representa 134,6; avicenias vivas têm uma dominância por área de 10,7. Avicennia morta
em pé cobre uma área de 134,6 metros quadrados, o que indica o estado de degradação do
C-4. No C-3 foi obtida uma dominância correspondente a 126,4 de avicenias vivas, a 36,3
de avicenias mortas, e 24,6 de laguncularias vivas. O total de 126,4 metros quadrados,
ocupados por Avicennia viva, demonstra uma relativa estabilidade do C-3.
A dominância relativa por espécie (DoRs) indica a relação percentual entre a área
basal total de uma espécie e a área basal total de todas as espécies amostradas.É obtida a
partir da fórmula DoRs = (somatório da área basal individual da espécie dividido pela área
basal total, multiplicado por 100). Os resultados indicam no Compartimento 3 (87,4%) para
Avicennia, enquanto no Compartimento 4 , Avicennia representa 100%.
O valor de importância (VI) representa em que grau a espécie se encontra bem
estabelecida na comunidade e resulta de valores relativos já calculados para densidade,
freqüência e dominância, com um valor máximo de 300. Obtido a partir da fórmula: (VI =
DR
s
+ FR
s
+ DoR
s
) Esse parâmetro apontou Avicennia schaueriana, como a espécie que
melhor se adaptou ao ambiente anterior aos impactos.
O valor de cobertura (VC) também representa o grau em que a espécie se encontra
bem estabelecida na comunidade, porém, é calculado sem a freqüência, atingindo grau
máximo de 200. Este valor é obtido a partir da fórmula: (VC = DR
s
+ Do
s
). No C-3,
75
Avicennia schaueriana atinge valor de 186,4 e no C-4, 199,9 corroborando a adaptabilidade
desta espécie ao sistema do manguezal.
No C-3, a altura média das árvores foi de 2,98 metros, com variância de 1,69 e
desvio-padrão de 1,30 metros; no C-4, a altura média dos indivíduos foi de 3,56 metros,
variância de 1,95 e desvio padrão de 1,39 metros. Estas medidas indicam que o
Compartimento 3 apresenta um grau de maturidade menor que o Compartimento 4.
No Compartimento 3, onde as águas das marés não foram impedidas de circular,
86,7% das plantas de Avicennia apresentavam-se em bom estado fitossanitário e 0,71% de
árvores mortas em pé; no Compartimento 4, onde houve processo de estagnação da água,
77,8% das plantas de Avicennia estavam mortas e as restantes 22,2% vivas estavam em
uma posição tal que recebiam água das marés, o que as mantiveram sadias. Onde a água das
marés não conseguiu alcançar com a freqüência necessária, as plantas sofreram
desfolhamento e morreram. Tais observações resultam de três anos de medições próprias a
respeito dos níveis de marés nestes compartimentos.
Na análise fitossociológica efetuada foi observada, no Compartimento 4, área com
vegetação predominantemente morta, DAP médio de 3,92cm, variância de 6,66 e desvio
padrão de 2,58cm. No Compartimento 3, área com vegetação predominantemente viva, o
DAP foi de 3,52cm, a variância de 5,71 e o desvio padrão de 2,39cm.
Essas constatações indicam que as formas vegetais mais antigas e de maior porte
foram as primeiras a sucumbir aos efeitos dos impactos gerados nesses compartimentos; as
de menor porte, com biomassa foliar menor, foram capazes de resistir por um período
maior. Essas limitaram seu crescimento ao mínimo, sem, no entanto, conseguir resistir face
às condições ambientais adversas ocasionadas pelo desfolhamento das árvores de maior
porte, tais como aumento da incidência solar, aumento da temperatura da água e substrato,
maior exposição aos ventos, aumento da salinidade e redução da taxa de oxigênio.
76
6. CONCLUSÕES
Muitos erros ambientais ocorreram no passado, alguns ainda são cometidos. Devido
ao alto grau de degradação do Manguezal Dormitório das Garças, no transcorrer dos
últimos 4 anos, o autor deste trabalho, propôs a compartimentação do sistema em seis áreas
(compartimentos) distintas, com o objetivo de melhor avaliar os processos inerentes a cada
uma delas. Esses compartimentos apresentavam impactos diferenciados que refletiam na
estrutura da vegetação, requerendo um conjunto de ações diferenciadas. A partir dessa
constatação, foram propostas medidas corretivas inerentes a cada compartimento.
Os fatores normalmente limitantes ao desenvolvimento dos bosques de mangue
como, pequena amplitude de marés, baixas temperaturas, hipersalinidade, topografia, tipo
de sedimento, pluviosidade, ventos, dentre outros, contribuem para a redução na estrutura e
fisiologia dos mesmos. Neste manguezal, a hipersalinidade, a má circulação de água e a
baixa pluviosidade, são identificados como os principais agentes estressores.
Os impactos ambientais sobre o Manguezal do Dormitório das Garças foram:
impedimento da circulação de água no interior do Compartimento 4 (C-4), aterros,
desmatamento para trânsito de veículos, disposição inadequada do “bota-fora” da dragagem
iniciada no final do ano de 2001, elevação do piso da estrada de acesso à Ilha dos Ratos
(em 2002), disposição inadequada de lixo, aporte de efluentes domésticos não-tratados,
assoreamento provocado pela dragagem do leito do Canal do Itajuru e assoreamento
provocado por erosão das margens.
Um dos maiores contribuintes para a degradação do manguezal é o canal de esgoto
localizado na sua porção norte que, além dos resíduos contendo metais pesados como
chumbo, carrea grande parte do material em suspensão para dentro do Compartimento 4. A
influência desse canal, reduzindo a salinidade no local a níveis inferiores ao tolerado pela
Avicennia, ocasiona uma desidratação seguida de desfolhamento dessas plantas. Da mesma
forma, as análises físicas, químicas e microbiológicas da água apontam esse canal como um
estressor sobre o sistema. Esta situação é intensificada com os efluentes líquidos da
dragagem em curso, que são lançados no canal de esgoto e não em direção à laguna.
A análise granulométrica dos sedimentos acumulados sobre a superfície do
substrato do mangue revelou a predominância de areias médias, coincidente com a estrutura
77
granulométrica das areias do “bota-fora” atual. Isso implica em uma elevação das cotas de
piso, interferindo na dinâmica das águas no interior do manguezal.
Durante todo o processo de avaliação notou-se uma estreita relação entre as áreas de
mangue com arvoredo ainda em bom estado e um sedimento areno-lodoso, macio, de
coloração marrom, com grande capacidade de percolação; nas áreas de mangue degradado,
observou-se sedimento compactado, ou extremamente lamoso, com baixa capacidade de
percolação e coloração acinzentada. A dificuldade ou impossibilidade da percolação da
água intersticial eleva a salinidade na região das raízes a uma concentração incompatível
com sua sobrevivência.
Fica evidenciada através das análises e das correlações entre metais nas folhas de
Avicennia e parâmetros físicos e químicos do sedimento, que o desfolhamento não é
conseqüência da presença de metais, estando relacionado ao soterramento dos
pneumatóforos e à elevação das cotas do piso, produzindo áreas onde a água permanece
estagnada.
O critério de aceitação do EIA/RIMA da dragagem do Canal do Itajuru, realizada a
partir de novembro de 2001, olha unicamente para a execução do empreendimento; não
analisa o ambiente como um todo. Tampouco gerou base de dados para a evolução da
análise ambiental e a conseqüente previsão de impactos futuros.
O total descumprimento das condições específicas da licença de operação de n
o
198/2002, expedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, que autorizava a dragagem, iniciada nove meses antes da expedição
da referida licença, gerou um impacto fortemente negativo sobre a dinâmica do manguezal.
Este conflito ambiental representa a expressão de um conflito social e político que
tem a natureza como base; revelando o confronto entre o interesse privado e o coletivo.
Certos recursos naturais, podem estar sujeitos a um uso que favorece interesses de uns
poucos em detrimento de toda uma coletividade.
O processo de desfolhamento da vegetação vem ocorrendo a partir do ano de 2002,
concomitantemente ao processo de dragagem do Canal da Laguna de Araruama. Os efeitos
dessa dragagem foram mais agudos no Compartimento 4, por ser delimitado por aterros e
apresentar estagnação da água. Por este motivo, foi o mais atingido pelo processo de
desfolhamento.
78
A escolha do local para a disposição do “bota-fora” em uma área à frente do
manguezal (Ilha dos Ratos), em 2002, representou um grave erro logístico, deixando as
marés dispersarem areia para dentro do mangue, tanto na maré enchente, quanto na maré
vazante, tendo um efeito bastante negativo sobre a circulação de água.
Este fato foi agravado pelo aterramento, no início de 2002, da estrada que dá acesso
à Ilha dos Ratos, uma vez que os caminhões que estavam retirando o material dragado
atolavam no período das marés altas. Com isto, o piso da estrada foi elevado em 30 cm,
permitindo livre trânsito dos caminhões, mas alterando toda dinâmica das águas que
circulavam no Compartimento 4, provocando o desfolhamento e morte das árvores.
A realização de obras viárias e de dragagem do Canal da Laguna de Araruama
acarretou uma série de externalidades não consideradas quando do planejamento desses
projetos. A toposseqüência evidenciou o grau de assoreamento dos canais de circulação de
água no sistema.
As obras para a duplicação da Estrada dos Passageiros (atual Av. Wilson Mendes),
sem o devido cuidado com a vegetação de mangue que margeia a mesma, perpetraram um
verdadeiro crime ambiental aterrando e suprimindo vegetação de mangue, sem licença do
órgão ambiental. Não foram calculadas as externalidades, como: redução do número de
aves, aumento da poluição sonora e vibrações em virtude da maior circulação de veículos,
eliminação de vegetação nativa com conseqüente interferência na fauna associada,
levantamento de poeira, com aumento da poluição atmosférica, degradação da paisagem
durante a obra, aumento do efeito de borda e problemas gerados pelo direcionamento do
sistema de coleta de águas pluviais para dentro do manguezal.
O Manguezal do Dormitório das Garças abriga uma avifauna composta por 41
espécies diferentes de aves, que foi diretamente impactada pelo desfolhamento de suas
áreas de nidificação, acarretando redução em sua densidade. Espécies exóticas à flora de
mangue foram se instalando a partir do processo de degradação antrópica efetuada
principalmente na Ilha dos Ratos, podendo acarretar incêndios e viabilizar a propagação de
pragas na vegetação natural.
A alta taxa de mortalidade das plantas de Avicennia da borda continental pode ser
atribuída ao aterramento dos pneumatóforos (raízes respiratórias), provocado pela erosão
do talude, composto por saibro, que apresenta uma estrutura com grande suscetibilidade à
79
erosão e alta transportabilidade das suas partículas, favorecendo a formação de voçorocas e
alterando as características físicas, químicas e biológicas do manguezal.
Através da análise estrutural da vegetação constatou-se que o desfolhamento atingiu
principalmente indivíduos maduros, com DAP médio entre 3,52cm e 3,92cm, e indivíduos
de maior porte (altura entre 2,98m e 3,56m).
Os riscos ambientais assumidos com as ações antrópicas sobre o manguezal estão
acima da média de aceitabilidade, de sustentabilidade e de equilíbrio natural do ambiente,
necessitando intervenção imediata, pois nada garante que ao término destes impactos
ambientais, o ambiente consiga restabelecer seus padrões normais de funcionamento.
Estas interpretações baseiam-se na premissa de que a biota responde as
externalidades através de variações das suas características gerais. Nesse sentido, o
desfolhamento e a morte subseqüente das plantas de mangue negro são resultantes da busca
de um novo estado de equilíbrio dinâmico, baseado principalmente nas alterações das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, na entrada de água das marés
e adaptação à nova cota do terreno, em virtude dos processos ativos no ambiente.
O processo de reabilitação ambiental iniciou-se a partir do momento em que a
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Pesca, fazendo valer a legislação vigente para o
parque, seguiu as orientações para a abertura dos canais, restabelecendo parte da circulação
de água no interior do manguezal. A abertura dos canais de circulação de água das marés,
em março de 2003, possibilitou um processo de regeneração natural do Compartimento 4 e
um desenvolvimento do maciço vegetal da Ilha dos Ratos, dezoito meses após sua
implantação, sem que nenhum tipo de plantio tivesse sido efetuado na área.
Este trabalho exibe um mosaico de impactos. Embora algumas áreas se encontrem
comprometidas pela atividade antrópica, como um sistema ecológico, a área apresenta, de
uma forma geral, atributos biológicos importantes, com extensas porções em que seu papel
ecológico está ocorrendo naturalmente, compondo um patrimônio natural magnífico para a
cidade de Cabo Frio.
O Parque Municipal Ecológico Dormitório das Garças abriga o mais expressivo
manguezal da Laguna de Araruama e a última porção de manguezal hipersalino da cidade
de Cabo Frio. Os esforços de recuperação de suas áreas degradadas e de preservação do
sistema, para ser viabilizado, requerem vontade política, aplicação severa da legislação
80
vigente, e elaboração de um Plano de Manejo que contemple uma forma de subsidiar uma
administração sustentável do parque.
Aponta-se que certos dados merecem ser complementados por pesquisas futuras,
que deverão ampliar os pontos amostrados, estendendo o esforço de pesquisa a outras áreas
de conhecimento não contempladas neste trabalho.
81
7. CENÁRIOS FUTUROS
Para melhor elucidar a evolução de causas e efeitos, condicionados pelas ações que
são propostas nas medidas corretivas, são apresentados três cenários futuros.
HIPÓTESE 1
Pressuposto - Nada se faz em relação às medidas corretivas indicadas no presente
trabalho; duplica-se a Estrada dos Passageiros; constrói-se a mureta de proteção
demarcando o limite mangue-estrada; prossegue a dragagem do Canal do Itajuru; o
“bota-fora” da dragagem continua avançando sobre o leito do canal de esgoto; o
gasoduto continua interrompendo parte da circulação de água.
Efeito esperado: Secamento da parte do mangue que atualmente dá suporte ao
ninhal de garças brancas (C-5); desfolhamento e morte subseqüente desta área, com
morte posterior das árvores provocando fuga das garças (fim do “Dormitório das
Garças”); formação de uma reação em cadeia alterando as reações químicas que
ocorrem no sedimento do mangue; secamento de toda vegetação de mangue;
formação de um apicum.
HIPÓTESE 2
Pressuposto - Implanta-se um monitoramento sistemático do manguezal; efetiva-se
o manejo com a colocação em prática de medidas corretivas de recirculação de
água, replantio, cercamento, vigilância e educação ambiental; duplica-se a Estrada
dos Passageiros; constrói-se a mureta de proteção demarcando o limite estrada-
mangue; prossegue a dragagem do Canal do Itajuru, com controle específico sobre a
contenção do “bota-fora”; implantação da proposta de abertura de canais de
circulação sob a estrada do gasoduto; aproveitamento da salina desativada para
ampliar a área de mangue.
82
Efeito esperado: Conscientização de que o Parque como um todo está sob os
cuidados do poder público; diminuição da predação; aumento da auto-estima dos
moradores do entorno; redução do “secamento” da vegetação; início do processo de
recuperação da biota, dos sedimentos e da própria estrutura física destes; circulação
dos propágulos e fixação em locais diferentes de onde caíram, dando início a um
processo de regeneração natural.
HIPÓTESE 3
Pressuposto - Duplica-se a Estrada dos Passageiros; constrói-se a mureta de
proteção com 50 cm, demarcando o limite estrada-mangue; prossegue a dragagem,
do Canal do Itajuru, sem controle específico da contenção do “bota-fora”; apenas
algumas medidas mitigadoras são colocadas em prática, como, cercamento da parte
externa, limpeza, reforma da ponte quebrada, guardas ambientais circulando durante
o dia, mas sem o devido treinamento para atuar dentro de um ambiente de
manguezal; não são abertos os canais de circulação de água sob o gasoduto.
Efeito esperado - Melhora do aspecto visual num primeiro momento; esquecimento
do problema; prossegue o processo de desfolhamento, com morte posterior das
árvores provocando fuga das garças (fim do “Dormitório das Garças”); formação de
uma reação em cadeia alterando as reações químicas que ocorrem no sedimento do
mangue; secamento de toda vegetação de mangue; formação de um apicum.
83
8. PROPOSTAS E MEDIDAS CORRETIVAS
A área de salina desativada, ao lado do manguezal, é a última área e a última
possibilidade de ampliação do Manguezal do Dormitório das Garças. Como
anteriormente esta área era espelho de água, a legislação federal reza que, depois de
desativada como salina, deva retornar à situação anterior, como espelho de água.
Com isto o manguezal poderia ter, nesta ampliação, a compensação pela construção
da nova estrada e pelas áreas suprimidas do mangue no passado; a somatória das
atividades passadas, presentes e projetadas para o futuro imediato estão
ultrapassando a capacidade de suporte do ambiente, que é o limite máximo de
perturbação que ele pode sofrer sem perder atributos estruturais e suas próprias
capacidades funcionais.
Indica-se a necessidade de um estudo dos processos de bioacumulação, com ênfase
nos últimos níveis da cadeia trófica, especificamente, garças, caranguejos peixes. É
necessário ter uma dimensão real do problema, principalmente quando eventos
dessa natureza, além de ter a capacidade de contaminar o ambiente, podem entrar na
cadeia trófica, com possibilidade de chegar até o homem, através da ingestão de
organismos contaminados por metais.
Cabe à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Pesca de Cabo Frio, através de
seu Departamento de Gestão das Unidades de Conservação, elaborar um Plano de
Manejo para o referido ambiente, colocando em prática normas e padrões de
ordenamento, baseados nos resultados do diagnóstico ambiental.
Os vários órgãos de competência para implementação das ações ambientais,
SECMAP –FEEMA, SERLA e IBAMA, necessitam envidar esforços para maior
engajamento na luta pela defesa deste fragmento de manguezal, incorporando-o nas
suas metas e prioridades, proibindo terminantemente qualquer tipo de construção
contígua à área do parque. Essa atitude evitará a implantação de projetos que
movimentem substâncias potencialmente perigosas para a biota, ou que provoquem
84
deterioração do ambiente, não permitindo que esta pequena área de mangue seja
reduzida ainda mais.
No que tange à Av. Wilson Mendes, vários aspectos são pertinentes e impactantes,
devendo ser urgentemente verificados: 1) a iluminação noturna – 200 metros antes
e 200 metros após o manguezal, deve ser indireta, de baixa intensidade ou mínima;
no perímetro do mangue, inexistente ou mínima; 2) o sistema de drenagem de águas
superficiais no perímetro do mangue, deve ser modificado com a construção de
gabiões e desvio para caixas de retenção de sedimento.
(URGENTE) – Deve ser implantado um plano de Monitoramento Ambiental,
(mínimo e objetivo), capaz de aprimorar e ampliar a capacidade de identificar,
avaliar e agir de forma rápida, com relação às ameaças que podem comprometer a
sobrevivência do sistema do Manguezal do Dormitório das Garças. Este
monitoramento deverá ter a duração mínima equivalente ao período dos trabalhos
de recuperação.
(URGENTE) - Montagem de pequenos viveiros distribuídos em áreas já
degradadas, com a finalidade de revegetar parte da área aterrada e degradada, com
plantas nativas do mangue.
Implantar um projeto de proteção ao Guaiamum (Cardissoma guanhumi), uma vez
que se trata de uma espécie-chave, neste ecossistema. Esta experiência poderá ser
reproduzida em todo o litoral brasileiro e é uma iniciativa única, uma vez que esta
espécie encontra-se com uma população muito pequena, devido à captura
predatória.
Inventariar a população atual de garças dos gêneros Casmerodius e Egretta,
incluindo uma proposta de estudo detalhado destas populações.
85
Retirada dos aterros e reflorestamento com vegetação de mangue, da área suprimida
do manguezal, pelo Camping Clube do Brasil, do Porto do Carro.
Implementar a recuperação dos hábitats da fauna local.
(URGENTE) – Ordenar o uso público da área, com cercamento do manguezal,
construção de uma área para estacionamento e construção de um Pórtico de entrada
no manguezal; organização e controle da ocupação das áreas livres do mangue,
através de um Plano de Manejo.
(URGENTE) - Abertura de 3 pontos sob a estrada do gasoduto para alimentação de
água no compartimento 5, uma vez que esta área encontra-se com níveis de
salinidade cada vez mais altos, funcionando como via de passagem de propágulos e
como corredores ecológicos, interligando a área isolada do compartimento 5 ao
restante do mangue.
Construção de uma torre de observação na entrada do manguezal, que servirá como
ponto turístico e observatório da vida silvestre, podendo ainda abrigar, na sua parte
térrea, o posto de vigilância permanente.
(URGENTE) - Raspagem do material depositado nas bordas assoreadas do
manguezal, utilizando-se as técnicas usuais de raspagem e manutenção do fundo de
salinas.
Anualmente efetuar o levantamento batimétrico e planialtimétrico, com a finalidade
de checar a eficiência das ações adotadas para a correção dos efeitos da erosão e
assoreamento.
Implementar as medidas propostas para cada compartimento, descritas ao longo do
presente trabalho.
86
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92
ANEXOS
93
ANEXO 10.1 – Resultados da granulometria dos sedimentos nas estações apresentadas na
Figura 3. A Estação 5 representa o ponto-controle localizado na Ilha do
Japonês.
ESTAÇÃO 1
Peneira Abertura
(ABNT) (mm) G1 G2 G3 Média Desvio Padrão
7 2,83 37,47 35,15 22,71
31,78
7,937
10 2 0,25 0,21 0,45
0,30
0,129
14 1,41 0,14 0,12 0,21
0,16
0,047
18 1 0,34 0,27 0,35
0,32
0,044
25 0,71 2,39 2,51 3,16
2,69
0,414
35 0,5 7,82 7,76 11,63
9,07
2,217
45 0,35 27,59 37,23 40,78
35,20
6,825
60 0,25 15,6 10,08 9,85
11,84
3,255
80 0,177 4,26 3,88 4,04
4,06
0,191
120 0,125 1,4 1,45 1,54
1,46
0,071
170 0,088 0,3 0,29 0,37
0,32
0,044
230 0,062 0,11 0,12 0,17
0,13
0,032
Passante >0,062 2,32 0,93 4,47
2,57
1,784
ESTAÇÃO 2
Peneira Abertura
(ABNT) (mm) G4 G5 G6 Média Desvio Padrão
7 2,83 4,11 15,7 4,93
8,25
6,468
10 2 0,42 1,18 0,46
0,69
0,428
14 1,41 0,52 0,98 0,5
0,67
0,272
18 1 1,1 1,85 1,5
1,48
0,375
25 0,71 5,08 4,61 4,24
4,64
0,421
35 0,5 14,46 9,76 11
11,74
2,436
45 0,35 50,97 40,03 50,82
47,27
6,273
60 0,25 13,52 10,15 16,71
13,46
3,280
80 0,177 4,17 5,05 5,16
4,79
0,543
120 0,125 1,85 2,75 2,17
2,26
0,456
170 0,088 0,45 0,85 0,48
0,59
0,223
230 0,062 0,23 0,39 0,19
0,27
0,106
Passante >0,062 3,12 6,7 1,84
3,89
2,519
94
ESTAÇÃO 3
Peneira Abertura
(ABNT) (mm) G7 G8 G9 Média Desvio Padrão
7 2,83 15,85 19,07 11,78
15,57
3,653
10 2 1,3 1,64 1,36
1,43
0,181
14 1,41 0,82 0,91 0,45
0,73
0,244
18 1 0,84 0,93 0,4
0,72
0,284
25 0,71 1,39 1,44 1,06
1,30
0,206
35 0,5 5,33 5,01 4,61
4,98
0,361
45 0,35 46,55 45,59 45,11
45,75
0,733
60 0,25 16,22 14,61 20,6
17,14
3,100
80 0,177 8,58 7,3 10,67
8,85
1,701
120 0,125 1,82 1,42 2,59
1,94
0,595
170 0,088 0,21 0,16 0,33
0,23
0,087
230 0,062 0,09 0,05 0,08
0,07
0,021
Passante >0,062 1 1,87 0,96
1,28
0,514
ESTAÇÃO 4
Peneira Abertura
(ABNT) (mm) G10 G11 G12 Média Desvio Padrão
7 2,83 19,67 9,94 5,42
11,68
7,282
10 2 1,65 1,29 0,83
1,26
0,411
14 1,41 1,2 1,26 0,47
0,98
0,440
18 1 2,42 2,43 0,89
1,91
0,886
25 0,71 5,73 6,32 2,74
4,93
1,919
35 0,5 9,3 11,72 8,7
9,91
1,599
45 0,35 32,43 42,97 42,61
39,34
5,984
60 0,25 14,75 9,78 18,99
14,51
4,610
80 0,177 4,59 5,2 6,72
5,50
1,097
120 0,125 2,24 2,36 3,44
2,68
0,661
170 0,088 0,77 0,77 0,99
0,84
0,127
230 0,062 0,34 0,24 0,35
0,31
0,061
Passante >0,062 4,91 5,75 7,86
6,17
1,520
95
ESTAÇÃO 5
Peneira Abertura
(ABNT) (mm) G13 G14 G15 Média Desvio Padrão
7 2,83 22,39 6,69 2,22
10,43
10,593
10 2 1,02 0,57 0,39
0,66
0,324
14 1,41 0,39 0,35 0,42
0,39
0,035
18 1 0,56 0,58 0,55
0,56
0,015
25 0,71 1,96 2,29 2,23
2,16
0,176
35 0,5 6,13 6,35 6,1
6,19
0,137
45 0,35 34,72 40,55 50,33
41,87
7,888
60 0,25 19,66 28 22,25
23,30
4,269
80 0,177 8,58 11,15 12,66
10,80
2,063
120 0,125 1,51 1,71 2,45
1,89
0,495
170 0,088 0,17 0,1 0,17
0,15
0,040
230 0,062 0,03 0,03 0,02
0,03
0,006
Passante >0,062 2,88 1,63 0,21
1,57
1,336
96
ANEXO 10.2 – Resultados das Análises de Água realizadas nos pontos de amostragem
apresentados na Figura 4. Salinidade em ‰; RNFT – Resíduos não-Filtráveis Totais, em
mg/l; ST – Sólidos Totais, em mg/l; N-Amoniacal em mg/l; N-Nitrito em mg/l; N-Nitrato
em mg/l; P-Total em mg/l; P-Ortofosfato em mg/l; Temperatura em ºC.
Obs.: valores de Oxigênio Dissolvido em mg/l e DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio,
em mg/l comprometidos.
Ponto 1 Ponto 2
Data 21/10/2003 11/11/2003 11/12/2003 Data 21/10/2003 11/11/2003 11/12/2003
pH 8,33 8,34 pH 8,3 8,83
Salinidade 50 43 Salinidade 64 46
RNFT 30 32 RNFT 34 34
ST 39.418 59.936 ST 69.000 76.289
Coli-Total 1600 240 Coli-Total 5000 500
Coli-Fecal 1600 240 Coli-Fecal 2400 0
OD 7 8 8 OD 7 19 18
DBO 2 4 - DBO 6 14 -
Nitrito 0,003 0,003 Nitrito 0,005 0,003
Nitrato 0,012 0,016 Nitrato 0,006 0,023
N-Amoniacal 0,12 0,11 N-Amoniacal 0,103 0,029
P-Total 0,31 0,235 P-Total 0,054 0,291
Ortofosfato 0,007 0,19
Ortofosfato 0,007 2,186
Temp. Água 24 26 Temp. Água 27 34
Temp. Ar 26 24 Temp. Ar 26 24
Maré Alta Baixa
Maré Alta Baixa
Ponto 3 Ponto 4
Data 21/10/2003 11/11/2003 11/12/2003 Data 21/10/2003 11/11/2003 11/12/2003
pH 8,39 8,47 pH 8,37 8,43
Salinidade 64 44 Salinidade 55 42
RNFT 38 54 RNFT 22 133
ST 68.330 61.970 ST 58.689 54.694
Coli-Total 240 500 Coli-Total 240 240
Coli-Fecal 240 0 Coli-Fecal 240 23
OD 9 13 12 OD 8 11 15
DBO 6 22 DBO 4 7
Nitrito 0,002 0,004 Nitrito 0,003 0,002
Nitrato 0,003 0,02 Nitrato 0,017 0,024
N-Amoniacal 0,365 0,052 N-Amoniacal 0,076 0,031
P-Total 0,058 0,289 P-Total 0,05 0,242
Ortofosfato 0,017 0,192 Ortofosfato 0,007 0,176
Temp. Água 29 28 Temp. Água 26 29
Temp. Ar 26 24 Temp. Ar 26 24
Maré Alta Baixa
Maré Alta Baixa
97
Ponto 5 Ponto 6
21/10/2003 11/11/2003 11/12/2003 21/10/2003 11/11/2003 11/12/2003
pH 8,47 8,47 pH 8,35 7,87
Salinidade 61 45 Salinidade 67 50
RNFT 218 101 RNFT 92 43
ST 64.366 65.982 ST 77.187 57.819
Coli-Total 500 34 Coli-Total 240 900
Coli-Fecal 23 0 Coli-Fecal 0 0
OD 11 14 19 OD 8 16 22
DBO 8 20 DBO 7 4
Nitrito 0,01 0,005 Nitrito 0,011 0,015
Nitrato 0,023 0,034 Nitrato 0,02 0,007
N-Amoniacal 0,186 0,031 N-Amoniacal 0,078 0,178
P-Total 0,051 0,2 P-Total 0,103 0,679
Ortofosfato 0,033 0,189 Ortofosfato 0,014 0,234
Temp. Água 33 32 Temp. Água 38 34
Temp. Ar 26 24 Temp. Ar 26 24
Maré Alta Baixa Baixa
Maré Alta Baixa Baixa
Ponto 7 Ponto 8
21/10/2003 11/11/2003 11/12/2003 21/10/2003 11/11/2003 11/12/2003
pH 8,43 7,9 pH 8,39 8,05
Salinidade 62 31 Salinidade 64 45
RNFT 46 255 RNFT 126 59
ST 65.743 42.036 ST 51.571 81.477
Coli-Total 2400 24000 Coli-Total 2400 400
Coli-Fecal 500 24000 Coli-Fecal 2400 240
OD 9 8 14 OD 7 11 23
DBO 6 19 DBO 7 27
Nitrito 0,004 0,004 Nitrito 0,009 0,007
Nitrato 0,01 0,025 Nitrato 0,021 0,024
N-Amoniacal 0,093 1,935 N-Amoniacal 0,711 0,536
P-Total 0,055 1,049 P-Total 0,167 1,114
Ortofosfato 0,008 1,068 Ortofosfato 0,1 0,674
Temp. Água 28 36 Temp. Água 36 31
Temp. Ar 26 24 Temp. Ar 26 24
Maré Alta Baixa Baixa
Maré Alta Baixa Baixa
98
Ponto 9
Data 21/10/2003 11/11/2003 11/12/2003
pH 8,49 8,66
Salinidade 50 40
RNFT 55 9
ST 67.715 57.400
Coli-Total 500 130
Coli-Fecal 240 130
OD 8 14 13
DBO 1 2
Nitrito 0,003 0,002
Nitrato 0,024 0,015
N-Amoniacal 0,052 0,068
P-Total 0,043 0,201
Ortofosfato 0,01 0,178
Temp. Água 24 26
Temp. Ar 26 24
Maré Alta Baixa Baixa
99
ANEXO 10.3 – Planta baixa do Parque Municipal Ecológico Dormitório das Garças –
Escala 1:2.000. Mostrando as seis visadas transversais à Av. Wilson Mendes
(01,02,03,04,05 e 06) e as duas paralelas (07 e 08) utilizadas para a realização do estudo
planialtimétrico.
MV = Mangue Verde. MS= Mangue Seco.
100
ANEXO 10.3.1- Seção 01 – Visada da Av. Wilson Mendes em direção a Laguna da
Araruama, atravessando todo Compartimento 05.
101
ANEXO 10.3.2- Seção 02 –Visada da Av. Wilson Mendes em direção a Laguna de
Araruama, atravessando a estrada do gasoduto.
102
ANEXO 10.3.3- Seção 03 – Visada da Av. Wilson Mendes em direção a Laguna de
Araruama, atravessando o Compartimento 4.
103
ANEXO 10.3.4- Seção 04 – Visada da Av. Wilson Mendes em direção a Laguna de
Araruama, passando pela estrada de acesso a Ilha dos Ratos.
104
ANEXO 10.3.5- Seção 05 – Visada da Av. Wilson Mendes em direção a Laguna de
Araruama, atravessando o Compartimento 3 e o Compartimento 2 (Ilha dos Ratos).
105
ANEXO 10.3.6- Seção 06 – Visada da Av. Wilson Mendes em direção a Laguna de
Araruama, passando pelo centro da ilhota do Compartimento 1 e pela extremidade sul do
Compartimento 2 (Ilha dos Ratos).
106
ANEXO 10.3.7- Seção 07 – Visada atravessando todo Parque no sentido paralelo a Av.
Wilson Mendes.
107
ANEXO 10.3.8- Seção 08 – Visada atravessando todo Parque no sentido paralelo a Av.
Wilson Mendes.
108
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