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planejamento físico das cidades, enquanto aqueles tem como objetivo ordenar o
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana. Além de tudo isso,
não se deve considerar que este histórico político de Curitiba tenha o mesmo peso que a
política de internacionalização em prática em Barcelona há mais de 100 anos.
Apesar da construção da imagem de Curitiba como cidade-modelo ter sido iniciada
por volta dos anos de 1970, deve ser destacado o fato de o planejamento urbano ter se
iniciado já na década de 40:
[...] em 1940 dá-se início à elaboração do primeiro plano de urbanização de
Curitiba, o Plano Agache, implantado três anos mais tarde, isto é, em 1943.
Concebido dentro de uma visão funcionalista do espaço urbano, ou seja, a cidade
organizada em zonas funcionais bem definidas (comercial, industrial,
administrativa, etc), tal como o modelo europeu de urbanismo (BARZ: 1997), o
Plano Agache serviu de base para o futuro crescimento da cidade. Nessa época
Curitiba tinha pouco mais de 100 mil habitantes e, prevendo seu crescimento do
centro em direção aos bairros, os técnicos responsáveis pela execução do Plano
Agache deram prioridade ao planejamento físico da cidade com a construção de
avenidas e a realização de obras de infra-estrutura urbana. (SILVEIRA, 1998, p.
66).
O Plano Diretor elaborado na década de 1960 também priorizou o planejamento
físico da cidade, especialmente a estrutura viária e as áreas de preservação ambiental, o que,
posteriormente, foi determinante para a paisagem urbana resultante:
O Plano Diretor de 1966 vai definir as linhas da ocupação das chamadas vias
‘estruturais’, um sistema composto de três vias, duas para o tráfego de veículos e
uma exclusiva para o tráfego de ônibus coletivo, é um dos fatos que vai marcar a
paisagem urbana de Curitiba. Assim como a delimitação das áreas de fundo de
vale, previstas no plano para conter e regularizar a vazão dos rios, e prevenir
enchentes. Mais tarde, foram utilizadas estas mesmas áreas para a criação de
alguns dos parques urbanos existentes atualmente na cidade. (SILVEIRA, 1998,
p. 66).
No entanto, não foi apenas o pioneirismo de Curitiba na preocupação em elaborar
um Plano Diretor que garantiu que seu planejamento urbano alcançasse o status de modelo.
Fatores históricos sobre a dinâmica de crescimento populacional da cidade foram relevantes
nesse processo, como destaca Silveira (1998, p. 66-67):
Na verdade, a principal diferença de Curitiba em relação às outras metrópoles
brasileiras, é que nela foi possível efetuar um planejamento visando preparar a
cidade para o futuro, pelo menos no que diz respeito ao crescimento urbano.
Diferentemente de São Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo, o fluxo migratório
pra Curitiba foi muito pequeno até o final da década de 70, possibilitando a
realização de experiências urbanísticas que a tornaram, especialmente a partir dos
anos 80, uma referência em planejamento urbano no Brasil e no exterior.
Assim, depois de haver sido uma das primeiras cidades brasileiras a efetivamente
valorizar o papel do planejamento urbano nos anos 60, Curitiba se afirma como
cidade planejada nos anos 80. Período, aliás, em que o processo de
metropolização se acentua, através do crescimento populacional verificado tanto