
2.1 A VIOLÊNCIA E OS JOVENS
"Mapa da violência III: os jovens do Brasil" (Waiselfìsz, 2002) fornece
um panorama recente da situação de violência que afeta a juventude"
brasileira nas últimas décadas, oferecendo, ainda, algumas comparações
em nível internacional
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.
Ao direcionar-se o foco para a juventude brasileira, há que se considerar
sua dimensão numérica: de acordo com dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a partir do Censo Demográfico de
2000, dos cerca de 170 milhões de habitantes do país, uma expressiva parcela
- 34 milhões, equivalentes a 20% do total - é constituída por jovens de 15
a 24 anos. É justamente nesta faixa - onde deveriam estar centradas grande
parte das expectativas da sociedade - que encontram-se os maiores índices de
mortes por causas violentas, ocorridas, principalmente, nos finais de semana.
Estatísticas do Subsistema de Informação da Mortalidade - SIM,
órgão ligado ao Ministério da Saúde - dão conta de que, no ano de 2000,
70,3% dos óbitos de jovens do país foram causados pelas chamadas causas
externas (acidentes de trânsito, homicídios, suicídios etc). Vale notar que em
68,3% dos casos de homicídios registrados entre a juventude foram utilizadas
armas de fogo. De acordo com Waiselfisz (2002), tais índices são tão graves
que, conjugados às quedas atualmente observadas nas taxas de fecundidade,
são os responsáveis diretos pela tendência de declínio do crescimento do
número absoluto de jovens no país nos próximos anos.
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' A noção de juventude adotada pela UNESCO acompanha aquela da Organização Internacional da Juventude, que
a caracteriza como uma fase de transição, situada entre os 15 e os 24 anos de idade. Tal opção é também utilizada
na maioria das análises demográficas; na escolarização obrigatória; na responsabilização penal; na classificação de
filmes e programas de televisão etc.
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O trabalho em pauta complementa e aprofunda dados sobre as causas das mortes violentas dos jovens brasileiros,
contidos em duas publicações anteriores do mesmo autor, intituladas "Mapa da violência: os jovens do Brasil"
(Waiselfisz, 1998) e "Mapa da violência II: os jovens do Brasil" (Waiselfisz, 2000). Neste terceiro volume, por meio
do confronto da população total com a faixa de 15 a 24 anos, são realizadas análises tanto das taxas de homicídios,
óbitos por acidentes de transportes, suicídios e mortes por armas de fogo, quanto de vitimização juvenil, durante
10 anos, nos estados e capitais do Brasil, comparando seus resultados com números provenientes de mais 59 países
do mundo, quais sejam: Albânia; Alemanha, Argentina; Armênia, Austrália, Austria, Azerbaijão, Bahamas,
Bielorussia; Bulgária, Canadá, Colômbia, Coréia, Croácia, Cuba, Dinamarca, Equador, Escócia, Eslovênia,
Espanha, Estados Unidos, Estônia, Federação Russa, Finlândia, França, Granada, Grécia, Holanda, Hong Kong,
Hungria, Ilhas Cayman, Irlanda, Irlanda do Norte, Islândia, Israel, Itália, Japão, Kuwait, Letônia, Lituânia,
Luxemburgo, Macedonia, Malta, Mauricio, México, Moldavia, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Porto
Rico, Reino Unido, República Eslovaca, República Checa, Romênia, Cingapura, Suécia, Ucrânia e Uzbequistão..