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TATIANA MARIN
EMBALAGEM ATIVA PARA ALFACE AMERICANA
(Lactuca sativa L.)
MINIMAMENTE PROCESSADA
Londrina
2006
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TATIANA MARIN
EMBALAGEM ATIVA PARA ALFACE AMERICANA
(Lactuca sativa L.)
MINIMAMENTE PROCESSADA
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-Graduação em Ciência de Alimentos,
da Universidade Estadual de Londrina
como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Fábio Yamashita
Londrina
2006
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TATIANA MARIN
EMBALAGEM ATIVA PARA ALFACE AMERICANA
(Lactuca sativa L.)
MINIMAMENTE PROCESSADA
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. Fábio Yamashita
______________________________________
Prof. Dr. Hideaki Wilson Takahashi
______________________________________
Prof. Dr. Rui Sérgio Santos Ferreira da Silva
Londrina, 21 de março de 2006 .
DEDICATÓRIA
Ao meu esposo e aos meus pais pelo
apoio e incentivo em todos os momentos.
AGRADECIMENTOS
A Deus e a Santa Rita de Cássia que me permitiram realizar esse trabalho.
Ao meu esposo Jonas Weber Jorge e aos meus pais Heraldo Marin Lopes e
Leonice Cestari Lopes pelo amor, incentivo, ajuda em todas as horas de minha vida.
Aos professores do Programa de mestrado e funcionários dos Laboratórios do
Departamento de Tecnologia de Alimentos e Medicamentos da Universidade
Estadual de Londrina, que muito contribuíram para meu crescimento e experimento.
Ao Sr. Júlio T. Hissanaga, produtor de alface que forneceu o material
necessário para a realização do experimento com alface.
Ao meu estagiário Jonatas Renan Montanucci pela colaboração e
companheirismo no decorrer das análises laboratoriais.
À todos meus colegas de curso pelo companheirismo e dedicação.
Especialmente ao meu orientador Fábio Yamashita, pela amizade, apoio,
dedicação, paciência que em todo o tempo de curso me dedicou.
E a todos aqueles que, apesar de não estarem aqui citados, contribuíram para
que esse estudo fosse realizado.
MARIN, Tatiana. Embalagem Ativa para Alface Americana (Lactuca sativa L.)
Minimamente Processada. Londrina, 2006. Dissertação (Mestrado em Ciência de
Alimentos) – Universidade Estadual de Londrina.
RESUMO
As grandes perdas pós-colheita de produtos hortícolas mostram a necessidade da
adoção de novas técnicas de conservação. O processamento mínimo destes
produtos permite agregar valor à matéria-prima e torna-os conveniente ao
consumidor. O objetivo do trabalho foi desenvolver uma embalagem ativa para
alface americana (Lactuca sativa L.) minimamente processada visando o aumento
da vida útil. Foi definida a metodologia de processamento mínimo e a qualidade do
produto foi acompanhada através de avaliação sensorial, físico-química e
microbiológica. As alfaces foram desfolhadas, selecionadas, pré-lavadas, sanificadas
(100 ppm de cloro ativo) por 15 minutos e centrifugadas. As alfaces foram
acondicionadas em potes de polipropileno contendo saches com 1-metilciclopropeno
(1-MCP) e seladas com filme biodegradável de amido. Logo após o processamento,
o produto foi armazenado a 4ºC por 12 dias. Periodicamente amostras foram
avaliadas sensorialmente (aparência e intenção de compra) e foram determinados
teor de sólidos solúveis e vitamina C, pH, textura, cor, perda de massa e contagem
total de microrganismos mesófilos, psicrotróficos, bactérias láticas, bolores e
leveduras. O uso de 1-MCP na forma de sache não aumentou a vida útil da alface
em relação ao controle mas o processamento mínimo associado à embalagem
selada com filme biodegradável é uma técnica viável pois o produto apresentou boa
aceitação sensorial, baixa contaminação microbiológica e vida de prateleira de 5 dias
a 4oC.
Palavras Chave: Filmes biodegradáveis, 1-metilciclopropeno, vida útil , pós-colheita.
MARIN, Tatiana. Active packaging for fresh-cut iceberg lettuce (Lattuca sativa
L.). Londrina, 2006. Dissertação (Mestrado em Ciência de Alimentos) – Universidade
Estadual de Londrina.
ABSTRACT
The great postharvest losses of horticultural products indicate the need of new
preservation techniques. The minimal processing of these products adds value to the
raw material and became them convenient to the consumer. The objective of this
work was to develop an active packaging for fresh-cut iceberg lettuce (Lactuca sativa
L.) to increase its shelf life. Minimally processing methodology was defined and the
product quality was determined by sensorial, physico-chemical and microbiological
analysis. The lettuce was selected, trimmed, pre-washed, soaked in sanitized water
(100ppm of active chlorine) for 15 minutes and centrifuged. The lettuce was packed
in polypropylene pots with a sachet containing 1-methylcyclopropene (1-MCP) and
sealed with biodegradable starch film. Soon after the processing, the product was
stored at 4oC for 12 days. Periodically samples were evaluated in terms of
appearance and purchase intention, soluble solids and vitamin C contents, pH,
texture, color, weight loss and total count of mesophilic and psicotrofic
microorganisms, lactic bacteria, mould and yeast. Using 1-MCP in sachet format did
not increase the lettuce shelf life but the minimal processing combined with
packaging sealed with biodegradable film is practicable because the product showed
good sensorial acceptance, low microbiological counts and shelf life of 5 days at 4oC.
Key words: Biodegradable film, 1-methycyclopropene, shelf-life, postharvest.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Massa de água permeada pelo filme em função do tempo, taxa de
permeabilidade ao vapor de água (TPVA) e permeabilidade ao vapor
de água (PVA) do biofilme de amido de mandioca.................................36
Tabela 2 - Permeabilidade ao vapor de água (PVA) de filmes biodegradáveis e
sintéticos.................................................................................................37
Tabela 3 - Taxa de perda de massa de alface, isento de sache com 1-MCP,
com saches de 10 mg de 1-MCP e saches com 15 mg de 1-MCP ........39
Tabela 4 - Avaliação sensorial de aceitação e intenção de compra de alface
americana minimamente processada armazenada a 4ºC ......................46
Tabela 5 - Contagem de bolores e leveduras em alface americana
minimamente processada armazenadas a 4ºC......................................47
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Centrífuga manual utilizada para retirada da água clorada da alface..25
Figura 2 - Cápsula e dessecador para determinação da permeabilidade ao
vapor de água de biofilmes..................................................................27
Figura 3 - Esquema Geral do Equipamento de Determinação da Taxa de
Respiração...........................................................................................30
Figura 4 - Modelo da ficha de avaliação sensorial e de intenção de compra
para alface minimamente processada .................................................31
Figura 5 - Texturômetro equipado com ponteira Kramer para determinação da
força de cisalhamento de folhas de alface...........................................33
Figura 6 - Alface cortada e embalada em potes selados com filme de PVC........35
Figura 7 - Perda de massa da alface americana durante a armazenagem..........38
Figura 8 - pH da alface americana durante a armazenagem...............................40
Figura 9 - Firmeza da alface americana durante a armazenagem.......................41
Figura 10 - Teores de vitamina C na alface americana durante a armazenagem..42
Figura 11 - Diferença de cor na alface americana durante a armazenagem..........43
Figura 12 - Relação a*/b* na alface americana durante a armazenagem..............43
Figura 13 - Taxa de respiração da alface americana durante a armazenagem.....44
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................13
2.1 P
ERDAS PÓS-COLHEITA.........................................................................................13
2.2 P
RODUTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS ...............................................................13
2.3 E
MBALAGENS E BIOFILMES .....................................................................................15
2.4 E
TILENO................................................................................................................17
2.5 1- M
ETILCICLOPROPENO ........................................................................................18
2.6 S
ANITIZAÇÃO DE HORTALIÇAS.................................................................................19
2.7 R
ESPIRAÇÃO .........................................................................................................21
2.8 A
LFACE.................................................................................................................22
3 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................25
3.1 M
ATERIAL .............................................................................................................25
3.2 M
ÉTODOS .............................................................................................................25
3.2.1 Processamento mínimo....................................................................................25
3.2.2 Embalagem......................................................................................................26
3.2.3 Produto do filmes biodegradáveis ....................................................................26
3.2.4 Determinação da permeabilidade ao vapor de água do biofilme......................26
3.2.5 Produção dos saches.......................................................................................28
3.2.6 Tratamentos.....................................................................................................28
3.2.7 Armazenagem..................................................................................................28
3.2.8 Determinação da taxa de respiração................................................................29
3.2.9 Avaliação sensorial ..........................................................................................31
3.2.10 Determinação da perda de massa .................................................................32
3.2.11 Teor de sólidos solúveis e pH da polpa..........................................................32
3.2.12 Determinação da textura................................................................................32
3.2.13 Determinação do teor de vitamina C..............................................................33
3.2.14 Contagem total de microrganismos mesófilos e psicrófilos, bactérias
láticas, bolores e leveduras..........................................................................34
3.2.15 Determinação de cor......................................................................................34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................35
4.1 T
ESTES PRELIMINARES...........................................................................................35
4.2 P
ERMEABILIDADE AO VAPOR DE ÁGUA DOS BIOFILMES..............................................36
4.3 A
NÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS....................................................................................37
4.3.1 Atividade de água e perda de massa...............................................................37
4.3.2 Teor de sólidos solúveis e pH ..........................................................................39
4.3.3 Firmeza ............................................................................................................40
4.3.4 Vitamina C........................................................................................................41
4.3.5 Cor ...................................................................................................................42
4.3.6 Taxa de Respiração .........................................................................................44
4.3.7 Avaliação Sensorial..........................................................................................45
4.3.8 Análises Microbiológicas..................................................................................46
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................48
REFERÊNCIAS.........................................................................................................49
ANEXOS...................................................................................................................57
A
NEXO 1 - Resolução - RE nº 98, de 28 de maio de 2003 D.O.U. 29/05/2003..........58
11
1 INTRODUÇÃO
A conservação pós-colheita de frutas e hortaliças tem ganhado
atenção, visto que as perdas pós-colheita são grandes, trazendo prejuízos para toda
cadeia produtiva e encarecendo o produto para o consumidor final. Por serem
altamente perecíveis, grandes volumes de hortaliças deixam de serem aproveitados.
Além do desperdício, a forma de apresentação do produto ao consumidor é outra
questão que tem despertado a atenção de pesquisadores, produtores e
comerciantes.
O consumo per capita de hortaliças varia de 25 a 30 kg/ano nas
regiões Norte e Nordeste, e de 45 a 50 kg/ano nas regiões Sul, Sudeste e Centro-
Oeste. Essas médias são inferiores àquelas observadas em outros países,
principalmente Europa, Ásia e América do Norte onde o consumo atinge
aproximadamente 110 kg/ano. Por outro lado notou-se um aumento de 6 a 10% nas
quantidades consumidas, que pode ser devido à mudança de hábitos alimentares da
população (MAKISHIMA, 2000).
Embora no Brasil haja grande disponibilidade de produtos hortícolas
acessíveis a substancial parcela da população, ocorrem perdas significativas no
campo e na póscolheita, pela produção desorganizada e carência de uso de
tecnologias adequadas no cultivo, manuseio, embalagem, armazenamento,
transporte e conservação.
A fim de melhorar tanto a vida útil, quanto à apresentação do produto
ao consumidor, as hortaliças de época, as mais consumidas e/ou as mais perecíveis
podem ser minimamente processadas, acondicionadas em embalagens adequadas
e armazenadas sob refrigeração.
As condições de armazenamento são aspectos importantes que
podem afetar, tanto os tipos de microrganismo como o seu crescimento em produtos
in natura. A concentração de gases e umidade relativa no interior das embalagens e
a temperatura de armazenagem são os fatores com maior influência sobre a
microbiota e a vida útil do produto (ROSA, 2002).
Diversos trabalhos já comprovaram que a vida útil de hortaliças pode
ser prolongada com a aplicação de 1-metilciclopropeno (1-MCP), mas que exige
uma câmara estanque para sua aplicação e é um processo demorado (24 - 48 h)
tendo em vista a curta vida útil de alguns produtos (ABLE, 2002).
12
O valor nutricional é um atributo de qualidade pouco considerado na
cadeia de comercialização de hortaliças. A forma de manuseio desses produtos e as
condições de armazenamento podem afetar sua composição; reduzindo os teores
vitamínicos, particularmente de vitamina C (CHITARRA & CHITARRA, 1990).
Considerando que cerca de 90% das necessidades de vitamina C do homem, advêm
de frutos e hortaliças, faz-se necessário um estudo das perdas com processamento.
O objetivo do trabalho foi desenvolver um sistema de embalagem
ativa para a alface minimamente processada, visando o aumento da vida de
prateleira do produto. O sistema de embalagem foi formado por bandejas de
polipropileno, saches biodegradáveis contendo 1-MCP e filmes biodegradáveis à
base de amido para fechamento da embalagem. A vida útil foi determinada através
da avaliação sensorial da aparência, contaminação microbiológica, textura, cor, teor
de vitamina C e perda de massa.
13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 P
ERDAS PÓS-COLHEITA
Segundo CHITARRA & CHITARRA (1990) a pós-colheita tem origem
no momento da separação do produto comestível de seu meio por ato deliberado,
com a intenção de utilizá-lo como alimento, e termina quando este produto é
submetido ao processo de preparação para o consumo final.
As perdas pós-colheita são geralmente consideradas maiores em
países menos desenvolvidos, sendo as zonas tropicais incluídas nessa categoria. Os
produtos vegetais compreendem aproximadamente 25% das principais safras de
alimentos produzidos nesses países, incluindo raízes, bulbos, frutas e hortaliças. O
conhecimento e aplicação de métodos para reduzir os danos e perdas pós-colheita
são medidas usuais nos países desenvolvidos, enquanto que nos países em
desenvolvimento a aquisição do conhecimento e sua aplicação nem sempre são
bem sucedidos, uma vez que a solução para muitos problemas de manuseio e
armazenamento está ligada a fatores educacionais e sociológicos (CHITARRA &
CHITARRA, 1990). Uma forma de reduzir as perdas póscolheita é realizar o
processamento mínimo de frutas e hortaliças.
Estudos constataram que no Brasil os níveis médios de perdas pós-
colheita são de 35%, chegando a atingir até de 40%, enquanto em outros países
como Estados Unidos não passam de 10% (VILELA, 2003).
As perdas no transporte, variam de acordo com as estações do ano,
sendo mais intensas nas épocas chuvosas. Ademais, o mau estado de conservação
das estradas brasileiras, associada às altas temperaturas aceleram a deterioração,
de forma que as perdas de produtos perecíveis, como hortaliças, podem chegar a
30% (CAIXETA FILHO, 1999).
2.2 P
RODUTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS
Produtos minimamente processados podem ser definidos como frutas
ou hortaliças, ou a combinação destas, que tenham sido fisicamente alteradas mas
que permaneçam em estado fresco. O processamento mínimo inclui as atividades de
14
seleção e classificação da matéria prima, pré-lavagem, processamento
(destacamento, corte, fatiamento), sanificação, enxágüe, centrifugação e
embalagem, visando-se obter um produto fresco e saudável e que, na maioria das
vezes, não necessita subseqüente preparo para ser consumido (CHITARRA, 2000).
O aumento da demanda por hortaliças minimamente processadas,
devido à comodidade de preparo e consumo, tem levado a um aumento na
qualidade e diversidade dos produtos disponíveis no mercado. Tecnologias de
preservação, principalmente a refrigeração e a atmosfera modificada estão sendo
empregadas para assegurar a qualidade desses produtos. Revisões feitas por
ZAGORY & KADER (1989); CARLIN et al. (1990); IZUMI et al. (1996); GIL et al.
(2002) e JAVAS & JEYAMKONDAN (2002) demonstram a importância do uso da
atmosfera modificada, composta da mistura preestabelecida dos gases, O2, CO2 e
N2, na manutenção da qualidade e aumento da vida útil de hortaliças minimamente
processadas.
Os produtos minimamente processados vêm alcançando grande
participação no mercado de produtos frescos. Embora ainda não existam dados
disponíveis, representantes brasileiros do setor de supermercados estimam que as
vendas dos produtos hortícolas minimamente processados representam hoje de 5 a
8% do mercado de frutas e hortaliças frescas, isto é, cerca de 500 milhões de
dólares por ano. Além disso, segmentos deste setor antecipam que, dentro de 5 a 10
anos, mais de 20% do total de produtos hortifrutícolas serão comercializados dessa
forma (SEABRA, 2001).
As hortaliças minimamente processadas são altamente perecíveis,
tanto pela maior exposição de seus tecidos causada por injúrias como pela
aceleração do seu metabolismo devido ao processamento. A combinação desses
dois fatores acarreta danos aos produtos com subseqüentes efeitos na conservação
e qualidade dos mesmos (WATADA & QI, 1999).
Apesar de sua praticidade e conveniência, este processo provoca
nas hortaliças comportamento similar a de tecidos submetidos a ferimento e
condições de estresse (HONG & KIM, 2001), conduzindo a alterações fisiológicas
indesejáveis. A perda da integridade celular na superfície cortada das frutas e
hortaliças destrói a compartimentação de enzimas e substratos e tem, como
conseqüência, o escurecimento e a formação de metabólitos secundários
indesejáveis (WILEY, 1994; AHVENAINEN, 1996). Com o aumento da respiração e
15
da produção de etileno, pode ocorrer a aceleração da senescência e também a
formação de sabores e odores não característicos. Outra limitação resulta do
exsudato da superfície cortada, que torna-se um meio favorável ao crescimento de
fungos e bactérias (BURNS, 1995).
Segundo WATADA & QI (1999), a temperatura é o fator mais crítico
durante o preparo, manuseio, trânsito e comercialização na manutenção da
qualidade de hortaliças minimamente processadas.
Tradicionalmente, os produtos frescos não eram alvo de preocupação
por parte de órgãos fiscalizadores, pois eram considerados seguros, já que eram
lavados e rapidamente consumidos no próprio local de preparo. Atualmente, com a
tendência ao consumo das hortaliças minimamente processadas, a preocupação
com riscos de natureza microbiológica, torna-se acentuada, pois muitas operações
como corte, lavagem e embalagem são feitas manualmente, aumentando o risco de
contaminações dos produtos. (FARBER, 1999).
O oxigênio geralmente estimula o crescimento de bactérias aeróbicas
e pode inibir o crescimento de bactérias estritamente anaeróbicas. Já o nitrogênio é
um gás inerte, que apresenta pouca ou nenhuma atividade antimicrobiana, podendo,
ao deslocar o oxigênio na embalagem, retardar a rancidez oxidativa e também inibir
o crescimento de microrganismos aeróbicos (FARBER, 1991).
Frutas e hortaliças minimamente processadas devem ser
armazenadas na faixa de temperatura de 2°C a 5°C e a temperatura de refrigeração
deve ser estritamente controlada para limitar o crescimento de patógenos e
microrganismos deteriorantes (FRANCIS et al., 1999).
Para produtos minimamente processados a escolha da embalagem é
um fator importante, pois além das funções básicas de proteção, fracionamento e
segurança, a embalagem deve apresentar permeabilidade à gases adequada para
impedir a formação de uma atmosfera tóxica ao produto.
2.3 E
MBALAGEM E BIOFILMES
O estudo de embalagem para frutos e hortaliças frescas ou
minimamente processadas é direcionado para os fatores que influenciam a
qualidade e conservação desses produtos, tais como o tipo de material, a interação
16
do material com o produto, de que forma e onde serão utilizados. Dessa maneira, os
cuidados devem ser iniciados no campo logo após a colheita, no transporte do
campo pra as centrais de embalagens e destas para as demais etapas de
distribuição (CHITARRA & CHITARRA, 1990).
As operações de embalagem não melhoram a qualidade do produto,
portanto, apenas os melhores produtos devem ser embalados. Produtos infectados
ou estragados tornam-se fonte de contaminação ou infecção para os sadios, além
de reduzir a qualidade da comercialização. Do mesmo modo, a embalagem não
substitui a refrigeração. A qualidade será mantida quando as boas condições de
embalagem forem associadas com boas condições de transporte e armazenamento
(CHITARRA & CHITARRA, 1990).
Atualmente, há grande interesse no desenvolvimento de biofilmes
compostos essencialmente por amido, pois, ao contrário dos polímeros usados em
embalagens convencionais, é biodegradável e obtido a partir de fontes renováveis
(AVEROUS & BOQUILLON, 2004).
Amidos têm uma estrutura similar comparado a polímeros sintéticos.
Possui alto peso molecular e forte ligação entre macromoléculas. Para a produção
de filmes misturando-se amido com polímeros puros, ocorrem mudanças na
morfologia e, quanto maior a quantidade de amido incorporado, maior é a redução
na sua propriedade mecânica de resistência à tração. Aumentando-se o teor de
amido, observa-se um aumento da taxa de biodegradação dos mesmos, o que
evidência a viabilidade de obtenção de polímeros biodegradáveis de menor preço
(ROSA et al., 2001).
A água adicionada à formulação tem duas funções: de agente
desestruturante do grânulo nativo, com rompimento das ligações hidrogenadas entre
as cadeias e de plastificante. No entanto é necessária a adição de um plastificante
adicional além da água, tal como um poliol, que deverá ser pouco influenciado pelas
condições atmosféricas em mecanismo de adsorção - dessorção, permitindo a
obtenção de uma fase fundida em temperatura inferior à da degradação do amido
(AVEROUS, 2002).
Filmes de amido em geral possuem alta permeabilidade a umidade e
apresentam variação nas propriedades mecânicas sob umidade e degradam de
forma rápida para muitos tipos de aplicações. Para contornar essas dificuldades, o
amido é usado em mistura com plastificantes e outros polímeros biodegradáveis.
17
Como os polímeros biodegradáveis são mais caros, essas misturas aumentam o
custo dos produtos, reduzindo o consumo em alguns nichos de mercado. A redução
de custo passa por pesquisas adicionais e ganhos em economia de escala
(LAWTER & FISCHER, 2000; CEREDA, 2003).
A obtenção de biofilme de amido de mandioca natural baseia-se no
princípio da gelatinização do amido, que ocorre acima de 70ºC, com excesso de
água. O amido gelatinizado, que se obtém quando resfriado, forma biofilmes com
resistência e transparência, devido as suas propriedades de retrogradação. Os
biofilmes de amido representam uma alternativa aos filmes convencionais utilizados
na conservação de frutas e hortaliças pois apresentam bom aspecto, não são
pegajosos, são brilhantes e transparentes, melhorando o aspecto visual dos frutos,
não são tóxicos e de baixo custo (MALI et al., 2005).
Filmes de polissacarídeos são de natureza hidrofílica e a sua
permeabilidade ao CO2 e O2 resulta na criação de uma atmosfera modificada
desejável, aumentando assim a vida útil dos frutos sem causar severas condições
anaeróbicas (BALDWIN et al., 1995).
As embalagens ativas além de proteger o alimento do meio externo
interagem com o ambiente em que se encontra o produto, visando manter sua
qualidade e melhorar a segurança e vida útil, incorporando, p.ex., absorvedores do
etileno, que é um fitohormônio associado ao amadurecimento de frutas e hortaliças;
absorvedores de oxigênio; emissores de gás carbônico, emissores de etanol,
emissores de dióxido de enxofre, dessecantes; dentre outros (SARANTÓPOULOS et
al., 1998).
2.4 E
TILENO
O etileno (C
2H4) é um gás considerado como fitohormônio que está
associado ao processo de amadurecimento e senescência de frutos e hortaliças. Em
determinado estádio da maturação, o etileno se liga ao seu receptor na célula, um
complexo protéico– enzimático, e desencadeia uma série de eventos que culminam
com o amadurecimento e a senescência do fruto ou hortaliça (LELIÈVRE et al.,
1997), tendo sido verificado que a inibição da ligação do etileno ao receptor reduz
sua ação, retardando o amadurecimento e a senescência (KLUGE et al., 2002).
18
O CO2 apesar de não afetar diretamente a síntese de etileno, tem
efeito competitivo com o mesmo sítio de ligação, por ser um análogo estrutural. A
ação inibidora pode ser também por retroalimentação, uma vez que o etileno é
rapidamente oxidado a CO
2 nos tecidos (CHITARRA & CHITARRA, 1990).
KADER & BEN-YEHOSHUA (2000) demonstraram que a exposição
de frutas e hortaliças a níveis elevados de O
2 pode estimular, não ter nenhum efeito
ou reduzir as taxas de respiração e produção de etileno, dependendo de diversos
fatores como: produto, estádio de maturação, tempo e temperatura de exposição,
concentração de O
2, além da concentração de CO2 e etileno presentes na atmosfera.
Há necessidade de novas pesquisas visando elucidar os mecanismos envolvidos na
ação do etileno, a fim de auxiliar na manutenção da qualidade do produto fresco.
2.5 1- M
ETILCICLOPROPENO
O 1-metilciclopropeno (1-MCP ou C
4H6) é um composto volátil
comercializado na forma de pó, o qual libera o 1-MCP quando misturado a uma
solução básica ou água. Em frutas, hortaliças e flores esse composto age através da
fixação preferencial ao receptor de etileno, bloqueando, deste modo, os efeitos do
etileno proveniente de fontes internas e externas (SEREK et al., 1995). Como a
afinidade do 1-MCP ao receptor do etileno é substancialmente mais eficiente do que
a do próprio etileno, o 1-MCP é eficaz mesmo em concentrações extremamente
baixas, da ordem de partes por bilhão (ppb) (ROHM & HASS, 2000).
A utilização do 1-metilciclopropeno deve ser feita com tecnologia
adequada, observando-se o intervalo de reentrada na área de aplicação, descritos
em rótulo e bula. Não há metodologias para detecção e quantificação de resíduos do
ingrediente ativo (Anexo 1).
Normalmente o 1-MCP é aplicado a 20-25ºC, mas pode ser usado a
baixas temperaturas em algumas condições. Geralmente, tratamentos de 12 - 48h
são suficientes para atingir uma resposta. Vários fatores devem ser considerados na
aplicação de 1-MCP incluindo cultivar, estádio de desenvolvimento, tempo de
colheita para tratamento e múltiplas aplicações. Dependendo da espécie a ser
tratada, o 1-MCP pode ter efeitos diferentes sobre a respiração, produção de etileno
e substâncias voláteis, degradação de clorofila e alterações na cor, proteínas e
19
mudanças de membrana, maciez, desordens fisiológicas e doenças, acidez e doçura
(BLANKENSHIP, 2003). De acordo com o fabricante (ROHM & HASS, 2000) o 1-
MCP apresenta as seguintes características:
Registro CAS (Chemical Abstracts) do Ingrediente Ativo: 3100-14-7;
Nome químico: 1-Metilciclopropeno;
Nome comercial: SmartFresh
 ;
Fórmula molecular: C4H6;
Peso molecular: 54;
Estado físico: gasoso;
Formulação: forma de pó com 0,14% de concentração, que libera o
ingrediente ativo, 1-MCP, quando a ele se adiciona água ou uma solução
base neutra. O 1-MCP é estável sob forma de pó;
Toxidade oral aguda: LD
50 > 5.000mg/kg;
Toxidade dérmica aguda: LD
50 > 2.000 mg/kg;
Toxidade aguda de inalação: nenhuma descoberta negativa;
Irritação dérmica: não irritante;
Irritação ocular: ligeiramente irritante;
Sensibilidade da pele: negativa;
Teste de Ames: não mutagênico;
Teste de linfoma em ratos: não mutagênico;
Teste micronuclear de medula óssea: não mutagênico.
2.6 S
ANITIZAÇÃO DE HORTALIÇAS
A qualidade de produtos frescos depende de sua flora microbiológica
inicial, manuseio, pré-higienização, acondicionamento e transporte até a planta de
processamento. Falhas nas etapas de colheita e pós-colheita podem comprometer a
qualidade e a segurança do produto através do incremento da população inicial de
microrganismos (HURST & SCHULLER, 1992).
A quantidade de solo aderido à superfície do produto determina o
início da contaminação e a lavagem inicial ou pré-lavagem deve ser o primeiro passo
20
para uma correta sanitização. Este procedimento consiste na limpeza efetiva por
meio de ação mecânica, como por exemplo, jatos d'água aplicados às hortaliças.
Esta etapa contribui com a redução da flora microbiana, no entanto, quando não
executada corretamente, pode agir de forma inversa, difundindo e incrementando a
contaminação microbiana, como ocorre quando se reutiliza a água de lavagem
(HURST & SCHULLER, 1992).
A utilização apropriada de desinfetantes age de forma a
complementar um programa eficiente de sanitização, mas pode não eliminar
microrganismos patogênicos de um alimento pré-contaminado. Uma concentração
de 100 a 200 mg/L de cloro ou ácido cítrico na água de lavagem antes e depois do
desfolhamento, ou corte, é efetiva para estender a vida-de-prateleira da alface
(HURST & SCHULLER, 1992).
Tem sido sugerido que 50 a 200ppm de cloro livre é necessária para
a destruição de bactérias vegetativas e fungos, porém, vários fabricantes de
produtos alimentícios alegam que essa dosagem provoca a descoloração e o
desenvolvimento de odores desagradáveis nas folhas (HURST & SCHULLER,
1992).
Resultados obtidos em ensaios sobre a utilização do cloro para a
eliminação da Listeria monocytogenes de produtos processados frescos,
demonstram a limitação do mesmo como desinfetante. Apesar da eficácia na
redução de microrganismos, o cloro, utilizado na concentração de 200 ppm,
demonstrou não ser completamente efetivo (BRACKETT, 1992).
LEITÃO et al. (1981) realizaram um estudo sobre a eficiência de
compostos químicos a base de cloro, iodo, cloro-bromo e ácido acético, na
desinfecção da alface. Utilizando técnicas variadas para o preparo das amostras e
diferentes condições de uso dos desinfetantes, observaram que no tratamento das
folhas cortadas, sem lavagem prévia, ocorreu uma redução sensível na
concentração inicial dos produtos desinfetantes diluídos em água. O mesmo não
ocorreu com as folhas lavadas inteiras, onde essa redução foi pouco pronunciada.
Essa redução pode ser atribuída a uma maior presença de microrganismos em
produtos cortados, pois durante o processo de corte, as injúrias promovidas contra o
tecido foliar liberam uma grande quantidade de líquido intersticial que servirá como
substrato para o desenvolvimento e proliferação desses microrganismos. LEITÃO et
al. (1981) observaram também que a pré-lavagem das folhas com água corrente
21
promoveu uma redução da ordem de 74% da microflora bacteriana. Determinaram
ainda que, nas concentrações e tempos de exposição testados, nenhum dos
desinfetantes estudados mostrou-se capaz de reduzir a microflora bacteriana em
níveis considerados seguros. Em análise comparativa, o vinagre diluído a 2% foi
mais eficiente que o cloro e o iodo.
De acordo com AHVENAINEN (1996), em se tratando de folhas de
alface, os compostos clorados reduzem o teor de microrganismos aeróbios, mas
uma segunda lavagem depois de desfolhamento ou corte é necessária para a
remoção de microrganismos e fluído de tecidos, reduzindo-se, assim, o crescimento
microbiano e a oxidação enzimática durante a subseqüente armazenagem.
O cloro, nas suas várias formas, consiste no sanificante mais
utilizado em alimentos (DYCHDALA, 1991; BRECHT, 1995). Os compostos à base
de cloro são germicidas de amplo espectro de ação, que reagem com as proteínas
da membrana das células microbianas, interferindo no transporte de nutrientes e
promovendo a perda de componentes celulares (VANETTI, 2000). O hipoclorito de
sódio (NaOCl) corresponde ao sanificante químico de maior utilização (BRECHT,
1995; IZUMI, 1999), em função de sua rápida ação, fácil aplicação e completa
dissociação em água (PARK et al., 1991).
2.7 R
ESPIRAÇÃO
A respiração é o principal processo metabólico em frutas e hortaliças
e ocorre pela degradação oxidativa de produtos mais complexos, como o amido,
açúcares e ácidos orgânicos a moléculas mais simples, como CO
2 e água. A
respiração pode ocorrer tanto na presença de oxigênio como na sua ausência,
utilizando uma via fermentativa ou anaeróbica (WILLS et al., 1981).
Na respiração anaeróbica ocorre a formação de acetaldeídos, CO
2 e
de etanol, responsável pelo desenvolvimento de sabores estranhos (KADER, 1986)
e a respiração do produto é medida pela quantidade de CO
2 liberado ou de O2
consumido (BALDWIN et al., 1995).
Em função do padrão respiratório, as frutas podem ser classificadas
como climatéricas e não climatéricas. As frutas climatéricas apresentam, ao final do
período de maturação, um aumento marcante na taxa de respiração e produção
22
auto-catalítica de etileno, sendo esta etapa denominada de período climatérico
(KLUGE et al., 1997). Em geral, nos frutos não climatéricos, as transformações
bioquímicas e físicas, tais como a decomposição da clorofila, síntese de pigmentos e
amolecimento dos tecidos, associados ao amadurecimento, são mais lentas. Já nos
climatéricos, as taxas de respiração, normalmente, são mais elevadas e essas
transformações ocorrem mais rapidamente (CASTRO, 1983).
2.8 A
LFACE
A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa mais consumida no
país, sendo fonte de fibras, sais minerais e vitaminas para a dieta (KATAYAMA,
1993). Entre os tipos de alface cultivados atualmente, tem-se destacado a alface
americana principalmente devido às características de crocância, folhas externas de
coloração verde-escura, folhas internas de coloração amarela ou branca, imbricadas,
semelhantes ao repolho (YURI et al., 2000). Cada paulistano consome quase dois
quilos de alface por ano e 40% dos seus gastos totais com verduras são destinados
à compra desta hortaliça. No Estado de São Paulo, a cultura da alface ocupa 7.859
hectares, produz 137 mil toneladas/ano e ocupa mais de 6.000 empregos (CEASA –
Campinas, 2005). No estado do Paraná a produção de alface foi de 54.895
toneladas no ano de 2002 e 2003, isso representou R$25.321.159 no valor bruto
produzido (ANDRETTA, 2003).
As perdas pós-colheita geram graves conseqüências econômicas e
sociais, proporcionarem variação no comportamento do mercado, induzindo
mudanças em importantes parâmetros econômicos. Desta forma, um aumento de
perdas faz com que a quantidade de equilíbrio de mercado diminua e o preço de
equilíbrio cresça. Quando o preço de equilíbrio de mercado cresce o consumidor
paga o custo das perdas, que é embutido no preço final do produto. De forma geral,
qualquer nível de perda é prejudicial para o consumidor (Vilela et al., 2003).
Dessa forma, o processamento mínimo pode diminuir sensivelmente
as perdas de alface na pós-colheita, além de fornecer ao consumidor um produto de
boa qualidade, pronto para ser consumido e proporcionar maiores ganhos aos
produtores e comerciantes, agregando valor ao vegetal em função dos serviços
prestados durante a sua transformação (CEASA-Campinas, 2002).
23
Em estudos realizados pelo Departamento de Nutrição da Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo citados por SILVA (1990), verificou-
se que as hortaliças fornecem 2% do total energético e 40% do teor de vitamina C,
valores bastante semelhantes aos descritos no Estudo Nacional de Despesa
Familiar (ENDEF, 1974 apud SILVA, 1990). Segundo KING & PABLO (1987), folhas
verdes conservadas a temperaturas de 10ºC e 21ºC perdem 30% e 75% da vitamina
C, respectivamente, após 4 dias de armazenagem.
Muito tem-se pesquisado em vários países com relação à
contaminação de frutas e hortaliças, e surtos de toxinfecções alimentares
associados a esse alimento, que continuam a existir (BEUCHAT, 1999). Entre as
hortaliças mais vendidas para consumo cru está a alface, bastante utilizada na
confecção de sanduíches, decorações de pratos e saladas, além do produto pronto
para o consumo, na forma de hortaliça minimamente processada, merecendo maior
atenção quanto ao aspecto de saúde pública. De acordo com FRANK & TAKEUSHI
(1999), hortaliças frescas, principalmente alface, têm sido identificadas como
veículos de patógenos relevantes em saúde pública, incluindo a bactéria entero-
hemorrágica Escherichia coli O157:H7.
Tem-se recomendado à adoção de atmosfera modificada durante o
transporte e armazenagem de alfaces pré-processadas, visando-se, assim, prevenir
a descoloração do tecido e a deterioração por microrganismos (BALLANTYNE et al.,
1998; BOLIN & HUXSOLL, 1991). A atmosfera modificada é considerada, após a
refrigeração, o método mais efetivo para estender a vida útil e o frescor dos produtos
minimamente processados mas é necessário determinar seu efeito em relação ao
crescimento de microrganismos deterioradores e patogênicos e a qualidade dos
produtos embalados (FRANCIS et al., 1999).
A temperatura de armazenamento é um dos fatores mais importantes
no crescimento de microrganismos em hortaliças minimamente processadas. O
Instituto Inglês de Ciência e Tecnologia de Alimentos publicou diretrizes para o
controle de refrigeração de alimentos, recomendando armazenamento entre 0°C e
5°C para as saladas pré-prontas, pois abaixo desta faixa as hortaliças podem sofrer
danos (FRANCIS et al., 1999).
O armazenamento de hortaliças minimamente processadas sob
temperaturas adequadas de refrigeração limita o crescimento de microrganismos
patogênicos psicrotróficos. Algumas pesquisas mostraram que a Listeria
24
monocytogenes sobrevive ou cresce em vários tipos de vegetais prontos para o uso
como alface fatiada (BEUCHAT & BRACKETT, 1990).
BEUCHAT & BRACKETT (1990) demonstraram que a população de
Listeria monocytogenes em alface aumentou durante o armazenamento e as
embalagens contento 3% de O
2 e 9% de N2 não influenciaram na taxa de
crescimento da bactéria.
Com o aumento da vida útil do produto, há também aumento no
tempo disponível para o desenvolvimento de microrganismos patogênicos. Embora a
embalagem de hortaliças com concentrações de 2 a 5% de O
2 deva inibir o
crescimento de microrganismos anaeróbios como Clostridium botulinum, se a
mesma for submetida a temperatura de abuso pode haver o desenvolvimento
desses microrganismos, como resultado do aumento da respiração do produto que
irá consumir o oxigênio residual. A maior preocupação se deve ao crescimento de
microrganismos psicrotróficos, anaeróbios facultativos, que podem tolerar os baixos
níveis de oxigênio na embalagem com atmosfera modificada (BENNIK et al, 1998).
25
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 M
ATERIAL
Foi utilizada alface americana (Lactuca sativa L.) produzida na região
de Londrina PR no estádio de desenvolvimento comercial. Após a colheita, o produto
foi imediatamente transportado em sacos plásticos para os Laboratórios do
Departamento de Tecnologia de Alimentos e Medicamentos da Universidade
Estadual de Londrina, onde foram realizados todos os experimentos do trabalho, o
tempo de transporte não ultrapassou 20 minutos.
O 1-metilciclopropeno (1-MCP) utilizado nos experimentos foi doado
pela Rohm and Haas Química Ltda, com o nome comercial de Smartfresh
 , que
contém 0,14% de 1-MCP ativo.
3.2 M
ÉTODOS
3.2.1 Processamento Mínimo
As alfaces foram selecionadas, descartando as que apresentavam
injúrias físicas, doenças ou manchas. Posteriormente, as folhas de alface foram
lavadas com água corrente tratada objetivando retirada de sujidades mais aparentes
e, depois, foram mantidas em tanque com água clorada (100ppm de cloro ativo) por
15 minutos, e a retirada da água clorada foi feita em centrifuga doméstica manual
(Figura 1).
Figura 1 - Centrífuga manual utilizada para retirada da água clorada da alface
26
3.2.2 Embalagem
Aproximadamente 60g de alface minimamente processada foram
acondicionadas em embalagens de polipropileno juntamente com saches contendo
1-MCP, na seqüência as embalagens foram fechadas com filmes biodegradáveis de
100 µm de espessura.
3.2.3 Produção dos Filmes Biodegradáveis
Os filmes biodegradáveis (biofilmes) a base de amido de mandioca
foram produzidos por casting de acordo com a metodologia descrita por
NAKAGAWA (2003). A produção dos biofilmes foi realizada a partir de uma solução
contendo 3,5% de amido de mandioca (base úmida), 1% de glicerol líquido (base
úmida) e água destilada. A técnica consistiu em hidratar o amido em água destilada
e adicionar o glicerol. Após a hidratação e homogeneização, a solução foi transferida
para o viscógrafo Brabender
_ para gelatinização completa do amido, com agitação
constante de 75 rpm, e aquecimento de 3ºC por minuto a partir de 30ºC, até atingir
95ºC, mais 2 minutos de estabilização. A solução gelatinizada foi transferida para um
béquer e homogeneizada manualmente, até atingir 65ºC. Então a solução foi
despejada em placas de acrílico dotada de borda com medidas de 200mm x 120mm
x 20mm e mantidas em estufa com circulação de ar a 40ºC até secarem e formarem
os filmes, aproximadamente 20 horas.
3.2.4 Determinação da Permeabilidade ao Vapor de Água do Biofilme
A permeabilidade ao vapor de água dos biofilmes foi determinada de
acordo com a norma E96 da ASTM (1995). Foram utilizadas 4 cápsulas (Figura 2) de
60 mm de diâmetro, correspondendo a uma área de 2,83.10
-3 m2 contendo cloreto de
cálcio anidro, cuja umidade relativa de equilíbrio é 0%. Os corpos de prova foram
cortados e colocados na cápsula cujas bordas foram previamente besuntadas com
vaselina. As cápsulas foram fechadas e colocadas imediatamente num dessecador
27
contendo solução saturada de NaCl, que a 25oC propicia uma umidade relativa de
equilíbrio de 75%.
Figura 2 - Cápsula e dessecador para determinação da permeabilidade ao vapor de
água de biofilmes
As cápsulas foram pesadas de 1 em 1 hora até completar 6 horas e
após 24 e 25 horas. Com os dados de ganho de massa da cápsula em função do
tempo e a área do corpo de prova foi calculada a taxa de permeabilidade ao vapor
de água (TPVA) de acordo com a equação 1.
Onde:
TPVA = taxa de permeabilidade ao vapor de água do biofilme (g H
2O.h-1.m-2)
m = coeficiente angular da reta de ganho de massa da cápsula vs tempo (g H
2O.h-1)
A = área do corpo de prova (m
2)
A permeabilidade ao vapor de água do biofilme foi calculada de
acordo com a Equação 2.
28
Onde:
PVA: permeabilidade ao vapor de água do biofilme (g H
2O.h-1.Pa-1.m-1);
TPVA: taxa de permeabilidade ao vapor de água do biofilme;
e = espessura do biofilme (m);
p
s = pressão de saturação de vapor de água a temperatura do ensaio (Pa)
URE
1 = umidade relativa de equilíbrio no interior do dessecador (%)
URE
2 = umidade relativa de equilíbrio no interior da cápsula (%)
3.2.5 Produção dos Saches
Foram embalados 10mg e 15mg de SmartFresh®, que contém 0,14%
de 1-MCP, diluído em 5g de amido em saches de 50mm x 50mm produzidos com o
biofilme descrito anteriormente.
3.2.6 Tratamentos
Foram realizados 3 tratamentos: embalagens contendo apenas alface
e biofilme (controle); embalagens contendo alface, biofilme e saches com 10 mg de
SmartFresh® e embalagens contendo alface, biofilme e 15 mg de SmartFresh®.
3.2.7 Armazenagem
As hortaliças previamente embaladas foram armazenadas em estufas
para B.O.D. (Marconi) a 4±1ºC e a umidade relativa da estufa foram monitoradas,
mas não controlada. A alface foi armazenada por 12 dias e amostras foram retiradas
a cada 2 dias e foram avaliadas sensorialmente e também foram determinadas a
perda de massa, teores de sólidos solúveis e vitamina C, pH, textura e cor.
29
3.2.8 Determinação da Taxa de Respiração
Foram feitas determinações da taxa de respiração da alface de todos
os tratamentos, com e sem embalagem a 4ºC. O método de determinação foi
baseado na capacidade de soluções básicas reagirem com o CO
2, retendo-o em
solução na forma de íon carbonato. Na Figura 3, temos o esquema geral do
equipamento para a determinação da taxa de respiração (JACOMETTI et al., 2003).
Neste sistema, o ar ambiente é borbulhado diretamente em uma
solução básica, para a retirada do CO
2 presente. O ar, isento de CO2, percola pela
hortaliça ou pela embalagem, que estão dispostos dentro de um dessecador mantido
no interior de uma estufa para B.O.D. com temperatura controlada. O ar tem acesso
pelo fundo do dessecador e é retirado pela parte superior. Todo o dispositivo é
estanque, não permitindo vazamentos. O ar aspirado do dessecador contendo CO
2 e
vapor de água, provenientes da respiração e transpiração do produto, é borbulhado
em uma série de tubos contendo:
- solução de HCl, que umidifica o ar sem reter o CO
2;
- solução de KOH 1N, que absorve o CO
2 presente no ar;
- solução de KOH 1N, que absorve o CO
2 residual não retido na solução anterior.
O procedimento para determinação da taxa de respiração foi o
seguinte:
- padronização das soluções de KOH e HCl e adição de um volume de 180mL nos
tubos pelos quais o ar foi borbulhado;
- pesagem de bandejas contendo aproximadamente 60g de alface e colocação no
dessecador;
- operação da bomba aspiradora com registro do período;
- após 24 horas foram retiradas alíquotas de 2mL dos tubos contendo solução de
KOH e pipetadas em frascos de Erlenmeyer com 15mL de uma solução de 3% de
cloreto de bário. Como a reação de CO
2 com KOH é reversível, a função do cloreto
de bário é a formação de carbonato de bário, que precipita, evitando a saída de CO
2;
- adicionou-se 2 gotas do indicador fenolftaleína no frasco de Erlenmeyer e titulou-se
com uma solução previamente padronizada de HCl 0,1N até o ponto de viragem;
30
- com o volume gasto de HCl determinou-se, através de cálculo estequiométrico, a
massa de CO
2 liberada pelo produto após 24 horas. O resultado foi expresso em mg
CO
2/(kg de produto.h).
Figura 3 - Esquema Geral do Equipamento de Determinação da Taxa de Respiração
1 - Entrada de ar
2 - Tubo de vidro
3 - Lã de vidro embebida com NaOH
4 - Mangueira para acesso do ar ao dessecador
5 - Tubo de vidro Pirex contendo NaOH
6 – Estufa para B.O.D.
7 - Dessecador contendo o produto a ser estudado
8 - Suporte
9 - Bulbo do termostato da estufa
10 – Termostato da estufa
11 - Micro ventilador
12 - Lâmpadas para aquecimento
13 - Mangueira para acesso do ar que sai do dessecador ao tubo de vidro
14 - Controle da vazão de ar
15 - Tubo de vidro contendo solução umidificante do ar (HCl)
16 - Tubo de vidro contendo solução absorvente de CO2 do ar (NaOH)
17 - Tubo de vidro reserva contendo solução absorvente de CO2 do ar (NaOH)
18 - Bomba aspiradora para circulação do ar pelo sistema
19 - Recipiente de segurança em caso de vazamento
20 - Válvula manual para controle do fluxo de ar
31
3.2.9 Avaliação Sensorial
A avaliação sensorial de aceitação da aparência e de intenção de
compra da alface minimamente processada foi realizada ao longo do período de
armazenagem. Foram utilizados 30 provadores não treinados por sessão, formados
por alunos, funcionários e professores da Universidade Estadual de Londrina.
Os provadores avaliaram a alface através de uma escala hedônica
estruturada de sete pontos com os extremos correspondendo a “desgostei
extremamente” e “gostei extremamente”, e na avaliação de intenção de compra, uma
escala hedônica estruturada de cinco pontos, com extremos correspondendo a
“certamente não compraria” e “certamente compraria”, de acordo com o modelo da
ficha mostrada na Figura 4.
Figura 4 - Modelo da ficha de avaliação sensorial e de intenção de compra para
alface minimamente processada
32
3.2.10 Determinação de Perda de Massa
A perda de massa da alface minimamente processada durante a
armazenagem foi calculada de acordo com a Equação 3 e foi expressa em
gramas/100 gramas de alface.
Onde:
m
i= massa da hortaliça no início da armazenagem (g);
m
f= massa da hortaliça após um determinado tempo (t) de armazenagem (g).
3.2.11 Teor de Sólidos Solúveis e pH da Polpa
O teor de sólidos solúveis foi determinado de acordo com as Normas
Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1976), utilizando-se
um refratômetro de bancada (Carl Zeiss, Modelo Abbe, Alemanha). As medidas
foram expressas em graus Brix.
Para a determinação do pH a alface foi previamente triturada com
água destilada e homogeneizada e sua leitura foi realizada num pHmêtro digital
(Hanna Instruments, Modelo H18514, EUA).
3.2.12 Determinação da Textura
A textura dos produtos foi avaliada através da leitura direta da força
máxima de cisalhamento em 5g de folhas, através do texturômetro (Stable Micro
Sistem, modelo TA – XT2i, Inglaterra) equipado com ponteira Kramer de 5 lâminas
(Figura 5), na velocidade de pré-teste, teste e pós-teste, respectivamente, de 5, 1,5 e
5 mm/s, com distância de penetração de 50 mm (SIGRIST, 2002) e os resultados,
em Newton, representam a média de 8 determinações por tratamento.
33
Figura 5 - Texturômetro equipado com ponteira Kramer para determinação da força
de cisalhamento de folhas de alface
3.2.13 Determinação do Teor de Vitamina C
Foi utilizado o método padrão da AOAC (1984), modificado por
BENASSI & ANTUNES (1988). Amostras de 25g do produto foram homogeneizados
com 50g de solução de extração (ácido oxálico 2%) em liquidificador por dois
minutos. Foi retirada uma alíquota de 20g para diluição em 50mL da solução
extratora. Uma alíquota deste volume foi utilizada para titulação com 2,6-
diclorofenolindofenol 0,01%. A solução de 2,6- diclorofenolindofenol foi padronizada
através da titulação de 1mg de ácido ascórbico PA.
34
3.2.14 Contagem Total de Microrganismos Mesófilos e Psicrotróficos,
Bactérias Láticas , Bolores e Leveduras
Para a contagem de microrganismos mesófilos, as amostras foram
inoculadas em Plate Count Agar (PCA) e incubadas a 37ºC por 48 horas. Para
psicrotróficos, as amostras também foram inoculadas em PCA, a incubação foi feita
a 7ºC por 7-10 dias, segundo VANDERZANT & SPLITTSTOESSER (1992). A
contagem de bactérias láticas foi realizada através da inoculação em ágar Man,
Rogosa e Sharpe (M.R.S.) e incubada por 3 dias à 37ºC. Para bolores e leveduras
foi utilizado Ágar Batata Dextrose e foi incubado por 3-5 dias à 25ºC, segundo
SIQUEIRA (1995).
3.2.15 Determinação dos Parâmetros de Cor
Os parâmetros de cor L*, a* e b* foram obtidos no sistema CIELAB,
onde o parâmetro L* corresponde a luminosidade, a* é componente vermelho-verde
e b* é o componente amarelo-azul, utilizando um colorímetro digital Minolta, modelo
CR10 (MINOLTA, 2005). As medidas serão tomadas em quatro pontos diferentes da
folha de alface. Foram utilizadas duas folhas por tratamento. Foi feita também a
análise da relação a*/b* e o cálculo da diferença de cor (E) entre as folhas de
alface no início e ao longo da armazenagem de acordo com a Equação 4.
Onde:
L*
0, a*0, b*0 = parâmetros de cor no inicio da armazenagem
L*
t, a*t, b*t = parâmetros de cor após tempo “t” de armazenagem
35
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 T
ESTES PRELIMINARES
Foram realizados testes preliminares utilizando alfaces cortadas e
embaladas. As alfaces foram selecionadas, higienizadas e mantidas em solução de
hipoclorito de sódio (100 ppm por 15 minutos), cortadas em tiras de 3 cm e
centrifugadas em centrífuga manual. Porções de alface (~60g) foram embaladas em
potes de polipropileno de 1 litro, divididos num tratamento controle e tratamentos
contendo no fundo da embalagem saches com 10 e 15 mg de Agrofresh. Todos os
potes foram selados com filme de policloreto de vinila (PVC), pois os filmes a base
de amido racharam algumas horas após o inicio da armazenagem, provavelmente
devido ao envelhecimento dos biofilmes que tinham sido produzidos 2 meses antes.
Desta forma os biofilmes das embalagens foram rapidamente substituídos pelo PVC
e recolocados na estufa para B.O.D. a 12oC.
Com o experimento, as alfaces com 3 dias de armazenamento
apresentaram contaminação, provavelmente por Erwinia cypripedii, causando
podridão mole nas alfaces (Figura 6). Isso pode ter ocorrido devido à época de
colheita e temperatura de armazenamento favorável ao crescimento desse
microrganismo. Além disso, com o corte os microrganismos tinham nutrientes
suficientes para o seu desenvolvimento devido a exsudação de líquido da alface.
Figura 6 - Alface cortada e embalada em potes selados com filme de PVC
36
Para aumentar o tempo de vida-útil, segurança microbiológica e
aparência, nos testes finais as alfaces não foram cortadas em tiras, as embalagens
forma seladas com biofilme de 100 µm produzidos com 15 dias de antecedência e
também foi reduzida a temperatura de armazenagem para 4ºC.
4.2 P
ERMEABILIDADE AO VAPOR DE ÁGUA DOS BIOFILMES
Os biofilmes de amido de mandioca produzidos por casting foram
fáceis de manusear, tendo saído com facilidade das placas de acrílico e
apresentaram boa transparência, porém os biofilmes de amido em geral possuem
limitações devido a baixa resistência a umidade e propriedades mecânicas inferiores
aos filmes convencionais que limitam seu uso. Apesar dessas características
negativas, a substituição dos materiais plásticos pelos biodegradáveis é importante
para reduzir o volume do lixo urbano.
A espessura média dos filmes produzidos foi de 100 ± 8,36 µm e a
Tabela 1 mostra a massa de água permeada pelo filme em função do tempo, a taxa
de permeabilidade ao vapor de água (TPVA) e a permeabilidade ao vapor de água
(PVA) do biofilme, utilizando quatro cápsulas.
Tabela 1 - Massa de água permeada pelo biofilme em função do tempo, taxa de
permeabilidade ao vapor de água (TPVA) e permeabilidade ao vapor de
água (PVA) do biofilme de amido de mandioca
37
Tabela 2 - Permeabilidade ao vapor de água (PVA) de filmes biodegradáveis e
sintéticos.
Comparando a permeabilidade ao vapor de água (PVA) do biofilme
de amido de mandioca, que foi igual a (8,4±0,7).10
-7 g H2O.h-1.Pa-1.m-1 (Tabela 1),
com os dados da Tabela 2 (CUQ et al., 1995), verifica-se que as PVAs são
semelhantes ou inferiores aos demais filmes biodegradáveis a base de carboidrato e
de proteína, mas superior aos polímeros convencionais como o polietileno de alta e
baixa densidade devido a alta hidrofilicidade dos componentes do biofilme.
4.3 A
NÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
4.3.1 Atividade de Água e Perda de Massa
A atividade de água (A
w) da alface in natura foi de 0,96 a 20,3ºC. A
perda de água durante o armazenamento foi elevada, devido à alta umidade relativa
de equilíbrio (URE) do produto, que foi igual a 100.A
w = 96%, formando um ambiente
saturado no interior da embalagem. Como a permeabilidade ao vapor de água do
38
filme era alta, em torno de 8,4.10-7 g H2O.h-1.Pa-1.m-1, e a umidade relativa no interior
da estufa onde produto encontrava-se armazenado era em torno de 75%, havia um
alto déficit de pressão de vapor, possibilitando uma elevada perda de massa. Além
disso a alta taxa de respiração nas primeiras horas após a colheita aumentou a
perda de massa, já que no processo respiratório as substâncias de reserva e
estruturais das células vegetais são metabolizadas, resultando em CO
2, água e
energia (ROVERSI & MASSON, 2004).
Outro aspecto importante observado no experimento foi que nos
tratamentos que continham saches, a perda de massa foi maior em relação ao sem
sache, provavelmente devido a retenção de água pelo amido utilizado para diluir o 1-
MCP e pelo próprio biofilme.
A Figura 7 mostra a perda de massa dos diferentes tratamentos
durante a armazenagem. Foi feita uma regressão linear dos dados de perda de
massa em função do tempo de armazenagem e as taxas de perda de massa,
representadas pela inclinação das retas, estão na Tabela 3.
Figura 7 - Perda de massa da alface americana durante a armazenagem.
A alface que apresentou menor taxa na perda de massa foi o
tratamento isento de 1-MCP, com valor de 3,9 g.100g
-1.dia-1 (Tabela 3). As alfaces
dos tratamentos que continham sache com 1-MCP apresentaram taxas de perda de
39
massa 1,6 e 1,4 vezes maiores que as alfaces do tratamento com 10 e 15 mg de 1-
MCP, respectivamente, provavelmente devido ao sache contendo amido.
Tabela 3 - Taxa de perda de massa de alface, isento de sache com 1-MCP, com
saches de 10 mg de 1-MCP e saches com 15 mg de 1-MCP
4.3.2 Teor de sólidos solúveis e pH
As análises foram realizadas no início da armazenagem e após 2, 6 e
9 dias. O teor de sólidos solúveis totais (SST), no início da armazenagem, foi de
1,5ºBrix, a alface do tratamento controle apresentou no decorrer do armazenamento
um declínio no teor de SST. Porém nas alfaces com 1-MCP isso não aconteceu,
provavelmente devido a presença do 1-MCP ou pela perda de massa que
concentrou os SST.
Os valores de pH aumentaram no início da armazenagem (Figura 8),
provavelmente devido a alta taxa de respiração do produto neste período, que
consumiu os ácidos orgânicos, aumentando o pH do produto. Com o passar do
tempo de armazenamento, a taxa de respiração diminuiu, desta forma os valores de
pH aumentam de forma menos acentuada ou estabilizaram.
Foi observado em hortaliças minimamente processadas o aumento
de pH, em couves o pH tende a se elevar após cinco dias de armazenamento à 5ºC
(CARNELOSSI, 2000).
40
Figura 8 - pH da alface americana durante a armazenagem.
4.3.3 Firmeza
Em todos os tratamentos a alface apresentou um aumento na firmeza
ao decorrer do tempo de armazenagem. O gráfico de força máxima por tempo de
armazenagem apresentou valores altos de desvio-padrão causados pela grande
variabilidade na textura das amostras de um mesmo tratamento. Apesar desta
variação a Figura 9 mostra uma tendência de aumento da firmeza em função do
tempo de armazenagem. Nos tratamentos em que havia a presença do 1-MCP este
aumento foi maior, provavelmente devido a melhor manutenção da estrutura das
células do produto, atuação característica do 1-MCP. A atuação do 1-MCP está
associada à redução da atividade das enzimas pectinolíticas, induzida pela menor
ação do etileno; resultados similares foram observados em maçã (FAN et al., 1999)
e em bananas (JIANG et al., 1999).
BERRANG et al. (1990) não encontraram efeito significativo de
atmosfera controlada nas texturas de floretes de brócolis e de couves-flores. Por
outro lado, KADER (1986) relata estudos de outros pesquisadores que ao
armazenarem brócolis sob 10% de CO
2 a 5ºC por 2 semanas, observaram que eles
estavam mais tenros que os mantidos em atmosfera normal.
41
Figura 9 - Firmeza da alface americana durante a armazenagem.
4.3.4 Vitamina C
Os teores de vitamina C nas alfaces dos tratamentos que continham
sache com 1-MCP apresentaram uma grande variação, que pode ser observada
pelos desvios-padrão (Figura 10), mas percebe-se uma tendência de aumento ao
longo do período de armazenagem. Essa tendência se deve à perda de massa no
decorrer da armazenagem, já que nenhum tipo de antioxidante foi adicionado ao
tratamento.
A alface do tratamento controle apresentou uma maior perda de
vitamina C, demonstrando uma maior atividade metabólica do produto em relação
aos dois tratamentos com 1-MCP.
A retenção de vitamina C foi registrada por PIGA et al. (2003) em
peras (var. Gialla) embaladas com filme de alta permeabilidade e mantidas a 4ºC por
9 dias.
De acordo com LEE & KADER (2000), a vitamina C é muito sensível
à degradação quando o produto é submetido a condições adversas de manuseio e
armazenamento. Perdas são favorecidas por períodos prolongados de
armazenamento, altas temperaturas, baixas umidades relativas, danos físicos e
distúrbios fisiológicos causados pelo frio. É facilmente oxidada, especialmente em
42
soluções aquosas, na presença de oxigênio, de íons metálicos pesados,
especialmente, Cu
+2, Ag+ e Fe3+ e em pH alcalino e altas temperaturas. No nosso
experimento os principais fatores de perda de vitamina foram evitados, pois o
produto não foi cortado, foi mantido num ambiente com alta umidade relativa e
menor teor de oxigênio no interior da embalagem e baixa temperatura de
armazenagem, o que contribuiu para manter o teor de vitamina.
Figura 10 - Teores de vitamina C na alface americana durante a armazenagem.
4.3.5 Cor
A Figura 11 mostra a diferença entre a cor inicial e a cor depois de
determinados tempos de armazenagem da alface (E) e quanto maior a diferença,
maior a alteração da cor característica inicial do produto. Neste caso todos os
tratamentos mostraram uma tendência do aumento do E da alface com tempo de
armazenagem.
A razão a*/b* (Figura 12) de todos os tratamentos apresentaram
comportamento semelhante, sendo que a alface tratada com 15 mg de 1-MCP
apresentou uma alteração da razão a*/b* menor que os demais tratamentos no
segundo e sexto dia de armazenagem. No inicio da armazenagem a alface
apresentava valores de a* e b* negativos, ou seja, coloração verde-amarelada e com
43
o passar do tempo o produto foi perdendo a cor verde-amarelada e passando a ficar
branca.
A cor e descoloração de muitos alimentos são importantes atributos
de qualidade no mercado e embora isso não reflita necessariamente o valor
nutricional, sabor e funcionalidade, a cor é um atributo básico para o consumidor
para compra do produto (POMERANS, 1994).
Figura 11 - Diferença de cor na alface americana durante a armazenagem
Figura 12 - Relação a*/b* na alface americana durante a armazenagem.
44
4.3.6 Taxa de Respiração
Todos os tratamentos apresentaram alta taxa de respiração nas
primeiras vinte e quatro horas de armazenamento, isso aconteceu devido ao “stress”
causado pelo processamento mínimo da alface, fazendo com que a hortaliça
aumentasse sua taxa metabólica (CHITARRA, 1990).
Após dois dias de armazenagem, o produto apresentou uma queda
na taxa respiratória em todos os tratamentos, passando de 316±68 para 20±13 mg
CO
2.kg-1.h-1, isso devido à temperatura de armazenamento (4±1ºC), que reduziu a
atividade metabólica da alface, representada pela taxa respiração, em torno de 16
vezes.
A alface do tratamento com 10 mg de 1-MCP apresentou uma taxa
de respiração mais alta após 2 dias de armazenagem provavelmente devido à
contaminação microbiológica do produto, sendo que as alfaces dos demais
tratamentos apresentaram taxas semelhantes, ou seja, a ação do 1-MCP não foi
observada (Figura 13).
Figura 13 - Taxa de respiração da alface americana durante a armazenagem
45
4.3.7 Avaliação Sensorial
As análises de aceitação do produto e intenção de compra foram
realizadas após 1, 3 e 5 dias de armazenamento a 4±1°C e a escala para aceitação
foi de 1 até 7, onde 1 era desgostei extremamente e 7 era gostei extremamente
(Tabela 4). No primeiro dia de avaliação sensorial o produto obteve uma média de
5,7 onde 5 era gostei moderadamente e 6 era gostei muito, demonstrando boa
aceitação do produto. No terceiro dia da avaliação as alfaces dos tratamentos 10 e
15mg de 1-MCP obtiveram as maiores médias, 5,1 e 4,9, respectivamente,
mostrando que a aceitação do produto foi maior para esses dois tratamentos em
relação ao controle, que obteve nota 4,0. No quinto dia não houve diferença entre as
notas dadas para os três tratamentos.
A escala para intenção de compra foi de 1 até 5, onde 1 era
certamente não compraria e 5 era certamente compraria. No primeiro dia de análise
a intenção de compra a média foi de 4,2 onde 4 era possivelmente compraria de 5
era certamente compraria, mostrando um interesse na comodidade que o produto
oferece ao consumidor. Na análise para intenção de compra, no terceiro dia as
alfaces com maiores médias foram dos tratamentos, 10 mg de 1-MCP e 15mg de 1-
MCP, que obtiveram notas 3,7 e 3,5, respectivamente. No quinto dia não houve
diferença entre as notas dadas para os três tratamentos. O valor agregado ao
produto foi uma preocupação do consumidor na hora da análise, sendo um dos
comentários mais citados nas fichas preenchidas pelos provadores.
46
Tabela 4 - Avaliação sensorial de aceitação e intenção de compra de alface
americana minimamente processada armazenada a 4
oC
4.3.8 Análise Microbiológicas
Hortaliças in natura estão relacionadas a incidentes e surtos de
toxinfecção alimentar e além do perigo de transmissão de patógenos, há também a
possibilidade de aumento da população microbiana inicial, compostas de
microrganismos deteriorantes como bolores, leveduras e o grupo de bactérias
coliformes totais, que reduzem a vida útil do produto (BEUCHAT, 1996).
O resultado das análises microbiológicas das alfaces dos três
tratamentos foi negativo para presença de microrganismos mesófilos, psicrotróficos
e bactérias láticas, provavelmente devido ao fato das alfaces utilizadas no trabalho
terem sido apenas desfolhadas e não cortadas, desta forma não ocorreu liberação
de substrato para crescimento de microrganismos. Além disso, as boas condições
higiênico-sanitárias do produto no campo, através da seleção do produtor e do
processamento mínimo garantiram a baixa contaminação do produto.
Houve apenas crescimento de bolores e leveduras no decorrer do
tempo de armazenagem (Tabela 5), pois esses microrganismos apresentam menor
exigência em relação à umidade, pH, temperatura e nutrientes, comparados às
bactérias (FRANCO & LANDGRAF, 1996).
47
A contagem de bolores e leveduras na alface sem sanitização, porém
higienizada, mostra a importância da lavagem inicial em água corrente tratada.
Segundo LEITAO, MONTEIRO FILHO & DELAZARI (1981), quando se pesquisa
eficiência de um agente germicida em indústria de alimentos, deve-se considerar
também que a redução observada na contagem microbiana, não deve ser atribuída
exclusivamente à atividade germicida do agente desinfetante, mas também o efeito
conjugado da remoção de células na lavagem inicial, em água de boa qualidade.
Tabela 5 - Contagem de bolores e leveduras em alface americana minimamente
processada armazenadas a 4
oC
48
5 CONCLUSÃO
O uso de 1-MCP em alface americana minimamente processada não
aumentou a vida útil do produto provavelmente devido a forma de aplicação, em
sache, ou a baixa concentração do composto ou ainda devido a alta permeabilidade
do filme biodegradável ao 1-MCP, que impediu a manutenção de uma concentração
adequada no interior da embalagem.
A técnica de processamento mínimo associado à embalagem selada
com filme biodegradável mostrou ser viável para alface americana, pois o produto
apresentou boa aceitação sensorial, baixa contaminação microbiológica e vida de
prateleira adequada para este tipo de produto, que é altamente perecível.
49
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controlled atmospheres. In: JEN, J.J. (Ed.). ACS Symposium Series, n.405, cap.4:
Quality factors of fruits and vegetables. Washington: American Chemical Society,
p.174-187, 1989.
57
ANEXOS
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ANEXO 1 - Resolução - RE nº 98, de 28 de maio de 2003 D.O.U. 29/05/2003
O Diretor da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso
das atribuições que lhe confere a Portaria nº 327, de 16 de maio de 2003, tendo em
vista o disposto no § 3º do Art. 111 do Regimento Interno aprovado pela Portaria nº
593, de 25 de agosto de 2000, publicada no DOU de 22 de dezembro de 2000,
considerando o art. 6º, do Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002, resolve:
Art. 1º Alterar o itens i) Classificação toxicológica e j) Uso agrícola, da monografia
M35 - Metilciclopropeno, com a seguinte redação:
a) Ingrediente ativo ou nome comum: Metilciclopropeno (Methylcyclopropene)
b) Sinonímia: 1-MCP; MCP
c) N° CAS: 3100-04-7
d) Nome químico: 1-methylcyclopropene
e) Fórmula bruta: C4H6
f) Fórmula Estrutural:
g) Grupo químico: Cicloalqueno (bloqueador da síntese de etileno)
h) Classe: Regulador de crescimento
i) Classificação toxicológica: Classe III
j) Uso agrícola: Autorizado conforme indicado
Modalidade de emprego: Aplicação única em ambiente hermeticamente fechado nos
frutos das culturas de abacate, banana, goiaba, maçã, mamão, manga, melão e
tomate.
Aplicação única em ambiente hermeticamente fechado em flores de corte (cravo,
crisântemo, gérbera, gipsofila e lírio) e em flores de vaso (azaléia, crisântemo, lírio e
violeta).
NOTA-1: a aplicação deverá ser realizada com tecnologia adequada, observando-se
o intervalo de reentrada na área de aplicação, descritos em rótulo e bula.
NOTA-2 : as metodologias para detecção e quantificação de resíduos do Ingrediente
Ativo em culturas tratadas não permitiram sua identificação.
OBS: estado físico - pó solúvel (gerador de gás em contato com a água)
Art. 2º Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.
RICARDO OLIVA
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